Projeto Integrador 1 - FMU
Projeto Integrador 1 - FMU
Projeto Integrador 1 - FMU
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
de políticas responsáveis na área ambiental, tendo como um dos seus principais objetivos a
sua sustentabilidade.
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
parecer? Ao chamar a atenção para que estejamos atentos e atentas a essa diversidade, busca-
se enfatizar que, de maneira geral, questões afetas ao gênero e à sexualidade são silenciadas
ou, quando mencionadas, não raras vezes, são referidas a partir daquilo que é representado
como sendo o normal, desejável e aceitável.
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
os meninos, uma vez que necessitam, Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar.
2010 79 constantemente, provar que são machos. Esse processo de produção do
sujeito masculino pode limitar sua participação em atividades corporais que não sejam
masculinizadoras.
5) A representação de que existe um estereótipo masculino e um feminino. Precisamo-
nos dar conta de que existem diferentes formas de viver as masculinidades e
feminilidades, e isso precisa ser respeitado. A escolha, por exemplo, de um menino em
não jogar futebol não implica naturalmente que deixe de ser masculino ou que seja
gay. 6) A percepção de que a maneira correta de viver a sexualidade é a heterossexual.
Outros modos são desvios, doenças, aberrações e precisam ser corrigidas. Vale
lembrar que, em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) eliminou a palavra
homossexualidade do Código Internacional de Doenças (CID), demonstrando não se
tratar de uma doença, mas de uma possibilidade de viver a sexualidade. Possibilidade
essa que deve ser respeitada e que não pode tornar-se um impeditivo para a adesão
dos sujeitos às práticas esportivas. 7) A aceitação e mesmo o incentivo a atitudes que
expressem homofobia, termo utilizado para fazer referência ao desprezo, ódio e
mesmo violência dirigido às pessoas homossexuais. É necessário considerar que a
homofobia acontece também em forma de brincadeiras, piadas, comentários etc. Essa
atitude pode gerar um afastamento de jovens homossexuais das atividades propostas,
visto que, frequentemente, são alvos de práticas dessa natureza. 8) A identificação de
que algumas práticas corporais e esportivas devem ou não devem ser indicadas para
meninos e/ou meninas, pois não correspondem ao seu gênero. Essa “inadequação”
pode proporcionar atitudes que limitam a participação de meninos e meninas em
atividades que gostariam de 80 Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar.
vivenciar. A atenção para essa questão é importante, pois, ao não se possibilitar essa
participação, reforça-se a representação do senso comum de que meninos só gostam
de atividades que envolvem força e meninas de atividades que privilegiem
flexibilidade. Habilidades e capacidades físicas são adquiridas mediante a prática e não
promover situações nas quais possam ser desenvolvidas é privar os sujeitos de
diferentes possibilidades de uso de seus corpos. 9) A existência de preconceitos e
violências que determinados sujeitos sofrem apenas por pertencerem à determinada
classe social, religião, orientação sexual, identidade de gênero, habilidade física, etnia,
entre outros. O respeito à diversidade cultural, social e sexual deve ser o primeiro
passo para uma política inclusiva. Diferença não significa desigualdade e essa só pode
ser minimizada se houver iniciativas que promovam atividades coparticipativas, nas
quais as diferenças não sejam eliminadas, mas tratadas em suas especificidades. 10) O
uso de linguagem discriminatória e sexista. A linguagem é uma forma de expressar
atitudes preconceituosas. Ela pode suscitar indicativos que fortalecem o preconceito
no que diz respeito às questões de gênero, raça, sexo, entre outras. Deve-se evitar o
uso de palavras e expressões que evidenciam esses preconceitos, pois, sempre que são
mencionadas, acabam por reforçá-los. Para além dos itens anteriormente
mencionados, poder-se-ia pensar em muitos outros, afinal, todos os dias nos
deparamos com situações nas quais a diversidade dos corpos, dos gêneros e das
sexualidades não é reconhecida nem respeitada. Cabe a cada um de nós construir, nas
suas diferentes práticas pedagógicas, esse respeito pela diversidade, pois a vida é
muito mais ampla e complexa do que as classificações que comumente encontramos
acerca dos sujeitos e de suas identidades. Para construir uma prática pedagógica
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
inclusiva e diferenciada, é fundamental entender que existem muitos elementos de
ordem cultural Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar. 2010 81 que
historicamente têm privilegiado determinados indivíduos e grupos em relação a
outros, inclusive, no campo do acesso e da permanência nas atividades esportivas.
