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(aixiro

Liahõna
A PRIM EIRA PRESIDÊNCIA

Spencer W. Kimball
N. Eldon T anner HISTÓRIAS E DESTAQUES
Marion G. Romney 1 Mensagem da Primeira Presidência: EXA M IN AIS
AS ESCRITURAS, Presidente Spencer W. Kimball.
4 Ensinar as Escrituras aos Nossos Filhos:
CON SELH O DOS D O ZE Ê SUA A RESPO N SABILID AD E, Tom G. Rose.
6 FA ZEN D O V IVER AS ESCRITURAS, Jeffrey R.
Ezra T aft Benson H olland.
M ark E. Petersen 22 D iário Mórmon
Delbert L. Stapley 22 ALMA 32 M UDOU M IN H A D ISPO SIÇ Ã O , Elmer J
LeGrand Richards Barberi.
H ow ard W. H unter 23 UM SUECO D O DAKOTA D O SUL E O LIV RO
G ordon B. Hinckley DE M Ó RM ON , G erald E. Jones.
Thomas S. Monson 25 M INH A AVÓ SO N H O U Q UE ESTAVA LENDO,
Boyd K. Packer Lucetta Atkinson.
Marvin J. Ashton 12 G RA FIC O C R O N O L Ó G IC O DO LIVRO
Bruce R. McConkie DE M Ó RM ON .
L. Tom Perry 11 Tenho um a pergunta.
D avid B. Haight 11 LIV RO DE M Ó RM ON — O LIV RO MAIS
C O R R ET O , Monte Nyman.
8 COMEÇA COM UMA FA M ÍLIA , A rthur R. Bassett
COM ITÊ DE SU PERV ISÃO 28 Tenho um a pergunta.
28 PO R QUE N EFI M ATOU LABÃO, Jeffrey R. Holland.
G ordon B. Hinckley 25 O LIV RO DE M ÓRM ON ME ENSINO U A BÍBLIA,
M arvin J. Ashton John F. H eidenreich.
L. Tom Perry 29 A tualidade.
Marion D. H anks 29 DADA A RELAÇÃO ENTRE O BISPO E O
James A. Cullimore PR ESID EN TE DOS ÉLDERES.
Robert D. Hales 30 PERFIL DE UM LÍD ER, José B. Puerta
33 MEU TESTEM U NH O
D ECLARAÇÕES DA IG R E |A SOBRE O ABORTO
ED ITO R DAS REVISTAS DA IG R E)A 34 “CADA MEMBRO UM M IS S IO N Á R IO ”, José B. Puerta
35 N O T IC IA S SOBRE O TEM PLO , M aria Antonia Brown
Dean L. Larsen 37 CON FERÊN CIAS DA ESTACA
SEÇÃO INFANTIL
13 UM CORAÇÃO EM PAZ.
EXECUTIV O D O IN TER N A T IO N A L 14 VOCÊ NÃO PO DE FICA R COM PLETAM EN TE
M AGAZINE SEM FAZER NADA.
Larry Hiller, Editor G erente 16 SÓ PARA D IV E R T IR .
Carol Larsen, E ditor Associado 18 JOSÉ, Brenda Broxham.
Roger Gylling, Desenhista 20 H IST Ó R IA S D O LIV RO DE M Ó RM ON (Hino)
MARCADOR DE LIVRO — SUPLEMENTO
i. Estudo do Livro de Mórmon.
EXECUTIV O DA “A L IA H O N A ” ii. Form ulário para A ssinaturas de A Liahona
iii. M arcador de Livro do Livro de Mórmon
José B. Puerta, C oordenador de Línguas (lista de leitura).
José G. F. da Silva, C orrespondente 27 AS SETE L IN H A G E N S DE LEHI
Moacir S. Lopes, Supervisor de Layout

R E G IS T R O : está assen tad o no c a d astro d a D IV IS Ã O D E C E N S U R A D E D IV E R S Õ E S P Ú B L IC A S , do D .P .F ., sob


CAPA: o n.9 1151-P 209/73 d e a c o rd o com as n o rm as em vigor.
S U B S C R IÇ Õ E S : T o d a a co rresp o n d ên c ia sobre assin atu ras d ev e rá ser en d e re ç a d a ao D ep a rta m en to de Assinaturas,
N o ssa capa p in ta d a p e la a r tista C aixa Postal 19079, São P aulo, S P . P reço d a assin atu ra a n u a l p a ra o B rasil: Cr$ 20,00; p a ra o ex te rio r, sim ples:
U S$ 5,00; a é re a : U S$ 10,00. P reço d o ex e m p lar avulso em nossa ag ê n cia: C r$ 2,00; ex e m p lar a tra s a d o : C r$ 2,50. As
L y le B e d d e s r e tr a ta o p r o fe ta E z e q u ie l, m u d an ças de en d ereço devem ser co m u n icad a s in d ican d o -se o an tig o e o novo en d ereço .
que p r o fe tiz o u o a d v en to de A L IA H O N A — c 1976 p ela C o rp o raçã o d a P re s id ê n c ia de A Ig re ja de Jesus C risto dos S antos dos Ü ltim o s D ias.
dois liv ro s de E s c r it u r a : a B íb lia e T odos os d ire ito s reservados. E d ição b rasileira d o « In te rn a tio n a l M agazine» de A Ig re ja de Jesus C risto dos Santos
o L iv r o de M órm on. dos Ü ltim o s D ias, acha-se re g istra d a sob o n ú m e ro 93 do liv ro B, n.<? 1, de M a tríc u la s e O ficin as Im pressoras d e Jo rn ais
O curso p a r a os p r ó x im o s dois anos da classe e P eriódicos, co n fo rm e o D e c re to n.9 4857 d e 9-11-1930. « In te rn a tio n a l M agazine» é p u b licad o , sob o u tro s títu lo s,
ta m b ém em alem ão , chinês, co rea n o , d in a m arq u ês, esp an h o l, fin lan d ês, fran cês, h o lan d ês, inglês, ita lia n o , japonês,
“D o u tr in a do E v a n g e lh o ” é
norueguês, sam o an o , sueco e to n g an ês. C o m p o sta pela L in o le tra , R. A bolição, 201, telefo n e 32-7743. Im p ressa pela
a v a ra de J o sé — L iv r o de M ó rm o n . E d ito ra G ráfica L opes, R. P erib e b u í n.«? 331, telefo n e 276-8222, S ão P au lo , S P. D ev id o à o rie n taçã o seg u id a p o r
C om esta edição esta rev ista, reservam o-nos o d ire ito de p u b lic a r so m en te os artig o s so licitad o s p ela red aç ão . N ão o b stan te, serão bem -
in tr o d u zim o s o curso do p r im e ir o ano, de vindas todas as colaborações p a ra ap re c ia ç ã o da re d a ç ã o e d a eq u ip e in te rn a c io n a l d o « In te rn a tio n a l M agazine». C o la­
1 N é f i a té A lm a c a p ítu lo 29. borações espontân eas e m a térias dos co rresp o n d en tes e s ta rã o su jeitas a ad ap taçõ es ed ito ria is.
Mensagem da Primeira Presidência

EXAMINAIS
AS
ESCRITURASPresidente Spencer W. Kimball

I
rmãos, meu propósito ao preparar esta mensagem passo adicional requerido — o de “prosseguirdes, ban-
é encorajá-los a estudar as Escrituras. “Examinais queteando-vos com a palavra de Cristo e perseveran-
as escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida do até o fim .” (2 Né. 31:19, 20; itálicos acrescidos.)
eterna, e são elas que de mim testificam .” (João Somente os fiéis receberão a recompensa prome­
5:39.) tida pelo Senhor, que é a vida eterna. Pois não pode­
Talvez vocês tenham notado que, durante muitos mos receber a vida eterna sem nos tornarmos “cumpri­
anos as Autoridades Gerais nos têm incentivado com dores da palavra” (Tiago 1:22) e valentes na obe­
frequência crescente e no espírito de amor, a adotar­ diência aos mandamentos do Senhor. E não podemos
mos um programa de estudo diário do Evangelho em nos tornar “cumpridores da palavra” sem primeiro
nossos lares, tanto individualmente como em grupo, nos tornarmos “ouvintes.” E tornarmo-nos “ouvintes”
com nossa família. Além disso, as obras-padrão subs­ não é simplesmente permanecer ociosamente de lado,
tituíram todos os outros materiais como textos para esperando pelas informações que nos cheguem por
acaso; mas sim procurar, estudar, orar e compreender.
estudo no currículo dos adultos da Igreja, e é rara a
Portanto, o Senhor disse: “E quem não recebe a
reunião que termina sem uma advertência inspirada
minha voz, não a conhece e não é meu.” (D&C
dos líderes do Sacerdócio para que leiamos e estu­ 84:52.)
demos as Escrituras.
Além do encorajamento e estímulo constantes
Cremos que tem havido uma sensível melhora. que recebemos de nossos líderes atuais da Igreja, os
Mais membros estão trazendo as Escrituras para as profetas antigos parecem clamar-nos em quase cada
reuniões apropriadas, e vêm preparados para o apren­ uma das páginas das Escrituras, incitando-nos a estu­
dizado e para os debates. De acordo com a inspiração dar a palavra do Senhor, as sagradas Escrituras, “que
divina, um número muito maior de pais está usando podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há
as obras-padrão para ensinar a seus filhos as doutri­ em Cristo Jesus.” (II Tim. 3:15.) Mas nós nem sem­
nas do Reino. Vemos tais coisas com prazer e satis­ pre ouvimos, e bem nos podemos perguntar por quê.
fação, sabendo que disso resultarão muitas bênçãos. Às vezes parece que não ligamos muito às Es­
No entanto, entristecemo-nos ao saber, ao viajar­ crituras por não apreciarmos plenamente quão exce­
mos pelas estacas e missões da Igreja, que ainda há lente privilégio é possuí-las, e quão abençoados somos
muitos dos santos que não estão lendo e ponderando por tê-las. Parecemos ter-nos estabelecido tão confor­
regularmente as Escrituras, e que têm pouco conhe­ tavelmente em nossas experiências neste mundo, e
cimento das instruções do Senhor para os filhos dos nos acostumado tanto a ouvir o Evangelho, que é
homens. Muitos foram batizados e receberam um difícil imaginar que possa ser de outra forma.
testemunho e embora tenham “entrado neste caminho Mas precisamos compreender que faz apenas
reto e apertado”, têm, entretanto, falhado em dar o 156 anos que o mundo emergiu da longa noite de es-

JANEIRO DE 1977 1
curidão espiritual que chamamos de a Grande Apos­ “E eis que minha alma se deleita nas coisas do
tasia. Precisamos sentir um pouco da profundidade da Senhor; e meu coração medita continuamente sobre
escuridão espiritual que prevalecia antes daquele dia as coisas que vi e ouvi.” (2 Né. 4:15-16.)
na primavera de 1820, quando o Pai e o Filho apa­ Em uma passagem na qual o profeta Isaías se
receram a Joseph Smith — uma escuridão que foi refere à Grande Apostasia, ele diz: “Porque o Senhor
prevista pelo profeta Néfi e descrita como esse “hor­ derramou sobre vós, um espírito de profundo sono,
rível estado de cegueira”, e na qual o Evangelho foi e fechou os vossos olhos, os profetas; e vendou os
tirado dos homens. (Veja 1 Néfi 13:32.) vossos cabeças, os videntes.” (Isa. 29:10; veja tam­
Nos continentes americanos, os remanescentes dos bém 2 Né. 27:5.)
povos do Livro de Mórmon ficaram completamente Imediatamente depois, entretanto, Isaías fez re­
sem orientação divina por mais de catorze séculos, ferência direta ao fim da escuridão e ao aparecimento
até que o Livro de Mórmon foi primeiramente publi­ do Livro de Mórmon:
cado em 1830. Seu registro sagrado havia sido selado “ Pelo que toda a visão vos é como as palavras
para aparecer nesta dispensação do Evangelho. Fico dum livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo:
profundamente emocionado quando leio o relato do Ora, lê isto; e ele dirá: Não posso, porque está selado.
grande profeta Mórmon em pé, em meio aos momen­ “Ou dá-se o livro ao que não sabe ler. . . ” (Isa.
tos finais da carnificina e destruição de seu povo, os 29:11, 12.)
nefitas, em uma cena terrível de sangue e mortandade;
E assim se iniciou a obra maravilhosa, “uma obra
pois embora ele soubesse, como o sabiam todos os
profetas do Livro de Mórmon, que a idade negra da maravilhosa e um assom bro” que o Senhor prometeu
apostasia precisava vir, como fora profetizado, foi com que continuaria a fazer. (Veja Isa. 29:14.)
angústia de alma que ele relatou: Desde o início da restauração do Evangelho atra­
vés do Profeta Joseph Smith, mais de 16 milhões de
“Porque eis que o Espírito do Senhor deixou de
exemplares do Livro de Mórmon foram impressos e
contender com seus pais (os lamanitas) e estão sem
distribuídos em vinte e seis línguas, com mais de 15
Cristo e sem Deus no mundo, e são conduzidos. . .
outras traduções sendo preparadas. Um número incon­
por Satanás, como o restolho pelo vento, ou como o tável de Bíblias já foi impresso, suplantando em muito
barco que, sem velas, âncoras, ou nada que possa diri-
a quantidade de outras obras publicadas. Temos tam­
gi-lo, torna-se joguete das ondas.” (Mórmon 5:16, bém o livro Doutrina & Convênios e a Pérola de
18.)
G rande Valor. Além do acesso a essas obras precio­
No Velho Mundo também o povo estava virtual­ sas de Escritura, temos, numa proporção desconhe­
mente sem âncora, pois a igreja primitiva havia afun­ cida em qualquer outra época da história do mundo,
dado em apostasia com a morte dos apóstolos; e em­ a cultura e capacidade de usá-las, se o desejarmos.
bora existissem manuscritos da Bíblia, eles estavam Os profetas antigos sabiam que depois das trevas
nas mãos de poucos homens sem inspiração. Foi du­
viria a luz. Vivemos nessa luz, mas, será que a com­
rante essa época que muitas das “coisas claras e pre­
preendemos plenamente? Com as doutrinas de salva­
ciosas” foram perdidas. (Veja 1 Néfi 13:28, 32.)
ção facilmente ao nosso alcance, receio que alguns
Somos peregrinos sobre esta terra, aqui enviados ainda estejam dominados pelo “espírito de profundo
para realizar uma missão, um grande trabalho, para sono”, tendo olhos que não vêem e ouvidos que não
o qual precisamos da orientação do Senhor. O fato ouvem. (Rom. 11:8.)
de que não nasci em épocas de escuridão espiritual Para que não deixemos de pensar seriamente no
nas quais os céus estavam calados e o Espírito au­ que acabo de dizer, deixem-me fazer uma pausa para
sente, enche minha alma de gratidão. Verdadeira­ indicar um erro comum da mente humana — isto é,
mente, estar sem a palavra do Senhor para nos orien­ a tendência, quando alguém fala de fidelidade ou su­
tar é como ser andarilhos em um vasto deserto, sem cesso em uma ou outra coisa, de se identificarem como
encontrar pontos de referência conhecidos, ou estar na parte do assunto, ao passo que, quando se fala em
escuridão densa de uma caverna sem alguma luz que fracasso ou negligência, desejam desassociar-se men­
nos mostre o caminho para a saída. talmente. Mas peço que todos nós avaliemos hones­
Durante a guerra do Vietnã, alguns dos membros tamente o que realizamos com relação ao estudo das
da Igreja foram levados como prisioneiros e mantidos Escrituras. È coisa comum termos algumas passagens
quase completamente isolados. Não lhes sendo permi­ delas à nossa disposição, flutuando em nossa mente,
tido acesso às Escrituras, eles mais tarde falaram na por assim dizer, e assim temos a ilusão de que sabe­
fome que sentiam das palavras da verdade, mais do mos muito sobre o Evangelho. Neste sentido, ter um
que de alimentos ou da própria liberdade. O que pequeno conhecimento pode ser realmente um pro­
não teriam eles dado por um simples fragmento da blema. Estou convencido de que cada um de nós, em
Bíblia ou do Livro de Mórmon que permanecem em alguma parte de nossa vida, deve descobrir as Escri­
nossas estantes ociosamente! Eles aprenderam atra­ turas por si mesmo — e não apenas descobri-las uma
vés de dura experiência algo dos sentimentos de Néfi vez, mas redescobri-las repetidamente.
quando declarou: Neste aspecto, a história do Rei Josias, no Ve­
“Porque minha alma se deleita nas escrituras, e lho Testam ento, é das mais proveitosas para aplicar “a
meu coração medita sobre elas, e as escreve para ins­ vós mesmos.” (1 Né. 19:24.) Para mim, é uma das
trução e proveito de meus filhos. melhores histórias de todas as Escrituras.

2 A LIAHONA
Josias tinha apenas oito anos de idade quando xá-las governar nossa vida e a existência de nossos
começou a reinar em Judá, e embora seus ancestrais filhos, e, tendo-as, precisamos ver a responsabilidade
imediatos fossem extremamente iníquos, as Escritu­ que temos de voltar nossos corações aos nossos queri­
ras nos dizem que ele “fez o que era reto aos olhos dos ancestrais, muitos dos quais suportaram a longa
do Senhor, e andou em todo o caminho de Davi, seu noite de trevas para que pudéssemos existir, e que
pai, e não se apartou dele nem para a direita nem para talvez até mesmo agora esperem ansiosamente pelos
a esquerda.” (II Reis 22:2.) Isto é mais surpreen­ nossos esforços em seu benefício.
dente principalmente ao sabermos que naquela época Os ensinamentos do Senhor têm sempre sido
(apenas duas gerações antes da destruição de Jerusa­ para aqueles que possuem “olhos para ver” e “ouvi­
lém em 587 A.C.) a lei escrita de Moisés se havia dos para ouvir.” A voz é clara e inconfundível, e é
perdido e era virtualmente desconhecida, mesmo entre certo o testemunho contra aqueles que negligenciam
os sacerdotes do templo! uma oportunidade tão grande.
Mas no décimo oitavo ano de seu reinado, Josias Peço, assim, a todos, que comecem agora a estu­
ordenou que o templo fosse reparado. Naquela época, dar as Escrituras diligentemente, se ainda não o fize­
Hilquias, o sumo sacerdote, encontrou o livro da lei, ram. E talvez o meio mais fácil e eficiente de fazer isso
que Moisés havia posto na arca do convênio, entre­ seja participar do programa de estudo da Igreja.
gando-o ao Rei Josias.
No currículo para adultos da Igreja, os quoruns
Quando o livro da lei foi lido para Josias, ele do Sacerdócio de Melquisedeque e as aulas de Dou­
“rasgou os seus vestidos” e chorou diante do Senhor. trina do Evangelho da Escola Dominical estudam as
“ . . . grande é o furor do Senhor, que se acen­ obras-padrão rotativamente. Durante um período de
deu contra nós”; disse ele, “porquanto nossos pais oito anos, o Velho Testamento, a Pérola de Grande
não deram ouvidos às palavras deste livro, para faze­ Valor, o Novo Testamento, o Livro de Mórmon e
rem conforme tudo quanto de nós está escrito.” (II D outrina & Convênios são estudados meticulosamente.
Reis 2 2 :1 3 ). Esperamos que todos apóiem este programa de estudo
das Escrituras — dando-lhe grande ênfase, providen­
O rei leu, então, o livro diante de todo o povo,
ciando para que este programa bem correlacionado da
e naquela hora todos fizeram um convênio de obedecer
Igreja não seja prejudicado por designações confli­
a todos os mandamentos do Senhor “com todo cora­
tantes de leitura ou de estudo. Cada um dos livros-pa-
ção, e com toda a alm a.” (II Reis 23:3.) Então Josias
drão deve ser intensamente estudado no ano em que
passou a limpar o reino de Judá, retirando todos os
seu estudo estiver programado.
ídolos, os bosques e os lugares altos onde eles adora­
vam, assim como todas as abominações que se tinham Começaremos no mês de março de 1977 o estudo
multiplicado durante o reinado de seus pais, corrom­ do Livro de Mórmon, com a Escola Dominical apre­
pendo a terra e seu povo. Ele realizou também uma sentando-o em seu contexto histórico e cronológico,
páscoa solene, e “nunca se celebrou tal páscoa como e os quoruns do Sacerdócio considerando as princi­
esta desde os dias dos juizes que julgaram a Israel, pais doutrinas e deveres do Sacerdócio nele contidos.
nem em todos os dias dos reis de Israel, nem tam pou­ Até fevereiro de 1978 teremos completado de Primeiro
co dos reis de Judá.” (II Reis 23:22.) Tudo isto para Néfi até Alma 29, e o restante do livro será estudado
que ele pudesse “confirmar as palavras da lei, que no ano curricular de 1978-79.
estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias Nós o convidamos a participar desta excelente
achara na casa do Senhor. oportunidade, pois, como disse o Profeta Joseph Smith:
“E antes dele não houve rei semelhante, que se “ O Livro de Mórmon (é) o mais correto livro sobre a
convertesse ao Senhor com todo o seu coração, e com terra, e a pedra angular de nossa religião, e um ho­
toda a sua alma, e com todas as suas forças, conforme mem (pode) aproximar-se mais de Deus vivendo por
toda a lei de Moisés: e depois dele nunca se levantou seus preceitos do que pelos de qualquer outro livro.”
outro tal.” (II Reis 23:24-25.) (History of the Church, 4:461.) Seremos abençoados
e enriquecidos por seu conteúdo, pois ele foi escrito
Sinto ardentemente que todos precisamos retor­ para nossos dias e nossa época — “aos lamanitas, que
nar às Escrituras da mesma forma que o Rei Josias, são remanescentes da casa de Israel; e também aos
e deixar que elas obrem poderosamente dentro de nós, judeus e gentios” (página-título) — um fato que é
impelindo-nos a uma determinação inabalável de ser­ acentuado repetidamente por seus principais autores:
vir o Senhor. Néfi, Mórmon e Morôni. E embora dele muito possa­
Josias tinha apenas a lei de Moisés. Em nossas mos obter, talvez aprender algo de história, de guerra
Escrituras, temos o Evangelho de Jesus Cristo em sua e de paz — sua principal mensagem ainda é a mais
plenitude; e se a amostra de algo é doce, a sua ple­ valiosa que podemos receber: que Jesus é o Cristo, o
nitude será de alegria. Redentor do mundo.
O Senhor não está brincando conosco quando Que todos leiamos o Livro de Mórmon com espí­
nos dá estas coisas, pois “a qualquer que muito for rito de oração, estudemo-lo cuidadosamente e rece­
dado, muito se lhe pedirá.” (Lucas 12:48.) O acesso bamos um testemunho de sua divindade. Pois o pró­
a essas coisas significa responsabilidade por elas. Pre­ prio Salvador disse a seu respeito: “Assim como vive
cisamos estudar as Escrituras de acordo com o m anda­ o vosso Senhor e vosso Deus, a tradução é verdadeira.”
mento do Senhor (veja 3 Né. 2 3 :1 -5 ); e devemos dei­ (D&C 17:6.)

