Orixas Ancestral, Frente e Ajuntó

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Estudo Online

eBook 08
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CAPÍTULO 01
CULTO FAMILIAR A OLORUM 04

CAPÍTULO 02
IEMANJÁ É POP 10

CAPÍTULO 03
JESUS, O DIABO E A UMBANDA 20

CAPÍTULO 04
SERES ELEMENTAIS, ENCANTADOS E NATURAIS 26

CAPÍTULO 05
ORIXÁS EM FORMAS HUMANIZADAS 36

CAPÍTULO 06
O MISTÉRIO DO ORIXÁ ANCESTRAL, DE FRENTE E AJUNTÓ 40
C A P Í T U L O

01.

C U LT O

FAMILIAR

A OLORUM

p o r

Rubens
Saraceni VOLTAR AO SUMÁRIO
05

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06

Agora mostraremos como cultuar nosso amado Pai Olorum


dentro das famílias umbandistas.

Estender sobre uma mesa uma toalha branca com franja


rendada de cor dourada; no centro dela deve-se colocar um
prato de louça totalmente branca, no centro do prato deve-
-se firmar uma vela branca; à volta da vela devem “polvilhar”
farinha de trigo ou grãos de trigo; por cima dos grãos ou da
farinha deve polvilhar açúcar; por cima do açúcar deve der-
ramar mel; e a seguir acender 7 velas em volta do prato cen-
tral nestas cores: azul, verde, rosa, lilás, amarela, vermelha e
violeta cada uma em um pires branco também cobertos com
trigo, açúcar e mel. Após isso feito, todos devem se sentar à
volta da mesa e um dos presentes fará esta oração evoca-
tória:

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07

ORAÇÃO A OLORUM

Olorum, Senhor nosso Deus e nosso Divino Criador, nós te sau-


damos e te louvamos neste momento de nossa vida e de nosso
destino.
Envolva-nos com teu poder e ilumine-nos com tua luz viva.
Tu, que a tudo geras e que estás em tudo o que gerou e está
em nós, gerações tuas, fortaleça a nossa alma imortal e res-
plandeça nosso espírito humano, livrando o nosso íntimo, nossa
mente e nossa consciência das vibrações nocivas e contrárias ao
destino que reservastes para cada uma de nós, teus filhos e ra-
zão da tua existência exterior. Afastes no nosso destino os maus
pensamentos, os desvirtuados sentimentos e as ações contrá-
rias aos teus desígnos para nossa vida.
Amado Olorum, que os teus sete mistérios vivos se manisfe-
tem nestas sete velas firmadas ao redor da tua vela branca e
que eles, teus manisfetadores divinos e teus exteriorizadores,
se assentem à nossa volta e nos cubram com suas luzes vivas
e divinas, nos envolvam em suas vibrações originais e afastem
da nossa vida e de nosso destino tudo o que FOR contrário aos
teus desígnos para conosco e inunde-nos com teus efluvios de

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08

amor e de fé, de sabedoria e de tolerância, de resignação e de


compreensão, pois, só assim, amorosos e reverentes, sábios e to-
lerantes, resignados e compreensivos quanto a nossa vida e ao
nosso destino, cumpriremos os teus desígnos para conosco e os
manisfetaremos através da nossa consciência, da nossa mente,
dos nossos pensamentos, dos nossos atos e das nossas palavras.

Que esta minha casa seja tua casa e que nesta tua casa os
teus 7 mistériosse assentem e façam dela a sua morada huma-
na, pois só assim, abençoado pela tua presença viva e sagrada
e a presença viva e divina dos teus 7 mistérios vivos aqui nesta
casa, não haverá doenças incuráveis, fomes insaciáveus e discór-
dias insolúveis.
Só assim os maus e os males não encontrarão abrigo na minha
morada, que é a tua morada e a morada dos teus mistérios vivos
e divinos, os Sagrados Senhores Orixás.
Bênçãos!, bênçãos!, bênçãos!, Senhos da nossa vida e do nosso
destino!
Salve!, Salve!, Salve!, Senhos da nossa vida e do nosso destino!
paz e luz, AMADO OLORUM!

