SENAI UC 02 Eletricidade Vol. 1 PDF
SENAI UC 02 Eletricidade Vol. 1 PDF
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ELETRICIDADE
VOLUME 1
Série Energia – Geração, TRansmissão e Distribuição
ELETRICIDADE
VOLUME 1
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
Conselho Nacional
ELETRICIDADE
VOLUME 1
© 2017. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491e
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Eletricidade / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Departa-
mento Nacional, Departamento Regional da Bahia. - Brasília: SENAI/DN, 2017.
216 p.: il. - (Série Energia - Geração, Transmissão e Distribuição, v. 1).
ISBN 978-85-505-0268-7
CDU: 621.3
SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - A importância da comunicação...............................................................................................................20
Figura 2 - A comunicação na sala de aula................................................................................................................21
Figura 3 - Placa...................................................................................................................................................................21
Figura 4 - O fluxo da comunicação.............................................................................................................................23
Figura 5 - O processo de comunicação ....................................................................................................................23
Figura 6 - O mundo da informação ...........................................................................................................................27
Figura 7 - Trabalho em equipe x individual ............................................................................................................35
Figura 8 - Espírito de equipe.........................................................................................................................................36
Figura 9 - Ética na balança.............................................................................................................................................38
Figura 10 - O tesouro matemático..............................................................................................................................44
Figura 11 - Os conjuntos numéricos..........................................................................................................................45
Figura 12 - Números naturais no controle remoto...............................................................................................45
Figura 13 - Reta real..........................................................................................................................................................49
Figura 14 - Qual o valor correto...................................................................................................................................52
Figura 15 - Frações............................................................................................................................................................57
Figura 16 - Propriedade fundamental da proporção...........................................................................................61
Figura 17 - Placa de sinalização...................................................................................................................................72
Figura 18 - Ângulos .........................................................................................................................................................74
Figura 19 - Tipos de triângulos.....................................................................................................................................75
Figura 20 - O retângulo...................................................................................................................................................75
Figura 21 - O quadrado . ................................................................................................................................................76
Figura 22 - O círculo, a circunferência e o raio . .....................................................................................................76
Figura 23 - Paralelepípedo . ..........................................................................................................................................79
Figura 24 - Triângulo retângulo ..................................................................................................................................80
Figura 25 - Círculo trigonométrico ............................................................................................................................82
Figura 26 - Triângulo pitagórico .................................................................................................................................83
Figura 27 - Medição de peça . ......................................................................................................................................85
Figura 28 - A eletricidade ao nosso redor ...............................................................................................................89
Figura 29 - O átomo ........................................................................................................................................................92
Figura 30 - Eletrização por atrito ................................................................................................................................93
Figura 31 - Eletrização por contato (-).......................................................................................................................94
Figura 32 - Eletrização por contato (+)......................................................................................................................94
Figura 33 - Eletrização por indução (+).....................................................................................................................95
Figura 34 - Eletrização por indução (-).......................................................................................................................96
Figura 35 - Forças de atração e repulsão..................................................................................................................97
Figura 36 - Campo elétrico......................................................................................................................................... 100
Figura 37 - A pilha.......................................................................................................................................................... 101
Figura 38 - Modelo didático de uma pilha............................................................................................................ 102
Figura 39 - O interior de uma pilha.......................................................................................................................... 103
Figura 40 - Geração de energia por ação de pressão........................................................................................ 103
Figura 41 - Gerador de energia por ação magnética........................................................................................ 104
Figura 42 - Gerador de energia por ação térmica.............................................................................................. 105
Figura 43 - Efeito fotoelétrico na célula fotovoltaica........................................................................................ 106
Figura 44 - Usina hidrelétrica..................................................................................................................................... 107
Figura 45 - Usina hidrelétrica - componentes...................................................................................................... 107
Figura 46 - Funcionamento de uma usina termoelétrica................................................................................ 108
Figura 47 - Placas espelhadas.................................................................................................................................... 109
Figura 48 - Central geradora eólica......................................................................................................................... 109
Figura 49 - Sistema de distribuição de energia elétrica................................................................................... 110
Figura 50 - Circuito elétrico........................................................................................................................................ 111
Figura 51 - Circuito aberto e circuito fechado..................................................................................................... 112
Figura 52 - O visor do amperímetro........................................................................................................................ 112
Figura 53 - Comportamento da corrente contínua........................................................................................... 113
Figura 54 - Comportamento da corrente alternada.......................................................................................... 114
Figura 55 - O visor do voltímetro.............................................................................................................................. 114
Figura 56 - O visor do ohmímetro............................................................................................................................ 116
Figura 57 - O multímetro............................................................................................................................................. 117
Figura 58 - O resistor no circuito elétrico ............................................................................................................. 121
Figura 59 - Resistores . ................................................................................................................................................. 122
Figura 60 - Resistor de 4700 Ω................................................................................................................................... 124
Figura 61 - Resistor de 270 Ω..................................................................................................................................... 124
Figura 62 - Resistores de vários tamanhos............................................................................................................ 125
Figura 63 - Trimpot........................................................................................................................................................ 125
Figura 64 - Potenciômetro.......................................................................................................................................... 126
Figura 65 - Símbolos dos resistores......................................................................................................................... 127
Figura 66 - Circuito em série...................................................................................................................................... 128
Figura 67 - Circuito equivalente................................................................................................................................ 129
Figura 68 - Circuito em série 2................................................................................................................................... 130
Figura 69 - Circuito em série 3................................................................................................................................... 131
Figura 70 - Circuito em paralelo................................................................................................................................ 132
Figura 71 - Circuito equivalente .............................................................................................................................. 134
Figura 72 - Circuito em paralelo 2............................................................................................................................ 136
Figura 73 - Circuito em paralelo 2 reduzido......................................................................................................... 137
Figura 74 - Circuito em paralelo 2 equivalente................................................................................................... 137
Figura 75 - Circuito em paralelo 3............................................................................................................................ 138
Figura 76 - Circuito misto............................................................................................................................................ 140
Figura 77 - Correntes no circuito misto.................................................................................................................. 140
Figura 78 - Circuito misto reduzido......................................................................................................................... 141
Figura 79 - Circuito misto equivalente................................................................................................................... 142
Figura 80 - Circuito misto exemplo......................................................................................................................... 143
Figura 81 - Lâmpadas em série e em paralelo..................................................................................................... 147
Figura 82 - Circuito com cinco resistores . ............................................................................................................ 148
Figura 83 - Circuito com seis resistores ................................................................................................................. 150
Figura 84 - Condutor de cobre ................................................................................................................................. 152
Figura 85 - As correntes no nó ................................................................................................................................. 155
Figura 86 - As tensões da malha............................................................................................................................... 156
Figura 87 - Circuito misto 2......................................................................................................................................... 158
Figura 88 - Circuito misto, corrente nos resistores............................................................................................. 159
Figura 89 - Circuitos do teorema da superposição ........................................................................................... 161
Figura 90 - Circuito com duas fontes ..................................................................................................................... 161
Figura 91 - Circuito de duas fontes: malhas e nó................................................................................................ 162
Figura 92 - Correntes das malhas do circuito de duas fontes........................................................................ 165
Figura 93 - Detalhamento de corrente no resistor R2 .................................................................................... 166
Figura 94 - Circuito de duas fontes (Fonte 1)....................................................................................................... 167
Figura 95 - Correntes do circuito de duas fontes (Fonte 1)............................................................................. 169
Figura 96 - Circuito de duas fontes (Fonte 2)....................................................................................................... 170
Figura 97 - Correntes do circuito de duas fontes (Fonte 2)............................................................................. 172
Figura 98 - Circuito equivalente de Thévenin...................................................................................................... 173
Figura 99 - Circuito 1 teorema de Thévenin......................................................................................................... 174
Figura 100 - Circuito 2 teorema de Thévenin....................................................................................................... 174
Figura 101 - Circuito 3 teorema de Thévenin....................................................................................................... 175
Figura 102 - Circuito 4 teorema de Thévenin....................................................................................................... 176
Figura 103 - Circuito 5 teorema de Thévenin....................................................................................................... 176
Figura 104 - Circuito final teorema de Thévenin................................................................................................. 177
Figura 105 - Circuito equivalente de Norton....................................................................................................... 178
Figura 106 - Equivalência entre circuito de Norton e Thévenin.................................................................... 179
Figura 107 - Circuito 1 teorema de Norton........................................................................................................... 180
Figura 108 - Circuito 2 teorema de Norton........................................................................................................... 180
Figura 109 - Circuito 3 teorema de Norton........................................................................................................... 180
Figura 110 - Circuito 4 teorema de Norton........................................................................................................... 181
Figura 111 - Circuitos equivalentes......................................................................................................................... 182
Figura 112 - Ponte de Wheatstone.......................................................................................................................... 183
Figura 113 - Visor do wattímetro.............................................................................................................................. 187
Figura 114 - Circuito com 7 resistores ................................................................................................................... 190
Figura 115 - Circuito com 9 resistores ................................................................................................................... 195
Figura 116 - Aparelhos que aproveitam do efeito Joule ................................................................................ 199
Figura 117 - Circuito considerando resistência interna .................................................................................. 200
Figura 118 - Circuito alimentado por fonte DC................................................................................................... 203
2 Comunicação e informação........................................................................................................................................19
2.1 Envio.................................................................................................................................................................20
2.2 Intenção...........................................................................................................................................................21
2.3 Recepção.........................................................................................................................................................22
2.4 Confirmação...................................................................................................................................................22
3 Dados e informações.....................................................................................................................................................27
3.1 Seleção.............................................................................................................................................................28
3.2 Sistematização...............................................................................................................................................29
3.3 Organização...................................................................................................................................................29
3.4 Apresentação.................................................................................................................................................30
5 Matemática aplicada.....................................................................................................................................................43
5.1 Conjuntos numéricos e números decimais........................................................................................44
5.1.1 Conjunto dos números naturais (N)....................................................................................45
5.1.2 Conjunto dos números inteiros (Z)......................................................................................46
5.1.3 Conjunto dos números racionais (Q)..................................................................................47
5.1.4 Conjunto dos números irracionais (I)..................................................................................47
5.1.5 Conjunto dos números reais (R)...........................................................................................48
5.1.6 Conjunto dos números complexos (C)...............................................................................49
5.2 Arredondamento..........................................................................................................................................50
5.3 Operações com números decimais.......................................................................................................52
5.3.1 Soma e subtração......................................................................................................................53
5.3.2 Multiplicação...............................................................................................................................53
5.3.3 Divisão...........................................................................................................................................54
5.4 Frações, potenciação e radiciação..........................................................................................................56
5.4.1 Frações...........................................................................................................................................56
5.4.2 Potenciação..................................................................................................................................59
5.4.3 Radiciação.....................................................................................................................................60
5.5 Razão e proporção: direta e inversa, proporções e porcentagem..............................................61
5.5.1 Razão..............................................................................................................................................61
5.5.2 Proporção.....................................................................................................................................61
5.5.3 Porcentagem...............................................................................................................................63
5.6 Equações de 1º e 2º grau...........................................................................................................................64
5.6.1 Classificação dos tipos de equação.....................................................................................64
5.6.2 Equação de 1º grau ..................................................................................................................64
5.6.3 Equação de 2º grau...................................................................................................................69
5.7 Múltiplos e submúltiplos...........................................................................................................................71
5.8 Notação científica.........................................................................................................................................73
5.9 Geometria espacial e plana......................................................................................................................74
5.10 Trigonometria..............................................................................................................................................80
5.10.1 Funções trigonométricas......................................................................................................80
5.10.2 Funções trigonométricas inversas.....................................................................................82
5.10.3 Teorema de Pitágoras.............................................................................................................83
5.11 Dígitos significativos na leitura de instrumentos...........................................................................85
6 Fundamentos da eletricidade....................................................................................................................................89
6.1 Histórico...........................................................................................................................................................90
6.2 Carga elétrica.................................................................................................................................................92
6.3 Eletrização dos corpos................................................................................................................................93
6.3.1 Eletrização por atrito................................................................................................................93
6.3.2 Eletrização por contato............................................................................................................94
6.3.3 Eletrização por indução...........................................................................................................94
6.4 Lei de Coulomb e força elétrica...............................................................................................................96
6.5 Campo elétrico........................................................................................................................................... 100
6.6 Potencial elétrico....................................................................................................................................... 101
6.7 Diferença De Potencial (DDP)............................................................................................................... 101
6.8 Fontes geradoras por ação: pressão, química, magnética, térmica, mecânica,
luminosa....................................................................................................................................................... 102
6.8.1 Geração de energia por ação química............................................................................ 102
6.8.2 Geração de energia através de pressão.......................................................................... 103
6.8.3 Geração de energia por ação magnética....................................................................... 104
6.8.4 Geração de energia por ação térmica............................................................................. 104
6.8.5 Geração de energia por ação mecânica......................................................................... 105
6.8.6 Geração de energia por ação luminosa.......................................................................... 105
6.9 Grandezas fundamentais........................................................................................................................ 111
6.9.1 Corrente elétrica...................................................................................................................... 112
6.9.2 Tensão elétrica......................................................................................................................... 114
6.9.3 Resistência elétrica................................................................................................................. 116
6.10 Materiais elétricos................................................................................................................................... 117
6.10.1 Condutores............................................................................................................................. 117
6.10.2 Isolantes................................................................................................................................... 118
Referências......................................................................................................................................................................... 207
Índice................................................................................................................................................................................... 213
Introdução
Prezado(a) aluno(a),
É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
livro didático de Eletricidade, volume 1.
Este livro tem como objetivo ajudar no desenvolvimento de fundamentos técnicos e cien-
tíficos relativos às grandezas e ao funcionamento de circuitos eletroeletrônicos, bem como
capacidades sociais, organizativas e metodológicas, de acordo com a atuação do profissional
no mundo do trabalho.
O conteúdo deste livro está organizado em capítulos e dividido em dois volumes, no primei-
ro volume, abordaremos: comunicação e informação, dados e informações, trabalho em grupo
e individual, matemática aplicada, fundamentos de eletricidade, circuitos elétricos, princípios
de leis e teoremas e potência em corrente contínua. O segundo volume compreenderá mag-
netismo e eletromagnetismo, corrente alternada, medidas elétricas e princípios da eletrônica.
Atualmente, o mercado de trabalho busca profissionais qualificados e que consigam se des-
tacar entre as atividades que lhes são propostas em diversas áreas, e não é diferente com a
eletricidade. É buscando atender as exigências do mercado que este volume apresenta os con-
teúdos de forma que desperte as suas habilidades tanto no desenvolvimento pessoal quanto
no desenvolvimento técnico.
ELETRICIDADE - VOLUME I
16
CAPACIDADES TÉCNICAS
Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer e cumprir um cronograma de estudo;
d) Quando o estudo se prolongar um pouco mais, reservar um intervalo para descanso.
Bons estudos!
Comunicação e informação
2.1 envio
Observe a mensagem a seguir e tente identificar quem exerce cada papel explicado anteriormente.
Observando a imagem, podemos ver como funciona o processo de comunicação: temos o professor
que é responsável pelo envio da mensagem, a quem chamamos de emissor, e os alunos que recebem a
informação e são considerados receptores. O teor destas informações depende da intenção do emissor,
como veremos a seguir.
2.2 intenção
A intenção de uma mensagem está relacionada ao objetivo do emissor em enviar uma mensagem,
como por exemplo: informar quando a concessionária de energia entrega um folheto avisando que irá sus-
pender o fornecimento de energia; intenção de questionar quando um aluno pergunta: “Professor, haverá
avaliação hoje?”; uma mensagem também pode ter a intenção de alertar, como a placa a seguir.
PERIGO
CERCA
ELÉTRICA
Figura 3 - Placa
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
ELETRICIDADE - VOLUME I
22
Ao ver uma placa como mostrada na figura anterior, o indivíduo é alertado do perigo oferecido pela
cerca elétrica; ou ainda instigar quando ouvimos a frase “Qual o sentido da vida? “, dentre outras possibi-
lidades.
Assim como ocorre na etapa de envio da mensagem, para que a intenção do emissor alcance o recep-
tor, ele deve definir o(s) objetivo(s) da mensagem e, então, procurar a melhor forma de se expressar, seja
na forma escrita ou oral.
2.3 recepção
Outra etapa fundamental para que a comunicação ocorra de maneira correta é a recepção, ela consiste
na chegada da mensagem até o receptor. Na comunicação oral, a recepção acontece quando ouvimos a
mensagem do emissor, na comunicação escrita, quando é feita a leitura da mensagem deixada.
2.4 confirmação
A comunicação estabelece um canal não só para que o emissor consiga enviar a sua mensagem, mas
também para que o receptor possa emitir a resposta dele, certificando-se de que a mensagem original foi
compreendida corretamente ocorrendo a confirmação. Imagine uma situação em que Emílio e Matheus,
dois técnicos em eletrotécnica, seguem para a instalação de lâmpadas em uma residência. Então, Emílio
fala: “Matheus, você pode desligar o disjuntor do circuito de iluminação?”, Matheus responde “Sim”, a res-
posta de Matheus, ainda que fosse negativa, confirmaria a Emílio que a mensagem dele foi recebida com
sucesso.
Veja, a seguir, um fluxograma de como ocorre o processo de comunicação: o processo tem início com
o emissor, quando ele envia uma mensagem; a mensagem carrega a intenção do emissor; a chegada da
mensagem ao receptor configura a etapa de recepção; após isto, o receptor emite uma mensagem como
forma de confirmação, sinalizando ao emissor que sua mensagem foi recebida.
2 Comunicação e informação
23
Confirmação
SAIBA Para conhecer mais sobre a evolução do processo de comunicação ao longo dos anos,
MAIS acesse Revista Superinteressante > história > a história da comunicação.
A figura a seguir consegue ilustrar o processo de comunicação, neste caso, de forma oral.
CASOS E RELATOS
Um ruído na comunicação
A empresa ABC produz e comercializa papel toalha há 25 anos, sua sede fica na cidade de Vitória,
capital do Espírito Santo. Pelas diretrizes da empresa, o serviço de manutenção elétrica é sempre re-
alizado em duplas, desta forma é possível que um funcionário atue como supervisor do outro, o que
dificulta a tomada de decisões precipitadas que podem colocar a vida de ambos em risco.
Durante uma inspeção de rotina na esteira transportadora, João, que é técnico em eletrotécnica e
atua como eletricista na empresa, percebeu que o sinalizador luminoso, que indicava que a estei-
ra estava em funcionamento, não estava aceso durante a operação da máquina, então ele propôs
a Pedro, que também é técnico em eletrotécnica e colega de equipe, que fizessem alguns testes
para observar se o sinalizador estava realmente com defeito. Após os testes, eles concluíram que
o led precisaria ser substituído, então Pedro pediu que João fosse ao almoxarifado e trouxesse um
sinalizador visual vermelho 220 V. João saiu agoniado sem prestar atenção no trecho da mensagem
que especificava que o dispositivo deveria ser para 220 V. Ao chegar ao almoxarifado, ele pediu
um sinalizador visual vermelho ao atendente que lhe entregou o dispositivo com 127 V. João não
conferiu a voltagem e retornou ao local onde Pedro estava, entregando-lhe o dispositivo. Ao fazer a
conferência das informações impressas no led, Pedro percebeu que aquele era um sinalizador para
uma tensão de 127 V e que, se fosse inserido no sistema, provocaria a queima do dispositivo. Ao
confrontar João, ele percebeu que ele não tinha ouvido toda a mensagem e o orientou a ficar mais
atento ao realizar uma tarefa, e solicitou que fizesse uma segunda visita ao almoxarifado para trocar
o sinalizador pelo correto. A situação apresentada reforça a importância de uma boa comunicação e
atenção que devemos ter na realização das atividades no ambiente de trabalho.
RECAPITULANDO
Neste capítulo, estudamos o processo de comunicação. Aprendemos que a comunicação pode ser
verbal ou não verbal, que a comunicação verbal é baseada na utilização de palavras e pode ocorrer
de maneira escrita ou oral. Vimos que a linguagem não verbal, por outro lado, faz o uso de gestos,
imagens e expressões.
Aprendemos que a comunicação é estabelecida entre o emissor, aquele que envia a mensagem, e o
receptor, aquele que recebe a mensagem; que a mensagem enviada tem uma intenção, que pode
ser: informar, alertar, questionar, dentre outras possibilidades; que comunicar-se é um processo di-
nâmico e através da confirmação da mensagem o receptor se torna emissor, pois ele também envia
sua mensagem informando àquele que emitiu a mensagem original que sua mensagem foi recebida
com sucesso.
Vimos também que, no ambiente profissional, a comunicação é fundamental para garantir o exer-
cício correto das atribuições e evitar riscos desnecessários, principalmente no que tange à área de
eletricidade. Além disso, vimos que as placas devem transmitir mensagens de maneira clara e que
estabelecer um canal de comunicação com os colegas de trabalho também é fundamental, bem
como compartilhar experiências e manter uma postura colocando em evidência a segurança, que
pode garantir a volta pra casa ao fim do expediente.