JANEIRO DE 1977 3
ENSINAR
AS ESCRITURAS
AOS NOSSO
FILHOS

É sua a Responsabilidade
Tom G. Rose

ão fazia ainda um ano que dignidade e retidão na vida atra­ Uma das coisas mais eficientes

N minha esposa, Marilyn, e eu


estávamos casados quando o
Presidente David O. McKay disse
vés de seu segundo estado. . .
“Vocês, pais, não podem trans­
ferir essa responsabilidade a nin­
que fizemos para cum prir essa res­
ponsabilidade extremamente im­
portante que é a paternidade, foi
na conferência geral: “Nenhum ou­ guém m ais.” (J. Reuben Clark, estabelecer uma tradição de leitura
tro sucesso pode compensar o fra­ Conference Report, outubro de diária das Escrituras em nosso lar.
casso no lar.” (Conference Report, 1951, p. 57.) Todas as manhãs acordávamos nos­
abril de 1964, p. 5.) sos filhos suficientemente cedo para
Depois que nosso primeiro filho que pudéssemos despender cerca de
Éramos um casal jovem que de­ começou a desenvolver sua própria quinze minutos lendo as Escrituras.
sejava ter filhos e ficamos muito personalidade e nós obtivemos al­ Assim como nossos corpos físicos
impressionados com aquela decla­ guma experiência como pais, co­ necessitam de alimento diário e de
ração inspirada; e, como a maioria meçamos a notar imperfeições em exercício, também nossa espiritua­
dos santos dos últimos dias idea­ nós e em nossos filhos que nos lidade exige fortalecimento através
listas que esperam ser pais, senti­ amedrontaram. Isto nos ajudou a do estudo das Escrituras. O plano
mo-nos confiantes de que estaría- compreender que ninguém conse­ de estudo sistemático disponível
mos capacitados a educar apropria­ gue ser bom pai só porque deseja através das organizações da Igreja
damente nossos filhos. Olhando sê-lo. Isso exige criatividade, ins­ complementa nosso estudo diário
agora para trás, sorrimos ao com­ piração e trabalho. das Escrituras e nossas lições nas
preender que só não ficamos assus­ noites familiares.
Você já teve esse tipo de senti­
tados porque não sabíamos o su­ mentos? Quase todos os pais che­ Para preparar os filhos de Israel
ficiente. gam a essa conclusão mais cedo ou a fim de entrarem na Terra Prome­
“É sua a responsabilidade de mais tarde. E quando vocês chegam tida, Moisés aconselhou aos pais:
providenciar para que essa crian­ a esse ponto, os princípios gerais “ Ponde pois estas minhas pala­
ça não perca nenhuma oportunida­ não ajudam mais; vocês precisam vras no vosso coração e na vossa
de, através de vocês, de provar sua de exemplos específicos. alma. . .

4 A LIAHONA
“E ensina-as a teus filhos, fa­ vam ao sótão de nossa casa. Lá, na­ sos filhos, para que possam com­
lando delas assentado em tua casa, quele quarto escuro e rústico, noite preender os convênios de Deus
e andando pelo caminho, e deitan- após noite, eu lia a Bíblia à luz com os povos da terra.” (Confe­
do-te, e levantando-te.” (Deut. de uma lamparina. Lembro-me de rence Report, abril de 1914, p.
11:18-19.) como Pedro comovia minha 12 .)
alm a...” (Ensign, setembro de A leitura de lições, feita pelas
Muitas famílias têm tido expe­ 1975, p. 3.)
riências maravilhosas ao seguir este crianças, pode iniciar-se muito ce­
conselho. Estes relatos nos impressionaram do. Mesmo quando elas têm apenas
muito. dez ou quinze meses de idade po­
O Presidente Marion G. Romney Quando Steven, nosso filho mais dem sentar-se no colo da mamãe ou
relatou o seguinte na conferência papai e olhar as gravuras de um
velho, estava com oito anos, de­
geral em 1949: livro, sentindo amor.
mos-lhe um exemplar pessoal do
“ Incito-os a que se familiarizem Livro de Mórmon e iniciamos o E esse é o ingrediente básico
com este grande livro (o Livro de que, para um menino de oito anos, quando se ensinam as Escrituras aos
M órm on). Leiam-no para os seus era uma tarefa e tanto — a de ler filhos: o Amor. Como disse o Pre­
filhos; eles não são demasiado jo­ o Livro. sidente Joseph F. Smith, você pode
vens para entendê-lo. Lembro-me Steven e eu levantávamos cedo “treiná-los como a um papagaio
de quando o li com um dos meus toda manhã, antes das crianças me­ para que repitam versos e falem
garotos que era muito jovem. Em nores, e nos revezávamos lendo um em uníssono e todo esse tipo de
certa ocasião, eu estava deitado no versículo cada vez. Devido ao seu coisas, (e) eles o farão mecanica­
beliche de baixo e ele no de cima. vocabulário limitado, frequente­ mente, sem sentir, e sem que isso
Estávamos ambos lendo em voz alta mente parávamos e falávamos a tenha sobre suas almas o efeito que
parágrafos alternados daqueles úl­ respeito de um a palavra ou frase, vocês desejam.”
timos capítulos maravilhosos de ou examinávamos o que estava Mas, “Se vocês puderem sim­
Segundo Néfi. Ouvi sua voz estre­ acontecendo à Escritura que liamos. plesmente convencer seus filhos de
mecer e pensei que ele estava res­ que os amam, que se preocupam
Alguns meses depois do início de
friado, mas continuamos até o fim pelo seu bem, que são seus amigos
nosso programa de leitura, aconte­
dos três capítulos. Ao terminarmos, mais sinceros, eles, por sua vez,
ceu uma coisa que nos agradou
ele me disse: “ Papai, o senhor algu­ confiarão em vocês e os amarão,
ma vez chorou ao ler o Livro de muito. Quando minha mulher e eu
estávamos assistindo a uma confe­ procurando seguir os seus conse­
M órm on?” lhos.” (Conference Report, abril
rência para pais e mestres em sua
“Sim, filho”, respondi. “ Às ve­ escola, a professora de Steven che­ de 1902, p. 98.)
zes o Espírito do Senhor testifica gou a nós muito contente e pergun­ Nestes dias, quando nós e nossos
de tal modo à minha alma que o Li­ tou se havíamos notado como ele filhos estamos sendo bombardea­
vro de Mórmon é verdadeiro que havia progredido. Durante as últi­ dos por Satanás de todas as dire­
eu choro.” mas semanas, os conceitos de Ste­ ções possíveis, cremos no que Néfi
“Bem”, disse ele, “foi isso que ven em leitura haviam melhorado ensinou — que as Escrituras são
aconteceu comigo hoje à noite.” sensivelmente. as palavras de Cristo, e se para
Nosso programa de leitura do elas atentarmos, elas nos mostrarão
“Sei que nem todos reagirão des­ tudo o que devemos fazer. (Vide
Livro de Mórmon já havia pago um
ta forma, mas sei que alguns deles 2 Néfi 33:10-11; 31:20; 32:3.)
dividendo. Quantos existirão ainda
sim, e digo-lhes que este livro nos Assim como a Liahona dos tempos
foi dado por Deus para que o lês- à frente? Bem, estamos esperando
antigos guiou Léhi e sua família
semos e vivêssemos por ele, e ele ansiosamente para ver. Mas pode­
para a terra prometida, assim tam ­
nos manterá mais próximos do Es­ mos testificar quanto à seguinte de­
bém as Escrituras podem orientar-
pírito do Senhor do que qualquer claração do Presidente George Al-
nos para além do vale da tristeza
outra coisa que conheço. Querem bert Smith:
“a uma terra de promissão ainda
lê-lo, por favor?” (Conference Re­ “ Irmãos e irmãs, é nosso privi­ mais excelente.” (Vide Alma
port, abril de 1949, p. 41.) légio, e mais do que isso, é nosso 37:38-46.)
O Presidente Spencer W. Kim­ dever, em nossos lares, reunir nossa
família, a fim de que seja ensina­ Vocês são os pais. Esta é a sua
ball também falou de leitura regu­ responsabilidade. Através do currí­
lar de Escrituras em seu lar quan­ da quanto às verdades das Santas
Escrituras. As crianças devem ser culo dos programas da Escola Do­
do era menino:
incentivadas, em todos os lares, a minical, Primária, Sacerdócio Aarô­
“Lembro-me de quando era jo­ ler a palavra do Senhor, conforme nico e Moças e do Seminário e Ins­
vem, como ficava impressionado nos foi revelada em todas as dis- tituto, a Igreja fornece instrução
quando lia os relatos emocionantes pensações. Devemos ler a Bíblia, o eficiente e sistemática no plano de
dos apóstolos antigos e de outros Livro de Mórmon, Doutrina & salvação com todas as bênçãos re­
irmãos e irmãs. Quando eu era ga­ Convênios e a Pérola de Grande sultantes — tudo isto para ajudá-
roto, antes de ser um diácono, cos­ Valor; não somente lê-los em nos­ los no cumprimento de sua respon­
tumava subir as escadas que leva­ sos lares, mas explicá-los aos nos­ sabilidade.

JANEIRO DE 1977 5
S&J Fazendo Viver as Escrituras
Jeffrey R. Holland

* T 7 1 leram o livro, na lei de Imaginemos que certo pai está respostas para perguntas como es­
Deus: e declarando, e ex­ ajudando sua filha de doze anos a ta —
plicando o sentido, fa­ iniciar a leitura de seu primeiro ca­ Dora: Papai, já sei! Você pode
ziam que, lendo, se entendesse.” pítulo. Ela é uma garota agradá­ dizer-me as respostas se eu conse­
(Neemias 8:8.) vel, amante dos divertimentos, que guir imaginar as perguntas!
A chave para a leitura de qual­ tentou algumas vezes ler o Livro de Pai: Que impaciência! Quando
quer livro é ficar acordado. Isto Mórmon, sem conseguir interessar- você começar a encontrar respos­
significa, é claro, que você tentará se muito. Podemos captar uma con­ tas a perguntas como essa, todo o
m anter os olhos abertos e uma por­ versa mais ou menos assim: Livro de Mórmon se tornará claro
ção razoável do sangue circulando. Pai: Bem, vamos ler o capítulo para você. Descobrirá por que o
Mas, a verdadeira leitura exige mui­ inicial do primeiro livro de Néfi. Livro de Éter deve estar exatamen­
to mais do que isso. Esse tipo de Tem apenas vinte versículos, me­ te onde se apresenta quando vier a
leitura significa ficar alerta, atento nos do que duas páginas impressas. lê-lo cuidadosamente. Falaremos
e ativamente envolvido à medida Pense nele à medida que ler. Faça sobre esse assunto quando chegar­
que se absorve o livro na mente, perguntas a si mesma. mos a ele, o que acontecerá quase
página por página. Escrever um Dora: Que tipo de perguntas? no fim do livro. Vamos agora co­
bom livro é um trabalho muito pe­ meçar a ler.”
noso; lê-lo bem também não é uma Pai: Ora, perguntas como “ Por
Dora: Como queira, papai. (Do­
coisa fácil. que este deve ser o primeiro capí­
ra começa a ler, silenciosamente.
tulo do livro?” ou “ O que tem Com alguma dificuldade para ler
Não há jeito de ler as Escritu­ este versículo a ver com aquele?”
ras de maneira excêntrica, superfi­ certos trechos, ela chega ao fim do
cial ou muito rápida. Elas exigem Dora: Bem, não sei nada a res­ primeiro capítulo.) Muito bem, eu
tempo, oração e meditação sincera. peito dessas coisas, mas quero sa­ o li.
O capítulo inicial do primeiro livro ber por que não iniciamos lendo a Pai: Ótimo. O que você acha
de Néfi é, provavelmente, o mate­ respeito dos jareditas. Eles chega­ que diz?
rial do Livro de Mórmon que nos ram primeiro à América do Norte.
Dora: Papai, eu disse que o li.
é mais familiar, e no entanto, se Pai: É exatamente este o tipo de Não disse que sabia o que queria
não estivermos alertas, deixaremos pergunta que deve ser feita — e dizer.
passar muito do seu significado. você demorou pelo menos um mi­
Pai: Bem, então temos que lê-lo
Ele foi escrito com muito cuidado nuto e meio para fazê-la. Agora —
de novo, só que um pouco mais
e deve ser lido da mesma forma. quando você começar a encontrar
devagar desta vez. E em voz alta.
Conversaremos à medida que for­
mos lendo.
Dora: Como queira, papai (len­
do em voz alta) “Eu, Néfi, tendo
nascido de boa fam ília. . . ”
Pai: Bem, por que você acha que
Néfi inicia assim o seu livro?
Dora: Talvez por ser um bom
homem.
Pai: Talvez. O que mais?
Dora: Talvez venha a ser a res­
peito de sua família.
Pai: Pode ser. Que mais?
Dora: Talvez ele queira que sai­
bamos quem está contando a his­
tória.
Pai: Talvez. Que mais?
Dora: Papai! Isto poderia con­
tinuar pela noite toda e eu tenho
que ir à escola amanhã. Se eu ler

6 A LIAHONA
isto devagar em classe minha pro­ Pai: Até que ponto ficaram zan­ deste livro que ele ajudou a trazer
fessora ficará zangada comigo. gados? à luz.
Agora, deixe-me lê-lo inteiro e não Dora: Bem, por fim tentaram De certa forma, Dora, este re­
me interrompa a menos que eu lhe matá-lo. gistro não é somente o testemunho
pergunte alguma coisa. Está bem? de Néfi, Alma, Mórmon e Morôni,
Pai: Vamos fazer no papel um
Pai: Está. é também o testemunho de Joseph
pequeno esquema deste capítulo.
(Dora lê o capítulo em voz alta. Acho que seria mais ou menos as­ Smith, Brigham Young, Harold B.
Vagarosamente. Com um olho em sim: Lee e Spencer W. Kimball. Talvez
seu pai.) seja por isso que a Igreja não foi
Pai: Ótimo. Agora. O que é que um profeta ora nem mesmo organizada até que o
o capítulo diz? tem uma visão Livro de Mórmon estivesse com­
vê mensageiros celestiais (pro­ pletamente traduzido e publicado.
Dora: (Com um sorriso torto
vavelmente incluindo Jesus) O Profeta Joseph Smith chamou-o
porque sabia que ele ia fazer-lhe
recebe um livro certa vez de “a pedra angular de
essa pergunta) É sobre um homem
é rejeitado pela maioria do povo. nossa religião”, e acho que a maio­
chamado Léhi que tem uma visão
ria de nós ainda não compreende
e adverte seu povo quanto à sua Bem, este é um resumo simples da
quão essencial foi o Livro de Mór­
destruição. Mas eles não gostavam história que você descreveu no ca­
mon para tudo que aconteceu de­
dele. pítulo 1. Parece-lhe mais ou me­ pois que M orôni entregou essas
Pai: (Sorrindo porque sabia que nos familiar?
placas ao seu profeta de dezessete
ela leria com mais atenção), fan­ Dora: Acho que não. anos de idade. Quando penso no
tástico! Como chamamos a um ho­ que se tornou a Igreja desde a pri­
mem como Léhi? Pai: Pense bem. meira visão de Joseph e da entrega
Dora: Um profeta. Dora: Bem, parece um pouco deste livro a ele, tenho vontade de
Pai: O que fez ele que causou a com a experiência de Joseph Smith. prorrom per em exclamações junta­
visão? Ei! Parece-se muito com a expe­ mente com Léhi no versículo 14:
riência de Joseph Smith. Que inte­ “ Grandes e maravilhosas são as
Dora: Não sei. Não diz aqui. tuas obras, ó Senhor Deus Todo-
ressante! Por que será, hein pa­
Pai: Diz sim. Veja o versículo 5. pai? poderoso.” Dora, amo este livro
Dora: (lendo) Oh. Ele orou. Eu de todo coração e sei que ele é
Pai: Pergunta bárbara! Para a palavra de Deus.
não havia notado. Creio que virei
mim, uma resposta que parece ló­
a página muito rapidamente. Está Dora: Papai, nunca ouvi você
meio escondido ali perto do fim da gica é que todos os profetas geral­
mente têm algumas experiências falar assim antes.
página, sabe.
muito semelhantes. Em todo caso, Pai: Bem, nunca antes minha
Pai: Está bem, querida. Você uma coisa que sabemos que eles filha de doze anos havia lido o Li­
não é a única que lê rápido demais têm em comum é o recebimento de vro de Mórmon para mim.
para lembrar-se da oração. revelações do Senhor. Joseph Smith
Dora: Já passa das 22:00 ho­
Dora: O quê? disse, certa vez, que revelação é a
ras! Já falamos mais do que qua­
Pai: Nada. Agora, o que foi que rocha sobre a qual a Igreja de Je­
renta e cinco minutos sobre um pe­
Léhi viu em sua visão? sus Cristo será sempre edificada, e
queno capítulo. Tenho que ir para
Dora: Viu que Jerusalém ia ser nunca haveria salvação sem ela.
a cama. Você vai ralhar comigo.
Acho que vamos descobrir, Dora,
destruída.
que todo esse livro será uma longa Pai: Duvido. Mas pode ser que
Pai: Um momento! Você está an­ revelação a respeito de revelação. depois eu o faça. Apresse-se. Já!
dando depressa demais. Como é E Jesus vai ser o tópico principal Vá logo para a cama!
que ele viu que Jerusalém ia ser de todo o livro. Esses primeiros
destruída? Dando um abraço e um beijo em
vinte versículos dão uma ótima seu pai, Dora vai correndo para a
Dora: (Lendo novamente) Bem, idéia do que vai segui-los. Você cama, mais firme em seu caminho
alguns mensageiros celestiais trou­ não pode fazer muito mais do que para um testemunho da veracidade
xeram-lhe um livro e ele o leu. isso no primeiro capítulo. do Livro de Mórmon e da realidade
Pai: Você pode dizer-me quem da restauração do que pensa.
E talvez haja outra razão para
eram os mensageiros celestiais?
que o Livro de Mórmon comece É claro que o que o pai de Dora
Dora: Acho que um deles parece assim. Talvez, de sua própria ma­ sabe — e que ela está prestes a
Jesus. neira, ele ajude a ensinar que se descobrir — é que todo capítulo
Pai: Também acho. Você disse aceitarmos Léhi e o Livro de M ór­ está repleto de significação, às ve­
que quando Léhi tentou dizer ao mon, teremos certamente aceito zes muitas significações, e sempre
povo a respeito da destruição de Joseph Smith como um profeta de com o propósito de iluminar e ins­
Jerusalém, eles não gostaram. O Deus. Por outro lado, quando acei­ pirar. Quando Dora imerge profun­
que é que fizeram? tamos a Joseph Smith como um damente no sono, o pai senta-se
Dora: (lendo novamente) Fica­ profeta, precisamos aceitar e viver pensativo, não querendo que se en­
ram zangados e caçoaram dele. de acordo com os ensinamentos cerre esta experiência especial.

