Relatório Final Estágio
Relatório Final Estágio
Relatório Final Estágio
Vitória da Conquista
Maio/2017
Identificação
Período de estágio:
23 de janeiro de 2017 a 31 de maio de 2017
Carga horária total: 102 horas
Carga Horária Semanal: 08 horas
_________________________________ _________________________________
Thainá Sousa Campos Prof.ª. Dr.ª. Patrícia Martins de Freitas
Estagiária Supervisora de Estágio
ÍNDICE
1. Introdução 01
1.1 Caracterização do local de estágio 02
2. Fundamentação Teórica 02
3. Atividades Desenvolvidas 03
4. Considerações Finais 05
5. Referências Bibliográficas 06
Anexo I 07
1. Introdução
2. Fundamentação Teórica
O Estágio Profissionalizante em Neuropsicologia prioriza os casos em que há uma
suspeita de algum Transtorno do Desenvolvimento. A partir de então, busca-se
investigar as principais demandas trazidas pela criança/adolescente, seus familiares e
os indivíduos que convivem dentro e fora do ambiente escolar.
Realiza-se então, uma investigação para que possa estabelecer-se quais escalas e
métodos que serão utilizados durante a avaliação.
De acordo com Azambuja et al. (2004), a avaliação neuropsicológica é
recomendada em qualquer caso onde exista suspeita de uma dificuldade cognitiva ou
comportamental de origem neurológica. Essa dificuldade pode auxiliar no diagnóstico
e tratamento de diversas enfermidades neurológicas bem como os problemas de
desenvolvimento infantil, comprometimentos psiquiátricos, alterações de conduta,
entre outros (demandas atendidas pelos estagiários). A contribuição da avaliação
neuropsicológica na criança é extensiva ao processo de ensino-aprendizagem, pois
permite estabelecer algumas relações entre as funções corticais superiores, como a
linguagem, a atenção e a memória, e a aprendizagem simbólica (conceitos, escrita,
leitura, etc.).
Ainda de acordo com Azambuja et al. (2004), o modelo neuropsicológico das
dificuldades da aprendizagem pretende reunir uma amostra de funções mentais
superiores envolvidas na aprendizagem simbólica, as quais estão, obviamente,
correlacionadas com a organização funcional do cérebro. Dessa maneira, a
aprendizagem não se processa normalmente, e pode-se então ocasionar uma disfunção
ou lesão cerebral.
Após o processo de avaliação neuropsicológica, elabora-se então um relatório com
hipótese diagnóstica. Esse documento é entregue a família e a escola. Deste modo,
procura-se então, elaborar estratégias para que os déficits cognitivos e de aprendizagem
sejam diminuídos e que os prejuízos sejam cada vez menores.
A reabilitação neuropsicológica é um conjunto de diferentes estratégias terapêuticas
e educacionais com o objetivo na recuperação ou a habilitação de funções cognitivas,
assim como nas consequências comportamentais, emocionais e psicossociais
priorizando a qualidade de vida do sujeito (Riddoch, Humphreys; Stiles, 2000).
A reabilitação neuropsicológica consiste em treinos comportamentais, programas
de estimulação cognitiva, grupo de mães, treinamento de pais e orientação nas escolas
dos pacientes atendidos.
Durante o período de estágio, procura-se adaptar os processos de reabilitação ao
tempo disponível para o atendimento do paciente que, neste caso, corresponde a um
semestre letivo.
Tanto os procedimentos de avaliação e reabilitação neuropsicológicas são montados
a partir das supervisões realizadas com o orientador de estágio e discutidos com os
outros estudantes participantes.
3. Atividades Desenvolvidas
A Avaliação Neuropsicológica consiste na análise do histórico pessoal, escolar e
familiar da criança através da Anamnese, na aplicação dos instrumentos de avaliação
específicos para faixa etária, para a identificação de déficits que estejam relacionados
ao Transtorno do Desenvolvimento, neste caso, instrumentos que visam avaliar a
atenção, capacidade cognitiva, concentração, memória, competência social e QI
(Quociente de Inteligência) e na elaboração da hipótese diagnóstica de acordo com os
resultados dos instrumentos aplicados e das informações obtidas.