Dados e informações
Neste capítulo, estudaremos sobre dados e informações, quais as diferenças entre esses
conceitos, o processo para produção de informação, passando pela seleção, sistematização,
organização e apresentação da informação.
Dados e informações são conceitos muito próximos e que muitas vezes são confundidos,
mas que tratam de assuntos diferentes. Dados são um tipo de informação não tratada, da-
dos isolados não conseguem se fazer compreender, falham em transmitir uma mensagem,
enquanto informação é obtida quando os dados são tratados.
No nosso dia a dia, estamos cercados de diversos conteúdos. Aparelhos que nos acompa-
nham ao longo do dia, como smartphones, são fontes de informações, seja através de con-
versas ou através de portais de notícia. A imagem a seguir nos mostra como as informações
conseguem viajar o mundo de uma maneira muito rápida. Utilizando os mais diversos veículos
de comunicação em nossas casas, ouvindo rádio, assistindo TV ou mesmo utilizando o smar-
tphone temos acesso à grande parte dessas informações que são disponibilizadas em alta ve-
locidade e que podem ser utilizadas para vários propósitos.
Aparelhos como o telefone, o rádio e a televisão nos fornecem dados e informações de maneira rápida
e despercebida, um exemplo disto ocorre quando acompanhamos um programa de músicas no rádio e
durante o intervalo acompanhamos o anúncio de uma notícia.
3.1 seleção
A seleção dos dados é uma etapa fundamental da construção da informação a ser repassada. E pode se
referir tanto ao tópico ou assunto a ser estudado, quanto aos dados que serão coletados. É durante a sele-
ção que o tópico ou assunto estudado se define, a partir desta escolha são definidos o público-alvo e, con-
sequentemente, de onde serão coletadas as informações e a estratégia de coleta de dados. Por exemplo,
em um processo eleitoral, além da intenção de voto (candidato), conhecer idade, sexo, local da residência
podem ajudar a melhorar a apresentação da informação, pois os dados coletados e organizados dessa for-
ma facilitam a compreensão da informação que se pretende transmitir. Para um outro exemplo, a tabela a
seguir nos mostra o relatório da produção das máquinas em uma empresa de alimentos.
QUANTIDADE PRODUZIDA
MÁQUINAS PORCENTAGEM
POR DIA
Máquina A 21 52,5%
Máquina B 7 17,5%
Máquina C 8 20%
Máquina D 4 10%
Total 40 100,0%
A tabela anterior nos mostrou o relatório parcial de produção de panetones em uma empresa do ramo
alimentício que trabalha com massa de trigo para salgados e panetones, perceba que, ao final do dia, é
possível coletar os dados de produção de cada máquina. Este é o dado que será processado. A próxima
etapa para construir a informação é a sistematização, veja, a seguir, como funciona este processo.
3 Dados e informações
29
3.2 sistematização
A sistematização é a etapa responsável por agrupar os dados, é o que torna o dado coletado isolada-
mente parte de um sistema maior. Os dados isoladamente não são assimilados como informação, e podem
induzir a conclusões erradas. Um exemplo que nos permite observar esta possibilidade ocorre quando
observamos um valor isolado como: da quantidade de panetones produzidos, dez foram reprovados pelo
controle de qualidade. Qual é a relevância deste valor? É muito? Pouco? Se o total produzido for 20 este é
um índice de reprovação muito alto, contudo, se for 10 em 20.000 unidades já passa a ser um valor aceitá-
vel.
A informação faz o uso dos dados e consegue informar o leitor a partir do que lhe foi apresentado.
Considerando a tabela – relatório de produção – depois da coleta do valor produzido de cada máquina, os
dados serão agrupados e processados. No caso dessa tabela, a informação foi disponibilizada em forma de
porcentagem e o valor referente a cada máquina foi calculado em relação ao total e disponibilizado para
que pudéssemos compreender a informação de maneira prática.
3.3 organização
Depois de processados, é importante que os dados sejam organizados para que possam transmitir a
informação desejada. Após agrupados pela sistematização, é necessário organizar os dados para que pos-
sam ser apresentados ao público-alvo. Ao transmitir uma informação, espera-se que ela possa ser compre-
endida pelo maior número de pessoas possível e, para isto, dados podem ser organizados em forma de
lista, tabela, dentre outras formas.
3.4 apresentação
Uma vez que os dados passam por todas as etapas estudadas anteriormente, é chegada a etapa de
apresentação da informação, uma etapa crucial, pois é a partir dela que a informação será visualizada pelo
público-alvo. A apresentação consiste em escolher como a informação será disponibilizada, se em forma
de listas, gráficos, tabelas. Os gráficos, rankings e tabelas favorecem a compreensão da informação de ma-
neira rápida, pois com uma observação simples é possível entender o objetivo da pesquisa, por exemplo.
Brasil
População total, homens e mulheres 2000-2030
240.000.000
180.000.000
2016
População total: 206.081.432
120.000.000
60.000.000
00 03 06 09 12 15 18 21 24 27 30
20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20
Observe, no gráfico anterior, como é fácil perceber que a população total do Brasil vem crescendo e
tende a se manter nessa condição até 2030, que é a data máxima informada pelo gráfico. Esta informação
poderia ser disponibilizada em forma de tabela, por exemplo, com cada ano e o respectivo número de
pessoas, contudo, o gráfico é uma forma de apresentação interessante, pois possui apelo visual forte, o que
facilita a compreensão, além de permitir a criação de uma linha do tempo, promovendo uma visão mais
ampla da informação.
3 Dados e informações
31
CASOS E RELATOS
A importância da informação
Vinícius trabalha no setor de manutenção de uma empresa que produz produtos de limpeza e todos
os meses passa pelo mesmo problema, o acoplamento do misturador principal do setor de produ-
ção quebra, pois é um sistema de conexão rígido que trabalha sob ação de vibrações, o que reduz
drasticamente a vida útil do dispositivo.
Durante a reunião da área de trabalho, Vinícius apresentou, ao seu gestor, dados de quebra da má-
quina que possuía ocorrência mensal e sugeriu que o acoplamento fosse substituído por outro ade-
quado a locais expostos à vibração. Ao ser questionado sobre os ganhos da aplicação deste novo
sistema, Vinícius não conseguiu justificar a aplicação do sistema, já que aumentaria o custo para a
empresa. O gestor solicitou que ele apresentasse uma justificativa sobre os ganhos para a empresa
desse novo sistema.
Na semana seguinte, Vinícius fez um levantamento do custo do acoplamento rígido, assim como a
vida útil baseando-se nos relatórios de quebra de equipamento que a empresa tinha, junto a isto
ele também contabilizou o tempo que a máquina ficava sem produzir enquanto a equipe de manu-
tenção efetuava a substituição do acoplamento defeituoso. Munido dessas informações, na reunião
seguinte ele apresentou sua justificativa e propôs novamente a substituição do dispositivo, que foi
aprovado, pois o gestor percebeu o prejuízo provocado pela quebra do equipamento para a em-
presa e acabou provando através dessas informações que o novo modelo de acoplamento seria um
investimento que se pagaria em pouco tempo.
É preciso lembrar que a apresentação da informação é o final do processo e depende de todas as outras
etapas, e que para garantir um bom produto final é importante selecionar, processar e agrupar os dados da
maneira correta para que a apresentação consiga fazer com que o público-alvo compreenda a informação.
ELETRICIDADE - VOLUME I
32
RECAPITULANDO
Neste capítulo, aprendemos sobre dados e informação. Vimos que os dados são um estado prévio da
informação que precisam ser processados para que possam ser compreendidos de maneira comple-
ta. Foi possível compreender que a apresentação das informações pode ocorrer através de tabelas,
listas, gráficos, mas que para chegar na etapa de apresentação é preciso fazer a seleção de dados,
sistematização e organização.
Vimos também que a construção de informação é um processo interligado e deve ser planejado
desde a seleção do assunto a ser estudado, a definição da estratégia para coleta de informações,
método de organização e a forma de apresentação são pontos que irão impactar diretamente na
compreensão da informação.
Estudamos também que a apresentação da informação é uma etapa muito importante no processo
de transmissão da mensagem, pois é a partir dela que o público alvo tem contato com a informação
construída pelo estudo, que a apresentação pode ocorrer por meio de listas, gráficos, tabelas, etc., e
que a escolha da forma de apresentação da informação deve levar em consideração o público-alvo
e a própria informação obtida.
3 Dados e informações
33
Trabalho em grupo e individual
Neste capítulo, iremos estudar sobre trabalho em grupo e individual, como o profissional
atual precisa balancear estas duas características para conseguir se manter no mercado de
trabalho. Ainda neste capítulo, trataremos sobre ética, e a ética nos relacionamentos, princi-
palmente no ambiente de trabalho. Existe um ditado popular que diz: “Sozinho chego mais
rápido, mas juntos iremos mais longe”. Esta frase resume bem as diferenças entre trabalhar
em equipe e de maneira independente, a atuação individual permite uma abordagem mais
imersiva e que permite que o profissional desenvolva seu próprio ritmo de trabalho, contudo,
a colaboração entre colegas permite que desafios maiores sejam superados, além disto, um
colega que atua motivando o outro serve como consulta e a cooperação permite que um com-
plemente o trabalho do outro.
Enquanto profissionais, devemos ter a capacidade de trabalhar de forma individual ou em
grupo, atualmente as empresas possuem programas de valorização e planejamento de car-
reira, o que faz com que o funcionário se sinta parte ativa dela e não apenas responsável por
executar uma função por uma quantidade de horas e dias, mas para que essa relação funcione,
é preciso uma postura ética, seja de funcionário para funcionário como de funcionário para
empresa.
A ética está relacionada à conduta e postura do ser humano, o profissional a vivencia dia-
riamente ao desempenhar sua função sem ferir seus princípios e ao buscar uma convivência
harmoniosa com todos. A imagem a seguir ilustra a perspectiva do trabalho em equipe e o
individual.
A prática do espírito de equipe é uma característica que faz com que o indivíduo enxergue as situações
de outra forma, colocando em primeiro plano o objetivo do grupo em detrimento da realização individual.
O espírito de equipe faz com que o profissional busque o diálogo e a integração com os colegas, cons-
truindo um relacionamento profissional mais consistente que trará resultados positivos e um ambiente de
trabalho melhor.
CASOS E RELATOS
Após uma semana das substituições, a esteira principal, responsável pelo transporte de garrafas pela
linha de produção, apresentou um defeito que a equipe de manutenção não conseguiu identificar
a origem ou solucionar, desta forma, decidiram substituir o painel por completo pelo painel antigo
até descobrir qual foi o problema ocorrido. Contudo, ao chegar à oficina, identificaram que Thiago já
havia desmontado o painel antigo.
Thiago entrou em pânico ao saber que precisariam do painel que ele havia desmontado, pois sabia
que teria que remontá-lo do zero, sem conhecer o funcionamento completo do equipamento. Esta
era uma tarefa que duraria dias, talvez semanas e que, ao final da montagem, poderia apresentar
problemas de funcionamento. A sorte dele foi que João, gerente do setor de manutenção elétrica,
solicitou aos seus colegas de trabalho que o ajudassem a montar o quadro. Thiago respirou aliviado,
pois com a colaboração da equipe, ao fim do dia, o problema foi resolvido e a fábrica voltou a operar
normalmente.
Uma relação profissional mais próxima entre os funcionários faz com que um cuide da segurança do
outro no exercício diário da profissão, além disto, a aproximação permite que as críticas de caráter cons-
trutivo sejam feitas e compreendidas corretamente promovendo o desenvolvimento dos funcionários e,
consequentemente, da empresa como um todo.
FIQUE Ter espírito de equipe não significa transformar a equipe de trabalho em uma segun-
ALERTA da família, é importante saber separar as relações pessoais das profissionais.
4.2 individualismo
4.3 ÉTICA
Ética vem do grego ethos que significa modo de ser. É o conjunto de valores, regras ou instruções que
condicionam o comportamento humano. Desta forma, é comum dividirmos o conceito de ética em dois,
o que chamamos de ética universal, entendido pela sociedade como uma ética padrão e conhecida por
grande parte dos cidadãos; enquanto do outro lado temos a ética pessoal, onde cada pessoa impõe seus
próprios limites de acordo com o tipo de educação que foi submetida e experiências de vida.
Baseado neste conceito, quando a ética pessoal diverge da ética universal, nasce o que conhecemos
como atitude antiética, pois, para o senso pessoal do indivíduo, o que é considerado uma atitude normal
pode não ser visto assim pelo resto da sociedade
Com o conceito de ética estabelecido anteriormente, fica fácil compreender o impacto de uma postura
ética ou não nos relacionamentos. Para um relacionamento pessoal, a ética é fundamental, pois atitudes
éticas formam uma imagem coerente da pessoa praticando aquilo que acredita e defende. No meio pro-
fissional, uma postura ética é fundamental entre os funcionários para que as atividades sejam executadas
corretamente e sem colocar em risco a saúde dos colegas.
4 Trabalho em grupo e individual
39
Um exemplo de atitude ética no trabalho é quando o supervisor do setor informa aos seus subordina-
dos sobre os riscos do exercício da profissão. Mantendo uma postura transparente para que os funcioná-
rios possam se prevenir corretamente evitando acidentes.
ELETRICIDADE - VOLUME I
40
RECAPITULANDO
Neste capítulo, vimos a importância do aspecto pessoal no ambiente de trabalho, que conceitos
como individualismo e espírito em equipe estão presentes todos os dias durante o exercício da pro-
fissão. Vimos também que ao mesmo tempo em que cada profissional precisa ter capacidade de
desenvolver suas atividades individualmente, é fundamental que este consiga realizar um trabalho
colaborativo como membro de uma equipe.
Aprendemos que no setor técnico é fundamental a cooperação entre os funcionários, visto que mui-
tas tarefas são dependentes de uma equipe; outro aspecto importante observado neste estudo é
o desenvolvimento da relação de equipe, pois é vital, no exercício da profissão, que cada membro
cuide da segurança do outro.
Estudamos também que a ética é um conceito básico relacionado a valores, regras ou instruções que
condicionam o comportamento humano, ou seja, modo de ser, e sua aplicação deve estar presente
em todas as comunidades que o profissional faça parte e é importante para o bom relacionamento
entre os colegas de trabalho, que deve ser fundamentado em confiança e respeito.
4 Trabalho em grupo e individual
41
Matemática aplicada
Este capítulo será fundamental para o nosso estudo de eletricidade, pois ele fornecerá a
base matemática para que possamos fazer os cálculos relacionados à eletricidade. Conjuntos
numéricos, arredondamento, operações com números decimais, frações, potenciação e radi-
ciação serão temas abordados, além destes, equações de primeiro e segundo grau, múltiplos e
submúltiplos, notação científica, geometria espacial e plana, trigonometria e dígitos significa-
tivos na leitura de instrumentos também serão foco do nosso estudo.
A matemática está presente desde as mais simples às mais complexas tarefas que realiza-
mos no nosso dia a dia. Quando vamos à padaria e compramos pães e fazemos a conferência
do troco, ou quando utilizamos uma expressão para converter um valor de temperatura em
graus Celsius para Fahrenheit, independente da nossa profissão, faremos uso da matemática
de alguma forma. Contudo, profissões como: engenheiros, contadores, administradores, eletri-
cistas, técnicos de manutenção, entre outros, fazem uso cotidiano desta ciência.
A evolução da matemática acompanhou a evolução do ser humano sempre buscando aten-
der às suas necessidades. No início, a necessidade primordial da matemática era a contagem,
contar o número de pessoas pertencentes a um grupo, quantidades de alimentos e afins. Con-
forme apareceram novas demandas, como a necessidade de representar uma dívida, ou ainda
expandir os estudos das raízes negativas, a matemática precisou ser desenvolvida para solu-
cionar tais problemas.
O processo evolutivo da matemática se deu graças a muitos estudiosos que se dedicaram
a novas descobertas ao longo do tempo, como: Arquimedes, Pitágoras, Isaac Newton, Carl
Gauss, Leohard Euler, que tiveram seus nomes imortalizados em grandezas, fórmulas e contri-
buição para o desenvolvimento da sociedade.
ELETRICIDADE - VOLUME I
44
a.c
b
2 - 4.
∆= 5=0
2x2 + 7x -
Os conjuntos numéricos são agrupamentos de números de acordo com uma regra que forma o conjun-
to, cada conjunto é simbolizado por uma letra, N para os naturais, Z para os inteiros. No caso do conjunto
dos números naturais, por exemplo, são números positivos, incluído o zero. Os números decimais perten-
cem ao conjunto dos números racionais e são utilizados para preencher a lacuna deixada pelos números
inteiros em representar uma parte incompleta do todo.
Além dos conjuntos, também temos os subconjuntos que são subdivisões dos conjuntos. O símbolo *
(asterisco) exclui o zero de um conjunto, combinando o asterisco com o símbolo de um conjunto criamos
um subconjunto, por exemplo: N*, que é o subconjunto dos números naturais excluindo o zero. Além do
asterisco, temos também o sinal de + (mais) e o sinal de – (menos) que dão origem a subconjuntos, con-
tudo, ao contrário do asterisco, inclui apenas números positivos e negativos, respectivamente. A seguir,
veremos mais um pouco sobre os conjuntos numéricos e seus tipos.
5 Matemática aplicada
45
O conjunto dos números naturais é formado por números inteiros e positivos, incluindo zero.
N= {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7...}
Subconjunto de N:
N* é formado pelos números naturais positivos, excluindo zero.
N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7...}
Na imagem a seguir, poderemos ver uma aplicação cotidiana dos números naturais.
Como vimos na imagem anterior, os números naturais estão presentes no controle, nas teclas que per-
mitem a inserção do número do canal. Além do controle, é comum encontrá-los em micro-ondas e qual-
quer outro equipamento que possua teclado numérico. Com a necessidade de atender à novas demandas,
foi necessário expandir as possibilidades de números e com isso nasceu um outro conjunto dos números
inteiros, que engloba uma maior quantidade de números.
O conjunto dos números inteiros inclui números negativos e positivos além do número zero.
Observe:
Z = {..., -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4...}
Os subconjuntos de Z são formados a partir de subdivisões do conjunto original, que você pode obser-
var a seguir:
Z* é formado pelos números inteiros negativos e positivos, excluindo o zero.
Z* = {..., -4, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 4...}
O conjunto dos números inteiros incorpora os números negativos e permite aplicações financeiras, en-
volvendo dívidas. Os conjuntos estudados até aqui só abrangiam números inteiros, para atender à necessi-
dade de representar valores não inteiros, temos o conjunto dos números racionais que será visto a seguir.
5 Matemática aplicada
47
O conjunto dos números racionais agrupa todos os números que podem ser escritos em forma de fra-
ção. Este conjunto contém os conjuntos naturais e inteiros citados anteriormente. Além deles, fazem parte
deste conjunto frações positivas e negativas, além do número zero.
Q = {…,-3,-2,- 3 ,-1, -1 ,0, 1 ,1, 3 ,2...}
2 2 2 2
Os subconjuntos de Q são formados a partir de subdivisões do conjunto original, que você pode obser-
var a seguir:
Q* é o conjunto dos números que podem ser expressos em forma de fração, excluindo o zero.
Q* = {…,-3,-2,- 3 ,-1, -1 , 1 ,1, 3 ,2...}
2 2 2 2
Q+ é formado pelos números positivos que podem ser expressos em forma de fração, incluindo o zero.
Q+ = {…,0, 1 ,1, 3 ,2...}
2 2
Q*+ é formado pelos números positivos que podem ser expressos em forma de fração, excluindo o zero.
Q*+={ 1 ,1, 3 ,2...}
2 2
Q- é formado pelos números negativos que podem ser expressos em forma de fração, incluindo o zero.
Q- = {…-3,-2, -3 ,-1, -1 ,0}
2 2
Q*- é formado pelos números negativos que podem ser expressos em forma de fração, excluindo o zero.
Q*-= {…-3,-2, -3 ,-1, -1 }
2 2
Mesmo expandindo cada vez uma variação maior de números, alguns pareciam que não se encaixavam
em conjunto nenhum, e com isto o conjunto dos números irracionais foi formado.
O conjunto dos números irracionais é um conjunto à parte dos citados até aqui. Como podemos ver
na figura 11, Conjuntos numéricos, este conjunto é composto por números infinitos não periódicos1, que
por isso não podem ser expressos em forma de fração de maneira precisa. Como exemplos de números
irracionais temos:
1 Números não periódicos: são números que não possuem repetição periódica de algarismos.
ELETRICIDADE - VOLUME I
48
O conjunto dos números reais é formado através da união entre o conjunto dos números racionais com
o conjunto dos números irracionais, englobando todos os números que podem ou não ser expressos em
forma de fração. Desta forma, temos:
R = {...,-3, -5 ,-2,-√2,-1 ,0,1,√2, 3 ,2…}
2 2
Os subconjuntos de R são formados a partir de subdivisões do conjunto original, que você pode obser-
var a seguir:
R* é formado pelos números que podem ou não ser expressos em forma de fração, excluindo o zero.