JANEIRO DE 1977 7
Presidente Brigham Young mudar, as pessoas podem vestir-se ram em outras épocas e outros lu­

0 fez, certa vez, uma declara­


ção interessante que conti­
nua a fascinar-me. Disse ele: “Vo­
cês lêem as Escrituras, meus irmãos
de modo diferente e alterar suas
cercanias, mas a humanidade per­
manece muito semelhante. Os mes­
gares. O Profeta Joseph Smith dis­
se que através do estudo do Livro
de Mórmon e de pautar a vida de
mos problemas do gênero humano acordo com seus preceitos, pode-se
e irmãs, como se as estivessem es­ renascem, novos, em cada geração. chegar mais perto de Deus do que
crevendo mil, dois mil ou cinco Isto é o que faz do Livro de Mór­ através do estudo de qualquer ou­
mil anos atrás? Vocês as lêem co­ mon uma aventura fascinante, se tro livro. Essa é uma promessa ani­
mo se estivessem no lugar dos ho­ estivermos realmente interessados madora, digna da nossa atenção.
mens que as escreveram? Se não na vida. O Livro de Mórmon é rico em
se sentem assim, devem experimen­ A primeira metade do Livro de verdades teológicas, mas é muito
tar fazê-lo, para que fiquem tão Mórmon oferece uma oportunidade mais do que um manual teológico.
familiarizados com o espírito e sig­ excelente para que as famílias ana­ Em suas páginas, anda-se pelas
nificado da palavra de Deus escrita lisem alguns dos problemas eter­ ruas remotas de Jerusalém, cami­
quanto estão com seus afazeres e nos do homem, partilhando dos nha-se pelas extensões áridas do de­
conversas diárias, ou com seus em­ pontos de vista de outros que vive­ serto, navega-se pelas tempestades
pregados ou familiares.”
Ele prosseguiu, então, com a pro­
messa: “Vocês podem compreender
o que os profetas compreenderam
COMECA COM
e pensaram — o que planejavam e
objetivavam produzir para o bem
de seus irmãos. Quando vocês pu­
UMA
derem sentir assim, então poderão
começar a pensar que descobrirão
algo a respeito de Deus, e come­
FAMÍLIA I
çarão a aprender quem ele é .”
(Journal of Discourses 7:333.)
Com muita frequência aborda­
mos as Escrituras como observado­
res desinteressados. Queremos re­
ceber instrução sem esforço algum
de nossa parte. Esta é uma época
de espectadores, uma era que for­
nece entretenimento sem exigir
muito esforço de nossa parte. En­
tretanto, as Escrituras não entre­
garão o excitamento que nelas exis­
te sem que haja esforço nosso. Pre­
sidente Young sugeriu que preci­
samos lê-las com uma atitude cria­
dora, colocando-nos dentro delas.
Isto no início pode não ser fácil,
mas, uma vez que tenha sido conse­
guido, as Escrituras começam a ad­
quirir uma vida própria.
Partes do Livro de Mórmon são
tão antigas quanto a torre de Ba­
bel, no entanto, seus assuntos são
tão atuais quanto o amanhã. As
circunstâncias históricas podem
turbulentas do oceano, embrenha- cupado que luta com muitos dos ter que abandonar sua casa, seus
se nas regiões de vegetação luxu­ problemas enfrentados pelos pais pertences, seus amigos e conheci­
riante, visitam-se palácios de reis e de hoje. Devemo-nos lem brar dessa dos, e partir para as incertezas da
choupanas de pobres. E, embora o faceta de sua vida e comparar seus vida no deserto, simplesmente por
enfoque do livro seja em assuntos pontos de vista e problemas com causa de sua fé em seu marido, a
de âmbito nacional, vê-se muito da os nossos próprios. Com muita fre­ quem os outros chamavam de vi­
vida e dos relacionamentos familia­ quência tentamos ler as Escrituras sionário. Lembrem-se de que ela
res. O Livro de Mórmon é a obra sem nos imaginarmos na mesma si­ própria não havia recebido a visão.
mais dirigida à família que temos tuação, fazendo-as falar sem qual­ U ’a mãe deve ser capaz de ter
nos livros-padrão. Somente a par­ quer esforço de nossa parte. Elas empatia pelas queixas de Sariah,
te inicial do Velho Testamento se tornam muito mais ricas quan­ quando chegou ao desespero no de­
se aproxima do fornecimento de do amalgamamos nossas próprias serto, temendo não somente ter per­
enfoques tão vitais dos problemas e experiências com as que são apre­ dido seu lar e pertences, mas ta n r
alegrias das famílias. sentadas no livro, se fizermos dessa bém seus quatro filhos. (Vide 1 Né­
Léhi não é somente um grande aventura um tipo de diálogo com fi 5:1-7.)
profeta, é também um pai preo­ as Escrituras. Podemos tirar uma Os pais devem compreender o
orientação vital da sugestão de Né­ fardo igualmente pesado suportado
fi: “Eu apliquei todas as Escritu­ por Léhi, cuja fé era minada e pos­
ras às nossas circunstâncias para ta em prova pelas dúvidas e preo­
nossa utilidade e instrução.” (1 cupações legítimas de sua esposa.
Néfi 19:23.) Saber que o Senhor o havia dirigido
Os pais, por exemplo, provavel­ e que as coisas provavelmente cul­
mente verão no Livro de Mórmon minariam de uma maneira positiva
coisas que escapam àqueles que não não aliviava as frustrações e per­
tiveram a experiência da paternida­ plexidades do momento. Em bora
de. Devem entender com mais faci­ Léhi possuísse grande fé e fosse um
lidade por que Léhi, em sua visão profeta, ele era forçado a lutar con­
da Árvore da Vida, não notou a tinuamente com suas preocupações
imundície da água como Néfi, em­ de pai. Seu papel era complexo, e
bora os dois profetas tivessem tido reconhecer essa complexidade au­
a mesma visão. Néfi registra: “sua menta o nosso entendimento das
mente estava tão preocupada com dimensões totais da vida. Aqueles
outras coisas que não viu a imundí­ que vêem Léhi somente como um
cie da água” na visão. (1 Néfi 15: profeta, perdem muito do que o li­
27.) Como pai, Léhi tinha preo­ vro revela a respeito de paterni­
cupações que não eram partilhadas dade.
por Néfi, isto é, sua responsabilida­ Irmãos e irmãs encontrarão as­
de como o chefe da família. No pectos interessantes de suas pró­
ponto da visão em que foi mostra­ prias vidas iluminados pelos atri­
do um rio a Léhi, ele começou a tos que se desenvolveram entre os
preocupar-se com sua família. Ele filhos de Léhi e Sariah. Alguns po­
viu sua esposa e dois de seus filhos derão sentir empatia pelas frustra­
e acenou-lhes para que a ele vies­ ções de Néfi ao não poder com­
sem juntar-se. Adicionalmente, preender plenamente seus irmãos
preocupou-se com o fato de não es­ desencaminhados que não conse­
tarem Lamã e Lemuel com eles e guiam crer em seu pai, o profeta
dirigiu toda sua atenção em sua do Senhor. Outros compreenderão
busca pelos dois irmãos desencami- Lam ã e Lemuel, e suas frustrações
nhados, esquecendo-se dos detalhes com seu irmão menor, e sua apa­
da visão. rente “carolice”. Outros ainda po­
Por outro lado, Néfi ainda não derão identificar-se com Jacó e sua
tinha tido a experiência da pater­ posição, desejando amar e respeitar
nidade e podia observar a visão sob todos os seus irmãos mais velhos e
um prisma diferente. Ele estava tê-los como exemplos, encontrando
mais interessado nos detalhes da neles apenas discórdia.
visão e focalizou alguns, como a Aqueles que lêem os escritos de
imundície da correnteza que seu Jacó e se esquecem do traum a de
também havia visto, mas não sua juventude perderão muito da
de perto devido à preo- compaixão descrita em seus ser­
com a família. mões sobre a família. Tendo sido
As mães devem entender o pesa­ testemunha de conflitos familiares,
do fardo colocado sobre Sariah ao havendo experimentado a aterrado-

9
ra viagem através do oceano — de uma família durante longos pe­ Alma sem sentir um interesse pes­
tornada ainda mais inquietante pela ríodos de tempo. Bem poucos re­ soal pela narrativa?
luta e tumulto entre seus irmãos, gistros na história fazem isto com Algumas vezes os avós têm maior
pela tristeza que sentiu por estarem mais eficiência do que o Livro de influência sobre os netos do que
Léhi e Sariah próximos à morte, Mórmon. os pais. Em bora eu não queira dar
pelas orações e súplicas da mulher Jovens cujos pais e mães ocupam a entender que era esse o caso com
e filhos de Néfi — havendo visto a posições de responsabilidade na os filhos de Mosiah, nunca posso
desintegração da família após a Igreja devem encontrar interesse ler o relato de seus esforços mis­
morte de Léhi, Jacó inclui uma pro­ especial no relato de Ênos. Devem sionários sem me lembrar do últi-
funda perspectiva da vida familiar sentir a carga de preocupação que vo (Vide Mosiah 1-4.) Fico sem-
em seus sermões. Seus últimos dis­ o levou à floresta, sendo filho de mo discurso de Benjamim a seu po-
cursos espelham a sensibilidade ad­ um profeta, sobrinho de outro e pre imaginando se os filhos de Mo­
quirida em sua juventude. neto de um terceiro. Ao chegar à siah tinham uma cópia daquele dis­
Assim como o menino é o pai maturidade, o indivíduo precisa curso. Certamente seu avô deve ter
do homem, a família é a mãe da descobrir certas coisas por si mes­ ficado orgulhoso da maneira pela
nação no Livro de Mórmon. Ao mo, deve estabelecer seu próprio qual eventualmente seus netos ado­
prosseguirmos em nossa leitura sistema de valores, precisa traçar o taram seus valores e puseram em
nunca nos devemos esquecer desses seu próprio caminho. Aqueles hoje ação os seus princípios.
parentescos familiares. Eles acres­ em dia que se encontram nesta mes­ O Livro de Mórmon está reple­
centam muito interesse e maiores ma situação sentirão parte da ur­ to de tais relações familiares, mui­
dimensões ao relato. Quando se dá gência sentida na oração de Ênos. tas delas apenas subentendidas. Por
a separação entre os irmãos, e as Às vezes tal carga torna-se pesa­ exemplo, quem era a esposa de Al­
batalhas começam entre os nefitas da demais para alguém. Esse al­ ma, o pai? Quem foi a mulher que
e lamanitas, devemo-nos lembrar guém, então, decide erroneamente, passou por todas as experiências do
que essas batalhas iniciais não que para se tornar um indivíduo em deserto com Alma e lutou ao lado
eram entre estranhos, mas entre pri­ seus próprios direitos deve deixar dele através da rebelião de seu fi­
mos e pessoas que se conheciam o caminho dos pais. Desafortunada­ lho — ou teria ela morrido e dei­
bem. mente, tem-se repetido a história do xado Alma levar sozinho essa pe­
Quando Sherem veio para opor- líder da Igreja que tem um filho sada carga? E o que deveremos di­
se a Jacó (vide Jacó 7 ), devemo- rebelde. Em uma tentativa para de­ zer a respeito da esposa de Alma,
nos lembrar que Jacó provavelmen­ monstrar aos seus companheiros o filho, que criou três filhos (pelo
te conhecia seus pais, ou pelo sua liberdade, eles passam a atacar menos) enquanto ele estava longe
menos seus avós. Quem, entre o estilo de vida de seus pais. Es­ durante tanto tempo, servindo co­
nós, quando encontra o filho ou ne­ ses jovens e moças devem entender mo missionário do Senhor? Ela de­
to de um amigo, deixa de conside­ e aprender com a experiência de ve ser uma das grandes personagens
rar aquela pessoa à luz do ances­ Alma, o filho, e dos filhos de Mo- das Escrituras.
tral que conheceu? E quanto mais síah. Filhos de um rei e de um Alguns dos mais interessantes as­
intensa é nossa preocupação por profeta de Deus, eles descobriram pectos do Livro de Mórmon são es­
aquele filho ou filha se ele ou ela que a rebelião não é o caminho pa­ sas partes que não estão escritas.
for rebelde, ou quão maior será ra a felicidade nem para a verda­ É necessário que nós preenchamos
nossa felicidade se eles se torna­ deira auto-realização. os espaços em branco e tentemos
rem um crédito para seus pais — Outros pais, ainda, encontrar-se- reconstruir essas relações que não
que são nossos amigos ou conheci­ ão na mesma situação embaraçosa são especificamente mencionadas,
dos. Reconhecer esta relação entre que Alma, o pai, tendo sido eles mas que são parte da história fa­
Jacó e Sherem adiciona grande im­ próprios jovens rebeldes, tendo-se miliar dessas pessoas.
pacto ao relato. arrependido e acertado sua vida As principais preocupações des­
Como é interessante observar os com o Evangelho, e então acabam sas famílias do Livro de Mórmon
filhos de nossos irmãos e irmãs, os encontrando seus filhos cometendo são extremamente relevantes para
filhos de primos ou de amigos ín­ os mesmos erros levianos. O que nossa própria época, por serem
timos, e vê-los amadurecerem e to­ soubera Alma, o filho, a respeito preocupações eternas. Elas se foca­
marem responsabilidades sobre si. da vida de seu pai como um dos lizam em facetas da vida que nun­
O Livro de Mórmon permite-nos sacerdotes iníquos do Rei Noé? Es­ ca mudam. Verdadeiramente, o Li­
fazer algo semelhante. Aquelas pes­ taria possivelmente justificando vro de Mórmon é uma obra para
soas tinham preocupações como suas próprias ações com base nas nossos tempos. Entretanto, para de­
nós temos, e precisamos constante­ experiências passadas de seu pai? le obtermos o máximo, precisa­
mente nos lem brar disso. Eram Como um pai, que teve problemas mos aprender a lê-lo de maneira
também, até certo ponto, um pro­ em sua própria juventude, pode criadora. Precisamos, como sugere
duto de seu ambiente familiar. O aconselhar a um filho transviado, o Presidente Young: lê-lo como se
Livro de Mórmon permite-nos se­ sabendo intimamente os problemas o tivéssemos escrito. Então podere­
guir essas famílias através de vá­ e desejos que estimulam a rebelião? mos começar a entender o que os
rias gerações e testemunhar os pro­ Quem, entre nós, que tenha tido profetas compreendiam, e começar
blemas que podem ocorrer dentro este problema, pode ler o relato de a descobrir algo sobre Deus.

10 A LIAHONA
Tenho uma Pergunta
Ele é correto no fato de conter a plenitude do Evange­
lho.
O que é a plenitude do Evangelho? Alguns po­
dem argumentar que, por não ter o Livro de Mórmon
todas as doutrinas do Evangelho restaurado, i. é, o
casamento eterno, os três graus de glória, não pode,
portanto, conter a plenitude do Evangelho.
Mas o Anjo M orôni disse a Joseph Smith que
“havia um livro depositado, escrito sobre placas de
ouro,. . . que nele se encerrava a plenitude do Evan­
gelho eterno, como foi entregue pelo Salvador aos an­
tigos habitantes.” (Veja Joseph Smith 2:34.) Ade­
mais, no livro Doutrina & Convênios o Senhor diz
diversas vezes que o Livro de Mórmon realmente con­
tém a plenitude do Evangelho. (Veja D&C 20:9; 27:5;
35:17; 42:12.)
O que o Senhor quer dizer com plenitude do
Evangelho? Conforme definida em 3 Néfi 27:13-22, é
que Jesus Cristo veio à terra para fazer a vontade do
Pai, oferecendo-se em sacrifício expiatório a fim de
que o homem se arrependa e venha a ele.
Portanto, aqueles que satisfazem às condições
estabelecidas pelo Salvador serão considerados sem
culpa diante do Pai no dia do julgamento. Essas con­
Perguntas de interesse geral do Evangelho respondidas para
dições são (1 ) exercer fé em seu sacrifício expiatório;
orientação, não como pronunciam entos doutrinários da Igreja.
Por que o Livro de M órmon é o “livro mais co rreto ” (2) arrepender-se de todos os seus pecados; (3) ser
e como é que ele contém a plenitude do Evangelho? batizado em seu nome, o que infere a autoridade e o
Monte S. Nyman, professor assistente de escritura antiga método apropriado que ele descreveu; e (4) ser san­
da Universidade de Brigham Young.
tificado pela recepção do Espírito Santo, que envolve
ser purificado e sobrepujar todo o mal. Assim, a ple­
oi o Profeta Joseph Smith quem disse que o Li­

F
nitude do Evangelho é o plano ou os princípios e or­
vro de Mórmon era “o mais correto de todos os denanças necessários para o homem recuperar o di­
livros sobre a terra.” (Documentary History of reito à presença do Pai.
the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, Esses mesmos princípios são ensinados na Bíblia,
4:461.) Infelizmente as pessoas às vezes crêem que mas não com tanta clareza quanto o são no Livro de
a palavra correto é sinônimo de perfeito, e esperam Mórmon. O Presidente Harold B. Lee disse: “Não
que o Livro de Mórmon seja perfeito na gramática, há nada melhor que possamos fazer para nos prepa­
ortografia, pontuação, clareza de expressão e sob to­ rarmos espiritualmente do que ler o Livro de Mórmon.
dos os outros aspectos mecânicos. Quando descobrem Muitas doutrinas que são tratadas somente parcial­
que houve muitas mudanças no texto desde a primeira mente na Bíblia, são explicadas de m aneira bela no
edição, ficam desiludidas. As mudanças feitas são Livro de Mórmon. Doutrina & Convênios e na Pérola
compreensíveis quando se leva em consideração que de Grande V alor.” (Improvement Era, janeiro de
o manuscrito original foi escrito através de ditado e 1969, pp. 13-14.)
então enviado aos editores sem qualquer pontuação. Doutrina & Convênios e a Pérola de Grande
O próprio profeta supervisionou duas revisões para Valor fornecem compreensão adicional das doutrinas
corrigir esses e outros erros mecânicos, assim como es­ que são necessárias para que o homem seja exaltado
clarecer certas frases. no reino celestial. Mas os preceitos básicos, a plenitude
Assim, quando ele disse que o Livro de Mórmon do Evangelho, estão no Livro de Mórmon. Precisa­
é “o livro mais correto”, estava-se referindo a algo mos chegar a uma compreensão desses preceitos an­
muito mais importante do que mecânica superficial, tes de podermos iniciar o caminho para a exaltação.
fato que é apoiado pelo restante de sua declaração. O Tenho testemunhado grandes mudanças na vida
Livro de Mórmon, disse ele, é “a pedra angular de das pessoas através da aplicação dos preceitos do
nossa religião, e um homem se aproximará mais de Livro de Mórmon e da identificação com eles. Se sim­
Deus através do cumprimento de seus preceitos do plesmente estudarmos o Livro de Mórmon, veremos
que dos de qualquer outro livro.” (DHC 4:461.) que é o mais correto dos livros e ele nos aproximará
Considerada pelo seu todo, a declaração do Profeta re- mais de Deus se observarmos e vivermos seus pre­
fere-se à exatidão do livro em sua doutrina religiosa. ceitos.

JANEIRO DE 1977 11
O Principais
• Secundários

(?) Torre de Babel — não confundida a língua


K> dos jareditas. (Éter 1:33-37)
A Os Jareditas viajaram para o grande mar
e barcos foram construídos. (Éter 2:1-18)
( 3') O Irmão de Jared viu o Cristo pré-mortal.
(Éter 3:6-16)
Jareditas viajaram para a terra
® Os
prometida. (Éter 6:1 -12 )

© Combinação secreta entre Jared e Akish.


(Éter 8:7-19)
© O profeta Éter admoestou o Rei
Coriantumr e os jareditas.
_ (Éter 12:1-5; 13:1-22)
(7J Destruição dos jareditas. (Éter 15:13-32)
( i ) Coriantumr — último sobrevivente
jaredita descoberto pelos mulequitas.
(Éter 15:32. Veja também Omni 20-22)
© V is ã o de Léhi da destruição de Jerusalém.
(1 Néfi 1:6-15)

© Ordenado a Léhi que deixasse Jerusalém.


