ACT em Grupo de Clientes Com Dor Crônica - Michaele-Terena-Saban

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Michaele Terena Saban

Análise dos efeitos da

Terapia de Aceitação e Compromisso

em grupo de clientes com dor crônica

MESTRADO EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL: ANÁLISE DO


COMPORTAMENTO

São Paulo

2013
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Michaele Terena Saban

Análise dos efeitos da

Terapia de Aceitação e Compromisso

em grupo de clientes com dor crônica

Dissertação apresentada à
banca examinadora da
Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo
como exigência parcial
para obtenção do título de
MESTRE em Psicologia
Experimental: Análise do
Comportamento sob
orientação da Profa. Dra.
Nilza Micheletto.

São Paulo

2013
Banca Examinadora

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos três participantes desta pesquisa. Aprendi


muito com vocês. O trabalho só tem sentido para aquele que sente o trabalho.

Muito obrigada!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente à minha família e amigos. Não há palavras que


descrevam o valor que vocês têm para mim.

Obrigada, Beatriz Saban, você sempre acreditou em mim e me apoiou. E


muito obrigada por corrigir minha dissertação!

Obrigada, José Cezar Saban Junior, por todas as oportunidades que


você me deu de estudar e me desenvolver, e por gostar do meu trabalho sem
nem ler uma palavra do que escrevo. Muito obrigada pela confiança, Pai!

Obrigada, Pedro Stevan Saban, pelos inúmeros almoços que você me


aguentou falar da dissertação. Muito obrigada pelo companheirismo, meu
irmão, você é uma das minhas pessoas preciosas desta vida.

Obrigada Kali Marina Saban, pelos desafios que você me faz enfrentar e
as dificuldades que me faz superar, lhe agradeço muito minha irmã querida!

Obrigada, Nelma Madeira e Flávia Marcon Abud, vocês fizeram parte


desta pesquisa e me ajudaram muito, foi muito bom e divertido trabalhar com
vocês! Obrigada!

Obrigada, meus amigos, por todo incentivo, por toda a paciência e


principalmente todo o carinho que temos. Obrigada à Nadia Regina Prando, à
Gabrielle Maria de Figueiredo, ao Gabriel Careli, à Patrícia Schatz, ao Caio
Ramos, ao Marco Rempel, à Ana Luisa Junqueira Tavares Correa, à Nina
Bartlewski Simões, ao Pedro Emílio Guglielmo, ao Teo Garfunkel, à Mirthes
Schmit, à Mari Peres Bernauer, ao Chistian Rivolta Bernauer, ao Henrique
Carpigiani Ribeiro, ao Victo Mangabeira, à Samanta Cavalcanti e a muitos, mas
muitos outros que moram em meu coração.

Obrigada a todos os meus amigos de turma do mestrado, Thais Martins,


Rita de Cássia Prado, Larissa Santos, Leidiany Silva, Juliana Silvério ou melhor
Professora, a toda a caravana do nordeste, ao Luciano Jão Lobatu, Taynã
Malaspina Bonifácio, à Talita Lopes Selios, à Samira Wegbecher, à Tereza
"#!

!
Cruz, à Maria Dinalva Cazzoalato (que não era da turma do mestrado mas era
como se fosse, muito obrigada Di, por todo o apoio e carinho), ao Thomas
Woelz, e a todos os outros que tive a satisfação de dividir esses anos de
mestrado, com muita felicidade. Obrigada!

Um obrigada especial à Nilza Micheletto. Nilza, agradeço a todo o apoio,


ao companheirismo, à paciência, a confiança e principalmente aos momentos
difíceis que passei durante esses três anos que trabalhamos juntas e você
estava lá para me ajudar. Muito obrigada mesmo!

Obrigada, Francisco Lotufo Neto, pelas oportunidades que me ofereceu,


pela liberdade que me concedeu para trabalhar, pelas orientações e
principalmente pelo exemplo de profissional que você é, Lotufo! Muito obrigada.

Obrigada, Roberto Banaco, pela atenção minuciosa que deu ao meu


trabalho, pela inspiração que é o trabalho que você desenvolve como
pesquisador e clínico, e principalmente pelas discussões que temos, que chego
até sonhar com elas.

Obrigada a todas as professoras do programa! Aprendi muito com vocês


nesses anos de mestrado! Muito obrigada. Levarei o que aprendi aqui para o
resto da minha vida.

Obrigada, Paula Gioia, foi um imenso prazer tê-la como professora.


Admiro muito a forma como você lida com as pessoas e agradeço pela forma
carinhosa que me tratou todos esses anos. Muito obrigada!

Obrigada, Maria Luisa Guedes, aprendi muitas coisas com você Ziza.
Ética, respeito e principalmente o compromisso como professora. Nunca me
esquecerei de como você, sem nem me conhecer, me deu a mão e o braço
para estudar (algo que na época você nem gostava tanto). Significou muito
para mim, Ziza, obrigada!

Obrigada, Maria do Carmo Guedes, por tudo que você contribuiu em


minha formação, pelas histórias e por passar a compreensão de que a ciência
são pessoas! Muito obrigada.

#!

!
Obrigada à Jacqueline Pistorello, ao Steven Hayes, ao Benjamin
Schoendorff, à Marie-France Bolduc, à Ingrid Ord, ao Juha Nieminen, ao
Akihiko Masuda, ao Robert Brockman, e a tantos outros que encontro nos
congressos da ACBS. Obrigada por todo o conhecimento, pela alegria e honra
de poder estudar com vocês, muito obrigada!

Obrigada, ao Kevin Vowles, ao Lance McCracken e à JoAnne Dahl, pela


disponibilidade em me ajudar na pesquisa, pelo material que me autorizaram a
utilizar e principalmente pelo trabalho que vocês desenvolvem com dor crônica,
que é inspirador. Muito obrigada!

Obrigada, Alessandra Avanzi! Pelas supervisões, pelos ensinamentos


valiosos, por todo o cuidado e carinho. É um imenso prazer trabalhar com você,
Picky! Você é uma supervisora incrível e uma pessoa melhor ainda!

Obrigada, Karen Vogel! Pelo companheirismo, pela amizade, pelos


inúmeros momentos maravilhosos que passamos em nossas aventuras, pelo
cuidado e pela pessoa espetacular que você é! Muito obrigada Tatu!

Obrigada, Desirée Cassado! Por todo o companheirismo, pela amizade,


pelas conversas, pela alegria do seu ser! Muito obrigada.

Obrigada ao grupo de estudo que participo estudando ACT: Roberta


Kovac, Yara Nico, Willian Perez, Adriana Fidalgo, Marcelo Szajubok, Antonio
Carlos Pacheco, Desirée Cassado e Alessandra Avanzi. Aprendo muito com
vocês! É realmente um prazer!

Obrigada aos meus clientes. Aprendo muito com vocês e é uma honra
fazer parte de suas histórias de vida.

Obrigada, Amanda Santana dos Santos, você acompanhou de perto a


elaboração deste trabalho e me ajudou muito mesmo. Lhe agradeço por isso,
por seu trabalho e pela lealdade, Amanda, obrigada!

Obrigada, Alex de Oliveira Gomes, pela inspiração.

Obrigada aos meus animais de estimação, Mantcha, Tiger e Poly, por


estarem sempre ao meu lado e pelo amor incondicional.
#"!

!
Obrigada, Heidi, por toda luz, criação, geração, transformação e
transmutação! Muito obrigada!

#""!

!
Sumário

INTRODUÇÃO.................................................................................................1

Terapia de Aceitação e Compromisso...................................................1

Dor e Tratamento...................................................................................2

Pesquisas envolvendo ACT e dor crônica.............................................4

Objetivos.................................................................................................11

MÉTODO...........................................................................................................13

Participantes............................................................................................13

Perfil dos participantes.................................................................13

Material e Instrumentos...........................................................................14

O protocolo de tratamento............................................................14

Instrumentos.................................................................................15

Local........................................................................................................17

Procedimento..........................................................................................17

1. Convocação dos participantes..................................................17

2. Entrevista inicial........................................................................18

3. Delineamento de sujeito único e linha de base múltipla..........19

4. Intervenção...............................................................................21

Medidas...................................................................................................43

RESULTADOS...................................................................................................45

Medidas secundárias..............................................................................45

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!
1. Dor............................................................................................45

2. Ansiedade e depressão............................................................48

3. Qualidade de vida.....................................................................50

4. Aceitação da dor crônica..........................................................53

Medidas primárias...................................................................................55

1- Respostas nos episódios de dor..............................................55

2 - Respostas após a sensação da dor........................................56

3. Respostas antecedentes à sensação de dor...........................66

4. Seqüência de respostas...........................................................69

5. Tempo de fala na sessão.........................................................73

DISCUSSÃO......................................................................................................76

CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................86

REFERÊNCIAS.................................................................................................88

ANEXOS............................................................................................................90

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Delineamento da pesquisa e faltas dos participantes........................20

Figura 2. Relação entre dor, emoções e ações.................................................25

Figura 3. Ciclo vicioso da dor.............................................................................33

Figura 4. Queda no funcionamento de atividades diárias em virtude do ciclo


vicioso................................................................................................................33

Figura 5. Intensidade da dor medida numa escala de 0 (sem dor) a 10 (pior dor
possível) no decorrer das semanas da pesquisa. A linha corresponde à média
semanal da intensidade da dor registrada no diário da dor, os marcadores
isolados correspondem às informações retiradas do Breve Inventário de Dor
Crônica. A linha pontilhada indica o início das sessões; a linha contínua, o fim;
o asterísco, semanas sem sessão devido à feriados; e as setas marcam as
faltas de cada participante.................................................................................47

Figura 6. Nível de ansiedade e depressão medidos pela escala HAD no


decorrer das semanas da pesquisa. De 0 a 8 pontos não é considerado que a
pessoa tenha depressão ou ansiedade, acima disso sim. A linha pontilhada
indica o início das sessões; a linha contínua, o fim; e o asterísco, semanas sem
sessão devido à feriados...................................................................................49

Figura 7. Pontuação no questionário WHOQOL-BREV no decorrer das


semanas da pesquisa. Nessa escala, o domínio que tiver de 0 a 2,9 necessita
melhorar, de 3 a 3,9 está regular, de 4 a 4,9, bom, e 5, muito bom. A linha
pontilhada indica o início das sessões; a linha contínua, o fim; e o asterísco,
semanas sem sessão devido à feriados............................................................52
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!
Figura 8. Pontuação no Questionário de Aceitação da Dor Crônica no decorrer
das semanas da pesquisa. A linha pontilhada indica o início das sessões; a
linha contínua, o fim; e o asterísco, semanas sem sessão devido aos
feriados..............................................................................................................54

Figura 9. Número de respostas potencialmente reforçadas positivamente


(RPRP) e respostas potencialmente reforçadas negativamente (RPRN) por
semana (painéis da esquerda) e número de episódios de dor e sua intensidade
média (painéis da direita) por semana. A linha pontilhada indica o início das
sessões; a linha contínua, o fim; o asterísco, semanas sem sessão devido à
feriados; e as setas marcam as faltas de cada participante..............................58

Figura 10. Número de respostas emitidas após a sensação de dor registradas


no diário da dor por semana que indicam a possibilidade de reforçamento
positivo (paineis da esquerda) e a possibilidade de reforçamento negativo
(paineis da direita) no decorrer das semanas da pesquisa. A linha pontilhada
indica o início das sessões; a linha contínua, o fim; o asterísco, semanas sem
sessão devido à feriados; e as setas marcam as faltas de cada
participante........................................................................................................63

Figura 11. Número de respostas de atividade e repouso antecedentes à


sensação de dor por semana (painéis da esquerda) e número de episódios de
dor e sua intensidade média (painéis da direita) por semana. A linha pontilhada
indica o início das sessões; a linha contínua, o fim; o asterísco, semanas sem
sessão devido à feriados; e as setas marcam as faltas de cada participante..67

Figura 12. Número de seqüências de resposta de atividade, sensação de dor e


resposta de repouso (seqüência ADR) de cada participante por semana. A
linha pontilhada indica o início das sessões para o grupo 1 (L e A); a linha
contínua, o inicio das sessões para o grupo 2 (J); o asterísco, semanas sem

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!
sessão devido à feriados; e as setas marcam as faltas de cada
participante........................................................................................................72

Figura 13. Porcentagem de tempo de fala de cada participante nas sessões


(painel de cima) e porcentagem de tempo de fala de L com a e de A com L
(painel de baixo)................................................................................................74

Figura 14. Taxa de RPRP e de RPRN por semana (painéis da esquerda) e


número de episódios de dor e sua intensidade média (painéis da direita) por
semana. A linha pontilhada indica o início das sessões; a linha contínua, o fim;
o asterísco, semanas sem sessão devido à feriados; e as setas marcam as
faltas de cada participante...............................................................................114

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Variáveis independentes e dependentes manipuladas em estudos


que avaliaram os efeitos da ACT sobre dor crônica..........................................10
!

Tabela 2. Análise dos tratamentos para a dor – custos e benefícios................23

Tabela 3. Opções de ações frente à dor............................................................24

Tabela 4. Registro da atividade de atenção dirigida..........................................27

Tabela 5. Tabela de valores..............................................................................30

Tabela 6. Tabela de ações e resultado..............................................................35

Tabela 7. Resultado das ações.........................................................................39

Tabela 8. Sumarização dos dados da participante L das variáveis que indicam


possibilidade de reforçamento positivo............................................................117

Tabela 9. Sumarização dos dados da participante L das variáveis que indicam


possibilidade de reforçamento negativo..........................................................118

Tabela 10. Sumarização dos dados do participante A das variáveis que indicam
possibilidade de reforçamento positivo............................................................119

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!
Tabela 11. Sumarização dos dados do participante A das variáveis que indicam
possibilidade de reforçamento negativo.........................................................120

Tabela 12. Sumarização dos dados da participante J das variáveis que indicam
possibilidade de reforçamento positivo............................................................121

Tabela 13. Sumarização dos dados da participante J das variáveis que indicam
possibilidade de reforçamento negativo..........................................................122

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!
Saban, M. T. (2013). Análise dos efeitos da Terapia de Aceitação e
Compromisso em grupo de clientes com dor crônica. Dissertação de mestrado.
Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental: Análise do
Comportamento, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 112 págs.

Orientadora: Nilza Micheletto

Linha de Pesquisa: Desenvolvimento de Metodologias e Tecnologias de


Intervenção.

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito da adaptação do protocolo “Live


with Chronic Pain: An Acceptance-based Approach” (Vowles & Sorrell, 2007),
baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (1999) em três participantes
com dor crônica que frequentavam o Centro de Reabilitação e Hospital Dia de
um hospital público da cidade de São Paulo. Foi utilizado um delineamento de
linha de base múltipla em que a intervenção foi iniciada para dois participantes
num momento e para o último participante quatro semanas depois. As formas
de mensuração dos dados foram questionários (Questionário de Perfil,
Questionário de Histórico da Dor, Inventário Breve de Dor, WHOQOL-BREV,
Escala HAD, e Questionário de Aceitação da Dor Crônica) aplicados numa
entrevista inicial, antes da intervenção, durante, após e no seguimento de seis
a nove semanas depois da intervenção a depender do participante; observação
do tempo de fala dos participantes na sessão; e um auto-registro da
contingência em que o participante sentia dor por uma semana antes da
intervenção e no decorrer das semanas em que ocorreram as oito sessões. Os
resultados demonstram que a intervenção beneficiou os participantes,
principalmente na diminuição dos episódios de dor, na diminuição da utilização
de medicação e descanso devido à dor. Comparando antes da intervenção e o
seguimento, todos os participantes melhoraram em relação à ansiedade e suas
relações sociais. O auto-registro foi o instrumento que mais forneceu
informações sobre o processo terapêutico e mostrou-se metodologicamente a
opção mais interessante de mensuração nesta pesquisa.

Palavras-chave: Dor crônica, Terapia de Aceitação e Compromisso, auto


registro.

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!
Saban, M. T. (2013). Analysis of the effects of Acceptance and Commitment
Therapy in group of clients with chronic pain. Masters Dissertation. Program of
Post Graduate Studies in Experimental Psychology: Behavior Analysis,
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 112 pages.

Thesis Advisor: Nilza Micheletto

Research Line: Methodologies and Technologies Intervention Development.

ABSTRACT

The objective of this study was to analyze the effect of the protocol adaptation
"Live with Chronic Pain: An Acceptance-based Approach" (Vowles & Sorrell,
2007), based on Acceptance and Commitment Therapy (1999) in three
participants with chronic pain who attended the Rehabilitation Centre and Day
Hospital Psychiatry Institute of a public hospital in São Paulo. A multiple
baseline design was used, where intervention was initiated to two participants at
a time and the last participant to four weeks later. The forms of measurement
data were questionnaires (Profile Questionnaire, Questionnaire History of Pain,
Brief Pain Inventory, WHOQOL-Brev, HAD Scale and Chronic Pain Acceptance
Questionnaire) applied an initial interview, before the intervention, during, and
6-9 weeks follow-up depending on participant; observation time speech of the
participants in the session; and an auto registration contingency in which the
participant fulfilled when was in pain for a week before the intervention and
during the weeks that occurred in the eight sessions. The results demonstrate
that the intervention was benefit to participants, particularly in the reduction of
pain episodes, reduction of medication use and rest due to pain. Comparing
pre-intervention and follow-up, all participants improved in relation to anxiety
and social relationships. The auto record was the instrument that yields
information about the therapeutic process and was methodologically the most
interesting option for measuring in this search.

Keywords: Chronic pain, Acceptance and Commitment Therapy, auto


registration.

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!
O presente trabalho é uma investigação dos efeitos de uma intervenção
terapêutica em grupo para clientes com dor crônica. A dor crônica se
caracteriza por uma dor persistente após a cura da lesão que a originou ou
relacionada a processos patológicos crônicos (Carvalho, 1999), de causas
variadas (doenças, tecidos danificados, ou não específicas, entre outras). Além
da origem da dor, ela pode ser influenciada em sua evolução, implicações e
duração por aspectos psicológicos, sociais, culturais e ocupacionais (Carvalho,
1999).

A dor crônica pode acarretar diversas condições aversivas, tanto físicas


(por exemplo, alteração no desempenho motor, perda do condicionamento
muscular, distúrbios do sono), como psicológicas (alterações afetivas e
problemas de adaptação) e de funcionamento na vida cotidiana, como
desempenho no trabalho, interação social, familiar, atividades domésticas,
entre outros aspectos de qualidade de vida (Carvalho, 1999).

O tratamento para dor crônica consiste em componentes biomédicos


(medicamentos, cirurgias, etc.), e terapias, entre elas a Terapia de Aceitação e
Compromisso (Hayes, Strosahl, & Wilson, 1999).

Terapia de Aceitação e Compromisso

A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) tem dois objetivos


principais: a aceitação de pensamentos, sentimentos, sensações corporais e
memórias aversivas, isto é, a diminuição de comportamentos de fuga e esquiva
na presença destes eventos e o engajamento em ações que produzam
reforçamento positivo (Hayes, Strosahl, & Wilson, 1999).

A ACT fundamenta-se no Behaviorismo Radical e na Teoria dos


Quadros Relacionais (Hayes, Strosahl, & Wilson, 1999). A RFT é uma extensão
dos estudos de Sidman sobre equivalência de estímulos, que considera, não
apenas as relações de equivalências, denominadas por Hayes e colaboradores
de coordenação, mas também outros tipos de relações que os indivíduos são
treinados pela comunidade verbal por meio de diversas situações durante a
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!
vida, como relações de oposição, distinção, comparação, hierarquia,
temporalidade, espacialidade, condicionalidade e causalidade e relações
dêiticas (localização no tempo e espaço) (Hayes, Barnes-Holmes, & Roche,
2001). Esta capacidade de relacionar estímulos, segundo a RFT, amplifica a
estimulação aversiva vivenciada na história de vida nas relações construídas
por meio da linguagem e propicia um repertório de fuga e esquiva destes. A
ACT busca diminuir esse repertório de fuga e esquiva, motivar e treinar outras
respostas alternativas reforçadas positivamente.

No caso da dor crônica, os objetivos da ACT são:

- diminuir as respostas de fuga e esquiva da dor (como ficar em casa,


parar as atividades profissionais e acadêmicas, diminuição do contato social e
familiar, entre outros) que tem impacto negativo na vida do indivíduo, e

- o aumento do repertório de respostas controladas por reforçadores


positivos mesmo na presença da dor.

Dor e tratamento

“A dor pode ser uma relação reflexa, pode ter que ser observada e
descrita de maneira precisa para que os profissionais da saúde possam
dar assistência ao cliente, e/ou ser uma solicitação de atenção ou de
liberação de tarefas e condições aversivas.” (Welenska e Banaco, 2010,
p. 420)

A dor é uma sensação do corpo causada por uma lesão ou processos


patológicos (Carvalho, 1999). Como uma sensação do corpo, ela é um estímulo
aversivo encoberto (dentro da pele), que elicia respondentes e evoca respostas
de fuga e esquiva como operação motivadora.

A presença do estímulo dor como sensação corporal também pode


evocar respostas verbais, como “dor”, seja por equivalência, ou por
reforçamento direto da comunidade verbal de reforçar o tato de “dor” ou por
uma história de reforçamento específica, em que o relato da dor foi

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acompanhado por alguma consequência seja reforçadora positiva como
atenção ou negativa como liberação de tarefas e algum remédio para a dor.
Nesses casos a dor é um estímulo na mesma classe de equivalência à palavra
“dor”, ou é um estímulo discriminativo para a resposta de descrição da dor, ou
é uma operação motivadora em que a resposta verbal é uma fuga ou esquiva
do estímulo aversivo dor (Welenska e Banaco, 2010).

O objetivo do tratamento para a dor crônica com a ACT, especificamente


no protocolo “Live with Chronic Pain: An Acceptance-based Approach” (Vowles
& Sorrell, 2007) utilizado na presente pesquisa, é “diminuir o impacto negativo
da dor na vida.” (Vowles & Sorrell, 2007, p. 3). Diz respeito à restrição do
repertório geral para respostas de fuga e esquiva observadas na presença de
estimulação aversiva persistente, como no caso da dor crônica. Isto quer dizer
diminuir as respostas de fuga e esquiva da dor que produzam um afastamento
momentâneo da dor ou de estímulos que a acompanham, ineficazes a longo
prazo e que diminuam a frequência de outros comportamentos concorrentes
envolvendo reforçadores positivos. Uma primeira análise das ações na
presença da dor é feita na sessão 1, com a descrição de comportamentos
passados para eliminar a dor (tratamentos), em que o participante preenche um
quadro descrevendo o que já fez para tratar sua dor e as consequências a
curto e longo prazo. No caso da dor crônica em que a dor é persistente, serão
poucas as ações que reduzam a dor de forma efetiva a longo prazo. Essas
ações geralmente são o tratamento médico e fisioterápico adequado. As outras
respostas de fuga e esquiva da dor que são efetivas apenas a curto prazo e
tendem a restringir a vida do indivíduo, como excesso de medicação, deixar de
trabalhar, estudar, ter atividades de lazer, sociais e diminuir a atividade física
em geral, passando a ficar mais em casa e em repouso. Esta restrição no
repertório geral do indivíduo é considerada o impacto negativo da dor.

O tratamento segue com diversos procedimentos para diminuir a


frequência de respostas de fuga e esquiva da dor e de estímulos que a
acompanham (que são ineficazes a longo prazo) e aumentar a frequência de
respostas alternativas que possam produzir reforçamento positivo.

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!
Pesquisas envolvendo ACT e dor crônica

Com base na proposta da ACT, vários protocolos de intervenção foram


criados, entre eles o “Live with Chronic Pain: An Acceptance-based Approach”,
desenvolvido em 2004 e aprimorado até 2007 por Kevin E. Vowles e John T.
Sorrell no Centro de Pesquisa da Dor da Escola de Saúde, na Universidade de
Bath e no Centro San Mateo.

