Resumo Do Debate Entre Luiz L. Marins e Awo Ifagbayin 2013

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Debate entre Luiz L. Marins e Awo Ifagbayin 2013 - Luiz L.

Marins 1

Debate entre Luiz L. Marins e Awo Ifagbayin – 2013


Luiz L. Marins

http://www.luizlmarins.com.br

Março de 2015

Introdução:

Este texto é um resumo do debate que protagonizaram em 2013, Luiz L. Marins e Awo
Ifgbayin. Ele foi necessário devido à confusibilidade das réplicas e tréplicas, com
citações extensas sem diferenciação. Para melhor clareza, faremos um histórico resumo:

• O Awo Ifagbayin, que pertence à sucursal de Porto Alegre, da Igreja de


Orunmila, de Lagos (Ijô Orunmila), publica texto de Baba Ifajemi, do Egbe Ifa
Aja Gajigi, no Estado de São Paulo, corroborando a informação que “o culto à
Ifá é exclusivo, independente e superior aos demais [e] não é sem motivo, pela
importância de Orunmilá, que possua um culto exclusivo, independente e
superior aos demais.” Ifagbayin diz também que “Ifá nada tem a ver com os
Yoruba”.

• Luiz L. Marins promove crítica a esta fala, afirmando que Orunmila não é
apenas uma das divindades Ioruba, e que não é superior aos outros, tecendo mais
alguns comentários a respeito da origem de Ifá, sugerindo ao babalaô rever a
postagem.

• Ifagbayin, apesar da crítica educada de Luiz L. Marins, se sente profundamente


ofendido, oferecendo réplica cheia de rancores e impropérios a Luiz L. Marins,
na qual apresenta o mito da criação de Solagbade Popoola como base para seus
argumentos, tornando confusa a postagem, sendo que ao final, lança um desafio
à Luiz L. Marins, para criticar Popoola.
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• Luiz L. Marins, ao ser destratado de forma tão desnecessária por um sacerdote


de Ifá, oferece tréplica chamando o babalaô Ifagbayin à razão.

• Segue-se alguns comentários, entre os quais alguns do próprio Ifagbayin, sendo


que, duas postagens, uma de outro babalaô, Marcos Arino, oferece razão à Luiz
L. Marins; e outra participante, Julio Julinho, que considera imprópria as
postagens de Ifagbayin.

De fato, a base para toda a argumentação de superioridade dos Ifaístas no Brasil está na
mitologia da Igreja de Orunmila (Ijô Orunmila) de Lagos, que Popoola vem publicando
e divulgando livros na internet. Nada contra, mas precisam dizer que é a mitologia da
Igreja, e não dos Iorubas.

Em 2014, Luiz L. Marins aceita o desafio de Ifagbayin, e publica na Revista Olorun um


estudo sobre o novo mito ioruba da criação do universo, por Popoola, apresentado por
Ifagbayin em sua réplica.

Neste estudo, mostra o lado acadêmico Popoola, e o uso de seu cargo sacerdotal do Ijô
Orunmila para implantar sua mitologia criada para servir os interesses desta Igreja de
Orunmila.

Por ter sido este novo mito de Popoola o verdadeiro ponto de partida de todo o debate,
sugerimos ao leitor que primeiro conheça o texto Solagbade Popoola e o Novo Mito
Iorubá da Criação do Universo, ainda que seja de data posterior ao debate, e depois
volte para complementar esta leitura.
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26/03/2013

• Publicação de Ifagbayin em seu blog:

IFÁ

Preocupado em esclarecer os leitores, do nosso blog, para que não haja mais dúvidas do
culto de ifá e a religião tradicional yoruba, estamos divulgando alguns textos que
poderão ajudar as pessoas em uma melhor compreensão da cultura e da religião yoruba
como um todo.

Existe uma confusão, entre a realidade e as lendas, isso é comum em todas as culturas,
no inconsciente coletivo fica gravado ao longo do tempo, as imagens de mais fácil
assimilação, o texto abaixo, identifica, baseado em obras dos mais renomados autores
yorubanos e europeus, que pesquisaram sobre a religião yoruba.