Dessa maneira, a Avaliação Neuropsicológica na perspectiva do estágio teve por como
atividades:
Avaliar crianças e seus respectivos familiares, identificando as
principais demandas;
Propor projetos de avaliação e intervenção e efetuá-los posteriormente;
Obter a capacidade de indicar o desenvolvimento atual da criança, a
maneira como ela enfrenta determinadas situações de aprendizagem,
além dos recursos e dos processos que faz uso em distintas atividades;
Conhecer e reconhecer o que ela é capaz de fazer e os papeis que pode
desempenhar, mesmo que com a mediação e interferência de outros;
Permitir a elaboração de estratégias de ensino adequadas às demandas
de cada criança;
Ampliar e considerar a prática social;
Estabelecer os níveis de apoio necessários para garantir o seu
desenvolvimento e atender as suas necessidades;
Analisar a necessidade de intervenção medicamentosa;
Encaminhar o relatório às escolas em que as crianças estão inseridas
com a finalidade de viabilizar práticas de inclusão dentro deste âmbito;
Após a elaboração das atividades propostas durante a avaliação, relatórios
neuropsicológicos (Anexo 1) foram efetuados com a hipótese diagnóstica. Este
relatório foi entregue aos responsáveis durante o procedimento de devolutiva da
avaliação que foi realizada pelos estudantes.
Posteriormente, ocorreu a aplicação dos treinos cognitivos e treinamento de
pais, através do acompanhamento neuropsicológico contínuo tendo como função
direcionada, a redução dos déficits identificados durante o processo de avaliação e
melhorias na qualidade de vida da criança, além do trabalho realizado com os
responsáveis e atuação no campo escolar onde a criança está inserida.
O primeiro contato com a família da criança/adolescente se deu através da
anamnese, momento este em que foram coletadas informações a partir de uma
entrevista objetiva, dentro do contexto ambulatorial. Nessa entrevista, buscou-se
coletar o maior número de informações sobre a criança, as principais demandas
relacionadas ao comportamento, interação social, relação com os familiares (presença
ou ausência de conflitos), histórico da gravidez, presença de doenças crônicas, nível de
independência em atividades diárias, entre outros.
O primeiro passo foi realizar uma avaliação neuropsicológica para que se
pudesse mensurar os prejuízos cognitivos e as funções intactas.
Continuou-se a avaliar a criança/adolescente enquanto o tratamento está em andamento,
desta forma, o tratamento pode ser modificado ou alterado em resposta a uma
informação observada.
A partir de então, montou-se um programa de reabilitação neuropsicológica
estruturado atendendo as dificuldades apresentadas durante o processo de avaliação.
Para o planejamento das intervenções adequadas, ocorreram revisões de
literatura e discussões sobre funções executivas, comportamento social e Deficiência
Intelectual, a fim de chegar a um adequado programa de reabilitação de acordo a criança
atendida.
A Reabilitação Neuropsicológica deve atender aos seguintes pontos:
Deve especificar o comportamento ou a função cognitiva a ser trabalhada;
Determinar os objetivos do tratamento;
Monitorar o progresso durante o período de reabilitação;
Fazer modificações caso sejam necessárias;
4. Considerações Finais
Com as práticas realizadas durante o Estágio Profissionalizante I, almejou-se a
diminuição dos déficits identificados durante a reabilitação neuropsicológica da
criança/adolescente, facilitando os progressos em diversos âmbitos, tais como a
qualidade de vida, interações sociais e familiares.
Esperou-se ainda que os atendimentos realizados pelos estudantes tenham sido
satisfatórios para a população, conseguindo suprir as demandas de maneira clara e
organizada, com o conhecimento adequado para um diagnóstico e tratamento eficaz em
relação aos casos de Transtornos do Desenvolvimento.
Para o contexto em que a criança vive, pôde-se perceber que os indivíduos passaram
a identificar as necessidades da mesma e suas singularidades, pois, a evolução do
quadro da criança dependeu da relação existente entre a criança e os indivíduos daquele
determinado contexto. Mudar o pensamento sobre a diferença é necessário para a
interação social da criança. Pois à medida que a criança é vista sob o ângulo de suas
limitações, surge o pensamento que está sempre associado a impossibilidade da
permanência da mesma em diferentes contextos de interação.
A partir das estratégias utilizadas houve a promoção da integração entre os espaços
frequentados pela criança/adolescente buscando o bem-estar da mesma.