Vejamos alguns deles: a) As meninas têm menos oportunidades para o lazer que os
meninos, porque, não raras vezes, desempenham atividades domésticas relacionadas
ao cuidado com a casa, a educação dos irmãos, entre outras. Historicamente a
educação das meninas é mais direcionada ao espaço privado do que ao público,
diferentemente dos meninos, que, desde cedo, são incentivados a ir para a rua
(inclusive para trabalhar). Por essa razão é necessário pensar em atividades
diferenciadas que estejam adequadas ao tempo livre de meninos e meninas. É
necessário planejar os horários das atividades de forma que se contemple essa
realidade. Por exemplo, atividades para as meninas em horários nos quais não estejam
evolvidas com as lidas domésticas. b) Como o esporte é identificado como uma prática
viril, quando as meninas apresentam um perfil de habilidade e comportamento mais
agressivo para o jogo, muitas vezes, sua feminilidade é colocada em suspeição. Da
mesma forma, o menino que não se adapta ao esporte, sobretudo às práticas
coletivas, também se coloca em dúvida a sua masculinidade. Atitudes dessa natureza
precisam ser modificadas, pois acabam por restringir a inserção e permanência de
meninas e meninos nas mais diferentes possibilidades de vivenciar o esporte. c)
Existem níveis diferentes de habilidade física entre meninos e meninas. É necessário,
ainda, pensar que também existam diferenças de habilidade entre os meninos e entre
as meninas. Essas diferenças resultam não de uma anatomia distinta, mas, sobretudo,
de vivências e experiências de movimento diferenciadas desde o nascimento. Razão
pela qual devem ser 82 Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar. 2010 elaboradas
estratégias, a fim de incrementar a participação daqueles(as) considerados(as) menos
habilidosos(as) para o esporte. d) As meninas são menos incentivadas que os meninos
por parte da sua família e amigos(as) a participarem de atividades esportivas. O
incentivo menor se dá por questões culturais e não naturais. Por essa razão é
necessário incentivar as meninas a participarem do esporte, o que pode ser feito por
meio da oferta de atividades, da valorização de sua participação, do reforço positivo às
suas performances, enfim, criando estratégias para que elas se sintam desafiadas a
permanecer nesse espaço e nele desenvolver suas potencialidades. e) Jovens
homossexuais (masculinos e femininos) frequentemente se sentem deslocados nas
atividades esportivas, pois não são respeitados quanto a sua orientação sexual. A
orientação sexual tem sido, na nossa cultura, um marcador identitário sobre o qual
incidem muitos preconceitos. Precisamos deslocar esse foco, pois, afinal, a quem
interessa a orientação sexual de uma pessoa se não a ela própria e àqueles(as) com
quem se relaciona. Por fim, qualquer prática pedagógica se faz por meio da
intervenção de pessoas concretas, cujas ideias podem tanto reforçar as exclusões, os
preconceitos, as violências, quanto minimizá-las. Privilegiar o respeito à diversidade, a
aceitação das diferenças e o reconhecimento de que cada sujeito vale pelo que é,
independentemente de sua aparência corporal, da cor de sua pele, das marcas de
gênero ou da orientação sexual que adota, é tarefa necessária a cada um de nós, o
que, indubitavelmente, se traduz em um grande desafio.