(1 Néfi 2:1-4)
(Tí) Família de Léhi sai de Jerusalém.
w (1 Néfi 2:1-4)

(12) Néfi e seus irmãos obtiveram as placas


de latão de Labão. (1 Néfi 3; 4)
© Z o ra m , servo de Labão, juntou-se à
fam ília de Léhi. (1 Néfi 4:35. 38)
Ênos é perdoado de seus pecados. (ÊnosJ © In s u rre iç ã o de Gideão contra Noé. @ Alma o filho torna-se guardião dos anais,
(1 4 )
A família de Ismael juntou-se a Léhi. (Mosiah 19)
Infrutíferos os esforços para ensinar o chefe dos juizes e sumo sacerdote sobre
X (1 Néfi 7) os nefitas. (Mosiah 28:20; 29:42-44)
(Í5) 0 sonho de Léhi sobre a árvore da vida. (1 Néfi í Evangelho aos lamanitas. (Ênos 14) © A morte, pelo fogo, do Rei Noé.
Mosiah I lidera os nefitas justos para 19 (Mosiah 19:19, 20) © Início do reinado dos juizes.
© V is õ e s e profecias de Néfi. (1 Néfi 11-15)
Zarahemla, partindo de Néfi. (Mosiah 29:44)
(4 ? ) Limhi, o filho de Noé, torna-se rei dos
(ômni 12-19) © Morte de Mosiah II e Alma, 0 pal.
nefitas em cativeiro. (Mosiah 19)
© D e sco be rta a Liahona. (1 Néfi 16:9-16) O Rei Benjamim reinou em Zarahemla. (Mosiah 29:45; 46)
(ôm ni 23-25; Palavras de Mórmon 12-18) © Descobertas as vinte e quatro placas de
© Q ue b ra do o arco de Néfi. (1 Néfi 16:18-32) (52) Nehor introduz as intrigas sacerdotais
ouro. (Mosiah 21:25-27)
Zeniff sai de Zarahemla e estabelece entre os nefitas. (Alma 1:1-15)
© M o r te de Ismael. (1 Néfi 16:34-39) uma colônia nefita na terra de Néfi.
(ômni 27:30; Mosiah 9:1-9) @ Amon leva o povo de Limhi para (5 3 ) Amlici procura tornar-se rei dos nefitas.
© A construção de um barco em Zarahemla. (Mosiah 7; 22) (Alma 2:1-31)
Abundância. (1 Néfi 17:8-17; 18:1-5) O discurso do Rei Benjamim.
(Mosiah 2-5) (44) Alma, o pai, e seus seguidores são postos Alma, 0 filho , renuncia ao assento de
@ Viagem para a Terra Prometida. em cativeiro em Helam. (Mosiah 23; 24) ©
(1 Néfi 18:5-23) Mosiah II torna-se rei de Zarahemla juiz em favor de Nefihah. (Alma 4:11-20)
(Mosiah 6) (4 5 ) Libertado, o povo de Alma chega em ) Alma, o filho, e Amuleque pregam aos
© N é fi fez dois conjuntos de placas. (1 Néfi 19) Com a ajuda do Senhor. Zeniff e seu povo Zarahemla. (Mosiah 24:13-25) amonitas. (Alma 8-10; 12; 13)
(2 3 )
Mulequitas deixam Jerusalém. prevalece contra os lamanitas. © A lm a , 0 pai. feito sumo sacerdote sobre Zeezrom. (Alma 11:14; 15)
(ômni 15, 16) (Mosiah 9:14-19; 10) os nefitas, em Zarahemla. © Convertido
(24) Separam-se os nefitas e lamanitas.
(Mosiah 25:15-21; Alma 4:18) ) Destruída a cidade de Amoniah por um
X ( 2 Néfi 5) Noé sucede Zeniff como rei da colônia
(25) Jacó sucede a Néfi como profeta. Morte nefita. (Mosiah 11:1-5) (4 7 ) Conversão de Alma, o filho, e dos quatro exército lamanita. (Alma 16:1-12)
de Néfi. (Jacó 1) Ministério e morte de Abinadi. filhos de Mosiah (Mosiah 27) ) Reunião de Alma, o filho , e dos quatro
© (Mosiah 12-17) filhos de Mosiah. (Alma 17:1-4)
© O discurso de Jacó. (Jacó 2-6) © Os quatro filhos de Mosiah saem em missão
© Convertido Alma. o pai — batizado nas , Convertidos o Rei Lamôni e sua casa.
(27) Sherem defronta-se com Jacó. (Jacó 7) Águas de Mórmon. (Mosiah 17; 18) junto aos lamanitas. (Mosiah 28:1-9)
; (Alma 17; 18; 19)
UM H arris escreviam as palavras escritas pelo P ro­
feta logo que elas lhe eram dadas a conhecer.

CORAÇÃO M artin H arris disse q u e na pedra do vi­


d en te “apareciam sentenças q u e eram lidas
EM PAZ pelo P rofeta e escritas p o r (aquele q u e as esti­
vesse escrevendo) e q u an d o term inava (aquela
pessoa) d iria 'escrito’; e, se escrita corretam en­
te, a sentença desaparecia, e um a o u tra tom a­
va o seu lugar; mas se não estivesse escrita
corretam ente, ela perm anecia até ser corrigida,
de m odo q u e a tradução fosse exatam ente
como estava gravada nas placas.”
M esmo com a aju d a do U rim e T u m im , e
da pedra do vidente, não foi fácil trad u zir o
registro sagrado. E xigiu a m aior concentra­
ção e força esp iritu al do Profeta.
O am igo de Joseph, D avid W h itm er, disse
q u e às vezes, q u an d o o P rofeta tentava tra d u ­
zir, “ficava esp iritu alm en te cego” e não podia
fazê-lo. Joseph explicou q u e q u an d o isso acon­
tecia era “p o rq u e sua m ente se concentrava d e­
raduzir a escrita antiga e de aparência mais nas coisas m u n d an as”.

T estranha das placas de o u ro não era um a


tarefa q ue q u a lq u e r um pudesse fazer.
Essa obra im p o rtan te precisava ser feita por
C erta m anhã, o P ro feta estava aborrecido
com sua esposa Em m a, devido a um a questão
fam iliar. Q u an d o su b iu para o lugar onde
alguém q ue estivesse especialm ente p rep arad o O liv er Cow dery e D avid W h itm e r estavam es­
pelo Senhor para fazê-lo. peran d o p ara c o n tin u ar a tradução, ele
ainda estava m agoado com sua esposa. Joseph
D evido à sua n atu reza esp iritu al e ao seu
ten to u trad u z ir mas nem um a palavra veio a
desejo de ap ren d e r a verdade, Joseph Smith
ele; e ele sabia p o r quê. Joseph desceu e foi ao
foi provado e considerado digno de ser o tra ­
pom ar onde oro u ao Senhor.
d u to r do Livro de M órm on. Para ajudá-lo com
a tradução, Joseph en co n tro u com as placas Depois de cerca de um a hora, Joseph re ­
de o u ro “um in stru m en to curioso q u e os a n ti­ to rn o u à casa sentindo-se h u m ild e e a rre p e n d i­
gos cham avam de U rim e T u m im , q u e con­ do. P ed iu a Em m a q u e o perdoasse por sua
sistia de duas pedras transparentes engastadas falta de com preensão. E ntão su b iu novam ente
em um aro de um arco preso a um p eito ral.” e pôde trad u z ir sem dificuldade algum a.
Joseph usou tam bém um a pedra m arrom , D avid W h itm e r tam bém com preendia por
oval, cham ada de ped ra do vidente, para tra ­ q u e o P rofeta não p u d era trad u zir havia ape­
duzir. A tradução foi feita na casa de P eter nas um a hora. Disse ele: “Vemos agora como
W hitm er, um am igo do Profeta, onde O liver o Senhor é austero, e como exige q u e o coração
Cowdery, Em m a Sm ith (esposa de Joseph), um do hom em esteja reto antes de poder receber
dos m em bros da fam ília W h itm er, o u M artin revelações dele.”

JANEIRO DE 1977 13
l í r i c o não conseguia fazer nada certo! çou a ensopar suas calças. O lábio de Érico
Q u an d o enxugava a louça para sua mãe, com eçou a trem er e apareceram -lhe lágrim as
^sem pre deixava cair algum a coisa, q u e ­ nos olhos.
brando-a e espalhando os cacos pelo chão.
“Foi um acidente, A ri, “disse m am ãe bai­
Q u an d o ajudava seu pai a arran ca r o m ato do
xinho. “P o r favor, ten te ser um pouco mais
jardim , arrancava ju n to os pés de flores. Q u a n ­
com preensivo.”
do seu irm ão mais velho, A ri, o deixou em p in ar
seu papagaio, este foi d ireto p ara um a árvore e “Bem, espero q u e Érico ap renda a fazer as
ficou enroscado. Érico não podia nem am arrar coisas antes de ter sete anos,” resm ungou A ri
seus sapatos sem d eix ar o cadarço cheio de q u an d o ia tro car as roupas.
nós.
Érico term in o u de com er o pão e saiu.
Mas, certa m anhã, Érico decidiu q u e ia Sentou-se em seu lu g ar favorito p erto da cerca
fazer tu d o certinho. Vestiu-se e a rru m o u a de m adeira. Não consigo fazer nada certo,
cama. D epois colocou os pijam as na gaveta pensou Érico, e me esforcei tanto esta manhã.
certa. E n q u an to a fam ília tom ava o desjejum , Talvez deva ficar aqui o dia inteiro, sem fazer
m am ãe disse: “Érico, passe o açúcar, p o r fa­ nada. Assim, não farei nada errado! Q uanto
v or.” Érico apressou-se em pegar o açucareiro, mais Érico pensava nesta idéia, mais gostava
mas seu cotovelo b ateu em u m copo de leite, dela. “ Não farei nada, nada mesmo pelo resto
derram ando-o no colo de A ri. do dia,” disse ele em voz alta.
“Érico, p o r q u e é que você não pode fazer Assim, Érico encostou-se co ntra a cerca
nada certo?” ralh o u A ri q u an d o o leite come- branca e colocou-se n u m a posição confortável.
O sol estava q u en te, o arom a das flores enchia
o a r e ele observava duas formigas passarem
apressadas, carregando um a folha sobre a cabe­
ça, como se fosse um guarda-chuva aberto.
Érico gostava de ficar sem fazer nada. A lém

VOCÊ NÃO PODE


FICAR COMPLETAMENTE
SEM FAZER NADA
Blaine R . Worthen
Ilustrado por Stephanie Clark
disso, q u an d o ele não fazia absolutam ente Mas um passarinho com eçou a cantar e
nada, não podia fazer coisa algum a errada. Érico com preendeu que o estava ouvindo, e
Foi aí que passou algo zu n in d o p erto do o u v ir tam bém era fazer algum a coisa.
ouvido de Érico. Ele ficou tão surpreso que D epois de alguns m inutos, Érico ouviu
seu coração com eçou a b ater mais ráp id o até mais algum a coisa. Sua mãe o estava cham an­
que viu q ue havia sido apenas um beija-flor. do para alm oçar. E ele sabia ter estado fazen­
Ao observá-lo afastar-se, Érico com eçou a rir. do um a o u tra coisa — ele estivera ficando com
N ão estou fazendo nada, pensou, mas m eu co­ fome.
ração co n tin u a batendo.
Érico levantou-se de um salto e correu
R epentinam en te, Érico co m p reen d eu q u e para d en tro de casa. Depois de lavar as mãos,
estivera tam bém fazendo um a o u tra coisa. Ele sentou-se à mesa e sua m ãe lhe p erg u n to u o
estivera vendo! q u e estivera fazendo d u ra n te toda a m anhã.
Érico fechou os olhos de m odo a q u e não “Sai e sentei-m e sozinho ju n to à cerca, de­
fizesse nada mesmo, mas ju stam en te nesse m o­ cidindo não fazer nada p o rq u e estou sem pre
m ento sentiu algo em sua mão. Ele ab riu os fazendo algum a coisa errad a,” respondeu Érico.
olhos e olhou para baixo. U m a ta tu ran a fel­ “Mas descobri q u e não se pode ficar sem fazer
puda estava-se arrastando através de seus dedos. n ad a.”
Ele sorriu e gen tilm en te colocou a ta tu ran a na “Acho q u e seria m u ito difícil fazer isso,”
folha de um a planta. S entir tam bém é fazer concordou mamãe. “Assim, o q u e foi que você
algum a coisa, decidiu Érico. É difícil ficar com ­ fez?”
pletam ente sem fazer nada. “Bem ,” disse-lhe Érico, “eu senti o arom a
R espirou p ro fu n d am en te, suspirou e co­ das flores, senti um a tatu ran a, vi um beija-flor
m eçou a pensar q u e resp irar era fazer algum a e duas formigas, ouvi um passarinho cantando
coisa. R ep en tin am en te, com eçou a im aginar e você cham ar-m e para alm oçar. E descobri
se pensar tam bém não era fazer algum a coisa, q u e d u ra n te todo o tem po estive respirando,
e ele não havia parado de pensar desde q u e se m eu coração co n tin u o u b aten d o e m eu estô­
sentara em seu lugar favorito. mago foi ficando com mais fom e.”

Talvez se eu não pensasse em nada, nada M amãe so rriu e n q u an to se abaixava e


mesmo, pudesse evitar o pensam ento, pensou abraçava Érico. “Esta foi um a m anhã m aravi­
Érico. Assim ficou ele com os olhos fechados, lhosa,” disse ela.
tentando não pensar em nada. E Érico concordou.

JANEIRO DE 1977 15
SÓ PARA DIVERTIR
SEPARAR OS PONTOS
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Richard Latta o
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pontos dos outros com apenas quatro linhas
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'a u l l u x o O Ü
JOSÉ

Brenda Bloxham

lhes grandes recompensas se vivessem dig­

Q
uando o Pai Léhi foi avisado pelo Se­
nhor de que a cidade de Jerusalém nam ente. Finalm ente chegou a vez de
seria destruída e que ele deveria le­ José. Ele era o filho mais novo de Léhi.
var sua família para um a nova terra, Léhi Juntam ente com seu irmão Jacó, José ha­
obedeceu. Sua dificultosa viagem através via nascido enquanto a família viajava
do deserto durou oito anos. (1 Né. 17:4.) pelo deserto.
Então, o Senhor orientou-os para que Prim eiram ente Léhi disse a José o
construíssem um navio e viajassem para a quanto o amava. Disse-lhe da grande ale­
terra que lhes havia preparado. gria que ele havia dado a seus pais d u ­
Léhi havia envelhecido na nova ter­ rante suas viagens, quando estavam pas­
ra. Cham ou seus filhos, um por um, sando por tempos tão difíceis.
para dar-lhes um a bênção final antes de E então Léhi deu um a grande pro­
sua morte. Deu bênçãos especiais a Lamã, messa a José: seus descendentes nunca se­
Lemuel, Néfi, Sam e Jacó prometendo- riam com pletam ente destruídos.
18 A LIAHQNA
Léhi falou-lhe de outro José, um de varas (ou histórias) conteriam as leis e
seus ancestrais, que, quando jovem havia mandam entos que Deus havia dado aos
sido vendido ao Egito por seus irmãos. seus profetas. Elas conteriam as bênçãos
Esse homem havia-se tornado um grande prom etidas aos descendentes de José e
personagem na terra do Egito, m enor ape­ Judá. Os registros se testificariam m utua­
nas do que o próprio faraó. Havia perm a­ m ente e juntos estabeleceriam a paz.
necido m uito próxim o do Senhor e ten­
José do Egito viu tam bém que nos
tara fazer o que supunha que o Senhor
últim os dias nasceria um grande homem
queria que ele fizesse. O Senhor o aben­
entre seus descendentes. Ele seria um
çoara de modo que pôde salvar muitas
profeta de Deus e seria capaz de traduzir
pessoas de um a terrível fome, estando en­
“a vara de José”, esse registro dos descen­
tre elas até seu próprio pai e irmãos.
dentes de José. E poderia tam bém con­
Esse José tivera um a visão na qual vencer m uitas pessoas de que esse regis­
divisara seus descendentes que ainda tro era realm ente a palavra de Deus. T al
viriam à terra. Pudera ver Léhi e seu filho profeta tam bém seria chamado José, e o
José. E essa visão havia sido registrada, nome de seu pai seria tam bém José. (Sa­
para que outros a pudessem ler e apren­ bemos hoje que esse profeta era Joseph
der por seu interm édio. Smith Jr. e a vara de José que ele traduziu
Ele vira que muitos de seus descen­ é o Livro de M órmon.)
dentes seriam destruídos, mas o Senhor Léhi term inou a história de José e
lhe havia prom etido que alguns deles deu a seu filho outra grande promessa:
sempre viveriam sobre a terra. Léhi e seu “Portanto, por causa deste convênio, és
filho, José, eram parte dessa família. E abençoado; porque tua semente não será
tal era um a das razões por que o Senhor os destruída, pois que escutarão as palavras
tirara da terra de Jerusalém antes de que do livro.” (2 Né. 3:23.) Léhi prom eteu a
aquela grande cidade fosse destruída. Es­ seu filho José não somente que seus des­
tava cum prindo sua promessa a José. cendentes perm aneceriam para ler o L i­
vro de M órmon, mas tam bém que m ui­
José do Egito viu tam bém que dois
tos deles o com preenderiam , aceitariam e
registros sagrados seriam mantidos. Um
seriam batizados na Igreja de Jesus Cristo.
deles seria a história de seus descendentes.
Esse seria chamado de “a vara de José”. Por ser José ainda um jovem, Léhi
O utro registro tam bém estava sendo guar­ aconselhou-o a seguir o exemplo de seu
dado pelo povo do Velho M undo. Esse era irmão N éfi e a viver os mandam entos de
uma história dos descendentes de Judá, Deus. Então essas bênçãos especiais pode­
o irmão de José. Ele deveria ser chamado riam ser dadas a ele e a seus filhos. (Veja
de “a vara de Judá”. Juntas, essas duas 2 Néfi 3.)

