Captação de Água Da Chuva

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE CAPTAÇÃO DA ÁGUA DE CHUVA EM UMA


CHAPEADORA AUTOMOTIVA

BEATRIZ FLORÊNCIO

BRUNA LETÍCIA CHIQUETI

MARIA CAROLINA BONATTO

MONIQUE GABRIELY VANZIN

NATHÁLIA BIANQUINI DA CRUZ

TOLEDO – PR

2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE CAPTAÇÃO DA ÁGUA DE CHUVA EM UMA


CHAPEADORA AUTOMOTIVA

BEATRIZ FLORÊNCIO

BRUNA LETÍCIA CHIQUETI

MARIA CAROLINA BONATTO

MONIQUE GABRIELY VANZIN

NATHÁLIA BIANQUINI DA CRUZ

Trabalho apresentado à disciplina de Operações


Unitárias A, Curso de Graduação em Engenharia
Química, do Centro de Engenharias e Ciências Exatas
da UNIOESTE – Campus de Toledo, como requisito
parcial para a obtenção do título de Engenheira
Química.

TOLEDO – PR

2017

2
RESUMO

Atualmente há uma forte preocupação ao que se refere a economia de água,


tendo em vista o grande risco de milhares de pessoas sofrerem com a falta de água no
futuro. Diante disso, a implementação de sistemas de captação de água da chuva vem
sendo empregada como uma medida para contribuir com a economia no uso da água
potável, reduzindo também o custo financeiro do implementador. Dessa forma, foi
realizado o projeto de um sistema de captação de água da chuva na chapeadora
automotiva Multimarcas Chapeação e Pintura, localizada na cidade de Vera Cruz do
Oeste, na região Oeste do Paraná, onde determinou-se a implementação de um
reservatório de 2 m³ e uma caixa de água de 1 m³, possibilitando economia de água
potável de toda a utilização diária em uso geral, considerando que não há uso de água
para fins de potabilidade, fazendo uso de uma bomba submersa de 0,5 CV de potência.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Parâmetros de qualidade de água de chuva para usos restritivos não potáveis 21
Tabela 2. Frequência de manutenção 22
Tabela 3. Propriedades da água 31
Tabela 4. Características da bomba a ser utilizada 32
Tabela 5. Custo total dos equipamentos e componentes do projeto hidráulico 36

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1. INTRODUÇÃO

Com o grande aumento populacional nos últimos séculos e com a constante busca
de inovações em diversas áreas, o ser humano acaba fazendo um maior uso de
recursos naturais, sendo o principal deles a água. Além do uso inconsciente desse
recurso natural, a água contida no Planeta Terra é, em sua maioria, salgada,
impossibilitando seu consumo. A pouca quantidade de resta de água doce no mundo
muitas vezes acaba sendo poluída por indústrias, esgotos e até mesmo pessoas que
não têm conhecimento do mal que está causando ao meio ambiente.

A cada ano que passa, mais se aumenta as discussões acerca da escassez da


água, revelando uma urgência em se tomar medidas a se evitar o desperdício desse
bem natural. Além disso, também há o incentivo para a implantação de sistemas que
reaproveite a água, sendo uma delas a captação da água da chuva.

Uma vez que a água da chuva não passa por grandes tratamentos físicos, químicos
ou biológicos, esta é imprópria para usos que necessitam de água potável, sendo
restrita a lavagens de calçadas, carros, torneiras de jardins e outros procedimentos
onde não há prejuízos em se utilizar uma água de qualidade inferior se comparado com
a proveniente de estações de tratamento.

Uma das possíveis aplicações de uso da água da chuva é a aplicação em certos


procedimentos industriais e/ou comerciais, como em chapeação automotiva, onde há
grande uso de água para lavagem de carros e peças a serem trabalhadas, bem como a
limpeza do local. Dessa forma, o presente estudo teve como finalidade o projeto de
implantação de um sistema de captação de água da chuva na empresa Multimarcas
Chapeação e Pintura, uma chapeação automotiva localizada na cidade de Vera Cruz
do Oeste, cidade localizada a aproximadamente 55 km de distância de Toledo.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Escassez de água potável nos dias atuais

O Planeta Terra possui cerca de 70% de sua superfície coberta por água, sendo
97,5% dessa quantidade correspondente à água salgada e apenas 2,5% de água doce.
Contudo, cerca de 70% de toda água doce do planeta se encontra nas calotas polares,
na Antártida e Groelândia, e, uma outra quantidade se encontra no subsolo, o que
mostra que o ser humano conta com somente 1% de água doce de fácil acesso para o
seu consumo (SEMACE, online).

O desmatamento, as mudanças climáticas, o uso abusivo de agrotóxicos, a


erosão de solos e a poluição industrial e urbana são alguns dos principais fatores que
poluem que acabam poluindo a já escassa quantidade de água doce disponível no
mundo, o que coloca em risco o abastecimento de água no futuro próximo. Segundo
projeções da ONU, se não forem tomadas medidas corretivas agora, em 2050
praticamente metade da população mundial sofrerá com falta de água (Fórum de Água
das Américas, 2008). A Figura 1 mostra o índice de frequência da falta de água
disponível para o uso em uma base mensal nos países.

Figura 1. Índice de frequência da falta de água disponível para o uso em uma base
mensal.

6
Estima-se que entre 2011 e 2050 a população mundial crescerá cerca de 33%,
aumentando de 7 bilhões para 9,3 bilhões de pessoas, aumentando assim a demanda
por água. Além disso, O “Global Environmental Outlook’s Baseline Scenario” de 2012
espera um aumento no risco de falta de água até 2050, com aproximadamente 2,3
bilhões de pessoas vivendo em áreas com grande restrição hídrica. A Figura 2
apresenta o aumento do consumo de água ao longo dos anos.