Diversidade cultural
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
O que somos e quem somos são os pontos de partida para compreendermos o modo
como cada grupo humano constrói sua realidade social, sua história, enfim sua cultura.
Na verdade, a maneira própria de viver de cada grupo social permite diferenciá-lo dos
demais, pois as pessoas produzem a própria existência, em tempos e espaços
específicos. Em seus vários estágios de evolução, o homem sempre expressou sua
forma de viver de diversas maneiras. A esse complexo fenômeno denominamos
cultura.
Conceitos de cultura:
“Cultura não é simplesmente a arte ou o evento, [mas] criação individual e coletiva das
obras de arte, do pensamento, dos valores, dos comportamentos e do imaginário.”
(CHAUÍ, 1992, p. 41)
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
danças, vestuário, tradições, preceitos morais, religião e as próprias formas de os
indivíduos se organizarem em determinada sociedade. Este conceito diz respeito à
variedade de práticas culturais e ideias expressas pelas pessoas em determinado
ambiente social. (SOUSA, 2008, p. 132)
https://www.itaipu.gov.br/sites/default/files/rs2015/pt/2017/diversidade-e-
igualdade.html
O direito à igualdade emerge como “regra de equilíbrio dos direitos das pessoas
portadoras de deficiência”. Conforme Luiz Alberto David Araujo (2003,p.46);
“Artigo 179: a inviolabilidade dos direitos civis, e politicos dos cidadãos brazileiros, que
tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela
Constituição do Imperio, pela maneira seguinte. […]. XIII: a Lei será igual para todos,
quer proteja, quer castigue, o recompensará em proporção dos merecimentos de cada
um; […] (sic) (Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824).”
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
Entretanto, com o passar do tempo e as decorrentes mudanças sociais, com a
importante contribuição dos filósofos contemporâneos do início do século passado, o
conceito de “igualdade”, sem perder sua concepção primitiva, foi absorvendo novas
características, para impedir que os seres humanos fossem “diferenciados pelas leis”,
ou seja, que o direito positivado viesse a “estabelecer distinções entre as pessoas
independentemente do mérito”, e a constatação foi a de que “a lei sempre discrimina
(BASTOS, 2001)
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
“A Lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas instrumento regulador
da vida social que necessita tratar eqüitativamente todos os cidadãos. Este é o
conteúdo político-ideológico absorvido pelo princípio da isonomia e juridicizado pelos
textos constitucionais em geral, ou de todo modo assimilado pelos sistemas
normativos vigentes.”
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
Nessa hipótese, a lei trataria todos os negros de forma igualitária, mas criaria para eles
uma disciplina intrinsecamente discriminatória. Significa dizer que a igualdade perante
a lei é insuficiente, se não for acompanhada de uma igualdade na própria lei, isto é,
exigida ao próprio legislador relativamente ao conteúdo da lei. (CANOTILHO, 2003).
Seguindo-se esse raciocínio, pode-se chegar à conclusão de que não existe igualdade
no “não direito”. Desse modo Canotilho (2002, p.427)
O princípio da igualdade exige, então, uma igualdade material através da lei, isto é, a
igualdade formal de identidade “perante” a lei, pressupõe diferenciações materiais,
“na” lei.
São esses fundamentos que permitem, ao legislador, criar leis capazes de assegurar o
princípio da igualdade dispensando tratamentos desiguais, ou seja, por meio da lei, o
legislador discrimina situações, de modo que “as pessoas compreendidas em umas ou
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
em outras vêm a ser colhidas por regimes diferentes”, sendo que “a algumas pessoas
são oferecidos determinados direitos e obrigações que não assistem a outras, por
abrigadas em diversa categoria, regulada por diferente plexo de obrigações de
direitos” (MELLO, 1997).
Conforme Pimenta Bueno, “a lei deve ser uma e a mesma para todos; qualquer
especialidade ou prerrogativa que não for fundada só e unicamente em uma razão
muito valiosa do bem público será uma injustiça e poderá ser uma tirania”.