JANEIRO DE 1977 19
História do Livro de Mórmon
Elizabeth F. Bales Elizabeth F Bates
Vigorosamente

1
1. No Li — vro de M ór — mon nós po — de — mos en — con — trar
2 . La — ma — ni — tas e Ne — fi — tas vi — vem a lu — tar

ts

\ =
j— i — 1------ -----------*0----- 0 ----- 0.------ ------^ —
t r ------------ — — V — , 'm é — --------------------------- * --------
Que a es — ta ter — r a ve — io a — tra — ves — san — do o rnar
O Li — vro de M ór— mon diz que to — dos são ir — mãos

*} % J _ 1 J - — ir t ~ ± 1
L^-------------- 6»-------------------------------- «J------------------------------1—3 ------------------------------ J : - 3 - 3 . 1

20 A LIAHONA
B.C. O A.D. IO O 200 300 4 0 0 fi.D.
-i---- 1---- 1---- 1---- 1---- H
GRAFICO CRONOLOGICO DO
LIVRO DE MÓRMON
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Ültimos Dias
Jesus nasce
em Belém
© Amon e Lamoni encontram o pai de (tj) O Capitão Morôni vence os realistas. ) Os lamanitas são mais retos do que os (94) Jesus ensina o Evangelho e organiza sua
Lamôni. (Alma 20) (Alma 51) nefitas e enviam missionários entre os Igreja. (3 Néfi 12-27)
Teancum mata Amaliquiah. que foi nefitas. (Helamã 6:1-6) (95) Era de paz acompanhando o ministério de
(J) Aarão prega o Evangelho ao pai de ® sucedido por Amoron.
Lamôni e à sua casa. (Alma 22)
) Livre intercâmbio comercial entre os Cristo. (4 Néfi)
(Alma 51:33. '34; 52:3) nefitas e lamanitas. (Helamã 6:7-9)
(Jà Os três nefitas são transformados.
(62 ) Convertidos os anti-néfi-lehitas. Capitão Morôni, Léhi e Teancum w (3 Néfi 28)
(Alma 23-25; 27) retomaram várias cidades capturadas. © Os ladrões de Gadianton obtêm controle
sobre o governo Nefita. (Helamã 6:15-41)
(Alma 52-55) 0 Algumas pessoas revoltam-se e tornam se
(J) Dada a terra de Jershon aos anti-néfi- \ly Helamã I e os jovens guerreiros Néfi, filho de Helamã II, profetiza o
lehitas. (Alma 27) lamanitas. (4 Néfi 20)
ajudaram os nefitas. (Alma 53; 56-58) assassinato do juiz supremo.
(Helamã 7-9) (5) Dividido 0 povo entre nefitas e lamanitas.
(§) Corior, o anticristo, foi punido com a (75)0 Capitão Morôni e Pahoran
Néfi, filho de Helamã II, recebe grande w (4 Néfi 35-42)
mudez. (Alma 30) correspondem-se. (Alma 59-61)
poder. (Helamã 10; 11) (5) Amaron confia a Mórmon o cuidado das
- s Expulsos os lamanitas das terras nefitas
© Alma, o filho, dirige uma missão entre os
zoramitas (Alma 31-35)
® e estabelecida a paz. (Alma 62:12-52) © Samuel, o lamanita, adverte os nefitas.
(Helamã 13-15)
placas. (Mórmon 1:1-4)
Mórmon deposita todas as placas exceto
(6®)0 Capitão Morôni vence Zerahemnah
Morte do Capitão Morôni e de Pahoran.
w (Alma 63:3; Helamã 1:2) Dados sinais do nascimento do Salvador. © as de Mórmon, as quais dá a seu filho
(Alma 43; 44) (3 Néfi 1) Morôni. (Mórmon 6:6)
Desaparecimento de Alma. o filho. Hagote constrói navios e lança-se ao mar © Laconeo e Gidiani derrotam os ladrões
Batalha final entre os nefitas e
(Alma 45:15-19) (Alma 63:5-8) de Gadianton. (3 Néfi 3; 4) © lamanitas em Cumorah.
Ouishcúmen forma uma combinação Os nefitas são divididos em tribos. (Mórmon 6:7-15)
@ Amaliquiah tenta tornar-se rei dos nefitas. (3 Néfi 7)
(Alma 46:1-10) ^ secreta e assassina o filho de Pahoran. Morôni fica vagando, sozinho e resume
Dados sinais da morte de Cristo.
(Helamã 1:1-12) © (3 Néfi 8)
a história jaredita. (Mórmon 8,
(3h O estandarte da liberdade reagrupa os © Gadianton torna-se líder do bando de Éter 1:1, 2; Morôni 1:1)
nefitas amantes da liberdade. Ouishcúmen. (Helamã 2) Jesus Cristo apareceu aos nefitas.
(Alma 46:11-37) (3 Néfi 11-1-17) (W3) Morôni registra sua despedida e deposita
(8i) Convertidos milhares de lamanitas as placas de Mórmon no Monte Cumorah.
© o Capitão Morôni prepara os nefitas para . através dos esforços de Nefi e Lehi. Jesus escolhe doze discípulos entre os
defenderem sua liberdade. (Alma 48:50) (Morôni 10)
.(Helamã 5) nefitas. (3 Néfi 12-1)
m Diário
Decidi realizar minhas próprias investigações.
Orgulhando-me do pensamento lógico e da pesquisa
objetiva, fui à biblioteca pública e retirei quatro livros

Mórmon
sobre o mormonismo, dois a favor e dois contra. (Que­
ria estar certo de obter os dois lados da história.)
Mas, ao começar a ler, aconteceu algo estranho. To­
das as coisas que eu não pudera aceitar acerca de
religião não faziam parte do mormonismo. Além dis­
A s experiências diárias de viver o Evangelho e so, embora houvesse novos conceitos e doutrinas no
mormonismo, esses pareciam verdadeiros, vagamente
amar ao Senhor estão escritas no coração de todo familiares.
santo dos últimos dias. Elas são a história de todos.
Para minha consternação, comecei a sentir que
Compartilhem com outros membros da Igreja talvez pudesse aceitar essa filosofia mórmon. Muito
as experiências que têm fortalecido seu era dito nesses livros a respeito do Livro de Mórmon,
mas a maioria o era ou em sua defesa ou atacando
testemunho: orações atendidas, bênçãos do Sacerdócio, sua origem. Muito pouco era revelado a respeito de
a inspiração de queridos familiares e de amigos, seu conteúdo. Um autor anti-mórmon disse que era
e as recompensas do trabalho nas auxiliares da Igreja. um livro muito peculiar pois as pessoas que o liam
ou o consideravam a fraude mais vil e óbvia, ou
Enviem-nas à Coordenação de Línguas então que era divinamente inspirado. Decidi lê-lo
do Centro Editorial Brasileiro e ver por mim mesmo o que havia de peculiar nele.
— Caixa Postal 19079, São Paulo, Brasil CEP 01000. Ao iniciar a leitura, uma outra coisa estranha
começou a acontecer. Tive algumas experiências que
não compreendi, mas senti-me bem quanto a elas.
Alma 32 Mudou Compreendi mais tarde que o Espírito Santo estava
testificando a mim da veracidade daquilo que eu es­
tava lendo. Prossegui a leitura até chegar a Alma 32
Minha Disposição — um capítulo muito especial para mim. Li no ver­
sículo 17: “ Sim, há muitos que dizem: Se nos mos-
Elmer J. Barberi

u era um rabugento. Algumas experiências ruins

E em minha juventude haviam-me deixado um


tanto amargo e desconfiado da humanidade em
geral, e, visto que estava sempre reclamando, as pes­
soas não me aceitavam prontamente. No que se re­
feria a religião, achava que era uma muleta para os
fracos. Era intensamente orgulhoso de minhas pró­
prias capacidades e simplesmente não me interessava
saber se Deus existia ou não.
Então, uma nova secretária veio trabalhar em
nossos escritórios. Uma pessoa feliz, alegre e extro­
vertida, ela era tudo o que eu não era. Não era con­
vencida, mas não parecia necessitar da aceitação de
todos para suster-se. Possuía alguma força interior e
algo muito especial dela irradiava como se fosse uma
luz. Ela era membro da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias.
Tornamo-nos bons amigos, e, ao conhecê-la me­
lhor, comecei a compreender como minha vida era va­
zia. Entendi também que a religião compreendia gran­
de parte de sua vida. Será que, de alguma forma, isto
teria alguma relação com aquele “algo especial” que
a circundava? Ela não falara muito comigo sobre
religião porque, como vim a saber mais tarde, nunca,
em seus pensamentos mais ousados, pensara que eu me
afiliaria à Igreja. Certamente minhas atitudes e esti­
lo de vida não lhe davam razão para pensar de modo
diferente. Mas, o pouco que ela falou sobre o mor-
monismo deixou-me intrigado.

22
trarem um sinal do céu saberemos com segurança e
então acreditarem os.” Um Sueco do Dakota do
É isso mesmo! Pensei. Era exatamente assim que
eu me sentia. Se existe um Deus, por que ele não desce, Sul e o Livro de Mórmon
simplesmente, e se mostra a todos? Então li a resposta
de Alma: Gerald E. Jones

“E pergunto-vos agora: Isso é fé? Eis que vos ode ser que jamais venhamos a saber quem de­
digo: Não; Porque se alguém conhece uma coisa não
tem motivo para crer já que a conhece.” (versículo
18.)
P positou uma cópia do Livro de Mórmon na bi­
blioteca do condado, em Gettysburg, Dakota do
Sul (com uma população inferior a 2.000 habitantes),
mas o Ramo de Gettysburg, da Igreja, deve sua exis­
Um momento. Como é que é? Li repetidamente. tência àquele livro e à mente inquiridora de um sueco
Nunca havia pensado nisso sob este aspecto, mas era alto e magro. Ele influenciou minha vida durante
uma verdade muito óbvia. Tive a estranha intuição de trinta anos.
que isto iria ter implicações de longo alcance em mi­
nha vida. O próximo versículo significativo para mim Karl Ivar Sandberg deixou a Suécia ainda ado­
foi o 27: lescente para procurar sua fortuna no noroeste ame­
ricano. Mas, quando se cansou da vida rude nos cam­
“Mas, eis que, se despertardes e exercitardes vos­ pos de madeireiros, decidindo aventurar-se na agricul­
sas faculdades, pondo à prova minhas palavras (adoro tura, estabeleceu-se no Condado de Potter, Dakota do
fazer experiências. Elas lhe dão conhecimento de pri­ Sul, vivendo, durante algum tempo, uma vida reclusa
meira mão — algo realmente tangível), e exercerdes de celibatário, em uma cabana. Mas ele trabalhou
um pouco de fé (não uma fé enorme, mas um pouco muito, prosperou e logo tinha uma casa e algumas
de fé) sim, ainda mesmo que não tenhais mais que o terras.
desejo de acreditar, fazei com que esse desejo opere
Foi enquanto observava o brotar de suas semen­
em vós, até acreditardes de tal forma que possais dar
tes na primavera e o milagre do nascimento entre os
lugar para uma porção de minhas palavras. (Itáli­
animais de sua fazenda que Ivar começou a fazer
cos acrescentados.)
a si mesmo algumas perguntas a respeito de religião.
A despeito de tudo que sentia, e da vida que le­ Procurou respostas na Bíblia. “E ra meu costume, en­
vava, eu realmente desejava acreditar. quanto eu trabalhava por perto, correr até a casa vá­
rias vezes durante o dia, quando o trabalho não estava
Alma continuou explicando a prova. Ele com­ muito apertado, e ler durante algum tem po” , disse ele.
parou o Evangelho a uma semente. Se você simples­ “Se lesse ficção, não me incomodava em tirar o boné,
mente plantar a semente em seu coração e a alimentar mas se fosse a Bíblia, tirava o boné, pois considera­
tentando viver o Evangelho, ela crescerá e aumentará va-a um livro sagrado.”
no seu íntimo, e você saberá que é boa.
Sentindo a necessidade de filiar-se a uma igreja
Bem, terminei o Livro de Mórmon e sabia que a fim de aprender mais acerca de Deus e suas obras,
desejava um exemplar para mim. Telefonei aos missio­ Ivar visitou as cinco igrejas de Gettysburg, cerca de
nários e eles ficaram mais do que felizes em vir e 25 km da fazenda, e debateu religião com seus mi­
conversar comigo. Recebi as seis palestras. Tive então nistros. Mas, em vez de ficar satisfeito, ele desenco­
que decidir-me. Tinha um testemunho, mas ele era rajou-se. Nenhuma delas estava à altura de suas ex­
muito fraco. Não sabia se ele me sustentaria. Mas pectativas de como era a igreja do Novo Testamento.
decidi aceitar a palavra de Alm a e tentar essa prova. As doutrinas por elas ensinadas não pareciam verda­
Eu seria batizado e tentaria ser completamente obedi­ deiras. Voltado para sua busca da verdade, Ivar diri­
ente durante um ano. Se a experiência desse certo, giu-se à biblioteca da cidade e leu todos os livros
seria ótimo. Se não, eu não teria perdido muito. religiosos que pôde encontrar. Logo ele se desesperan­
çou do cristianismo e decidiu ler o Corão. Enquanto
Isto foi há cinco anos. Depois de começar a
a bibliotecária esperava obter o livro para ele, através
cumprir a Palavra de Sabedoria, pagar o dízimo e
de um empréstimo inter-bibliotecas, sugeriu-lhe que
crescer no Evangelho, as pessoas começaram a dizer-
poderia estar interessado em outro livro “pagão”, em­
me coisas que eu nunca ouvira antes — como eu
bora alguns o tivessem considerado uma leitura can­
parecia estar sempre feliz, como era amistoso, como
sativa. Ivar foi para casa com o Livro de Mórmon.
as pessoas gostavam de mim e me respeitavam. Re­
pentinamente, parecia que todos eram meus amigos e “Iniciei a leitura do Livro de Mórmon, e é claro
comecei a progredir de maneiras em que nunca achara que pensei estar começando a ler um livro de ficção.
possível. Depois de três anos conheci a moça com Não havia lido muitas páginas quando descobri que
quem haveria de me casar, criar uma família e, even­ havia encontrado um livro extremamente notável. As
tualmente, construir o lar de nossos sonhos. lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto e parecia
estar presente um espírito muito doce. Quando come­
Sei que o Evangelho transforma vidas e se sim­ cei a ler o livro, estava com o meu boné, mas, antes
plesmente nos esforçarmos por viver seus princípios, de se ter passado muito tempo, senti que um homem
nosso Pai nos céus nos abençoará abundantemente. deve ler tal livro com a cabeça descoberta.

JANEIRO DE 1977 23
“Conforme me lembro, li o livro em aproxima­ Do presidente da Missão dos Estados Centrais do
damente três dias e parecia haver com ele o mais Norte ele obteve permissão para realizar a Escola Do­
doce dos espíritos. Até onde podia ver, o livro podia minical em sua casa. Logo converteu uma professora
ser verdadeiro, mas, ainda assim eu tinha o senti­ muito agradável, Mildred Nelson, e com ela casou-se.
mento de que mais cedo ou mais tarde veria onde Mais tarde, outros vizinhos começaram a aceitar o
ele se contradiria. Evangelho. Naquela ocasião, um vizinho contou a meu
pai a respeito dos estranhos acontecimentos ocorridos
“Achei a obra tão notável que a levei a um vi­ cerca de 8 quilômetros de nossa casa. Meu pai achava
zinho religioso. Pensei que ficaria muito entusiasmado que a maioria das igrejas eram clubes sociais onde as
com ele, mas quando voltei, depois de três dias, encon­ mulheres iam exibir suas modas mais recentes e os
trei-o zombando do livro, dizendo que havia sido homens pareciam honestos, a fim de ajudar os seus
composto com uma porção de nomes tirados da Bíblia. negócios durante a semana. Aceitou o desafio de “en­
Devolvi-o à biblioteca e pensei nele durante todo o sinar algumas coisas a esse sueco estranho e igno­
verão. No entanto, ainda não podia ver onde o livro rante.”
contradizia a si mesmo ou à Bíblia.
Nossa prim eira reunião foi em uma escola que
“Naquele ano, meu irmão Swen estava trabalhan­ possuía apenas uma sala de aula com cerca de vinte
do para mim, e certa noite de sábado, no outono, pessoas presentes, sendo a metade delas investigado­
enquanto estava se preparando para ir a Gettysburg, res. Eu mal podia entender o sotaque forte desse con­
pedi-lhe que fosse até a biblioteca e solicitasse o Livro verso sueco, mas senti seu espírito. Era cálido e ani­
mador. Meu pai e eu conversamos muito a esse res­
de Mórmon à bibliotecária. Ele o fez e, na manhã
peito e finalmente ele foi batizado dentro de um ano,
seguinte, sendo domingo, comecei a lê-lo logo depois
em um pequeno lago na pradaria. O restante de nossa
de alim entar a criação. Naquela noite, antes de ir para família foi batizado em datas posteriores.
a cama, eu havia lido todo o Livro de Mórmon. Es­
tava mais impressionado do que nunca. Li-o todo Quando o Ramo de Gettysburg foi organizado,
mais uma vez antes de devolvê-lo à biblioteca, e eu em 1948, com vinte e cinco membros conversos, Ivar
sabia que era verdadeiro.” Sandberg foi seu primeiro presidente, cumprindo uma
promessa que lhe havia sido feita quando fora con­
A biblioteca não tinha mais nenhum livro a res­ firmado membro da Igreja muitos anos antes. Meu pai
peito do mormonismo, assim, eles lhe indicaram a foi seu primeiro conselheiro.
Livraria Deseret, na Cidade do Lago Salgado. Du­
rante os dois anos seguintes, Ivar encomendou vários Este era o ramo mais incomum da missão. Em­
livros e ficou completamente convertido e um grande bora fosse formado inteiramente de famílias de fa­
conhecedor das doutrinas da Igreja. Ele ainda não zendeiros, muitos tinham instrução universitária. Qua­
havia conhecido nem um santo dos últimos dias e de­ se sempre eram famílias que se afiliavam à Igreja,
cidiu eventualmente que precisava ir à Cidade do iniciando-se com o pai. Havia ampla liderança do Sa­
Lago Salgado e ser batizado. cerdócio, e quase todas as mulheres sabiam tocar pia­
no e reger música.
A viagem em um velho Ford Modelo-A através
de muitos quilômetros de terra batida desde o Wyo- Típica da influência de Irmão Sandberg, era a
ming foi tudo, menos encorajadora, e freqüentemente família Thompson, do Texas. Ambos os pais eram
ele parava e orava ao lado de seu carro, pedindo altamente cultos, haviam ensinado na escola secun­
forças para prosseguir. Seu primeiro contato com um dária e eram fazendeiros, sendo também ativos na
mórmon foi com um empregado de um posto de ga­ igreja protestante. Entretanto, com cinco filhos eles
solina ao norte de Utah, membro inativo da Igreja, e haviam decidido obter uma fazenda no Sul do Da­
novamente ele ficou imaginando se deveria prosse­ kota. Viajando pela estrada, notaram uma pequena
guir. Mas, na manhã seguinte ele entrou em Lago Sal­ capela a cerca de doze quilômetros de Gettysburg.
gado, estacionou ao lado da Praça do Templo e disse Curiosos e, de certa forma influenciados por um so­
a um dos vigias que tinha vindo unir-se à Igreja. Na­ nho que a sra. Thompson tivera no Texas, eles en­
quele domingo Ivar prestou seu testemunho na pri­ traram em contato com Ivar. Desejavam mostrar-lhe
meira reunião SUD que já havia assistido. “Como me como ele estava errado; mas, em menos de um ano,
rejubilei ouvindo os santos prestarem seu testem unho”, eram membros ativos do ramo.
disse ele, “Eu estava finalmente entre verdadeiros
irmãos e irmãs. Depois da reunião parecia que quase Todo o ramo de Gettysburg deve sua existência
todos vinham apertar-me as m ãos.” a Ivar Sandberg e a um exemplar do Livro de Mór­
mon. No dia em que ele morreu, vítima de um aci­
Ivar foi batizado em 1.° de outubro de 1934 e, dente automobilístico, em 1949, tive o privilégio de
desejando permanecer na cidade dos santos, trabalhou partir como o primeiro missionário do ramo a ser
durante algum tempo em Lago Salgado. Mas, depois chamado. Desde aí, um bom número tem cumprido
de ser ordenado um élder, foi encorajado a voltar a missões em todo o mundo, inclusive cinco de seus
Dakota do Sul para ajudar a estabelecer lá a Igreja. próprios filhos e sua esposa, Mildred. Sendo ainda um
Ele partiu a tempo de plantar suas sementes na pri­ ramo pequeno, ele inclui agora dezoito famílias e
mavera seguinte. mais do que cinqüenta membros. Mas presidentes de

24 A LIAHONA
ramo, bispos, vários oficiais de ala e estaca — todos mecei a lê-lo, e, à medida que o fazia, lembrei-me
convertidos por Ivar e pela mensagem que levava — de tê-lo lido todo antes. Li-o completamente e foi
vivem hoje em outras áreas da Igreja e continuam exatamente como ler um livro pela segunda vez.” Era
a ensinar o Evangelho de Cristo. o Livro de Mórmon!
Quando os missionários vieram para Livonia,
Michigan, E.U.A., Lydia e seu marido, Samuel Gates,
Mmha Avó Sonhou que foram batizados. Eles foram para o oeste com os san­
tos e se estabeleceram em Lynne (atualmente O gden),
Estava Lendo Utah. Sempre firme na Igreja, Lydia criou uma grande
família e viveu até a idade de oitenta e quatro anos.
(dos escritos de Enviado por Karen Babcock
Lucetta Maria Marler Atkinson) terceira bisneta de Lydia Gates.

uando minha avó, Lydia Downer Gates (nasci­ O Livro de Mórmon


Q da em 1810), era mocinha, ao levantar-se certa
manhã contou à sua família que havia estado
lendo um livro em seus sonhos durante a noite toda.
Me Ensinou a Bíblia
Não se lembrava do nome do livro, nem o lera, mas John F. Heidenreich
podia lembrar-se distintamente de sua aparência.
Na manhã seguinte, Lydia anunciou novamente ossuindo uma formação teológica e havendo des­
ter estado lendo o livro durante o sono, começando
na parte em que parara na noite anterior e continuan­
do durante a noite toda. Embora não pudesse lembrar
de coisa alguma do que havia lido, estava profunda­
P pendido alguns anos como pastor de outra igreja,
minha prim eira leitura do Livro de Mórmon
causou-me um grande impacto. Foi como ver uma vi­
brante cachoeira pela primeira vez. É um livro que não
mente impressionada com o fato de que o livro con­ se pode ler com displicência. Suas alegações são gran­
tinha uma mensagem im portante para toda a família, des demais para que se as ignore.
algo que seria de grande valor para todos eles.
Antes de minha conversão, eu estava tão doutri­
Noite após noite o livro apareceu diante dela até nado com o pensamento moderno e as interpretações
que terminou a leitura. Isto levou tempo, e antes de liberais da Bíblia que muitas das escrituras pareciam
terminar, Lydia levantava-se da cama todas as manhãs, irrelevantes. Eu não podia pensar claramente ao ou­
sonolenta e exausta, como se houvesse perdido o des­ vir muitos teólogos indicando diferentes direções, pro­
canso da noite. clamando: “ Esta é a verdade!”
Ela descreveu o livro detalhadamente para sua
família, seu comprimento, largura, espessura, enca­
dernação, tudo que lhes pudesse facilitar o reconhe­
cimento caso o vissem. A família procurava-o em to­
das as livrarias onde quer que fossem; e se alguém
chegasse à casa vendendo livros, examinavam cuida­
dosamente para ver se havia uma resposta à descrição
feita por Lydia. Ela própria nunca deixou de pro­
curá-lo nas casas dos outros. Lydia não podia deixar
o pensamento de que ele continha informações valio­
sas para todos eles.
Algum tempo mais tarde, uma de suas tias pe­
diu-lhe que fosse tomar conta de sua casa durante
algum tempo, pois ela ia viajar. Lydia ficou satisfeita
em poder atendê-la. Quando sua tia saiu, disse-lhe:
“ Lydia, se você quiser ler enquanto eu estiver fora,
há alguns livros naquela arca”; e apontou para uma
arca de madeira no quarto.
Assim que terminou seu trabalho, Lydia foi até
a arca e começou a olhar os livros. Olhou um, depois
outro, e os pôs de lado. E então, ao estender a mão
para pegar um outro livro, diante de seus olhos estava Sabia que não possuía a verdade unificante que
o livro de seus sonhos! Seus dedos tremeram quando desejava tão ardentemente. Em sua busca, cheguei ao
ela o pegou e aproximou-o de si. Um sentimento de Livro de Mórmon. Achei-o grandemente esclarecedor.
alegria inundou-a. Falando da experiência, ela contou Em minha fome pela verdade, li-o cinco vezes em um
mais tarde: “Senti-me tão leve quanto uma pena; período de sete meses em um estudo comparativo
como se me fosse elevar até o teto. Abri o livro e co­ com a Bíblia. Este foi o trabalho mais frutífero de mi­