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09

Após essa oração evocatória, todos devem permanecer


em absoluto silêncio por algum tempo, só mentalizando luzes
e vibrando bons sentimentos.

Neste momento devem mentalizar suas dificuldades e cla-


mar pela dissolução delas; devem mentalizar seus inimigos
ou seus perseguidores e opressores e clamar pela transmu-
tação dos seus sentimentos negativos (ódios, inveja, etc), dis-
solvendo e diluindo da vida e do destino deles e dos seus,
todas as coisas contrárias aos desígnios divinos para com
todos nós.

Após isso feito, todos devem agradecer a Olorum e a seus


7 mistérios vivos e ajoelhar e cruzar o solo com respeito e com
reverência , deixando as cadeiras postas à volta da mesa até
que todas as velas se queimem.

No dia seguinte devem recolher o resto das velas e os ele-


mentos no prato e nos pires e despacha-los na terra ou em
água corrente, pedindo à natureza que reabsorva os restos
do que ela, generosamente, nos havia dado.

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C A P Í T U L O

02.

IEMANJÁ

É POP

p o r

Alexandre
Cumino VOLTAR AO SUMÁRIO
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12

Pergunte a 30 pessoas ou mais que não sejam “Do


Santo” (das religiões de matriz ou influencia afro) se
elas conhecem ou sabem “O que é Umbanda?”, “O que é
Candomblé?” e/ou se “Sabem o que é um Orixá?”. Ago-
ra pergunte às mesmas pessoas se elas “Sabem quem
é?” ou “Se conhecem Iemanjá?”.

Não se surpreenda se a maioria lhe disser que não


fazem a mínima idéia do que é Orixá, Umbanda ou Can-
domblé... mas todas sabem quem é Iemanjá.

Quem nunca foi de branco passar o reveilon na praia


a beira mar, levando rosas brancas e champagne para
o mar, pulou 7 ondas e pediu boa sorte de frente ao
mar, de frente para a rainha do Mar?

Muitos nem sabem que este costume nasceu com a


Umbanda e o Candomblé, já que faz parte dos rituais
de sua liturgia.

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Iemanjá é o mais popular dos Orixás, não há quem a


desconheça ou que nunca tenha pelo menos ouvido fa-
lar sobre ela.

A popularidade é tão grande que podemos até dizer


que é POP, sua imagem vem estampada em camisetas
de todos os tamanhos e cores, são vendidas velas com
sua imagem, sua estátua é seguramente a mais vendi-
da nas casas de artigos religiosos.

“Jovens” de todas as idades “adoram” e adoram esta


divindade do panteão Nagô – Yorubá, que inclusive so-
freu uma contração de seu nome na vinda e estadia
aqui no Brasil, pois na língua original (Yorubá) temos Yia
= Mão, Omo = Filhos , Eja = Peixe, o que seria Yaomoeja
se tornou Iemanjá.

Iemanjá ganhou até uma roupagem Brasileira, na dé-


cada de 70 uma clarividente carioca teria visto a ima-

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gem de Iemanjá pairando sobre o Mar, ela passou as


impressões do que viu a um artista que fez o tradicional
retrato de Iemanjá, tão conhecido e popular quanto ela.
Nesta mesma época e se não me falha a memória no
mandato do prefeito “Dozinho” foi levantada a imagem
de Iemanjá na Praia Grande.

Até hoje existe uma polêmica se aquela Iemanjá


branca è a mesma do Candomblé e da Umbanda ou se
a Iemanjá do Candomblé deveria ser Negra. Como se
houvessem duas Iemanjás só por causa da cor da pele
dela, uma branca e outra negra. Logo de cara não en-
tendia esta questão pois para mim Iemanjá podia apa-
recer de qualquer cor ou raça pois ela, enquanto divin-
dade transcendia esta questão racial. Foi aí que entendi
então como podem ser intolerantes os religiosos, uns
querendo a divindade só para si e outros levantando o
direito de uma imagem.