Conforme Celso Antônio Bandeira de Mello, uma regra, para que respeite o princípio
da igualdade, precisa trazer a devida correlação lógica entre o fator erigido em critério
de discrímen e a discriminação legal decidida em função dele. Dito de outro modo, o
legislador pode tratar desigualmente situações, desde que cumpra o critério de
correlação lógica entre o fator de discriminação e a desequiparação pretendida. Nas
suas palavras: “é o vínculo de conexão lógica entre os elementos diferenciais
colecionados e a disparidade das disciplinas estabelecidas em vista deles, o quid
determinante da validade ou invalidade de uma regra perante a
isonomia”(MELLO,1997).
Em assim sendo, a questão das diferenciações que não podem ser feitas sem quebra
da igualdade, não se subordina aos elementos escolhidos como fatores de
desigualação, mas resulta da conjunção deles com a disparidade estabelecida nos
tratamentos jurídicos dispensados, ou seja, a quebra da igualdade só é permitida
depois da investigação de duas dimensões dos fatos: de um lado, aquilo que é erigido
em critério discriminatório e, de outro, se existe justificativa racional para, a vista da
linha desigualadora adotada, atribuir o tratamento jurídico específico construído em
função da desigualdade afirmada (MELLO, 1997).
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
Muito embora exista a possibilidade normativo-jurídica de trato diferenciado, não
existe nenhum fundamento legal para a discriminação gratuita. Se o fator diferencial
não guardar conexão lógica com a disparidade de tratamentos jurídicos dispensados, a
distinção é inconstitucional, porque afronta o princípio da igualdade. A igualdade
jurídico-formal só pode ser quebrada se o objetivo é garantir a igualdade material.
Em relação ao grupo de deficientes, é preciso ter em linha de conta que a regra mestra
também deve ser a aplicação do princípio da igualdade formal perante a lei (artigo 5º,
caput, da Constituição Federal de 1988). Contudo, essa igualdade formal pode ser
quebrada diante de situações que a justifique. Nesse pensar, “é razoável entender-se
que a pessoa portadora de deficiência tem, pela sua própria condição, direito à quebra
da igualdade, em situações das quais participe com pessoas sem deficiência” (ARAUJO,
2003).
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
direito este que, sendo de quarta geração, compendia o futuro da cidadania e o porvir
da liberdade dessas mesmas pessoas, criando e mantendo os pressupostos
elementares de uma vida em liberdade e na dignidade humana.”
Vê-se, portanto, que em qualquer situação, a igualdade funciona como regra mestra
superior a todo o direito à inclusão social dos portadores de deficiência, quer seja para
manter ou quebrar a isonomia.
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/portadores-de-
deficiencia-igualdade-e-inclusao-social/
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
Direitos humanos não podem ser negados; mas, por vezes, podem ser restringidos –
por exemplo, se uma pessoa cometer um crime, ela pode ter seus direitos políticos e
sua liberdade de ir e vir limitados. Ainda assim, executar uma pessoa que cometeu
crimes, agredi-la, torturá-la ou submeter a mesma a condições degradantes também
constitui uma violação grave de direitos humanos, e é ilegal na maior parte do mundo
– assim como no Brasil. Um julgamento justo também é um direito humano.
Por exemplo, se algo que um político faz nos incomoda, a maioria de nós não pensa
duas vezes antes de falar sobre isso com nossa rede de amigos. Quando você faz isso,
você está exercendo um direito humano – o seu direito à liberdade de expressão.
Aí está uma ponto importante de ser lembrado sobre direitos humanos: quando estão
sendo respeitados, eles passam quase despercebidos. A maioria das crianças não
acorda de manhã comemorando a possibilidade de exercer seu direito à educação.
Mas aqueles que fugiram de países em que lhes foi negado o direito de ir à escola
podem muito bem apreciar isso um pouco mais.