Figura 2. Evolução do consumo de água anual em litros. Fonte: DMPM, online.

O setor industrial é responsável por aproximadamente 19% do consumo total de


água. No entanto, prevê-se que, até 2050, apenas o setor de manufatura aumentará o
seu consumo em 400%. A utilização de água relacionada às necessidades domiciliares
(como o consumo humano, instalações sanitárias, higiene, banho etc.), das instituições
(como escolas e hospitais) e da maioria das pequenas e médias indústrias dentro dos
sistemas municipais, é responsável pelos outros 10% do consumo mundial de água
doce (UNESCO, 2016).

Visto que o consumo mundial de água cresce ao longo dos anos, como pode-se
analisará através da Figura 3, alguns países criam programas de incentivo à população
para o uso consciente da água, bem como a economizar o recurso natural.

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Figura 3. Crescimento mundial de água durante o último século. Fonte: HAGEMANN
(2009) apud FAO (2008).

Uma das formas de incentivo criadas, é a captação de água da chuva, que pode
ser realizada de forma simples e de pouca quantidade, com baldes e bacias, ou de alta
complexidade, com a implantação de caixas d’água, bombas e filtros.

2.2 Aproveitamento da água da chuva

Muitos países como o Japão, Estados Unidos, Alemanha e o Brasil já vêm


implantando sistemas de captação de água da chuva. Utilizando a água da chuva, os
custos referentes a água potável são reduzidos, além de estar combatendo o
desperdício e escassez desse recurso natural.

Para coletar a água da chuva, geralmente são utilizadas áreas não permeáveis
como o teclado, que é amplamente utilizado no processo. A Figura 4 apresenta um
esboço de um sistema de captação da água da chuva utilizando o telhado de um
edifício.

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Figura 4. Esboço de um sistema de aproveitamento da água da chuva. Fonte:
HAGEMANN (2009) apud UNEP (2002).

Como a água coletada não passa por nenhum tratamento químico, físico ou
biológico, além de possivelmente receber alguma contaminação por sujeiras ao passar
pelo teclado, é recomendável que o uso seja restrito a lavagem de calçadas, carros,
torneiras de jardim e para todo uso não-potável.

Segundo a companhia ecycle, online as principais vantagens de se instalar um


sistema de reuso de água é que é uma atitude ecologicamente responsável, pois
reaproveita a água da chuva e pode ser instalada em qualquer ambiente: rural ou
urbano, casa ou apartamento, representando uma economia de até 50% na conta de
água, ajudando em tempos de crise hídrica, podendo criar uma cultura de
sustentabilidade ecológica nas construções.

Já as desvantagens são que é necessário disciplina, as calhas devem ser limpas


para impedir contaminação através de fezes de ratos ou de animais mortos e mantidas
em boas condições, além da limpeza do interior da cisterna. A instalação, se for ligada
à rede de encanamentos da casa, necessida de um profissional para rearranjar os

9
encanamentos, porém, em muitos casos, o investimento é devolvido no primeiro ano,
senão nos primeiros meses, e se caso seja enterrada (ou subterrânea), seu custo de
instalação será maior.

Alguns outros que devem ser tomadas, é que de acordo com o SIAS, online, não
é recomendado a utilização das primeiras águas da chuva, pois podem conter sujeiras
do telhado e, por isso, deve ser instalado um dispositivo que permita desviar as
primeiras águas;. Também deve ser bem vedada, longe dos raios do sol e de
detrimentos de animais, impedindo a proliferação de algas.

2.3 Implantação de um sistema de coleta de água da chuva

Segundo HAGEMANN (2009), uma metodologia básica para projetar um sistema


de coleta de água, bem como o tratamento e uso da mesma, consiste nas seguintes
etapas:

● Identificação dos usos da água;


● Determinação da precipitação média local (mm/mês);
● Determinação da área de coleta;
● Determinação do volume aproveitado;
● Projeto do reservatório de descarte;
● Projeto da cisterna;
● Projeto dos sistemas complementares, como grades, filtros e tubulações;
● Escolha do sistema de tratamento necessário;
● Caracterização da qualidade da água;

As perdas que ocorrem nas superfícies de captação são oriundas da saturação


do material e da evaporação, podendo ser consideradas constantes e significativas
apenas para pequenas precipitações. Se caso ocorrem vazamentos por entre as
calhas, estes também deverão ser considerados como perdas (DORNELLES (2012)).

Assim, a fim de levar em consideração essas perdas nos cálculos do projeto do


sistema de captação, é utilizado um coeficiente de escoamento (c), o qual indica a

10
parcela efetiva da precipitação que é transformada em escoamento (DORNELLES
(2012)).

Os valores de c são obtidos na literatura e possuem uma faixa de variação


dependendo do material utilizado. Assim, o projetista deve avaliar os fatores de risco,
ou seja, se caso o sistema de captação de água da chuva visar o uso propriamente
dito, o valor de c poderá ser baixo, entretanto, se o objetivo for a coleta de água para
evitar alagamentos, o valor poderá ser mais elevado. Ainda, é possível considerar um
valor intermediário para c, a fim de contemplar as duas situações (DORNELLES
(2012)).

2.3.1. Área de captação de água da chuva

A ABNT (2007) define área de captação como a projeção horizontal da


superfície não permeável da cobertura onde a água é captada. Como já dito, os
teclados de edifícios são comumente utilizados em projetos de sistemas de coleta de
água, contudo, segundo DORNELLES (2012) apud MAY (2005), a captação pode se
dar em pisos em geral, porém, ao se utilizar tais superfícies, deve-se estar ciente de
uma maior contaminação da água coletada. A Figura 5 mostra a representação de uma
área de captação feita em um teclado de um edifício residencial.

Figura 5. Área de captação de água da chuva. Fonte: DORNELLES (2012).