Por fim, para os envolvidos na execução das propostas do estágio, esperou-se que
os mesmos conseguissem aprofundar seus conhecimentos teóricos sobre a
Neuropsicologia e os Transtornos Globais do Desenvolvimento, conseguindo aliar a
teoria com as experiências práticas obtidas ao longo do período do estágio. Alcançando
uma experiência cientifica e profissional que beneficie futuras produções e atendendo
a comunidade de maneira capacitada.
5. Referências Bibliográficas
Motivo da Consulta:
A mãe de Luiz Otávio procurou o Serviço de Psicologia apresentando uma
grande preocupação em relação a uma possível queda brusca no processo de
aprendizagem – baixas notas e fraco desempenho escolar, apresentando esses
comportamentos desde junho de 2016. Passou a se recusar a escrever, não lê facilmente e
atualmente está cursando o segundo ano do ensino fundamental após repetir a alfabetização
por duas vezes. Ainda de acordo com a responsável, Luiz Otávio apresenta grande
agressividade frente a frustrações e em casos em que o mesmo é contrariado. A mãe relatou
que Luíz Otávio é desatento e não fica quieto.
Procedimentos de Avaliação:
Foi realizada uma Avaliação Neuropsicológica a fim de investigar o perfil
cognitivo e comportamental da criança, identificando sinais que permitam o
diagnóstico clínico e funcional. Foram utilizados instrumentos adequados para esta
finalidade. A avaliação foi realizada em dez sessões, com duração de 60 minutos. A
primeira sessão foi realizada com a mãe para dar início a anamnese e colher dados sobre
o histórico e informações sobre a criança. Posteriormente foram realizadas a aplicação
de instrumentos com a criança durante sete sessões e foram utilizados os seguintes
instrumentos: Matrizes Progressivas de Raven; Teste de Desempenho Escolar (TDE);
Escala de Maturidade Mental Colúmbia; Questionário de Avaliação da Qualidade de
Vida em Crianças (AUQEI); Bateria de Avaliação Neuropsicológica do Processamento
Lexical (BANPLE).
História Clínica:
A gestação de Luíz Otávio foi tranquila. De acordo com a mãe, a gravidez foi
planejada havendo apoio emocional, não havendo quaisquer intercorrências e uso de
medicamentos. Luíz Otávio nasceu pesando três quilos e medindo quarenta e nove
centímetros, chorou ao nascer. A mãe relatou uma crise convulsiva quando tinha dez
meses não havendo motivo aparente. A mãe o amamentou até os cinco anos. Luíz
Otávio apresentou sorriso social aos três meses, ficando de pé aos nove meses.
No ano de 2013, a mãe procurou o Serviço de Psicologia da UFBA para Luíz
Otávio. Na ocasião, a queixa apresentada pela responsável era de que Luíz Otávio
preferia brincadeiras de menina (brincar de casinha, bonecas), demonstrando muita
preocupação em relação a essa situação. Luíz Otávio passou por um processo de
psicoterapia, recebendo alta depois de realizadas algumas sessões e a partir da
sinalização da mãe de que os comportamentos referidos à queixa inicial estavam
extintos. Nesta ocasião, foi levantada a hipótese diagnóstica de Transtorno de
Identidade de Gênero/Disforia de Gênero (DSM –V F64.2).
Em entrevista de anamnese atual (2017), a mãe relatou que Luíz Otávio ainda
demonstra interesse em brincadeiras femininas, mas esse interesse ocorre em menos
frequência do que quando relatado em 2013.
História Escolar:
A mãe relatou no presente momento que Luíz Otávio sofreu bulliyng por parte
de colegas na escola em que estudava a levando a tirá-lo da instituição. O bullying era
caracterizado por piadas dos colegas que se referiam a ele como “menininha” e
“mulherzinha”. A mãe acredita ainda que não houve posicionamento da escola contra
as atitudes dos alunos mesmo diante da sua reclamação.
Repetiu a alfabetização – primeiro ano do Ensino Fundamental. Mudou de
escola e atualmente cursa o segundo ano do Ensino Fundamental em uma instituição
particular de ensino.