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Iemanjá também goza de privilégio e popularidade en-


tre os Orixás, considerada a Mãe dos Orixás é chamada
Rainha e mulher de Oxalá “o maior” dos Orixás.
Iemanjá resume em si todo o aspecto feminino da
criação, ela é a própria Deusa e na religião cristã está
associada a Maria, Mãe de Jesus.

O novo adepto das religiões de culto aos Orixás logo


vem pensando em ser filho de um Orixá conhecido como
Xangô ou Ogum e as mulheres geralmente vem pensan-
do em Iemanja ou Oxum. Depois é que vão conhecendo
outros orixás e se encantando por eles.

Houve um tempo em que as festas de Iemanjá no lito-


ral paulista tomavam toda a Praia Grande e Santos, que
teve uma das Federações de Umbanda mais atuantes
do País com Dna. Graciana à sua frente.

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Os mais velhos dizem que nunca mais se viu festas


como as de antigamente e que a cada ano menos pes-
soas vão ao Mar. Resta apenas um pequeno espaço
reservado aos festejos de Iemanjá na Praia Grande e
agora em Mongaguá também, graças a Jacob Neto, fi-
lho de santo de Ronaldo Linares e que faz um grande
trabalho como Sacerdote de Umbanda naquela região.
Ou o número de adeptos está caindo bruscamente
ano após ano ou a popularidade da festa tem caído,
onde os adeptos mais jovens não vêm mais com tanto
interesse uma festa à Rainha do Mar.

Os tempos mudam as pessoas e culturas se transfor-


mam, mas Divindades nunca morrem elas tem uma ca-
pacidade se adaptar e de ressucitar, Cristo que o diga
pois ressucitou para ganhar status entre os panteões
antigos onde o mínimo para uma divindade de alto es-
calão como Krisna, Zoroastro ou Morfeu era nascer de
uma Virgem.

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Constantino que deu carta branca para os cristãos


em Roma não poderia se colocar sob a proteção de um
“deus” que fosse menos que Apolo, assim nasce “Jesus
Cristo” o Deus-Homem dos Romanos Cristãos, seguido-
res de um Judeu chamado Yashua que teria feito um
homem rescucitar dos mortos.

E o que isto tudo tem a ver com Iemanjá é que só


assim para dizer que ela é amada e não tem que ser
perfeita para isso, ela pode ser “super protetora”, pode
ser “ciumenta”, pode até gostar de coisas como pente
de cabelo, espelhos e até perfumes. Com certeza lhe
agrada as rosas brancas e champagne.
As qualidades de Iemanjá assim como dos outros Ori-
xás não tem relação direta com a abnegação cristã. Os
Orixás tem sim é naturezas e arquétipos diferentes, o
que os identifica com seus filhos e até um “defeito” pode
passar a ser visto como uma qualidade. Por exemplo
podemos ouvir uma pessoa dizendo que é brigão por

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ser filho de Ogum ou mulher se dizer muito vaidosa por


ser filha de Oxum...
Os Orixás são “Reis e Rainhas” que visitam seu filhos
aqui na terra e por isso eles ostentam tamanha digni-
dade pois são também reais e devem mostrar a majes-
tade por seu comportamento Ilibado.

Bem quem cuida destes valores na família geralmen-


te é a Mãe e mais uma vez chegamos a Iemanjá que é a
Mãe em pessoa, onde houver uma mãe ali está Iemanjá
mas se Iemanjá não existisse então não haveriam mães
no mundo pois ela é este mistério “Mãe” em si na cria-
ção. Ela é o mistério que na Cabala hebraica se cha-
ma Chequiná o lado feminino de Deus, dele mesmo, de
YVHV, Adonai.