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O material utilizado nas superfícies das áreas de captação influencia na
qualidade da água captada, seja química ou biologicamente, contaminando a água com
substâncias nociva à saúde, ou fisicamente, com a contaminação por partículas sólidas
e uma coloração proveniente do material da superfície. Além disso, o material da
superfície de captação também pode influenciar na quantidade de água captada, sendo
teclados fabricados de materiais porosos os menos eficientes quando comparados aos
que são fabricados de materiais metálicos.
Um telhado, com área de 200 m² pode captar aproximadamente 250.000 litros
de água por ano (AGUAPARÁ, 2005), devendo ser descartado os primeiros 2mm de
precipitação inicial.

2.3.7. Condutores da água captada

Para transportar a água coletada pela área de captação até o armazenamento,


são empregadas calhas e condutores verticais, que são fabricados de materiais inertes.
Vale ressaltar que se forem utilizados condutores de metal, estes estarão sujeitos a
corrosão, visto que o pH da chuva tende a ser baixo.

Deve ser dotada de um redutor de velocidade na saída da captação, uma na


válvula para repetir o retorno da água, e ainda extravasor para a segurança sistemas
de escape de água, de modo o prevenir a extração do conteúdo, que se não rejeitado
de modo prudente pode causar infiltrações e inundações.

2.3.3. Pré-tratamento

É comum a presença de folhas de árvore, fezes de animais, poeira e outros


materiais grosseiros em teclados e pisos. Quando há chuva, espera-se que a
quantidade de água inicial “lave” a superfície do telhado, levando as impurezas
consigo.

12
Portanto, para uma boa qualidade da água coletada, deve-se adotar medidas a
fim de se reduzir e/ou anular a presença desses contaminantes, sendo os métodos
manuais ou automáticos ou por filtragem e descarte os principais aplicados
(DORNELLES (2012)).

2.3.3.1. Métodos manuais ou automáticos

São classificados quando os dispositivos de pré-tratamento precisam de


operações manuais ou não, que podem ocorrem durante a precipitação ou após ela.

2.3.3.2. Filtragem ou descarte

Nesta classificação, pode-se optar por filtragem com filtros e areia e grades, por
exemplo, ou ainda descartar um certo volume inicial, a fim de garantir a ausência de
impurezas na água. A Figura 6 apresenta uma esquematização de uma grade acoplada
a um filtro de área por onde a passa a água captada antes de ser levado ao tanque de
armazenamento.

Figura 6. Filtro utilizado para tratar água da chuva coletada em teclados. Fonte:
DORNELLES (2012).

Quando se pretende descartar o volume inicial precipitado, pode-se desprezar o


volume precipitado nos primeiros 15 minutos de chuva ou um volume proporcional à

13
área de captação, onde o reservatório de descarte deverá conter de 0,8 a 1,5 L m -2,
contudo, há diversas opiniões acerca do assunto, sendo o volume inicial descartado
uma escolha do projetista. Entretanto, a NBR 15527/07 recomenda o descarte dos
primeiros 2 mm de água. A Figura 7 apresenta um reservatório de descarte
empregado em coleta da água da chuva.

Figura 7. Reservatório de descarte do escoamento inicial. Fonte: DORNELLES (2012).

HAGEMANN (2009) ainda apresenta outros três métodos de descarte do volume


inicial precipitado. A Figura 8 apresenta a esquematização de duas das três técnicas
propostas.

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Figura 8. Dispositivos de descarte da primeira chuva. Fonte: HAGEMANN (2009) apud
Texas Water Development Board (2005).

O primeiro dispositivo consiste em uma tubulação que coleta a volume inicial


precipitado, o qual deverá ser descartado. Quando a tubulação estiver cheia, a água é
desviada para a tubulação que leva ao reservatório de armazenamento. O tubo pode
ser drenado por um orifício ou por uma válvula próxima a base. O segundo dispositivo
apresenta uma tubulação com uma válvula esférica flutuante dentro de si. Quando o
volume de descarte enche esta tubulação, a elevação do nível da água possibilita a
esfera obstruir a entrada do tubo, deixando com que o fluxo seja conduzido ao
armazenamento.

A terceira técnica apresentada por HAGEMANN (2009) é um tanque com uma


boia acoplada, a qual irá impedir a entrada de água quando atingir o volume de
descarte determinado, desviando o restante da água para o reservatório de
armazenamento. O volume de descarte é armazenado até o final da precipitação da
chuva, sendo posteriormente descartado.

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2.3.4. Armazenamento da água captada

O armazenamento da água captada deve ser feito em um reservatório que pode


estar sobre o solo ou ser subterrâneo, preferencialmente próximo ao ponto de destino
de consumo da água coletada. Os materiais mais comumente utilizados para a
fabricação desses reservatórios são: concreto, ferro-cimento, fibra de vidro,
polipropileno e metal galvanizado (HAGEMANN, 2009).

O manual da ANA/FIESP & SindusCon-SP (2005) cita uma série de medidas


que devem ser tomadas na implantação do armazenamento da água captada da
chuva. São elas:

● Evitar a entrada de luz solar no reservatório para diminuir a proliferação


de algas e microrganismos;
● Manter a tampa de inspeção fechada;
● Colocar grade ou tela na extremidade de saída do tubo extravasor, para
evitar a entrada de animais;
● Limpar anualmente os reservatórios;
● Projetar o reservatório de armazenamento com uma inclinação no fundo
em direção a tubulação de drenagem, de modo a facilitar a limpeza;
● Garantir que água coletada não seja utilizada para fins potáveis.
É de extrema importância um bom e correto dimensionamento do reservatório
de armazenamento para se evitar acidentes e falhas.