E muito fácil identificar que a origem do culto de ifá, em nada tem haver com a religião
tradicional yoruba, a assimilação do povo yoruba em sua religião tradicional, há
influência de ifá, é facilmente confirmada. O culto à ifá é exclusivo, independente e
superior aos demais, com cargos sacerdotais e liturgia próprios, totalmente diferente do
culto aos demais orisás.
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Existem muitas diferenças, entre um Bàbáláwo e um Bàbálórìsà: A iniciação de um


Bàbáláwo não comporta a perda momentânea de consciência (a conhecida
incorporação) que é comum na iniciação dos Òrìsàs.

Na iniciação de um Bàbáláwo não se trata de ressuscitar no inconsciente o eu perdido,


correspondente à personalidade do ancestral divinizado. A iniciação de um Bàbáláwo é
totalmente intelectual. Ele terá de passar por um longo período de aprendizagem de
conhecimentos precisos em que a memória é muito exigida e a incorporação é
compreendida como além de desnecessária inadequada.

Vejamos o que diz o texto abaixo, não esquecendo que estamos falando dos maiores
conhecedores da religião (Èsìn yorùbá):

Não é sem motivo, pela importância de Orunmilá, que possua um culto exclusivo,
independente e superior aos demais, com cargos sacerdotais e liturgia próprios.

Oriundo de Ifé, o culto se propagou por diversas regiões do Continente Africano, desde a
Nigéria Ocidental até o Baixo-Togo onde ocupa uma região que se estende até a fronteira
do antigo Império do Dahomé além de todos os países pertencentes à etnia ioruba.

Zunnõ, o informante de Maupoil anteriormente mencionado, afirmou que Ifá foi revelado
através dos 16 signos oraculares principais (Odu-Meji) por Mawu..” sobre uma pedra
retangular branca instalada por Mawu em Meca.

Meca teria sido, segundo Zunnõ, o local onde surgiu o culto, sendo daí transportado para
outras regiões, tendo então se estabelecido em Ifé, onde foi criado o primeiro centro de
estudos de Ifá e de culto de Orunmilá.

A origem árabe do sistema oracular de Ifá pode ser comprovada de diversas formas muito
mais “seguras” que uma simples declaração feita por um babalaô.

1 - As figuras que compõem o sistema de Ifá são perfeitamente iguais às que compõem um
sistema divinatório de origem oriental denominado “Geomancia Árabe”, muito usado
também na Europa.

2 – Em todos os procedimentos do oráculo de Ifá, tudo é feito, escrito, lido e interpretado


da direita para a esquerda, maneira adotada pelos árabes para escrever.

3 - A palavra “fá” usada pelos fon da mesma forma que “Ifá” pelos nagôs e “Afã” pelos
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minas do Togo pode ser encontrada no idioma árabe onde significa “sorte”, “augúrio” .

Na Pérsia nos séculos VIII e IX, ou seja, na florescência da cultura iraniana, a Geomancia
era matéria ensinada em Universidades célebres como a de Bagdá e estudada pela elite
intelectual da época. Foram os sábios formados nestas mesmas universidades que, junto
com a filosofia e a ciência adquiridas, levaram a Geomancia à Alexandria.

É Epega, o africano, quem afirma:

“Os símbolos Odu são muito antigos. Eles originaram de Orunmila em Ile-Ife. Sinais
similares parecem ter sido usados no Egito (anteriores pelo menos a 3.000 aC”.

Para fechar a questão destacamos, da obra de Frikel, a seguinte afirmativa:

“Ifá pertence ao Mussurumi e é verdade que, como demonstram Trautmann e Maupoil, a


adivinhação de Ifá parece ser de origem muçulmana”.

Baseado no texto do site:

<http://egbeifaajagajigi.no.comunidades.net/index.php?pagina=1209575114_04>

Referência Bibliográfica

1 - Os versos de Ifá fazem referência a sete Ifé. O primeiro, e possivelmente o original é


Ifé-Oòdáyé. Os outros são Ifé-Nleere, Ifé-Oòyèlagbòmoró, Ifé-Wàrà, Òtù-Ifé, Ifé Oòrè e
Ifé-Oòjó. (Abimbola, 1977, p. 5).