Sustentabilidade organizacional
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
de acordo com Gladwin, Kennelly e Krause (1995), foi amplamente aceito por milhares
de organizações governamentais, empresas e instituições internacionais, por uma
assimilação normativa e abstrata desprovida de qualquer interesse de investigar a
essência do conceito em perspectiva. Osorio, Lobato e Castillo (2005) também
combatem essa generalização ao afi rmar que as discussões em torno de um debate
conceitual não podem ser aceitas como algo óbvio e proveniente de propostas
simplistas compostas por defi nições não muito detalhadas e defi cientes de
complexidade. De acordo com os autores, assim acontece com o desenvolvimento
sustentável e com a sustentabilidade, que se tornaram meras expressões inseridas em
um processo inconsciente de homogeneização global.
No estágio fi nal de construção do conceito de sustentabilidade, o termo acabou
assumindo uma perspectiva de relevância ambiental, na qual os critérios econômicos,
sociais e culturais começaram a ser considerados gradativamente (JIMÉNEZ HERRERO,
2000; OSORIO; LOBATO; CASTILLO, 2005). Percebe-se que a disseminada similaridade
entre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável não se confi rma pela
disparidade de suas fundamentações conceituais. Mediante esse reconhecimento, os
conceitos diferem. Enquanto a sustentabilidade refere-se à capacidade de manter algo
em um estado contínuo, o desenvolvimento sustentável envolve processos
integrativos que buscam manter o balanço dinâmico de um sistema complexo a longo
prazo. A sustentabilidade, então, pode ser considerada a ideia central do
desenvolvimento sustentável, uma vez que a origem, os espaços, os períodos e os
contextos de um determinado sistema se integram para um processo contínuo de
desenvolvimento (JIMÉNEZ HERRERO, 2000).
Para Lélé (1991), a sustentabilidade possui um signifi cado constituído por três pilares
principais: literal, ecológico e social. O signifi cado literal referese à continuação do
nada; o signifi cado ecológico refere-se à manutenção de uma base ecológica para a
vida humana, dentro de um determinado período de tempo, o que indica uma
preocupação com as gerações contemporâneas e futuras; já o signifi cado social
prioriza a manutenção dos valores sociais, das instituições, das culturas e das demais
características sociais (LÉLÉ, 1991). Em relação ao desenvolvimento sustentável, Lélé
(1991) argumenta que duas são as possíveis interpretações: (1) crescimento
sustentável (o que para ele é contraditório e trivial); e (2) realização de objetivos
tradicionais, descritos como políticos e signifi cativos. Fergus e Rowney (2005)
consideram que essas interpretações concedidas por Lélé (1991) indicam que o
desenvolvimento sustentável é um fenômeno consequente da estabilidade de uma
série de outros fenômenos menores e interligados. Essa afi rmação se justifi ca, pois o
próprio Lélé (1991) assevera que as duas interpretações concedidas podem ser
traduzidas, cada uma, em uma simples palavra: a primeira pode denunciar o
desenvolvimento sustentável como um processo, uma vez que busca o crescimento; a
segunda identifi ca o termo como um objetivo, visto que seu intuito principal está em
satisfazer necessidades básicas. Osorio, Lobato e Castillo (2005) complementam o
discurso de Lélé (1991) ao considerarem que sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável se diferem quanto à busca de seus objetivos fi nais. A sustentabilidade
representa um argumento inquestionável, pois, independente de seu objetivo fi nal,
este deve ser alcançado por um equilíbrio de utilização e consumo de recursos
naturais. A busca de uma sustentabilidade ambiental, por exemplo, é parte integrante
de uma meta maior. O desenvolvimento sustentável se baseia na preservação dos
recursos naturais, ou seja, busca os mesmos objetivos da sustentabilidade e é
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
complementado pela busca de um equilíbrio social, cultural e econômico (OSORIO;
LOBATO; CASTILLO, 2005). Em síntese, os autores Lélé (1991), Jiménez Herrero (2000)
e Osorio, Lobato e Castillo (2005) concordam que o desenvolvimento sustentável
constitui a direção futura do progresso humano, por meio de processos ocorrentes em
três dimensões principais: econômica, ecológica e social.