A mãe atribui a queda brusca na aprendizagem e seu “bloqueio” ao período em
que Luíz Otávio deixou de residir com uma tia e passou a residir definitivamente com
os pais e a imã mais velha, esse fato ocorreu em junho de 2016.
Em visita à escola, buscou-se identificar as principais dificuldades encontradas
por Luiz Otávio no contexto escolar. De acordo com a diretora da instituição, Luiz
Otávio apresenta resistência ao fazer as atividades (mesmo aquelas que vão para casa)
não as executando. Apresenta ainda pouco interesse pelas atividades realizadas em sala
de aula, embora se interesse pelas aulas de artes. Ainda segundo a diretora da
instituição, Luiz Otávio possui boa convivência com os colegas, brincando e
interagindo sem maiores intercorrências. Relatou ainda que, em contexto escolar, nunca
presenciou comportamentos agressivos por parte do mesmo.
História Familiar:
Luíz Otávio tem um bom relacionamento com os pais. É apegado mais a mãe.
Dorme sozinho em seu próprio quarto, tendo um horário certo para dormir, não
apresentando problemas para dormir.
Tem uma boa relação com a irmã mais velha, havendo poucas brigas e
discussões.
A irmã afirma que Luíz Otávio é bastante agitado, apresentando muita
resistência na realização das atividades da escola e ficando agressivo quando tentam
obrigá-lo a realizar atividades das quais não quer realizar. Esses comportamentos de
agressividade se caracterizam, segundo a mesma, por arremessar objetos que estão ao
seu alcance, amassar as tarefas da escola e gritar. Ainda de acordo com as informações
colhidas com a irmã, Luíz Otávio possui um gato como animal de estimação, com quem
ele brinca durante o dia. No entanto, a irmã afirmou que a criança abraça o animal com
muita força, machucando as vezes, e que também é comum a criança morder, bater e
jogar o animal para o alto, obrigando-o a brincar.
Aspectos Comportamentais:
A criança é bastante agitada não possuindo dificuldades em obedecer a
comandos. Apresenta ainda, comportamentos infantilizados para a idade – possui
dificuldade na pronúncia de algumas palavras e a fala é infantilizada.
Em relação a comportamentos sexuais, os pais relataram que a criança não
apresenta comportamentos referentes à essas questões.
Brincadeiras:
Em relação a brincadeiras, a criança prefere brincar sozinha. Normalmente
brinca de futebol com os colegas na escola. Brinca com uma vizinha de “casinha”,
“escolinha” e “fazer comidinhas”.
Luíz Otávio gosta de várias brincadeiras, mas repete muito a brincadeira de
“fazer comidinhas”.
RESULTADOS DO TDE
ESCORE BRUTO CLASSIFICAÇÃO PREVISÃO DE
ESCORE BRUTO
(EB)
ESCRITA 00 Inferior 22
ARITMÉTICA 04 Inferior 13
LEITURA 01 Inferior 58
TOTAL 05 Inferior 43
Correlação Anatomoclínica:
Algumas das possíveis correlações anatomoclínicas podem estar relacionadas à
alteração na formação do córtex cerebral humano, o qual requer a interação de
mecanismos moleculares e bioquímicos muito complexos e intrigados. Qualquer
defeito em alguma das fases da embriogênese do córtex pode resultar em vários tipos
de patologias. Esses distúrbios estão reunidos sob a designação de Distúrbios do
Desenvolvimento Cortical, os quais estão entre as principais causas de Deficiência
Intelectual. Outras anormalidades relacionadas podem ser anormalidades da
proliferação e diferenciação de neurônios e da glia; anormalidades primariamente na
migração neuronal; e anormalidades da organização cortical.
RECOMENDAÇÕES:
Reabilitação Cognitiva
A reabilitação cognitiva é um processo que desenvolve o melhor funcionamento
cognitivo possível, para pessoas que possuem algum grau de comprometimento
cognitivo ou comportamental. A reabilitação cognitiva visa trabalhar com as
dificuldades cognitivas dos pacientes: problemas de memória, atenção, concentração,
linguagem, planejamento, raciocínio lento e no processamento de informações, etc.
Acompanhamento Neuropsicológico:
O acompanhamento neuropsicológico consiste em avaliações periódicas do
caso para acompanhar a evolução e o desenvolvimento. Esse acompanhamento se
encontra em andamento.