Vowles, Wetherell e Sorrell (2008) investigaram os efeitos deste


protocolo “Live with Chronic Pain: An Acceptance-based Approach” em dois
estudos. O protocolo é em grupo e contêm oito sessões semanais. No primeiro
estudo, compararam os seguintes índices, obtidos por meio de questionários,
antes e depois do tratamento:
- aceitação da dor crônica (utilizando o questionário Chronic Pain Accptance,
de McCracken, Vowles, & Eccleston, 2004),
- dor (utilizando o questionário McGill Pain Questionnaire Short Form, de
Melzack, 1987),
- depressão (utilizando o questionário Center for Epidemiological Studies-
Depression Scale, de Weissman, Sholomskas, Pottenger, Prusoff, & Lock,
1977),
- ansiedade relacionada à dor (utilizando o questionário Pain Anxiety
Symptoms Scale Short Form, de McCracken & Dhingra, 2002) e
- incapacidades (utilizando o questionário Pain Disability Index, de Pollard,
1984)
No segundo estudo, utilizaram os mesmos índices e medidas para
comparar os efeitos do protocolo baseado na ACT com um protocolo baseado
em terapia cognitivo comportamental.
! Os índices dos questionários foram analisados segundo a porcentagem
de melhora do pré para o pós tratamento, sendo considerado pequeno de 20 á
50%, médio de 50 á 80% e grande acima de 80%. Os resultados do primeiro
estudo indicam melhora grande na aceitação, na dor e na depressão, média
para incapacidades e pequenas para ansiedade relacionada à dor. No segundo
estudo, na análise entre pré e pós tratamento, houve melhora grande na
depressão e na ansiedade para ambos os grupos, e no segundo melhora maior
(!

!
no grupo de ACT do que o CBT. Comparando o grupo de ACT do segundo
estudo com o primeiro, obtiveram um efeito médio na aceitação e dor, uma
melhora grande na depressão, na ansiedade relacionada à dor e
incapacidades. O grupo CBT obteve resultados com magnitude menores que o
grupo ACT com exceção da aceitação que teve um efeito grande.

Outras pesquisas recentes investigaram os efeitos da ACT em clientes


com dor crônica. Wicksell, Melin e Olsson (2007) estudaram um tratamento
baseado na ACT com sessões semanais e individuais por 14.4 semanas em
média com adolescentes que apresentavam dor crônica. Os dados foram
coletados antes do início do tratamento, ao fim, três e seis meses depois.
! As faltas na escola diminuíram 68% no pós tratamento, o funcionamento
no cotidiano melhorou 63% (medido pelo questionário Functional Disability
Inventory- child form - FDI Walker & Greene, 1991), a intensidade da dor, 46%
(medida por uma escala de 0 a 10) e a reclamação sobre dor, 27% (utilizando o
questionário Pain Coping Questionnaire - PCQ Reid et al., 1998). Estes
resultados se mantiveram no segmento de três e seis meses. Já a interferência
da dor diminuiu 53% no pós tratamento e continuou diminuindo
significativamente nos seguimento de três e seis meses.

Dahl, Wilson e Nilsson (2004) utilizaram um protocolo menor de quatro


sessões semanais e individuais de ACT para adultos e fizeram uma
comparação entre o grupo que recebia ACT e tratamento médico usual
(consulta médica, de especialistas e fisioterapia), com um grupo que recebera
apenas tratamento médico usual. Os momentos de coleta dos dados foram
mensalmente desde seis meses antes da intervenção até seis meses depois.
! O grupo da ACT e tratamento médico usual tiveram menos dias doentes
(faltas no trabalho por dor) após o tratamento e no seguimento (um dia por mês
em média) do que o grupo que recebeu somente tratamento médico usual
(11,5 dias em média por mês). Nos 13 meses de coleta (seis meses antes do
tratamento, um mês de tratamento e seis de seguimento) era esperado 49,8
dias doentes, para a população especifica de trabalhadores na saúde pública.
O grupo da ACT teve uma média de 8,1 dias doente e o do tratamento médico
usual de 75 dias.
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Quanto ao número de atendimentos médicos, não houve diferença
significativa entre um mês antes do tratamento e no mês do tratamento, porém
houve diminuição das visitas médicas no seguimento de seis meses com média
de 2,36 para 1,9 para o grupo da ACT e tratamento médico usual e de 3,75
para 15,1 no grupo de tratamento médico usual.

Os sintomas de estresse foram medidos numa escala de 0 (nada) a 3


(muito) em 14 itens. O grupo da ACT com tratamento médico usual obteve uma
média de 14,6 no pré tratamento, 9,3 no pós tratamento e 10,6 no seguimento.
O outro grupo obteve 13,9, 9,5 e 11,7, respectivamente.

O número de sintomas relacionados à dor foi de média 2,5 no pré


tratamento, para 1,6 no pós tratamento e 1,7 no seguimento para o grupo do
ACT e tratamento usual e 2,6, 2,1 e 2,2 para o outro grupo.

A dor medida numa escala de 0 (nenhuma dor) a 10 (dor mais intensa)


teve uma média de 5,7 no pré tratamento, 4,5 no pós tratamento e seguimento
para o grupo de ACT e tratamento usual, e 5,9, 4,9 e 5,3 para o outro grupo.

Quanto à crença dos sintomas de dor serem causados pelo trabalho não
houve diferença significativa dentre as condições.

Outro tipo de comparação entre grupos foi utilizada por McCracken,


Vowles e Eccleston (2005). Eles estudaram os efeitos de um tratamento
interdisciplinar para dor (psicológico baseado na ACT, fisioterápico,
ocupacional, de enfermaria e médico) por um período de 3 a 4 semanas. As
sessões eram feitas em grupo, de cinco a seis vezes por semana, com duração
de seis horas por dia. Os resultados foram comparados com um período de
espera anterior ao tratamento (dados recolhidos em entrevistas 3.9 meses
antes do início, em média). Os momentos de coleta dos dados foram no
primeiro contato (no mesmo período das entrevistas), antes do tratamento, ao
fim e três meses depois.
O período de lista de espera (primeiro contato) até antes de começar o
tratamento, não houve alteração significativas nas medidas com exceção da
porcentagem de participantes sem prejuízos no trabalho devido á saúde que foi
de 11,4% no primeiro contato para 19,7% antes de começar o tratamento.
*!

!
Comparando as medidas antes e depois do tratamento houve uma redução na
dor de 18,3% (medida numa escala de intensidade da dor de 0 a 10), na
depressão de 41,2% (medida pelo The Beck Depression Inventory - BDI; Beck,
Ward, Mendelson, Mock, & Erbaugh, 1961), na ansiedade relacionada á dor de
18,3% (utilizando o questionário Pain Anxiety Symptoms Scale Short Form,
McCracken & Dhingra, 2002), na incapacidade física de 25%, nas
incapacidades psicossociais de 39,3% (as incapacidades físicas e
psicossociais foram medidas pelo questionário Sickness Impact Profile - SIP;
Bergner, Bobbitt, Carter, & Gilson, 1981), no tempo de descanso de 61,8%, e
no desempenho físico de 15,9% na velocidade da caminhada (medida pelos
segundos gastos para percorrer 10 metros), e 48,2% de desempenho ao sentar
e levantar (medido pela frequência de sentar e levantar durante um minuto).

No período de pós tratamento até o seguimento, todos as 10 variáveis


de resultado (intensidade da dor, depressão, ansiedade relacionada à dor,
desabilidade física, psicossocial, horas de descanso por dia devido à dor,
número de medicação para dor, visitas médicas, velocidade para andar,
frequência de sentar e levantar e porcentagem de dias que os participantes
trabalharam) obtiveram melhora significativa comprovado o período de lista de
espera. Comparado com a fase de tratamento, houve uma diminuição de
visitas médicas relacionadas à dor de 43,9%. A dor, depressão e o tempo de
descanso devido à dor aumentaram no seguimento comparada ao pós
tratamento, porém ainda estavam significantemente mais baixos do que no pré
tratamento. A dor teve uma redução de 11,4% comparada com o pré
tratamento, a depressão continuou média como no pós tratamento, o tempo de
descanso diminuiu 41,8% comparado com o pré tratamento e o número de
participantes sem prejuízos no trabalho devido à dor aumentou 8,6%. Para as
outras variáveis, não houve redução significativa no seguimento das melhoras
alcançado no pós tratamento.

O resultado da melhora de funcionamento foi correlacionado com


aceitação da dor crônica, isto é, a aceitação da dor medida pelo questionário
Chronic Pain Acceptance Questionnaire (CPAQ; Geiser, 1992) variou
conjuntamente com a medida de funcionamento emocional, social e físico.
+!

!
Vowles, McCracken e Eccleston (2007) utilizaram um tratamento
interdisciplinar semelhante à McCracken, Vowles e Eccleston (2005) e também
fizeram um estudo de correlação avaliando efeitos de variáveis independentes
em variáveis dependentes utilizando regressão múltipla (analisam a variação
conjunta dos índices medidos). O tratamento consistia em condicionamento
físico, treinamento de habilidades, em manejo de atividades e orientações
médicas e psicológicas (baseadas na ACT). Dados foram coletados antes do
início do tratamento, ao término e três meses depois.
! Nas medidas antes, após o tratamento e no seguimento de três meses
houve redução significativa nos índices de depressão (medida pelo The Beck
Depression Inventory - BDI; Beck, Ward, Mendelson, Mock, & Erbaugh, 1961,
com médias de 20,2, 11,8 e 15, respectivamente), ansiedade relacionada á dor
(medida pelo Pain Anxiety Symptoms Scale - PASS; McCracken, Zayfert, &
Gross, 1992, com médias de 87,5, 69,2 e 69,3), incapacidades físicas (médias
de 0,2, 0,13 e 0,14) e psicológico (ambas medidas pelo Sickness Impact Profile
- SIP; Bergner, Bobbitt, Carter, & Gilson, 1981, com médias de 0,28, 0,16 e
0,18), reclamação sobre dor (medida pelo questionário Pain Catastrophizig
Scale - PCS; Sullivan et al., 1995, com médias de 24,7, 16,8 e 17,7) e dor
(medida numa escala de 0/nenhuma dor a 10/máximo de dor, com média 6,9, 6
e 6); e de melhora significativa na aceitação (medida pelo Chronic Pain
Acceptance Questionnaire - CPAQ; Geiser, 1992, com médias de 50,6, 65,8 e
65,2), na velocidade da caminhada (médias de 17,6, 10,7 e 12,6 segundos
para percorrer 10 metros) e na frequência de sentar e levantar em 1 minuto
(médias de 10,3, 17,9 e 19).

Neste estudo, na avaliação da variação conjunta dos índices medidos


observou-se que os resultados obtidos no questionário que avalia a aceitação
da dor crônica e a reclamação da dor foram correlacionados com esses
resultados. Isto é, quanto maior a aceitação da dor crônica, menos
reclamações sobre a dor e melhores resultados independente da intensidade
da dor.
Outra forma de pesquisar a ACT fora do âmbito terapêutico de consulta
foi desenvolvida por Vowles, McNeil, Gross, McDaniel, Mouse, Bates,

,!

!
Gallimore e McCall (2007). O procedimento da pesquisa consistia em
apresentar para cada participante individualmente uma instrução gravada,
seguida por um teste físico, outra instrução gravada e novamente o teste físico.
Os pares de instruções gravadas eram de três tipos: baseadas em aceitação
da dor, baseadas em controle da dor ou atenção placebo (orientação de
continuar na tarefa). Os momentos de coleta dos dados foram uma a duas
semanas antes do procedimento, após a primeira e após a segunda gravação
(testes físicos). O grupo de ACT apresentou um melhor desempenho físico
(Physical Impairment Index - PII; Waddell, Somerville, Henderson, & Newton,
1992) do que os outros dois grupos (controle da dor e atenção placebo), com
16,3% de melhora no grupo de aceitação comparado com o primeiro teste,
piora de 8,3% no grupo controle e melhora de 2,5% no de atenção placebo.
Na terapia há diversas contingências ocorrendo na interação entre
terapeuta e cliente. Para estudar essas relações, os pesquisadores elegem a)
variáveis hipoteticamente relevantes na mudança, as variáveis independentes
– os elementos que podem produzir mudança e b) variáveis dependentes,
comportamentos ou indicadores de mudanças almejadas na terapia – o
objetivo terapêutico. Na Tabela1 são apresentadas as variáveis independentes,
as variáveis dependentes e quais foram os instrumentos de medida utilizados
nas pesquisas citadas.
As variáveis dependentes, isto é, os indicadores de resultado na terapia
foram número de dias doente, de visitas médicas, medicações, horas
descansando ou dormir em momento que tem dor, desempenho físico,
presença na escola, habilidades gerais de funcionamento no cotidiano,
incapacidades físicas e psicossociais, qualidade de vida, dor, depressão e
emoções estressantes em geral, ansiedade relacionada à dor, esquiva da dor,
aceitação da dor crônica e reclamação sobre a dor. E os resultados indicaram
que as intervenções baseadas na ACT promoveram menos dias doentes (Dahl,
Wilson & Nilsson, 2004), menos utilização de recursos médicos (Dahl, Wilson &
Nilsson, 2004 e McCracken, Vowles & Eccleston, 2005), melhora no
funcionamento emocional, social e físico (McCracken, Vowles & Eccleston,
2005), melhora na depressão, na ansiedade relacionada à dor, nas
incapacidades físicas e emocionais (Vowles, McCracken & Eccleston, 2007),
-!

!
Tabela 1 – Variáveis independentes e dependentes manipuladas em estudos que
avaliaram os efeitos da ACT sobre dor crônica
Pesquisa Variáveis independentes Variáveis dependentes
Wicksell, Melin Sessões semanais e individuais de Medicações (Pontuação numa escala de 0 a 3, 0- quase nunca; 1- utilizou medicação de 1 a 3 vezes por mês; 1 a 3 vezes por
e Olsson (2007) ACT por 14.4 semanas em média semana; quase todos os dias)
Reclamações sobre a dor (Pain Coping Questionnaire - PCQ Reid et al., 1998)
Dor (De 0 a 10, a intensidade e quanto o impediu de fazer atividades)
Depressão e emoções estressantes em geral (Children’s Depression Inventory - CDI Kovacs, 1985)
Habilidades gerais de funcionamento no cotidiano (Functional disability inventory- child form - FDI Walker and Greene, 1991)
Presença na escola (Pontuação numa escala de 0 a 3, 0- sem faltas; 1- 4h de ausência por mês; 2- 5 a 10h por mês; 3- mais de 10h
por mês)

Dahl, Wilson e Dois grupos: Dias doente (Número de faltas no trabalho por motivos de doença)
Nilsson (2004) 1. quatro sessões semanais e Visitas médicas (Número de visitas a médicos, especialistas e fisioterapeutas)
individuais de ACT e tratamento Qualidade de vida (Life Satisfaction Questionnaire - LSQ, Carlsson, Hamrin, & Lindquist, 1999)
médico usual (consulta médica, de Estresse (Instrumento para dor Linton Screening (Linton & Hallden, 1998)
especialistas e fisioterapia) ou Dor (De 0 - sem dor - a 10 - dor insuportável - retirado do Instrumento para dor Linton Screening, Linton & Hallden, 1998)
2. apenas tratamento médico usual Credibilidade dos sintomas serem causados pelo trabalho (Questões retiradas do Linton Screening - Linton & Hallden, 1998,
questionário sobre a crença dos sintomas serem causados pelo trabalho)

McCracken, Dois grupos: Visitas médicas


Vowles e 1. período de espera antes do Número e tipo de medicações
Eccleston tratamento Horas descansando ou dormindo devido à dor
(2005) 2. tratamento interdisciplinar para dor Dor (Intensidade da dor de 0 a 10)
(psicológico baseado na ACT, Performance física (Tempo em segundos para andar 10 metros e número de vezes que consegue levantar e sentar num intervalo de 1
fisioterápico, ocupacional, de minuto)
enfermaria e médico) de 3 a 4 Depressão e emoções estressantes em geral (The Beck Depression Inventory - BDI; Beck, Ward, Mendelson, Mock, & Erbaugh,
semanas, em grupo, de cinco a seis 1961)
vezes por semana Ansiedade relacionada à dor e evitação (Pain Anxiety Symptoms Scale - PASS; McCracken, Zayfert, & Gross, 1992)
Incapacidades físicas e psicossociais (Sickness Impact Profile - SIP; Bergner, Bobbitt, Carter, & Gilson, 1981)
Aceitação da dor crônica (Chronic Pain Acceptance Questionnaire - CPAQ; Geiser, 1992)

Vowles, Tratamento de 3 a 4 semanas, em Performance física (Tempo em segundos para andar 10 metros e número de vezes que consegue levantar e sentar num intervalo de 1
McCracken e grupo, cinco a seis vezes por semana minuto)
Eccleston que consistia em condicionamento Depressão e emoções estressantes em geral (The Beck Depression Inventory - BDI; Beck, Ward, Mendelson, Mock, & Erbaugh,
(2007) físico, treinamento de habilidades de 1961)
manejo de atividades, orientações Ansiedade relacionada à dor e evitação (Fear of Pain Questionnaire-Short Form, Kennedyet al., 2001, e Pain Anxiety Symptoms
médicas e psicológicas (baseadas na Scale-20, McCracken & Dhingra, 2002)
ACT) Incapacidades físicas e psicossociais (Sickness Impact Profile - SIP; Bergner, Bobbitt, Carter, & Gilson, 1981)
Dor (De 0 - sem dor - a 10 - dor insuportável - retirado do Instrumento para dor Linton Screening, Linton & Hallden, 1998)
Aceitação da dor crônica (Chronic Pain Acceptance Questionnaire - CPAQ; Geiser, 1992)
Reclamações sobre a dor (Pain Catastrophizig Scale - PCS; Sullivan et al., 1995)

Vowles, McNeil, Três grupos: Dor (McGill Pain Questionnaire-Short Form; Melzack, 1987)
Gross, 1. instruções gradas baseadas em Performance física (Physical Impairment Index - PII; Waddell, Somerville, Henderson, & Newton, 1992)
McDaniel, aceitação da dor, ou Depressão e emoções estressantes em geral (The Beck Depression Inventory - BDI; Beck, Ward, Mendelson, Mock, & Erbaugh,
Mouse, Bates, 2. baseada em controle da dor ou 1961)
Gallimore e 3. grupo de atenção placebo Ansiedade relacionada à dor e evitação (Fear of Pain Questionnaire-Short Form, Kennedyet al., 2001, e Pain Anxiety Symptoms
McCall (2007) (orientação de continuar na tarefa) Scale-20, McCracken & Dhingra, 2002)
Aceitação da dor crônica (Chronic Pain Acceptance Questionnaire, McCracken, Vowles, & Eccleston, 2004)

Vowles, Estudo 1: somente um grupo Aceitação da dor crônica (Chronic Pain Accptance, McCracken, Vowles, & Eccleston, 2004)
Wetherell e recebendo oito sessões de tratamento Dor (McGill Pain Questionnaire Short Form, Melzack, 1987)
Sorrell (2008) psicológico baseado na ACT Depressão (Center for Epidemiological Studies-Depression Scale, Weissman, Sholomskas, Pottenger, Prusoff, & Lock, 1977)
semanalmente. Ansiedade relacionada à dor (Pain Anxiaty Symtoms Scale Short Form, McCracken & Dhingra, 2002)
Estudo 2: semelhante ao estudo um Incapacidades (Pain Disability Index, Pollard, 1984)
com mais um grupo recebendo
tratamento psicológico baseado em
terapia cognitivo comportamental, em
mesma quantidade.

%.!

!
na dor (Vowles, McCracken & Eccleston, 2007 e Wicksell, Melin & Olsson,
2007), na aceitação (Vowles, McCracken & Eccleston, 2007), na performance
física (Vowles et al., 2007, e Vowles, McCracken & Eccleston, 2007), nas
habilidades gerais de funcionamento no cotidiano, na presença na escola e na
reclamação sobre a dor (Wicksell, Melin & Olsson, 2007). As variáveis
independentes correlacionadas, isto é, que variaram conjuntamente com os
resultados foram aceitação da dor crônica (McCracken, Vowles & Eccleston,
2005, e Vowles, McCracken & Eccleston, 2007) e reclamação sobre a dor
(Vowles, McCracken & Eccleston, 2007).

Objetivos

Os objetivos desta pesquisa foram investigar os efeitos da ACT em


pacientes com dor crônica, mais especificamente do protocolo “Uma
Abordagem Baseada em Aceitação” (“Live with Chronic Pain: An Acceptance-
based Approach”), desenvolvido por Kevin E. Vowles e John T. Sorrell (2007),
em três participantes do Centro de Reabilitação e Hospital Dia da cidade de
São Paulo sobre comportamentos frente à dor dos participantes expostos a
sessões orientadas por este protocolo. Buscou-se verificar se a participação
em sessões de ACT, em contexto de hospital público, esta relacionada à
diminuição de comportamentos de fuga e esquiva na presença da dor e o
engajamento em ações que produzam reforçamento positivo. Estes efeitos da
intervenção foram avaliados por meio de medidas de fontes diversas:
questionários, observação e auto-registro.

%%!

!
%&!

!
MÉTODO

Participantes:

Três participantes acima de 18 anos de ambos os gêneros foram


selecionados dentre os pacientes do Centro de Reabilitação e Hospital Dia de
um hospital público da cidade de São Paulo. Os critérios de inclusão foram
tempo mínimo de três meses com dor, alfabetizados, e que tinham
disponibilidade de comparecer a onze encontros (grupo 1) ou dez encontros
(grupo 2) para coleta de dados e intervenção. Os critérios de exclusão foram
desenvolvimento atípico, demências e psicoses.

Perfil dos participantes

As informações que seguem dos participantes foram retiradas do


Questionário de Perfil e Histórico da Dor na entrevista inicial.

Participante L

Mulher de 41 anos, com dor à 10 anos na lombar e tornozelo direito, de


intensidade 5,5. Solteira, namora e mora sozinha. Trabalhava como enfermeira
até ser aposentada pelo INSS. Hoje sua rotina é arrumar a casa, ir à terapia
individual uma vez por semana e nas aulas de inglês, duas vezes por semana.
Suas atividades de lazer são ler, ir ao cinema, assistir TV e jogo de futebol.

Participante A

Homem de 63 anos, com dor à 26 anos na perna direita até o pé, de


intensidade 5. Casado e mora com a mulher. Era policial até ser baleado e
aposentado pelo INSS. Hoje sua rotina é levantar cedo, fazer o café, acordar a
mulher, levá-la no serviço, almoça, faz caminhadas, busca a mulher no serviço,
faz a janta, vê novela e dorme. Suas atividades de lazer são ir ao shopping,
supermercado, fazer feira e viajar nas férias da mulher.

Participante J

%'!

!
Mulher de 47 anos, com dor à 13 anos no lado esquerdo do corpo, de
intensidade 10. Casada e mora com o marido e filho de 27 anos. Trabalhava
cuidando de roupas para eventos, teve um acidente de trabalho em que caiu no
ônibus e foi aposentada pelo INSS. Hoje sua rotina é acordar às 5 horas, faz
comida, cuida da casa, faz crochê, cuida da neta de três anos o dia inteiro, às
vezes anda com ela pelo bairro, dorme umas duas horas à tarde, dá banho na
neta, janta e assiste TV com o marido e filho à noite. Suas atividades de lazer
são assistir TV, viajar e fazer excursões.

Material e Instrumentos

O protocolo de tratamento

Protocolo Vivendo com Dor Crônica: Uma Abordagem Baseada em


Aceitação (“Live with Chronic Pain: An Acceptance-based Approach”),
desenvolvido por Kevin E. Vowles e John T. Sorrell no Centro de Pesquisa da
Dor da Escola de Saúde na Universidade de Bath e no Centro San Mateo, VA
Palo Alto, Centro de Cuidado da Saúde e Avaliação, desde 2004. Foi utilizada
a versão de 2007, traduzida e adaptada para esta intervenção pela autora da
pesquisa. Constitui-se de oito sessões em que são realizadas atividades com o
grupo de clientes com dor crônica, compostas de discussões e atividades
práticas, assim como atividades a serem realizadas em casa.

O protocolo original é composto por duas partes: uma para o terapeuta


e outra para o cliente. A primeira, direcionada para o terapeuta, caracteriza-se
pela apresentação dos objetivos e tarefas que o clínico fará nas sessões. A
segunda, voltada ao participante, contém textos de apresentação das sessões,
as tarefas e atividades a serem realizadas em casa.

Na presente pesquisa, a segunda parte do protocolo direcionada ao


participante foi adaptada da seguinte forma: os textos de apresentação das
sessões foram retirados, as tarefas durante a sessão foram entregues no
momento de sua realização e ficaram, após a sessão, com a terapeuta, e as

%(!

!
atividades que foram realizadas em casa estão agrupadas no caderno Diário
do Participante, junto com o Diário da Dor (ANEXO A).

O Diário da Dor é o registro dos episódios de dor, quanto à sua


intensidade (numa escala de 0 a 10), e as circunstâncias e ações frente à dor
(onde o participante estava, quando teve dor, com quem estava, o que estava
fazendo, pensando e sentindo, o que fez após sentir a dor e o que aconteceu
após sua ação). O Diário da Dor foi adaptado de uma outra versão de Diário da
Dor do Serviço de Terapia da Dor e Medicina Paliativa do ambulatório de
ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo, que consiste em escrever as
atividades, humor e intensidade da dor em cada dia.