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
algumas esperanças e medos, ambos motivos de orientações e desafi os para muitos
pesquisadores. A busca por um crescimento econômico e uma equidade social tem
percorrido um vasto caminho, impregnado por possíveis soluções, nos últimos 150
anos. Ao agrupar a preocupação de preservar os sistemas naturais, a sustentabilidade
agrupa os principais desafi os da humanidade. Um resultado considerável de toda esta
discussão está na adoção do termo “desenvolvimento sustentável” nos discursos
organizacionais (DYLLICK; HOCKERTS, 2002). A relevância dessa consideração iniciada
pelas empresas está no fato dos sistemas industriais e de prestação de serviços
causarem e determinarem o comportamento dos fl uxos de materiais e energia ao
cenário em que opera e aos valores que regem os seus propósitos. Van Marrewijk
(2003) elaborou um modelo de hierarquização que qualifi ca as empresas em seis
diferentes padrões de alcance e desenvolvimento da sustentabilidade organizacional,
os quais são explicados no Quadro 3. Uma vez que enfrentam circunstâncias
diferenciadas e operam por diversos sistemas de valores, as organizações
desenvolvem diferentes manifestações de uma sustentabilidade organizacional. Essas
divergências podem ser compreendidas como fenômenos intrínsecos a diferentes
níveis da sustentabilidade de determinada organização. Esses níveis refl etem as
motivações para se incorporar a sustentabilidade organizacional nas práticas do
negócio, ou seja, podem categorizar a organização quanto ao tipo de sustentabilidade
or ganizacional que busca (van MARREWIJK, 2003).
https://www.ems.com.br/ems-esta-entre-as-100-melhores-empresas-em-cidadania-
corporativa-release,17.html
https://www.siemens.com.br/relatorioanual2014/sustentabilidade/cidadania-
corporativa.html
https://www.accenture.com/br-pt/careers/your-future-corporate-citizenship
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)
preconceitos. Caderno Secad, Brasília, n. 4, 2007. Cadernos de Formação RBCE, p. 71-
83, mar. 2010 83 GOELLNER, Silvana V. A produção cultural do corpo. In: LOURO,
Guacira; FELIPE, Jane; GOELLNER, Silvana. Corpo, gênero e sexualidade: um debate
contemporâneo na educação. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. ; VOTRE, Sebastião J.;
MOURÃO, Ludmila; FIGUEIRA, Márcia L. M. Gênero e raça: inclusão no esporte e lazer.
Porto Alegre: Gráfica da UFRGS, 2009. LE BRETON, David. A sociologia do corpo.
Petrópolis: Vozes, 2006. LOURO, Guacira L. Gênero, sexualidade e educação: uma
perspectiva pósestruturalista. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. MEYER, Dagmar E. E.
Gênero e educação: teoria e política. In: LOURO, Guacira; FELIPE, Jane; GOELLNER,
Silvana. Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. 3. ed.
Petrópolis: Vozes, 2008. NICHOLSON, Linda. Interpretando o gênero. Revista Estudos
Feministas, v. 8, n. 2, p. 9-14, 2000. OLIVEIRA, Amauri A. B.; PERIN, Giana L.
Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo: da reflexão à prática.
Maringá: Editora da Universidade Estadual de Maringá, Ministério do Esporte, 2009.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto
Alegre, v. 20, n. 2, jul./dez. 1995. WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO,
Guacira L. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica,
1999.
2. Parte das reflexões aqui desenvolvidas integram a publicação Gênero e raça: inclusão no
esporte e lazer, escrito por Goellner, Votre, Mourão e Figueira (2009)