Iemanjá é tudo isso e muito mais ela é maior que as


religiões que a cultuam e acredite poderíamos criar toda
uma religião com Liturgia, Mitologia, Filosofia e Teologia

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todinha fundamentada apenas em Iemanjá. Seria a “Re-


ligião da Rainha”. Bem se a idéia for boa, que criem pois
no futuro haverão tantas religiões quanto Mdonald’s.

E claro quando a religião se tornar algo POP Iemanjá


se tornará a Rainha das Religiões, Rainha do Mar, Ra-
inha dos Céus, Rainha da Terra e do Ar.

Quando o mundo for POP nos lembraremos que al-


guém um dia escreveu que Iemanjá é POP.
Publicado na Revista Espiritual de Umbanda.

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03.

JESUS,

O DIABO

E A UMBANDA

p o r

Alexandre
Cumino VOLTAR AO SUMÁRIO
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Jesus se recolheu no deserto por 40 dias e neste pe-


ríodo foi tentado pelo diabo três vezes. Vejamos o que
fala a Bíblia (Matheus 3-4):

“Então Jesus foi levado pelo espírito para o deserto,


para ser tentado pelo diabo.
- Se és filho de Deus, manda que estas pedras se
transformem em pães.
- Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra
que sai da boca de Deus.
- Se és filho de Deus atira-te para baixo, porque está
escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e
eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em
nenhuma pedra.
- Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu
Deus.
Mostrando todos os reinos do mundo, fala o tentador:
- Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.
- Vai-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu

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Deus adorarás e só a ele prestarás culto”.

Este é o poder da Bíblia, da palavra e de Jesus, reunir


muitos ensinamentos em poucas palavras, ensinamen-
tos que vão além do tempo e da cultura, são vivos até
hoje.

Que tal uma reflexão para a Umbanda?


Podemos começar com o recolhimento de Jesus, nos
mostrando que há momentos que se faz necessário
nossos recolhimentos para uma reflexão sobre a vida e
para alcançar níveis mais elevados de consciência, atra-
vés de provas e iniciações.

Quem é o diabo?
Pode ser muitas coisas, desde uma entidade, um anjo
caído, um ser que representa o mal, uma outra pessoa
ou simplesmente o nosso lado sombrio, nosso ego , nos-
sas paixões e desejos que devem ser vencidos.

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24

Mas a melhor reflexão cabe às três tentações, pois


Cristo rejeita exatamente o que médiuns e consulentes
pedem para alcançar através da Umbanda. Vejamos:

Transformar pedra em pão


Quantos esperam demonstrações de poder para so-
lucionar sua “fome” de forma instantânea.

Atira-te para baixo


Muitos esperam da Umbanda proteção sobre huma-
na para fazerem o que bem entenderem.

Tudo isto te darei


Quanto a esta o diabo nem precisa oferecer é tudo o
que boa parte espera “ganhar” com a Umbanda, os rei-
nos deste mundo, esquecendo-se que o que está aci-
ma do altar não é uma “barra de ouro” e sim o “ouro da
vida”.

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Esta é uma crítica para refletirmos qual o papel da


religião em nossa vida, que com certeza não é produzir
milagres, nem satisfazer nossos desejos.

O ser humano passa anos criando e alimentando seus


problemas e complicações, depois espera que um ca-
boclo ou preto-velho o resolva num estalar de dedos.

O ser humano se mostra descrente e exige um mila-


gre para sair desta sua condição de desilusão da vida.
O ser humano não quer ser humano, quer ser Deus -
no sentido egoísta da palavra, pois todos somos deuses
- o mito do anjo caído diz respeito ao próprio ser huma-
no, que dá ouvidos á suas vaidades, desejos e paixões.

A religião é um convite para conhecermos melhor a


nós mesmos, nos espiritualizarmos e buscar uma vida
feliz independente do que temos ou possuímos.
JUS 101 – 10/2008

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04.