2 - “...sur une pierre rectangulaire blanche intallé par lui à la Mecque" ... De haut en bas
étaint inscris: les lettres de l'alphabet árabe, les seize signes principaux de Fá et les
caracteres latins...” ( Maupoil 1988 ).

3 -“Fá” ou “fa’lun” = Augúrio / “mujarrib el fal” = aquele que prevê o futuro, adivinho
(Maupoil, 1988).

4 - Epega, 1987.

5 – Protasio Frikel – Die Seelenlebre dar Gêge und der Nagô. (Citado em Bastide e
Verger, 1981).
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Se vc gostou, compartilhe, reproduza. Só não esqueça que a produção intelectual é de


propriedade privada, então, credite a autoria dos textos. Obrigado

Bàbàláwo Ifágbaíyin

<http://www.babalawoifagbaiyin.com/2013/03/ifa-preocupadoem-esclarecer-os-
leitores.html>
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27/03/2013

• A crítica de Luiz L. Marins no blog Nagô Kobi:

REFLEXÕES SOBRE IFA PUBLICADAS PELO


BABALAÔ IFAGBAYN AGBOOLA:

Luiz L. Marins

O babalaô Ifagbayin Agboola publicou em seu site algumas informações interessantes,


até certo ponto, verdadeiras, mas de filosofia discutível.

Devido ao teor e o tom da forma como foram apresentadas, julguei oportuno emitir
opinião, tomando por base “as mesmas fontes” por ele citadas. Vejamos:

“[...] E muito fácil identificar que a origem do culto de ifá, em nada tem
haver com a religião tradicional yoruba […] A origem árabe do sistema
oracular de Ifá pode ser comprovada de diversas formas [...]”

Não, o culto de Ifá é iorubá. O que não é ioruba são os sinais geomânticos, que existem
em toda a África oriental, e deram origem a diversas formas oraculares, cada qual
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adaptada ao sistema religioso local, e no caso dos iorubas, o Ifá.

Sobre estes sinais geomânticos até hoje não há informação segura sobre suas origens, se
africanas, árabes ou chineses. É verdade sim que tem muita semelhança com o I ching,
mas o Ifá tal qual existe na Iorubalandia, não existe nem entre os árabes, nem entre os
chineses, pois seus similares não possuem os versos e iniciações sagradas, tal qual
existem na religião tradicional ioruba.

“A origem árabe do sistema oracular de Ifá pode ser comprovada de


diversas formas [...] Oriundo de Ifé, o culto se propagou por diversas
regiões do Continente Africano.”

Nestas duas frases, separadas no texto original, mas aqui confrontadas para estudo,
verificamos uma completa e total contradição do autor, que compromete, e leva ao
descrédito todo o texto publicado.

“O culto à ifá é exclusivo, independente e superior aos demais ... Não é sem
motivo, pela importância de Orunmilá, que possua um culto exclusivo,
independente e superior aos demais [...]”

Não, ele pode ser independente, mas não é superior, pois também é um culto Orixaísta
(que queira, quer não) uma vez que sem a colaboração de alguns Orixás, Ifá nada
realiza. Ifa depende totalmente do poder do Orixá Exu. Os mitos mostram isso. Ifa não
tem poder para criar nada. A criação é um poder exclusivo de Obatala dado por
Olodumare.

A qualidade principal de Orunmila é o conhecimento e a sabedoria para aplica-lo, mas


não o poder. Por isso, é tão importante quanto ... mas não superior.

O culto de Obatala tem a mesma importância que o culto de Orunmila. Vale lembrar que
quem plantou a palmeira no mundo foi Obatala, conforme o mito da criação deste. Sem
este ato de Obatala, o culto de Ifa não existiria, ou usaria outro elemento como
instrumento divinatório, mitologicamente falando.
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Segundo Samuel Jonshon, em History of the Yorubas, o culto de Ifá teria sido
introduzido na Iorubalandia somente após muita resistência (e mortes), pois os nativos
nagôs negavam a deixar de cultuar seus Orixas ancestrais, para cultuar sementes,
segundo Jonshon.