Instrumentos

Os instrumentos utilizados nesta pesquisa são referentes ao:

• perfil dos participantes

o - Questionário de Perfil - questionário baseado no protocolo da equipe


de psicologia do grupo de dor do ambulatório de ortopedia do Hospital das
Clínicas de São Paulo. Visa obter dados de identificação do participante e
dados demográficos (ANEXO B),

• dor
! Questionário de Histórico da Dor - questionário baseado no protocolo da
equipe de psicologia do grupo de dor do ambulatório de ortopedia do
Hospital das Clínicas de São Paulo, voltado para obtenção de dados sobre o
tipo de dor, frequência, fatores que influenciam a intensidade da dor, início e
evolução (ANEXO C),
o Inventário Breve de Dor - questionário desenvolvido pelo grupo de
pesquisa sobre dor do WHO Collaborating Centre for Symptom Evaluation in
Cancer Care (Centro colaborativo WHO para avaliação de sintomas no
cuidado do câncer) desenvolvido para avaliar a dor quanto à sua localidade,
intensidade e influência em outras atividades. A adaptação feita para esta
pesquisa foi a retirada de perguntas quanto a tipologia da dor, por se tratar
de questões médicas (ANEXO D),
%)!

!
o qualidade de vida - WHOQOL-BREV - questionário desenvolvido pelo
Grupo WHOQOL (Grupo de Qualidade da Vida da divisão de Saúde Mental
da Organização Mundial de Saúde, 1992) que mede a qualidade de vida em
relação à dor nos domínios físicos, psicológico, relações sociais e meio
ambiente (ANEXO E). As perguntas números 3, 4, 10, 15, 16, 17 e 18
referem-se ao domínio físico, são somadas e divididas por 7; as perguntas
números 5, 6, 7,11, 19 e 26 são o domínio psicológico, soma-se e divide por
6; as perguntas números 20, 21 e 22 avaliam as relações sociais, soma-se e
divide por 3; e as perguntas 8, 9, 12, 13,14, 23, 24 e 25 são referentes ao
meio ambiente, soma-se e divide por 8. A pontuação de cada domínio é
interpretada como necessitando melhorar quando é inferior a 2,9; de 3 a 3,9
é considerado regular; de 4 a 4,9 é bom; e acima de 5, muito bom.

• respostas de ansiedade e depressão –

o Escala HAD - desenvolvida por Zigmond e Snaith (1983), são


perguntas que investigam comportamentos denominados de ansiedade e
depressão (ANEXO F). As questões 1, 3, 5, 7, 9, 11 e 13 correspondem à
ansiedade e são somadas de acordo com a alternativa (a primeira
alternativa vale 3 pontos, a segunda 2, terceira 1 e a quarta 0). As
questões restantes referem-se a depressão e são somadas também de
acordo com as alternativas (a primeira vale 0, a segunda 1, terceira 2, e a
quarta 3). Os valores de 0 a 8 são considerados como ausentes de
ansiedade ou depressão, e os valores de 9 em diante são considerados
como presentes a ansiedade ou depressão.
• aceitação da dor – Questionário de Aceitação da Dor Crônica (Chronic Pain
Acceptance Questionnaire) - desenvolvido por McCracken, Vowles e
Eccleston (2004) é um questionário de questões sobre aceitação e
tentativas de controle da dor (ANEXO G). Este questionário tem duas sub
escalas: engajameno em atividades (questões 1, 2, 3, 5, 6, 8, 9, 10, 12, 15 e
19 que são somadas de acordo com a resposta de 0 a 6) e aceitação de dor
cronica (questões 4, 7, 11, 13, 14, 16, 17, 18 e 20 que são somadas de
acordo com a resposta, porém 0 corresponde a 6, 1 a 5, 2 a 4, 3 a 3, 4 a 2,
%*!

!
5 a 1 e 6 a 0). A soma do valor das duas sub escalas é o total de aceitação
da dor crônica.

Todos os questionários foram preenchidos pelo aplicador. A primeira


aplicação foi feita pela terapeuta, as demais por uma ajudante.

Outro instrumento utilizado é o Diário do Participante, que contém o Diário


da Dor e as lições de casa de cada sessão de intervenção.

Local

O local em que as entrevistas e as sessões ocorrerão foi na sala de


espera do Centro de Reabilitação e Hospital Dia de um hospital público na
cidade de São Paulo até a 4º semana da pesquisa, e as demais sessões foram
em uma sala deste mesmo Centro de Reabilitação.

Procedimento

1. Convocação dos participantes

Os pacientes que freqüentam o Centro de Reabilitação e Hospital Dia do


hospital de sexta-feira para recarregar a bomba de morfina foram convidados
para participar da pesquisa. A lista de pacientes que freqüentam o serviço de
recarga da bomba de morfina foi fornecida pela equipe do Centro de
Reabilitação e os demais participantes foram convocados por telefone.

A principal dificuldade de convocação foi a disponibilidade de


comparecer aos encontros semanais, pois muitos não moravam em São Paulo
e freqüentavam o hospital para recarregar a bomba em períodos espaçados
(uma vez por mês ou a cada dois meses), e problemas de locomoção, tendo
em vista que para muitos andar envolvia dor e necessitavam de
acompanhante.

2.Entrevista inicial

%+!

!
Os participantes passaram individualmente por uma entrevista para a
aplicação do Questionário de Perfil, Questionário de Histórico da Dor,
Inventário Breve de Dor, WHOQOL-BREV, a Escala HAD e o Questionário de
Aceitação da Dor Crônica.

Após a aplicação, foram explicadas as demais etapas da pesquisa e


assinado o termo de compromisso livre, esclarecimento de participação e da
filmagem das sessões (ANEXO H). Ao final deste primeiro encontro, o
participante recebeu o Diário da Dor (ANEXO A) e as instruções de
preenchimento, que foi feito a partir daquele dia até o final da intervenção.

O questionário de Perfil forneceu dados demográficos.

O Histórico da Dor permitiu a caracterização da dor e a identificação das


atividades de lazer e outras cotidianas, como fonte de dado para
comportamentos que podem produzir tanto reforçadores positivos como
negativos.

O Inventário Breve de Dor forneceu informações quanto à influência da


dor em diversas áreas – intensidade da dor, alívio que os medicamentos
produzem, atividades em geral, humor, capacidade de andar, trabalho habitual,
relação com outras pessoas, sono e capacidade de aproveitar a vida.

O WHOQOL-BREV teve uma contribuição semelhante ao Inventário


Breve de Dor, com informações sobre qualidade de vida e satisfação, que são
perguntas sobre o apoio que recebe, qualidade de vida em geral, saúde,
atividades, necessidade de tratamento médico, capacidade de aproveitar a
vida, sentido de vida, concentração, segurança, ambiente físico, energia,
aceitação da aparência, condições financeiras, acesso à informação,
oportunidades de atividades de lazer, capacidade de locomoção, sono,
capacidade de fazer atividades do dia-dia, trabalho, satisfação consigo mesmo,
relações pessoais, vida sexual, apoio dos amigos, condições do local onde
mora, acesso ao serviço de saúde, meio de transporte e frequência de
sentimentos negativos.

%,!

!
A escala HAD forneceu uma medida de ansiedade e depressão e o
Questionário de Aceitação da Dor Crônica mostrou-se de difícil aplicação por
sua escala de 0 a 6, em que 0 representa que a afirmação nunca é verdade e
6, sempre é verdade. Os participantes tiveram problemas em entender a escala
assim como as afirmações.

Os três participantes selecionados conforme os critérios de inclusão e


exclusão foram divididos aleatoriamente em dois grupos. O delineamento
utilizado como forma de controle experimental foi o de linha de base múltipla.

3. Delineamento de sujeito único e linha de base múltipla

A metodologia escolhida para este estudo é a de caso único, ela envolve


a observação do processo de mudança comportamental em cada participante
por meio de várias medidas durante a pesquisa.

O delineamento de sujeito único é um modelo de pesquisar


característico da análise do comportamento que considera o sujeito como seu
próprio controle, em vez de comparações entre grupos. A comparação do
sujeito com ele mesmo é feita o submetendo a duas ou mais condições
experimentais, e obtendo medidas do comportamento em estudo diversas
vezes no decorrer das condições. O delineamento de sujeito único inicia-se
com a definição do comportamento a ser estudado (variável dependente), a
observação desse comportamento sem qualquer manipulação (linha de base)
e, a seguir, a introdução de possíveis variáveis independentes. As medidas são
constates e permitem comparar as diversas fases (com ou sem as variáveis
independentes) para observar o efeito das variáveis independentes nas
dependentes. Este delineamento possibilita a observação da mudança no
comportamento em virtude das condições experimentais em vez da observação
estatística de diferenças entre grupos (Andery, 2010). Nesta pesquisa será
utilizado o delineamento de linha de base múltipla que se caracteriza por
arranjo de controle ou de condições experimentais em que duas ou mais
combinações de sujeitos, classes de respostas, ou ambientes permitem não só
a comparação sequencial de cada combinação, mas comparações através das
combinações ou das linhas de bases”(Johnston e Pennypacker, 1993, 368).
%-!

!
O delineamento de linha de base múltipla utilizado nessa pesquisa é um
delineamento de sujeito único em que a introdução de variáveis independentes,
no caso o protocolo “Live with Chronic Pain: An Acceptance-based Approach”
(Vivendo com Dor Crônica: Uma Abordagem Baseada em Aceitação, Vowles &
Sorrell, 2007), é feita em dois momentos diferentes: primeiro para o grupo
1(composto de dois participantes) da semana 2 à 12 e depois para o grupo 2
(com uma participante) da semana 6 a 15 (Figura 1). Assim podemos avaliar o
efeito do protocolo caso as medidas se alterarem conforme a introdução dele, e
não em virtude de outras variáveis. A Figura 1 representa o delineamento da
pesquisa, os momentos de aplicação dos questionários e as faltas dos
participantes.

Figura 1. Delineamento da pesquisa e faltas dos participantes

Semanas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Grupos
Sessão 5 (L faltou)

Sessão 7 (L faltou)
Grupo 1 (L e A)

e Questionários

e Questionários

(L e A faltaram)
Questionários

Questionários

Questionários Questionários

Questionários Questionários
Questionários Sessão 4

Sessão 6

Sessão 8
sessão 2

Questionários sessão 3
Sessão1

Questionários

Questionários
Sessão 2 e 3
Grupo 2 (J)

Sessão 4, 5
e sessão 1

sessão 6

sessão 7

sessão 8
Feriado

Feriado

Feriado

Feriado
Falta

Falta

Inicialmente, para o grupo 1, uma semana antes de iniciar a intervenção,


a pesquisadora coletou dados sobre os participantes por meio de entrevistas e
aplicação dos questionários (semana 1). Isto forneceu medidas do
comportamento dos participantes antes de se exporem ao protocolo. Na 2ª
semana é iniciada a 1ª sessão do protocolo. As oito sessões de intervenção
são consecutivas (semanas de 2 a 12). Na quarta sessão (semana 6), após a
última sessão de intervenção (semana 12), assim como em mais três encontros
(semanas 15, 19 e 21) há a aplicação dos questionários novamente.

&.!

!
Para o grupo 2, o protocolo foi introduzido apenas na 6ª semana, a
condição de linha de base com a entrevista e aplicação dos questionários na 4ª
semana. As oito sessões de intervenção ocorreram da semana 6 a 15, com
aplicação dos questionários além da 1º sessão, na 5º (semana 12) na última
(semana 15) e na semana 21.

Foi observado o efeito da introdução do protocolo em diferentes


momentos para os dois grupos. Essa introdução gradual das variáveis
independentes é o que caracteriza a linha de base múltipla e é o recurso de
metodologia de pesquisa da análise do comportamento próprio para estudar
terapias (Velasco, Mijares, & Tomanari, 2010). Como a terapia não é uma
variável, que podemos inserir e depois retirar, para observar o comportamento
antes (linha de base), com a variável e sem a variável (reversão), pois o efeito
da terapia tende a se manter após o fim da intervenção, optamos por colocar a
variável em momentos diferentes para cada grupo de participantes, e controlar
assim efeitos de possíveis outras variáveis que podem gerar alterações.

4. Intervenção

A primeira sessão de intervenção foi antecedida pela aplicação dos


questionários de Perfil, Histórico da Dor, Inventário da Dor, WHOQOL-BREV,
HAD e Questionário de Aceitação da Dor Crônica (CPAQ).

As sessões foram semanais, durante oito semanas seguidas


interrompidas apenas por alguns feriados. Elas foram gravadas e forneceram
informações quanto ao tempo de fala de cada participante, total e que falavam
entre si (para o grupo 1 que tinha dois participantes).!

O procedimento das sessões foi estabelecido com base em uma


adaptação do protocolo “Vivendo com Dor Crônica: Uma Abordagem Baseada
em Aceitação” (Vowles & Sorrell, 2007).

Sessão 1

Na primeira sessão foram feitas: a) a apresentação dos integrantes do


grupo, explicitação de hora, local e condições dos encontros, b) a apresentação

&%!

!
da intervenção proposta e seu objetivo, e c) descrição de comportamentos
passados para eliminar a dor.

a) Apresentação dos participantes envolve as respostas para as seguintes


questões: porque estou participando do grupo? O que gostaria de aprender
neste grupo?

Depois, cada participante diz seu nome, de onde veio, as respostas às


duas perguntas anteriores, quanto tempo tem dor, como passa o tempo livre,
suas atividades de lazer e interesse e os objetivos pessoais que tem na vida (o
que gostaria de fazer).

b) Apresentação do tratamento é feita pelo terapeuta que começa a apresentar


os objetivos do tratamento, durante a exposição ao programa. Os objetivos
são colocados para os participantes da seguinte forma:

Este programa considera, que a dor é real, mesmo que não se possa vê-
la ou medi-la, que a dor o impede de fazer coisas que gostaria ou precisa
fazer, e que as pessoas neste programa estão dispostas a fazer
mudanças para diminuir o impacto negativo da dor em suas vidas.
(Vowles & Sorrell, 2007, p. 3)

c) Descrição de comportamentos passados para eliminar a dor (tratamentos) é


realizada pelo participante a partir das solicitações de que ele liste tratamentos
já realizados para a dor. O participante deve preencher um quadro (Tabela 2),
durante a sessão, no qual descrevem benefícios e custos a longo e curto prazo
dos tratamentos realizados e os últimos resultados obtidos para cada
tratamento, a partir da seguinte instrução:

Liste tratamentos anteriores que fizeram para dor (medicação, injeções,


terapias, cirurgias, etc.). Depois analise como estes tratamentos
funcionaram a curto e longo prazo, isto inclui alívio da dor, melhora no
humor, melhora na habilidade de exercer as funções cotidianas, etc.
Continue avaliando os custos destes tratamentos a curto e longo prazo
também: o porquê que eles funcionaram ou não, se mudaram o nível de
dor, se tiveram efeitos colaterais, e se o capacitaram para o dia a dia.

&&!

!
Tabela 2. Análise dos tratamentos para a dor – custos e benefícios

Tratamento Benefícios Benefícios Custos a Custos a Quais foram


para dor a curto a longo curto longo os últimos
prazo prazo prazo prazo resultados
deste
tratamento?

(Adaptado de Vowles & Sorrell, 2007, p. 5)

O quadro é analisado durante a sessão. O objetivo desta atividade é


descrever as contingências anteriores: as respostas de esquiva da dor, que
forem efetivas no alívio desta, a médio e longo prazo, as respostas de esquiva
da dor que forem efetivas apenas a curto prazo, as consequências a longo
prazo (alterações na vida do participante que ocorreram em virtude desses
comportamentos), outras respostas que deixaram de ocorrer por causa de sua
concorrência com as respostas de esquiva da dor.

Lição de casa

O objetivo da lição de casa é identificar as respostas possíveis na


presença da dor, com destaque para respostas alternativas às de esquiva da
dor. O número de respostas alternativas poderá indicar quão forte é o
repertório de esquiva da dor, ou seja, poucas respostas alternativas podem
indicar um forte repertório de esquiva da dor. Para isto é proposta a seguinte
instrução com o quadro a ser preenchido:

Reserve de dez a quinze minutos em cada dia para perceber o que você
pode fazer. Se a dor estiver presente pelo resto da sua vida, o que você
poderia fazer então? Tente ser o mais específico possível. Repare em
cada dia o que você pode fazer mesmo na presença da dor. Caso se
sinta preso na idéia de eliminar a dor e não veja opções, tente lembrar o

&'!

!
que fez no passado em momentos de dor que te surpreendeu. Ou
mesmo pense no que faria se a dor não estivesse presente.

Tabela 3. Opções de ações frente à dor

Dia Dia da O que fez no Quais são suas opções (o que pode
semana passado que o fazer mesmo na presença da dor)?
surpreendeu?
1
2
3
4...
(Adaptado de Vowles & Sorrell, 2007, p. 7)

Sessão 2
Na segunda sessão são feitas: a) descrição de respostas emitidas na
presença da dor e possíveis alternativas de comportamento durante a dor
(revisão da lição de casa); b) apresentação do modelo utilizado de análise da
dor; e c) atividade de observar o próprio corpo (atenção dirigida).

a) Revisão da lição de casa com o objetivo de descrever com os participantes


os comportamentos alternativos que eles poderiam realizar quando a
eliminação da dor não for possível. O terapeuta revê com os participantes as
opções de ações que eles escreveram caso a dor estivesse presente; identifica
quais são os possíveis reforços positivos presentes ou potenciais na vida dos
participantes. Por meio de questões como ‘por que você faria isto? O que
acontece quando você faz isto? Por que isto é importante para você?’, o
terapeuta obtém informações sobre possíveis reforços positivos, possíveis
“valores” dos participantes. Supõe-se que a descrição dos reforçadores
positivos produzidos por suas ações possa aumentar o controle desses
eventos sob o comportamento do falante.

b) Apresentação do modelo utilizado de análise da dor, feita pelo terapeuta que


pede para que os participantes recordem uma experiência recente de dor e

&(!

!
como esta se relaciona com o estresse e outros estados de humor. Em
seguida, cada um preenche o Figura 2 relacionando a uma dor recente que
teve. A dor (como estímulo aversivo) deve ser descrita no espaço atividade
fisiológica; as emoções sentidas no episódio devem ser descritas no espaço
humor, estresses e emoção; e seu impacto nas funções diárias, como se
alteraram as atividades cotidianas durante este episódio devem ser descritas
no espaço função diária.

(Adaptado de Vowles & Sorrell, 2007, p. 9)

Figura 2. Relação entre dor, emoções e ações

A discussão dessa atividade está voltada à eficácia das tentativas de


controlar e diminuir a dor e as suas implicações. Centra-se em apresentar para
o participante que, durante a dor, respostas de fuga da própria sensação de dor
são evocadas e há restrição do repertório como um todo como decorrência
dessas respostas de esquiva (indivíduo deixa de fazer as atividades diárias). É
lembrado a característica da dor crônica de ser persistente, e afirma-se que as
emoções (o humor, o estresse etc.) também, muitas vezes, não são passíveis
de controle direto. Analisa-se que comportamentos de fuga e esquiva, a médio
e longo prazo, não são eficazes para alterar a dor. São utilizadas metáforas
para explicitar a análise para exemplificar esta concepção. É feito a metáfora

&)!

!
do “bolo de chocolate” (Hayes, Strosahl e Wilson, 1999), em que os estímulos
verbais da descrição do bolo eliciam respostas como salivação e evocam
pensamentos, mesmo sob a instrução de não pensar sobre o bolo de
chocolate.

O terapeuta também pergunta aos participantes sobre a) a experiência


deles em tentar controlar a dor, emoções e pensamentos, no caso respostas de
fuga e esquiva e suas consequências a médio e longo prazo de restrição de
repertório e b) comportamentos alternativos reforçados positivamente que
podem ser emitidos frente à dor.

Assim é feita uma descrição da regra “não conseguimos mudar


satisfatoriamente nossas emoções e pensamentos”, após a atividade prática
(bolo de chocolate) e o estabelecimento de um paralelo com a experiência dos
participantes.

A seguir, solicita-se aos participantes, com a seguinte indagação: “eu


posso pensar e sentir de um jeito e agir da forma oposta?”, que listem
respostas que podem produzir reforçadores positivos, alternativas às respostas
de fuga e esquiva da dor e a eventos emocionais que a acompanham.

c) atenção dirigida é uma atividade prática voltada para treinar as respostas de


observação. Seu objetivo é promover respostas de observação de eventos que
ocorram com o participante naquele momento. Não há objetivo de produzir
relaxamento ou diminuir a dor, embora possa vir a ocorrer. Nessa atividade,
com os olhos fechados, o participante deve observar a sensação de estar
sentado na cadeira com os pés no chão e a sensação da roupa na pele, etc. O
intuito é observar sensações que ocorrem em seu próprio corpo no momento
presente. Depois de alguns minutos há uma pausa para os participantes
compartilharem suas vivências (feedback). Geralmente muitos participantes
sentem dificuldade de manter a atenção no próprio corpo e alguns
pensamentos e sentimentos surgem no decorrer da observação. Quando isso
ocorre, é orientado para que tentem novamente observar seu próprio corpo. A
seguir, solicita-se que o participante observe a sensação de respirar, o ar
entrando e saindo, etc. Seguido de pausa para feedback. Repete-se a atividade
&*!

!
anterior escolhendo prestar atenção em alguma parte do corpo em que a
respiração é sentida mais claramente e de forma vívida. Solicita-se que
observe esta sensação por alguns momentos e, a seguir, há uma pausa para
feedback.

Lição de casa

É pedido como lição de casa que o participante observe seu próprio corpo
(atenção dirigida) e descreva a experiência segundo a tabela abaixo. Os
participantes são instruídos a praticarem a atividade de observar uma vez ao
dia e anotarem o que aconteceu:

Repare em algum momento do dia em si mesmo, como fizemos nas


atividades de atenção dirigida. Apenas repare em você mesmo por um
tempo e preencha o seguinte quadro. Esta lição de casa será discutida na
próxima sessão.

Tabela 4. Registro da atividade de atenção dirigida.

Dia Dia da O que aconteceu? Onde estava? O que reparou? Você


semana se percebeu reagindo de alguma forma em especial?
Quais distrações ocorreram?
1
2
3
4
5
6
7
(Adaptado de Vowles & Sorrell, 2007, p. 12)

Sessão 3

Constituirão essa sessão: a) apresentação do que significa aceitação,


isto é, emitir respostas que podem produzir reforçadores positivos, mesmo na
&+!

!
presença de estímulos aversivos (aceitação da dor crônica), b) levantamento
de quais são ou poderiam ser as classes de estímulos reforçadores (atividades
dos valores e lição de casa), c) observação e levantamento de respostas de
esquiva (discussão da aceitação da dor crônica e segunda parte do exercício
dos valores) e d) treino de observação do próprio corpo (atenção dirigida).

a) Aceitação da dor crônica - emitir respostas que podem produzir reforçadores


positivos mesmo na presença de estímulos aversivos. O terapeuta começa
com a pergunta “o que significa para vocês aceitarem a dor crônica”. A partir
das respostas dos participantes, o terapeuta busca modelar as respostas
verbais, que indiquem que mesmo quando um estímulo aversivo dor está
presente é possível emitir respostas que produzem reforçadores positivos.
Busca-se assim levar o participante a formular novas regras. O terapeuta
discute com o grupo a facilidade de ficar preso na tentativa de remover ou
solucionar o problema da dor, que não é passível de controle (no caso a dor
crônica) em lugar de focar em outros aspectos da vida que possam ser
apreciados.

b) Identificação de estímulos reforçadores, chamado de atividade dos valores,


no qual o participante deve identificar eventos que possam ter a função de
reforçadores positivos. É proposto que, em vez de tentar controlar a dor
(respostas de esquiva da dor), o foco do tratamento seja promover uma vida
melhor a despeito da dor. Para identificar possíveis eventos reforçadores
positivos é utilizada a metáfora do funeral, em que o terapeuta pede aos
participantes que imaginem seu próprio funeral e observem o que gostariam
que as pessoas lembrassem deles. O terapeuta pede que os participantes
descrevam possíveis reforçadores positivos numa folha (o que o próprio
indivíduo gosta de fazer).

c) Identificação das respostas de esquiva (discussão da aceitação da dor


crônica e segunda parte do exercício dos valores) é feita a partir dos estímulos
verbais escritos na atividade anterior (eventos identificados como possíveis
reforçadores positivos). Os participantes escolhem o evento mais significativo
para eles e responde as seguintes perguntas do terapeuta:

&,!

