Interpretação Constitucional
Interpretação Constitucional
Interpretação Constitucional
CONSTITUCIONAL
Guilherme Rodrigues
legis, a mens legislatoris, enfim, a vontade da lei assim que ela nasce);
c) lógico (considera a vontade atual da norma, no momento em que ela
se vai aplicar, enfim, a ratio legis em contrapartida à occasiolegis, e a
mens legis em oposição à mens legislatoris).
O método lógico pode, ainda, ser decomposto em diversas varian-
tes, estando entre as mais significativas: a) sistemática (coerência da
norma com o sistema jurídico em que ela se inscreve); b) histórico-te-
leológica, evolutiva ou progressiva (a mais amplamente utilizada -
indaga a finalidade atual em face do momento presente da aplicação, le-
vando em conta a evolução da norma e aspectos sociais, pol íticos, éti-
cos, morais, ideológicos, etc.); c) voluntarista (atribu ída a KELSEN -
parte do pressuposto de que existe mais de uma alternativa ã inter-
pretação, todas limitada por uma moldura geral, que seria a norma. Ao
intérprete, segundo sua vontade, cabe escolher qual dos resultados pos-
síveis deve ~er aplicado); d) de direito-livre (.entregaao intérprete toda
discricionariedade, sem limites e absoluta, na fixação do conteúdo nor-
mativo) .
Como não exegéticos mencionem-se: a) Integrativo ou científico-
espiritual. Surgiu na Alemanha, durante este século, e sua formulação
deve-se a SMEND. Buscou uma reação aos padrões exegéticos manipula-
dos por juristas bismarckianos de modo formal-positivista. Parte do
pressuposto de que a Constituição há de ser interpretada como um todo
e de que o Direito Constitucional não pode ser decomposto num agre-
gado de normas e institutos isolados entre si e alheios à realidade. As-
sim, a partir da realidade da vida, da concretude da existência, compre-
endida pelo que tem de espiritual, através de um processo unitário, re-
novador da própria realidade, integra-se a norma no conjunto da Consti-
tuição (PAULO BONAVIDES, ob. cit., ps. 317 e ss.) Note~secomo tal
método possui inúmeros pontos de contato com o lógico-sistemático e
o progressivo. b) Concretização - Este método gravita em redor de
três princípios básicos: a norma que se vai concretizar, a compreensão
prévia do intérprete e um problema concreto a ser resolvido. Onde hou-
ver obscuridade, o intérprete virá determinar o conteúdo material da
Constituição, examinado-o diante de um problema concreto e a partir
de uma compreensão prévia e não arbitrária. Assim, para esse método,
a Constituição não é um sistema hierárquico-axiológico (segundo os in-
tegrativistas) e nem lógico-axiomático (para os positivistas), mas deve
ser ater ao princ ípio da estabilidade social, que será garantida pela sa-
tisfação das necessidades institucionais, pol íticas, sociais, ideológicas,
etc., através do processo de interpretação da Lei Fundamental. A cada
momento a solução necessária e adequada será concretizada, segundo
este método (PAULO BONAVIDES, ob. cit., p. 321 e ss.).
Estes dois últimos métodos surgiram na Alemanha, durante este
século, para corrigir os excessos do esp írito positivista, que não hesita-
va em sacrificar as mais profundas realidades sociais e pol íticas no al-
tar do exercício dogmático de uma lógica fria de dissecação formal da
Constituição, como se o substrato nacional nada significasse.
GUI LHE RME RODRIGUES 153
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