Mesmo antes da introdução do Ifá entre os iorubas, a prática oracular já existia


(Bascom, Sixteen Cowries) através do uso natural do obi, oráculo simples, mas que
sobreviveu nas Américas.

Se a geomancia não é africana, como dizem alguns, o obi, por sua vez, o é, sendo
também utilizado no Ifá, que o adotou.

CONCLUSÃO:

Embora verdadeiras algumas outras afirmações que não coletei aqui, mas que constam
no site, o teor da publicação mostra prepotência, arrogância e preconceito.

Parece-nos que autor não soube separar a diferença entre estudar as origens da
geomancia, versus, estudar as origens do Ifá. Sugiro ao babalaô rever o post, pois tais
afirmações não são dignas do cargo sacerdotal que ocupa.

<http://iledeobokum.blogspot.com.br/2013_03_01_archive.html>
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27/03/2013

• Réplica de Ifagbayin

Esclarecimentos
Texto: Babalawo Ifagbaiyin

Araba Awodiran Agboola da Igreja de Orunmila, de Lagos e Babalaô Ifagbayin.

Peço desculpa aos leitores do nosso blog, mas precisamos responder aqui algumas
críticas, esclarecendo algumas questões que certamente foram divulgadas pretende
prejudicar diretamente o nosso trabalho.

Algumas pessoas frustradas que se imaginam cultas, mas que na verdade não
demostram capacidade para interpretar um texto, não deveriam se arvorar como
escritores, isso certamente cria uma confusão para os leitores prejudicando assim o
entendimento.

O senhor Luiz qualquer coisa, não é um sacerdote é um pretenso escritor, frustrado pelo
insucesso, é um doente, precisa se tratar deve procura um psiquiatra, que o ajude a
entender os complexos que atormentam a sua mente doentia.

Eu não tenho culpa se ele não tem a quantidade de neurônios que imagina. Além disso,
o senhor Luiz qualquer coisa precisa urgentemente de óculos. No texto mencionado por
ele consta a seguinte frase que identifica a autoria dos textos pesquisados por nós...
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*** (Existe uma confusão, entre a realidade e as lendas, isso é comum em todas as
culturas, no inconsciente coletivo fica gravado ao longo do tempo, as imagens de mais fácil
assimilação, o texto abaixo, identifica, baseado em obras dos mais renomados autores
yorubanos e europeus, que pesquisaram sobre a religião yoruba).

No texto consta o endereço da página para a identificação dos escritores e a leitura na


íntegra que facilmente explica o que ele identifica como sendo total contradição do
autor, esse senhor é burro, louco ou quer me prejudicar.

http://egbeifaajagajigi.no.comunidades.net/index.php?pagina=1209575114_04)

O fato de ignorar essas referências no texto identifica o senhor Luiz como alguém que
usa de má fé, ele certamente esconde as verdadeiras intenções, que podem ser
explicadas por um problema psiquiátrico.

O fato de fazer uma critica a pessoa do Babalawo Ifagbaiyin, excluindo os autores como
fica aqui identificado e analisando uma parte do texto em separada, resulta em uma
agressão e caracteriza uma total falta de entendimento, indicando a necessidade de um
tratamento médico urgente.

O senhor Luiz qualquer coisa não é iniciado, então desconhece os procedimentos de um


Babalawo, isso fica claro quando ele afirma que o Sacerdote de Ifá precisa de vários
Orisas para fazer o seu trabalho, esquece ele que um orisa nasce de um Odu.

Em suas declarações ele demonstra um total desconhecimento de nossa religião ele


confunde lendas com a realidade, chegando ao ponto de dizer que Obatala criou a terra,
em uma visão desinformada e sincrética o senhor luiz demonstra que precisa fazer uma
limpeza em suas estantes, esse senhor deve jogar fora os livros por ele usado como
referência.

Todo metido a esperto, precisa estudar muito, lhe indico uma leitura sadia: A história
da criação, por Solagbade Popoola.

Porque você Luiz, não ataca Solagbade Popoola?

<http://www.babalawoifagbaiyin.com/2013/03/esclarecimentos-peco-desculpa-os.html>
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27/03/2015

A tréplica de Luiz L. Marins, e comentários.