SERES ELEMENTAIS ,

ENCANTADOS

E N AT U R A I S

p o r

Alexandre
Cumino VOLTAR AO SUMÁRIO
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28

Sei que é complicado conseguirmos fontes confiáveis


de informação a respeito de assuntos como este pro-
posto (elementais e encantados da natureza). Dentro da
literatura kardecista me limito a fazer menção de uma
obra de Chico Xavier, não pela quantidade de informa-
ção mas pela autenticidade e valor incontestável da me-
diunidade deste verdadeiro “apóstolo” encarnado:

André Luiz em suas obras psicografadas na mão de


Chico Xavier, não perde oportunidades em citar o valor
e as benesses adquiridas no contato com a natureza,
como em “Os Mensageiros” cap. 41 (entre árvores), por
exemplo, e vai além no livro “Nosso Lar”, cap. 50 - pg.
279, temos este texto: “Narcisa chamou alguém, com
expressões que eu não podia compreender. Daí a mo-
mentos oito entidades espirituais atendiam-lhe ao ape-
lo. Imensamente surpreendido, vi-a indagar da existên-
cia de mangueiras e eucaliptos. Devidamente informada
pelos amigos, que me eram totalmente estranhos, a en-

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fermeira explicou:
- São servidores comuns do reino vegetal, os irmãos
que nos atenderam...”.

Olhando de fora fica claro que André Luis conhece e


muito bem este assunto, mas talvez para não criar po-
lêmica ou até mesmo, simplesmente, por não ser prio-
ridade no enfoque da doutrina Kardecista ele faz ape-
nas esta pequena referência, aos nossos irmãos que
estagiam na natureza.

Existem ainda autores que vão além no assunto, ain-


da numa abordagem kardecista, como é o caso de Ro-
chester que no seu “Narrativas Ocultas”, editado pela
“Boa Nova” , escreve: “As ondinas, as libélulas e as almas
das flores”.

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30

Agora pulando toda aquela febre, de duendes e gno-


mos, vamos à Umbanda, onde temos uma realidade
imensuravelmente rica, com incorporações de entida-
des na qualidade de orixás, que são seres naturais, que
vêm especialmente para trazer o axé dos reinos da na-
tureza e suas dimensões. Como por exemplo as Ieman-
jás, Oxuns, Nanãs, Ogins e outros como as sereias e on-
dinas.

Quem nunca ouviu o canto da sereia em terreiros de


umbanda? Um canto que a todos encanta! São enti-
dades naturais, não humanas, que estagiam nos reinos,
domínios e dimensões de Iemanjás, o mesmo se dá com
os naturais e encantados dos outros Orixás.

Agora o que nos resta é classifica-los e entende-los


dentro de nosso contexto, ou de um todo.

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31

Na “Gênese Divina de Umbanda Sagrada”, livro psi-


cografado por Rubens Saraceni, o espírito de Seiman
Hamiser yê (um espírito integrado às hostes de Ogum
Mêge) nos explica que nós também já fomos elementais
e encantados da natureza, antes de nos tornarmos se-
res naturais humanos, diferente dos naturais dos reinos
dos Orixás.

Desta forma existem seres elementais, encantados e


naturais que vivem em reinos, dimensões e domínios dos
Orixás. Quando se manifestam são como a presença
dos Orixás entre nós. Os encantados são infantis como
as nossas crianças e os naturais são os Orixás que in-
corporam nas giras de Umbanda.