R* = {...,-3, -5 ,-2,-√2,-1 ,1,√2, 3 ,2…}
2 2
R+ é formado pelos números positivos que podem ou não ser expressos em forma de fração, incluindo
o zero.
R+ = {0,1,√2, 3 ,2…}
2
R*+ é formado pelos números positivos que podem ou não ser expressos em forma de fração, excluindo
o zero.
R*+ = {1,√2, 3 ,2…}
2
5 Matemática aplicada
49
R- é formado pelos números negativos que podem ou não ser expressos em forma de fração, incluindo
o zero.
R*- é formado pelos números negativos que podem ou não ser expressos em forma de fração, excluin-
do o zero.
A reta real
A reta real é a representação do conjunto numérico dos números reais em forma de uma reta que tem
como referência o número zero, tendo à sua direita os números maiores que zero e à esquerda os números
menores que zero. Esta reta se estende ao infinito tanto do lado positivo, quanto do lado negativo. Veja-
mos uma imagem da reta a seguir:
Reta real
1,4142...
. . . -2 -1 0 1 2 3 ...
Mesmo expandindo os números desta forma representada anteriormente, ainda persistiu durante mui-
to tempo um problema matemático. Como calcular uma raiz de índice par de um número negativo? O
índice mais notável é 2 que é popularmente conhecido como raiz quadrada. Até a aplicação dos números
complexos, não era possível calcular a √-4, por exemplo, pois (-2) × (-2) = 4 e 2 × 2 = 4.
Vamos ver, a seguir, como essa situação passou a ser resolvida?
Para resolver a situação problema apresentada anteriormente, foi necessário aplicar a seguinte trans-
formação:
√-4 = √4×(-1) = √4 × √(-1) = 2 × √(-1)
ELETRICIDADE - VOLUME I
50
Desta forma, o símbolo foi substituído por i (contudo, no estudo da eletricidade utilizamos a letra “i”
para citar a corrente elétrica, o que poderia provocar confusão na hora dos cálculos, por isto em aplicações
envolvendo eletricidade a letra “i” é substituída pela letra “j”), que recebeu o nome de unidade imaginária.
Com isso, foi formada a classe dos números imaginários puros:
...-2i, -1i, 0, 1i, 2i...
Um número complexo é obtido pela associação de um número real com um número puro.
Z = a+bi
Onde:
Z é o número complexo
a e b são números reais
i é a unidade imaginária
Os números complexos serão estudados mais detalhadamente no capítulo Corrente Alternada, no vo-
lume 2 desse livro.
A seguir, vamos iniciar o estudo sobre o arredondamento dos números, fique atento.
5.2 arredondamento
Os números decimais são uma realidade nas nossas vidas. Quando compramos 2,5kg de carne, por
exemplo, ou observamos um pacote com meio quilo de leite, estamos usando números decimais. Na ma-
temática não é diferente, o conjunto dos números irracionais, por exemplo, comporta uma série destes
números, contudo, a sua representação se torna complexa devido ao número de casas decimais elevadas.
Para lidar com esta situação, utilizamos o arredondamento, que é uma técnica utilizada para reduzir e
facilitar a representação de números que possuem muitas casas decimais. Existem várias regras de arre-
dondamento, mas, o critério de arredondamento que vamos adotar tem como base a Norma ABNT NBR
5891:2014. Antes de efetuar o arredondamento, é importante definir quantas casas decimais o número
terá após o procedimento, o número de casas decimais está relacionado ao nível de precisão exigido no
cálculo; quanto maior o número de casas decimais, maior será a precisão dos resultados. Ao definir um
arredondamento para duas casas decimais após a vírgula, deve-se observar o segundo algarismo da parte
decimal. Veja o exemplo a seguir:
a) Caso o algarismo observado seja seguido por um algarismo menor que 5, mantém-se o valor e as
casas decimais excedentes são retiradas. Observe:
1,78398 A = 1,78 A
2,6218 A = 2,62 A
25,874 A = 25,87 A
b) Caso o algarismo observado seja seguido por um algarismo maior que 5, ou igual a 5 seguido de
ao menos um número diferente de zero, soma-se 1 ao algarismo, observado e as casas decimais
excedentes são retiradas. Veja:
7,276 A = 7,28 A
25,489 A = 25,49 A
6,21501 A = 6,22 A
c) Caso o algarismo observado seja ímpar, seguido de um 5 seguido de zeros, soma-se 1 ao algaris-
mo observado, veja:
2,55500 A = 2,56 A
3,1750 A = 3,18 A
68,97500 A = 68,98 A
d) Caso o algarismo observado seja par, seguido de um 5 seguido de zeros, mantém-se o valor e as
casas decimais excedentes são retiradas.
2,76500 A = 2,76 A
9,3250 A = 9,32 A
23,6450 A = 23,64 A
A imagem a seguir mostra de maneira rápida o que acontece quando são empregadas diferentes regras
de aproximação, o que pode ser desastroso em cálculos que exigem extrema precisão. Imaginando que
equipes diferentes trabalhem em um mesmo projeto, utilizar regras de arredondamento diferentes pode
fazer com que valores que deveriam ser iguais se tornem divergentes.
ELETRICIDADE - VOLUME I
52
1,5 1,6
Números decimais são números compostos por uma parte inteira e outra fracionária. No Brasil, estas
partes são separadas por uma “,” (vírgula), a qual chamamos de separador de casas decimais. Tomemos o
número 2,5 como exemplo:
2,5
Parte interna Parte decimal
Para soma e subtração com números decimais, é preciso efetuar a operação com a sua respectiva parte,
ou seja, soma ou subtrai-se parte inteira com parte inteira, parte decimal com parte decimal. Os números
devem ser arrumados de modo a ficar vírgula embaixo de vírgula; caso a quantidade de casas decimais não
seja diferente, pode-se completar o valor com zeros à esquerda ou zeros à direita após a vírgula, para que
a operação possa ser feita sem problemas. Observe os exemplos a seguir.
EXEMPLO 1 EXEMPLO 2
5.3.2 Multiplicação
Na multiplicação envolvendo números decimais, o processo funciona de maneira parecida como o que
ocorre com números inteiros, após a conclusão do processo de multiplicação, será necessário contar o nú-
mero de casas decimais de cada número utilizado na operação, a vírgula deverá ser posicionada no resul-
tado final, de acordo com o número de casas decimais dos números multiplicados, a contagem das casas
decimais para inserção da vírgula ocorre da direta para esquerda, observe o exemplo a seguir:
6,35
× 3,98
5080
5715
1905
252730
6,35 possui duas casas decimais, 3,98 também possui duas casas decimais, então temos um total de
quatro casas decimais que serão descontadas de 252730, desta forma, o resultado será: 25,2730. Observe
outro exemplo a seguir.
7,982
×2
15,964
ELETRICIDADE - VOLUME I
54
5.3.3 Divisão
Para compreender melhor o processo de divisão envolvendo números decimais, iremos separar o pro-
cesso em dois casos, caso a): quando o divisor ou dividendo são números decimais; caso b): quando o
divisor e o dividendo são números decimais. Observe:
a) Divisor ou dividendo como número decimal.
Uma maneira prática de lidar com esta situação é transformar o número inteiro em decimal, acrescen-
tando uma vírgula e um zero ao final do número inteiro e verificar se ambos possuem o mesmo número de
casas decimais, caso isso não ocorra, completar com zeros após a vírgula até que o divisor e o dividendo
tenham o mesmo número de casas decimas. Quando ambos tiverem o mesmo número de casas decimais,
a divisão pode ser realizada desconsiderando as vírgulas. Observe os exemplos a seguir.
42 1,2
42 ,0 1,2
Neste ponto, o número de casas decimais entre divisor e dividendo são iguais, não havendo a necessi-
dade de acrescentar mais zeros.
3º Passo: Realizar a operação normalmente desconsiderando as vírgulas.
420 12
-36 35
60
-60
0
7,5 2
7,5 2,0
Neste ponto, o número de casas decimais entre divisor e dividendo são iguais, não havendo a necessi-
dade de acrescentar mais zeros.
3º Passo: Realizar a operação normalmente desconsiderando as vírgulas.
75 20
3,75
-60
150
-140
100
-100
0
1,475 0,2
ELETRICIDADE - VOLUME I
56
2º Passo: acrescentar dois zeros após o 2 para que ambos tenham o mesmo número de casas decimais.
1,475 0,200
1475 200
-1400 7,375
750
-600
1500
-1400
1000
-1000
0
Além das operações fundamentais com os números naturais: soma, subtração, multiplicação e divisão,
temos também a potenciação, radiciação e ainda as operações com frações, a seguir, estudaremos mais
um pouco sobre elas.
5.4.1 FRAÇÕES
As frações são a representação numérica de um todo dividido em partes iguais. São compostas de dois
elementos, a parte superior, que chamamos de numerador e a parte inferior, chamada de denominador.
3 Numerador
5 Denominador
Observando a figura a seguir, na imagem da esquerda, temos um círculo que foi dividido em 4 partes.
1
Cada parte representa do círculo, ou 25%, somando as quatro partes teremos o círculo inteiro novamen-
4 4
te, = 1 = 100%. Na imagem da direita, podemos perceber que duas partes foram agrupadas de modo
4 1 1 2 1
que agora representam metade do círculo + = = 2 . As operações envolvendo frações funcio-
4 4 4
nam de maneira semelhante às realizadas com números inteiros e/ou racionas.
5 Matemática aplicada
57
1 1 1
4 4 4
1
2
1 1 1
4 4 4
Figura 15 - Frações
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
a) Soma e subtração
A soma e subtração de frações são divididas em dois casos, quando os denominadores são iguais e
quando os denominadores são diferentes. Vejamos alguns exemplos para os casos de denominador igual.
2 Número primo: números inteiros que podem ser divididos por um e eles mesmos, como é o caso de 2,3,5 e 7 por exemplo.
ELETRICIDADE - VOLUME I
58
6 , 5 2
3 , 5 3
1 , 5 5
1 , 1 30
2° Passo: após encontrar o novo denominador através do cálculo do MMC é hora de reescrever a fração
com o novo denominador que neste caso é o número 30.
5 + 2 = + =
6 5 30 30 30
3º Passo: hora de encontrar o numerador da fração, para isso faremos a seguinte operação: divida o
resultado do MMC que no nosso exemplo aqui é o 30 pelo denominador antigo 6, o resultado dessa ope-
ração deve ser multiplicado pelo numerador antigo 5 e assim encontrar o novo numerador da primeira
fração (30:6 = 5 x 5 = 25), o mesmo ocorre para a encontrar o numerador da segunda fração (30:5 = 6 x 2=
12), após encontrar os numerados realiza-se a soma encontrando o resultado pelo numerador.
5 + 2 = 25 + 12 = 37
6 5 30 30 30
Esse exemplo nos mostra uma regra importante sobre as frações, elas devem ser expressas sempre
que possível na forma irredutível, que é obtida após a simplificação de numerador e denominador por
um número em comum aos dois, nesse caso a fração já encontra-se irredutível. Mas observe, a seguir, um
exemplo de fração a ser simplificada:
20 : 2 = 10 : 2 = 5
12 6 3
b) Multiplicação
O processo de multiplicação é bastante simples e consiste em multiplicar numerador por numerador e
denominador por denominador. Vejamos o exemplo a seguir.
3 . 7 = 21÷3 = 7
8 9 72÷3 24
c) Divisão
A divisão de frações é uma multiplicação da primeira fração pelo inverso da segunda fração, vejamos o
esquema abaixo para entender melhor este conceito.
a ÷ c a = a . d
d
ou b b c
b
c
d
Para fixar o conceito, observe o exemplo a seguir:
5 Matemática aplicada
59
5
8
= 5 . 2 = 10÷2 = 5
7 8 7 56÷2 28
2
5.4.2 POTENCIAÇÃO
A potenciação é um processo de multiplicação sucessiva, composto por dois elementos, a base, nú-
mero que será multiplicado por ele mesmo, e o expoente, que define o número de vezes que a base será
multiplicada. No esquema a seguir, o número 3 é a base e o 2 é o expoente, desta forma o número 3 será
multiplicado por ele mesmo uma vez.
32 = 3 . 3 = 9
Outros exemplos
54 = 5 . 5 . 5 . 5 = 625
47 = 4 . 4 . 4 . 4 . 4 . 4 . 4 = 16384
Propriedades da potenciação
d) Propriedade distribuitiva:
Exemplo: (3 . 2)² = 3² . 2²
e) Propriedade distribuitiva:
(
3
Exemplo: 3 = 33
(
2 23
ELETRICIDADE - VOLUME I
60
5.4.3 RADICIAÇÃO
A radiciação é a operação inversa da potenciação que assume a forma √x = r, onde “r” é um número
n
que elevado a “n” (índice) é igual a “x” (radicando), veja o exemplo a seguir.
√4 = 2
2
Pois 2² = 2 x 2 = 4.
Outros exemplos:
2 2
√9 = 3 √121 = 11 √8 = 2 √2304 = 48 √1296 = 6
2 3 4
Quando o índice de uma raiz não estiver aparente, por padrão, é considerado como dois, que é conhe-
cida como raiz quadrada.
Propriedades da radiciação
a) O valor da raiz não sofre alteração se multiplicarmos o radical e o índice do radicando pelo mes-
mo número.
Ex: √34 = √34.3
2 2.3
b) A multiplicação dentro de uma raiz pode ser escrita como a multiplicação de duas raízes distintas
desde que possuam o mesmo índice da raiz original.
Ex: √5 . 3 = √5 . √3
c) Extrair a raiz quadrada de uma fração é o mesmo que extrair a raiz do numerador e do denomina-
dor separadamente desde que seja mantida a divisão.
9 √9
=
Ex: √ 4 √4
5 Matemática aplicada
61
d) Uma raiz elevada a um expoente pode ser representada com o expoente elevado ao radicando
dentro da raiz.
(√5)5 = √55
3 3
Ex:
e) Uma raiz dentro de outra raiz pode ser expressa como apenas uma raiz desde que o índice desta
nova raiz seja o produto dos índices das outras raízes.
2
Ex: √√4096
3
= 2x3√4096 = √4096
6
As operações que vimos até aqui nos auxiliam e ampliam nosso estudo com abordagens práticas e
próximas do nosso dia a dia. A seguir, estudaremos operações que nos ajudam a transformar situações
cotidianas em problemas matemáticos, são elas razões, proporções e porcentagem.
5.5.1 RAZÃO
Razão é a divisão entre duas grandezas, é uma forma de comparar dois números e por meio desta com-
paração estabelecer uma relação entre eles. A escala e a densidade são exemplos de aplicação do conceito
de razão que fazem parte do nosso dia a dia, a escala estabelece uma relação entre uma medida em um
desenho e a medida real, como acontece na escala, ou a densidade relaciona massa e volume de um de-
terminado material.
5.5.2 PROPORÇÃO
Do ponto de vista matemático, uma proporção pode ser definida como uma igualdade entre razões. A
propriedade fundamental da proporção é que o produto dos meios é igual ao produto dos extremos. Veja
a seguir.
Proporção
Meios
a c
= (a:b=c:d)
b d
Meios Extremos Extremos
a.d=b.c
Propriedade Fundamental:
O produto dos meios é igual ao produto dos extremos
A partir da propriedade fundamental, é possível desenvolver o conceito do que conhecemos como re-
gra de três: se duas razões formam uma proporção, mesmo que um dos quatros valores seja desconhecido
ele pode ser calculado com base na propriedade fundamental, que diz que o produto dos meios é igual ao
produto dos extremos. Esta aplicação também é conhecida como quarta proporcional.
Relação de proporcionalidade
Quando comparamos e observamos a variação entre grandezas, é possível estabelecer uma série de
relações, dentre elas a relação de proporcionalidade. Dizemos que duas grandezas são diretamente pro-
porcionais quando seguem uma mesma tendência, quando uma cresce, a outra também cresce; quando
uma decresce, a outra também decresce. Como exemplo, temos a quantidade de produtos comprados e o
preço a pagar, a distância total de uma viagem e o tempo necessário para realizá-la. Por outro lado, temos
as grandezas inversamente proporcionais, que seguem uma tendência oposta, quando uma cresce a outra
decresce e vice-versa. Como exemplo, temos velocidade para percorrer uma distância e tempo, número de
bilhetes vendidos e o número de assentos disponíveis na sessão. Observe o exemplo a seguir:
A equipe de manutenção elétrica da empresa Teknos conta com 7 profissionais, que, trabalhando si-
multaneamente, realizam a inspeção das máquinas do setor de produção em 4 horas. Em função do perío-
do de férias de parte da equipe, no mês de dezembro só 3 funcionários estarão disponíveis, sabendo disso,
qual o provável tempo para realização da inspeção dos equipamentos no setor de produção?
A quantidade de profissionais e o tempo necessário para realização da tarefa são grandezas inversa-
mente proporcionais.
Eletricistas Horas de trabalho
7 4
3 X
Por serem grandezas inversamente proporcionais, iremos inverter uma das razões para que a relação
possa ser diretamente proporcional.
Eletricistas Horas de trabalho
7 X
3 4
Feita a inversão, podemos aplicar a propriedade fundamental, produto dos meios pelos extremos.
7.4 = 3.X
3X = 28
28
× =
3
X = 9,33 horas
5 Matemática aplicada
63
Desta forma, o mesmo serviço será realizado por três funcionários em aproximadamente 9,33 horas.
Que tal agora conhecer um pouco mais sobre porcentagem? Veja a seguir.
5.5.3 PORCENTAGEM
Porcentagem ou percentagem pode ser definida como a razão que possui o número 100 como deno-
7
minador, desta forma, temos: 100 ou 7%. O símbolo % representa uma divisão por cem. A aplicação da
porcentagem é bastante comum a aplicações financeiras e estatísticas, onde vemos notícias do tipo: “alta
de 3% no preço da gasolina”, “descontos de até 90%”, “os dados da pesquisa respeitam uma margem de
erro de 2%”.
Uma maneira prática de trabalhar com porcentagem é utilizar um fator de multiplicação, no caso de
acréscimos ou lucros este fator sempre será maior que 1. Veja os exemplos a seguir.
O metro do condutor de cobre de 25 mm² custava R$ 7,50 e sofreu um aumento de 12%.
12% de acréscimo possui um fator de multiplicação igual a 1,12, 1 corresponde a 100%, como nesta
aplicação estamos tendo um acréscimo, iremos somar 0,12 (12%) ao 1 e efetuar a multiplicação, observe:
7,5 . 1,12 = R$ 8,40.
O metro do condutor de cobre de 1,5 mm² custava R$ 0,55 e sofreu um aumento de 25%.
25% de acréscimo possui um fator de multiplicação igual a 1,25, desta forma, temos:
0,55 . 1,25 = R$ 0,69.
Para descontos ou reduções, o fator de multiplicação será menor que 1. Veja os exemplos a seguir.
O metro de eletroduto de 4” custava R$ 32,00 e está com 15% de desconto.
15% de desconto possui um fator de multiplicação igual a 0,85, a ideia do desconto será semelhante ao
que foi mostrado anteriormente, contudo, no desconto teremos uma subtração, 1 continua representando
100%, como o valor terá uma redução no preço, teremos 1- 0,15 = 0,85, agora basta realizar a multiplicação,
observe:
32 . 0,85 = R$ 27,20.
A fita isolante preta com 10 metros custava R$ 2,10 e está com 45% de desconto.
45% de desconto possui um fator de multiplicação igual a 0,55, desta forma, temos:
2,10 . 0,55 = R$ 1,16.
ELETRICIDADE - VOLUME I
64
Como vimos anteriormente, a porcentagem é uma operação muito presente não só no cotidiano do
técnico em eletrotécnica, como da população em geral. Assim como a porcentagem, as equações agregam
um conhecimento importante para execução das suas tarefas, observe a seguir.
Matematicamente, uma equação é uma sentença matemática relacionada através de uma igualdade,
que possui um ou mais números desconhecidos que normalmente são representados por letras (variáveis).
As equações podem ser classificadas de acordo com a quantidade de variáveis ou pelo grau da equação.
Os métodos de resolução para uma equação dependem do grau da equação e do número de variáveis,
no caso de equações com múltiplas variáveis é preciso construir um sistema de equações para conseguir
solucionar o problema.
A equação de primeiro grau é a equação que possui a variável elevada a 1 e por isso normalmente este
expoente é suprimido, vejamos alguns exemplos desse tipo de equação a seguir.