!
“Por alguns momentos, pense em como tem vivido em relação a estes
valores, você age de acordo com eles? Você tem feito as coisas que são
importantes para você? Quais são realmente suas prioridades? Se sim,
como tem feito isso. Se não, o que o impede de fazer as coisas que são
importantes para você?”

Estas perguntas levam a identificar respostas de esquiva da dor e a


limitação do repertório para respostas sob controle de reforçadores negativos.

d) Atenção dirigida na qual o terapeuta revê a lição de casa e repete as


atividades descritas na sessão 2 de atenção dirigida com o feedback apenas
no final.

Lição de casa

Para a lição de casa, o participante deve identificar possíveis estímulos


reforçadores positivos em diversos âmbitos de sua vida (família, relações
intimas, amigos, trabalho, saúde e aprendizagem), depois enumerar, em ordem
de importância dos reforços em sua vida e indicar o quanto tem sucesso em ter
acesso à eles e dentre eles. E, por fim, indique quais os mais importantes no
momento. Apresenta-se para os participantes uma distinção entre valores e
objetivos. Um valor é uma direção na vida que você gostaria de ir (por exemplo
ir para o leste), mas que não é possível atingir a direção em si (você pode
sempre ir para o leste). Ao contrário dos objetivos que são destinos alcançáveis
na direção dos valores (como, por exemplo, ir de São Paulo ao Rio de Janeiro).

Abaixo segue uma lista de áreas em que as pessoas normalmente


possuem valores. Não é necessário escrever em todas elas, apenas
escreva os valores que são importantes para você, que você está
disposto a agir de acordo.

Para cada valor, enumere quanto ele é importante para você (de 1- muito
importante a 10- pouco importante), o sucesso em viver de acordo com
esse valor no último mês (de 1 - muito sucesso a 10 - não vive de acordo
com o valor), e por fim enumere os valores em ordem de importância de

&-!

!
acordo com o que você está disposto a se empenhar agora (de 1 para o
mais importante até o menos importante).

Tabela 5. Tabela de valores

Área Direção dos valores Importância Sucesso Rank

Família
1.
2.
Relaçõe
s1.

2.
Amizad
e
1.
2.
Trabalh
o
1.
2.
Saúde
1.
2.
Aprendi-
zagem
1.
2.
(Adaptado de Vowles & Sorrell, 2007, p. 19)

Sessão 4

Nesta sessão, busca-se: a) identificar valores, objetivos e ações, b)


identificar efeitos da história de exposição à contingências aversivas:
identificação de barreiras para emissão de respostas que produzam

'.!

!
reforçamento positivo, ou seja, condições que dificultem a emissão de tais
comportamentos (alcançar objetivos) e c) treino de observação do próprio
corpo.

a) Identificação de valores, objetivos e ações inicia-se com a revisão da lição


de casa, pedindo para identificar as diferenças e semelhanças entre os valores,
sua distinção de objetivos e de valores de terceiros ou da sociedade. Retomar
a distinção entre valores e objetivos. É fornecido o seguinte exemplo: um valor
pode ser “cuidar de si mesmo”. Um objetivo deste valor pode ser “perder 10
kg.”, que pode ter uma consequência potencialmente reforçadora positiva. As
respostas específicas são então as ações guiadas por valores.

Em seguida, os participantes se dividirão em duplas e conversarão sobre


seus valores, buscando identificar: se são realmente valores ou objetivos; se
são valores pessoais ou de terceiros (se ninguém soubesse como você age,
ainda agiria de acordo com esse valor?).

b) Barreiras para valores são identificadas com instruções do terapeuta para


que os participantes escrevam três ou quatro valores mais importantes e suas
barreiras (o que os impede de se comportar para seguir seus valores). Na
discussão, o terapeuta levanta a hipótese de respostas alternativas às de fuga
e esquiva com a colocação da opção “desistir do valor ou aceitar a dificuldade
e agir de acordo com o valor”, e apresenta uma metáfora da água, que
transpõe os obstáculos de forma flexível.

Objetivos e ações são diferenciados pelo terapeuta apresentando para


os participantes que, a partir dos valores, identificamos objetivos, que são
alcançáveis, e dos objetivos identificamos ações específicas que nos levem a
alcançar os objetivos. Por exemplo, um valor pode ser “cuidar de si
mesmo”; um objetivo deste valor pode ser “perder 10 kg”. As ações seriam, por
exemplo, – “(a) a longo prazo, passar duas horas na biblioteca durante o final
de semana pesquisando maneiras de tornar minha dieta mais equilibrada e
saudável. (b) marcar e comparecer às consultas médicas, onde posso me
informar de como melhor conduzir minha rotina e meus hábitos. (c) andar de 15
a 20 minutos duas vezes por semana.” (Vowles & Sorrell, 2007, p. 22 e 23).
'%!

!
O terapeuta descreve as características dos objetivos: específicos,
observáveis, realísticos (possíveis, de acordo com as capacidades do
indivíduo), consistentes com os valores identificados, e fornece exemplos como
modelo.

c) Atividade de atenção dirigida é realizada no final da sessão.

Lição de casa

A lição de casa é: 1. praticar atenção dirigida diariamente, 2. estabelecer os


três valores mais importantes e 3. descrever o objetivo e as ações específicas
para alcançá-los.

Sessão 5

Nessa sessão, busca-se: a) identificar padrões de ação de pessoas com


dor crônica, pensamentos e emoções que os acompanham e discutir ciclos
viciosos de ação em pessoas que têm dor crônica, b) identificar pensamentos
(que podem adquirir a função de eventos aversivos condicionados)
relacionados à dor que evocam respostas de esquiva , c) estabelecer relações
entre estímulos verbais que adquiriram função aversiva e respostas alternativas
à esquiva, d) analisar e simular situações em que junto com respostas
alternativas à esquiva podem ocorrer durante eventos aversivos (verbais e não
verbais), e) treino de observação do próprio corpo (atenção dirigida), e f)
prática de respostas alternativas na presença de estimulação aversiva (lição de
casa).

a) Identificar padrões de ação de pessoas com dor crônica, pensamentos e


emoções que os acompanham e discutir ciclos viciosos de ação em pessoas
que têm dor crônica inicia-se com o terapeuta pedindo aos participantes que
relatem os valores mais importantes que identificaram, os objetivos e as ações
específicas para alcançá-los, e o que pensaram ao fazer a atividade.

A seguir, o terapeuta apresenta um padrão de comportamento que costuma


ocorrer nas pessoas com dor crônica: fazem muitas atividades nos períodos

'&!

!
sem ou com pouca dor e pouca ou nenhuma atividade nos períodos de dor
mais intensa. O terapeuta mostra a possibilidade de se estabelecer um ciclo
vicioso exemplificado pelos Figuras 3 e 4 e, por meio de perguntas sobre a
vivência dos participantes, modela a descrição do ciclo vicioso.

(Adaptado de Vowles & Sorrell, 2007, p. 28)

Figura 3. Ciclo vicioso da dor

(Adaptado de Vowles & Sorrell, 2007, p. 28)

Figura 4. Queda no funcionamento de atividades diárias em virtude do ciclo


vicioso

Esta observação do padrão de esquiva é importante neste momento em


que os participantes estão definindo seus objetivos e ações específicas, para
fazê-los, não em função da dor, mas em função dos reforçadores positivos.
Para isso é necessário novamente quebrar a relação entre dor e fuga e esquiva

''!

!
(para que não variem juntas) e estabelecer ações que possam ocorrer de forma
constante, isto é, mais atividades nos períodos de maior dor e menos
atividades do que de costume nos períodos de pouca ou nenhuma dor –
atividade consistente por longo tempo.

Os pensamentos e emoções que acompanham o ciclo vicioso são de


não conseguir fazer, nos períodos de dor intensa, o que fazia antes da dor, e
fazer, nos períodos de pouca dor menos do que deveriam. Estes pensamentos
e emoções podem ocorrer quando estão estabelecendo objetivos e ações
específicas na sessão e quando fizeram a lição de casa, pois há uma tendência
a querer fazer o que geralmente faziam antes de terem dor.

Neste momento é apresentada pelo terapeuta a alternativa de fazer um


pouco mais nos períodos em que a dor está presente e um pouco menos
quando está ausente. Esta discussão serve para modelar os objetivos e ações
específicas dos participantes para que elas sejam propostas de forma
constante, isto é, independente da estimulação aversiva da dor.

b e c) Identificar pensamentos relacionados à dor que evocam respostas de


esquiva e estabelecer relações entre tais estímulos verbais que adquiriram
função aversiva e respostas alternativas à esquiva inicia-se por meio de
perguntas feitas pelo terapeuta a) que buscam identificar quais pensamentos
surgem quando estão com dor, ou quando estão fazendo alguma atividade que
já teve dor, ou que surgem ao identificar as ações alternativas às respostas de
fuga e esquiva e b) que buscam identificar o que fazem ao pensar isso. A
seguir, esclarece que, pelo fato de pensamentos e atividades ocorrerem no
momento da dor, podem gerar respostas semelhantes às que ocorrem frente à
dor (eles tornam-se eventos aversivos condicionados ou relacionados à dor e
também podem evocar respostas de fuga e esquiva).

A terapeuta dá consequências para as respostas dos participantes,


buscando estabelecer descrições de contingências que envolvam relato de
eventos privados considerados aversivos e respostas que possam produzir
consequências reforçadoras positivas (na presença da dor). Para isso o
terapeuta sugere que os participantes utilizem o termo “e” em vez de “mas” nas
'(!

!
descrições que envolvem eventos privados relacionados à dor e ações do
indivíduo guiadas pelos seus valores (por exemplo, “eu iria fazer tal atividade,
mas estou com dor” para “eu irei fazer tal atividade e estou com dor”). Esta
mudança pode acarretar uma relação inclusiva entre esses eventos verbais
(relatos de “dor” e relatos de “fazer tal atividade”) e diminui a respostas de fuga
e esquiva frente ao evento aversivo privado.

O terapeuta aponta ainda os relatos que indicam a diminuição do


repertório dos participantes que muitas vezes ocorre na presença da dor. O
terapeuta pede para que participantes descrevam uma situação de dor intensa
e depois identifica relatos de atividades interrompidas em função da dor,
analisando com eles as variáveis de controle. Em seguida, oferece uma
metáfora do coelho que está observando a floresta até encontrar um leão, e a
partir de então somente o leão (estímulos aversivo) e o buraco onde se protege
(fuga) passam a existir para o coelho.

d) Analisar situações em que respostas alternativas à esquiva podem ocorrer


durante eventos aversivos, expor participantes a eventos verbais aversivos
instruindo-os a não emitirem respostas de esquiva e emitirem respostas
alternativas (truques da mente).

A seguir, é sugerido que os participantes apenas observem seus


pensamentos frente à dor e concomitantemente descrevam respostas que
levem a realização de seus objetivos. É proposta a simulação de uma situação
entre passageiros e motoristas em um ônibus. Um voluntário é o motorista que
recebe ordens de outros passageiros que são seus eventos privados aversivos.
Os passageiros ficam repetindo o conteúdo dos eventos privados aversivos
enquanto o motorista segue a direção escolhida, e silenciam-se quando o
motorista desvia de seu caminho. É sugerido que o motorista siga a direção
escolhida e apenas observe o que passageiros estão dizendo (o terapeuta
estabelece uma analogia entre respostas de observação dos eventos privados
aversivos e respostas reforçadas positivamente).

')!

!
e) Treino de observação (atenção dirigida) consiste de respostas de
observação, instruídas pelo terapeuta, que podem ser do próprio corpo, de uma
paisagem, de alguma resposta específica do indivíduo como comer, andar, etc.

f) Prática de respostas alternativas na presença de estimulação aversiva

Lição de casa

Revisão da lição anterior de forma a que o participante estabeleça ações


mais constantes e sem exageros. As instruções para a lição de casa são as
seguintes.

Reveja a lição passada e observe se a) algum objetivo ou ação pode ser


dividido ou remanejado para não sobrecarregar os dias de pouca dor e
para que possam ser executados nos dias de muita dor; b) algum objetivo
ou ação podem ser modificados para estarem mais consistentes com
seus valores. Depois selecione uma ou duas ações a serem executadas a
partir de agora até a próxima sessão e registre na tabela abaixo os
resultados da sua experiência. Tente manter suas ações mesmo se
estiver sentindo muita dor ou dificuldade. Lembrando que as ações devem
ser compatíveis com suas possibilidades.

Tabela 6. Tabela de ações e resultado

Dia da Ação (O que Observações (Quais foram os


semana e especificamente fez? resultados? O que faria diferente na
horário Que valores estão próxima vez? Você ficou surpreso (a)?
associados? Aonde você Esta atitude poderia contribuir
fez isso? O que estava significativamente para a sua vida caso
acontecendo?) continuasse? Caso sim, o que lhe
impede de manter esta atitude?)

(Adaptado de Vowles & Sorrell, 2007, p. 31)

A prática de atenção dirigida diariamente continua fazendo parte da lição


de casa.

'*!

!
Sessão 6

Nessa sessão busca-se: a) fortalecer respostas alternativas à fuga e


esquiva (checagem do progresso), b) identificar e observar eventos aversivos
presentes nas contingências de respostas alternativas (checagem do
progresso, planejando ações X ações e self observador), c) treino de
observação de estímulos presentes no ambiente (atenção dirigida), e d) prática
das respostas alternativas (lição de casa).

a) Fortalecer respostas alternativas à fuga e esquiva (checagem do progresso)


é o principal foco dessa sessão em que o terapeuta faz perguntas e apresenta
metáforas, para respostas de descrição dos eventos aversivos presentes ao
executar respostas controladas por reforço positivo, alternativas às de fuga e
esquiva dos eventos aversivos. As intervenções também são para
proporcionar, juntamente com o relato desses eventos aversivos, a diminuição
de respostas de fuga e esquiva que eles evocam e para criar condições que
aumentem a probabilidade de emissão de respostas positivamente reforçadas.

A sessão começa com perguntas do terapeuta de como foi praticar as


ações em direção aos seus valores, como foi dividir as ações de forma mais
regular, e como tem sido dirigir a atenção para os eventos que estão ocorrendo
no momento. As respostas de descrição das iniciativas são reforçadas
socialmente pelo terapeuta.

Depois os participantes respondem por escrito as seguintes perguntas: o


que você aprendeu? O que você está fazendo diferente? O que você ainda
precisa mudar? Quais questões importantes ainda não formam discutidas?

Essas perguntas investigam as respostas alternativas dos participantes


e outras ações possíveis ainda não realizadas, além de poder levar a descrição
de progressos do tratamento e identificar áreas que precisam de nossa
atenção.

b) Identificar e observar eventos aversivos presentes nas contingências de


respostas alternativas (planejando ações X ações)

'+!

!
A seguir, abordam-se principalmente os eventos aversivos nas
contingências de respostas alternativas, perguntando como é colocar em
prática as ações guiadas por valores. O terapeuta fornece uma metáfora para
exemplificar as características das ações alternativas como um pulo, em que se
pode ler a respeito, planejar, mas na situação a resposta tem que ser
simplesmente ir e pular (ação). Outra metáfora é a do coelho que descreve a
situação do estímulo aversivo estreitando o repertório (em que só existe a toca
e o leão para o coelho que o avista), destacando nas descrições dos
participantes a tendência de focar nas barreiras e parar de perceber os outros
eventos que estão ocorrendo.

O terapeuta então convida os participantes a considerar as dificuldades


em praticar as ações guiadas por valores e aceitá-las por meio de perguntas
como: “quais são as dificuldades? Elas são verdades absolutas (no sentido de
não ter nada para fazer em relação a isto) ou elas são passíveis de aceitação?
O que fazem quando as barreiras surgem? E o que acontece?”

Segue-se uma atividade em que terapeuta divide os participantes em


pares, um deles escreve os motivos para não praticarem suas ações e conta
suas dificuldades para o parceiro que diz: “ok, você está certo!”. Depois que
descrever todos os eventos aversivos o parceiro pergunta então: “e agora?”.
Trocam os papeis das duplas e repete a atividade. Os participantes são
convidados a carregarem consigo essas descrições e praticarem suas ações
guiadas por valores, mesmo na presença de eventos aversivos ainda
realizarem ações que permitem atingir seus valores.

O terapeuta apresenta outra metáfora para exemplificar a situação das


ações guiadas por valores - bússolas, em que uma é o valor e a outra as
ações, e devemos observar se ambas estão apontando para o mesmo lado.

c) Atenção dirigida, nesta sessão, é treinada, instruindo os participantes a


apenas observar os pensamentos, sentimentos e sensações que surgem e
observá-los como folhas que descem num rio, que vem e vão. É sugerido que
realizem estas observações nas situações em que emitam as respostas
alternativas.
',!

!
d) Prática das respostas alternativas, a ser realizada na lição de casa, consiste
em praticar as ações discutidas na atividade “ok, você está certo”, descrevê-las
na tabela abaixo e praticar a atenção dirigida.

Tabela 7. Resultado das ações

Dia Resultado

(Adaptado de Vowles & Sorrell, 2007, p. 36)

Sessão 7.

Nessa sessão, busca-se: a) fortalecer respostas alternativas à fuga e


esquiva dos eventos privados, b) identificar os eventos aversivos presentes nas
contingências que envolvem respostas alternativas, e c) treinar observação de
estímulos que ocorrem com o próprio corpo (atenção dirigida).

a) e b) Fortalecer respostas alternativas à fuga e esquiva dos eventos privados


e identificar os eventos aversivos presentes nas contingências que envolvem
respostas alternativas inicia-se com a revisão da lição de casa, em que o
terapeuta pergunta e reforça as descrições das respostas que produzem
reforços positivos, alternativas às respostas de esquiva, que ocorrem mesmo
na presença da dor.

O terapeuta também pergunta sobre as dificuldades e barreiras


encontradas ao fazer tais ações. Elas podem ser eventos privados aversivos
condicionados, relacionados às experiências anteriores com dor, ou pode ser
consequências aversivas como reações de terceiros. O terapeuta escreve na
lousa, num círculo, as dificuldades encontradas diferenciando as contingências
aversivas vividas (que denomina sofrimento primário), como aumento da dor, e,
num circulo maior, os eventos aversivos derivados (denominado sofrimento
secundário), que são eventos aversivos condicionados ou relacionados à dor,
'-!

!
como pensamentos e sentimentos. O terapeuta indica que os últimos podem
ser alterados e que isto pode ocorrer quando agimos e produzimos
consequências reforçadoras positivas na presença da dor, em vez de emitir
respostas de esquiva que gerariam outros aversivos com a restrição do
repertório.

Neste momento é retomado o objetivo do tratamento – ter uma vida


melhor mesmo na presença da dor, e os participantes são convidados a
retomar seus valores e as ações que se comprometeram, mesmo na presença
de estimulação aversiva (compromisso com barreiras).

c) Atividade de atenção dirigida dessa sessão é andando. Os participantes


recebem instruções para prestarem atenção nas respostas envolvidas no
caminhar e nos estímulos que são produzidos no próprio corpo.

Sessão 8

Nessa sessão, busca-se: a) descrever comportamentos que são


esperados ao encerrarem-se os encontros, comportar-se de forma a produzir
reforçadores positivos (Compromisso), b) analisar contingências em que o
repertório de esquiva da dor se fortalece e o de respostas alternativas diminui
(Recaídas), c) descrição de respostas alternativas nas situações de risco
(Recaídas), e d) estabelecimento da contingência de escolha – respostas de
observação de eventos privados aversivos e respostas reforçadas
positivamente ou respostas de esquiva (Recaídas).

a) Descrição de comportamentos que são esperados ao encerrarem-se os


encontros (Compromisso) inicia-se com o terapeuta lembrando que, este é o
último encontro e o começo da trajetória individual rumo aos valores de cada
participante. Indica-se que se espera deles, após o tratamento, a continuidade
do engajamento nas atividades que produzem reforçadores positivos.

Segue uma atividade em grupo em que cada participante declara os


seus valores para outro participante sem justificativas e de forma clara. O
objetivo é que essas declarações constituam auto-regras. Os participantes são
(.!

!
divididos em dupla e a instrução é que um da dupla diga seus valores e o outro
observa a declaração como observaram estímulos nas atividades de atenção
dirigida, e dar feedback caso percebam alguma fraqueza na emissão da
resposta verbal. Depois a dupla troca de função.

b, c e d) analisar contingências em que o repertório de esquiva da dor se


fortalece, o de respostas alternativas diminui e descrição de respostas
alternativas nas situações de risco (Recaída).

Na próxima atividade, discute-se a possibilidade da ocorrência de


recaídas e possíveis ações nestas situações. O terapeuta pergunta o que os
participantes pensam quando ouvem falar de recaídas. As respostas verbais
são modeladas pelo terapeuta até chegar na descrição do que seria uma
recaída na dor crônica – diminuição da frequência de respostas positivamente
reforçadas e ou emissão de respostas de esquiva à dor em vez de respostas
de observação desta. Frases como “a recaída não significa um fracasso total,
apenas um período em que experiências frustrantes impedem de progredir por
um tempo” normaliza a experiência de recaída que provavelmente ocorrerá
uma vez que o repertório alternativo ainda é muito recente.

Na atividade “identificando recaídas”, os participantes são instruídos a


escrevem possíveis recaídas e exemplos de situações de risco, com a
finalidade de descrever as contingências da recaída e principalmente os
antecedentes das respostas de esquiva da dor.

Escreva alguns exemplos de recaída que possa ocorrer com você no


futuro. Talvez você já tenha vivenciado recaídas durante este tratamento,
como foram? Normalmente as recaídas ocorrem em situações de risco,
como momentos de intensa dor, dificuldades de estabelecer objetivos,
conflitos com pessoas queridas, entre outras situações de estresse.
Identifique quais são as situações de risco para você, tanto as que já
ocorreram no passado, como as que você imagina como possíveis no
futuro.

Exemplos de situações de risco

(%!

!
Com base nas situações de risco que os participantes levantarem, o terapeuta
apresenta quatro passos para identificar e melhor responder a essas situações:

1 – pare o que estiver fazendo e perceba que está numa recaída.

2 – reserve um momento para observar seus pensamentos e como você


está se sentindo na situação, apenas observando o que está
acontecendo, como nas atividades de atenção dirigida.

3 – reveja a situação que o levou à recaída.

4 – escolha um plano para realinhar suas ações em direção aos seus


valores e coloque-o em prática imediatamente.

Essas regras buscam criar condições para o participante observar e


descrever a recaída e para possibilitar outras respostas. Outras perguntas que
o terapeuta fornece como modelo de observação são:

. A onde estava quando começou a recaída?

. O que estava acontecendo naquele momento no lugar em que estava?

. Quem estava com você?

. Estava acontecendo alguma atividade específica?

. Quais foram seus pensamentos, sentimentos e sensações corporais


durante a recaída?

Após dar o modelo de análise da contingência da situação de risco, o


terapeuta pede para os participantes descreverem planos simples e fáceis de
colocá-los em prática para redirecioná-los às ações coerentes com seus
(&!

!
valores. Esses planos podem ser ligar para um amigo ou familiar, praticar
alguma atividade que o relembre de seu valor, caminhar, ouvir música, etc.

No caso dos participantes ainda estarem receosos, quanto às barreiras


e recaídas, fazer atividade em que o terapeuta escreve a preocupação do
participante em cartões e apresenta as opções: ou o participante opta por
aceitar agir para atingir objetivos que são importantes para ele, ou rejeita-os e
abdica do valor. Se decidir agir, o participante é convidado a levar consigo os
cartões.

Por fim, o terapeuta retoma o processo e pergunta se alguém não atingiu


seus objetivos no grupo e o que esta faltando. O terapeuta termina com a
seguinte colocação:

“A tarefa de vocês, para o resto da vida é viver a vida.

Lembre-se que todas as experiências estão constantemente mudando.


Todas as experiências iram passar; ambos ‘bons’ e ‘maus’ momentos
serão seguidos de algo novo. Saiba seus valores e os mantenha a sua
frente. Vá em direção aos objetivos que o aproximem de seus valores.
Não se esqueça de parar e cheirar as flores do caminho, mesmo quando
se sentir preso a uma situação.” (Vowles e Sorrell, 2006, pg. 44).

Os mesmos questionários utilizados antes da intervenção foram


aplicados na última sessão de intervenção e nos encontros de seguimento.

Medidas

As medidas primárias deste estudo são as referentes às classes de


respostas de fuga e esquiva de eventos aversivos e às classes de respostas
alternativas (respostas que podem produzir reforçadores positivos que ocorrem
mesmo na presença de eventos aversivos). Estas informações foram coletadas
pelos seguintes instrumentos:

('!