Somos então “seres essenciais”, somos apenas um


mental totalmente inconsciente mas qualificados em
uma das sete qualidades essenciais do Criador. Para
nossa dimensão, seria como estar em um parto divino

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onde estamos sendo gerados para as dimensões onde


habitam os filhos do Criador, passamos a absorver as
energias a fim com nosso padrão vibratório tornando-
-nos “seres elementais”. A partir de nossa essência ori-
ginal se forma o primeiro elemento e com o amadure-
cimento passamos a absolver um segundo elemento,
como que instintivamente. A partir da absorção do ter-
ceiro elemento começa a se formar um corpo já estru-
turado com centros de energia, que darão origem aos
chacras em si e é neste estágio em que começamos a
adquirir certa consciência, somos considerados “seres
encantados”, onde somos conduzidos por nossos senti-
dos, onde nossas faculdades relacionadas a tal sentido
afloram e amadurecem, de tal forma que passam a ex-
pandir nossa capacidade mental.

Daí para frente nos tornamos “seres naturais”, po-


dendo ou não entrar no ciclo encarnacionista, que serve
para acelerar nossa evolução rumo de volta ao Criador,

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33

onde voltaremos a deixar de ter um corpo (como nós o


entendemos na matéria), até que nos tornaremos outra
vez um mental ou “estrelas de Deus” e da criação, como
no plano virginal, só que agora não mais inconscientes
mas hiper conscientes, não precisando nada além da
mente para tudo realizar.

É todo um universo a ser estudado, para quem quiser


entender melhor existem passagens em alguns livros
que relatam a experiência de algumas entidades como
os encantados:

No livro “Cavaleiro da Estrela da Guia” Simas de Al-


moeda o “Pagé Branco” entra em contato com encan-
tados do fogo dentro da dimensão deles.

No “Guardião do fogo Divino” o personagem entra na


dimensão de uma “Oxum do fogo” tem o prazer divino
de conhecê-la e ajudá-la na orientação dos encantados

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sob sua tutela.


No “Hash Meir” ele entra em contato com encantadas
do reino da mãe Yemanjá....

Bem para completar, todos nós Umbandistas tam-


bém entramos em contato com os encantados e encan-
tadas da natureza e naturais, pois damos passagem a
sua incorporação durante nossos trabalhos, o que vem
a engrandecer e ajudar mutuamente aos dois lados.
JUS 014 – 06/2002

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35

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05.

ORIXÁS

EM FORMAS

HUMANIZADAS

p o r

Alexandre
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38

As Divindades Maiores não tem forma humanizada,


são mentais planetários, presentes em tudo e muito li-
gados à natureza. Sentimos sua presença nos pontos de
Força (Matas, Cachoeiras, Mar, Pedreiras, etc.). A maio-
ria de nós não consegue entender uma presença sem
forma, por isso a importância da huma-nização, onde se
costuma dar uma feição humana que mais se aproxime
das qualidades da Divindade. O que justifica uma forma
humana negra e outra branca para Yemanjá. A forma
humanizada irá transparecer as qualidades divinas do
Trono, Divindade ou Orixá.

Se é uma divindade do Amor tem uma forma doce e


amorosa; se uma divindade da Lei, forma imponente que
imponha respeito; se uma divindade da Justiça, forma
séria a cobrar débitos e lembrar dos créditos. Acom-
panham ainda as formas humanizadas das Divindades
elementos que identifiquem seu campo de atuação e
natureza divina, onde vemos por exemplo uma espada
para a Lei, um machado de lâminas iguais ou balança

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39

para a justiça, uma bengala para a evolução, uma flecha


para a busca ou a caça. Há também simbologia dentro
do próprio elemento da Divindade onde a água é a ge-
ração da vida, o fogo é a justiça, o ar a ordem ou o verbo
ordenador, a terra que tudo acolhe é a transmutação,
etc.

Além das Divindades maiores e menores, temos as


entidades naturais que incorporam em seus médiuns
como Orixás individuais, entidades vindas de reinos da
natureza ou se preferir dimensões regidas pelos Orixás
Maiores. Estas entidades manifestam as qualidades dos
Orixás Maiores como se fosse o próprio, com a diferen-
ça de que são muitas a habitar estes reinos naturais,
regidos pelas divindades maiores. Estes seres naturais
sempre assumem uma forma humanizada para melhor
se fazerem entender e estas formas humanizadas tem
uma relação com o universo mítico, simbólico e cultural
no qual estão se manifestando.