Prezado Babalaô,

Devido ao teor ofensivo e depreciativo de sua réplica, em resposta à minha crítica


inicial publicada <aqui>, houve a necessidade desta tréplica.

Assim, faço saber que:

1º) Minha contestação refere-se ao objeto de estudo proposto, e minha indignação diz
respeito à prepotência da postagem, que diminui e deprecia todos os outros segmentos
religiosos afro-brasileiros, quando postula que, o culto praticada pelo seu segmento
religioso é superior aos demais. Este pressuposto é inaceitável. Como a postagem é
originalmente de outro site, minhas observações valem para aquele também. O culto de
Orúnmìlà, não é superior nem inferior ao culto de nenhum outro Òrìsà.

2º) Pesquisadores e estudiosos sérios não trabalham com a ideia da verdade absoluta,
sejam estudos seus, meus, ou de outrem. Estudos e pesquisas são passíveis de sabatinas
e contestações, que, para serem consideradas, precisam ter fundamento. Críticas
gratuitas serão sempre desconsideradas.
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Esta, entretanto, não é a postura da maioria dos agentes religiosos totalitaristas e


absolutistas, quando também escritores, que não aceitam contestação de suas
publicações, tomando-as por pessoais,

3º) Pesquisadores e estudiosos éticos não discutem “pessoas”, mas sim, temas, pois o
objeto de estudo não é o autor, mas antes, a pesquisa, e nunca usam de termos e
qualificativos depreciativos quando se dirigem ao interlocutor. Ainda que discordem do
tema, mantém o respeito ao interpelado. Assim sendo, meu post é em observação ao
assunto publicado, não à sua pessoa. A réplica depreciativa e vexatória que fez, não tem
razão de ser.

4º) O Ifá não é unânime e homogêneo, como querem fazer parecer os recentes babalaôs
brasileiros. Há várias escolas de Ifá, com diferenças filosóficas e técnicas. Algumas
ganharam fama, não por serem superiores a outra, mas sim, devido à condição de seus
sacerdotes serem letrados e escritores, que os coloca numa posição privilegiada para
ditarem os conceitos que acreditam.

Dentre as conhecidas, a escola de Epega utiliza a hierarquia da senioridade do odù


(signo divinatório) sendo que o odu mais novo pertence imediatamente à família do odù
mais velho, conceito diferente de outras escolas.

Já a escola de Abimbola inverte os sinais dos odus Òsá e Òtúrúpòn. Outrossim,


o Ifá pesquisado por William Bascom, que utiliza a forma tradicionalmente aceita,
inverte a posição de alguns ojú odù intermediários.

Estas diferenças, despercebidas a princípio pelo pesquisador novato, são de importância


fundamental para uma consulta, visto que levam a resultados completamente diferentes.
Entretanto, embora não haja unanimidade em Ifá, é impossível dizer que esta ou aquela
escola é a certa ou superior. Todas estão corretas dentro de seus fundamentos iniciáticos.

5º) Um sacerdote de Ifá tem o poder e o direito de criar o mito, quando necessário for.
Este mito pode ganhar notoriedade em suas reuniões regulares, e assim ser aceito e
adotado por toda a escola de Ifá em que nasceu. Entretanto, é preciso ressaltar que sua
aceitabilidade se restringe à escola que teve origem, não significando que será aceito por
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outras escolas, nem que o mito particular criado por uma escola, representará sua
cultura tradicional como um todo. Se por acaso o babalaô que criou o mito for letrado, e
possuir o dom da escrita, este mito, se publicado, poderá tornar-se conhecido não só na
Iorubalândia, como no exterior, e em outras línguas.

Mesmo que isto aconteça, não tem este mito a legitimidade para representar todo o
pensamento de uma cultura oral tradicional. É o caso do mito de origem de Popoola
apresentado pelo Senhor. Ele é verdadeiro apenas para a escola de Popoola, e não
representa o pensamento da religião tradicional ioruba, na sua síntese teológica,
cosmológica e teogônica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Pouco importa se o Senhor e sua escola de Ifá acreditam que o Ifá é árabe ou chinês. O
que não podemos aceitar é a prepotência de dizer para toda a sociedade afro-brasileira,
que sua religião e divindade correlata, são superiores, depreciando e diminuindo todos
os outros segmentos religiosos descendentes de matriz africana.