4x+5-2 = 20
3z+2 = 8
10x+8 = 5
5 Matemática aplicada
65
Para resolver a equação de 1° grau, você deve: Colocar os números que estão acompanhados da variá-
vel (x neste caso) do lado esquerdo da equação, os números sem variável transfira para o lado direito após
a igualdade. Vejamos um exemplo a seguir.
5x+7 -2= 20
Neste caso, temos apenas um número acompanhado de variável, os demais serão transferidos para o
outro lado da equação. Vale lembrar que o número que muda de lado da equação terá a operação inverti-
da, ou seja, quem está somando passa a subtrair, quem está multiplicando passa a dividir.
5x = 20 -7+2
Efetuando a soma e a subtração temos:
5x = 15
15
x =
5
x=3
Na equação x + y = 5, temos duas variáveis, x e y e apenas uma equação, por possuir esta configuração
ela aceitará infinitas soluções, como:
x=1ey=4
x=2ey=3
x=3ey=2
Desta forma, não conseguimos chegar a um resultado definitivo, então para que seja possível resolver
uma equação com múltiplas variáveis de modo a estabelecer apenas um resultado possível, é preciso cons-
truir um sistema de equações, ou seja, um conjunto de equações de primeiro grau. O número de equações
deve ser maior ou igual ao número de variáveis para que o sistema possa ser determinado.
Existem diversos métodos para resolução de sistemas de equação conhecidos também como sistemas
lineares, a seguir, veremos o método da substituição e a regra de Cramer.
Exemplo:
{
2x + y = 5
x + 4y = 16
Observe a resolução da equação de 1° grau pelo método da substituição. O método consiste em encon-
trar o valor de uma das variáveis em uma das equações e substituir na outra. Vejamos o processo, detalha-
damente, a seguir:
{
2x + y = 5 Equação 1
x + 4y = 16 Equação 2
1º Passo: isolar y na equação 1, pois é uma variável que está sendo multiplicada por 1, o que irá facilitar
o procedimento, desta forma só os termos que possuem y ficarão do lado esquerdo.
2x + y = 5
y = 5 - 2x
No passo anterior, o valor de y foi substituído pelo valor encontrado (5 - 2x). Por ter o número 4 multi-
plicando y, aplicaremos a propriedade distributiva da multiplicação, observe:
x + 20 - 8x = 16
x - 8x = 16 - 20
-7x = -4
4
x=
7
4
4º Passo: substituir o valor de x (x = ) na expressão onde isolamos y (y = 5 - 2x) e encontrar o valor
7
de y.
y = 5-2 ( 4 )
7
y=5- 8
7
y = 27
7
Viu como é fácil o método de substituição? Observe, a seguir, como ocorre a resolução utilizando a
regra de Cramer.
Regra de Cramer
{
2x + y = 5
x + 4y = 16
(
2 1 5 (
1 4 16
Temos uma matriz com duas linhas e três colunas, a coluna da variável x, a coluna de y e a coluna dos
termos independentes3.
3º Passo: calcular a determinante da matriz principal, a determinante principal é calculada consideran-
do a coluna das variáveis x e y.
( 2 1 (
1 4
Det P = (2.4)-(1.1)
Det P = 8-1
Det P = 7
4º Passo: substituir a coluna de x pela coluna dos termos independentes e, em seguida, calcular a de-
terminante, chamaremos esta determinante de Det X.
(
2 1 5 (
1 16 4
Det X = (5.4)-(16.1)
Det X = 20-16
Det X = 4
5º Passo: considerando a matriz principal mostrada no terceiro passo 3, substituir a coluna de Y pela
coluna dos termos independentes e, em seguida, calcular a determinante, a que chamaremos de det Y.
( 2 5 (
1 16
6º Passo: com os valores das três determinantes, aplicar as fórmulas para descobrir os valores de X e Y.
Observe a seguir.
detX detY
x= y=
detP detP
4
x=
7
27
y=
7
Agora que você já sabe como resolver equações de 1° grau, vamos conhecer as equações de 2º grau.
As equações de segundo grau são sentenças matemáticas que possuem a variável elevada à segunda
potência e, por isso, podem admitir até duas soluções, em seu formato completo apresentam a seguinte
forma: ax2 + bx + c = 0, onde a, b e c são números reais.
-b ± √b2 - 4ac
A resolução de uma equação de segundo grau ocorre segundo a fórmula de Bháskara x =
2a
que pode ser dividida em duas, o primeiro cálculo do Δ (delta) que corresponde ao trecho dentro da raiz
(√b2 - 4ac) , seguido do cálculo do x’ e do x’’.
ELETRICIDADE - VOLUME I
70
-7 + √49 - 48
x’ =
8
-7 + √1
x’ =
8
-7 + 1
x’ =
8
-6
x’ =
8
-3
x’ =
4
5 Matemática aplicada
71
4º Passo: encontrado o primeiro resultado, iremos repetir o processo agora considerando negativa a
parcela do termo ±√b2 - 4ac para obter a segunda solução.
-7 - √72 - 4.4.3
x’’ =
2.4
-7 - √49 - 48
x’’ =
8
-7 - 1
x’’ =
8
x’’ = -1
As soluções possíveis para esta equação são: x’ -3 = e x’’ = -1. Isto conclui nossos estudos sobre
4
equações.
Muitas vezes, em problemas matemáticos, trabalhamos com números muito grandes ou muito peque-
nos. Para facilitar a representação desses números utilizamos os múltiplos e submúltiplos que são utili-
zados para permitir a representação de números com muitos algarismos de maneira prática e rápida. Os
múltiplos e submúltiplos são uma ferramenta baseada no Sistema Internacional de unidades (SI), que é o
sistema de unidade que coordena as unidades de medida de cada grandeza, ele é adotado pela grande
maioria dos países.
Quando observamos uma placa, como mostrada na figura seguinte, automaticamente fazemos a con-
versão de quilometro (múltiplo) para metro e entendemos que a cidade em questão se encontra a 5000
metros.
ELETRICIDADE - VOLUME I
72
CURITIBA
A 5 km
SUBMÚLTIPLOS MÚLTIPLOS
Nano n 10 -9
0,000000001 Tera T 1012
1000000000000
Deci d 10 -1
0,1 Quilo k 10 3
1000
Para os estudos no campo da eletricidade, os múltiplos e submúltiplos mais comuns são: quilo, mega,
giga, mili, micro, nano e pico.
Veja, a seguir, uma outra alternativa para a representação de números muito pequenos ou muito gran-
des, a notação científica.
5 Matemática aplicada
73
A notação científica é uma ferramenta que assim como os múltiplos e submúltiplos nos permite escre-
ver números muito grandes ou muito pequenos para que consigam ser expressos de maneira mais simples
para visualização. De um modo geral, todo número real pode ser representado em forma de notação cien-
tífica. O número 2000 em notação científica pode ser escrito como:
2 x 10³ o número 2 é o termo conhecido como coeficiente ou mantissa, este valor varia entre 1 e 10. A
base 10 será comum ao formato de notação e o expoente irá variar para representar a ordem de grandeza.
Vejamos alguns exemplos:
A geometria é o campo da matemática que estuda as formas e medidas das figuras, sejam planas ou es-
paciais. A geometria plana compreende o estudo das figuras geométricas que são construídas em duas di-
mensões. Quadrado, retângulo e triângulo são exemplos de figuras geométricas. Por sua vez, a geometria
espacial tem como foco os sólidos geométricos construídos em três dimensões a exemplo dos cilindros,
paralelepípedos e pirâmides. Um elemento comum nas figuras e nos sólidos geométricos são os ângulos,
veja um pouco mais sobre eles a seguir.
Ângulos
Um ângulo é a região compreendida entre duas semirretas que possuem origem comum, essa origem
é o que chamamos de vértice do ângulo. Os ângulos podem ser medidos em graus, grados ou radianos, a
escala em graus varia de 0 a 360° graus que definem uma volta completa, o que é equivale de 0 a 2π em
radianos.
>90º
<90º
90º
v v
Figura 18 - Ângulos
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
A imagem anterior nos mostra os tipos de ângulo, temos os ângulos rasos, ângulos retos e os ângulos
obtusos. A imagem da esquerda representa um ângulo raso, ângulos rasos possuem uma abertura menor
que 90°. A imagem do meio mostra um ângulo reto, um ângulo reto possui uma abertura igual a 90°. A
imagem da direita ilustra um ângulo obtuso, que possui uma abertura maior que 90°.
Figuras geométricas
Uma figura geométrica pode ser definida como um plano que possui no mínimo três lados. A quantida-
de de lados que uma figura possui permite que classifiquemos as figuras em triângulos (3 lados), quadrilá-
teros (4 lados), pentágonos (5 lados) e assim sucessivamente.
a) Triângulo: é uma figura geométrica formada por três lados e três ângulos, a soma dos ângulos
internos de um triângulo é igual a 180°. Os triângulos podem ser classificados quanto aos lados ou
quanto aos ângulos. Levando em consideração os lados, os triângulos podem ser:
-- Equilátero: possui todos os lados iguais;
5 Matemática aplicada
75
Observe, a seguir, as ilustrações que representam os triângulos quanto aos seus tipos.
TIPOS DE TRIÂNGULOS
Classificação segundo os lados
b) Retângulo: é um quadrilátero, uma figura geométrica que possui quatro lados que podem ser
iguais ou não. Um retângulo possui quatro ângulos retos em cada encontro de dois lados, como
podemos ver na figura a seguir.
A B
D C
Figura 20 - O retângulo
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
ELETRICIDADE - VOLUME I
76
1m
1m 1m
1m
Figura 21 - O quadrado
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
d) Círculo: o conceito de círculo e circunferência são conceitos que muitas vezes se confundem,
mas para a geometria, a circunferência é um espaço formado por todos os pontos que possuem
a mesma distância a um ponto de origem, esta distância é chamada de raio. O raio é uma medida
sempre presente em objetos circulares, ele é a distância entre o ponto de origem e cada ponto
que forma a circunferência. Este valor pode ser omitido caso o diâmetro de uma circunferência
seja fornecido, pois o raio é equivale à metade do tamanho do diâmetro; o círculo, por sua vez, é
a área compreendida dentro da circunferência.
Círculo
Circunferência Raio
As figuras que vimos anteriormente são as mais utilizadas em atividades envolvendo eletricidade, con-
tudo, existe uma série de outras figuras geométricas como: os trapézios, losangos, paralelogramos, entre
outras figuras.
O número de lados, tipos de ângulos e formatos são informações que caracterizam as figuras geomé-
tricas, contudo, é preciso conhecer a área e o perímetro das figuras para que possamos fazer o uso destas
formas. Área e perímetro são fundamentais para o dimensionamento da instalação elétrica de uma resi-
5 Matemática aplicada
77
dência, além disto, a área de cobre de um condutor está associada à quantidade de corrente elétrica que
ele consegue produzir, veja mais sobre o conceito de área e perímetro a seguir.
a) Perímetro: o perímetro é obtido através da soma de todos os lados de uma figura geométrica,
está relacionado ao contorno de uma figura. Em uma abordagem prática, o perímetro está relacio-
nado com o comprimento de um condutor necessário para contornar as bordas de um cômodo;
b) Área: a área é um conceito relacionado à superfície, quantidade de espaço considerando duas
dimensões. Em uma abordagem prática, a área está relacionada com a quantidade de fita isolante
para cobrir uma emenda.
Observe, a seguir, algumas figuras geométricas e a respectiva fórmula para cálculo da área e perímetro.
b c
Triângulo P=a+b+c A = (b . h) / 2
Quadrado L P=4.L A = L2 = L . L
Caso esteja utilizando uma calculadora científica, você pode inserir o valor de π pelo ícone no corpo da
calculadora e garantir uma precisão maior no cálculo.
Comercialmente, este é um cabo de 16mm² de área de cobre, viu como foi fácil?
CASOS E RELATOS
Podemos perceber que fazemos uso da matemática quando compramos ou vendemos um produto,
para interpretar as horas, efetuar uma contagem. O exercício da profissão enquanto técnico em eletrotéc-
nica não será diferente.
Geometria espacial
A geometria espacial é a área da matemática que estuda os sólidos geométricos. As figuras em três
dimensões, o cubo, paralelepípedo, o cilindro e a pirâmide são exemplos de sólidos geométricos. Assim
como a área e o perímetro são importantes para uma figura geométrica, o volume é uma informação essen-
cial para as figuras em três dimensões. O volume pode ser definido como o espaço ocupado pelo objeto.
Base
b h
V=a.b.h
Figura 23 - Paralelepípedo
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Uma das aplicações do cálculo de volume em eletricidade é utilizar o volume de cômodos para efetuar
o cálculo de carga térmica para o dimensionamento de um ar-condicionado.
Agora que conhecemos as figuras e os sólidos geométricos, que tal aprofundar o nosso estudo sobre
os triângulos? Observe a seguir.
ELETRICIDADE - VOLUME I
80
5.10 TRIGONOMETRIA
A trigonometria estuda as relações entre os ângulos e os lados de um triângulo, nosso principal estudo
aqui terá foco nas relações existentes em um triângulo retângulo. Lembra que estudamos, anteriormente,
o triângulo retângulo e que ele é formado por um ângulo reto e dois ângulos complementares (que soma-
dos totalizam 90°)? Além disto, um triângulo retângulo possui uma hipotenusa, que é o seu maior lado, e
dois catetos que formam o ângulo reto. Observe a imagem a seguir.
c β
b
A imagem anterior nos mostra uma série de informações importantes α e β (alfa e beta, respectivamen-
te), são letras do alfabeto grego que estão associadas aos ângulos, “a” e “b” são os catetos4, sendo “a” o
cateto adjacente5 em relação ao ângulo α e cateto oposto6 em relação ao ângulo β, o inverso é válido para
“b” cateto adjacente em relação ao ângulo β e cateto oposto em relação ao ângulo α.
As funções trigonométricas são relações estabelecidas entre os lados e os ângulos de um triângulo re-
tângulo, a seguir, você poderá observar a três principais funções: seno, cosseno e tangente.
b
Sen α =
c
a
Cos α =
c
Cateto oposto
Tangente =
Cateto adjacente
b
Tg α =
a
ELETRICIDADE - VOLUME I
82
-1 α 1
Eixo dos cossenos
-1
Na imagem anterior, é possível observar o círculo trigonométrico, nele temos a representação gráfica
das funções trigonométricas vistas anteriormente, o círculo é composto por uma circunferência de raio
unitário, junto à circunferência podemos observar dois eixos verticais, o eixo dos senos e o eixo das tan-
gentes, e um eixo horizontal que é o eixo dos cossenos.
A tabela a seguir traz os valores de seno, cosseno e tangente de alguns ângulos.
1 2 3
Seno 0 1 0 -1
2 2 2
3 2 1
Cosseno 1 0 -1 0
2 2 2
3
Tangente 0 0 3 ∞ 0 -∞
3
a) Arco seno: arcsen é a função que permite descobrir o valor do ângulo com base no seno. Veja o
exemplo a seguir.
sen α = 0,5
arcsen 0,5 = 30°
b) Arco cosseno: arccos é a função que permite descobrir o valor do ângulo com base no cosseno.
Veja o exemplo a seguir.
cosseno α = 0,7071
arccos 0,7071 = 45°
c) Arco tangente: arctg é a função que permite descobrir o valor do ângulo com base na tangente.
Veja o exemplo a seguir.
Tangente α = 1
Arctg 1 = 45°
A execução das funções trigonométricas inversas pode ser realizada com o auxílio de uma calculadora
científica ou com uma tabela de senos, cossenos e tangentes como a mostrada anteriormente.
a2 + b2 = c2
A aplicação do teorema de Pitágoras junto às funções trigonométricas permite que conhecendo dois
lados ou um lado e um ângulo de um triângulo retângulo seja possível conseguir todas as outras informa-
ções desconhecidas. Observe o exemplo do triângulo a seguir.
c
4
3
Figura 26 - Triângulo pitagórico
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
ELETRICIDADE - VOLUME I
84
4º Passo: com o valor da hipotenusa, podemos partir para as funções trigonométricas. Utilizaremos a
função arco seno para calcular o ângulo α.
5º Passo: utilizando uma calculadora científica ou recorrendo a uma tabela de senos, podemos encon-
trar o valor de ângulo que possui o seno igual a 0,8 que é:
α = 53,13°
6º Passo: utilizando a função arco cosseno iremos calcular o ângulo β.
arccos β = 3 = 0,6
5
7º Passo: utilizando uma calculadora científica ou recorrendo a uma tabela de cossenos, podemos en-
contrar o valor de ângulo que possui o seno igual a 0,6 que é:
β = 36,87°
8º Passo: com os valores dos ângulos disponíveis, podemos usar a calculadora para descobrir o valor
da tangente de cada ângulo.
Tg 36,87° = 1,33
Tg 53,13° = 0,75
Assim, fica demonstrado que com a informação de dois lados podemos determinar as informações
desconhecidas.
5 Matemática aplicada
85
Quando trabalhamos com instrumentos de medição, tão importante quanto o instrumento correto e
calibrado para executar as medições é o processo de leitura dos valores apresentados por eles. Os dígitos
ou algarismos significativos em uma medida são os algarismos mostrados pelo aparelho, dígitos que têm
precisão garantida pelo aparelho de medição. Além dos algarismos significativos, existem também os valo-
res duvidosos, que são valores que não podem ser precisados pelo instrumento de medição atual. Observe
a imagem a seguir.
Peça
10 20 30 40 50 60
Analisando a imagem, é possível perceber que a peça é maior que 49 mm, contudo, a régua utilizada
não oferece precisão, além disto, podemos afirmar que a peça é maior que 49 e menor que 50 mm, contu-
do, não podemos precisar o quanto. Para este caso, temos dois algarismos significativos e, qualquer que
seja, um terceiro algarismo será considerado duvidoso. Um instrumento que indica uma medida 1 possui
um algarismo significativo, se outro instrumento indica 1,0 serão 2 algarismos significativos, se indicar 1,00
são 3 algarismos significativos, e assim sucessivamente.
Zeros à esquerda com função de delimitar a posição da vírgula não são considerados algarismos signi-
ficativos.
Exemplos:
0,014 – Três algarismos significativos.
0,16 – Dois algarismos significativos.
Zeros à direita são considerados algarismos significativos.
Exemplos
10 – Dois algarismos significativos
7,04 – Três algarismos significativos
É importante lembrar que o número de casas decimais não possui relação com o número de algarismos
significativos.
ELETRICIDADE - VOLUME I
86
RECAPITULANDO
Ao longo deste capítulo, abordamos os tópicos fundamentais da matemática para o estudo dos
circuitos elétricos que veremos no decorrer do nosso livro. Estudamos os conjuntos numéricos bus-
cando conhecer os tipos de números que fazem parte das quatro operações, as regras de arredonda-
mento, para que os resultados obtidos possam atender um critério mínimo de precisão, bem como
os múltiplos e submúltiplos que são elementos comumente utilizados no estudo da eletricidade
para tratar com números muito pequenos ou muito grandes, assim como a notação científica.
Frações, potenciação e radiciação, operações com números decimais, porcentagem, razão e propor-
ção também tiveram seu espaço neste capítulo.
Outro tópico estudado foi o das equações, tipos de equação, como identificá-las e, principalmente,
como resolvê-las, sejam equações de primeiro ou segundo grau ou ainda um sistema de equações.
O estudo da forma norteado pela geometria foi outro tópico contemplado visando a aplicação da
trigonometria no triângulo retângulo visando conhecer as funções trigonométricas e o teorema de
Pitágoras. Encerramos nosso estudo sobre matemática aplicada tratando sobre os dígitos significa-
tivos na leitura de instrumentos de medidas.
5 Matemática aplicada
87
Fundamentos da eletricidade
Neste capítulo, iniciaremos os estudos sobre a eletricidade, que é uma forma de energia
natural que nos rodeia. Ela alimenta os mais diversos tipos de aparelhos que usamos muitas
vezes em nossas atividades diárias, desde o chuveiro que aquece a água que tomamos banho,
passando pelos rádios, televisores, videogames, computadores, lâmpadas, cafeteiras, ventila-
dores, máquinas de lavar roupas, condicionadores de ar, chegando até os smartphones que são
acessórios presentes no dia da maioria das pessoas atualmente.
Ainda neste capítulo, iremos estudar os dois grandes campos nos quais se divide a eletrici-
dade, a eletrostática, que estuda os fenômenos relacionados às cargas elétricas em repouso, e
a eletrodinâmica, que estuda os fenômenos relacionados ao movimento das cargas elétricas.
No estudo da eletrostática, conheceremos sobre o átomo, carga elétrica, potencial elétrico, a
Lei de Coulomb e a força elétrica, e esses temas serão fundamentais para que possamos avan-
çar para a eletrodinâmica que será o foco destes livros.