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06.

O MISTÉRIO
DO ORIXÁ
ANCESTRAL,
DE FRENTE
E AJUNTÓ

p o r

Rubens
Saraceni VOLTAR AO SUMÁRIO
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42

Uma dúvida, e a que mais incomoda os umbandistas


é sobre seu orixá. Nós sabemos que orixá ancestral não
é o mesmo que orixá de frente ou ajuntó. O orixá ances-
tral está ligado à nossa ancestralidade e é aquele que
nos recepcionou assim que, gerados por Deus, fomos
atraídos pelo seu magnetismo divino.
Todos somos gerados por Deus e somos fatorados
por uma de suas divindades, que nos magnetiza em sua
onda fatoradora e nos distingue com sua qualidade di-
vina.

Uns são distinguidos com a qualidade congregadora e


são fatorados pelo Trono da Fé. E, se forem machos é o
orixá Oxalá que assume a condição de seu orixá ances-
tral. Mas, se for fêmea, aí é a orixá Oiá que assume sua
ancestralidade.

Uns são distinguidos com a qualidade agregadora e


são fatorados pelo Trono do Amor. E, se forem machos

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43

é o orixá Oxumaré que assume a condição de seu orixá


ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Oxum que
assume suas ancestralidades.

Uns são distinguidos com a qualidade expansora e


são fatorados pelo Trono do Conhecimento. E, se forem
machos é o orixá Oxossi que assume a condição de seu
orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Obá
que assume suas ancestralidades.

Uns são distinguidos com a qualidade equilibradora e


são fatorados pelo Trono da Razão. E, se forem machos
é o orixá Xangô que assume as suas ancestralidades.
Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Egunitá que assume
suas ancestralidades.

Uns são distinguidos com a qualidade ordenadora e


são fatorados pelo Trono da Lei. E, se forem machos é
o orixá Ogum que assume suas ancestralidades. Mas,

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44

se forem fêmeas, aí é a orixá Iansã que assume suas


ancestralidades.

Uns são distinguidos com a qualidade evolutiva (trans-


mutadora) e são fatorados pelo Trono da Evolução. E, se
forem machos é o orixá Obaluaiyê que assume suas an-
cestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Nanã
que assume suas ancestralidades.

Uns são distinguidos com a qualidade geradora e são


fatorados pelo Trono da Geração. E, se forem machos
é o orixá Omulu que assume suas ancestralidades. Mas,
se forem fêmeas, aí é a orixá Iemanjá que assume suas
ancestralidades.

Observem que não estamos nos referindo ao espíri-


to que “encarnou” no plano material, e sim, ao ser que
acabou de ser gerado por Deus e foi atraído pelo mag-
netismo de uma de suas divindades, que, por serem

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45

unigênitas (únicas geradas) transmitem naturalmente a


qualidade que são em si mesma aos seus “herdeiros”,
aos quais imantam com seus magnetismo divinos e dão
aos seres uma ancestralidade, imutável pois é divina e
jamais ela deixará de guiá-los porque a natureza íntima
de cada um será formada na qualidade que o distinguiu,
fatorando-o.

Alguém pode reencarnar mil vezes, e sob as mais di-


versas irradiações, que nunca mudará sua natureza ín-
tima. Agora, a cada encarnação ele será regido por um
orixá de frente (o que o guiará enquanto viver na carne)
e será equilibrado por outro orixá que será o auxiliar (o
ajuntó) desse orixá de frente ou da “cabeça”. Usamos o
termo “orixá da cabeça” porque ele regerá a encarna-
ção do ser e o influenciará o tempo todo pois está de
“frente” para ele. Sim, o orixá da cabeça está á nossa
frente nos atraindo mentalmente para seu campo de
ação e para o seu mistério, ao qual absorveremos e de-

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46

senvolveremos algumas faculdades regidas por ele. Já


o orixá ajuntó, este é um equilibrador do ser e atuará
através do seu emocional, hora estimulando-o e hora
apassivando-o pois só assim o ser não se descaracte-
rizará e se tornará irreconhecível dentro do seu grupo
familiar ou tronco hereditário, regido pelo seu orixá an-
cestral.