JANEIRO DE 1977 25
nha vida, mais útil do que qualquer outro investi­ Sem dúvida Adão e Eva sofreram as conseqüên­
mento semelhante de tempo que eu já fiz. cias de fazerem algumas escolhas erradas, como nós
Minha descoberta mais surpreendente sobre o Li­ também sofremos. Também tiveram a mesma àlegria
vro de Mórmon foi a luz que lançou sobre a Bíblia. que advém das escolhas corretas, como nós também
temos.
Inicialmente fiquei admirado de que pudesse acontecer
isso, porém, mais tarde vim a compreender que Deus Também achei o Livro de Mórmon de especial
o planejou desta forma. A Bíblia e o Livro de Mórmon ajuda na compreensão do livro de Isaías e da magni­
precisam vir juntos para suplementarem-se mutuamen­ tude espiritual deste grande profeta do Velho Testa­
te no cumprimento de Ezequiel 37:16-17. “Tu, pois ó mento. Muitas das suas profecias notáveis tornaram-se
filho do homem, toma um pedaço de madeira, e es­ tão claras quando as examinei à luz do Livro de Mór­
creve nele: Por Judá e pelos filhos de Israel, seus com­
mon que não podiam ser mal interpretadas.
panheiros; depois toma outro pedaço de madeira, e
escreve nele: Por José, vara de Efraim, e por toda a Também aprendi no Livro de Mórmon a impor­
casa de Israel, seus companheiros. tante parte que os gentios devem fazer na ajuda à
“ E ajunta um ao outro, para que se unam e se Israel para que esta reivindique as grandes promes­
tornem um só na tua m ão.” sas que Deus lhe fez no Velho Testamento — eles
são um instrumento em suas mãos para trazer a re­
Eu sabia que o pedaço de madeira a que Eze­ denção a toda a raça humana. (1 Néfi 22:3-12.)
quiel se referiu eram pergaminhos ou livros enrolados
em paus. A referência não poderia ser ao Velho e Novo Há, no Livro de Mórmon, dimensões de fé que
Testamentos, como sugeriam alguns eruditos, pois a apóiam os mesmos ensinamentos da Bíblia. Há também
tribo de José, através de Efraim, pouco tinha a ver alguns aspectos únicos de fé no Livro de Mórmon
com o aparecimento da Bíblia, fosse o Velho ou o que não são encontrados na Bíblia, como em Alma 32,
Novo Testamento. Entretanto, a tribo de Judá estava onde a fé é contrastada com o conhecimento e compa­
identificada intimamente com toda a Bíblia. A tribo rada a uma boa semente. Este grande capítulo sobre a
real de Davi veio através de Judá, como aconteceu com fé, no Livro de Mórmon adicionou muito ao meu en­
outros grandes reis e profetas da Bíblia, inclusive Je­ tendimento dos ensinos da Bíblia sobre esse assunto
sus de Nazaré. Por outro lado, o Livro de Mórmon tão evidente.
fora escrito ou condensado por grandes profetas, reis
e juizes nefitas, os quais eram todos descendentes de O coração do Livro de Mórmon é seu testemu­
José do Egito. A resposta parecia óbvia: A profecia de nho de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, o Sal­
Ezequiel refere-se à Bíblia e ao Livro de Mórmon. vador. Este é também um dos principais assuntos que
percorrem a Bíblia. O conceito do Livro de Mórmon
Então, muitos outros ensinamentos básicos da referente à natureza divina de Cristo como Salvador
Bíblia com os quais eu estava intelectualmente fami­ acentua também o histórico Jesus à medida que ele se
liarizado passaram a ter vida. apresenta em todo o Novo Testamento. A idéia aven­
Eu nunca havia entendido o significado verda­ tada por alguns oponentes do Livro de Mórmon de
deiro da queda de Adão como um passo necessário que temos a Bíblia e não precisamos de outra teste­
para a salvação eterna do homem. Quando li o Livro munha de Cristo é tão lógica quanto afirmar que por
de Mórmon, aprendi que Adão não é um infame res­ termos o Evangelho de Mateus não precisamos dos
ponsável pela degradação da raça humana conforme outros três Evangelhos que falam essencialmente a
é interpretado pelo cristianismo ortodoxo. Ele e Eva, mesma coisa. O Livro de Mórmon dá o apoio e o
representantes de nossa condição humana, abriram testemunho individual à Bíblia, como cada um dos
mão de seu estado de inocência e assumiram a tre­ quatro Evangelhos fazem um ao outro.
menda responsabilidade de fazer escolhas entre o bem
e o mal. O ministério de Jesus na Palestina durou três
anos e, entre os nefitas, apenas alguns dias, mas, ver a
Quão maravilhosamente doce é um bebezinho em compaixão do Senhor pelas multidões nefitas e a sua
sua inocência e pureza! Ao mesmo tempo, quão indes­ reação irresistível a ele, conforme registrado em Ter­
critivelmente trágico seria se esse bebê conservasse ceiro Néfi, acrescenta muito ao quadro de sua vida
sua inocência e pureza permanecendo um infante, sem terrena. Aprendemos que Jesus veio não somente para
nunca crescer para assumir a responsabilidade por seu povo que estava em um lado do mundo, mas tam­
suas ações. Essas palavras do Livro de Mórmon tor- bém para o do outro lado. Sua declaração do Novo
naram-se preciosas e significativas: “ (Se Adão e Eva Testamento: “Tenho outras ovelhas que não são deste
não tivessem transgredido), não teriam tido filhos; aprisco” (João 10:16), torna-se grandemente signi­
portanto, teriam permanecido num estado de inocên­ ficativa.
cia, não tendo alegria, por não terem conhecido a mi­
séria, não fazendo o bem, por não conhecer o pecado... O Livro de Mórmon é permeado pelo Espírito do
Senhor, e quem quer que o leia com aquele mesmo
“Adão caiu, para que os homens existissem; e os Espírito saberá que é verdadeiro. Se você ama a Jesus
homens existem, para que tenham alegria.” (2 Néfi Cristo, amará ao Livro de Mórmon, porque o livro
2:23, 25.) testifica sobre ele.

26 A LIAHONA
NEFITAS

JACOBITAS

JOSEFITAS

ZO R A M ITA S

Nefitas

Lamanitas

LA M A N ITA S

LEMUELITAS

ISMAELITAS

re q ü en tem en te ouvim os fa la r 1 N éfi 17:4.) O s zo ram ita s foram Essas passagens são: (1) Jacó e x ata m en te onde se en co n tram
apenas de dois grupos d escen ­ nom eados segundo o servo de La- 1:13, que co rrespo n de m ais ou m e ­ a tu a lm e n te as s e te lin h ag en s, as ­
F den tes de Léhi — os n efitas bão, o qual passou a fa ze r p arte da nos à m o rte de N é fi, pouco depois sim com o d esco nh ecem o s o p ara­
e os lam an itas. Na verd ad e, sua fa m ília de Léhi. (V id e 1 N é. 4:33- de 543 A .C .; (2) IV N éfi 36-38, que d eiro das trib os p erd idas de Isra el.
descendência foi bem m ais co m ­ 35.) correspo n de a 231 A .D .; (3) M ó r­ Essas linhagens, contudo, e x is te m
plexa. D u rante os séculos antes de mon 1 :8-9 que co rrespo n de a 323 alg ures, pois em 1828, o S enhor
O s lam an itas e le m u e lita s foram
C ris to , os n efitas se d ividiam em A .D .; e (4) D o u trina & C onvênios p ro m eteu que lhes s e ria dado co­
cham ados segundo os irm ãos m ais
quatro grupos. Os lam anitas, por 3:16-18, que data de 1828 A .D . n hecim ento do S alvad or. (V id e D&C
velhos de N é fi, enquanto os ism a e­
sua vez, estavam d ivididos em trê s 3:16-18.)
litas d escen d iam do hom em cujas O período de tem po abrange a
linhagens. A ssim , havia sete linha­ m a io r p arte dos 1.000 anos da his­ “A p es ar disso, a m inha obra irá
filh as se to rn aram esposas dos f i ­
gens ao todo: tó ria n efita, sugerindo que as sete avan te, pois com o o co n h e cim e n to
lhos de Léhi.
linhagens eram uma c a ra c te rís tic a de um S alvad or veio ao m undo pe­
Nefitas Lamanitas D u ra n te o m in is té rio de C ris to , lo tes tem u n h o dos jud eu s, assim
es táv el e n tre a p o sterid ad e de Léhi.
o povo v iv ia unido, m as quando a N o te-se tam bém que o S enhor con­ tam bém o co n hecim ento de um S a l­
nefitas lam anitas
ap o stasia d estruiu a idade de ouro tinu ava reconhecendo sua e x is tê n ­ vador há de v ir ao m eu povo —
jacobitas lem u elitas dos n e fita s , por v o lta de 200 A .D ., cia uns m il e q uatro cen tro s anos
“ E aos n e fita s , e aos jaco b itas,
jo s e fita s ism aelitas as s e te linhagens vo ltara m a se m ais tard e , na atual dispensação.
destacar. e aos jo s e fita s e aos zo ram ita s, p e­
zoram itas lo tes tem u n h o de seus an te p a s s a ­
Onde Estão as Sete
Nos anais n e fita s , essas linha­
Linhagens Agora? dos —
Os jacob itas e jo s e fita s foram gens são m encionadas em trê s lu­
denom inados segundo os irm ãos gares d ife re n te s , e se m p re na m e s­ A d ispersão das sete linhagens "E este tes tem u n h o v irá ao co­
mais m oços de N é fi, que haviam ma o rd em . A p arec em uma quarta de Léhi por todo o c o n tin en te am e­ nhecim ento dos lam an itas, e le ­
nascido durante os oito anos pas­ vez no livro de D o u trina & C o n vê­ ricano foi apenas p arte da d is p e r­ m u elitas e is m a e lita s ...” (D & C
ro
-J sados no d eserto da A ráb ia. (V ide nios. são geral de Isra el. Não sabem os 3:16-18.)
Perguntas de interesse geral respondidas para orientação,
não como pronunciam entos doutrinários da Igreja.
Tenho Uma Pergunta Como posso explicar aos meus amigos não-membros
o fato de Néfi ter m orto a Labão?
Alguns realm ente o rejeitam como escriturístico.

família de Léhi. Do pouco que sabemos sobre esse homem,


Labão foi pelo menos: (1) infiel no cum prim ento dos m an­
dam entos de Deus; (2) acusou falsam ente a Lamã de roubo;
(3) cobiçou a propriedade de Léhi como um homem ganan­
cioso e “libidinoso” ; (4) apropriou^e abertam ente daquela
propriedade; e (5) procurou por duas vezes m atar a Néfi
e /o u seus irmãos. Ele ^ra, pela própria declaração do Santo
Espírito, um hom em “In íq u o ” entregue a Néfi pela própria
mão do Senhor. (1 Né. 4:13.)
5. Mesmo deixando de lado o padrão de julgamento
legal do Velho Testam ento contra os “ iníquos”, ainda encon­
tram os base p ara o m andam ento direto a Néfi nas leis que
governam nossa própria dispensação. O Senhor declarou ao
Profeta Joseph Smith:
“E aquele que não se arrepender de seus pecados e não
os confessar, v ó s. .. agireis com ele conform e m andam as Es­
crituras, quer seja por m andam ento ou por revelação.
“E isto fareis para que Deus seja glorificado — não por­
que não os perdoais, não tendo compaixão, mas para que
sejais justificados perante a lei, para que não ofendais àquele
que é o vosso legislador. (D&C 64:12-13; itálicos acrescen­
tados.)
O julgam ento contra Labão está sendo recebido “por
(effrey R. Holland, Comissário de Educação da Igreja. revelação” e Néfi precisa finalm ente m atar Labão pela mesma
razão que o levou inicialm ente a evitá-lo — para que ele
não ofenda ao “legislador” divino.
6. Compreendemos, então, que a aplicação das leis muda
Por que Néfi Matou Labao a m ando do legislador. Nossa única segurança — e a de Néfi
— é a de conhecer e obedecer àquele Santo Espírito que
qui estão pelo menos algumas coisas que tento m anter sussurra a verdade. O Profeta Joseph Smith ensinou: “Deus
em m ente quando falo sobre a morte de Labão: disse: Não m atarás” ; e em outra ocasião, m andou: “De todo
1. Néfi registra esta experiência em detalhe in­ destruirás.” Este é o princípio pelo qual funciona o governo
tencionalm ente, em bora suas placas menores fossem dos céus — p or revelações que se adaptem às circunstâncias
limitadas tanto em tam anho como em assunto. Por que teve em que se encontram os filhos do reino Tudo quanto Deus
ele o trabalho de preservar para os futuros leitores uma requer é justo, não im porta o que seja, embora não possamos
ação que para ele foi tão difícil realizar e que tem sido com preender p o r que razão ele ordena isso ou aquilo, senão
tão amplam ente m al-interpretada? Por que não deixar sim­ até depois que se tenham cum prido os seus^propósitos. . .
plesmente de citá-la? Por que, realm ente, já que as placas T udo quanto Deus nos dá é “correto e lícito.” (Ensinam en­
menores deveriam ser lim itadas a “coisas que agradam ao tos do Profeta Joseph Smith, ps. 249 e 250.)
Senhor” e “de real valor para os filhos dos hom ens”? (1 Né. 7. Parece, finalm ente, que a obediência à revelação di-
6:5, 6.) Talvez em todas essas restrições exista um a pista ivina é o ponto principal desta história e não a morte. Deus
sobre o que incluir. pode restaurar a vida de um a pessoa no tempo e eternidade;
2. É errado supor que Néfi tenha desejado de alguma mas quase nada pode fazer pela pessoa que desobedece vo­
form a tirar a vida de Labão. Ele era jovem, e a despeito de luntariam ente. A qualidade de nossa obediência aos m anda­
um m undo de 600 A.C. ch eio -d e tensões e vinganças, ele mentos de Deus ainda é a expressão mais clara da qualidade
nunca havia feito "correr sangue hum ano.” (1 Né. 4:10.) de nossa fé nele.
Nada em sua vid a'p arece tê-lo condicionado para essa tarefa. Finalm ente, tudo isto (e a lista de justificativas para o
Na realidade, os m andam entos que lhe haviam sido ensina­ incidente poderia ser m uito mais longa) é pelo menos uma
dos desde a infância, declaravam : “N ão m atarás” ; e ele resposta parcial à prim eira pergunta apresentada — por que
recuou, recusando-se inicialm ente a obedecer aos influxos do a história é contada? Em acréscimo a qualquer dos significa­
Espírito. dos e razões legítimas plausíveis acima m encionados, este
3. Os estudantes da Bíblia hão de lembrar-se de que o relato faz pelo menos mais um a coisa verdadeiram ente es­
mesmo Moisés que recebeu no M onte Sinai esse mesmo sencial: ele dá ênfase à m onum ental im portância — sim, im­
m andam ento contra um homem tirar a vida de outro, cantou portância de vida ou morte — da escritura sagrada, dos
tam bém que o Senhor podia m atar, assim como d ar vida, ferir, registros que contêm “palavras que sairam da boca de todos
assim como curar. (D eut. 32:39.) Na realidade, o próprio os santos profetas.” (1 Né. 3:20.)
Moisés, ao descer do Sinai com os Dez M andam entos tão vivos Aquele que não com preende a determ inação inflexível de
em sua m ente quanto em suas mãos, fez com que 3.000 israe­ Néfi de en trar naquela cidade e obter aqueles registros, não
litas idólatras fossem m ortos im ediatam ente. Observando-se im porta se isto custasse a sua vida ou a de outros, nunca
com absoluta im parcialidade, simplesmente não se pode fazer com preenderá por que foi tão fundam entalm ente necessário
um a careta de desdém quando Néfi tira a espada de Labão e, trazer à luz o Livro de M órmon nesta dispensação, ou por
para a proteção de um povo inteiro, o m ata, e depois, m u­ que as forças do inferno tanto tentaram arrebatar aquelas
dando-se a expressão facial, aplaudir com entusiasm o quando placas do m enino profeta, ou p or que cada um de nós
Davi tira a espada de Golias e, para a proteção de um povo precisa exam inar as Escrituras e viver por toda a palavra de
inteiro, “tirou-a da bainha, e o m atou, e lhe cortou com Deus. Assim como o povo de Néfi viajando pelo deserto,
ela a cabeça.” (1 Sam. 17:51.) A Bíblia e o Livro de M órmon é “sábio no Senhor” que tam bém nós levemos conosco os
estão claram ente om bro a om bro com relação a esse assunto. registros sagrados em nossa jornada em direção à terra pro­
4. Labão, caído diante de Néfi em estado de embriaguez, m etida. (Vide 1 Né. 5:22.) Nossa única alternativa é “degene­
não está sem culpa no que se refere aos seus tratos com a rar e perecer em incredulidade.” (1 Né. 4:13.)

28 A LIAHONA
ATUALIDADE __
Dada a Relação pelas atividades do quorum. Ele é
chamado e desobrigado pelo pre­
sidente da estaca.

Entre o Bispo e o 2. O presidente do quorum de


élderes preside os membros de seu
quorum e recebe também a respon­
sabilidade pelos élderes em pers­

Presidente dos Élderes pectiva, um grande número dos


quais são portadores do Sacerdócio
Aarônico.
3. O presidente do quorum de
élderes tem o dever de treinar cada
A relação entre o bispo e o pre­ bro, com exceção de um portador membro do quorum e de ajudar os
sidente do quorum de élderes foi élderes e élderes em perspectiva a
do Sacerdócio de Melquisedeque.
esclarecida em uma declaração li­ ficar ativos e responsáveis. Ele re­
Os portadores do Sacerdócio de
berada pela Primeira Presidência e lata ao bispo o progresso e ativida­
Melquisedeque que precisarem ação
de de cada membro do quorum e
pelo Conselho dos Doze. disciplinar adicional além da de-
de cada élder em perspectiva.
É a seguinte a declaração: sassociação, devem ser encaminha­
dos pelo bispo à presidência da 4. No cumprimento de sua res­
Para esclarecer certas questões estaca. ponsabilidade para com os élderes
que têm surgido a respeito da re­ e élderes em perspectiva, o presi­
lação entre o bispo da ala e o pre­ 5. O bispo preside e dirige a
dente do quorum de élderes pode
sidente do quorum de élderes; e reunião do comitê executivo do Sa­
solicitar ao bispo e a outros líde­
para que haja a máxima eficiência cerdócio da ala como encarregado.
res do Sacerdócio de Melquisede­
na jurisdição destes dois líderes do Como sumo sacerdote presidente, é
que que designem sumos sacerdo­
Sacerdócio, acentuamos os seguin­ ele que dirige esta reunião. Tam­
tes como mestres familiares, a fim
tes pontos: bém preside e dirige a reunião do
de ajudar a reativar élderes, élde­
conselho de correlação da ala, onde
res em perspectiva e suas famílias.
Bispo correlaciona todos os programas
Em tais casos, os sumos sacerdo­
para o benefício dos membros da
1. O bispo é o presidente do tes relatam esses contatos do ensi­
ala.
Sacerdócio Aarônico. no familiar ao presidente do quo­
6. O bispo, como o sumo sacer­ rum de élderes.
2. O bispo é o sumo sacerdote dote presidente, é encarregado do
presidente na ala e preside todos 5. O presidente do quorum de
comitê executivo do Sacerdócio da élderes tem a responsabilidade,
os seus membros — homens (in­ ala, presidindo o programa dos
clusive aqueles que possuem o Sa­ tanto direta como indiretamente,
mestres familiares da ala. Ele pro­ através dos mestres familiares, de
cerdócio de M elquisedeque), m u­
videncia para que cada família seja providenciar que os pais cumpram
lheres e crianças. designada para um quorum ou gru­ tanto seus deveres para com sua fa­
3. O bispo é o encarregado do po do Sacerdócio de Melquisedeque mília como para com a Igreja. En­
comitê dos serviços de bem-estar a fim de receber os propósitos do tretanto, o presidente do quorum de
da ala e tem responsabilidade total ensino familiar. Os líderes do quo­ élderes não preside as famílias des­
pelos serviços de bem-estar e ou­ rum, grupo ou unidade do Sacerdó­ ses irmãos. Por exemplo: ele não
tros assuntos temporais da ala. cio de Melquisedeque supervisio­ tem autoridade para chamar um
nam o ensino familiar e relatam os marido e sua esposa ao escritório
4. O bispo é um juiz comum em
resultados ao bispo, nas entrevis­ do bispado a fim de aconselhá-los
Israel e tem a responsabilidade de
tas pessoais do Sacerdócio, que são sobre problemas matrimoniais nem
entrevistar para conceder recomen­
realizadas mensalmente. para aconselhar os filhos dos mem­
dações para o templo e de determi­
nar a dignidade de todos os mem­ 7. O bispo é responsável pelas bros do quorum. Tais assuntos de­
bros da ala. Aqueles que forem atividades da ala perante o presi­ vem ser encaminhados por ele ao
encontrados em transgressão podem dente da estaca. bispo.
ser convocados diante de um tri­ O presidente do quorum de él­
bunal do bispo, que poderá desas- Presidente do Quorum de Élderes deres é responsável pelas atividades
sociar qualquer membro de regis­ 1. O presidente do quorum de do quorum perante o presidente da
tro e excomungar qualquer mem­ élderes é diretamente responsável estaca.