A corrente elétrica é o principal objeto de estudo da eletrodinâmica, além dela, tensão elé-
trica e resistência elétrica compõem as três grandezas fundamentais de um circuito elétrico,
que também será um tópico abordado a seguir. Formas de geração de energia serão apresen-
tadas neste capítulo, e sua contribuição para a matriz energética nacional, por fim, trataremos
sobre os materiais elétricos: condutores e isolantes, tão presentes no dia a dia do técnico em
eletrotécnica.
6.1 histórico
O contato do homem com a eletricidade se deu de forma primitiva ainda na pré-história, desde os tem-
pos mais antigos há registro de tempestade e da manifestação da eletricidade através de raios (descargas
atmosféricas). A evolução da história do homem com a eletricidade é contada através da contribuição de
uma série de estudiosos que dedicaram suas vidas para compreender mais sobre a eletricidade ao longo
do tempo, acompanhe no quadro a seguir.
A matéria compõe tudo aquilo que há no universo, desde pequenos grãos de areia até os grandes pla-
netas. A unidade fundamental que constitui a matéria é o átomo, o modelo atual do átomo é composto
por um núcleo onde ficam as cargas elétricas positivas, denominadas prótons, e as eletricamente neutras,
denominadas nêutrons. Em volta do núcleo, estão os elétrons, cargas elétricas negativas se encontram
em movimento. Esse modelo atômico foi imaginado por vários pesquisadores ao longo do tempo, como
Ernest Rutherford, Joseph Thomson e Niels Bohr. Observe, a seguir, a representação do átomo.
Elétron
Próton
Nêutron
Núcleo
Figura 29 - O átomo
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
A carga elétrica em um átomo está relacionada aos prótons e elétrons, sendo os prótons carga elétrica
positiva e os elétrons carga elétrica negativa, contudo, o átomo possui carga elétrica resultante9 neutra,
pois o número de prótons é igual ao número de elétrons. Contudo, quando um átomo é exposto a uma
força externa podendo ser magnética, térmica ou química, como por exemplo, variação da temperatura,
interação com campos elétricos ou reações com outros átomos, pode provocar um estado de desequilíbrio
elétrico, de modo que o número de prótons passa a ser diferente do número de elétrons. O átomo em de-
sequilíbrio é chamado de íon, que pode ser:
a) Negativo: quando o número de elétrons é maior que o número de prótons, ou seja, um átomo
que recebeu elétrons. A este íon damos o nome de ânion;
b) Positivo: quando o número de elétrons é menor que o número de prótons, ou seja, um átomo
que perdeu elétrons. A este íon damos o nome de cátion.
Observe que a carga elétrica resultante do íon está associada a ganhar ou perder elétrons, isso acontece
porque os elétrons se movem fora do núcleo em uma região que chamamos de orbital em alta velocidade,
conforme mostrado na imagem “O átomo”; já os prótons e nêutrons ficam concentrados no núcleo por
uma força de atração que os mantém compondo o núcleo. A gravidade é um exemplo de força de atração
que atrai os corpos prendendo-os sob a superfície.
Uma vez que a aplicação da força externa que transforma o átomo em íon cessa, o átomo tende a recu-
perar o equilíbrio de modo a ceder os elétrons em excesso ou recuperar os perdidos.
Como vimos anteriormente, os átomos em condições normais estão em equilíbrio, ou seja, eletricamen-
te neutros, contudo, por meio de uma ação externa, essa condição pode ser alterada, a este processo de
quebra do equilíbrio eletrostático damos o nome de eletrização. Os meios mais comuns de eletrização são:
eletrização por atrito, eletrização por contato e eletrização por indução que veremos a seguir.
Ao submeter dois materiais isolantes10 inicialmente neutros ao atrito, será estabelecido um contato
entre eles de modo a permitir a troca de elétrons, um dos materiais ficará eletricamente negativo e o outro
positivo. Observe a figura a seguir.
Vidro +
Vidro
_
_ _
Neutro Lã +
_ _Lã _
Neutra
Viu como o processo de atrito funciona de forma prática? Ao atritar o bastão de vidro e a lã, o vidro per-
de elétrons para a lã tornando-se eletricamente positivo, enquanto a lã ficará eletricamente negativa por
receber elétrons. A intensidade da carga elétrica em ambos será igual, mas com sinais opostos.
- - -- - - -- - -
-- -
- -- - -
- - - -
- - - -
- A - B - A - -- B A
- - - - - - B -
-- - -- - - - -
- - - -
--- --- -
+ + + + + + + + +
+ + + + + +
+ + + + + + + + +
+ + + + + + +
+
+ A + B + A +
- B + A + + B +
+ +
+ + + + + + + + +
+ + + + + +
+ + + + + + + + +
Esse tipo de eletrização ocorre quando submetemos um corpo eletricamente neutro em exposição a
um outro sem que haja contato entre eles. O processo consiste em expor o corpo eletricamente neutro a
um carregado, o qual chamaremos de indutor. Ao aproximar o indutor do induzido, este passará por um
6 Fundamentos da eletricidade
95
processo de polarização11, seguido do aterramento12 do induzido que fará com que o equilíbrio no indu-
zido seja rompido, ao retirar o aterramento e afastar os corpos, o induzido terá carga de sinal oposta ao
indutor.
Veja, a seguir, um esquema de como o processo ocorre.
Considerando um indutor eletricamente negativo, ao ser aproximado do induzido, o mesmo será po-
larizado, pois os elétrons serão repelidos e irão para a outra extremidade da esfera, neste ponto, se hipo-
teticamente partíssemos a esfera teríamos uma metade carregada positivamente e outra negativamente.
O próximo passo é aterrar a esfera polarizada, em função da força de repulsão provocada pelo indutor,
alguns elétrons serão transferidos para o solo. Ao desfazer o aterramento e afastar o indutor do induzido,
a carga elétrica resultante será positiva em função de o corpo ter perdido elétrons. Você pode conferir este
processo na imagem a seguir.
1º 2º -
-
- + -
B - - + -
A B
- - + -
- - + -
-
3º 4º
- - +
- - + - - - - +
- - + -
A B - - +
- - + - A B
- - +
- - + -
-
- - +
-
+
5º
+ +
B
+ +
11 Polarização: Divisão do material em polos, neste caso, polo positivo e polo negativo, como ocorre com uma pilha, por exemplo.
12 Aterramento: Criar ligação com a terra permitindo a transferência de elétrons.
ELETRICIDADE - VOLUME I
96
indutor do induzido, a carga elétrica resultante será negativa em função de o corpo ter ganhado elétrons.
Você pode conferir este processo na imagem a seguir.
+
1º 2º + + - +
B + + - +
A B
+ + - +
+ + - +
+
3º 4º +
+ + + -
+ + - + -
+ + - + + + -
A B A B
+ + - +
+ + -
+ + - +
+
+ + -
+
-
5º
- -
B
- -
A relação entre cargas elétricas estabelece forças de repulsão ou atração, veja, a seguir, o modelo de
cálculo para esta força.
A lei de Coulomb foi formulada pelo físico francês Charles Augustin de Coulomb e permite calcular a
força elétrica estabelecida pela interação de partículas carregadas, levando em consideração: a intensida-
de da carga, o meio no qual as cargas se encontram e a distância entre elas. Observe a fórmula a seguir.
K .|Q1 |.|Q2 |
F =
d²
Onde:
F é a força elétrica medida em Newtons (N).
K é a constante eletrostática que no vácuo vale aproximadamente 9 x 109 Newtons metro quadrado por
(
Coulomb N.m² .
(
C²
6 Fundamentos da eletricidade
97
( N.mC )
2
CONSTANTE ELETROSTÁTICA K 2
MATERIAL VALOR
Vácuo 9.109
Ar seco 9.109
Benzeno 2,3.109
Petróleo 3,6.109
Água 0,11.109
A intensidade da força entre as partículas independe dos sinais das cargas, e, por isso, utilizamos o valor
absoluto para calcular o valor da carga, contudo, a relação entre as cargas irá provocar força de atração
ou repulsão entre as partículas carregadas. Como proposto por Coulomb, quanto maior distância entre as
cargas menor será a força resultante, veja a imagem a seguir.
+ +
-Fe Fe
d
- -
-Fe Fe
d
Fe -Fe
+ -
Figura 35 - Forças de atração e repulsão
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Vamos a um exemplo prático? Considerando duas cargas pontuais Q1 = 7,5 µC e Q 2 = -9 µC, separadas
por 75 cm, veja como se calcula a força de interação entre as cargas sabendo que ambas se encontram no
vácuo.
ELETRICIDADE - VOLUME I
98
1º Passo: para cálculo da força elétrica, utilizamos a lei de Coulomb que, como vimos, é calculada atra-
vés da seguinte equação:
K .|Q1 |.|Q2 |
F =
d²
2º Passo: substituir as informações encontradas na questão em seus respectivos locais, como a cons-
(
tante eletrostática K está em N.m² , a distância será convertida para metros e as cargas serão inseridas
(
C²
na fórmula em Coulombs. Observe:
9.109.7,5.10-6.9.10-6
F =
0,75²
3º Passo: após a inserção das informações na fórmula, é hora de operar os coeficientes e encontrar o
valor da força. Iremos multiplicar os valores do numerador e calcular a potência no denominador. Acom-
panhe:
0,6075
F =
0,5625
4º Passo: efetuar a divisão entre numerador e denominador para obter o valor da força.
F = 1,08 N
Veja outra aplicação: duas cargas elétricas encontram-se separadas por 2 metros no vácuo. Sabendo
que uma carga possui o dobro da intensidade da outra e força de interação entre elas é de 72.10-3N, calcule
a intensidade de cada carga elétrica. Considerando a lei de Coulomb no formato padrão, temos:
K .|Q1 |.|Q2 |
F =
d²
1º Passo: adequar a Lei de Coulomb à nossa aplicação, onde Q1 = 2Q2. Observe a nova forma da equa-
ção:
K . | 2.Q2 |.| Q2 |
F =
d²
9.109 . 2.|Q2² |
72.10-3 =
2²
3º Passo: reorganizar a equação de modo a isolar |Q2² | do lado esquerdo da equação e todos os outros
valores do lado direito.
6 Fundamentos da eletricidade
99
72.10-3.4
|Q²2 | =
2 .9.109
5º Passo: efetuar a divisão e extrair a raiz quadrada de ambos os lados da equação para obter o valor
de Q2.
|Q2 | = √1,6-11
|Q2 | = 4 µC
6º Passo: com o valor de Q2 em mãos, basta voltar à informação que nos fez adaptar a lei de Coulomb,
quando assumimos que Q1 = 2Q2. Com essa informação e o valor de Q2 só nos resta efetuar a multiplicação
para descobrir o valor de Q1.
|Q1 | = 2.|Q2 | = 2.4
|Q1 | = 8 µC
Além da força elétrica, existem outras interações relacionadas às cargas elétricas, como por exemplo: o
campo elétrico que você irá conhecer melhor na próxima seção.
ELETRICIDADE - VOLUME I
100
O campo elétrico pode ser definido como um espaço sob a influência de uma carga elétrica que pode
estabelecer uma força de atração ou repulsão com qualquer outra carga elétrica que estiver neste espaço.
A intensidade do campo elétrico pode ser calculada com a seguinte equação:
K .|Q |
E =
d²
Onde:
(
E = é a intensidade do campo elétrico em Newton por Coulombs
N
(.
C
Em função de utilizarmos o valor absoluto da intensidade da carga (|Q|), a intensidade do campo nunca
será negativa, porém o comportamento do campo formado por uma carga elétrica positiva é diferente de
uma carga elétrica negativa. Observe a figura a seguir.
LINHAS DE FORÇA
+ -
Observando a imagem anterior é possível perceber o campo elétrico ao redor das cargas, que é a região
estabelecida em volta da carga ilustrada através das linhas. A carga negativa possui linhas divergentes
(as linhas “saem da carga”), enquanto a carga positiva possui linhas convergentes (as linhas “entram na
carga”). Além disso, a presença de outra carga estabelece as linhas de força de atração, por serem cargas
elétricas de sinais diferentes.
A seguir, iremos conhecer mais sobre o potencial elétrico.
6 Fundamentos da eletricidade
101
O desequilíbrio elétrico nos corpos é causado pelo fenômeno que chamamos de eletrização, a capaci-
dade que um corpo eletrizado em realizar trabalho é definida como potencial elétrico, ou seja, é a capa-
cidade de cargas elétricas se atraírem ou se repelirem de acordo com a força elétrica estabelecida entre
elas. O potencial elétrico depende da carga elétrica, quanto mais carregado o corpo estiver, maior será o
potencial elétrico.
Ao compararmos a capacidade de realizar trabalho elétrico entre dois corpos, estamos comparando
uma diferença de potencial elétrico que pode ser escrita simplesmente como DDP. A DDP é um sinônimo
de tensão elétrica, que é uma grandeza fundamental para o estudo da eletrodinâmica. Em termos práticos,
a diferença de potencial elétrico é uma força que impulsiona os elétrons, fazendo com que eles se movi-
mentem em um material condutor. Daí um terceiro termo para este conceito FEM (força eletromotriz), FEM
e DDP são termos mais comuns no meio acadêmico, enquanto tensão elétrica é mais comum no ambiente
profissional.
Um exemplo de fonte de tensão é a pilha, onde temos um polo positivo e um polo negativo, no polo po-
sitivo temos falta de elétrons, enquanto no polo negativo temos excesso de elétrons. Quando acoplamos a
pilha a um circuito, os elétrons do polo negativo são transferidos para o polo positivo como podemos ver
na imagem a seguir. A tensão pode ser medida com auxílio do voltímetro, que será abordado ainda neste
capítulo.
Elétrons
Figura 37 - A pilha
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Depois de falar tanto de eletricidade, você não está curioso para saber como ela pode ser produzida?
Este será o assunto da próxima seção.
ELETRICIDADE - VOLUME I
102
6.8 FONTES GERADORAS POR AÇÃO: PRESSÃO, QUÍMICA, MAGNÉTICA, TÉRMICA, MECÂNICA,
LUMINOSA
Apesar de utilizarmos comumente o termo geração de energia, é importante lembrar da lei de conser-
vação da energia, que pode ser interpretada como “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se trans-
forma”, o que tratamos como geração de energia na verdade é a conversão de energia, em sua maioria
energia mecânica (cinética13), em energia elétrica.
Como já vimos, a eletricidade se manifesta em uma série de aparelhos presentes no nosso dia a dia, mas
de onde vem esta eletricidade? A partir de agora, trataremos sobre as fontes geradoras de energia elétrica,
seu funcionamento e aplicações.
A geração de energia por ação química baseia-se na reação química que ocorre com a pilha, como
mostrado anteriormente, vamos lembrar? Consiste em dois metais em uma solução, um dos metais possui
excesso de elétrons, enquanto no outro falta, o que vai promover um fluxo de elétrons.
A seguir, veja a imagem que mostra o modelo didático de uma pilha.
A imagem anterior ilustra a polarização da pilha, veja que o resultado de cada polo está diretamente
relacionado com a quantidade de elétrons.
A principal vantagem de utilizar energia elétrica baseada em geração química é a mobilidade, como
ocorre com controles remotos de televisores ou em rádios tipo walkie talkie, presentes na indústria com
a função de manter a comunicação entre funcionários do setor de manutenção. Devido à presença de
metais pesados nas pilhas, elas não devem ser descartadas como o lixo comum, e, por isso, devem ser
entregues no estabelecimento onde foram adquiridas ou a redes de assistência técnica autorizada pelas
indústrias produtoras. A desvantagem é o risco de vazamento do conteúdo, portanto, o descarte correto é
essencial para evitar danos à nossa saúde. Observe a ilustração a seguir.
Observando a estrutura interna com o auxílio da legenda podemos notar a presença de zinco que é
classificado como um metal pesado.
O processo de geração de energia elétrica através de pressão baseia-se na aplicação de cristais piezoe-
létricos, que são cristais feitos de quartzo, mica ou cristais Rochelle. Quando estes cristais são submetidos
à variação de pressão, ocorre a produção de energia elétrica. Observe a imagem a seguir que representa o
processo.
PLACAS
CRISTAL
METÁLICAS
VOLTÍMETRO
Como vimos na imagem anterior, quando as placas são submetidas à pressão, a variação da pressão
sobre os cristais produz energia elétrica. Este modelo de geração de energia elétrica pode ser aplicado em
estradas para alimentação de postes e semáforos, para isto, são projetadas lombadas que aproveitam da
compressão provocada pelos pneus do carro ao passar pela lombada e geram a energia necessária para
manter os dispositivos funcionando. Além das lombadas, outra possibilidade é a aplicação de placas cerâ-
micas embutidas no asfalto e, de acordo com a movimentação dos carros, a energia é produzida.
Este tipo de energia baseia-se no princípio magnético descoberto por Michael Faraday que mostrou
que uma bobina que atravessa um campo magnético produz uma tensão elétrica. Este princípio é aplicado
em dínamos14 e geradores de energia utilizados nas usinas hidroelétricas, permitindo aproveitar o movi-
mento das águas, por exemplo, para a produção de energia elétrica. Observe a imagem a seguir.
Tensão de CA
S
A energia elétrica pode ser obtida quando um par termoelétrico16 é aquecido. O processo acontece
pois o aumento de temperatura acelera o movimento dos elétrons livres e faz com que eles passem de um
metal para o outro gerando uma diferença de potencial elétrico.
14 Dínamo: objeto que converte a energia cinética (movimento) em energia elétrica. Presente em alguns modelos de lanternas
portáteis.
15 Corrente alternada: tipo de corrente elétrica que possui variação ao longo do tempo.
16 Par termoelétrico: um par formado por duas tiras de metais diferentes, exemplo ferro e cobre.
6 Fundamentos da eletricidade
105
5 10
15
0
CLASS 2.5
Fio de cobre
decapado
Voltímetro
A figura anterior demonstra que o aumento da temperatura irá provocar a geração de tensão elétrica,
sendo que quanto maior for a temperatura na junção dos metais maior será a tensão elétrica de saída.
Uma aplicação prática deste sistema é sua utilização como sensor de temperatura, a junção dos metais
fica dentro do equipamento e os pedaços do fio que geram tensão são colocados em um controlador que
irá converter o valor de tensão em temperatura.
A geração de energia por ação mecânica é um processo bastante semelhante ao que vimos em geração
por pressão. Para produzir energia elétrica, é necessária a utilização de cristais piezoelétricos entre as pla-
cas, e a energia produzida será de acordo com a pressão à qual os cristais estarão submetidos. A diferença
entre a geração mecânica e a geração por pressão é o esforço mecânico aplicado no sistema, o sistema
baseado em geração por ação mecânica converte outros esforços mecânicos como torção e compressão
em pressão aplicada na superfície da placa para gerar energia elétrica.
A geração de energia elétrica por ação luminosa baseia-se no efeito fotoelétrico, que acontece quando
um material, normalmente um metal, é exposto à ação de uma radiação eletromagnética, como a luz, por
exemplo. Para geração de energia, utilizamos as células fotovoltaicas formadas por duas placas de silício,
que é um material semicondutor, quando a placa superior é atingida pela luz, os elétrons são estimulados
ELETRICIDADE - VOLUME I
106
a se movimentarem para a placa inferior, estabelecendo uma corrente elétrica. Observe a imagem que
ilustra este processo a seguir.
Célula fotovoltaica
Luz
Terminal
negativo (-)
Semicondutor
Elétrons se Terminal
deslocando positivo (+)
com ação da luz
Esta opção de geração de energia elétrica tem como vantagem a flexibilidade, as células fotovoltaicas
podem ser instaladas em telhados de residências para atender um cliente ou em centrais fotovoltaicas. A
principal desvantagem deste sistema é a dependência de incidência da luz solar, em dias nublados a pro-
dução de energia é bastante reduzida.
Que tal conhecer sobre os principais responsáveis pela produção de energia elétrica do país?
Até aqui, observamos apenas os princípios de geração de energia, ou seja, como funciona o processo de
conversão de um tipo de energia em energia elétrica. A partir de agora abordaremos como estes princípios
podem ser aplicados em larga escala.
a) Usina hidrelétrica: como pode ver na imagem a seguir, as usinas hidrelétricas são construídas ao
longo do curso de rios, represando-os para que possa utilizar-se da energia potencial armazenada
em função do nível de água da barragem e sua conversão em energia cinética quando a compor-
ta de admissão17 é aberta, esta energia cinética provinda do movimento da água que entra pela
comporta de admissão é convertida em energia elétrica através de um gerador que produz ener-
gia elétrica de acordo com a velocidade da água que move as turbinas que estão acopladas nele,
seguindo o princípio de geração de energia por ação magnética.
17 Comporta de admissão ou porta de controle: é a porta que permite a entrada da água pelos dutos até chegar na turbina.
6 Fundamentos da eletricidade
107
Além do sistema responsável pela produção direta de energia elétrica, as usinas hidrelétricas ainda
contam com vertedouros18 e as comportas, que são utilizados caso o nível de água esteja muito alto. Neste
caso, a água é liberada para não comprometer a estrutura da barragem. Observe a imagem a seguir que
ilustra os itens citados na explicação.