A dúvida dos “médiuns” e dos umbandistas se expli-


ca pela precariedade dos métodos divinatórios usados
para identificar o orixá da cabeça e seu ajuntó. Daí, ve-
mos pessoas reclamarem que a cada Babalorixá ou Ia-
lorixá que consultaram, cada um deu um orixá diferen-
te a cada consulta, criando uma confusão e levando ao
descrédito. Esta queixa é muito comum e não são pou-
cos os médiuns que estão confusos porque uma con-
sulta diz que é filho desse orixá e outra consulta diz que
é filho de outro orixá.

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Nós dizemos isto: na ancestralidade, todo ser macho


é filho de um orixá masculino e todo ser fêmea é filha de
um orixá feminino.

Na ancestralidade, orixá masculino só fatora seres


machos e os magnetiza com sua qualidade, fatorando-
-os de forma tão marcante que o orixá feminino que o
secunda na fatoração só participa como apassivadora
de sua natureza masculina. E o inverso acontece com os
seres fêmeas, onde o orixá masculino só participa como
apassivador dessa sua natureza feminina.

Portanto, no universo da ancestralidade dos seres


machos, têm sete orixás masculinos e na dos seres fê-
meas, têm sete orixás femininos.

Têm sete naturezas masculinas e sete naturezas fe-


mininas, tão marcantes que é impossível ao bom obser-
vador não vê-las nas pessoas.

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Saibam que, mesmo que o orixá da cabeça ou de


frente seja, digamos, a orixá Iansã, ainda assim, por tráz
dessa regência poderemos identificar a ancestralidade
se observarem bem o olhar, as feições, os traços, os
gestos a postura, etc., pois estes sinais são oriundos da
natureza íntima do ser, apassivada pela regência da en-
carnação, mas não anulada por ela. Certo?

E o mesmo se aplica ao orixá ajuntó, pois podemos


identificá-lo nos gestos e nas iniciativas das pessoas, já
que é através do emocional que ele atua.

Outra forma de identificação é através do Guia de


frente e do Exu Guardião dos Médiuns. Mas esta identi-
ficação exige um profundo conhecimento do simbolismo
dos nomes usados por eles para se identificarem.
E também, nem sempre o Guia de frente ou o Exu
guardião se mostram, pois preferem deixar isto para o
Guia e o Exu de trabalho.

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Saber interpretar corretamente o simbolismo é fun-


damental. Certo?

Então, que todos entendam isto:


. Orixá ancestral é aquele que magnetizou o ser assim
que ele foi gerado por Deus, e o distinguiu com sua qua-
lidade original e natureza íntima, imutáveis e eternas.
. Orixá de frente é aquele que rege a atual encarnação
do ser e o conduz numa direção na qual o ser absorve-
rá sua qualidade e a incorporará às suas faculdades,
abrindo-lhes novos campos de atuação e crescimento
interno.
. Orixá ajuntó é aquele que forma par com o orixá de
frente, apassivando ou estimulando o ser, sempre vi-
sando seu equilíbrio íntimo e crescimento interno per-
manente.

Por isso, também, é que muitos encontram em si qua-


lidades de vários orixás. A cada encarnação há a troca

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de regência da encarnação. E, nessa troca, os seres vão


evoluindo e desenvolvendo faculdades relativas a todos
os orixás.

Afinal, se somos “humanos”, absorvemos energias e


irradiações, magnetismo e vibrações de todos eles. Cer-
to?

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