2.3.4.1. Dimensionamento de reservatório de armazenamento


Por meio da NBR 15527 tem-se o método de Rippl, onde considera-se as séries
históricas e mensais, dependendo do tempo, de modo que S é o volume de água no
reservatório, Q é o volume da chuva aproveitável, D a demanda ou consumo, V o
volume do reservatório e C o coeficiente de escoamento superficial, A área de
captação, P precipitação.

𝑆(𝑡) = 𝐷(𝑡) − 𝑄(𝑡) (01)

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𝑄(𝑡) = 𝐶 ⋅ 𝑃 ⋅ 𝐴 (02)

𝑉 = ∑𝑆(𝑡) para S(t) > 0 e 𝛴𝑆(𝑡) < ∑𝑄(𝑡) (03)

Já, o método de simulação, a evaporação da água não deve ser levada em


conta. Para um determinado mês, aplica-se a equação da continuidade a um
reservatório finito:

𝑆(𝑡) = 𝑄(𝑡 + 𝑆(𝑡 − 1) − 𝐷(𝑡)) (04)

𝑄(𝑡) = 𝐶 ⋅ 𝑃 ⋅ 𝐴 sendo que 0 < S(t) < V (05)

Onde S é o volume de água no reservatório, Q é o volume da chuva


aproveitável, D a demanda ou consumo, V o volume do reservatório e C o coeficiente
de escoamento superficial, A área de captação, P precipitação. Sendo que é
considerado o reservatório cheio no tempo “t”, com dados históricos de condições
futuras.
Pelo método de Azevedo Neto, tem-se

𝑉 = 0,042 ⋅ 𝑃 ⋅ 𝐴 ⋅ 𝑇 (06)

P é o valor numérico da precipitação média anual, expresso em milímetros (mm)


T é o valor numérico do número de meses de pouca chuva ou seca, A é o valor
numérico da área de coleta em projeção, m², V é o valor numérico do volume de água
aproveitável e o volume de água do reservatório, expresso em litros (L).
Pelo método prático alemão, considera-se o menor valor do volume do
reservatório, de modo que o volume adotado é 6% do volume anual da precipitação
aproveitável.

𝑉𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑑𝑜 = 𝑚í𝑛𝑖𝑛𝑚𝑜 𝑑𝑒 (𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜) 𝑥 0,06 (07)

Onde V é o valor numérico do volume aproveitável de água de chuva anual,


expresso em litros (L), D é o valor numérico da demanda anual da água não potável,
17
expresso em litros (L), V adotado é o valor numérico do volume de água do
reservatório, expresso em litros (L).
O método prático inglês é dado pela Equação 08

𝑉 = 𝑃 ⋅ 𝐴 ⋅ 0,05 (08)
P é o valor numérico da precipitação média anual, expresso em milímetros (mm)
T é o valor numérico do número de meses de pouca chuva ou seca, A é o valor
numérico da área de coleta em projeção.
Pelo método prático australiano, o volume de chuva é dado pela Equação 09:

𝑄 = 𝐴 ⋅ 𝐶 ⋅ (𝑃 − 𝐼) (09)
sendo C o coeficiente de escoamento superficial, geralmente com valor igual a 0,80, P
é a precipitação média mensal, I é a interceptação da água que molha as superfícies e
perdas por evaporação, de aproximadamente 2 mm, A é a área de coleta e Q é o
volume mensal dado pela chuva.
Sendo o cálculo do volume do reservatório dado pela Equação 10:

𝑉𝑡 = 𝑉𝑡−1 + 𝑄𝑡 − 𝐷𝑡 (10)
onde Qt é o volume mensal produzido pela chuva no mês t, Vt é o volume de água que
está no tanque no final do mês t, Vt-1 é o volume de água que está no tanque no início
do mês t e Dt é a demanda mensal.

2.4. Chapeação

O processo de chapeação é composto por técnicas que possibilitam a correção


de defeitos na superfície metálica de automóveis que acidentalmente tenham sofrido
danos causados por choques e/ou batidas, de forma que possa se restaurar a forma
original do veículo, buscando voltar aos padrões de fábrica utilizados pelas
montadoras.

18
Em uma chapeação automotiva, utiliza-se uma grande quantidade de água para
lavagem dos veículos a serem trabalhos, bem como as peças a serem consertadas,
além da higienização do ambiente de trabalho, que costuma estar severamente sujo
por graxas, tintas e poeira, sendo interessante um sistema de economia de água
potável.

2.5. Caracterização da qualidade da água

A qualidade da água captada pode variar de acordo com o padrão especificado


pelo projetista, que deve levar em consideração o uso final da água. Quando usos
restritos forem almejados, deve-se seguir as características específicas pela NBR
15527, que estão apresentadas na Tabela 01.

Tabela 1. Parâmetros de qualidade de água de chuva para usos restritivos não


potáveis. Fonte: NBR 15527.

2.6. Manutenção
Ainda seguindo a NBR 15527, todo o sistema de captação deve ser limpo
regularmente, sendo a frequência de limpeza definida por essa mesma normativa. A
Tabela 2 apresenta as especificações de limpeza definidas pela NBR 15527.

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Tabela 2. Frequência de manutenção. Fonte: NBR 15527.

3. METODOLOGIA

2.4.1 Descrição da planta existente.

A empresa Multimarcas Chapeação e Pinturas abrange 396 m², onde 375,0 m²


estão disponíveis para a aplicação de coleta de água da chuva. O telhado possui
calhas já estabelecidas com despejo pluvial em dois pontos distintos como mostrados
na seguinte figura.

Figura 9. Tubulação existente para a coleta de chuva. Fonte: Próprias autoras, 2017.

20
As tubulações existentes, assim como as tubulações futuras que serão
instaladas, terão uma amarração com braçadeiras metálicas, a uma distância
específica para cada caso, a fim de proteger a tubulação de condições turbulentas
advindas do mau tempo, devido a sua disposição externa.