Gerador
Comportas
De acordo com informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que tem a finalidade de
regular e fiscalizar a produção, transmissão e comercialização de energia elétrica, em conformidade com
as políticas e diretrizes do governo federal no ano de 2016, as usinas hidrelétricas foram responsáveis por
mais de 60% da produção de energia elétrica no país. Neste mesmo ano, as usinas térmicas foram respon-
sáveis por mais de 27% da capacidade de produção de energia elétrica. Veja, a seguir, como funciona esse
processo.
b) Usinas termoelétricas: as usinas termoelétricas utilizam combustível para produzir calor, po-
dendo ser carvão ou diesel que são consumidos para dar início ao processo de geração de energia.
É importante lembrar que a queima de combustível libera CO2 (dióxido de carbono) que provoca
grandes danos ao meio ambiente. Para minimizar este problema, existem filtros que são instala-
dos nas chaminés responsáveis pela filtragem dos resíduos liberados. A queima deste combus-
tível é utilizada para transformar a água em vapor que será responsável por mover uma turbina,
convertendo a energia cinética em energia elétrica. Essa conversão acontece da mesma forma na
usina hidrelétrica, a diferença entre os processos é que a hidrelétrica usa o movimento das águas,
enquanto a termoelétrica utiliza o vapor. Observe, a seguir, como ocorre a produção de energia
em uma usina termoelétrica.
Eletricidade
Caldeira
Turbina Gerador
Ar
Calor
Outro modelo de energia térmica é o modelo de energia solar heliotérmica. O estado de Pernambuco
será o pioneiro neste modelo a partir de 2017. A geração heliotérmica baseia-se na captação do calor pro-
veniente dos raios solares, para isto, são utilizadas placas espelhadas para refletir e concentrar a energia
sobre um receptor. Este receptor contém o fluído térmico, um líquido responsável por armazenar o calor e
aquecer a água produzindo vapor, em seguida, o processo acontece da mesma forma que a energia térmi-
ca convencional. A imagem a seguir mostra a placa espelhada.
6 Fundamentos da eletricidade
109
Além das usinas hidrelétricas e termoelétricas, temos também as centrais geradoras eólicas que, de
acordo com a ANEEL, foi responsável por mais de 6% da capacidade de geração de energia no ano de 2016.
Vamos entender como estas centrais funcionam a seguir.
Elas transformam a energia dos ventos em energia elétrica, o vento produz movimento (energia ci-
nética) que faz girar uma turbina ligada a um gerador responsável pela conversão em energia elétrica. O
conjunto utilizado para esta produção é chamado de aerogerador, que você verá a seguir. A energia eólica
é uma energia renovável19 e não poluente, contudo, seu custo é relativamente alto, pois, em função das
variações nas rajadas de vento, os aerogeradores conseguem produzir energia elétrica em cerca de 30% do
tempo em que passam ligados. Veja a imagem a seguir.
Nacelle
Pás giratórias
Cooler
Eixo de baixa
velocidade
Caixa de
Eixo de engrenagens Cubo do
alta rotor
velocidade
Torre
19 Energia renovável: energia que utiliza recursos naturalmente reabastecidos pela natureza como o vento e a luz do sol.
ELETRICIDADE - VOLUME I
110
A imagem anterior mostra, em detalhes, o aerogerador com um corte na parte central exibindo o siste-
ma de eixos e engrenagens que são responsáveis por transmitir o movimento das pás até o gerador que
fará a conversão da energia cinética em energia elétrica.
Além destas três grandes usinas geradoras, temos as usinas termonucleares e as centrais geradoras so-
lares fotovoltaicas, que juntas não correspondem a 2% da capacidade de geração no ano de 2016 segundo
dados da ANEEL. Apesar de ainda não ter uma grande contribuição na capacidade de geração de energia
no Brasil, a energia solar fotovoltaica é uma opção adotada por consumidores individuais e algumas em-
presas devido a sua flexibilidade e o aproveitamento de um recurso abundante como a luz do sol.
SAIBA Para ampliar os seus conhecimentos e obter informações sobre a matriz energética
nacional e capacidade de produção de energia elétrica atualizados, acesse o site da
MAIS ANEEL > Capacidade de geração do Brasil / Matriz energética.
Até aqui, vimos várias formas de como pode ser produzida a energia elétrica, mas, e depois da produ-
ção, o que acontece? Quais caminhos a energia percorre até chegar às nossas casas? E às empresas? Vamos
entender como funciona este processo a seguir.
O sistema de distribuição de energia elétrica é responsável por transportar a energia que é produzida
nas usinas aos pontos de utilização, é um sistema formado por ramos que se divide para levar energia aos
diversos locais, seja em perímetro urbano ou não. Observe a imagem a seguir.
A Geração
Transformador
B Transmissão
Usina hidroelétrica
Subestação
transmissora
Subestação
distribuidora
D Distribuição
F Consumidores residenciais
Como você pode ver na ilustração, a distribuição de energia elétrica começa no ponto “A” Geração.
A geração de energia pode acontecer por qualquer tipo de usina: eólica, solar, hidrelétrica ou qualquer
outra. Observe que na saída da usina tem um transformador que é uma máquina elétrica que permite ma-
nipular a tensão elétrica, ele aumenta a tensão para facilitar o transporte da energia elétrica através dos
cabos e postes até chegar no ponto “B” Transmissão. Nesta etapa, observe uma subestação transmissora
que rebaixa o nível de tensão e promove a divisão da linha de transmissão e conduz a energia elétrica até
as subestações distribuidoras “C” que se situam no perímetro urbano e rebaixam a tensão elétrica para
que a energia elétrica possa ser conduzida sem perigos aos moradores. Após o tópico “C” Distribuição,
temos uma bifurcação, a energia elétrica pode seguir para o ponto “D” Dispositivos de automação da dis-
tribuição que engloba o transformador que fica acoplado no poste, que rebaixa a tensão para o valor que
os consumidores residenciais F utilizam em suas casas 380/220 ou 220/127 V. O outro caminho que pode
ser tomado a partir do ponto “C” é a alimentação de um sistema comercial/industrial que, por possuir um
consumo elevado, não recebe a tensão rebaixada, por isso, é necessário ter um transformador/subestação
próprio para rebaixar a tensão que será utilizada na empresa.
Na seção a seguir, estão as grandezas fundamentais para eletricidade.
Interruptor
Fio
E
Lâmpada
Fonte
O circuito da imagem anterior possui um interruptor ou chave, o que permite alternar entre circuito
aberto e circuito fechado. No circuito aberto, a chave não faz o contato direto com o condutor, impedindo
a passagem da corrente elétrica, no circuito fechado é estabelecido um caminho fechado para que a cor-
rente elétrica possa percorrer o circuito. Observe a imagem que ilustra esses dois tipos de circuitos.
ELETRICIDADE - VOLUME I
112
Aprendemos que a corrente elétrica percorre um circuito fechado, mas o que é essa corrente elétrica?
Observe o conceito a seguir.
4 6
2 8
10
A
0
Você percebeu o “til” (~) abaixo do “A” na imagem anterior? Isso quer dizer que este é um medidor de
Corrente Alternada (CA). Existem dois tipos de corrente, a corrente alternada (CA), em inglês Alternating
Current (AC) e a corrente contínua (CC), em inglês Direct Current (DC), vejamos as particularidades de cada
uma a seguir.
6 Fundamentos da eletricidade
113
a) Corrente contínua:
A corrente contínua é oriunda de pilhas e baterias, fontes que produzem corrente contínua possuem
uma polaridade definida, ou seja, um lado positivo e um lado negativo. A corrente contínua apresenta
sempre o mesmo sentido, o valor pode ser pulsante ou constante, a pulsante varia o valor de acordo com
pulsos, já a constante não varia ao longo do tempo, este comportamento é mostrado na imagem a seguir.
Outro modo de obter corrente contínua é através de circuitos retificadores, circuitos que convertem cor-
rente alternada em corrente contínua que serão estudados no segundo volume deste livro.
Tempo
b) Corrente alternada:
Diferente da corrente contínua, a corrente alternada oscila ao longo do tempo, muda de sentido positi-
vo para negativo e vice-versa de acordo com a frequência, que é a quantidade de oscilações ou o número
de ciclos que a corrente completa em um segundo. Um ciclo é contabilizado a partir do zero, passando
pelo máximo positivo, máximo negativo, até chegar novamente ao zero. O valor da corrente alternada está
sempre variando de acordo com a onda que é mostrada na figura a seguir, em seu comportamento normal,
a corrente alternada segue a função trigonométrica seno.
ELETRICIDADE - VOLUME I
114
máximo
positivo
0
Tempo
máximo
negativo
A corrente elétrica é produzida pelas hidrelétricas, como vimos anteriormente, e possui vasta aplicação
nos motores elétricos trifásicos, aparelhos fundamentais na indústria.
Para que haja corrente em um circuito, é preciso ter um esforço inicial, algo que inicie o processo; a
tensão elétrica é a grandeza que impulsiona o movimento da corrente, observe a seguir.
Tensão elétrica, força eletromotriz ou diferença de potencial é a força que faz com que os elétrons se
movimentem em um material condutor. Se a corrente elétrica é o fluxo de elétrons, é a tensão que faz com
que se manifeste uma corrente elétrica em um material condutor. Assim como acontece com os tipos de
correntes, temos também tensão alternada que produz corrente alternada e tensão contínua que produz
corrente contínua. A tensão elétrica pode ser associada a várias letras “E”, “U”, mas, para nosso estudo,
utilizaremos a letra “V”. Ela é medida de em volts (V). O medidor utilizado para efetuar a medição de tensão
elétrica é o voltímetro, observe a imagem do visor de um voltímetro a seguir.
10 20
30
0
V
Você percebeu o “traço” (–) abaixo do “V” na imagem anterior? Isso quer dizer que este é um medidor
de tensão contínua. Na figura “O visor do amperímetro”, vimos o til (~), símbolo para tensão ou corrente
alternada, e na figura “O visor do voltímetro” o traço (-), símbolo para tensão ou corrente contínua. Esta é
uma informação importante e sempre vem no corpo dos medidores e serve para alertar o usuário sobre o
tipo de grandeza que o aparelho pode medir.
CASOS E RELATOS
A resistência elétrica pode ser definida como: a força que se opõe a passagem dos elétrons. A resistência
age como um limitador de corrente. A resistência elétrica é medida em ohms (Ω) em homenagem a George
Simon Ohm. O aparelho responsável por sua medição é o ohmímetro, veja a imagem a seguir que mostra
o visor de um ohmímetro.
100 200
300
Ω
0
Até agora, vimos o amperímetro, voltímetro e o ohmímetro que são aparelhos responsáveis pela me-
dição de uma grandeza elétrica, contudo, pensando no exercício da profissão, fazer um diagnóstico de
falha ou a checagem de algum equipamento, um profissional da área elétrica precisaria andar com um
verdadeiro arsenal de medidores. Ainda bem que isto não é necessário, pois existe um aparelho chamado
multímetro ou multiteste de grande utilidade. Confira mais sobre este aparelho a seguir.
Multímetro
O multímetro é um medidor de grande utilidade que concentra uma série de medidores em um único
corpo, como: voltímetro, amperímetro, ohmímetro, frequencímetro, entre outros. As funções presentes
no aparelho variam de acordo com o fabricante, na sua composição o aparelho possui uma chave seletora
que permite escolher a função ou grandeza que deseja medir e a escala respectiva. Observe as partes do
multímetro na imagem a seguir.
6 Fundamentos da eletricidade
117
Escala de
tensão
contínua Escala de
corrente
contínua
Escala de Bornes*
resistência *Terminais
de conexão
Chave seletora
Figura 57 - O multímetro
Fonte: SENAI DR BA; SHUTTERSTOCK, 2017.
Os materiais utilizados na área da eletricidade são os chamados materiais elétricos, e são classificados
de acordo com a resistência elétrica como condutores ou isolantes. Eles estão presentes nos condutores
que fazem as conexões dos equipamentos, nos contatos que permitem um interruptor abrir e fechar um
circuito, na camada isolante de um condutor e até mesmo na fita isolante que garante a proteção em cabos
que já foram desencapados.
6.10.1 Condutores
Quando definimos corrente elétrica, utilizamos a expressão material condutor de eletricidade, mas o
que seria este material condutor? Materiais condutores possuem a resistência elétrica baixa, o que facilita
a passagem da corrente elétrica. Ouro, prata, cobre e alumínio são exemplos de materiais condutores. O
ouro e a prata são mais comuns em circuitos e conectores presentes em circuitos eletrônicos, enquanto o
cobre e o alumínio estão presentes nos cabos, o cobre nos circuitos elétricos presentes nas residências e
nas indústrias, enquanto os cabos de alumínio podem ser encontrados na rede de distribuição de energia,
nos chamados cabos com alma, cabos de alumínio com alma (interior) de aço.
ELETRICIDADE - VOLUME I
118
6.10.2 Isolantes
Materiais isolantes possuem resistência elétrica muito alta a ponto de impedir a passagem da corrente
elétrica. Madeira, plástico, porcelana e mesmo o ar são exemplos de materiais isolantes. O plástico está pre-
sente na camada protetora dos cabos elétricos que utilizamos, a porcelana em isoladores elétricos encon-
trados nas redes de distribuição. A madeira já foi muito empregada em bastões de manobra utilizados para
realização de serviços em postes, contudo, sua utilização diminuiu por conta da sua facilidade em absorver
umidade, o que compromete a isolação do material e põe em risco a vida do profissional que utilizava este
equipamento, hoje os bastões de manobra são feitos de fibra de vidro.
FIQUE É importante observar a integridade física de materiais isolantes, como botas, luvas,
cabos de ferramentas, mesmo um pequeno furo pode reduzir a isolação do equipa-
ALERTA mento e colocar em risco o profissional.
Ouro Condutor
Prata Condutor
Cobre Condutor
Madeira Isolante
Borracha Isolante
Porcelana Isolante
RECAPITULANDO
Neste capítulo, demos início ao estudo da eletricidade, partindo da história através da linha do tem-
po onde vimos os cientistas e estudiosos que dedicaram-se a compreender um mistério que assola-
va o ser humano desde os tempos primordiais com as descargas atmosféricas.
Conhecemos a eletrostática, campo que compreende o estudo das cargas elétricas em repouso,
abordando conceitos fundamentais como átomo, elétrons, nêutrons e prótons, avançando para po-
tencial elétrico e Lei de Coulomb. Para fundamentar o estudo da eletrodinâmica, que compreende
o estudo das cargas em movimento, as grandezas fundamentais, tensão, resistência e corrente elé-
trica, vimos também os tipos de corrente elétrica: corrente contínua (CC) e corrente alternada (CA).
Aprendemos mais um pouco sobre geração de energia elétrica, como e onde é produzida a energia
que utilizamos, os princípios de conversão de energia térmica e cinética em energia elétrica. Hidre-
létricas, parques eólicos e usinas solares foram pontos em destaque.
Espero que os conteúdos abordados neste capítulo tenham contribuído para ampliar os seus conhe-
cimentos. Continue estudando.
Circuitos elétricos
Como você pode ver na imagem anterior, temos um resistor presente em um circuito de uma placa
comum em vários componentes eletrônicos, como placas-mãe e outros aparelhos com controles remotos
e eletrodomésticos em geral. A seguir, vamos dar início ao estudo sobre resistores.
7.1 Resistores
O Resistor é um dispositivo elétrico utilizado com a finalidade de converter energia elétrica em energia
térmica por meio do efeito Joule, que será estudado posteriormente, ora com a finalidade de dividir a ten-
são e/ou limitar a corrente do circuito. Em um circuito elétrico, é um exemplo de carga. Veja, a seguir, uma
imagem do resistor.
Figura 59 - Resistores
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Na imagem anterior, é possível observar dois tipos de resistores, à esquerda temos o resistor utilizado
em eletrônica, elemento comum em circuitos eletrônicos como os encontrados na placa-mãe20 do com-
putador. À direita temos um resistor comum em sistemas de aquecimento, como é o caso dos chuveiros
elétricos. O resistor eletrônico é utilizado com a função primária de dividir a tensão e limitar a corrente para
proteger outros elementos mais sensíveis como transistores e LED’s21, enquanto o resistor de chuveiro é
utilizado com a função primária de converter energia elétrica em energia térmica para aquecer a água.
20 Placa-mãe: placa principal de um computador onde todos os outros elementos estão ligados.
21 LED`S: Light Emitting Diode, em português diodo, emissor de luz.
7 Circuitos elétricos
123
Você percebeu na imagem anterior que no resistor usado em eletrônica existem listras verticais em
cores diferentes? Estas listras permitem que o valor da resistência elétrica do resistor seja estimado pelo
que conhecemos como código de cores. Observe a tabela abaixo que mostra como podemos descobrir a
resistência observando as cores presentes no corpo do resistor eletrônico.
Preto 0 0 0 x1Ω -
Marrom 1 1 1 x 10 Ω ± 1%
Vermelho 2 2 2 x 100 Ω ± 2%
Laranja 3 3 3 x 1 kΩ -
Amarelo 4 4 4 x 10 kΩ -
Azul 6 6 6 x 1 MΩ ± 0,25%
Violeta 7 7 7 x 10 MΩ ± 0,1%
Cinza 8 8 8 - ± 0,05%
Branco 9 9 9 - -
Dourado - - - x 0,1 Ω ± 5%
Mas como será que funciona esse código de cores? A leitura é feita da esquerda para a direita e, como
você pode ver na tabela anterior, cada cor representada tem um significado. A primeira listra do resistor vai
dizer qual é o primeiro algarismo do valor da resistência do resistor. No resistor usado em eletrônica ilustra-
do anteriormente, temos as cores: marrom, preto, amarelo, dourado. Consultando a tabela, a cor marrom
vale 1. A segunda listra é responsável pelo segundo algarismo do valor de resistência, sendo preta, então,
ela vale 0. A terceira listra é responsável pelo multiplicador, no nosso caso é de cor amarela, isso quer dizer
que iremos adicionar quatro zeros ou multiplicar por 10 kΩ.
Desta forma, o nosso resistor vale 100.000 Ω ou 100 kΩ. Sabendo o valor da resistência podemos esco-
lher o resistor correto para cada aplicação.
A quarta listra, como mostra a tabela anterior, indica a tolerância do resistor. A tolerância em um resistor
indica qual a margem de precisão, estabelece um valor mínimo e um valor máximo que aquele resistor
pode assumir. No nosso caso, a quarta faixa do nosso resistor é dourada, isso quer dizer que a diferença
entre o valor real e o valor lido pode ser de 10% para mais ou para menos, 10% de 100.000 Ω equivale a
10.000 Ω, isso quer dizer o valor do nosso resistor está entre 90.000 Ω e 110.000 Ω ou 90 kΩ e 110 kΩ. Esta
margem de precisão pode ser bastante prejudicial para processos que necessitam de um controle maior,
como, por exemplo, controle de nível utilizando sensores ultrassônicos. Para atender esta demanda exis-
tem os resistores de precisão, que possuem a quarta listra na cor marrom e apresentam tolerância de ape-
nas 1%. O valor real da resistência pode ser conferido em laboratório utilizando um ohmímetro, ou ainda
um multímetro ajustado na escala correta como vimos no capítulo anterior.
ELETRICIDADE - VOLUME I
124
4 7 00 5%
Primeiro dígito
amarelo
Segundo dígito
violeta Tolerância
dourado
Multiplicador
vermelho
A imagem anterior nos mostra um resistor usado em eletrônica de 4.700 Ω, as cores impressas no seu
corpo são: amarelo, violeta, vermelho e dourado. Veja, a seguir, a imagem de um outro resistor para que
possa ver mais uma vez como funciona o código de cores.
A imagem anterior nos mostra um resistor usado em eletrônica de 270 Ω, em seu corpo temos as cores:
vermelho, violeta, marrom e dourado. Além das cores, o tamanho do resistor também é outra característica
que nos mostra uma informação importante, quanto maior for o resistor maior será a quantidade de calor
que ele conseguirá converter. Esta conversão está relacionada à potência e medida em Watts (W), uma das
funções do resistor é converter a energia elétrica em energia térmica. A potência será explorada no capítu-
lo “Potência em corrente contínua”. A imagem a seguir nos mostra a variação no tamanho dos resistores e
o impacto que isso tem na capacidade de conversão de energia que ele tem.
7 Circuitos elétricos
125
0,25W
0,50W
1W
2W
Resistores maiores possuem maior área de superfície, o que permite maior liberação de temperatura
para o ambiente, o que justifica a maior capacidade de dissipar potência de resistores fisicamente maiores.