JANEIRO DE 1977 29
PERFIL DE UM LÍDER
P R E S ID E N T E V A L D E M A R C U R Y
P residente da Estaca Rio de Janeiro Brasil

por José B. Puerta

o chegar à sede da Estaca, bros tinham uma tarefa a fazer,

A pude vislumbrar, logo mais,


a figura simpática e cordial
do presidente Cury, que,
um propósito a cumprir.
LIAHONA — Como o senhor
encarou o Sacerdócio na ocasião?
apesar de apresentar um ar bas­
PRES. CURY — Na ocasião do
tante cansado por um longo dia de batismo, os missionários nada nos
trabalho, mostrava o entusiasmo
haviam dito sobre esse assunto.
de um autêntico líder, que tem Pouco mais tarde fomos chamados
realmente a consciência e a res­ para uma entrevista com o Presi­
ponsabilidade do valor do seu dente do Ramo, que nos falou so­
chamado. bre os horários das reuniões e
Filho mais novo de uma famí­ quais as reuniões que minha espo­
lia de sete irmãos, nasceu aos 17 sa e eu deveríamos freqüentar.
de fevereiro de 1933, em Itapira- Falou-me sobre a reunião do Sa­
tiba, S. P. Aos cinco anos de cerdócio, de que eu deveria parti­
idade, veio com seus pais, que são cipar. Então perguntei o que era
de origem libanesa, para São Sacerdócio, e ele respondeu-me:
Paulo. Sua formação espiritual, “ É o poder de Deus para agirmos
como a da maioria dos brasileiros, em nome dele e você também po­
foi tradicionalmente católica, mas derá possuí-lo, dependendo da sua
deve a seus pais a orientação que dignidade”. Fiquei bem interessa­
mais tarde iria conduzi-lo para o nessa época, era vazia e sem obje­ do a respeito do Sacerdócio e co­
caminho da verdade, que não he­ tivo. mecei a pesquisar bastante. Nessa
sitou em seguir. Logo nas primeiras aulas consi­ fase começou realmente minha
O presidente Cury é casado com derei que tudo tinha lógica; a conversão, no sentido de transfor­
Maria Dirce Andrade Cury e o existência de profetas e apóstolos mação de vida, que se seguiu com
casal possui dois filhos, Matilde e fazia sentido, e apesar de nunca meu chamado para a superinten­
Nagib Cury. ter lido a Bíblia nem me interes­ dência da Escola Dominical. T ra­
sado profundam ente por assuntos balhei na Penha durante alguns
Desde muito jovem sentiu a meses nesse chamado.
necessidade de trabalhar pela co­ religiosos, sempre acreditei profun­
damente na existência de Deus e LIAHONA — Então, o senhor
munidade e fazer o bem aos seus
de Jesus Cristo, em quem tinha sentiu alguma mudança em sua
semelhantes de alguma maneira.
muita fé, mas não encontrava um vida. Como foi ela encarada pelos
Talvez tenha sido essa característi­
ideal na existência vã e passagei­ parentes e amigos?
ca de sua personalidade que mais
ra. Sempre senti falta de alguma PRES. CURY — A família de
o identificou com o Evangelho de
base de apoio, que agora se apre­ minha esposa achou muito bom e
lesus Cristo, o desejo sincero de
sentava diante de mim. Foi assim até mesmo apoiou. Com minha fa­
amar e de servir. Filiou-se a
que depois de lermos e pesquisar­ mília já foi muito diferente: meus
outras organizações, mas nem estas
nem sua educação religiosa lhe re­ mos as escrituras nos convertemos, pais não aceitaram de modo algum
velaram o verdadeiro significado e no dia 21 de janeiro de 1967 nos a mudança para uma religião es­
da vida, como ele mesmo relata. batizamos, eu e minha esposa, no tranha, de que mal tinham ouvido
ramo da Penha, que pertencia ao falar e, pior ainda, quando toma­
LIAHONA — Como conheceu antigo Distrito de Tietê, em São ram conhecimento da lei do dízimo
a Igreja e quando foi batizado? Paulo. que já estávamos cumprindo. Então
PRES. CURY — Foi em dezem­ Um fato que muito nos atraiu eu disse: se o Senhor nos dá saúde
bro de 1966, por intermédio de foi o de saber que essa era uma e nos concede a bênção do traba­
uma vizinha. Minha vida no lar, Igreja de trabalho, todos os mem- lho e cem por cento de remunera-

30 A LIAHONA
ção, por que não devolver a ele LIAHONA — De que maneira LIAHONA — Com quantas uni­
dez por cento do que nos deu? o senhor recebeu esse chamado? dades começou a Estaca?
Nessa época eu tinha uma indús­ PRES. CURY — Fiquei muito PRES. CURY — Começou com
tria de borracha para recauchutar surpreso quando o presidente da dez unidades, pois alguns ramos fo­
pneus. Era uma indústria muito missão me entrevistou. Considera­ ram agrupados, formando uma só
boa. Foi na ocasião em que houve va-me muito novo ainda na Igreja e unidade e as mais distantes ficaram
uma restrição de crédito bancário julgava não ter conhecimento sufi­ a cargo da missão.
e meu pai tinha um ótimo conceito ciente para assumir tal responsabi­ LIAHONA — Atualmente, quan­
de crédito nos bancos, e isso me lidade. Refletindo um instante, tas unidades tem a Estaca?
facilitava bastante, apesar de eu lembrei que no lema da nossa fé PRES. CURY — Atualmente te­
não ser seu dependente nem sócio. todos os chamados são feitos por mos treze unidades, seis alas e sete
Sua revolta contra minha obediên­ inspiração e por isso não devem ramos, num total de quatro mil e
cia à lei do dízimo foi tal que o ser rejeitados. Passei então a exer­ novecentos membros. Todas as uni­
levou a todos os gerentes dos ban­ cer as funções de conselheiro do dades com seus comitês completos.
cos onde tinha crédito, para dizer presidente Dias, com quem muito LIAHONA — Há alguma unida­
que, a partir daquela data não era aprendi e que me ofereceu gran­ de mais distante?
mais responsável pelos meus atos. O des oportunidades no desenvolvi­ PRES. CURY — Sim, a mais dis­
fato causou certa preocupação, pois tante é Volta Redonda, a duas ho­
mento didático e espiritual. Seu
me prejudicou seriamente e tornou ras do Rio. Mantemos sempre
auxílio esteve sempre presente nos
minha situação financeira precá­ contato, quase permanente, através
primeiros tempos, quando a gente
ria. Tomamos, eu e minha esposa, de viagens ou por telefone ou por
é sempre inseguro e receoso de to­
a decisão de orar para encontrar­ intermédio de um membro do sumo
m ar decisões e sente a tradicional
mos uma solução, pois esta situa­ conselho.
tremedeira ao dirigir as reuniões.
ção seria insustentável. Ocorreu- LIAHONA — Existe alguma ex­
nos então a idéia de deixar a ci­ Após seis ou oito meses como periência espiritual na sua vida que
dade. A vida financeira era péssi­ conselheiro do presidente João tenha sido marcante?
ma, havia perseguição da família e Dias fui chamado para presidente
PRES. CURY — Sim, uma delas
crítica acirrada por parte dos an­ do Ramo da Tijuca, onde passei foi meu casamento no Templo, que
tigos amigos. Foi nesse clima tem­ um ano. coincidiu exatamente com a data de
pestuoso que partimos de São Pau­
LIAHONA — Como foi essa aniversário da cerimônia civil rea­
lo e viemos aqui para o Rio de
Janeiro. experiência no seu ponto de vista? lizada aqui no Brasil, dia 21 de Ja­
neiro, em 1955, e em Salt Lake em
LIAHONA — Como foi sua PRES. CURY — Foi uma época
1970. Lá recebi, ainda, a bênção
adaptação na Igreja aqui no Rio? em que aprendi bastante e creio que
patriarcal por Eldred G. Smith, pa­
é nessa função que se pode prestar
PRES. CURY — Bem, começa­ triarca geral da Igreja, pois nessa
maior ajuda às pessoas e amar
mos vida nova e antes de viajarmos, época não tínhamos patriarca no
mais diretamente nosso próximo.
vendi todos os bens que possuía­ Rio. Os endowments eu os recebi
Tive a oportunidade de crescer no Templo de Los Angeles. Outra
mos e até a indústria. Passamos a muito no Evangelho através do
pertencer ao Ramo da Tijuca e, experiência profundamente mar­
estudo das escrituras e do convívio
nessa altura eu já hr-via sido orde­ cante foi também o selamento de
com os membros, conhecendo seus meus filhos no Templo; Matilde,
nado élder. Fomos muito bem problemas, suas dificuldades e
aceitos pelos membros daqui e agora com quatro anos, e Nagib
convivendo com pessoas mais anti­ com dois; como homenagem a meus
nosso relacionamento social pas­ gas que eu na Igreja e na vida.
sou a ser somente com mórmons, o pais, ambos receberam os seus no­
que veio contribuir bastante para a Depois de um ano, o presidente mes, e já que não consegui con-
nossa integração definitiva. Dias foi transferido para Recife e vertê-los, pelo menos dois netos
então fui novamente chamado pelo mórmons tem os seus nomes.
Fui convidado para presidir o presidente da missão para presidir LIAHONA — Qual é a posição
quorum de élderes e tomei então a o distrito. Trabalhei durante três de seus pais, hoje, em relação a
iniciativa de reunir o grupo de anos como presidente, e contáva­ vocês e a Igreja?
élderes em minha casa, uma vez mos nessa ocasião com dez unida­ PRES. CURY — Eles mudaram
por semana, para estudarmos as des. No final dessa fase atingimos muito, aceitam-nos e respeitam
escrituras. Na Capela havia pou­ dezessete unidades, o que era bem muito nossa fé. Tanto assim que,
quíssimas atividades e essas reu­ difícil de administrar. Nesse pe­ apesar de eu ser o mais novo da
niões trouxeram bastante conheci­ ríodo foi organizada a Estaca. Para família, comunicam-se freqüente­
mento para todos, além de estrei­ tal organização foi preciso um tra­ mente comigo, pedindo conselhos e
tar os laços de amizade entre as balho intenso e participação ativa orientação para os negócios ou mo­
famílias. Meses depois de nossa na liderança. A 21 de outubro de dificações nos planejamentos e me
chegada, em outubro de 1967, fui 1972 foi enfim organizada a pri­ consultam em todas as decisões im­
chamado para ser segundo conse­ meira Estaca, quando fui chamado portantes a serem tomadas por eles,
lheiro do Distrito do Rio, presidi­ para servir como presidente, cargo em São Paulo. Eles puderam, afi­
do pelo irmão João Dias. esse que exerço até agora. nal, entender a transformação radi-

JANEIRO DE 1977 31
cal de nossos hábitos sociais e pes­ comandante é o mesmo e o obje­ do as escrituras o jovem sente o de­
soais como os pequenos vícios tão tivo é igual para todos. sejo de ensinar alguém. Procuro
comuns nos não membros. Nossa LIAHONA — Como os jovens dar o máximo apoio ao seminário,
modificação não foi passageira, de sua Estaca receberam o desafio pois tenho conhecimento da neces­
como eles julgavam, e sim definiti­ do Presidente Kimball sobre o cha­ sidade do trabalho da juventude
va, um ato de profunda reflexão. mado missionário? que só o seminário pode conseguir.
A paternidade trouxe também PRES. CURY — Temos atual­ A nossa média de freqüência é de
uma grande e maravilhosa expe­ mente quarenta e três jovens no duzentos jovens.
riência espiritual. Pude entender trabalho missionário de tempo No feriado de 7 de setembro,
melhor o amor que nosso Pai Celes­ integral, fato que nos trouxe os com a presença do élder Bruce
tial tem por todos nós, e esse foi parabéns de élder Bruce McCon- Mc Conckie, tivemos uma reunião
um sentimento jamais experimenta­ ckie, quando de sua visita a esta com quinhentas pessoas entre pais
do em minha vida. Nossa vida em Estaca. Adiantou-nos que essa é a e filhos. Falei-lhes da necessidade
família se tornou mais doce, mais estaca que tem o maior número de de os pais assumirem o seu papel
unida, mais alegre nas reuniões fa­ missionários. Fiquei bem feliz por como o cabeça e patriarca da fa­
miliares. sermos campeões da América La­ mília.
LIAHONA — Como sua esposa tina. Em breve estaremos com LIA H O N A — Como os mem­
tem acompanhado sua grande ta­ mais dez missionários, todos espa­ bros de sua Estaca têm encarado
refa? lhados pelo Brasil e alguns em a construção do Templo de São
Portugal. Paulo?
PRES. CURY — Ela tem sido
maravilhosa e muito valorosa e seu Essa alta porcentagem foi con­ PRES. CURY — Com muita ale­
apoio é total. Às vezes passo o dia seguida de modo bastante especial. gria e carinho, eles têm contribuído
Logo após o desafio do Profeta normalmente, e com certeza com­
todo fora e chego das reuniões bem
organizamos uma conferência de pletaremos nossa quota no prazo
tarde e ela nunca se zanga.
previsto.
LIAHONA — Como é baseada jovens, fizemos com que toda lide­
Temos uma meta de construção
sua liderança na Estaca? rança e todos os oradores nesse
de capelas aqui, que também tem
dia falassem sobre o trabalho mis­
PRES. CURY — Minha meta recebido muitas contribuições. No
sionário, da importância de servir
tem seguido três princípios de início da Estaca existia só a ca­
Doutrina & Convênios e do Livro em missão. E isso provocou uma
pela da Tijuca. Hoje, quatro anos
de Mórmon: reação fabulosa. No dia reservado
depois, contamos com sete capelas
ao testemunho, durante quatro ho­
1 — D&C = 1:31 — Eu o Se­ ras os jovens prestaram testemu­ construídas. A meta para os pró­
nhor não posso encarar o nho sobre a obra missionária. Em ximos anos é que cada ramo ou
pecado com o menor grau conversa com eles, pude notar a ala tenha sua própria capela cons­
de indulgência. transformação de todos e o desejo truída.
2 — D&C = 131:6 — É im­ de trabalharem no engrandecimen- LIA HONA — O senhor gosta­
possível ao homem ser sal­ to do Reino. ria de deixar uma mensagem espe­
vo em ignorância. Quando eles partem para mis­ cial antes da divisão da Estaca?
3 — Mosiah = 2:17 — Quan­ são e enviam cartas, que leio com PRES. CURY — Quero agrade­
do estais a serviço de vos­ minha esposa, verificamos com cer aos meus conselherios e líderes
so próximo estais somente assombro a transform ação e o for­ que trabalharam comigo, dedicando
a serviço de vosso Deus. talecimento do testemunho desses todo seu empenho e amor no tra­
É com essas escrituras escolhidas jovens, e choramos de emoção. balho. Foi uma experiência m ara­
por nós da Estaca que resolvemos Relembro com clareza as palavras vilhosa poder estar nessa atividade
executar as funções e temos tido do profeta Joseph Smith: “A maior durante esses três anos inesque­
sucesso, graças também ao esforço transformação não é a ressurreição cíveis.
de cada um. Por isso eu amo sin­ dos mortos e sim a transformação Desde o início da Estaca tenho
ceramente meu povo e me consi­ dos homens.” desafiado os bispos e presidentes
dero um carioca de coração. Seria Temos organizado boletins dos de Ramos a treinarem seus conse­
capaz de dar a minha vida pela fe­ missionários da Estaca e imprimi­ lheiros e os executivos das orga­
licidade deles se necessário fosse. mos, mensalmente, notícias sobre nizações para os substituírem e
LIAHONA — Como o senhor os acontecimentos da Estaca e eles estão todos capacitados a
se sente diante da aproximação da as experiências de cada um deles assumir a liderança a qualquer
divisão da Estaca Rio de Janeiro? para que todos tomem conheci­ momento.
PRES. CURY — Um entusiasmo mento do progresso que alcançam. Nada mais justo que eu desse o
pelo progresso da Igreja, uma sen­ LIAHONA — Sabemos do su­ exemplo procedendo da mesma
sação agradável de dever cumpri­ cesso do seminário no Rio; o se­ forma, treinando meus conselheiros
do; no fundo, todavia, resta uma nhor acredita que ele possa ter a serem presidentes de Estaca.
nostalgia por perder o contato com influenciado os missionários e fu­ Tenho certeza de que eles estão
líderes e membros com os quais turos missionários? aptos a serem presidentes de Esta­
estávamos tão habituados. Enfim, PRES. CURY — Ele tem dado ca em qualquer ocasião, ou todo
nosso trabalho é o mesmo, nosso boa motivação. Somente conhecen­ bispo da nossa jurisdição poderá

32 A LIAHONA
ser um bom presidente de Estaca. penho de suas funções. O sistema
Quero mais uma vez agradecer
o apoio que todos eles me deram.
de treinamento por eles adotado
foi excelente.
Declarações
Em minha liderança nunca tive o O povo carioca realmente é
desprazer de ter que desobrigar maravilhoso, fiel e obediente. Sin- da Igreja
um bispo, um líder do Sacerdócio to-me carioca de coração e quero
ou qualquer outro liderado por de­
sobediência ou infidelidade às nos­
deixar com eles meu amor e agra­
decimento. Sobre
sas instruções.
O meu agradecimento igualmen­
te sincero a todas as organizações.
Nota do redator:
Esta entrevista foi realizada na
o Aborto
Foram todos fabulosos no desem- mesma semana da divisão da estaca.
Reafirmando a política da Igreja
concernente ao aborto, a Primeira
nária de São Paulo. Depois de um Presidência está publicando a se­
Meu breve diálogo ela perguntou-me se guinte declaração oficial sobre este
queria saber mais sobre a Igreja e assunto:
T estemunho marcou uma visita em minha casa.
Nas primeiras palestras, eu e
— A Igreja é contra o aborto e
aconselha seus membros a não se
minha mãe mostramos vivo inte­
endo em uma Liahona o re­ submeterem a tal prática, dela par­

L lato de uma conversão, senti


que também deveria compar­
tilhar o fato mais importante
resse pela doutrina e logo meu pai
também aderiu a nós com igual
entusiasmo. Concluídas as aulas,
no dia 26 de novembro de 1970,
ticipar ou praticar o aborto, exceto
nos raros casos, quando por conse­
lho de um médico competente, a
que ocorreu em minha vida: minha entramos nas águas do batismo. vida ou a saúde da mãe estiver se­
conversão. Foi um dia maravilhoso, o mundo riamente ameaçada, ou a gravidez
Sou de uma cidade fronteira sorria para nós e o sol brilhou co­
com o Uruguai. Aos cinco anos mo nunca. tenha advindo em virtude de estu­
de idade perdi minha mãe e fui Sister Puerta, infelizmente, não pro e produzido sério traum a emo­
adotada por um jovem casal sem estava presente nesse dia. Havia cional à vítima. Ainda assim, deve
filhos. sido transferida, mas foi informa­ ser feito depois de consultados o
Cresci dentro dos moldes protes­ da mais tarde do nosso batismo. bispo ou presidente do ramo e de­
tantes, freqüentando regularmente Desde essa época temos sido pois de receber a confirmação di­
os cultos, mas era uma garota tí­ muito abençoados pelo Senhor. Há
vina através de oração.
mida e retraída, portanto, de pou­ cinco anos ele deu aos meus pais
co relacionamento social. a alegria de um lindo bebê que é “O aborto é uma das mais re­
Aos quinze anos tive uma gran­ o orgulho de nosso lar, e a mim, voltantes e pecaminosas práticas
de amiga uruguaia, com quem cos­ a oportunidade de retribuir ao pró­ destes dias, quando testemunhamos
tumava passear todas as tardes. ximo o dia de sol mais brilhante:
evidências fortes do excesso de li­
Um dia ela convidou-me para um o chamado missionário.
Durante os primeiros anos de berdade que precede a imoralidade
fim de semana em sua cidade.
nossa conversão, fomos os únicos sexual.
Foi com grande alegria que re­
cebi a permissão de meus pais e S.U.D. de nossa cidade. Era um “Membros da Igreja, culpados
para lá me dirigi. Assim que che­ pouco difícil e embaraçoso, mas as de participar do pecado do aborto,
guei, fui convidada pela família bênçãos do Senhor mais uma vez
devem ficar sujeitos à ação disci­
que já estava de saída, para assis­ estiveram sobre nós. Hoje conta­
mos com um Ramo em Quaraí e plinar dos julgamentos da Igreja,
tir a uma reunião da Igreja Mór­
meu pai é o presidente. Muitos como as circunstâncias o requerem.
mon. Estranhei muito esse nome
que nunca ouvira antes. batismos estão acontecendo e vá­ Ainda com respeito a este sério pro­
rias famílias se tornaram membros blema, seria bom recordar as pala­
Durante a reunião, um fato cha- fiéis naquela pequena cidade no
mou-me particularmente a aten­ vras do Senhor contidas em Dou­
extremo sul do Estado gaúcho.
ção: o discurso de uma jovem com trina e Convênios, Seção 59, versí­
carregado sotaque brasileiro, numa Depois dessas experiências ma­ culo 6: “Não furtarás, nem come-
cidade do Uruguai. Ela falava ravilhosas, especialmente esses de­
terás adultério, nem matarás, nem
sobre a oração e suas palavras zoito meses de missão, só me resta
dizer: Obrigado, Senhor, por ter- farás coisa alguma semelhante”.
eram firmes e sinceras e sua espi­
ritualidade, profunda. me escolhido para receber o Evan­ “Pelo que tem sido revelado, o
gelho nesta última dispensação. aborto é um dos pecados em que
Ao term inar a reunião fomos
apresentadas. Tratava-se de sister Sister Enilda Pereira a pessoa deve arrepender-se e re­
Sandra Puerta, uma jovem missio- Missão Brasil-Porto Alegre ceber o perdão.