A cisterna será implantada na parte frontal da empresa, submersa para não


haver qualquer empecilho no fluxo de pessoas e carros.

A água coletada será mandada para uma caixa que será disposta dentro da
empresa, a cima do suporte de ferro parafusado na viga cortante que será projetado no
local indicado na seguinte figura.

Figura 10. Local da implementação da caixa d’água. Fonte: Próprias autoras,


2017.

A partir da implementação da caixa d’água, uma tubulação terá saída com


destino a uma pia que é utilizada para todo o encaminhamento da água utilizada pela
empresa para os diversos fins já citados anteriormente. A caixa de água possuirá um
sistema de ladrão para evitar que está encha até derramar, a cisterna submersa tbm
possuíra um sistema de liberação de água para períodos muito chuvosos.

21
Figura 11. Pia utilizada como fonte de água. Fonte: Próprias autoras, 2017.

A pia terá uma nova torneira que será a de utilização da água da pluvial
coletada, assim, quando não houver água no sistema de captação, utiliza-se a água
disponibilizada pela sanepar, como anteriormente operava o sistema normal, além
disso, o banheiro utilizará água potável para descarga, pois a taxa mínima de uso será
cobrada de qualquer maneira, dispensando assim, a distribuição da água captada para
o banheiro.

Com base na revisão bibliográfica realizada, tem-se uma gama de normativas a


serem seguidas e utilizadas para o suporte. Deste modo, são evidenciados a
necessidade de alguns cálculos, relacionados a seguir.

3.1 Área de captação

Pela NBR 10844 Instalações prediais de água pluvial, deve-se considerar a


inclinação do telhado na área de captação, de modo que é representado pela Equação
11, onde a é a largura da meia água, h a altura e b, o comprimento do telhado, esses

22
valores foram medidos no prédio de implementação e estão dispostos nas plantas
baixa e longitudinal disposta no Anexo A.

𝑏 (11)
𝐴 = (𝑎 + )⋅𝑏
2

3.2 Projeto da cisterna

Para a determinação do reservatório, usa-se a ABNT NBR 12217 de 2007,


Projeto de reservatório de distribuição de água para abastecimento público, que tem as
normativas para o dimensionamento dos reservatórios, de modo que é necessário um
sistema de abastecimento de água para regularizar as variações de recebimento e
distribuição, a cisterna, e deve haver um fator de 1,2 ao volume calculado para
considerar as incertezas dos dados. Neste sentido, será realizado um reservatório
submerso e um sistema de distribuição, composto pelas instalações hidráulicas já
existentes que serão abastecidas por uma caixa de água elevatória. O volume coletado
será calculado pela Equação 12.

𝑉 =𝑃⋅𝐴⋅𝐶⋅𝜂 (12)
Onde, A é a área superficial em m2, P é a precipitação em mm, C coeficiente de
escoamento superficial da cobertura e 𝜂é a eficiência de captação.
Deste modo, foi utilizado as metodologias descritas no item 2.3.2, especialmente
as Equações 6, 7 e 8, que que são os métodos de Azevedo Neto, método prático
alemão e o método prático inglês.

3.3. Dimensionamento da bomba


O dimensionamento da bomba foi realizado com base na apostila de Bombas do
professor Dr. Marcos Moreira, bem como a NBR 12214. Assim, o posicionamento da
bomba será alocado submerso, pois não há espaço físico disponível para sua
instalação na superfície.

𝐷⋅𝜌⋅𝑢 (13)
𝑅𝑒 =
𝜇

23
Considerando a perda de carga, referente aos acessórios, tem-se a Equação 14,
que relaciona o fator de Fanning (f) que é determinado pelo gráfico de Moody, sendo
função da rugosidade do material e do número de Reynolds.

2. 𝑓. 𝐿𝑒. 𝑢𝑏2 (14)


𝛥𝐻 =
𝑔. 𝐷

Assim, a altura manométrica é calculada tendo a altura real e a variação desta


por causa da perda de carga.

𝐻𝑚𝑎𝑛 = 𝐻0 + 𝛥𝐻 (15)

A vazão pode ser definida como o produto entre a velocidade e a área


transversal do escoamento, como evidenciado na Equação 16.

𝑄 = 𝑢𝑏. 𝐴 (16)

Isolando k da Equação 17, e utilizando a velocidade para determinar a vazão,


bem como Hman calculado considerando esta mesma velocidade, é possível
determinar o valor de k, o qual é utilizado para construir a curva do sistema.

𝐻𝑚𝑎𝑛 = 𝐻0 + 𝑘𝑄 2 (17)

Também com o valor da vazão e Hman calculados foi obtida uma potência, que
foi utilizada como base para obter a curva da bomba, encontrada na literatura.
Assim, por meio de um método iterativo, plotou-se valores de potência pela
altura manométrica, tanto para curvas da operação da bomba e do sistema. Deste
modo a interseção destas resulta no valor da vazão de operação, e por fim um valor
real da potência.

𝑃𝑜𝑡 = Ϫ. 𝑄.Hman (18)

4. RESULTADOS
As Figuras abaixo correspondem à planta baixa da estrutura física da aérea da
instalação da Multimarcas Chapeação e Pinturas, de modo que o barracão possui uma

24
área de captação de 375,0 m², valor calculado pela Equação 11, possuindo uma
largura de 12,8 m, comprimento de 29,3 m com um h de 1,3m (Figura 12).

Figura 12. Desenho da área de captação da água da chuva a partir do Software


Autocad. Fonte: Próprias autoras (2017).

Figura 12-a. Desenho da área de captação da água da chuva a partir do Software


Autocad. Fonte: Próprias autoras (2017).