!
- Diário da Dor (ANEXO A) – número de atividades que o participante
relata realizar na presença da dor. O Diário da Dor é preenchido
cotidianamente pelos participantes desde a entrevista inicial até a última
sessão de intervenção.

- Tempo de fala na sessão – A partir da filmagem das sessões, será


mensurado o tempo total de fala de cada participante por sessão e o tempo em
que cada participante fala com outro participante.

As medidas secundárias são:

- Questionários que avaliam o perfil do participante (Questionário de


Perfil), dor (Questionário de Histórico da Dor e Inventário Breve de Dor),
comportamentos de depressão e ansiedade (Escala HAD), qualidade de vida
(WHOQOL-BREV) e aceitação da dor crônica (Questionário de Aceitação da
Dor Crônica).

((!

!
RESULTADOS

Os resultados serão apresentados inicialmente pelas medidas


secundárias:

1. Dor (Diário da Dor e Inventário Breve de Dor)

2. Ansiedade e depressão (HAD)

3. Qualidade de vida (WHOQOL-BREV)

4. Aceitação da dor crônica (Questionário de Aceitação da Dor Crônica)

A seguir, são apresentadas as medidas primárias referentes ao diário da


dor e o tempo de fala dos participantes na sessão:

1. Respostas nos episódios de dor

2. Respostas após a sensação da dor

3. Respostas antecedentes à sensação de dor

4. Seqüência de respostas

5. Tempo de fala na sessão

Medidas secundárias

1. Dor

A Figura 5 representa a intensidade da dor para cada participante


retirada dos registros do diário da dor (média semanal) e do Breve Inventário
de Dor Crônica (intensidade da dor nas últimas 24 horas) nas semanas da
pesquisa. As sessões ocorreram entre os ponto representados nas semanas. A
linha representa a média da intensidade de dor na semana de cada
participante, e os pontos são os dados do Breve Inventário de Dor Crônica, que
forneceu informações de como estava a pior, a melhor e a dor média nas
últimas 24 horas, assim como estava a dor no momento da coleta.

()!

!
Participante L

O relato da pior, melhor, média e a dor no momento da aplicação


mantiveram-se iguais antes e durante a intervenção. Após a intervenção a pior
e melhor dor aumentaram, e a média e atual diminuíram. No seguimento, a
melhor e a média da dor aumentaram, a pior dor não ocorreu nas últimas 24
horas, e a dor atual caiu para 0. Depois do aumento da dor média semanal na
primeira sessão (de 5,3 para 5,6), a intensidade da dor caiu e se manteve entre
a intensidade 4 e 5 até a primeira falta de L, na sessão 5. Deste ponto em
diante a intensidade da dor alterna entre aumentar depois das faltas e sessões,
e diminuir após os feriados. Os dois pontos maiores de dor média semanal (7,1
e 6,2) ocorreram após as faltas de L.

Participante A

A pior e atual dor mantiveram-se iguais antes e durante o tratamento. A


média e melhor dor aumentaram durante o tratamento. A dor pior, atual, melhor
e média aumentaram após o tratamento, e a pior dor e a média se mantiveram
assim no seguimento. A melhor e atual dor diminuiram no seguimento. A média
semanal, assim como para L, teve um aumento após a primeira sessão,
seguido por uma diminuição após a segunda, porém voltou a aumentar na
terceira sessão (sessão que começou a tratar da aceitação e os participantes
falaram de suas famílias) e no feriado. Após a quarta sessão (sobre valores,
ações e eventos aversivos nessas ações; sessão interrompida por
atendimentos médicos dos participantes) a média semanal caiu e se manteve
nos níveis iniciais entre as intensidades 7 e 8 até o fim das sessões.

Participante J

A pior, melhor, média e dor atual foram 0 para as duas medidas antes da
intervenção. Durante a intervenção, a dor pior e a melhor aumentaram, e
voltaram a 0 após a intervenção e no seguimento. A dor média manteve-se em
0 antes do tratamento, aumentou durante e depois (intensidade 10), e no
seguimento voltou para 0.

(*!

!
Figura 5: Intensidade da dor medida numa escala de 0 (sem dor) a 10
(pior dor possível) no decorrer das semanas da pesquisa. A linha corresponde
à média semanal da intensidade da dor registrada no diário da dor, os
marcadores isolados correspondem às informações retiradas do Breve
Inventário de Dor Crônica. A linha pontilhada indica o início das sessões; a

(+!

!
linha contínua, o fim; o asterísco, semanas sem sessão devido à feriados; e as
setas marcam as faltas de cada participante.

A dor atual foi 0 em todos os momentos de coleta. A média semanal da dor


antes da intervenção foi 0, após a primeira sessão aumentou (9), continuou
aumentando após sua falta na semana seguinte (10) e caiu no feriado na outra
semana (0). Manteve-se assim até o fim da intervenção, com excessão da
semana 11 em que faltou e sua dor aumentou (10). Para a participante J, os
dois pontos mais altos de intensidade de dor também foram após suas faltas.

Em geral, a dor medida pelo Breve Inventário de Dor Crônica e o diário


da dor variaram com a intervenção. Porém a dor atual, que foi a pergunta
referente a como estava a dor no momento da aplicação do Breve Inventário de
Dor Crônica, esta diminuiu após a intervenção (de 4 para 2) e no seguimento
chegando a 0 para L, manteve-se 0 em todas as medidas para J, e A teve um
aumento na pós intervenção de 1 ponto (de 5 para 6), e diminuiu no
seguimento (4). A teve o resultado mais amênuo quanto a dor atual. Isto
provavelmente se deve a uma complicação com sua bomba de morfina no fim
do tratamento, que parara de funcionar. Esta situação só piorou no seguimento
em que estava com uma infecção hospitalar no corte da cirurgia da bomba, que
não estava funcionando também.

2. Ansiedade e depressão

A Figura 6 representa os níveis de ansiedade e depressão, medidos pela


escala HAD. A pontuação de 0 a 8 é considerada sem ansiedade ou
depressão, e acima disso é considerado com ansiedade ou depressão.

Participante L

A ansiedade medida por meio da escala HAD aumentou de antes para


durante a intervenção (de 9 para 10), continuou aumentando após a
intervenção (12), e diminuiu no seguimento (7). Sendo assim L entrou na
pesquisa com ansiedade e no seguimento não mais, segundo a escala HAD. A
depressão aumentou durante a intervenção, diminuiu após e aumentou no

(,!

!
Figura 6: Nível de ansiedade e depressão medidos pela escala HAD no
decorrer das semanas da pesquisa. De 0 a 8 pontos não é considerado que a
pessoa tenha depressão ou ansiedade, acima disso sim. A linha pontilhada

(-!

!
indica o início das sessões; a linha contínua, o fim; e o asterísco, semanas sem
sessão devido à feriados.

seguimento, mantendo-se no mesmo nível anterior a intervenção, que indica


ausência de depressão (7).

Participante A

A ansiedade diminuiu durante a intervenção (de 13 para 10), aumentou


um ponto após a intervenção e manteve-se assim no seguimento (11, com
ansiedade). A depressão aumentou durante a intervenção e após (de 6 para 8
e para 9), e retornou ao nível 6 no seguimento (sem depressão).

Participante J

A ansiedade foi diminuindo nos dois momentos antes da intervenção,


durante a intervenção e após (de 11, para 10, 7 e 4). No seguimento houve um
aumento para 7. A depressão aumentou da primeira medida antes da
intervenção para a segunda (de 11 para 12), diminuiu durante a intervenção e
após (11 e 9), e aumentou um ponto no seguimento (10). J iniciou a pesquisa
com ansiedade e depressão e terminou sem ansiedade e com índices menores
de depressão.

Comparando as medidas antes da intervenção e no seguimento, a


ansiedade de todos os participantes diminuiu e a depressão se manteve igual
para o grupo 1 (L e A) e diminuiu para o grupo 2 (J).

3. Qualidade de vida

A Figura 7 representa a pontuação no questionário WHOQOL-BREV.


Este questionário mede a qualidade de vida em quatro domínios: físico,
psicológico, meio ambiente e relações sociais. Dentro de cada domínio, de 0 a
2,9 pontos indicam que há a necessidade de melhorar o domínio, de 3 a 3,9 é
considerado regular, de 4 a 4,9 é bom, e de 5 em diante, muito bom.!

Participante L

).!

!
As medidas domínio físico e psicológico estavam em índices
classificados como necessita melhorar antes da intervenção, durante e após,
mas no seguimento aumentou e passou a ser regular. A medida meio ambiente
manteve-se regular em todos os momentos da aplicação do questionário. As
relações sociais necessitavam melhorar antes e durante a intervenção, após a
intervenção ficaram regulares, e no seguimento aumentou para boas.

Participante A

Seu domínio físico estava regular antes e durante a intervenção,


diminuiu necessitando melhorar após a intervenção, e aumentou voltando
novamente ao índice anterior e durante a intervenção - regular - no
seguimento. O domínio psicológico ficou regular antes, durante e após a
intervenção, abaixando até necessitar melhorar no seguimento. As relações
sociais estavam boas antes e durante a intervenção, diminuiu após a
intervenção até necessitar melhorar, e aumentou para boa no seguimento. O
meio ambiente estava bom antes da intervenção, e passou a ficar regular
durante, após a intervenção e no seguimento.

Participante J

Seu domínio físico começou regular na primeira aplicação do


questionário antes da intervenção, diminuiu ainda antes da intervenção na
segunda aplicação para índice classificado como precisa melhorar, aumentou
durante a intervenção para regular, diminuiu após a intervenção para valores
semelhantes aos anteriores à intervenção – precisa melhorar, e aumentou
voltando ao regular no seguimento. O domínio psicológico necessitava
melhorar nas duas aplicações do questionário antes da intervenção, e durante,
após e no seguimento aumentaram para regular. As relações sociais estavam
boas na primeira aplicação antes da intervenção, diminuíram para necessita
melhorar na segunda aplicação, aumentaram para boa durante a intervenção,
diminuíram para regular após a intervenção e voltaram para boa no
seguimento. O meio ambiente estava necessitando melhorar nas duas
aplicações antes da intervenção, aumentaram para regular durante a
intervenção e após, e retornaram a necessidade de melhorar no seguimento.
)%!

!
Figura 7: Pontuação no questionário WHOQOL-BREV no decorrer das
semanas da pesquisa. Nessa escala, o domínio que tiver de 0 a 2,9 necessita
melhorar, de 3 a 3,9 está regular, de 4 a 4,9, bom, e 5, muito bom. A linha
pontilhada indica o início das sessões; a linha contínua, o fim; e o asterísco,
semanas sem sessão devido à feriados.

)&!

!
Comparando a primeira aplicação do questionário (antes da intervenção)
e o seguimento, todos os domínios de L melhoraram, com exceção do meio
ambiente, que se manteve na mesma faixa, o domínio físico e as relações
sociais de A, mantiveram-se na mesma faixa e o domínio psicológico e o meio
ambiente pioraram, e todos os domínios de J mantiveram-se na mesma faixa
com exceção do domínio psicológico que melhorou. Para todos os participantes
as relações sociais melhoraram, mesmo não mudando de faixa para A e J.

4. Aceitação da dor crônica

A Figura 8 representa os resultados obtidos pelas aplicações do


questionário Aceitação da Dor Crônica. Nesse questionário há a pontuação em
quanto o participante se engaja em atividades e quanto aceita a sensação da
dor crônica. Essas duas subescalas compõem a aceitação da dor crônica
segundo este questionário.

Participante L

Durante a intervenção, comparado com antes, a aceitação da dor


crônica aumentou e o engajamento em atividades diminuiu. Após a intervenção
o engajamento em atividades aumentou e a aceitação da dor crônica diminuiu,
e se mantiveram assim no seguimento.

Participante A

Apresentou a mesma movimentação de L antes e durante a intervenção,


porém após teve uma diminuição seguida de um aumento no seguimento de
ambos os índices.

Participante J

O engajamento em atividades aumentou da primeira para a segunda


aplicação de questionário antes da intervenção, e continuou aumentando
durante a intervenção. Após a intervenção e no seguimento, o engajamento em
atividades diminuiu, porém continuou mais alto do que na primeira aplicação de
questionário, mas inferior à segunda.

)'!

!
!

Figura 8: Pontuação no Questionário de Aceitação da Dor Crônica no


decorrer das semanas da pesquisa. A linha pontilhada indica o início das
sessões; a linha contínua, o fim; e o asterísco, semanas sem sessão devido
aos feriados.

)(!

!
A aceitação da dor crônica diminuiu da primeira aplicação de
questionário para a segunda, aumentou durante a intervenção, continuou
aumentando após a intervenção e diminuiu no seguimento, ficando menor do
que na primeira aplicação de questionário.

No total da escala, unindo aceitação da dor crônica e engajamento em


atividades, A teve um aumento, comparando antes da intervenção e no
seguimento (de 46 para 64), e L e J tiveram uma leve diminuição e aumento,
respectivamente (L foi de 58 para 54 e J foi de 33 para 35).

Medidas primárias

1- Respostas nos episódios de dor

O Diário da Dor é analisado pela categorização das respostas verbais


registradas no Diário do Participante. A instrução é que quando os participantes
sentissem dor, registrassem a data, hora, a intensidade da dor de 0 a 10, onde
estavam, com quem estavam, o que estavam fazendo, o que pensaram e
sentiram, o que fizeram frente a dor e o que aconteceu depois. Essa seqüência
de estímulos e respostas é considerada neste trabalho um episódio de dor.
Esse registro foi analisado categorizando as respostas dos participantes nas
seguintes categorias:

. Respostas de atividade – descrição de respostas, desde atividades


motoras como “fazendo comida”, “passeando”, “caminhada”, “alongamento”,
“tomei um chuveiro” e “de saída para a academia”, até respostas de baixa
movimentação, porém que caracterizam atividades de lazer ou estudo, como
“vendo TV”, “conversando”, “aguardando a consulta”, “no culto” e “estudando”.
Essa categoria aparece como situação antecedente e subseqüente à sensação
de dor.

. Respostas de repouso – respostas em que o participante está


exclusivamente parado ou dormindo, como “dormi”, “tentei dormir”, “deitei”,
“descansando”, “fiquei na cama” e “parei”. Assim como a categoria “respostas

))!

!
de atividade”, esta categoria também aparece como situação antecedente e
subseqüente à sensação de dor.

. Respostas de tomar medicação – respostas de se medicar, como


“tomei 2 voltarens”, “apliquei morfina”, “tomei dois comprimidos de analgésico”,
“tomei comprimido” e “tomei medicação”. Essa categoria e as seguintes
aparecem apenas como subseqüente à sensação de dor.

. Respostas emocionais aversivas – descrição de respostas emocionais


aversivas como “senti impaciência”, “fiquei inquieta”, “nervoso”, “agoniado”,
tenso”, “desanimado”, “impaciente” e “ansiedade”. Nessa categoria se aplica
também a descrição de sensações desagradáveis como “dores”, “desconforto
nas pernas”, “queimação” e “pontadas”.

. Respostas emocionais prazerosas – respostas emocionais prazerosas


como “alívio”, “calmo”, “descansado”, “relaxamento muscular”, “senti prazer em
receber alguns amigos”, “prazer em viajar” e “tranqüilo”.

. Respostas de pensar na eliminação da dor – respostas de pensar em


eliminar a dor, ou o próprio pensamento sobre a dor, como “livrar-me da dor”,
“queria morrer” e “ procurei não pensar”.

. Respostas de pensar em atividade – respostas de pensar sobre alguma


atividade, como “em continuar na sala de aula”, “queria dormir” e “em continuar
estudando”.

. Respostas de expressão emocional – respostas de expressão


emocional, como “chorei muito”, “gemi”, “dei uma gemida forte”, e “xinguei”.

Considerando a dor crônica como uma estimulação aversiva recorrente,


o objetivo do tratamento baseado na ACT é estimular ações que sejam
passíveis de reforçamento positivo e diminuir as respostas de esquiva e ou
fuga da dor que restrinjam o repertório do indivíduo. Essa categorização do
diário da dor tem como objetivo analisar a ocorrência de atividade durante ou
após os episódios de dor e a relação entre elas.

2 - Respostas após a sensação da dor

)*!

!
As perguntas no diário da dor referentes às respostas após a sensação
da dor (o que pensou e sentiu, o que fez frente à dor e o que aconteceu depois)
foram agrupadas em dois conjuntos de categorias: as categorias que indicam
possibilidade de reforçamento positivo (respostas de atividade, respostas de
pensar em atividades, respostas emocionais prazerosas e respostas de
expressão emocional) e as que indicam possibilidade de reforçamento negativo
(respostas de medicação, respostas de repouso, respostas de pensar na
eliminação da dor e respostas emocionais aversivas). Esses dois conjuntos
serão referenciados neste trabalho como RPRP (respostas potencialmente
reforçadas positivamente) e RPRN (respostas potencialmente reforçadas
negativamente). Na Figura 9, estão representados, para cada uma dos
participantes, estes dois conjuntos de respostas nas semanas da pesquisa
(painéis das esquerda) e o total de episódios de dor e média semanal da
intensidade da dor (painéis da direita). A linha pontilhada indica o início das
sessões; a linha contínua, o fim; o asterísco, semanas sem sessão devido à
feriados; e as setas marcam as faltas de cada participante.

. Participante L

Para a participante L, as respostas potencialmente reforçadas


positivamente (RPRP) oscilam semelhantemente com o número de episódios
de dor, isto é, quando o número de episódios de dor aumenta, o número de
RPRP também aumenta, e vice versa. Essa oscilação conjunta dessas
variáveis ocorrem em 7 das 11 semanas em que o dado foi coletado. Essa
relação não se deve ao fato da participante apenas registrar as respostas
quando tem dor, pois essa proporção entre RPRP e episódios de dor (RPRP
dividida pelo número de episódios de dor ANEXO I) mantém uma relação
semelhante (em 6 das 11 semanas de coleta).

As respostas potencialmente reforçadas negativamente (RPRN) oscilam


com a média semanal da intensidade de dor (9 das 11 semanas) e mantêm
uma relação inversa com as RPRP e o número de episódios de dor por
semana. Essa relação inversa é observada em 10 das 11 semanas entre as

)+!

!
RPRP e RPRN, e em 8 das 11 semanas entre o número de episódios de dor e
a média semanal da intensidade da dor.

Figura 9: Número de respostas potencialmente reforçadas positivamente


(RPRP) e respostas potencialmente reforçadas negativamente (RPRN) por
semana (painéis da esquerda) e número de episódios de dor e sua intensidade
média (painéis da direita) por semana. A linha pontilhada indica o início das
sessões; a linha contínua, o fim; o asterísco, semanas sem sessão devido aos
feriados; e as setas marcam as faltas de cada participante.

),!

!
Essas relações indicam que L oscila entre situações em que emitiu mais
respostas potencialmente reforçadas positivamente (RPRP) após a sensação
de dor quando o número de episódios de dor aumentava e sua intensidade
diminuía. E quando a intensidade da dor era maior, ocorriam menos vezes e
ela emitia mais RPRN.

A intervenção teve o seguinte efeito nas variáveis RPRP e RPRN. Após


a primeira sessão, RPRP aumenta e RPRN diminui. Após a sessão 2 até a
sessão 5 as respostas potencialmente reforçadas negativamente (RPRN) se
mantêm entre 10 e 9 ocorrências por semana que é aproximadamente metade
do que emitia antes e após a primeira sessão; e as respostas potencialmente
reforçadas positivamente (RPRP) alternaram-se, aumentando após a sessão 2,
diminuindo após a 3, aumentando após o feriado e diminuindo após a sessão 4
(está oscilação corre entre 17 a 24 vezes por semana) todas em números
acima do de linha de base. Na sessão 5 em que L falta as RPRP caem para 0
e as RPRN aumentam um pouco de 10 para 13 ocorrências na semana. A
partir desse ponto essas variáveis alternam-se até o fim da intervenção em
geral entre números inferiores aos de linha de base. Nos dois feriados
restantes, assim como no primeiro, RPRP aumenta (17 e 12 ocorrências) e
RPRN diminui (1 e 8 ocorrências). Nas sessões após o feriado (as sessão 6 e
7) RPRP diminui (7 e 4 ocorrências) e RPRN aumenta (16 e 15).

. Participante A

Destaca-se o número de respostas registradas por A. A comparação dos


valores dos eixos relativos ao número de respostas é diferente. Não foram
igualados para evitar que as curvas dos outros participantes ficassem
achatadas. Para o participante A, as respostas potencialmente reforçadas
positivamente (RPRP), respostas potencialmente reforçadas negativamente
(RPRN), número de episódios de dor por semana e a média semanal da
intensidade da dor variaram de forma semelhante. As RPRN aumentaram e
diminuíram em todas as semanas conforme a intensidade da dor aumentava ou
diminuía, mesmo que essa variação da intensidade tenha sido bem pequena
(entre 7,03 e 8,74). As respostas potencialmente reforçadas negativamente

)-!

!
(RPRN) e intensidade da dor tiveram variações semelhantes com o número de
episódios de dor em 9 das 11 semanas, e as respostas potencialmente
reforçadas positivamente (RPRP) tiveram variações semelhantes com o
número de episódios de dor em 6 das 11 semanas. Em geral quando A tinha
dor com mais frequência, aumentava sua intensidade, suas RPRP e
principalmente suas RPRN.

Como estas quatro variáveis oscilam de forma semelhante, uma


hipótese era o fato do participante apenas registrar as RPRP e RPRN nos
episódios de dor, logo seria esperado elas variassem juntas. Para testar essa
hipótese, o número de RPRP e RPRN foi dividido pelo número de episódios de
dor chegando a uma proporção de RPRP e RPRN em relação aos episódios de
dor que possibilita observar as variações de RPRP e RPRN independente da
quantidade de vezes que o participante teve dor naquela semana (ANEXO I).
Para as participantes L e J, as oscilações de RPRP e RPRN não mudaram
quando convertidas para esta proporção, mas para A sim. Considerando os
valores absolutos e a proporção de resposta, a intervenção teve o seguinte
efeito nas variáveis RPRP e RPRN:

- com o inicio da intervenção (1ª sessão) RPRN aumenta e RPRP


mantém-se igual. Como há um aumento de episódios de dor,
proporcionalmente as RPRP e RPRN diminuem o valor, ou seja o participante
parece diminuir suas emissões de RPRP e RPRN com o início da intervenção
(após sessões 1 e 2) em cada episódio de dor, comparando com antes da
intervenção.

- após a sessão 3 até a sessão 5 segue um padrão de pequeno aumento


de ambas RPRP e RPRN após as sessões e nos feriados uma diminuição das
RPRP e um aumento das RPRN, considerando os valores de RPRP e RPRN
em proporção (ANEXO I); estas oscilações ocorrem em sua maioria abaixo da
linha de base. Após a sessão 4 há uma diminuição de RPRN e RPRP mantém-
se igual, porém é apenas porque há uma acentuada diminuição dos episódios
de dor (de 69 por semana após a primeira sessão, de 31 a 27 entre as sessões
2 e 4, para 15 episódios de dor por semana após a sessão 4);

*.!

!
- após a sessão 5 (em que L faltou) até a sessão 7 há um pequeno
aumento de RPRP e uma pequena diminuição de RPRN após as sessões (5 e
e uma pequena diminuição de RPRP e um pequeno aumento de RPRN após
os feriados, como observado em todos os feriados durante a intervenção.
Essas relações são observadas com os valores de RPRP e RPRN em
proporção (ANEXO I), os valores absolutos (Figura 9) apontam diferenças nas
RPRN (aumentam após as sessões 5 e 6 e diminuem após o feriado entre
essas sessões). Nesse período entre após a sessão 5 até a 7, os valores em
proporção de RPRP ficam levemente superiores à linha de base (e abaixo se
considerado os valores absolutos), e a proporção de RPRN está a cima da
linha de base (e abaixo chegando próximo da linha de base em valores
absolutos). Cabe destacar que o número de episódios de dor por semana que
passa a aumentar após a sessão 5 até a última semana de coleta do Diário da
Dor, com exceção do feriado seguinte a sessão 5 em que diminui. Mesmo com
esse aumento do número de episódios de dor após a sessão 5, A apresentava
55 episódios de dor por semana antes da intervenção e termina a com 43.
Considerando que nas últimas semanas de intervenção A estava com a bomba
de morfina desativada e não sabia, este resultado tem uma relevância para
compreensão dos dados.

- após a sessão 7 (em que L faltou), há uma pequena diminuição de


RPRP e um pequeno aumento de RPRN.

