Recuperação de Matas Ciliares
Recuperação de Matas Ciliares
Recuperação de Matas Ciliares
1. Regeneração Natural:
Através da regeneração natural, as florestas apresentam
capacidade de se recuperarem de distúrbios naturais ou
antrópicos. Quando uma determinada área de floresta sofre
um distúrbio como a abertura natural de uma clareira, um
desmatamento ou um incêndio, a sucessão secundária se
encarrega de promover a colonização da área aberta e
conduzir a vegetação através de uma série de estádios
sucessionais, caracterizados por grupos de plantas quer vão
se substituindo ao longo do tempo, modificando as
condições ecológicas locais até chegar a uma comunidade
bem estruturada e mais estável.
A sucessão secundária depende de uma série de fatores
como a presença de vegetação remanescente, o banco de
sementes no solo, a rebrota de espécies arbustivo-arbóreas,
a proximidade de fontes de sementes e a intensidade e a
duração do distúrbio. Assim, cada área degradada
apresentará uma dinâmica sucessional específica. Em áreas
onde a degradação não foi intensa, e o banco de sementes
próximas, a regeneração natural pode ser suficiente para a
restauração florestal. Nestes casos, torna-se imprescindível
eliminar o fator de degradação, ou seja, isolar a área e não
praticar qualquer atividade de cultivo.
Em alguns casos, a ocorrência de espécies invasoras,
principalmente gramíneas exóticas como o capim-gordura
(Melinis minutiflora) e trepadeiras, pode inibir a regeneração
natural das espécies arbóreas, mesmo que estejam
presentes no banco de sementes ou que cheguem na área,
via dispersão. Nestas situações, é recomendado uma
intervenção no sentido de controlar as populações de
invasoras agressivas e estimular a regeneração natural.
A regeneração natural tende a ser a forma de restauração de
mata ciliar de mais baixo custo, entretanto, é normalmente
um processo lento. Se o objetivo é formar uma floresta em
área ciliar, num tempo relativamente curto, visando a
proteção do solo e do curso d'água, determina as técnicas
que acelerem a sucessão devem ser adotadas.
2. Seleção de Espécies:
As matas ciliares apresentam uma heterogeneidade
florística elevada por ocuparem diferentes ambientes ao
longo das margens dos rios. A grande variação de fatores
ecológicos nas margens dos cursos d'água resultam em
uma vegetação arbustivo-arbórea adaptada a tais variações.
Via de regra, recomenda-se adotar os seguintes critérios
básicos na seleção de espécies para recuperação de matas
ciliares:
plantar espécies nativas com ocorrência em matas
ciliares da região;
plantar o maior número possível de espécies para
gerar alta diversidade;
utilizar combinações de espécies pioneiras de rápido
crescimento junto com espécies não pioneiras
(secundárias tardias e climáticas);
plantar espécies atrativas à fauna;
respeitar a tolerância das espécies à umidade do solo,
isto é, plantar espécies adaptadas a cada condição de
umidade do solo.