O volume utilizado mensalmente é de 15 m 3, sendo assim, o consumo diário


será de 0,5 m3, porém nas metodologias utilizadas para determinar o volume do
reservatório não é considerado o consumo diário de água. Através da captação
calculada determinou-se que o reservatório terá aproximadamente 1,33 m 3 de água

25
reservados diariamente, valor que pode variar com a maior incidência de chuva. Com a
incidência de chuva do menor mês do ano, o reservatório teria aproximadamente 1 m 3
de água por dia, porém como o gasta diário é de 0,5 m 3, restará no reservatório a
metade. Sendo assim, todo o uso de água não potável ficaria suprido, pois com em
dias com maior incidência o reservatório ficaria completamente preenchido, e seu uso
daria ao passar dos dias.

Serão utilizados tubos de PVC para distribuição de água, tubos de aço comercial
para a área de bombeamento, e calhas de alumínio, para a condução da água pluvial.
Para que o projeto seja executado, são necessários 18 metros de tubo de PVC rígido
de 25 mm (1”) de diâmetro, considerando uma margem de erro de 10%, além de duas
uniões soldáveis para que seja feita a conexão entre a bomba e a tubulação.
Segundo a ABNT NBR 15527 de 2007, Água de chuva - Aproveitamento de
coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis - Requisitos, foi desenvolvido este
projeto, tendo como demanda mensal do Multimarca Chapeação e Pintura de 15 m³, de
modo que a água reutilizada será utilizada para a lavagem de carros, manutenção do
local e serviços gerais. Segundo a Damae (online) 30 minutos de mangueira aberta são
utilizados 216 L de água.
Considerou-se as séries históricas de precipitações da cidade de Vera Cruz do
Oeste, no Paraná sendo que o clima é quente e temperado e existe uma pluviosidade
significativa ao longo do ano. A pluviosidade média anual é de 1831 mm, com 93 mm
como sendo a precipitação do mês Agosto (mês mais seco) e 228 mm a do mês mais
chuvoso (Outubro). Com esses dados é possível observar que mesmo no mês de
maior seca o índice de pluviosidade é elevado (Climate-Data.org, online)

26
Figura 13. Gráfico pluviométrico da cidade de Vera Cruz do Oeste. Fonte: Próprias
autoras, 2017.

Ainda segundo a NBR 15527 o volume de água da chuva aproveitável pode ser
determinado pela Equação 10 do coeficiente de escoamento superficial da cobertura
(coeficiente de Runoff C), P é a precipitação média mensal, A a área de coleta e n, é a
eficiência de captação (entre 80 e 95%). Considerando a área de coleta 383,36m² o
coeficiente de escoamento para telhado de aluzinco é 0,85 e eficiência de 85% tem-se
um volume de água aproveitável de 43 m³ ao mês, se considera a média de todos os
meses, considerando o mês de menor incidência o volume aproveitável é de
aproximadamente 30 m³.
Deste modo, para o cálculo do volume do reservatório, foi utilizado o método
Azevedo Neto, método do alemão e método prático inglês, representado pelas
Equações 6, 7, 8 respectivamente, obtendo os volumes de 1219,08 L, 2988,61 L e
5020,86 L de modo respectivo e uma média foi de 3009 L. Desse modo, o volume do
reservatório foi dividido em um reservatório elevado de 1m³ de capacidade e um
reservatório subterrâneo de 2 m³, que será um reservatório quadrado de largura de 2
m, altura e comprimento de 1 m.
Ainda com base na NBR 12217, o reservatório elevado é fixado,
compatibilizando as variações de consumo de recalque, minimizando os custos de

27
investimento, sendo a retirada da água do reservatório é realizada a 15 cm da
superfície final do reservatório. Portanto, o reservatório será uma caixa de Polietileno
de 1 m³, com diâmetro médio de 1,30 m e altura de 0,95 m.
O revestimento interno da caixa coletora de água principal, será realizado com
manta asfáltica. sendo uma modificação física do asfalto com uma mescla de polímeros
especiais que proporcionam à manta excelente aderência, durabilidade e resistência,
garantindo a perfeita impermeabilização da área a ser utilizada.
Para determinação do ponto de operação utilizou-se o método da velocidade
econômica, onde considerou-se a velocidade de recalque (𝑢𝑢) é de 2 m/s, o material
da tubulação é aço comercial, com altura de 5,13 m, comprimento da tubulação de
13,37 m e 9 cotovelos de raio longo, uma válvula de retenção e uma entrada normal e
saída canalizada. Considerando o diâmetro da tubulação como sendo de 25 mm,
calcula-se então o número de Reynolds, considerando a viscosidade (𝜇) e a massa
específica do fluido (𝜌) a uma temperatura de 25°C, de acordo com os dados da Tabela
3.

Tabela 3. Propriedades da água. Fonte: SILVA, e; ALBERTONI, 2013.

Densidade (kg/m3) 999,7

Viscosidade (cP) 1

Através do Reynolds determinou-se o fator de atrito e o 𝛥H e então a altura


manométrica. De porte da altura manométrica de um ponto e da vazão é possível
determinar a curva do sistema, como para o projeto foi observado que uma bomba no
interior reservatório submerso seria necessário devido a motivação de espaço
procurou-se a especificação da bomba, nesta foi realizada a intersecção da curva da
bomba especificada pelo fabricante e da curva do sistema determinada. A Figura 11
demonstra a curva da bomba e do sistema.

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Figura 14. Ponto de operação. Fonte: Próprias autoras, 2017.

Na Figura 11 observa-se que o ponto de operação é aproximadamente 20 m,


com uma vazão de 4,1 m³/h, através dos valores da vazão de operação e da altura, é
possível determinar a potência da bomba que é de ½ cV. Com isso, a bomba escolhida
possui as características dispostas na Tabela 4.

Tabela 4. Características da bomba a ser utilizada.