. Participante J

J teve apenas três semanas com episódios de dor durante a


intervenção. Ocorreram após a primeira sessão (um episódio) e as duas outras
nas semanas após as duas faltas de J. Seu padrão de dor é intenso, com
poucos episódios e poucas respostas por episódio, prevalecendo RPRN. Na
primeira semana com dor, após a primeira sessão, ocorreu apenas um episódio
de dor. Comparando as próximas duas semanas com dor após as faltas, não
há diferenças na média da intensidade da dor, mas há uma diminuição da
ocorrência dos episódios (de 7 após a 1ª falta para 1 após a 2ª falta), das
RPRN (de 15 para 1) e das RPRP (de 1 para 0).

*%!

!
Na Figura 10 está representado o número das diferentes respostas que
foram reunidas na Figura 9 como respostas potencialmente reforçadas
positivamente (RPRP) e as respostas reunidas como potencialmente
reforçadas negativamente (RPRN) nas semanas da pesquisa. As respostas
analisadas como potencialmente reforçadas positivamente (RPRP) - respostas
de atividade, respostas de expressão emocional, respostas emocionais
prazerosas e respostas de pensar na atividade - são apresentadas nos painéis
da esquerda. As respostas analisadas como potencialmente reforçadas
negativamente - respostas de repouso, respostas de tomar medicação,
respostas emocionais aversivas e respostas de pensar sobre a eliminação da
dor – são apresentadas nos painéis da direita. A linha pontilhada indica o início
das sessões; a linha contínua, o fim; o asterísco, semanas sem sessão devido
à feriados; e as setas marcam as faltas de L e J. Um aspecto a ser destacado é
a diferença dos valores dos eixos relativos ao número de respostas. O gráfico
do participante A tem valores muito maiores que os dos outros participantes
dado o maior número de registros trazido por ele.

Esperava-se um aumento em todas as variáveis que compõe as RPRP


com a intervenção.

. Respostas de atividade

Respostas de atividade são as de maior número entre as classificadas


como RPRP para L e A. Para L, elas aumentam mantendo em geral valores
maiores que os de linha de base. Só em três momentos esses valores são
inferiores à linha de bases (suas duas faltas e após a sessão 6). Para A, os
valores são bastante superiores quando comparado aos outros participantes,
elas aumentam na primeira sessão e a seguir diminuem, voltando a aumentar
após a sessão 5, mas sempre em números de respostas abaixo dos de linha
de base. J apenas apresentou uma emissão deste tipo de respostas durante as
duas primeiras semanas de intervenção.

*&!

!
Figura 10: Número de respostas emitidas após a sensação de dor
registradas no diário da dor por semana que indicam a possibilidade de
reforçamento positivo (paineis da esquerda) e a possibilidade de reforçamento
negativo (paineis da direita) no decorrer das semanas da pesquisa. A linha
pontilhada indica o início das sessões; a linha contínua, o fim; o asterísco,
semanas sem sessão devido à feriados; e as setas marcam as faltas de cada
participante.

*'!

!
. Respostas de expressão emocional

As respostas registradas no diário assim categorizadas diminuíram ao


longo das sessões para L e para A. L apresentou duas respostas antes e
depois da primeira sessão e não apresentou mais esse tipo de resposta. A teve
uma queda inicial de respostas de expressão até a sessão 4. Da sessão 4 em
diante apresentou aumento de respostas de expressão após as sessões e
diminuição após os feriados. Nota-se que os registros destas respostas por L e
por A sempre foram em número menores dos que os da linha de base em
todas as semanas da pesquisa.

J não apresentou esse tipo de resposta.

. Respostas emocionais prazerosas

Ocorreu em baixa frequência para todos os participantes. L e A


apresentaram algumas antes da primeira sessão e um pequeno aumento no
começo da intervenção (na segunda e primeira sessão, respectivamente). Esta
resposta é registrada apenas uma vez por J.

. Respostas de pensar sobre a atividade

A intervenção aumentou a ocorrência de respostas de pensar sobre a


atividade para L até a sessão 5 em que faltou. Na semana seguinte do feriado
volta ao nível anterior, porém decai no restante das semanas. A apresentou
apenas duas respostas de pensar sobre a atividade antes da primeira sessão e
J não apresentou esse tipo de resposta.

Com a intervenção era esperado que as variáveis que compõe as RPRN


diminuíssem. Há maior ocorrência de diversas respostas categorizadas como
RPRN.

. Respostas de repouso

Observa-se na Figura 10 que após as sessões 1 e 2 as respostas de


repouso diminuem para L. Depois disso seguem um padrão de aumentarem

*(!

!
após a sessão e diminuírem depois do feriado. Este aumento, exceto após a
última sessão, nunca chega a números superiores aos de linha de base. Para
A, as respostas de repouso aumentam após a primeira sessão, diminuem até
depois da sessão 3, e passam a aumentar, com exceção dos dois últimos
feriados em que diminui um pouco e como para L apenas na última sessão o
número de resposta é superior ao de linha de base. J apenas apresenta
respostas de repouso depois de sua primeira falta.

. Respostas de tomar medicação

A intervenção diminuiu as respostas de tomar medicação de L até a


sessão 5 em que falta. A partir desse ponto, as respostas de medicação
aumentam após as sessões e diminuem após os feriados. A apresenta um
aumento das respostas de medicação após a primeira sessão, uma diminuição
grande após a segunda sessão (de 31 ocorrências para 9), um aumento após a
sessão 3, uma diminuição até a sessão 5, e a partir da sessão 5 há um
aumento até o fim da intervenção. Estas flutuações no número de respostas de
tomar medicação, que ocorrem após a primeira sessão para os dois
participantes, nunca foram superiores aos números identificados na linha de
base. Este é um resultado interessante, pois a sessão 5 dizia respeito à
aceitação da dor crônica e deste ponto em diante A passa a emitir mais
respostas de atividade e também de medicação, é como se ele esquivasse da
sensação da dor mas não de suas atividades. J só emitiu essa resposta uma
vez em sua primeira falta, apesar de apresentar registros de dor de alta
intensidade em 3 semanas da pesquisa, como observa-se na Figura 9.

. Respostas emocionais aversivas

A intervenção teve um leve aumento das respostas emocionais


aversivas de L e depois diminuiu até a sessão 5, em que novamente mantém
seu padrão de aumentar após as sessões e diminuir depois dos feriados,
nunca chegando a valores superiores aos que foram registrados antes do início
das sessões. Isto também ocorre com A que tem também um aumento das
respostas emocionais aversivas após a primeira sessão, uma diminuição
grande após a segunda (de 60 para 30 ocorrências), se mantém até a sessão 4
*)!

!
em que diminui mais (para 16 ocorrências) e após a sessão 5 volta a aumentar
e se mantém entre 37 e 48 até o fim da intervenção. A foi um participante com
grande número de registro em todas as categorias. Para estas respostas foram
observados valores muito superiores às suas outras respostas (o que exigiu
alteração do valor do eixo). Essa oscilação indica que após as intervenções de
aceitação (vide pg. 35) na sessão 5, A passa a emitir mais respostas
emocionais aversivas. J emitiu apenas uma resposta emocional aversiva após
sua segunda falta.

. Respostas de pensar em eliminar a dor

A intervenção diminuiu as respostas de pensar em eliminar a dor para L


e para A. Para L ocorre uma diminuição sistemática até o feriado, e a partir
deste ponto começa a aumentar. Após a sessão 5 em que faltou, as respostas
de pensar em eliminar a dor voltam a diminuir, após a sessão 6 aumentam um
pouco, diminuem na semana seguinte do feriado e permanecem assim nas
últimas sessões em número baixo. L apresentava 5 respostas antes da
intervenção e ao fim 2. Para A, a ocorrência dessa resposta diminuiu de 9
antes da intervenção para 0 após a segunda sessão. Depois da sessão 3
ocorre uma resposta e não mais no restante da intervenção. J apresenta uma
resposta depois da primeira sessão, 6 depois de sua primeira falta e nenhuma
mais.

3. Respostas antecedentes à sensação de dor

As respostas emitidas antes da sensação dolorosa registradas no diário


da dor (o que estava fazendo) foram as classificadas como respostas de
atividade ou repouso. Na Figura 11, está representado o número de respostas
de atividade e repouso antecedentes à sensação de dor por semana (painéis
da esquerda) e número de episódios de dor e sua intensidade média (painéis
da direita) por semana. A linha pontilhada indica o início das sessões; a linha
contínua, o fim; o asterísco, semanas sem sessão devido à feriados; e as setas
marcam as faltas de cada participante.

**!

!
Figura 8: Número de respostas de atividade e repouso antecedentes à
sensação de dor por semana (painéis da esquerda) e número de episódios de
dor e sua intensidade média (painéis da direita) por semana. A linha pontilhada
indica o início das sessões; a linha contínua, o fim; o asterísco, semanas sem
sessão devido à feriados; e as setas marcam as faltas de cada participante.

. Participante L

L teve dor mais vezes quando estava emitindo uma resposta classificada
como atividade do que em repouso. Isto se inverte apenas nas duas semanas

*+!

!
em que L faltou. São nestas duas semanas que são registrados maiores
intensidade de dor.

Para L, a variável resposta de atividade oscila igual à variável RPRP


após a sensação de dor (Figura 9 e 11). Assim, em geral, se L está em
atividade antes de ter dor, sua dor será mais amena, a frequência mais
constate e será mais provável que emita RPRP depois da sensação de dor. A
variável resposta de repouso mantém semelhanças com as oscilações de
RPRN em 8 das 11 semanas de coleta do Diário da Dor. Assim quando L está
em repouso, sua dor é mais intensa, menos frequente e é mais provável que
emita RPRN após a sensação de dor.

Assim quando L está em repouso, sua dor é mais intensa, menos


frequente e é mais provável que emita RPRN após a sensação de dor. As
demais análises do efeito da intervenção em RPRP e RPRN valem para as
respostas de atividade e repouso antecedentes à sensação de dor.

. Participante A

Há um número muito maior de registros deste participante do que dos


outros (o eixo com número de respostas e de episódios de dor é muito maior)
Para A as dores ocorrem também na maioria das vezes quando ele está em
atividade. As respostas de atividade antecedentes à sensação de dor mantêm
relações de oscilações semelhantes entre as variáveis RPRP em 8 das 11
semanas e entre RPRN em 10 das 11 semanas; e as respostas de repouso
com as RPRN e as RPRP em 7 das 11 semanas (Figuras 9 e 11).

Ambas as situações em que ele está emitindo respostas de atividade e


as situações que está em repouso aumentam após a primeira sessão. Este
aumento é muito maior das respostas de atividades e também há um aumento
na média da intensidade da dor. Após esta sessão elas diminuem a níveis
abaixo aos do de linha de base até a sessão 5, com exceção de um leve
aumento nas situações em que está em repouso após a sessão 2 (de 12 para
13) e um aumento de situações em que está emitindo respostas de atividade
após a sessão 3 (de 18 para 23). Após a sessão 5 há um aumento de
situações em que está emitindo respostas de atividade (de 12 para 30), uma
*,!

!
diminuição após o feriado na semana seguinte, um aumento após a sessão 6 e
o próximo feriado, e uma diminuição após a sessão 7 (24, 29, 34 e 32). As
situações de dor quando está em repouso após a sessão 5 seguem um padrão
de aumentarem após as sessões e diminuírem após os feriados.

Em geral, a partir da intervenção observa-se uma diminuição do número


de episódios de dor que se iniciam quando A está emitindo respostas de
atividade e repouso até a sessão 5. Após ela os episódios de dor passam a
aumentar, sempre em números inferiores aos de linha de base, as dores que
ocorrem quando A está em repouso oscilam em aumentar após a sessão e
diminuir após o feriado. É como se após a sessão 5, que foi uma sessão
marcante para A pelos exercícios de aceitação, ele voltasse a sentir mais
constantemente a dor, a manter-se mais em atividades antes e depois da
sensação de dor (Figura 9), assim como emitir as outras RPRP, e a ter dor
quando está repousando mais depois que tem sessão do que nas semanas de
feriado (embora em geral seu nível de respostas de repouso antes da
sensação de dor tenha oscilado pouco, de 3 a 13 em toda intervenção).

. Participante J

Os dados dos registros de J sobre as condições antecedentes são muito


poucos. Após a primeira sessão, J emitiu uma resposta de atividade e outra de
repouso antes da sensação de dor, e na sua primeira falta, uma de atividade e
5 de repouso. Essas foram todas as respostas antecedentes de J.

4. Seqüência de respostas

A análise do diário de dor permitiu analisar sequencias de respostas. Isto


foi feito por meio da identificação de padrões de sequencias de eventos que
foram observados ao se analisar as seguintes perguntas: o que estava fazendo
(quando sentiu a dor), o que pensou e sentiu, o que fez frente a dor e o que
aconteceu depois (perguntas do Diário da Dor, ANEXO A).

. Participante L

*-!

!
Quando a dor se iniciava em momentos de repouso, geralmente tinha
maior intensidade (6 a 8 na escala de 10) e gerava uma seqüência de
repouso, respostas emocionais aversivas, algumas respostas de pensar em se
livrar da dor, respostas de se medicar e mais respostas de repouso. L teve ao
todo 79 episódios de dor em 78 dias. Dentre eles, 27 foram de episódios de dor
intensa (maior ou igual a 6), apenas 7 envolviam respostas de atividades (todos
a partir da primeira sessão). Destes 7 episódios de dor forte com atividades,
em 5 a dor iniciou-se quando L emitia respostas de atividade, e destes apenas
em um caso ela terminou o episódio repousando, nos demais se manteve em
atividade. Os 2 episódios que se iniciaram com repouso e após a dor L emitiu
respostas de atividade envolviam respostas de se medicar em que a dor
passava. A ocorrência de dor amena (menor ou igual a 5) em repouso foi 7
episódios. Com base nesses dados para a participante L, a ocorrência de
respostas de repouso mostrou-se ocasião em que ocorria dor intensa. Quando
a dor intensa iniciou-se em uma atividade, foi mais provável que L se
mantivesse na atividade do que emitisse respostas de repouso (4 episódios
para 1).

. Participante A

A foi o participante com maior registro de episódios de dor, 410


episódios num período de 78 dias. Desses 410 episódios, apenas em 56 A
estava numa resposta de atividade e após a dor terminou o episódio com uma
resposta de repouso. Alguns padrões se repetem nestes 56 episódios, na
maioria deles A estava com sua mulher (49 episódios) e/ou vendo TV (28
episódios, sendo que em 3 ele estava sozinho) e/ou tomando café (15
episódios). A recorrência destes episódios no café da manhã pode estar
relacionada à rotina de A que não tem um trabalho que exija que ele acorde em
determinado horário, as condições físicas da dor ao acordar e questões de
convivência entre A e sua mulher.

Neste sentido A manteve-se bastante ativo mesmo na presença da dor.


Os 354 episódios restantes eram episódios que iniciavam e terminavam com
respostas ou de repouso ou de atividade, ou episódios em que iniciava com

+.!

!
respostas de repouso e terminavam com de atividade, todos caracterizando
situações em que a dor não influenciou no que A fazia (seja atividade ou
repouso), ou situações em que embora estivesse em repouso e com dor, A
emitiu respostas de atividade.

Em contraposição às respostas potencialmente reforçadas


negativamente, A apresentou registros categorizados como “nada”, que indica
em sua maioria que A não fez nada em relação à dor e permaneceu na
atividade que estava. A categoria de respostas “agüentar” parece ter uma
função semelhante pois aparece no lugar de respostas de medicação, em
episódios em que A se “contrai” ou “segura” e deixa de tomar remédios ou
acionar a bomba de morfina.

. Participante J

O diário da dor não foi um instrumento interessante para obtenção de


dados da participante J. Ela utilizava morfina frente ao início da dor, e não
chegava a registrar esse momento nem a considerá-lo como dor, apenas
registrou os episódios em que a morfina acabava e sua dor alcançava de 8 a
10 de intensidade (na escala de 0 a 10 de intensidade de dor). J apresentou
também dificuldade na escrita, o que pode ter influenciado a frequência dos
registros, entre outras atividades de lição de casa.

Devido à quantidade pequena de dados do diário da dor de J, não há


como analisar seqüências que se repetem. Uma característica que se
evidencia é a quantidade de respostas de repouso alta (14 de 27 respostas ao
todo). Com base no relato e atividades durante a sessão, J descrevia seus
episódios de dor dizendo que ficava muito agitada e nervosa, chorava e
mobilizava seus familiares. Com o decorrer das sessões e o trabalho focado
nas relações familiares e assertividade, J passou a relatar que nos episódios
de dor ficava quieta e deitada. Além de mobilizar menos seus familiares, disse
que se sentiu melhor pois após a dor passar, não se sentiu exausta da agitação
e os sentimentos aversivos também passaram mais rápido junto com a dor, em
vez de perdurar durante alguns dias após a dor.

+%!

!
A seqüência de resposta de atividade, sensação de dor e resposta de
repouso (seqüência ADR) é a típica seqüência de esquiva em que o
participante está em atividade, sente a dor e para sua atividade para repousar.
Essa seqüência é considerada problemática pois indica que a dor está
restringindo as atividades do participante. No caso da dor crônica, que é
presente no cotidiano, esse padrão ADR prejudica a qualidade de vida.

Os episódios em que o participante já está em repouso e permanece


assim ao fim não foram considerados como ADR, nem quando o participante
está em uma atividade e termina o episódio em outra, ou quando começa em
repouso e termina em atividade. Isto não significa que a seqüência ADR aqui
referida esgote as respostas de esquiva da estimulação dolorosa. Respostas
de atividade podem ter função de esquiva e respostas de repouso podem ser
reforçadas positivamente. Porém o critério utilizado é a diminuição das
atividades.

Segue a ocorrência de seqüências ADR para cada participante (Figura


12).

Figura 12: Número de seqüências de resposta de atividade, sensação de


dor seguida por resposta de repouso (seqüência ADR) de cada participante por
semana. A linha pontilhada indica o início das sessões para o grupo 1 (L e A); a
+&!

!
linha contínua, o inicio das sessões para o grupo 2 (J); o asterísco, semanas
sem sessão devido à feriados; e as setas marcam as faltas de cada
participante.

L apresentou seqüências ADR antes da intervenção, após o primeiro e


último feriado, e após a sessão 6.

A teve um grande aumento de seqüências ADR após a primeira sessão


(de 3 para 14), diminuiu para entre 2 e 3 até a sessão 4. Depois da sessão 4
fica entre 4 e 5 até o último ferido, diminuindo para 2 e aumentando para 12
após a sessão 7.

J teve duas semanas com sequencias ADR, após a primeira sessão e na


semana sequinte em que faltou.

5. Tempo de fala na sessão

O tempo de fala na sessão pode indicar uma maior participação do


sujeito na intervenção e o tempo de fala com o outro participante (para o grupo
1) pode indicar uma melhora nas habilidades sociais.

A porcentagem de tempo em que cada participante falou nas sessões é


apresentada na Figura 13.

L falou em geral mais que A. Aumentou sua porcentagem de tempo de


fala da primeira para a segunda sessão, e diminuiu na sessão 3 e 4 chegando
próximo à primeira sessão. Faltou na sessão 5 e manteve sua porcentagem de
fala na sessão 6. Faltou novamente na sessão 7 e na sessão 8 aumentou sua
porcentagem de tempo de fala.

L era sensível à atenção da terapeuta, que após a primeira sessão


passou a solicitar mais a participação de A para equilibrar a participação de
ambos L e A nas sessões. Isto se traduz na queda do tempo de fala nas
sessões 3 e 4 até a falta de L na sessão 5. E para A na leve diminuição da
porcentagem de fala da sessão 1 para a 2, e o aumento que se seguiu nas
sessões 3, 4 e 5. Na sessão 6 em que L está presente, a porcentagem de fala
+'!

!
de A diminui um pouco, sobe novamente na sessão 7 em que está apenas ele,
e volta a cair com a presença de L na sessão 8.

Figura 10: Porcentagem de tempo de fala de cada participante nas


sessões (painel de cima) e porcentagem de tempo de fala de L com a e de A
com L (painel de baixo).

Quanto a interação entre L e A, eles começam a intervenção pouco


conversando (deve-se observar que o valor máximo do eixo de porcentagem
deste gráfico é 50), aumenta um pouco na sessão 2 e diminui para 0 na sessão
3. Na sessão 6, após a sessão 5 com apenas A, A fala mais com L, que fala
um pouco com A. na sessão 8 ambos falam pouco um com o outro.
+(!

!
J mantém sua porcentagem de fala na sessão próximos a 50%, com um
aumento na sessão 7 (83%) e uma diminuição na sessão 8 (62%).

+)!

!
DISCUSSÃO

Os objetivos desta pesquisa foram investigar os efeitos da ACT em

pacientes com dor crônica, mais especificamente do protocolo “Uma

Abordagem Baseada em Aceitação” (“Live with Chronic Pain: An Acceptance-

based Approach”), desenvolvido por Kevin E. Vowles e John T. Sorrell (2007),

em três participantes do Centro de Reabilitação e Hospital Dia de um hospital

público da cidade de São Paulo sobre comportamentos frente à dor dos

participantes expostos a sessões orientadas por este protocolo. Buscou-se

verificar se a participação em sessões de ACT, em contexto de hospital

público, esta relacionada à diminuição de comportamentos de fuga e esquiva

na presença da dor e o engajamento em ações que produzam reforçamento

positivo. Estes efeitos da intervenção foram avaliados por meio de medidas de

fontes diversas: questionários, observação e autorregistro.

Os efeitos da intervenção foram avaliados por meio de medidas


primárias e secundárias.

A comparação das medidas secundárias obtidas antes com as obtidas


durante a intervenção, imediatamente após a intervenção e no seguimento
permite identificar efeitos. Os efeitos da intervenção nos índices medidos foram
os seguintes:

. Intensidade da dor - Há uma diminuição da intensidade da dor atual


relatada (obtida pelo questionário Breve Inventário de Dor Crônica) e um
aumento a dor classificada como melhor, para os participantes do Grupo 1.
Estas oscilaram durante o tratamento, porém a dor atual e a melhor dor destes
participantes melhoraram no seguimento comparado com medidas anteriores à
intervenção (de 4 para 0 para L e de 5 para 4 para A – dor atual; de 2 para 8
para L e de 1 para 5 para A - melhor dor). Para o participante do J que inicia a
+*!

!
intervenção em semana posterior não há alteração na maioria das medidas. A
melhora na intensidade da dor também foi observada nos estudos de Vowles,
McCracken e Eccleston (2005 e 2007), Dahl, Wilson e Nilsson (2004), Vowles,
Wetherell e Sorrell (2008) e Wicksell, Melin e Olsson (2007). Nesses estudos
há apenas a mensuração da dor numa escala de 0 a 10.

. Número de episódios de dor – foi o resultado mais importante, tanto em


termos de valores como clinicamente. L teve menos episódios de dor durante
toda a intervenção em comparação com a semana antecedente, com exceção
de uma semana após o último feriado em que teve a mesma quantidade de
episódios de dor que tinha antes da intervenção (8). Na semana em que faltou
na sessão 5, chegou em seu número mais baixo, com 3 episódios na semana.
A, com exceção da primeira semana de intervenção em que o número de
episódios de dor aumentou, passou o resto da intervenção com bem menos
episódios de dor por semana, chegando a 15 episódios na semana após a
sessão 4, sendo que seu nível de linha de base era 55. J não apresentou
episódios de dor antes da intervenção, e durante em apenas 3 semanas (após
primeira intervenção e em suas duas faltas). Estes resultados são compatíveis
com a melhora significativa de dias doentes encontrada no estudo de Dahl,
Wilson e Nilsson (2004).

. Ansiedade – comparando antes da intervenção e no seguimento, a


ansiedade melhorou para todos os participantes (de 9 para 7 para L, de 13
para 12 para A, e de 11 para 7 para J). Vowles, McCracken e Eccleston (2005)
e Vowles, Wetherell e Sorrell (2008) também obtiveram melhoras nos índices
de ansiedade em seus estudos com ACT e dor crônica.

. Depressão – Não demonstrou efeito para o grupo 1 e ocorreu uma


pequena melhora para a participante do grupo 2 (de 11 para 10 para J). Este é
um resultado mais ameno do que as melhoras nos índices de depressão
encontradas nos outros estudos (McCracken, Vowles e Eccleston, 2005 e
2007, e Vowles, Wetherell e Sorrell, 2008).

. Qualidade de vida – Comparando as medidas obtidas antes da


intervenção e no seguimento, observa-se que L melhorou em todos os
++!