Os resistores estudados até aqui apresentam resistência fixa, apesar de estar dentro de uma margem de
erro, seu valor é sempre o mesmo, contudo, existem resistores que podem ter o valor de resistência altera-
do, são eles: os resistores ajustáveis e os resistores variáveis que estudaremos a seguir.
resistor ajustável
O resistor ajustável tem o valor da resistência elétrica escolhido dentro de uma faixa de valores, esta
informação está disponível no datasheet do trimpot que é um arquivo que contém todas as informações
referentes ao dispositivo, o ajuste normalmente ocorre com uma chave philips22. É importante salientar
que esse ajuste deve ser feito internamente, então, o usuário final normalmente não tem acesso a este
dispositivo, apenas os técnicos durante o período de manutenção da placa dos equipamentos. A seguir,
temos uma imagem de um trimpot, um exemplo de resistor ajustável.
Figura 63 - Trimpot
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
22 Chave Philips: chave que permite apertar ou folgar parafusos do tipo fenda cruzada ou popularmente conhecidos como estrela.
ELETRICIDADE - VOLUME I
126
Trimpots são utilizados para calibração23 de medidores, como voltímetros e amperímetros, este proces-
so permite ajustar os valores exibidos pelo medidor de modo que fiquem mais próximos dos valores reais.
resistor variável
O resistor variável permite a variação da resistência dentro de uma faixa de valores que é expressa no
corpo do dispositivo. Enquanto os resistores ajustáveis precisam de chave para efetuar o ajuste do valor da
resistência, os resistores variáveis apresentam um botão giratório que permite a variação da resistência no
ato de girar o botão para um lado ou para o outro. Veja, a seguir, uma imagem de um potenciômetro que
é um tipo de resistor variável.
Figura 64 - Potenciômetro
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
23 Calibração: conjunto de operações que estabelece relação entre os valores mostrados por um equipamento e os valores
representados por uma medida materializada.
24 Motores elétricos trifásicos: motores convertem energia elétrica em movimento, presente em portões
elétricos, esteiras transportadoras, misturadores industriais, entre outros.
7 Circuitos elétricos
127
ou Resistor fixo
ou Potenciômetro
Trimpot
O símbolo retangular para resistores fixos só pode ser utilizado para simbolizar resistência em circuitos
alimentados por corrente contínua (CC) em circuitos alimentados por corrente alternada (CA), este mesmo
símbolo é utilizado para impedância25. As seções a seguir tratam de circuitos elétricos envolvendo resisto-
res, estude a seção a seguir para observar a utilização da simbologia dos resistores em circuitos elétricos.
CASOS E RELATOS
Um projeto desafiador
Carlos é aluno do curso técnico em eletrotécnica no SENAI. Ele é um jovem de 20 anos e um entusias-
ta da área de eletrônica, desde criança sempre buscou entender como as coisas funcionavam. Maria-
na é colega de curso de Carlos, ela é o tipo de pessoa que gosta de desenvolver projetos e construir
coisas novas. Buscando aplicar os conhecimentos adquiridos no curso, eles decidiram desenvolver
um projeto de iluminação, montar uma maquete de um pequeno bairro, cujo o desafio é montar o
sistema de iluminação elétrica do bairro.
O desafio do projeto surgiu quando Mariana e Carlos decidiram utilizar LED’s para simular as lâm-
padas dos postes e usar algumas baterias de 12 V para alimentar o sistema de iluminação, contudo,
seria necessário utilizar alguns resistores para dividir a tensão e limitar a corrente no LED para que ele
conseguisse operar em segurança, visto que a tensão necessária para acender um LED varia de 1,8 a
3,1 V. De acordo com o projeto montado pela dupla, eles precisariam de um resistor de aproximada-
mente 450 Ω. Com esta informação, a dupla partiu para a loja de eletrônica da cidade para comprar
os resistores, ao chegar lá a gaveta que continha os resistores estava completamente bagunçada,
25 Impedância: pode ser definida como “resistência” total de um circuito de corrente alternada.
ELETRICIDADE - VOLUME I
128
possuindo resistores de diversas resistências em um mesmo local, impedindo que o vendedor esco-
lhesse o resistor correto. Mariana se ofereceu para procurar o resistor que desejava, pois conhecia o
código de cores. Mesmo o valor dos resistores não estando etiquetado, ela conseguiu identificar o
resistor adequado ao seu projeto.
Depois de efetuar a compra, Carlos e Mariana conseguiram completar seu projeto e apresentaram ao
professor Bruno, que se assustou com a proatividade dos alunos em construir um projeto aplicando
os conhecimentos abordados em sala sem que lhes fosse solicitado. Bruno, então, solicitou que os
alunos apresentassem o projeto para toda a classe para servir como incentivo para os colegas.
Esta situação nos mostra a importância de conhecer o fundamento daquilo que estudamos. Muitas
vezes não nos preocupamos em entender de onde vieram valores que nos foram apresentados, conheci-
mento este que foi fundamental para resolução do problema de Mariana e Carlos
Os circuitos elétricos podem ser classificados considerando como a ligação entre as cargas é estabele-
cida. Um circuito em série possui todas as cargas ligadas sequencialmente, de modo a estabelecer apenas
um caminho para a passagem da corrente elétrica, por isso é considerado um divisor de tensão. A apli-
cação do conceito de circuito em série pode ser vista na relação estabelecida entre uma lâmpada e um
interruptor, para a lâmpada acender é preciso que o interruptor feche o circuito e permita a circulação de
corrente. Observe a imagem a seguir mostrando resistores em série.
R1 R2 R3
7Ω 10 Ω 8Ω
V1
12 V
Na imagem anterior, você pode observar que o circuito representado contém três resistores: R1, R2 e R3,
ligados em série. Como estudamos anteriormente, a corrente elétrica só percorre um circuito fechado e,
por um circuito em série só possuir um caminho para passagem da corrente elétrica, isto cria uma relação
de dependência entre os resistores, se qualquer um dos três resistores for retirado do circuito não haverá
circulação de corrente elétrica.
7 Circuitos elétricos
129
Para saber se um circuito está em série, você deve observar os caminhos disponíveis para a corrente elé-
trica percorrer. Circuitos em série são caracterizados por oferecer apenas um trajeto para a corrente, após
identificada a série entre os resistores, podemos aplicar a fórmula do Req. Veja a seguir:
Req = R1 + R2 + R3
Req = 7 + 10 + 8
Com os valores substituídos, resta apenas operar os valores para encontrarmos a resistência equivalen-
te.
Req = 25Ω
Isto quer dizer que o circuito mostrado na figura “Circuito em série” pode ser substituído pelo circuito
simplificado a seguir.
Req
25 Ω
V
12 V
R3
R1
9Ω
9Ω
V
12 V
R2 R4
13Ω 15Ω
Após identificar a relação estabelecida entre os resistores, podemos aplicar a fórmula para cálculo da
resistência equivalente em série. Veja como o processo acontece.
1º Passo: escrever a fórmula considerando os quatro resistores, para isto usaremos a equação abaixo:
Req = R1 + R2 + R3 + R4
2º Passo: após montar a equação, vamos substituir, respectivamente, cada valor de resistor.
Req = 9 + 12 + 9 + 15
3º Passo: com os valores substituídos, resta apenas operar os valores para encontrarmos a resistência
equivalente.
Req = 45 Ω
R1
700 Ω
V1
400 V R2
1kΩ
R3
450 V
O circuito mostrado na imagem anterior traz os resistores com resistência em ohm (Ω) e quilo-ohm
(kΩ), por estarem representados em prefixos diferentes precisaremos fazer a conversão dos valores, como
temos apenas um resistor em quilo-ohm, iremos representá-lo em ohms, observe o processo a seguir:
1 kΩ = 1000 Ω
Req = R1 + R2 + R3
3º Passo: após montar a fórmula, vamos substituir, respectivamente, cada valor de resistor e efetuar a
soma.
Esse circuito pode ser representado possuindo apenas um resistor de 2150 Ω ligado à fonte de 400 V.
ELETRICIDADE - VOLUME I
132
FIQUE É fundamental que a unidade de medida de resistência elétrica, assim como de qual-
quer outra grandeza, seja representada ao lado do valor final para que o resultado do
ALERTA cálculo seja considerado correto.
Além da ligação de resistores em série ser possível, não é a única forma de ligação de cargas em um
circuito elétrico, a seguir vamos conhecer o circuito em paralelo.
Um circuito em paralelo possui todas as cargas ligadas à uma mesma tensão, de modo a estabelecer
vários caminhos para a passagem da corrente elétrica, por isso o circuito em paralelo é conhecido como
divisor de corrente. A criação de vários caminhos para a passagem da corrente elétrica cria uma relação
de independência entre as cargas diferente do que ocorre em circuitos em série, isto pode ser percebido
quando observamos as lâmpadas instaladas em nossas casas, as lâmpadas estão em paralelo e, por isso,
quando uma das lâmpadas da casa para de funcionar não afeta no funcionamento das demais. Observe a
imagem a seguir que representa o circuito em paralelo.
R1
10 Ω
R2
10 Ω
V1
400 V
Você pode observar na imagem anterior um circuito contendo dois resistores ligados em paralelo. Lem-
bra que vimos anteriormente que a corrente elétrica só percorre um circuito fechado, pois bem, o circuito
em paralelo possui vários caminhos para passagem da corrente elétrica, isto cria uma relação de indepen-
dência entre os resistores, caso algum dos resistores seja removido do circuito, ainda restará outro cami-
nho para a corrente percorrer.
7 Circuitos elétricos
133
O processo para resolução de circuitos em paralelo é o mesmo aplicado em circuitos em série, associar
os resistores do circuito para encontrar um resistor equivalente. Em um circuito em paralelo, o cálculo da
resistência equivalente é dado pela equação a seguir.
1 1 1 1 1 1
= + + + + ...
Req R1 R2 R3 R4 Rn
Onde:
Req é a resistência equivalente de todos os resistores presentes no circuito.
R1, R2, R3 e R4 são resistores do circuito.
Rn representa que o resultado dependerá do número de resistores presentes no circuito.
Esta equação é conhecida como fórmula geral para cálculo de associações em paralelo.
Aplicando esta equação no exemplo mostrado na figura anterior, teremos a seguinte fórmula:
1 1 1
= +
Req R1 R2
Substituindo os valores:
1 1 1
= +
Req 10 10
Por possuírem o mesmo denominador, não será necessário calcular o MMC, podemos efetuar a soma,
caso possua alguma dúvida em relação ao cálculo do MMC quando os denominadores forem diferentes,
volte ao capítulo matemática aplicada onde o processo foi explicado detalhadamente.
1 2
=
Req 10
Como já vimos no decorrer do nosso estudo, toda fração deve ser representada no seu estado irredutí-
vel, então, neste exemplo, podemos simplificar numerador e denominador. Veja o procedimento a seguir.
1 2÷2
=
Req 10÷2
1 1
=
Req 5
ELETRICIDADE - VOLUME I
134
Com a fração no estado irredutível, ainda temos um problema, o valor disponibilizado pela equação
não é o valor de Req e sim o inverso de Req, algo comum em função de como a fórmula está arrumada.
Para resolver esta situação iremos inverter os dois lados da equação, visando solucionar este problema e
manter a igualdade.
1 1 Req 5
Se = então =
Req 5 1 1
Req
5Ω
V1
400 V
Figura 71 - Circuito equivalente
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Para cálculo da associação em um circuito paralelo, existe uma fórmula que é bastante utilizada pois
evita o cálculo do mínimo múltiplo comum (MMC) que muitas vezes se faz necessário, contudo, o método
a seguir só pode ser utilizado considerando apenas dois resistores por vez, ou seja, em um circuito com
três resistores, esse método terá de ser aplicado duas vezes, e assim sucessivamente. Observe a equação
a seguir.
R1 . R2
Req =
R1 + R2
Onde:
Req é a resistência equivalente de todos os resistores presentes no circuito. R1, R2 são dois resistores
em paralelo do circuito.
Esta fórmula é comumente chamada de método prático para cálculo de associações em paralelo.
Vejamos a solução do “Circuito em paralelo”, agora aplicando o método prático. Observe.
10 . 10
Req =
10 + 10
7 Circuitos elétricos
135
100
Req =
20
Ao efetuar a divisão, veremos que o valor encontrado utilizando este arranjo que normalmente é cha-
mado de método prático é o mesmo valor obtido que utilizando a regra geral.
Req = 5 Ω
Existe ainda uma terceira fórmula que é conhecida como método para resolução de associações em
paralelo com resistores iguais, este método é aplicado para ganhar tempo e por realizar uma operação
mais simples, contudo, este método só pode ser utilizado quando o circuito possui resistências iguais em
paralelo. Observe a equação seguir.
R
Req =
n
Onde:
Req é a resistência equivalente de todos os resistores presentes no circuito.
R é o resistor que se repete no circuito.
n é o número de vezes que o resistor se repete.
Observe o “Circuito em paralelo” sendo resolvido pelo método para resistores iguais.
10
Req =
2
V1 R1 R1 R3
24 V 60 Ω 80 Ω 100 Ω
Para casos como este, com três resistores em paralelo, iremos utilizar o método prático, no qual os re-
sistores só podem ser associados dois a dois, para esta primeira associação consideraremos R1 e R2. Pela
necessidade de aplicar o método mais de uma vez, chamaremos o resistor equivalente à associação de R1
com R2 de RA.
R1 . R2
RA =
R1+ R2
RA = 34,29 Ω
V1 RA R2
24 V 34,29 Ω 100 Ω
Repetiremos a aplicação do método prático, como o novo circuito possui apenas dois resistores, o resul-
tado desta associação será igual à resistência equivalente de todo o circuito.
34,29 . 100
Req =
34,29 +100
34,29
Req =
134,29
Req = 25,53 Ω
Com o valor do Req em mãos, podemos representar o circuito contendo apenas um resistor.
V1 Req
24 V 25,53 Ω
48 V
R1
15 kΩ
R2
12 kΩ
R3
30 kΩ
R4
20 kΩ
Veja, a seguir, como ocorre o processo de resolução para esse tipo de circuito:
1º Passo: definir o método de resolução e, em seguida, montar a fórmula. Para este exemplo, utilizare-
mos a regra geral.
1 1 1 1 1
= + + +
Req R1 R2 R3 R4
1 1 1 1 1
= + + +
Req 15 12 30 20
7 Circuitos elétricos
139
3º Passo: por apresentar valores de denominador diferente, será necessário efetuar o cálculo do MMC,
observe:
Cálculo do MMC entre 12, 15, 20 e 30.
12,15,20,30 2
06,15,10,15 2
03,15,05,15 3
01,05,05,05 5
01,01,01,01
MMC=2 . 2 . 3 . 5 = 60
1 4 5 2 3
= + + +
Req 60 60 60 60
5º Passo: com os denominadores iguais, podemos efetuar a soma dos numeradores, observe:
1 14
=
Req 60
6º Passo: iremos simplificar a fração por 2, dividindo o numerador e o denominador da fração da direita
da equação para colocá-la na forma irredutível:
1 7
=
Req 30
7º Passo: para conseguirmos o valor do Req, será necessário inverter as frações dos dois lados da equa-
ção e, em seguida, efetuar a divisão.
Req 30
=
1 7
Req = 4,29 kΩ
ELETRICIDADE - VOLUME I
140
Como você já deve ter imaginado, em um circuito elétrico pode aparecer mais de uma forma de ligação
das cargas, quando isso ocorre o circuito recebe o nome de circuito misto, vamos conhecer mais um pouco
sobre esse circuito a partir de agora.
O circuito misto é um tipo de circuito elétrico composto por trechos que possuem resistores ligados
em série e trechos que possuem resistores em paralelo. A imagem a seguir ilustra um exemplo de circuito
misto.
R1
8Ω
V1 R3
12 V 15 Ω
R2
7Ω
No circuito mostrado anteriormente, é possível perceber que os resistores R1 e R2 estão em série, entre
eles existe uma relação de dependência, enquanto o ramo de R3 é independente, estando em paralelo
com R1 e R2. A imagem a seguir representa as correntes no circuito mostrado anteriormente, observe:
It
R1
8Ω
V1 R3
12 V I1 I2 15 Ω
R2
7Ω
Perceba como o circuito anterior ilustra bem a relação entre os resistores, observe que temos uma cor-
rente It que seria a corrente total do circuito, e ela se divide para passar pelos dois ramos, a corrente I1 que
passa por R1 será obrigada a passar por R2 configurando a relação em série, enquanto a corrente I2 inde-
pende do ramo de R1 e R2 configurando a relação de paralelo.
Vamos aprender, a seguir, como ocorre a resolução dos circuitos mistos.
O processo para resolução de circuitos mistos é o mesmo aplicado em circuitos em série e em paralelo,
associar os resistores do circuito para encontrar um resistor equivalente, contudo, para encontrar o valor
do Req será necessário identificar os trechos em série e os trechos em paralelo e aplicar a respectiva fórmu-
la para associação de cada um deles.
Vamos ver na prática como acontece? Para resolver o circuito mostrado na imagem “Circuito misto”,
primeiro iremos resolver a série entre R1 e R2, a quem chamaremos de RA, e o resultado será associado
com R3. É importante lembrar que não existe uma fórmula pronta ou uma receita de passos a seguir para
resolver circuitos mistos, é preciso observar o circuito e perceber a relação entre os resistores para poder
dar início ao cálculo.
Resolvendo a série entre R1 e R2 do circuito representado na imagem anterior, temos.
RA = R1 + R2
RA = 7 + 8
RA = 15 Ω
Com o valor equivalente de RA, podemos redesenhar o circuito para observar melhor a relação em
paralelo entre RA e R3. Observe:
V1 RA R3
12 V 15Ω 15Ω
Observe que, neste ponto do circuito, temos dois resistores iguais em paralelo, para resolução deste
passo utilizaremos o método para resistores iguais que foi apresentado anteriormente, veja:
R
Req =
n
15
Req =
2
Req = 7,5 Ω
V1 Req
12 V 7,5 Ω
A imagem anterior mostra o circuito equivalente, a simplificação dos três resistores originais, R1, R2 e
R3, expressos em função de um Req.
SAIBA Para ampliar seus conhecimentos sobre circuitos elétricos e ter acesso a exercícios
resolvidos, consulte: GUSSOW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed. Porto Alegre: Book-
MAIS man, 2009.
7 Circuitos elétricos
143
R1 R4
30 Ω 15 Ω
V1
24 V R2 R5 R6 = 60k Ω
30 Ω 20 Ω
R3
60 Ω
Reforço que não existe uma receita pronta para a solução de circuitos mistos, a resolução irá depender
sempre da análise da relação estabelecida entre os resistores. Para o tipo de circuito mostrado na figura
anterior, uma dica para resolução é começar a análise do ponto mais distante da fonte, nesse exemplo, cor-
responde à relação entre R6 e R5. Estes dois resistores estabelecem uma relação de paralelo, e o resultado
de sua associação é o que vamos chamar de RA, acompanhe o modelo matemático a seguir.
R5 . R6
RA =
R5 + R6
20 . 60
RA =
20 + 60
1200
RA =
80
RA = 15 Ω
Após a associação de R5 e R6, RA será estabelecido uma relação em série com R4, a esta associação
vamos dar o nome de RB.
RB = R4 + RA
RB = 15 + 15
RB = 30 Ω
ELETRICIDADE - VOLUME I
144
Perceba que o resistor RB estará em paralelo com R2, já que R2 e RB são resistores de 30 Ω podemos
utilizar o método para resistores iguais. A esta associação daremos o nome de RC. Veja o cálculo a seguir.
30
RC = = 15 Ω
2
Após a aplicação da equação, o circuito será reduzido a um circuito com três resistores em série, R1, RC
e R3. Observe o cálculo do Req a seguir.
Req = R1 + RC + R3
Req = 30 + 15+ 60
Req = 105 Ω
Os conceitos de circuitos em série, paralelo e misto serão fundamentais não só para continuar nossos
estudos como para a execução das suas atividades enquanto técnico.
7 Circuitos elétricos
145
RECAPITULANDO
Neste capítulo, aprendemos sobre os resistores fixos, como simbolizá-los em um circuito elétrico e o
código de cores que nos permite descobrir o valor aproximado da resistência de um resistor apenas
olhando as cores das faixas que ele possui. Além disto, vimos também os resistores que não pos-
suem resistência fixa, os ajustáveis que permitem o ajuste interno e os variáveis que oferecem um
mecanismo para variar a resistência.
Aprendemos também sobre os tipos de circuitos: em série, paralelo e misto; como identificar um
circuito em série, suas características e sua resolução. Foi possível observar que com uma mudança
na arrumação dos resistores do circuito em série é possível transformá-lo em um circuito em para-
lelo, vimos também que o circuito em paralelo apresenta múltiplos caminhos para passagem da
corrente. Ao contrário do em série que apresenta apenas um, o circuito em paralelo divide a corrente
elétrica enquanto o em série divide a tensão.