Grupo Ecológico
Secundár
Característ Secundária Climática
Pioneiras ias
icas s Tardias s
Iniciais
lento ou
Cresciment muito
rápido médio muito
o rápido
lento
mediament dura e
Madeira muito leve leve
e dura pesada
tolerante
Tolerância muito intolerant
no estágio tolerante
à sombra intolerante e
juvenil
20 a 30 30 a 45
Altura das
4 a 10 20 (alguns até (alguns
árvores (m)
50) até 60)
Regeneraç banco de banco de banco de banco de
ão sementes plântulas plântulas plântulas
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ampla
(zoocoria: (zoocoria
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alta : poucas
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sementes
leve
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termorregul ade do
sementes
ada) embrião)
Idade da
relativame tardia
1.° prematura prematur
nte tardia (mais de
reproduçã (1 a 5) a (5 a 10)
(10 a 20) 20)
o (anos)
Muito
muito curto
Tempo de curto (10 longo (25 a longo
(menos de
vida (anos) a 25) 100) (mais de
10)
20)
florestas
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secundária
florestas ias em
se
secundár estágio
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ias, avançad
bordas de bordas de
bordas o de
matas, clareiras e
Ocorrência de sucessão
clareiras clareiras
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médias e pequenas,
clareiras florestas
grandes dossel
pequena primárias
floresta e
s , dossel e
sub-
sub-
bosque
bosque
INDICADORES DE RECUPERAÇÃO
2 - Banco de Sementes:
O banco de sementes compreende as semenetes viáveis
presentes na camada superficial do solo. Através de uma
moldura de 05 X 0,5 cm, lançada na superfície do solo,
coleta-se toda a serapilheira e o solo, numa profundidade de
0-5 cm, que retém a maior parte das sementes. Transferindo
para a casa de vegetação e livre de contaminações externas,
são forcecidas condições de luz e de umidade necessárias
para a germinação das sementes. Após um determinado
tempo, as sementes germinadas são contadas e as plântulas
identificadas. É importante destacar que o banco de
sementes é formado, principalmente, por espécies pioneiras
que, normalmente, apresentam dispersão a longa distância
e, portanto, não estão, necessariamente, presentes na
vegetação arbórea local. Em condições de boa cobertura
vegetal e com bom sombreamento do solo, espera-se que
estas espécies pioneiras presentes no banco não encontrem
condições favoráveis à germinação e ao estabelecimento, a
menos que ocorra um distúrbio. Contudo, este aspecto não
diminui a importância do banco de sementes como
indicador de recuperação e de sustentabilidade, uma vez
que são as espécies pioneiras que irão desencadear o
processo de colonização de uma área, após um distúrbio. O
importante é determinar a riqueza de espécies do banco de
sementes e a proporção entre espécies nativas e invasoras.
Um banco rico em sementes de espécies invasoras ou
ruderais sugere que, frente a um distúrbio natural, como a
abertura de clareiras, estas espécies poderão vir a colonizar
a área, podendo competir com as espécies nativas, afetando
a sustentabilidade da floresta ciliar.
4 - Abertura do Dossel:
O dossel da floresta, ou seja a cobertura superior da floresta
formada pelas copas das árvores, em termos ecológicos
apresenta uma grande influência na regeneração das
espécies arbustivo-arbóreas, além de atuar como barreira
física às gotas de chuva, protegendo o solo da erosão. Em
florestas secundárias jovens, o dossel normalmente
encontra-se mais aberto, com grandes espaços entre as
copas das árvores, permitindo maior passagem de luz e,
assim, inibindo a regeneração de espécies não pioneiras,
especialmente as climácicas. Nas florestas maduras, o
dossel é mais fechado, causando maior sombreamento no
sub-bosque e favorecendo a regeneração das espécies
tardias, formadoras de bancos de plântulas.
Numa área ciliar em processo de restauração, espera-se que
o dossel tone-se cada vez mais fechado, à medida em que as
árvores cresçam e que suas copas se encontrem. Contudo,
em áreas em que ocorreu mortalidade elevada de mudas,
sem posterior replantio, o dossel apresentará muitas falhas,
e a regeneração natural de espécies não pioneiras poderá
ser prejudicada. Desta maneira, o nível de abertura do
dossel pode ser um bom indicador da recuperação de uma
mata ciliar. Porém, cabe ressaltar que este indicador deve
ser combinado com outros principalmente com a
regeneração natural, pois é posível se obter um dossel
muito fechado, com bom sombreamenteo e boa cobertura
do solo em reflorestamentos homogêneos, e que, apesar da
proteção ao solo, não são considerados auto-sustentáveis e
são pouco eficientes na recuperação da biodiversidade.
Existem vários métodos para se estimar a abertura do
dossel, sendo a utilização de fotografias hemisféricas o
método mais prático e preciso. A abertura do dossel também
pode ser estimada através da projeção das copas das
árvores, determinando-se a proporção entre as áreas
cobertas e as abertas. É um método subjetivo, mas que
possibilita uma visão geral do estado de recuperação de
uma floresta, em nível de cobertura do solo.
Fonte:www.ambientebrasil.com.br, que produziu este texto com base na
publicação:
"Recuperação de matas ciliares", de Sebastião Venâncio Martins.
Editora Aprenda Fácil. Viçosa - MG, 2001.
fonte: http://www.aipa.org.br/viveiro-dicas-6-matas_ciliares.htm