!
domínios com exceção do meio ambiente que se manteve igual. A manteve-se
na mesma faixa no domínio físico e nas relações sociais, e piorou o meio
ambiente e o domínio psicológico; e J manteve-se igual com exceção do
domínio psicológico que melhorou.

Para todos os participantes, as relações sociais melhoraram, mesmo


não mudando de faixa. Na pesquisa de Dahl, Wilson e Nilsson (2004), eles não
obtiveram resultados significativos quanto à qualidade de vida. McCracken,
Vowles e Eccleston (2005 e 2007) encontraram melhoras em incapacidades
físicas e psicossociais.

. Aceitação da dor crônica – A e J obtiveram melhora no total da escala


de aceitação da dor crônica comparando antes da intervenção e o seguimento
(de 46 para 64 para A e de 33 para 35 para J), e L piorou um pouco (de 58
para 54). Quanto às sub escalas de engajamento em atividades e aceitação da
dor crônica, L manteve-se na mesma faixa de engajamento em atividades e
piorou um pouco sua aceitação da dor crônica, comparando os índices antes
da intervenção e no seguimento; A também manteve-se na mesma faixa de
engajamento em atividades e melhorou a aceitação da dor crônica; e J
melhorou o engajamento em atividades e piorou a aceitação da dor crônica. As
pesquisas de McCracken, Vowles e Eccleston (2005), Vowles, McCracken e
Eccleston (2007), Vowles, McNeil, Gross, McDaniel, Mouse, Bates, Gallimore e
McCall (2007) e Vowles, Wetherell e Sorrell (2008) obtiveram
resultadosmelhores quanto à aceitação do que no presente estudo.

. Medicação – L diminuiu a utilização de medicamentos a partir da


intervenção e não teve nenhum momento em que voltou ao nível anterior às
sessões. A, com exceção do aumento no número de medicações após a
primeira sessão, diminuiu a utilização de medicação durante a intervenção,
aumentando para cima da linha de base apenas nas últimas 3 semanas em
que sua bomba de morfina não estava mais funcionando. J teve apenas uma
resposta de medicação em sua primeira falta. A diminuição de medicação
utilizada também foi relatada por Wicksell, Melin e Olsson (2007) em seu
estudo.

+,!

!
. Repouso – Em geral a intervenção diminuiu a ocorrência de respostas
de repouso após a sensação de dor. Para L, das 10 semanas de intervenção,
apenas na última teve um valor maior do que a linha de base (12 ocorrências e
10 na linha de base). Para A, das 10 semanas que ocorreram a intervenção,
em 7 A apresenta números menores de respostas de repouso após a sensação
de dor do que na linha de base (24 ocorrências por semana). J teve uma
resposta de repouso após a dor depois da primeira sessão e 13 na semana
seguinte em que faltou, depois não apresentou mais esse tipo de resposta.
Como não teve episódios de dor antes da intervenção, essas duas semanas
foram acima da linha de base. Com exceção de J, esses achados são
compatíveis com a pesquisa de McCracken, Vowles & Eccleston, (2005), em
que a intervenção diminuiu as horas descansando ou dormindo devido à dor.

Em geral, a intervenção teve o seguinte efeito para cada participante:

.L

– diminuiu a ocorrência de episódios de dor (em 9 das 10 semanas


comparando com antes da intervenção);

- diminuiu a intensidade da dor segundo o Diário da Dor (em 6 das 10


semanas comparando com antes da intervenção), em relação ao Breve
Inventário de Dor Crônica, a intensidade da melhor dor e da média nas últimas
24 horas pioraram (comparando antes da intervenção com seguimento), a pior
dor não ocorreu no seguimento, o que indica uma melhora e a dor atual foi de 4
para 0 (antes da intervenção e seguimento);

- melhorou a ansiedade (comparando antes da intervenção com o


seguimento);

- não teve efeito quanto à depressão;

- melhorou a qualidade de vida, com exceção do meio ambiente que


continuou na mesma faixa;

- melhorou o engajamento em atividade e piorou a aceitação da dor


crônica;

+-!

!
- aumentou as RPRP até a sessão 5 em que faltou, a partir desse ponto
só tem uma semana (a do segundo feriado) em que emite RPRP em maior
número do que o da linha de base. De qualquer forma, teve valores maiores do
que na linha de base em 6 das 10 semanas de intervenção;

- diminuiu as RPRN, teve valores menores do que na linha de base em


toda a intervenção;

- aumentou as respostas de atividade antes da sensação de dor em 5


das 10 semanas de intervenção, manteve igual em 2 e abaixo do nível de linha
de base em 3 (as duas faltas e após a sessão 6);

- diminuiu a ocorrência de respostas de repouso antes da sensação de


dor em 9 das 10 semanas de intervenção;

- diminuiu a sequência resposta de atividade, sensação da dor e


resposta de repouso em 6 das 10 semanas em que ocorreu a intervenção, em
3 permaneceu igual e em 1 aumentou;

- aumentou a porcentagem de fala durante as sessões (comparando a


primeira com a última);

- aumentou a interação com o participante A (comparando a primeira


com a última sessão).

.A

– diminuiu a ocorrência de episódios de dor (em 9 das 10 semanas


comparando com antes da intervenção);

- aumentou a intensidade da dor segundo o Diário da Dor (em 9 das 10


semanas comparando com antes da intervenção), em relação ao Breve
Inventário de Dor Crônica, a intensidade da melhor dor, a pior e da média nas
últimas 24 horas pioraram (comparando antes da intervenção com
seguimento), a dor atual foi de 5 para 4 (antes da intervenção e seguimento);

- melhorou a ansiedade (comparando antes da intervenção com o


seguimento);

,.!

!
- não teve efeito quanto à depressão;

- piorou a qualidade de vida nos domínios psicológico e meio ambiente,


e manteve-se na mesma faixa nos domínios sociais e físicos;

- melhorou a aceitação da dor crônica e o engajamento em atividade


permaneceu igual;

- diminuiu as RPRP com exceção da semana após a primeira sessão em


que permaneceu igual para os valores absolutos. Considerando a taxa de
resposta, a intervenção inicialmente diminuiu as RPRP (até a sessão 4), e
aumentou até a última semana, em que diminui comparativamente com a linha
de base;

- diminuiu as RPRN, teve valores menores do que na linha de base em 8


das 10 semanas em que ocorreu a intervenção para valores absolutos, e
aumentou considerando a taxa de resposta em 7 das 10 semanas;

- diminuiu as respostas de atividade antes da sensação de dor em 9 das


10 semanas de intervenção;

- diminuiu a ocorrência de respostas de repouso antes da sensação de


dor em 7 das 10 semanas de intervenção, e na última foi igual a linha de base;

- aumentou a sequência resposta de atividade, sensação da dor e


resposta de repouso em 6 das 10 semanas em que ocorreu a intervenção, em
2 permaneceu igual e em duas diminuiu;

- diminuiu a porcentagem de fala durante as sessões (comparando a


primeira com a última);

- aumentou a interação com o participante L (comparando a primeira


com a última sessão).

.J

– aumentou a ocorrência de episódios de dor (em 3 das 10 semanas


comparando com antes da intervenção, o resto permaneceu em 0 como na
linha de base);
,%!

!
- aumentou a intensidade da dor segundo o Diário da Dor (em 3 das 10
semanas comparando com antes da intervenção), em relação ao Breve
Inventário de Dor Crônica, a intensidade manteve-se em 0 antes da
intervenção e no seguimento;

- melhorou a ansiedade (comparando antes da intervenção com o


seguimento);

- melhorou a depressão;

- melhorou a qualidade de vida no domínio psicológico e os outros


permaneceram na mesma faixa;

- melhorou o engajamento em atividade e piorou a aceitação da dor


crônica;

- aumentou as RPRP em uma ocorrência após a primeira falta, sendo


que não emitiu essa resposta em nenhum outro momento;

- aumentou as RPRN, teve valores maiores do que na linha de base em


3 das 10 semanas em que ocorreu a intervenção, nas restantes permaneceu
em 0;

- aumentou as respostas de atividade antes da sensação de dor em 2


das 10 semanas de intervenção, manteve igual nas outras semanas (0
ocorrências);

- aumentou a ocorrência de respostas de repouso antes da sensação de


dor em 2 das 10 semanas de intervenção, manteve igual nas outras semanas
(0 ocorrências);

- aumentou a sequência resposta de atividade, sensação da dor e


resposta de repouso em 2 das 10 semanas em que ocorreu a intervenção,
manteve igual nas outras semanas (0 ocorrências);

- aumentou a porcentagem de fala durante as sessões (comparando a


primeira com a última).

,&!

!
A intervenção teve efeitos distintos entre os participantes, e o
delineamento de base múltipla não foi útil para a observação do efeito dessa
variável pelo número de participantes, pela diferença dos participantes
pertencentes ao grupo 1 e o registro escaço da participante J no Diário da Dor.

Contudo o instrumento de autorregistro Diário da Dor mostrou-se


interessante para observar padrões de comportamento nas situações
problema, no caso o episódio de dor. Embora este instrumento esteja sucetível
à história de reforçamento particular de cada participante de registrar atividades
(tendo em vista o número variado de registros de cada participante).

O Diário da Dor foi preenchido por todos os participantes no decorrer de


11 semanas sem nenhum reforço específico da terapeuta. A hipótese baseada
no relato dos participantes é que a própria observação e descrição do episódio
de dor que o registro exige é um reforçador intrínseco para a emissão dessa
resposta. Além deste efeito, ele permitiu a auto-observação e identificação de
sequencias de comportamentos relacionados à dor. A exceção foi a
participante J, pois esta demonstrou dificuldades na escrita e considerava que
tinha dor apenas quando a bomba de morfina acabava antes de carregá-la
novamente. Nos demais momentos, sentia incômodo, acionava a bomba e não
registrava porque para ela aquilo não era dor. Assim apresentou poucos
registros.

A participante L lamentou que não haveria sessão no feriado na terceira


sessão (o feriado era na semana seguinte), que é quando começa uma
tendência de diminuição das emissões de RPRP até o fim da intervenção
(mesmo que oscilando). Nessa sessão e após as sessões seguintes, L
diminuiu suas RPRP e aumentou as RPRN, embora os números mais baixos
de RPRP ainda foram nas suas duas faltas (0 e 4). Esse padrão alterna-se com
os feriados, em que L relatava aproveitá-los bem, o que caracteriza o aumento
de RPRP e a diminuição de RPRN. Essa oposição que ocorria entre RPRP
junto com número de episódios de dor por semana e RPRN junto com a
intensidade da dor foi característica de seu padrão de dor crônica, em que
queria manter-se fazendo as atividades cotidianas como fazia antes da dor.

,'!

!
Esses padrões de comportamento nas sessões, feriados e faltas podem melhor
serem observados no anexo J, que consta duas tabelas (uma com os índices
referentes a variáveis que podem indicar reforçamento positivo, e outra com os
índices referentes a variáveis que podem indicar reforçamento negativo) para
cada participante com a relação de quanto aumentou ou diminuiu cada índice
medido na pesquisa em cada sessão, feriado e faltas.

Comparando com os outros participantes, L teve a maior taxa de RPRP


por episódio de dor, chegando a uma média semanal de 9,429 RPRP por
episódio de dor, enquanto os outros participantes tiveram seus maiores valores
em 1,114 para A e 0,143 para J (ANEXO I). Neste excesso de atividades
ocorre uma dor mais fraca, porém mais frequente, até a dor se intensificar e a
frequência de atividades diminuir (por exemplo após a sessão 5, na semana 7
na Figura 9).

Considerando esses padrões e relatos de L durante as sessões sobre


querer se comportar como antes da dor, a diminuição das RPRP junto com as
RPRN é um indicativo de que L passou a reagir menos à dor, podendo indicar
uma aceitação de sua condição de dor crônica. Comparando antes da
intervenção e após a sétima sessão (última coleta do Diário da Dor), ambas
RPRP e RPRN diminuíram. Embora o objetivo da intervenção fosse aumentar
as RPRP e diminuir as RPRN, no caso de L essa diminuição de ambas as
variáveis pode ter sido benéfica, uma vez que a diminuição de RPRP não
implicou em diminuir atividades significativas no cotidiano de L, como os cursos
que faz e sua convivência familiar e social (dados de relato de L durante as
sessões e seguimento).

Para o participante A, um indicativo do efeito da terapia aparece nos


feriados em que não há sessão e o participante apresenta um aumento de
RPRN e uma diminuição de RPRP. A iniciou a intervenção diminuindo suas
respostas (RPRP e RPRN) após a sensação de dor, como se estivesse
parando de fazer o que sempre fez (segundo os valores em taxa, ANEXO I).
Na sessão 3 ele e L falaram de reforçadores positivos (valores), em que a
temática familiar foi abordada e foi a primeira sessão feita numa sala (as

,(!

!
anteriores foram num canto da sala de espera). A hipótese é que falar de algo
significativo e com privacidade provavelmente aumentou a emissão de
respostas após a sensação de dor, tanto RPRP como RPRN. Na sessão 4
houve várias interrupções por motivos de consultas médicas dos participantes
e A falou mais quando estava sozinho com a terapeuta do que quando L estava
presente. A sessão seguinte, 5, foi individual com A em virtude da falta de L.
Nessa sessão foi trabalhados exercícios práticos de aceitação. A demonstrou-
se bastante impactado. Dessa sessão em diante o efeito esperado de aumento
de RPRP e diminuição de RPRN após as sessões foi observado, mesmo que
pequeno, com exceção da última semana de coleta, após a sessão 7 em que
estava apenas A, e que há um efeito inverso.

A participante J emitiu poucas respostas no Diário da Dor. Contudo, com


excessão de um episódio de dor após a primeira sessão, J registrou episódios
de dor em suas duas faltas. Da primeira para a segunda falta, a frequência dos
episódios de dor, as RPRN e RPRP diminuíram. J relata que anteriormente à
intervenção, ficava irritada, agitada, chorava e mobilizava a familia nos
episódios de dor. Conforme trabalhamos no decorrer das sessões outras
formas de comunicação e interação com a familia, J relatou ficar quieta e mais
calmas nos episódios de dor, o que lhe gerou uma recuperação mais rápida
após o episódio (antes ficava dias fisicamente exausta pela agitação) e sem a
culpa que tinha em trazer sofrimento e preocupação para os familiares.
Considerando esse relato de J, a diminuição de episódios de dor, RPRP e
RPRN foram consideradas pela participante como benéficas.

,)!

!
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Terapia de Aceitação e Compromisso parece benéfica para pessoas


com dor crônica baseado no efeito observado nestes três participantes desta
pesquisa, assim como as pesquisas envolvendo ACT e dor crônica
demonstram (Wicksell, Melin e Olsson, 2007; Dahl, Wilson e Nilsson, 2004;
McCracken, Vowles e Eccleston, 2005; Vowles, McCracken e Eccleston, 2007;
Vowles, McNeil, Gross, McDaniel, Mouse, Bates, Gallimore e McCall, 2007; e
Vowles, Wetherell e Sorrell, 2008). Outras pesquisas envolvendo mais
participantes com a população brasileira são necessárias para confirmar esse
achado.

Quanto à utilização do protocolo “Live with Chronic Pain: An Acceptance-


based Approach” (Vowles & Sorrell, 2007), é aconselhável uma proposta de
intervenção menos estruturada em que o terapeuta possa estar mais sensível
às contingências da sessão. Isto dificulta a replicação das intervenções
terapêuticas, porém aumenta sua qualidade.

A respeito das formas de mensuração dos resultados e processos


terapêuticos, os questionários forneceram informações gerais dos resultados
da intervenção. Porém o autorregistro Diário da Dor forneceu informações
sobre as contingências presentes quando os participantes tinham dor. Essas
informações permitem a análise de diversos padrões de comportamento e a
variação desses padrões em virtude de variáveis do processo terapêutico e
outras, como feriados. A coleta do Diário da Dor ocorreu em 11 semanas para
o grupo 1 e 12 para o grupo 2. Nesse período, somando os 3 participantes,
foram feitos 491 registros de episódio de dor (72 de L, 410 de A e 9 de J).
Nesses episódios foram descritas 1960 respostas (356 para L, 1578 para A e
26 para J). O Diário da Dor ainda forneceu informações sobre onde e com
quem o participante estava quando sentiu dor, que não foram analisadas nesta
pesquisa.

Devido à grande quantidade de informações que o Diário da Dor


possibilita, tal formato de autorregistro mostrou-se muito útil para a
,*!

!
investigação dos processos terapêuticos e para a análise das situações alvo de
intervenção.

,+!

!
REFERÊNCIAS

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Psicol. USP, São Paulo, v. 21, n. 2, jun. 2010 . Disponível em
<http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1
678-51772010000200006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 30 jan.
2012.
Dahl, J., Wilson, K., & Nilsson, A. (2004). Acceptance and Commitment
Therapy and the Treatment of Persons at Risk for Long-Term Disability
Resulting From Stress and Pain Symptoms: A Preliminary Randomized
Trial. Behavior Therapy, 35, 785-801.
Carvalho, M. M. J. (1999). Dor: Um Estudo Multidisciplinar. São Paulo:
Summus Editorial.
Fleck, M., Louzada, S., Xavier, M., Chamovich, E., Vieira, G., Santos, L. &
Pinzon V. (2000). Aplicação da versão em português do instrumento
abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref”. Revista
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em 07 de fevereiro de 2012, de
http://www.ufjf.br/psicologiaempesquisa/files/2011/01/v4n2a08.pdf
Hayes, S., Barnes-Holmes, D., & Roche, B. (2001). Relational Frame Theory: A
Post-Skinnerian Account of Human Language and Cognition. New York:
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Hayes, S., Strosahl, K., & Wilson, K. (1999) Acceptance and Commitment
Therapy: an experiential approach to behavior change. Estados Unidos:
The Guilford Press.
Johnston, J. M. & Pennypacker, H. S. (1993). Strategies and Tactics of
Behaviioral Research. New Jersey: Lawrence Erbaum Associates.
Marcolino, J., Mathias, L., Filho, L., Guaratini, A., Suzuki, F. & Alli, L. (2007).
Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão: Estudo da Validade de
Critério e da Confiabilidade com Pacientes no Pré-Operatório. Revista
Brasileira de Anestesiologia, 57, 52-62.
McCracken, L., Vowles, K., & Eccleston, C. (2005). Acceptance-based
treatment for persons with complex, long standing chronic pain: a
preliminary analysis of treatment outcome in comparison to a waiting
phase. Behaviour Research and Therapy, 43, 1335–1346.

,,!

!
Saban, M. (2008) Uma Leitura Behaviorista Radical da Terapia de Aceitação e
Compromisso. Trabalho de Conclusão de Curso em Psicologia.
Pontifícia Universidade Católica, São Paulo. 136 p.

Sidman, M. (2003). Coerção e suas Implicações. São Paulo: Editora Livro


Pleno.
Skinner, B. (2007). Ciência e comportamento humano. São Paulo: Livraria
Martins Fontes Editora Ltda.
Vowles, K., McNeil, D., Gross, R., McDaniel, M., Mouse, A., Bates, M.,
Gallimore, P., & McCal, C. (2007). Effects of Pain Acceptance and Pain
Control Strategies on Physical Impairment in Individuals With Chronic
Low Back Pain. Behavior Therapy 38, 412–425.
Vowles, K., McCracken, L., & Eccleston, C. (2007). Processes of change in
treatment for chronic pain: The contributions of pain, acceptance, and
catastrophizing. European Journal of Pain 11, 779–787.

Vowles, K., Wetherell, J., & Sorrel, J. (2008). Targeting Acceptance,


Mindfulness, and Values-Based Action in Chronic Pain: Findings of Two
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Wicksell, R., Melin, L., & Olsson, G. (2007). Exposure and acceptance in the
rehabilitation of adolescents with idiopathic chronic pain – A pilot study.
European Journal of Pain 11, 267–274.
!!!

!!!!

,-!

!
-.!

LISTA DE ANEXOS

ANEXO A - Diário da dor...................................................................................91

ANEXO B - Questionário de Perfil.....................................................................92

ANEXO C - Histórico da dor..............................................................................93

ANEXO D - Adaptação do Inventário Breve de Dor..........................................95

ANEXO E - WHOQOL-BREV............................................................................98

ANEXO F - Avaliação do Nível de Ansiedade e Depressão – Escala HAD....103

ANEXO G - Chronic Pain Acceptance Questionnaire (CPAQ)!!!!...!...107

ANEXO H – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................109

ANEXO I – Proporção de respostas................................................................114

ANEXO J – Sumarização dos dados...............................................................116

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ANEXO A - Diário da dor (adaptação do protocolo “Vivendo com Dor Crônica:


Uma Abordagem Baseada em Aceitação” (Vowles & Sorrell, 2007)

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ANEXO B - Questionário de Perfil (questionário baseado no protocolo da


equipe de psicologia do grupo de dor do ambulatório de ortopedia do Hospital
das Clínicas de São Paulo)

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ANEXO C - Histórico da dor (questionário baseado no protocolo da equipe de


psicologia do grupo de dor do ambulatório de ortopedia do Hospital das
Clínicas de São Paulo)

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ANEXO D - Adaptação do Inventário Breve de Dor (questionário desenvolvido


pelo grupo de pesquisa sobre dor do WHO Collaborating Centre for Symptom
Evaluation in Cancer Care - Centro colaborativo WHO para avaliação de
sintomas no cuidado do câncer)

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-+!

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-,!

ANEXO E - WHOQOL-BREV (questionário desenvolvido pelo Grupo WHOQOL


- Grupo de Qualidade da Vida da divisão de Saúde Mental da Organização
Mundial de Saúde, 1992)

WHOQOL-BREV

Instruções:

Este questionário é sobre com você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e
outras áreas de sua vida. Por favor, responda todas as questões. Se você não tem certeza
sobre que resposta dar em uma questão,por favor,escolha entre as alternativas a que lhe
parece mais apropriada.Esta,muitas vezes,poderá ser a sua primeira escolha.

Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós
estamos perguntando o que você acha de sua vida,tomando como referência as duas últimas
semanas. Por exemplo,pensando nas duas últimas semanas,uma questão poderia ser

Você recebe dos outros o apoio que necessita?

Nada Muito pouco Médio Muito Completamente

1 2 3 4 5

Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o
apoio que você necessitou nestas duas ultimas semanas. Portanto,você deve circular o 4 se for
“muito” apoio.Você deve circular o número 1 se você recebeu “nada” de apoio.

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número que lhe parece a
melhor repostas.

1.como você avaliaria a sua qualidade de vida?

Muito ruim Ruim Nem ruim nem Boa Muito boa


boa

1 2 3 4 5

2.Quão satisfeito você está com sua saúde?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito satisfeito


insatisfeito nem insatisfeito

-,!

!
--!

1 2 3 4 5

As questões seguintes são sobre quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas
duas semanas.

3.Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa?

Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

4.O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar a sua vida diária?

Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

5.O quanto você aproveita a vida?

Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

6.Em que medida você acha que sua vida tem sentido?

Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

7.Quanto você consegue se concentrar?

Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

8.Quão seguro você se sente em sua vida diária?

Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

9.Quão saudável é seu ambiente físico?

Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

--!

!
%..!

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de
fazer certas coisas nas últimas duas semanas.

10.Você tem energia suficiente para o seu dia-a-dia?

Nada Muito pouco Médio Muito Completamente

1 2 3 4 5

11.Você é capaz de aceitar sua aparência física?

Nada Muito Pouco Médio Muito Completamente

1 2 3 4

12.Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades?

Nada Muito pouco Médio Muito Completamente

1 2 3 4 5

13.Quão disponíveis estão para você as informações que precisa no seu dia-a-dia?

Nada Muito pouco Médio Muito Completamente

1 2 3 4 5

14.Em que medida você tem oportunidade de atividades de lazer?

Nada Muito pouco Médio Muito Completamente

1 2 3 4 5

As questões seguintes perguntam sobre quão satisfeito você se sentiu a respeito de vários
aspectos de sua vida nas ultimas duas semanas.

15.Quão bem você é capaz de se locomover?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito satisfeito


insatisfeito nem insatisfeito

1 2 3 4 5

16.Quão satisfeita você está com seu sono?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito satisfeito


insatisfeito nem insatisfeito

%..!

!
%.%!