Tipo Bomba centrífuga - SCHNEIDER

Modelo SUB10-05NY4E6

Motor Monofásico 220 V – 60 Hz

Fluido água de reuso

Temperatura de operação máxima 30°C

Massa específica do fluido 1000 kg/m³

Viscosidade do fluido 1 cP

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Vazão 4,5 m³/h

Altura manométrica máxima 20 m.c.a

Rotação 1750 rpm

Número de estágios 6

Sucção máxima 1m

Condição de operação intermitente

Material aço inox

Potência estimada 1/2 cv

Observações:
- Os dados hidráulicos foram estabelecidos conforme ISO 9906 anexo “A”, com
motor de linha e frequência indicados.
- É obrigatório e indispensável o aterramento de todo o sistema (motor elétrico,
Control Box - quando for o caso, Quadro de Comando e Proteção, assim como todas
as partes metálicas da instalação), conforme NBR 5410.

4.1 Instalação da bomba


A bomba, que para este caso é submersa, do tipo SUB10-05NY4E6 de 0,5 CV,
com seis estágios, vem com três fios (fase, neutro e terra), o fio neutro conecta-se a
bóia da caixa d’água, enquanto o fio fase conecta-se a bóia da cisterna. Quando a
água atingir nível máximo na caixa e/ou nível mínimo na cisterna há um desligamento
da bomba, pois desta forma é anulado a corrente elétrica por uma das bóias. Como
mostrado nas seguintes figuras.

30
Figura 15. Sistema de desligamento da bomba na caixa d’água. Fonte: Próprios
autores, 2017.

A bomba será desligada quando a boia estiver com inclinação positiva, ou seja,
quando a boia estiver acima do eixo zero mostrado na figura 12.

Figura 16. Sistema de desligamento da bomba na cisterna d’água. Fonte: Próprios


autores, 2017.

31
Ou a bomba será desligada na ocasião em que a boia estiver com inclinação
negativa, ou seja, quando a boia estiver abaixo do eixo zero mostrado na figura 2, a fim
de se evitar possíveis danos.

Quando o nível da caixa d’água estiver entre o nível do extravasor e o nível


mínimo, a água pode ser destinada para atividades de uso geral a partir da torneira que
recebe esta água por gravidade, não podendo ser ingerida, pois não recebeu
tratamento para este fim, sendo o único tratamento com dosador de cloro para manter
a água com baixo teor de microorganismos.

4.2. Instalação do gradeamento e filtro.

O sistema de gradeamento tem início na deposição de uma tela no ínicio da


tubulação conectada com a calha, logo mais, no decorrer da tubulação, um corte será
feito no tubo de forma a separar o resíduo da água, mais uma vez por gradeamento,
que entra na cisterna. Este corte será realizado como mostrado na seguinte figura.

Figura 17. Separação de sedimentos na tubulação. Fonte: Sempre sustentável, Online.

32
A disposição deste sistema está indicado no projeto geral de captação da água
da chuva. Após passar pelo gradeamento, a água pluvial captada segue seu fluxo até
encontrar o filtro, descrito no ítem 2.3.3.2 que está instalado abaixo do nível do terreno,
como demonstrado no projeto geral. O filtro possui acesso através de uma tampa de
concreto disposta sobre o terreno que pode ser aberta, para manutenção e limpeza
semestral.

5. VIABILIDADE ECONÔMICA

Tendo em vista o que foi citado neste trabalho e os diversos benefícios


relacionados com o aproveitamento da água pluvial, torna-se necessário realizar um
estudo da viabilidade econômica do projeto a fim de verificar se sua implementação
será vantajosa também no aspecto econômico para a empresa de chapeação
estudada.
Com base no dimensionamento dos equipamentos e materiais necessários ao
desenvolvimento do sistema de aproveitamento de água da chuva proposto, pode-se
estimar o custo total gasto para implantação e manutenção do sistema proposto. Os
valores para cada um dos equipamentos e componentes necessários foram
determinados com base em sites de venda de algumas empresas e são apresentados
na Tabela 5.

Tabela 5. Custo total dos equipamentos e componentes do projeto hidráulico.

Fator de custo Especificação Custo unitário e


Custo total

Tubos de PVC (18 25 mm 1’’ de R$13,50 (6m)


m) diâmetro R$40,50 (total)

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Tubos de aço - R$79,90 (1m)
comercial (13,37 m) R$1068,26 (total)

2 Uniões - R$3,99 (1unidade)


soldáveis R$7,98 (total)

Caixa d’água Capacidade de 1 R$ 349,90


m3/ Polietileno

Válvula de - R$ 90,00
retenção

Cisterna Capacidade 2 m3 R$ 1399,00

Bomba centrífuga Potência de ½ cv R$ 1245,00

Filtro De areia e brita R$ 24,33

Sistema de - R$ 50,00
gradeamento

9 cotovelos Raio longo R$ 64,00 (1 unidade)


R$ 576,00 (total)

Custo total dos equipamentos R$ 4850,97

Considerando o custo para instalação de 50% do custo total de todos os


equipamentos (PINI WEB, 2001), o capital inicial (CI) de deverá ser investido será de
aproximadamente:

34
𝐶𝐼 = 𝑅$4850,97 + 𝑅$2425,48 = 𝑅$7276,45 (19)

De acordo com a SANEPAR, o custo total da tarifa para consumo de até 10 m 3


em prédios comerciais é de R$ 60,66, de forma que para cada m 3 excedente é cobrado
o valor de R$ 6,84/m3. Sendo assim, considerando um consumo de 15 m 3 por mês, o
gasto mensal da empresa é de:

𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 = 𝑅$60,66 + 5 ⋅ 𝑅$6,84 = 𝑅$94,86 (20)

Empregando o método de Payback simples tem-se que o tempo para retorno do


capital inicial investido será de:

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑒𝑚 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 = 𝐶𝐼 ÷ 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 (21)

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑒𝑚 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 = 𝑅$7276,45 ÷ 𝑅$94,86 (22)

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑒𝑚 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 = 76,7 (22)

Ou seja, o tempo para que a economia com a instalação do projeto pague o


valor da obra será de aproximadamente 7 anos, que é um tempo relativamente alto.
Dessa forma verifica-se que a implementação deste sistema seria mais viável em
casos em que o consumo e gasto mensal fossem maiores e mais significativos. Porém,
deve-se ressaltar que os valores de custo estimados para os equipamentos e
instalação foram tomados de maneira grosseira, podendo variar de acordo com a
preferência do comprador, marca e qualidade do material o que poderia ser uma forma
de tornar o projeto mais barato.