Outrossim, não convém a um babalaô, numa réplica, pronunciar-se na forma como fez o
Senhor, usando de qualificativos inapropriados, na intenção clara de vingança e
depreciação da pessoa, em vez de simplesmente responder ao tema, como era de se
esperar de um estudioso.

No momento que pregamos a tolerância religiosa nas mídias sociais, tais


pronunciamentos não tem razão de existirem. Entretanto, devo dizer que aprecio outros
trabalhos que publicou, que os recomendei e recomendarei, quando necessário. Este
episódio infeliz não invalida as boas obras que já fez, e espero, continue fazendo.

A propósito, sou iniciado sim, para Òòsàálá, que não é inferior, nem superior à sua
divindade, apenas tem função diferente dentro do Orixaísmo (a religião de todos aqueles
que praticam o culto de Òrìsà).

Ìlera !

<http://iledeobokum.blogspot.com.br/2013/03/reflexoes-sobre-ifa.html>
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ALGUNS COMENTÁRIOS:

Seguem alguns comentários.

Marcos Arino

5 de junho de 2013

É muito ruim, mas, muito ruim mesmo, uma pessoa de Ifá achar que faz parte de um
culto superior aos demais e que cultua uma divindade superior as demais. Isso soa
como coisa de religião abraâmica, que tem a certeza de que existem vários deuses,
mas, o dele é o único que é o de verdade.

Ifá não é o culto mais importante. Orunmila não é uma divindade superior as demais.
O babalawo não é um sacerdote que esta acima dos demais e que tudo pode fazer.
Tenho certeza que muitos que estão em Ifá pensam assim. Estão errados e esse
pensamento contamina toda a sua prática. Não sei a linha de pensamento do
Sr.Ifagbayan, mas aquela não foi uma frase boa.

A religião é uma só.

Cada culto se dedica a um aspecto dessa religião e definitivamente ninguém pode


assumir o todo dela. Não se faz Ifá sem suporte de Orixá e não exista nada mais forte
em nossa vida que não seja Orixá. O Babalawo é um intermediário, um mensageiro.
Não é nem Olodumare e nem Orunmila em pessoa. Ele será tão bom quanto tão bem-
fazer esse seu papel.

É assim que eu penso.


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Julio Julinho

01/04/2013

Vocês acham ele contraditório?

Então leiam isso:

http://www.babalawoifagbaiyin.com/2013/03/esclarecimentospergunta-iya-
apetebi.html?spref=fb

Um usuário anônimo faz perguntas lógicas, utilizando as próprias palavras dele e ele
se contra diz fundamentalmente, pois afirma que fez: “119 iniciações para orixá, 21
isefas, 6 itefas;

Mas nas respostas deixa claro ser obrigatório ter que ter Iya Odu para se poder fazer
isso, só que em contra partida, declara ter recebido recentemente este orixá. Então
como é que ele diz que fez tudo isso nestes últimos três anos se ele mesmo alega que um
Babalawo sem Iya Odu não pode fazer? Além de um monte de perguntas que ficam sem
suas respostas, pois o mesmo, quando responde, sempre deixa margem para um
entendimento ambíguo, isto é, não sabe responder com simplicidade e lógica. Ou ele é
louco ou é experto!!!!

Porque ele não chama seus iniciados para lhe apoiar? Afinal, onde estão eles? Quem
foi o Olowo fez a tal Iya Odu dele e porque não cita o nome deste sacerdote? Será que
ele tem mesmo este assentamento? Não dá nome aos bois por que deve algo? Está se
escondendo do que? Seja claro ao menos! Onde estão os líderes desta família Agboola?

Depois, é o senhor Luiz L. Marins é que precisa de tratamento psiquiátrico?

LINK GERAL DA POSTAGEM:

Ilê Axé Nagô Kóbi: Reflexões Sobre Ifa Publicadas Pelo Babalaô Ifagbayn Agboola:

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