1 2 3 4 5

17.Quão satisfeita você está com sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-
dia?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito Satisfeito


Insatisfeito nem insatisfeito

1 2 3 4 5

18.Quão satisfeita você está com a sua capacidade de trabalho?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito satisfeito


insatisfeito nem insatisfeito

1 2 3 4 5

19.Quão Satisfeito Você esta consigo mesmo?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito satisfeito


insatisfeito nem insatisfeito

1 2 3 4 5

20.Quão satisfeito você está com sua relações pessoais


(amigos,parentes,conhecidos,colegas)?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito satisfeito


insatisfeito nem insatisfeito

1 2 3 4 5

21.Quão satisfeito você está com a sua vida sexual?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito satisfeito


Insatisfeito nem insatisfeito

1 2 3 4 5

22.Quão satisfeito você está com o apoio que recebe dos seu amigos?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito Satisfeito


insatisfeito nem insatisfeito

1 2 3 4 5

23.Quão satisfeita você está com as condições do local onde mora?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito Satisfeito


insatisfeito nem insatisfeito

1 2 3 4 5

24.Quão satisfeita você está com seu acesso ao serviço de saúde?

%.%!

!
%.&!

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito


insatisfeito nem insatisfeito Insatisfeito

1 2 3 4 5

25.Quão satisfeito você está com o seu meio de Transporte?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito


insatisfeito nem insatisfeito insatisfeito

1 2 3 4 5

As questões seguintes referem-se à com que frequência você se sentiu ou experimentou


certas coisas nas últimas duas semanas.

26.Com que frequência você tem sentimentos negativos tais como mau
humor,desespero,ansiedade,depressão?

Nunca Algumas vezes Frequentemente Muito Sempre


frequentemente

1 2 3 4 5

OBRIGDO PELA SUA COLABORAÇÂO

%.&!

!
%.'!

ANEXO F - Avaliação do Nível de Ansiedade e Depressão – Escala HAD


(Zigmond & Snaith, 1983)

Avaliação do Nível de Ansiedade e Depressão – Escala HAD


(Zigmond, A.S., and Snaith, R.P. The Hospital Anxiety and Depression
Scale. Acta Psychiatrica Scandinavica 1983; 67, 361-370.)

Nome:
____________________________________________________________________________
______

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:>!?@:!;:!C:8;0!>@"14L!T05?@:!0C:80;!@>0!5:;C4;10!C050!E090!C:5R@810L!

1. Eu me sinto tensa (o) ou contraída (o).

( ) À maior parte do tempo

( ) Boa parte do tempo

( ) De vez em quando

( ) Nunca

2. Eu ainda sinto gosto pelas mesmas coisas de antes.

( ) Sim, do mesmo jeito que antes.

( ) Não tanto quanto antes

( ) Só um pouco

( ) Já não sinto mais prazer em nada

3. Eu sinto uma espécie de medo, como se alguma coisa ruim fosse


acontecer.
%.'!

!
%.(!

( ) Sim, e de um jeito muito forte.

( ) Sim, mas não tão forte.

( ) Um pouco, mas isso não me preocupa.

( ) Não sinto nada disso

4. Dou risada e me divirto quando vejo coisas engraçadas.

( ) Do mesmo jeito de antes

( ) Atualmente um pouco menos

( ) Atualmente bem menos

( ) Não consigo mais

5. Estou com a cabeça cheia de preocupações.

( ) A maior parte do tempo

( ) Boa parte do tempo

( ) De vez em quando

( ) Raramente

6. Eu me sinto alegre.

( ) Nunca

( ) Poucas vezes

( ) Muitas vezes

( ) A maior parte do tempo

7. Consigo ficar sentado à vontade e me sentir relaxado.

( ) Sim, quase sempre

( ) Muitas vezes

( ) Poucas vezes

%.(!

!
%.)!

( ) Nunca

8. Eu estou lenta (o) para pensar e fazer as coisas.

( ) Quase sempre

( ) Muitas vezes

( ) De vez em quando

( ) Nunca

9. Eu tenho uma sensação ruim de medo, como um frio na barriga ou um

aperto no estômago.

( ) Nunca

( ) De vez em quando

( ) Muitas vezes

( ) Quase sempre

10. Eu perdi o interesse em cuidar da minha aparência.

( ) Completamente

( ) Não estou mais me cuidando como deveria

( ) Talvez não tanto como antes

( ) Me cuido do mesmo jeito que antes

11. Eu me sinto inquieta (o), como se eu não pudesse ficar parada(o) em


nenhum lugar.

( ) Sim, demais

( ) Bastante

( ) Um pouco

( ) Não me sinto assim

%.)!

!
%.*!

12. Fico animada (o) esperando as coisas boas que estão por vir.

( ) Do mesmo jeito de antes

( ) Um pouco menos do que antes

( ) Bem menos do que antes

( ) Quase nunca

13. De repente, tenho a sensação de entrar em pânico.

( ) A quase todo momento

( ) Várias vezes

( ) De vez em quando

( ) Não sinto isso

14. Consigo sentir prazer quando assisto a um bom programa de televisão,de

rádio, ou quando leio alguma coisa

( ) Quase sempre

( ) Várias vezes

( ) Poucas vezes

( ) Quase nunca!

Escala de Ansiedade: _______ Escala de Depressão: _______

%.*!

!
%.+!

ANEXO G - Chronic Pain Acceptance Questionnaire – CPAQ (McCracken,


Vowles & Eccleston, 2004)

Questionário de Aceitação da Dor Crônica

Instrução: abaixo encontra-se uma lista de frases. Por favor, enumere as frases de
acordo com a seguinte escala. Por exemplo, se você acha que uma frase é ‘sempre’
verdade, escreva 6 ao lado dela.

0 1 2 3 4 5 6
Nunca é Muito Raramente Às vezes Normalmente Quase Sempre é
verdade raramente é verdade é verdade é verdade sempre é verdade
é verdade verdade

1. Eu estou seguindo com minha vida não importa quanta dor eu tenha…..
2. Minha vida está indo bem, mesmo eu tendo dor crônica.....
3. Tudo bem sentir dor….
4. Eu sacrificaria facilmente coisas importantes em minha vida para controlar
melhor esta dor….
5. Não é necessário para mim controlar minha dor para lidar bem com minha vida
....
6. Apesar das coisas terem mudado, eu estou vivendo uma vida normal mesmo
com a dor crônica….
7. Eu preciso me concentrar para me livrar da minha dor….
8. Há muitas atividades que eu faço quando sinto dor....
9. Eu posso ter uma vida plena apesar de ter dor crônica....
10. Controlar a dor é menos importante do que qualquer outro objetivo em minha
vida….
11. Meus pensamentos e sentimentos sobre dor devem mudar antes que eu possa dar
passos importantes na minha vida….
12. Apesar da dor, eu estou permanecendo com um certo rumo em minha vida….
13. Controlar meu nível de dor é a primeira prioridade toda vez que eu estou
fazendo alguma coisa….
14. Antes de fazer qualquer plano sério, eu tenho que conseguir controlar minha
dor.….

%.+!

!
%.,!

15. Quando minha dor agrava, eu ainda posso tomar conta das minhas
responsabilidades….
16. Eu terei melhor controle sobre minha vida se eu puder controlar meus
pensamentos negativos sobre dor….
17. Eu evito estar em situações onde minha dor pode agravar-se…..
18. Minhas preocupações e medos sobre o que a dor fará comigo são verdadeiros....
19. É um alivio perceber que eu não preciso mudar a minha dor para seguir em
frente com a minha vida….
20. Eu tenho que lutar para fazer as coisas quando eu tenho dor….

%.,!

!
%.-!

ANEXO H – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA


DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-HCFMUSP

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

_________________________________________________________________

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL


LEGAL

1. NOME: .:............................................................................. ...........................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº : ........................................ SEXO : .M □ F □


DATA NASCIMENTO: ......../......../......

ENDEREÇO ................................................................................. Nº ...........................


APTO: ..................

BAIRRO:.........................................................CIDADE........................................................

CEP:.........................................TELEFONE:DDD(............).................................................

2.RESPONSÁVEL LEGAL
............................................................................................................

NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.)


..................................................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE :....................................SEXO: M □ F □


DATA NASCIMENTO.: ....../......./......

ENDEREÇO: ............................................................................................. Nº ................... APTO:


.............................

BAIRRO: ................................................................................ CIDADE:


......................................................................

CEP: .............................................. TELEFONE: DDD


(............)..................................................................................

_______________________________________________________________________________________
_________

DADOS SOBRE A PESQUISA


%.-!

!
%%.!

1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Análise dos Efeitos da Terapia de Aceitação e


Compromisso em Grupo de Clientes com Dor Crônica

PESQUISADOR : Francisco Lotufo Neto

CARGO/FUNÇÃO: Psiquiatra INSCRIÇÃO CONSELHO


REGIONAL Nº 36108
UNIDADE DO HCFMUSP: Instituto de Psiquiatria

2. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA:

RISCO MÍNIMO X RISCO MÉDIO □


RISCO BAIXO □ RISCO MAIOR □

3.DURAÇÃO DA PESQUISA : Seis meses

%%.!

!
%%%!

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA


DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-HCFMUSP

A Terapia de Aceitação e Compromisso ensina a pessoa com dor a superar seus


problemas emocionais e a dor. A pessoa aprende a lidar com pensamentos e seu
impacto sobre sua vida, impedindo que a dor a domine. Ensina também a conhecer
quais são seus valores, sonhos, anseios de modo que a pessoa possa caminhar em
direção de sua realização.

Você está sendo convidado a participar de um grupo que irá aprender a aplicar esta
terapia em sua vida. Ela tem sido usada com muitos pacientes com dor crônica e tem
ajudado as pessoas a melhorar sua qualidade de vida.

Os participantes serão entrevistados, responderão a alguns questionários sobre como


estão se sentindo e participarão de quatorze ou dezesseis encontros, ao longo de
cerca de cinco meses. Nesses encontros, além de responderem aos questionários, os
participantes receberão psicoterapia em grupo num total de oito sessões. Algum
parente ou pessoa próxima também pode ser chamado para complementar as
informações necessárias para a pesquisa, caso o participante concordar.

4. Benefícios: Melhora na qualidade de vida e aprimoramento do tratamento


para outras pessoas.

5. Informações: Você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa


para esclarecimento de eventuais dúvidas. Os investigadores são Michaele Terena
Saban e Francisco Lotufo Neto, que podem ser encontrados no endereço Rua Doutor
Ovidio Pires de Campos, 785, Cerqueira Cesar – São Paulo/SP. CEP 05403-010
(Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
USP). Telefone: (11) 2661 6988. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a
ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua
Ovídio Pires de Campos, 225 – 5º andar – tel: 2661-6442 ramais 16, 17, 18 ou 20 – e-
mail: [email protected].
6. Garantias: É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer
momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de
seu tratamento na Instituição;
As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros profissionais,
não sendo divulgada a identificação de nenhum paciente;
%%%!

!
%%&!

Você tem o direito de obter informações sobre os resultados parciais das


pesquisas.

Os dados e o material coletado somente serão utilizados para esta pesquisa.

7. Despesas e compensações: Não há despesas pessoais para o participante


em qualquer fase do estudo, incluindo as consultas. Também não há compensação
financeira relacionada à sua participação.

%%&!

!
%%'!

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA

DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-HCFMUSP

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Análise dos efeitos da Terapia de
Aceitação e Compromisso em grupo de clientes com dor crônica”.

Eu discuti com Michaele Terena Saban ou Francisco Lotufo Neto sobre a minha
decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos
do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as
garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro
também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso
a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar
deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou
durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu
possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.

-------------------------------------------------

Assinatura do paciente/representante legal Data / /

-------------------------------------------------------------------------

Assinatura da testemunha Data / /

para casos de pacientes menores de 18 anos, analfabetos, semi-analfabetos ou


portadores de deficiência auditiva ou visual.

(Somente para o responsável do projeto)

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e


Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.

-------------------------------------------------------------------------

Assinatura do responsável pelo estudo Data / /

!
%%'!

!
%%(!

ANEXO I - Proporção de respostas

Tendo em vista que as respostas do diário da dor de qualquer categoria


ocorrem mediante a sensação de dor, o número de episódios de dorsemanal
de cada categoria de respostas foi dividida pelo número de episódios de dor.

Figura 14: Prorpoção de RPRP e de RPRN por episódios de dor nas


semana (painéis da esquerda) e número de episódios de dor e sua intensidade
média (painéis da direita) por semana. A linha pontilhada indica o início das

%%(!

!
%%)!

sessões; a linha contínua, o fim; o asterísco, semanas sem sessão devido à


feriados; e as setas marcam as faltas de cada participante.

%%)!

!
%%*!

ANEXO J – Sumarização dos dados

Segue duas tabelas para cada participante com a sumarização de todos


os dados da pesquisa. Na primeira tabela estão as variáveis que era esperado
um aumento com a intervenção e correnpondem à respostas ou contingências
envolvendo reforçamento positivo. Na segunda tabela estão as variáveis que
era esperado uma diminuição com a intervenção e correspondem à respostas
ou contingências envolvendo reforçamento negativo. Nas colunas estão o valor
inicial coletado na entrevista inicial de cada variável, depois cada sessão,
feriado, falta e seguimento, terminando com o total das sessões (somente a
soma das sessões e não do período em que estiveram em atendimento), o
total dos feriados, das faltas (para L e J que faltaram), e para o participante A a
soma das sessões anteriores e posteriores à sessão 5, que pareceu relevante
para o participante A. Somente o valor inicial corresponde ao valor medido pelo
instrumento da pesquisa, os demais valores da linha representam a variação
deste índice em cada sessão, feriado ou falta em relação ao valor da semana
anterior. Assim os valores positivos indicam que na semana da sessão, feriado
ou falta, aquele determinado índice aumentou o valor especificado na tabela
em relação à semana anterior, e os valores negativos indicam uma diminuição
do índice em relação à semana anterior. Para as primeiras tabelas de cada
participante os números positivos representam uma melhora, e os valores
negativos uma piora. E nas segundas tabelas de cada participante os valores
negativos representam uma melhora e os positivos uma piora. O valor
numérico de quando melhorou ou piorou deve ser interpretado de acordo com
a escala de cada instrumento, que consta no método (pg. 15 à 17).

%%*!

!
%%+!

Tabela 8. Sumarização dos dados da participante L das variáveis que indicam


possibilidade de reforçamento positivo!
Valor
1 2 3 F 4 5/Falta F 6 F 7/Falta 8 Seguimento Sessões Feriados Faltas
inicial

RPRP proporção 1,8 0,9 6,7 -6,6 0,3 -0,7 -2,4 2,8 -1,7 0,4 -1 -1,4 3,5 -3,4
-8
RPRP 15 4 5 -7 5 -5 -17 17 -10 5 -13 27 -25

Respostas de
12 5 5 -7 8 -7 -16 19 -11 6 -10 -15 33 -26
atividade

Respostas de
pensar sobre 3 0 2 -1 0 0 -4 4 -2 0 -1 -1 4 -5
atividade

Diário da
Dor Respostas
emocionais 2 0 1 -1 -1 0 -1 0 0 1 -1 0 0 -2
prazerosas

Respostas de
expressão 2 1 -3 0 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 0
emocional

Antecedente em
4 1 1 -2 2 -1 -4 6 -3 2 -4 -4 10 -8
atividade

Porcentagem de
38,7 21 -9,6 -8,9 -1,8 10,9 11,6
fala na sessão

Observação
Porcentagem de
fala com outro 1 3 -4 9 -4,4 1,3 4,9
participante

Âmbito físico 2,8 0 -0,1 0,3 0,2


Âmbito
psicológico 2,8 0 -0,2 0,4 0,2
Qualidade
de vida
Relações sociais 2 0 0,6 1,4
2

Meio ambiente
3,3 -0,2 0 -0,1 -0,3

Total de 58 1 -8 3 -4
aceitação
Aceitação
da dor Engajamento em
40 -5 7 1 3
crônica atividades

Aceitação 18 6 -15 2 -7
!

%%+!

!
%%,!

Tabela 9. Sumarização dos dados da participante L das variáveis que indicam


possibilidade de reforçamento negativo!
Valor
1 2 3 F 4 5/Falta F 6 F 7/Falta 8 Seguimento Sessões Feriados Faltas
inicial
RPRN
2,6 -0,1 -1,1 0,2 -0,4 0,2 2,9 -4,2 2,5 -1,6 1,1 1,7 -5,2 4
proporção

RPRN 21 -3 8 0 -1 1 3 -12 15 -8 7 21 -21 10

Respostas
10 -4 -4 3 -2 3 2 -8 8 -1 3 6 -11 5
de repouso

Respostas
de pensar
em 5 -1 -1 -1 1 1 -2 -1 2 -1 0 0 -1 -2
eliminação
da dor

Respostas
emocionais 5 1 -2 -1 -1 0 1 -3 4 -3 2 2 -7 3
aversivas
Diário da
Dor Respostas
de tomar 5 -1 -2 0 0 1 2 -3 4 -3 3 2 -6 5
medicação

Resposta de
atividade,
dor e 1 -1 0 0 1 0 -1 0 2 -1 -1 1 0 -2
resposta de
repouso

Antecedente
em repouso 4 -2 -1 1 -1 2 0 -3 3 0 3 3 -4 3

Frequência 8 -1 0 -1 1 0 -4 3 0 2 -1 -2 6 -5
da dor

Intensidade
5,3 0,3 -1,5 0,4 -0,5 0,7 2,5 -3,3 2,7 -1,2 1,9 2,6 -5 4,4
da dor

Pior 5 0 2 2
Breve
Melhor 2 0 5 1 6
Inventário
de Dor
Média 6 0 -1 2 1
Crônica
Agora 4 0 -2 -2 -4

Ansiedade 9 1 2 -5 -2
HAD
Depressão 7 2 -5 3 0
!

%%,!

!
%%-!

Tabela 10. Sumarização dos dados do participante A das variáveis que indicam
possibilidade de reforçamento positivo!
Efeito Efeito
antes depois
Valor
1 2 3 F 4 5 F 6 F 7 8 Seguimento Sessões Feriados da da
inicial
sessão sessão
5 5

RPRP 0,9 -0,2 -0,1 0,1 -0,2 0,4 0,2 -0,1 0 -0,1 -0,2 0,2 -0,4 0,2 0
proporção

RPRP 50 0 -31 3 8 0 25 -10 10 -2 -5 2 -4 -28 30

Respostas de
27 6 -18 3 8 2 18 4 7 4 -9 9 16 -7 16
atividade

Respostas de
pensar sobre 2 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -2 0 -2 0
Diário da atividade
Dor
Respostas
emocionais 6 4 -9 0 0 -1 2 -2 0 0 1 -3 -2 -6 3
prazerosas

Respostas de
expressão 15 -8 -4 0 0 3 5 -4 3 -6 3 2 -10 -9 11
emocional

Antecedente
42 13 -37 5 -3 -8 18 -6 5 5 -2 -6 -4 -27 21
em atividade

Porcentagem
- - 0,1 (- -7,6
de fala na 27,4 -6,6 1,3 5,4 11,5 36,5 -7,5
10,2 45,4 55,7) (48)
sessão
Observação
Porcentagem
de fala com -
0 2,3 -2,3 2,9 14,8 7,6 2,9 4,7
outro 10,1
participante

Âmbito físico 3,1 -0,1 0,3 0,3 0,5 -0,1 0,6

Âmbito
3,3 0,2 -0,2 0,5 0,5 0,2 0,3
psicológico
Qualidade
de vida Relações
4 0 -1,4 1,7 0,3 0 0,3
sociais

Meio
4 -0,8 0,1 0,5 -0,2 -0,8 0,6
ambiente

Total de
46 6 -9 22 19 6 13
aceitação

Aceitação
Engajamento
da dor 43 -9 -1 10 0 -9 9
em atividades
crônica

Aceitação 3 15 -8 12 19 15 4
!

!
%%-!

!
%&.!

Tabela 11. Sumarização dos dados do participante A das variáveis que indicam
possibilidade de reforçamento negativo!
Efeito Efeito
antes depois
Valor
1 2 3 F 4 5 F 6 F 7 8 Seguimento Sessões Feriados da da
inicial
sessão sessão
5 5

RPRN -
1,7 -0,1 -0,2 0,2 0,3 1,3 -0,1 0,2 -0,1 0 0,1 0,1 0,5 1,2
proporção 0,1

RPRN 96 20 -72 7 2 -20 42 -8 16 6 14 70 0 -65 72

Respostas de
23 10 -15 -7 2 -3 6 -3 10 -7 24 30 -8 -15 40
repouso

Respostas de
pensar em
9 -4 -5 1 -1 0 0 0 0 0 0 0 -1 -8 0
eliminação da
dor

Respostas
emocionais 51 10 -30 0 1 -15 26 -5 2 9 -1 31 5 -35 27
aversivas

Respostas de
Diário
tomar 24 7 -22 8 -1 -6 12 -1 8 1 -3 17 -1 -13 17
da
medicação
Dor
Resposta de
atividade, dor
3 11 -11 1 0 3 -1 0 1 -2 8 12 -2 4 8
e resposta de
repouso

Antecedente
em repouso
11 1 1 -5 1 -4 2 -1 4 -3 6 5 -3 -7 12

Frequência
55 14 -38 0 -4 -12 20 7 9 2 4 -3 5 -36 33
da dor

Intensidade 0,
7 0,8 -0,8 1 0,7 -1,4 0,4 -0,4 0,1 0 0,1 0,7 -0,4 0,5
da dor 4

Pior 8 0
1,5 -0,5 1 0 1

Breve Melhor 1 2
3 -1 4 2 2
Invent
ário
de Média 5 2
1 0 3 2 1
Dor
Crônic
a Agora 5 0
1 -2 -1 0 -1

Ansiedade 13 -3
1 0 -2 -3 1
HAD

Depressão 6 2
1 -3 0 2 -2
!

%&.!

!
%&%!

Tabela 12. Sumarização dos dados da participante J das variáveis que indicam
possibilidade de reforçamento positivo!
Valor 2e 4e
F 1 Falta F F Falta 6 7 8 Seguimento Sessões Feriados Faltas
inicial 3 5
RPRP
0 0 0 0,1 -0,1 0 0 0 0 0 0 0 -0,1 0,1
proporção
0 0 0 1 -1 0 0 0 0 0 0 0 -1 1
RPRP

Respostas 0 0 1 0 -1 0 0 0 0 0 0 1 -1 0
de atividade

Respostas
de pensar 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
sobre
atividade

Respostas
Diário da
emocionais 0 0 0 1 -1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Dor
prazerosas

Respostas
de
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
expressão
emocional

Antecedente
0 0 1 0 -1 0 0 0 0 0 0 1 -1
em atividade

Porcentagem
Observação de fala na 53,6 -6,9 2,4 33,5 -20,3 8,7
sessão

Âmbito físico 3,1 -0,6 1,2 -1 0,5 0,1

Qualidade Âmbito
2 0,8 0,5 0,3 -0,5 1,1
de vida psicológico

Relações 4 -2,7 2,7 -0,4 0,4 0


sociais

Meio 2,3 0,4 0,6 -0,2 -0,4 0,4


ambiente

Total de 15 16 4 -2 -8 10
aceitação
Aceitação
Engajamento
da dor 18 -12 11 8 -15 -8
em
crônica
atividades
33 4 15 6 -23 2
Aceitação
!

%&%!

!
%&&!

Tabela 13. Sumarização dos dados da participante J das variáveis que indicam
possibilidade de reforçamento negativo!
Valor 2e 4e
F 1 Falta F F Falta 6 7 8 Seguimento Sessões Feriados Faltas
inicial 3 5
RPRN
0 0 1 1,1 -2,1 0 0 1 -1 0 0 0 -2,1 2,1
proporção
0 0 1 14 -15 0 0 1 -1 0 0 0 -15 15
RPRN

Respostas 0 0 1 12 -13 0 0 0 0 0 0 1 -13 12


de repouso

Respostas
de pensar
0 0 1 5 -6 0 0 0 0 0 0 1 -6 5
em
eliminação
Diário da da dor
Dor
Respostas
0 0 0 0 0 0 0 1 -1 0 0 -1 0 1
emocionais
aversivas

Respostas
0 0 0 1 -1 0 0 0 0 0 0 0 -1 1
de tomar
medicação

Resposta
de
atividade, 0 0 1 0 -1 0 0 0 0 0 0 1 -1 0
dor e
resposta de
repouso

Antecedent
e em 0 0 1 4 -5 0 0 0 0 0 0 1 -5 4
repouso

Frequência 0 0 1 6 -7 0 0 1 -1 0 0 0 -7 7
da dor

Intensidade 0 0 9 1 -10 0 0 10 -10 0 0 1 -10 11


da dor
0 0 6 -6 0 0
Pior
Breve
0 0 2 -2 0 0
Inventário Melhor
de Dor
0 0 10 0 -10 0
Crônica Média
0 0 0 0 0 0
Agora
11 -1 -3 -3 3 -4
Ansiedade
HAD
11 1 -1 -2 1 -1
Depressão

%&&!

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