JANEIRO DE 1977 33
"Cada Membro Um Missionário''
por José B. Puerta

loriano de Oliveira fez, bem ambientado. Disseram-me que pletei as palestras, agora com muito

F certa vez em sua vida, o mais


arrojado desafio a um pas­
sageiro que conduzia em
tinham vindo a minha casa para
mostrar-me o homem que falava
com Deus.
mais interesse, mas não me batizei
imediatamente. Sentia que estava
diante da decisão mais importante
seu táxi: “Se você conseguir apre­ Logo nos primeiros dias de pa­ de minha vida e deveria ser um
sentar-me um homem que conver­ lestra, o missionário que falava ato de profunda reflexão. Fiz vá­
sa com Deus e me converter à sua melhor nossa língua foi transferido, rias perguntas, falei da minha inse­
fé, provando que tudo isso é ver­ ficando a dura batalha para o no­ gurança e de meu desejo sincero
dade, eu me proponho a ajudá-lo vato élder Green. Como ele tinha de me certificar da verdade. A
em seu trabalho.” muita dificuldade de expressão, verdade surgiu em minha frente
quando li no Livro de Mórmon em
Realmente essa era uma atitude li. r m Moroni 10:4 — “E, quando rece-
muito arrojada para aquele pacato
trabalhador paulistano, cuja rotina berdes estas coisas, eu vos exorto
a perguntardes a Deus, o Pai E ter­
diária consistia na preocupação
no, em nome de Cristo, se estas
em prover o sustento de sua famí­
coisas não são verdadeiras; e, se
lia e um bate-papo com um gru-
perguntardes com um coração sin­
pinho de amigos de vez em quando.
cero e com real intenção, tendo fé
Casado com Regina F. de Olivei­ em Cristo, ele vos manifestará sua
ra e pai de cinco filhos, o irmão verdade disso pelo poder do Es­
Floriano, de 48 anos, líder dos pírito Santo.”
Setenta na Ala X III da Estaca São Convidei minha esposa para co­
Paulo Oeste Brasil, conta a respei­ migo perguntar a Deus se essas
to de sua conversão e do seu tes­ coisas eram verdadeiras e seguin­
temunho do Evangelho à Liahona: do as instruções dos missionários
— “Todas as manhãs saía bem fizemos uma oração de joelhos,
cedo de casa com meu táxi e tra­ pedindo uma resposta ao Pai.
balhava normalmente como qual­ Então, começamos a experimentar
quer motorista de praça. Um dia, Irm ão Floriano uma grande paz e nossas ansieda­
peguei um passageiro muito espe­ am seu novo trabalho des se dissiparam e aí ocorreu um
cial: um missionário que estava sen­ fato curioso.
prometi-lhe que se me provasse a
do transferido da capela de Vila
verdade de tudo o que ensinava e No dia seguinte da nossa comu­
Mariana para o Ipiranga. No cami­ conseguisse converter-me eu iria nicação com o Pai, os missionários
nho ele perguntou-me se conhecia
ajudá-lo em seu trabalho. ao me procurarem, mudaram de
um homem que falava com Deus.
Meses se passaram sem que eu idéia e não bateram à minha porta,
Respondi-lhe numa atitude desa­
e minha família resolvêssemos ir à seguiram em frente. Chegando ao
fiante e um tanto zombeteira, que
Igreja, apesar das visitas e expli­ fim da rua, decidiram voltar a mi­
não acreditava que alguém pudesse
cações freqüentes. Num domingo, nha casa e perguntar por mim, e
falar com Deus. Em todo o caso, se
por insistência do meu filho, fomos dessa m aneira foi esclarecido tudo
ele conhecesse essa pessoa poderia
apresentar-me, seria um prazer. assistir a uma reunião. As pes­ o que precisávamos sobre a verda­
soas eram muito amáveis e comu­ de. Eu sempre desejei saber das
Ao chegarmos ao destino do nicativas, pareciam todos compar­ coisas em profundidade; queria res­
jovem passageiro, ele pediu meu tilhar de uma grande alegria e postas que me satisfizessem. E digo
endereço, anotou, pagou a corrida mais, só se permanece no Evange­
desprendimento que me contagiou
e despediu-se cordialmente. lho e só se adquire testemunho es­
imediatamente, e essa alegria
tudando as escrituras, do contrário
Cinco dias depois, bateram à aumentou a tal ponto, que eu não
nenhuma fé, nenhum testemunho,
minha porta dois rapazes america­ podia escondê-la e contava a todos
poderá ter uma base sólida.
nos. Um deles não falava muito sobre esse sentimento novo que já
bem o português, era recém-che­ estava modificando minha vida, Sinto como que uma grande
gado ao Brasil, o outro já estava mesmo antes da conversão. Com­ explosão dentro de mim: preciso

34 A LIAHONA
o máximo possível. Todos os dias atmosfera de cordialidade e ajuda,
falava da Igreja aos passageiros podem contribuir muito para aque­
que transportava no meu táxi, dis­ les que investigam, sendo muitas
tribuía folhetos do profeta Joseph vezes até um fator decisivo. Para
Smith e pedia o endereço àquelas mim e minha família ajudou
pessoas que se mostravam interes­ muito.
sadas. Desse modo consegui mui­
tas ovelhas para o rebanho de Aproveito a oportunidade para
Cristo. deixar meu testemunho sobre o
program a S.I.G.A. que nos é dado
Depois que deixei o táxi e fui
exercer outras profissões, não pa­ por inspiração ao profeta de Deus.
rei minha campanha de divulgação Todos os que o seguirem terão
êxito, sem dúvida.
da fé verdadeira. Aproveito todas
as oportunidades que tenha, até Como portador do Sacerdócio
mesmo no ônibus com o compa­ que é um escudo para nós e nos
nheiro de banco, puxo um assunto ajuda a destravar a língua no con­
qualquer e então conduzo a con­ tato com as pessoas, quero lembrar
versa para as perguntas de ouro. É as palavras do profeta David
claro que nem sempre sou bem McKay: “Cada membro é um mis­
sucedido; às vezes as pessoas se sionário” , hoje completadas pelo
aborrecem e demonstram sua irri­ Presidente Kimball: “De família a
tação de maneira pouco gentil. família pregai o Evangelho” . E não
Mesmo assim, tenho um saldo poderia ser de outra maneira, pois
m uito positivo de conversões: trou­ Evangelho e família são duas ins­
Presidente Puerta e irmão tituições eternas, estão correlacio­
xe para a Igreja, aproximadamente,
Floriano, no pátio do CEB
duzentas e trinta pessoas que estão nadas.
falar do Evangelho a todas as pes­ distribuídas pelas unidades do Encerrando, gostaria de citar em
soas, dizer que ele foi restaurado Aeroporto, S. Amaro, S. André, D&C um a frase de reforço para
por Jesus Cristo através de um Jabaquara e outras. Muitas delas cada um de nós. “E em todos os
profeta. Tenho certeza de que se destacaram e vêm se destacando tempos e em todos os lugares, tan­
estou dizendo a verdade e não em cargos de liderança, e isso traz to de dia como de noite, deverá
tenho medo de falar às pessoas. uma alegria imensa para mim. abrir sua boca e declarar o Meu
Após o batismo realmente De grande importância para Evangelho, como com voz de trom-
cumpri a promessa feita ao élder uma conversão é ainda o convívio beta. E dar-lhe-ei força tal como
Green, de ajudar no trabalho mis­ com os membros: a experiência e não é conhecida entre os homens.”
sionário e tenho ajudado até hoje o amor deles acrescidos de uma (D&C 24:12)

Notícia Sobre o Templo

A GRANDE OBRA
por Maria Antonia Brown

grande Obra inspirada pelo onde serão feitas as ordenanças sa­ longa duração, capaz de resistir à

A “Mestre dos Arquitetos”,


continua em franco pro­
gresso no seu andamento.
gradas e apenas mais um andar ele­
vado, também destinado para fins
sagrados.
ação do tempo e do homem. Para
isso, estão sendo empregados ma­
teriais de primeiríssima qualidade,
Este é o décimo sétimo templo da criteriosamente ajustados. Este
No andar térreo as paredes já
Igreja de Jesus Cristo dos Santos fato tem causado surpresa aos for­
dos Últimos Dias em todo mundo estão quase ao nível de serem co­ necedores, principalmente os de
e o primeiro na América do Sul, bertas e no subsolo o chão está ferragens para a estrutura. A quan­
motivo de grande bênção para o pronto para receber o piso. Esta tidade de material consumida é
Brasil e, particularm ente, para a estrutura está assentada sobre um realmente espantosa para as di­
Capital paulista. alicerce cuja resistência pode mensões projetadas.
O edifício será constituído de aguentar dez andares aproximada­ O pagamento aos fornecedores
um subsolo, reservado para sala mente. O objetivo dessa reforçada tem seguido no mesmo ritmo do
das máquinas. Um andar térreo base é o de torná-lo um prédio de trabalho, ou seja, pontualmente

JANEIRO DE 1977 35
como facilitar a acomodação em
hotéis e alojamentos para membros
que vierem de cidades ou países
distantes visitar a Casa do Senhor,
futuramente.
O templo de São Paulo não
terá as mesmas dimensões do tem­
plo de Salt Lake, por exemplo,
pois sua finalidade será trabalhos,
como endowment, selamento e
trabalho vicário pelos mortos.
Em toda a América do Sul
existe um grande entusiasmo por
parte dos S. U. D., principalmente
dos argentinos que, apesar de te­
rem maiores dificuldades com a in­
flação, têm cumprido suas quotas
no mesmo nível dos brasileiros e
até doações em jóias e um dente
de ouro, provavelmente oferecidos
por pessoas menos abonadas finan­
ceiramente, foram feitas por aquele
povo para serem convertidas em
dinheiro.
As paredes da Sala C elestia l se erguem
Os membros norte-americanos,
em dia. “Uma Obra Celestial deve eles muito trabalhosos e de muitos apesar de não terem sido solicita­
expressar honestidade e perfeição detalhes, ainda não foi encontrada dos a colaborar, já participaram
no seu todo”, assim declarou o indústria que aceitasse a enco­ com a mesma quantia requerida
irmão Lucas, secretário e contador menda. por todo o Brasil, fato que demons­
do Élder Jensen, supervisor desta Nesta mesma área de vinte e tra a importância e o valor que
construção. dois mil metros quadrados, fun­ tem para eles esta Casa, onde
cionam com igual entusiasmo mais quer que ela esteja localizada.
Para a construtora Christiani &
dois comitês de construção: o da Pode-se sentir também através de­
Nielsen, impactos fortes já se tor­
sede da Estaca São Paulo, onde les, o espírito de sacrifício e re­
naram parte da rotina diária. Para núncia necessário para cumprir
se confirmar, basta notar a espes­ funcionarão duas Alas, e o do es­
critório da Missão Brasileira. Cogi­ esta designação e as bênçãos ma­
sura das paredes que é de mais de ravilhosas que o Senhor tem reser­
ta-se ainda de construir outros
um palmo de largura. vado para os justos que se empe­
escritórios no espaço restante do
O topógrafo da obra diz que esta terreno. nharem com vigor nesta grande
é a fase de sua vida que realmente realização.
está branqueando seus cabelos, tal Outra preocupação da Igreja, Este é um tempo de Templo, ou
é a complexidade de seu trabalho. mas ainda não solucionada, é a de seja, um tempo de sacrifício.

Na última visita de Emil Fetzer,


arquiteto da Igreja, a Élder James
E. Faust, foram tratados assuntos
de suma importância, como por
exemplo, o material de revesti­
mento do templo. Um mármore
italiano de imaculada brancura de­
verá ser usado nas paredes inter­
nas, talvez o mesmo não seja
possível para o acabamento exter­
no, por ser o mármore não muito
resistente à ação desgastadora da
poluição. Possivelmente serão usa­
das pedras brancas no revestimento
externo. Outro problema também a
ser resolvido são os lustres de
cristal lapidado a mão; por serem V ista parcial das obras do Templo

36 A LIAHONA
Conferência da Estaca
São Paulo Leste Brasil

Presidente Spât falando à Congregação

Estaca São Paulo


Reune-se para Conferência
Realizou-se no dia vinte um de no­
vembro passado a 42.a conferência dn
Estaca São Paulo. Sob a direção do
Presidente W alter Spât estiveram reu­
nidas cerca de setecentas pessoas, lou­
vando ao Pai com hinos e oração.
O prim eiro orador da conferência
foi o presidente Spát que prestou tes­
temunho da veracidade da Igreja e da
restauração do Evangelho por um pro­
feta. A seguir relem brou à congregação
presente a im portância da conservação
de alimentos e das doações ao templo
para que rapidam ente possamos aitngir Coral da Estaca Leste canta na C ontereucia
as cotas requisitadas p ara o Brasil.
Lembrou, tam bém , nesta ocasião, as Realizou-se no dia 28 de novembro estabelecer um m elhor relacionam ento
dificuldades que o mundo enfrenta e a de 1976 a C onferência trim estral da entre pais e filhos, salientando que
necessidade de maior aproxim ação ao Estaca São Paulo Leste Brasil, na C a­ crianças e adolescentes adm iram muitos
Senhor, através da caridade e do jejum. pela de Vila M ariana (A la I) presidida heróis, mas esses estão muito distantes
Frisou a im portância do trabalho genea­ e dirigida pelo presidente D em ar Sta- e os garotos devem tom ar como exem­
lógico, missionário e o program a SIGA. niscia. plo, heróis mais próximos como seus
A irm ã A urea Marcelino, segunda O prim eiro e segundo oradores, fo ­ pais.
oradora, falou da im portância das deci­ ram respectivamente, Suely e Milton Ressaltou a im portância da com uni­
sões a serem tom adas em nossas vidas, Cenko. O casal prestou testem unho so­ cação direta dos pais com os filhos. Os
do am or e obediência aos líderes locais. bre a veracidade da Igreja, do casam en­ pais devem encontrar tem po para con­
Designado mem bro do sumo conse­ to no Templo, e das bênçãos do paga­ versar e orientar suas crianças, e usar
lho o irm ão João Bonati expressou sua m ento do dízimo e da nova alegria em um a linguagem ao nível delas.
alegria em poder servir junto à SAM e seu lar na preparação p ara a chegada
no serviço de bens móveis e imóveis. do primogênito. O irm ão e irm ã Cenko Lem brou que essa é um a exortação
que há quatro anos desejavam ansiosa­ da Prim eira Presidência e deve ser cum ­
Os agradecimentos e a satisfação em
mente um bebê, foram abençoados pelo prida por todos os m em bros que tive­
poder ter servido na causa do Senhor
Élder Faust que lhes garantiu sem dú­ rem filhos.
foram palavras do irm ão M anoel M ar­
celino Neto, recém-desobrigado do car­ vida algum a a vinda desse filho. A m ­ Presidente Rodamés Sceppa, falou da
go de conselheiro do Presidente Spát, bos encerraram seus testem unhos, m a­ bem -aventurança dos que não viram e
que aproveitou a oportunidade para nifestando am or e gratidão ao Senhor. creram. Mencionou o convívio de Cris­
dizer que a verdadeira felicidade está Em seguida falou a sister M aria A pa­ to com seus Apóstolos e a incredulidade
em obedecer as designações do Senhor recida A quino, missionária que acabava de Tomé.
e viver para sua causa, esforçando-se de retornar à sua unidade, após ter O últim o orador da conferência foi o
ao máximo para cum prir com as pro­ concluído seu trabalho missionário de presidente D em ar Staniscia, que após
messas feitas a ele. tem po integral. prestar breve homenagem à brilhante
O presidente D arcy C orrea, primeiro A ex-missionária relatou algumas de participação do coro de sua estaca,
conselheiro do Presidente Spát, falou suas experiências na vida missionária e admoestou aos m em bros acerca das Es­
de sua viagem aos Estados Unidos por agradeceu ao Senhor pela bênção e fe­ crituras que dizem que somente os fiéis
ocasião da úlitm a conferência na Sede licidade de poder servi-lo nesse trab a­ e os que perseverarem até o fim serão
da Igreja, e dos conselhos do profeta lho. salvos.
e dos apóstolos proferidas naquela Élder Santos, missionário em exercí­
Lembrou tam bém da necessidade de
ocasião. cio de suas funções, prestou seu teste­
obtermos as chaves p ara vencermos as
A conferência encerrou-se com uni munho tam bém nessa oportunidade.
ciladas do Satanás. P ara tal é necessá­
pronunciam ento do Representante Re Acrescentou que aguardava apenas o rio ter fé, conhecer as Escrituras e
gional dos Doze, irm ão A ntonio Carlos restabelecim ento de sua saúde para re­ cumpri-las.
de Camargo. Falou a respeito do sacri­ to rn ar às suas funções, um a vez que
fício para se obter fé e glória Celestial. se encontrava em licença médica por Citou a tentação de Cristo em M a­
Encerrou dizendo que devemos estar curto período. teus 4:3-11 e a sua superioridade diante
devidamente aptos para o “plano de Élder Roberto Florêncio de Oliveira, dela por conhecer o que estava escrito
aposentadoria” Celestial e podermos novo missionário ordenado, de partida pelo Pai.
ser herdeiros das bênçãos do Pai A m a­ p ara a missão apresentou sua despedida A conferência, que teve a presença
do e repetiu novamente que p ara tal e seu testemunho. de 800 pessoas aproxim adam ente, en­
devemos desenvolver um espírito de Presidente Borba, 2.° conselheiro da cerrou-se às 12 horas com cânticos e
sacrifício e estarmos prontos a servir. presidência da Estaca, falou sobre como oração.
T u , pois, ó filho do homem,

toma um pedaço de madeira, e escreve nele:

Por Judá e pelos filhos de Israel,

seus companheiros.

E toma outro pedaço de madeira, e escreve nele:

Por José, vara de Efraim, e

por toda a casa de Israel, seus companheiros.

E ajunta um ao outro,

para que se unam, e se tornem

um só na tua mão.

Ezequiel 37: 16,17

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