35
6. CONCLUSÃO

Portanto, com o auxílio das normativas regulamentadoras, foi desenvolvido um


projeto de captação da água da chuva para o reuso desta, de modo que uma cisterna
capta a água da chuva por meio do telhado e de calhas e esta água fica armazenada
ao abrigo da luz e do calor, submersa, sendo filtrada, e tendo um tratamento preliminar
envolvendo a redução da matéria microbiológica com cloro, e manutenção do pH, com
calcário, sendo ainda bombeada para uma caixa d’água paralela à rede hidráulica
normal. Além disso, o projeto conta com grades para remoção de partículas grandes e
médias e dispositivos de descarte da primeira chuva, de modo que estes possuem em
todos os sistemas de captação de água, independente da complexidade.
Assim, as dimensões dos reservatórios são de 1 m³, para a caixa d'água
elevada, 2 m³ da cisterna onde poderá ser obtida para uso com o auxílio de uma
bomba centrífuga de ½ CV de potência, vazão máxima de 4,1 m³/h e altura máxima de
20 m.c.a.

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7. REFERÊNCIAS

SILVA, Cleber Palma; ALBERTONI, Edélti Faria. Características físicas e químicas


da água. 2013.

GALVÍNCIO, J.D., OLIVEIRA, T.H., SILVA, H.A., ARAÚJO, M.S.B. (2008). Análise
espacial da precipitação e estudo da viabilidade da captação de água de chuva e
armazenamento em cisternas, no estado do Piauí. RBGF – Revista Brasileira de
Geografia Física. Recife-PE Vol.01 n.01 Mai/Ago 2008, 05-13.

Como se mede o índice de chuva? INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.


Disponível em: <http://www.inpe.br/acessoainformacao/node/402>.

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viabilidade de sua captação e uso. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Área de Concentração em
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Civil.

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uso domiciliar: estudo de caso. Universidade Católica de Goiás – Departamento de
Engenharia – Engenharia Ambiental. Goiânia, Goiás.

DORNELLES, F. (2012). Aproveitamento de água de chuva no meio urbano e seu


efeito na drenagem pluvial. Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor de Engenharia.

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2016. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0024/002440/244041por.pdf>.

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37
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chuva com a tecnologia da minicisterna. Disponível
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reaproveitamento-reuso-captacao-coleta-agua-chuva-pluviais-reservatorio-
armazenamento-deposito-caixa-de-agua-casa-condominio-consumo-humano-como-
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ABNT 2004. NBR 12214: Projeto de bombeamento de água para abastecimento


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http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-15.527-
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https://www.climatempo.com.br/climatologia/2926/veracruzdooeste-pr>Acesso em: 20
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Já. Disponível em:< https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-933088237-curva-
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MERCADO LIVRE. Tela Malha 14 Fio 0.30mm em Aço Inox (1 Metro X 50 cm).
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030mm-em-aco-inox-1-metro-x-50cm-_JM>. Acesso em 21 de novembro de 2017.
MERCADO LIVRE. Tubo de Aço Inox 304 2 Polegadas Parede de 1,5mm Metro.
Disponível em:<https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-718110150-tubo-aco-inox-
304-2-polegadas-parede-de-15mm-metro-_JM>. Acesso em 21 de novembro de 2017.
MERCADO LIVRE. Tubo Soldável Pressão (marrom) PVC 25mm - Barra 6 m.
Disponível em:<https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-884757759-tubo-soldavel-
presso-marrom-pvc-25mm-barra-6-metros-_JM>. Acesso em 21 de novembro de 2017.
MERCADO LIVRE. Válvula Retenção Esgoto Luva 100mm 4 Polegada Ponteira.
Disponível em:<https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-808576537-valvula-retenco-
esgoto-luva-100mm-4-polegadas-ponteira-_JM>. Acesso em 21 de novembro de 2017.
PARAÍSO DAS BOMBAS. Bomba Submersa Schneider SUB10-05NY4E6 1/2 CV.
Disponível em:<https://www.paraisodasbombas.com.br/bombas/bomba-submersa-
schneider-sub10-05ny4e6-1-2-cv>. Acesso em 21 de novembro de 2017.

39
PINI WEB. Qual o percentual que devo usar para orçar o custo de mão-de-obra em
relação ao custo total previsto da obra? Quais serviços compõem essa mão-de-obra
(inclui serviços de pintura, por exemplo?)?, 2001. Disponível
em:<http://piniweb.pini.com.br/construcao/noticias/qual-o-percentual-que-devo-usar-
para-orcar-o-custo-83163-1.aspx>. Acesso em 21 de novembro de 2017.
SANEPAR. Tabela de Tarifas de Saneamento Básico, 2016. Disponível
em:<http://site.sanepar.com.br/clientes/nossas-tarifas>. Acesso em 21 de novembro de
2017.
SEMPRE SUSTENTÁVEL. Projeto Experimental do Filtro de Águas de Chuva de
Baixo Custo Modelo Auto-Limpante: Manual de Construção e Instalação, 2014.
Disponível em:<http://www.sempresustentavel.com.br/hidrica/minicisterna/filtro-de-
agua-de-chuva.htm>. Acesso em 21 de novembro de 2017.

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