Por fim, estudamos os circuitos mistos que são circuitos que possuem trechos ligados em série e tre-
chos ligados em paralelo, vimos que para a solução de circuitos mistos é importante ter assimilado
o conhecimento sobre circuitos em série e em paralelo, pois é preciso primeiro identificar a relação
entre eles para depois poder resolvê-la. Todo conteúdo visto neste capítulo é de fundamental im-
portância para a progressão dos nossos estudos, então, caso ainda haja alguma dúvida, revise o
material estudado ou contate seu professor.
Princípios de leis e teoremas
Você sabe o que são leis? E teoremas? Segundo Michaelis (2016), um teorema é “Proposi-
ção demonstrada por um processo de dedução lógica de uma ou mais premissas.” Este é um
termo muito comum no meio científico, principalmente entre os matemáticos e expõe um
procedimento matemático que pode ser provado. Lei no sentido científico do conceito pode
ser definida como o conjunto de regras que define um fenômeno, a partir de uma lei é possível
deduzir antecipadamente o resultado de um fenômeno antes que ele aconteça.
Neste capítulo, estudaremos algumas leis e teoremas estabelecidos por pesquisadores ao
longo dos anos que nos permitem compreender de uma maneira melhor e mais fácil os fenô-
menos relacionados à eletricidade. Dentre as leis, as Leis de Ohm e de Kirchhoff compõem uma
parte fundamental do estudo e nos permitirão aprofundar as análises dos circuitos elétricos. A
imagem a seguir nos permite observar o comportamento da tensão elétrica em circuitos em
série e em paralelo através da luminosidade das lâmpadas, algo que será compreendido me-
lhor após estudarmos os conceitos de Kirchhoff.
Lâmpada
Lâmpada Lâmpada
Lâmpada
12V 12V
Ainda neste capítulo, estudaremos os métodos para resolução de circuitos elétricos com múltiplas fon-
tes, dentre eles o teorema da superposição, o método de Maxwell e a aplicação direta das leis de Kirchhoff.
Além destes conteúdos, a ponte de Wheatstone também será um dos temas de estudo deste capítulo.
Como vimos no capítulo Fundamentos da eletricidade, George Simon Ohm foi um pesquisador que
dedicou parte de sua vida a estudar sobre a eletricidade, o resultado destes estudos é o que conhecemos
hoje como primeira e segunda Lei de Ohm, que serão tratadas nas seções a seguir.
A primeira Lei de Ohm relaciona as três grandezas fundamentais de um circuito elétrico, tensão, corren-
te e resistência elétrica. A lei foi estabelecida a partir de um experimento realizado por Ohm. Ele montou
um circuito contendo uma fonte de tensão e um material. Ele repetiu o experimento variando a tensão
do circuito e percebeu que essa variação também provocava uma variação na corrente elétrica. Apesar da
mudança de valores de tensão e corrente elétrica, a razão (divisão) entre eles apresentou o mesmo valor,
ou seja, em seu experimento a resistência do material se mantinha constante.
Você pode observar na fórmula a seguir:
V = R.I
Onde:
V é a tensão elétrica em Volts.
R é a resistência elétrica em Ohms.
I é a corrente elétrica em Ampères.
R2 R3
14 Ω 16 Ω
R1 R5
12 Ω 6Ω
R4
50 Ω
V1
48 V
Figura 82 - Circuito com cinco resistores
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
8 Princípios de leis e teoremas
149
A imagem anterior nos mostra um circuito misto contendo cinco resistores alimentados por uma fonte
de 48 V que utilizaremos para calcular a corrente total. Observe o passo a passo a seguir:
1º Passo: calcular a resistência equivalente do circuito. Os resistores R2 e R3 estão em série, chamare-
mos a associação de ambos de RA.
RA = R2 + R3
RA = 14 + 16 = 30 Ω
Após calcular RA, este novo resistor estabelece uma ligação em paralelo com R4, chamaremos de RB a
associação em paralelo de RA e R4. Observe:
RA . R4
RB =
RA + R4
30 . 50
RB =
30+50
RB = 18,75 Ω
Com o valor de RB, podemos calcular a resistência equivalente do circuito, que é um circuito em série
contendo R1, RB e R5, veja o cálculo a seguir.
Req = R1 + RB + R5
Req = 12 + 18,75 + 6
Req = 36,75 Ω
2º Passo: calcular a corrente total do circuito. Com o valor da resistência equivalente, podemos agora
aplicar a primeira Lei de Ohm para calcular a corrente do circuito.
V = R.I
Para o cálculo da corrente, precisaremos arrumar a equação disposta acima, de modo a deixar a corren-
te elétrica em evidência. Matematicamente temos:
V
I =
R
Com a equação arrumada, substituímos os valores de tensão e resistência e calculamos a corrente total
do circuito.
48
I =
36,75
I = 1, 31 A
ELETRICIDADE - VOLUME I
150
Vamos ver, a seguir, um exemplo em que o valor da corrente é conhecido e o da tensão não. O cálculo
será muito parecido com o visto anteriormente, observe:
It R1 R5
7Ω 5Ω
1,5 A
V1 R2 R4 R6
30 Ω 30 Ω 25 Ω
R3
5Ω
Assim como o circuito do exemplo anterior, teremos que calcular a Req para, em seguida, aplicar a pri-
meira Lei de Ohm.
Chamaremos de RA a associação de R5 e R6 em série. Observe, a seguir, o cálculo:
RA = R5 + R6
RA = 5 + 25 = 30 Ω
O resistor equivalente RA possui resistência igual a 30 Ω, que é igual à resistência do resistor R4, resistor
com quem estabelece uma relação em paralelo, isto permitirá o cálculo utilizando o método para resisto-
res com resistência igual, chamaremos essa associação entre RA, R2 e R4 de RB.
R 30
RB = = = 10 Ω
n 3
Req = R1+ RB + R3
Req = 7 + 10 + 5
Req = 22 Ω
Com o valor da resistência equivalente, é possível aplicar a primeira Lei de Ohm para calcular a tensão
do circuito.
V=R.I
V = 22 .1,5
V = 33 V
8 Princípios de leis e teoremas
151
Ohm também deixou uma grande contribuição no que diz respeito a condutores. A resistência que
um condutor oferece à passagem da corrente elétrica é proporcional ao seu comprimento. Nos exem-
plos apresentados até aqui, essa resistência foi desprezada pois o comprimento dos circuitos estudados é
pequeno, por volta de alguns centímetros. Contudo, ao trabalhar com circuito com comprimento maior,
como acontece em circuitos residenciais e industriais, o comprimento do condutor vai fazer com que o
valor da resistência aumente compondo uma etapa importante do processo de cálculo. A segunda Lei de
Ohm possibilita o cálculo da resistência do condutor. Veja como o processo funciona a seguir.
A segunda Lei de Ohm nos permite calcular a resistência em um condutor homogêneo26 e de seção
transversal constante, saber a resistência de um condutor é fundamental para circuitos que possuem gran-
des extensões, pois quanto maior o comprimento maior será a resistência do cabo e, consequentemente,
a queda de tensão. Observe a fórmula da segunda Lei de Ohm a seguir.
L
R = ρ.
S
Onde:
R é a resistência elétrica do condutor;
ρ é a resistividade do material do qual é feito o condutor;
L é o comprimento do condutor;
S é a área da seção transversal do condutor.
Ohm concluiu que o comprimento de um condutor é diretamente proporcional à sua resistência, en-
quanto a área de seção transversal é inversamente proporcional à resistência. Em resumo, quanto maior
for o comprimento do condutor maior será a resistência, e quanto maior for a quantidade de material con-
dutor (e, consequentemente, a área da seção transversal) menor será a resistência. A imagem a seguir nos
mostra um condutor de cobre destacando duas informações importantes para o estudo da segunda Lei de
Ohm, o comprimento e a seção transversal.
Seção transversal
Seção
transversal
Comprimento
(Ωmm
m ) A 20 ºC
2
MATERIAL RESISTIVIDADE ρ
Alumínio 0,0278
Bronze 0,067
Cobre 0,0173
Constantan 0,5
Chumbo 0,21
Estanho 0,1195
Ferro 0,121
Grafite 13
Latão 0,067
Manganina 0,48
Mercúrio 0,96
Níquel-Cromo 1,1
Níquel 0,078
Ouro 0,024
Prata 0,0158
Platina 0,106
Tungstênio 0,05
Zinco 0,0615
A tabela anterior nos mostra a resistividade de vários materiais a 20 ºC. Como estudamos anteriormente
a mudança de temperatura afeta diretamente a resistividade. A relação entre resistividade e temperatura
varia de acordo com o material, não possuindo um padrão, apesar disso, a maioria dos metais tendem a au-
mentar a resistência à medida que a temperatura aumenta. Isso ocorre porque o aumento da temperatura
provoca um aumento na agitação das partículas que compõem o material, contudo, para que seja notada
uma pequena variação na resistência elétrica, é necessário um grande aumento na temperatura.
A manganina e o constantan, mostrados na tabela anterior, são ligas de manganês e cobre, que pratica-
mente não apresentam variação da resistência elétrica mesmo com o aumento da temperatura e, por isso,
são bastante aplicadas na fabricação de resistores.
Observe um exemplo de aplicação da segunda Lei de Ohm.
Exemplo: Cálculo da resistência de um condutor de cobre.
Um fio de cobre de área igual a 1,5 mm² possui 50 metros de comprimento, sabendo que a resistividade
(
do cobre a 20 ºC é igual a 0,0173 Ωmm² , calcule a resistência elétrica do condutor em ohms.
(
m
Para solucionarmos este tipo de questão, precisamos da resistividade ρ, comprimento do condutor e da
área da seção do condutor que nos foi apresentado no enunciado da questão.
Observe como se faz o cálculo substituindo os dados informados na fórmula:
L
R = ρ.
S
50
R = 0,0173 .
1,5
R = 0,58 Ω
O valor encontrado acima representa a resistência que o condutor oferece à passagem de uma corrente
elétrica, se além disso soubermos o valor da corrente que percorre ou irá percorrer este condutor, pode-se
calcular a queda de tensão provocada pelo cabo. Suponhamos que o cabo será usado para conduzir uma
corrente de 7,5 A, aplicando a primeira Lei de Ohm, a queda de tensão pode ser calculada, veja o procedi-
mento a seguir.
V = R.I
V = 0,58 . 7,5 = 4,35 V
O valor obtido na operação anterior nos mostra a queda de tensão no circuito provocada pela resistên-
cia do cabo.
ELETRICIDADE - VOLUME I
154
CASOS E RELATOS
Um problema no projeto
Jhadson e Natália são técnicos em eletrotécnica e trabalham no setor de projetos sob a supervisão
de Anastácia, engenheira eletricista da empresa Suro Projetos Elétricos, uma empresa com sede em
Recife, no estado de Pernambuco, do ramo de projetos elétricos prediais e industriais que está no
mercado há sete anos promovendo segurança e conforto aos clientes.
A equipe de Anastácia está desenvolvendo um projeto de levar energia elétrica para uma residên-
cia situada na zona rural. Durante a revisão do projeto, surgiu um problema. Ao observar a planta
fornecida pelo cliente, Jhadson percebeu que existe uma distância de 500 m entre a porteira (ponto
de chegada da energia elétrica) e a casa (local efetivo de consumo). Uma distância desta magnitude
dificulta bastante os planos, pois, baseado na segunda lei de Ohm, o comprimento é proporcional à
resistência do condutor e, consequentemente, à queda de tensão provocada no sistema.
Após tomar conhecimento do problema exposto por Jhadson, Anastácia reuniu a equipe e sugeriu
que fizessem uma revisão nos cálculos do condutor principal, para reduzir a queda de tensão. Ob-
servando a equação da segunda lei de Ohm, Natália percebeu que apenas duas variáveis poderiam
ser modificadas, a resistividade que é referente ao material e a área da seção; percebeu também que
mudar o material pouco influenciaria no resultado final, além de elevar muito o custo do projeto,
pois já estavam utilizando alumínio. Logo, concluiu que a solução seria aumentar a área de seção
transversal do condutor. O aumento da área da seção transversal do condutor provocou uma redu-
ção na queda de tensão, o que viabilizou a execução do projeto mesmo com a longa distância da
instalação elétrica.
A história contada anteriormente nos mostra uma aplicação prática da segunda Lei de Ohm, a proble-
mática fez com que os indivíduos observassem o comportamento da equação conforme a variação dos
dados para resolução do problema.
Retomando os estudos dos circuitos de pequeno comprimento, estudaremos, a seguir, um outro pes-
quisador, Kirchhoff, ele estabeleceu duas leis, trazendo uma grande contribuição para a área.
8 Princípios de leis e teoremas
155
O alemão Gustav Robert Kirchhoff desenvolveu duas leis voltadas à eletricidade, a primeira lei conheci-
da como: LKC ou Lei de Kirchhoff das correntes e a segunda lei: LKT, Lei de Kirchhoff das tensões, tais leis
nos ajudam a compreender o comportamento da tensão e da corrente elétrica em um circuito elétrico.
Conhecida também como Lei dos nós ou ainda LKC, explica o comportamento da corrente elétrica em
um circuito elétrico e pode ser descrita com a seguinte afirmação: a soma das correntes em um nó27 é igual
a zero, ou seja, o valor de corrente que “entra” em um nó é igual à corrente que sai do nó.
lt la
R1 R4
1,440 A 0,480 A
2Ω 10Ω
Nó lb
V1
12 V
0,960 A
R2
5Ω
R3
3Ω
Figura 85 - As correntes no nó
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Na imagem anterior, temos um circuito misto com quatro resistores e três amperímetros, cada um deles
indicando um valor, a corrente It, que é a corrente total do circuito, é medida pelo amperímetro instalado
antes do resistor R1, e que exibe o valor de corrente igual a 1,44 A, este mesmo valor é obtido se somarmos
as correntes Ia e Ib, que possuem os valores de 0,48 A e 0,96 A, respectivamente. Matematicamente, temos:
Ia + Ib = It
0,48 + 0,96 = It
1,44 A = It
Você percebeu que a corrente que passa por R2 (Ib) é o dobro da corrente que passa por R4 (Ia)? Isso
acontece porque o valor da resistência de R2 é metade da resistência de R4. A seguir, aprenderemos mais
sobre o comportamento da tensão elétrica com a segunda Lei de Kirchhoff.
Conhecida também como lei das malhas28 ou ainda LKT, explica o comportamento da tensão elétrica
no circuito elétrico e pode ser descrita com a seguinte afirmação: o somatório de tensões em uma malha é
igual a zero, ou seja, a soma algébrica das tensões e a soma das quedas de tensão são iguais.
- +
v 2,400
R1
2 kΩ
(Vf ) R2 - +
5 kΩ v 6,000
12 V
R3
3 kΩ
- +
v 3,600
Na imagem anterior, temos um circuito em série com três resistores e se somarmos as tensões em cada
resistor (quedas de tensão), teremos:
VR1+ VR2+VR3
2,4 + 6 + 3,6 = 12 V
A soma das quedas de tensão é igual a 12 V, que é a mesma tensão da fonte, se subtrairmos os valores
das quedas de tensão da tensão da fonte teremos um valor resultante igual a zero.
A partir da aplicação dos conceitos fundamentados por Kirchhoff em circuitos elétricos, podemos des-
tacar algumas informações sobre o comportamento da tensão e corrente elétrica que você verá na seção
a seguir.
Aplicando os conceitos das leis de Kirchhoff em circuitos em série podemos concluir que:
a) Por possuir apenas um caminho fechado, a corrente elétrica sempre irá apresentar o mesmo va-
lor;
b) Por possuir elementos ligados sequencialmente, a tensão se divide proporcionalmente à resis-
tência elétrica do dispositivo, de modo que se somarmos todas as quedas de tensão ao longo do
circuito teremos o valor da tensão total.
Aplicando os conceitos das leis de Kirchhoff em circuitos em paralelo podemos concluir que:
a) Por não apresentar elementos em série para dividir a tensão em paralelo, a tensão elétrica sem-
pre irá apresentar o mesmo valor;
b) Por apresentar vários caminhos, a corrente elétrica em paralelo se divide, de modo a passar a
maior parcela de corrente no ramo de menor resistência elétrica.
FIQUE É preciso ter cuidado ao ligar e desligar circuitos elétricos, pois a corrente elétrica
sempre procura o caminho mais fácil que pode vir a ser o corpo humano, fazendo
ALERTA com que você tome um choque elétrico.
A partir das conclusões expostas anteriormente, podemos extrair ainda mais informações de um circui-
to elétrico, como, por exemplo, a intensidade da corrente elétrica que passa por cada resistor do circuito. A
imagem a seguir mostra um circuito contendo cinco resistores, a partir dos quais iremos calcular a corrente
que percorre cada resistor. Veja essa aplicação a seguir.
ELETRICIDADE - VOLUME I
158
R1
8Ω
V1 R2
30 V 6Ω
R3
10 Ω
R4 R5
15 Ω 15 Ω
Figura 87 - Circuito misto 2
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Para que seja possível calcular a corrente em cada resistor de um circuito, é preciso ter um ponto de par-
tida, este valor na maioria dos casos será a corrente total, que pode ser calculada pela aplicação da primeira
Lei de Ohm. Observe como ocorre o cálculo do circuito mostrado anteriormente.
Analisando o circuito, podemos perceber que os resistores R4 e R5 estão em série, a associação entre
eles chamaremos de RA. Observe:
RA = R4 + R5
RA = 15 + 15 = 30 Ω
Com o valor de RA disponível, temos o circuito com dois ramos em paralelo, um contendo R3 e o outro
com RA, esta associação em paralelo chamaremos de RB.
RA . R3
RB =
RA + R3
30 . 10
RB = = 7,5 Ω
30 + 10
Com o valor de RB, o circuito pode ser expresso como um circuito em série formado por três resistores,
observe:
Req = R1 + R2 + RB
Req = 8 + 6 + 7,5 = 21,5 Ω
8 Princípios de leis e teoremas
159
Com o valor da Req, podemos calcular a corrente total através da primeira Lei de Ohm e as Leis de
Kirchhoff.
30
It = = 1,40 A
21,5
Com o valor da corrente total, podemos analisar as correntes em cada ponto do circuito. Os resistores
R1 e R2 estão em série, não possuindo outro caminho para a passagem da corrente, o que faz com que a
corrente total (1,40 A) passe por eles. Continuando a análise do circuito mostrado anteriormente, encon-
tramos um nó onde a corrente irá se dividir: Uma parcela da corrente irá passar pelo resistor R3 e a outra
por R4 e R5 que estão em série. Observe o procedimento para cálculo dessas correntes a seguir.
A associação dos resistores R3, R4 e R5 chamamos de RB durante o processo de cálculo de resistência.
Iremos agora calcular a tensão desse ponto para que, em seguida, possamos calcular a corrente de cada
ramo, veja:
VB = 1,40 . 7,5
VB = 10,5 V
10,5
IR3 = = 1,05 A
10
10,5
IRA = IR4 = IR5 = = 0,35 A
30
Com estas informações, é possível organizar todas as correntes conhecidas, observe, a seguir, a imagem
mostrando o percurso da corrente elétrica no circuito:
R1 It
8Ω
V1 It
R2
30 V 6Ω
It
IR3 R3
10 Ω
IRA
R4 R5
15 Ω 15 Ω
Figura 88 - Circuito misto, corrente nos resistores
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
ELETRICIDADE - VOLUME I
160
IR1 = 1,4 A
IR2 = 1,4 A
IR3 = 1,05 A
IR4 = 0,35 A
IR5 = 0,35 A
Os circuitos que estudamos até aqui são circuitos que contêm apenas uma fonte de tensão, porém, é
possível haver circuitos com múltiplas fontes de tensão, para resolver tais circuitos é preciso usar estraté-
gias diferentes das que aprendemos até aqui, que veremos no decorrer do nosso estudo.
Circuitos de múltiplas fontes são circuitos que contêm mais de uma fonte de tensão ou corrente, ao ob-
servar o circuito a seguir, percebe-se a existência de duas fontes de tensão: V1 e V2, o processo de resolu-
ção deste tipo de circuito é diferente dos que vimos até aqui, pois a relação entre os resistores depende da
fonte de tensão que estamos observando. Para resolução deste tipo de circuito, estudaremos três métodos
baseados nas Leis de Kirchhoff para resolução:
a) Aplicação direta das Leis de Kirchhoff
A resolução de um circuito de múltiplas fontes por aplicação direta das Leis de Kirchhoff consiste em
criar uma equação para cada malha do circuito, construída a partir da lei das malhas e uma equação para
as correntes em um nó do circuito a partir da lei dos nós. O sentido das correntes será indicado através de
setas, as correntes que “entram” no nó serão consideradas positivas, as correntes que “saem” do nó serão
consideradas negativas. A resolução deste sistema de equações permitirá conhecer as correntes em cada
resistor do circuito. O processo será detalhado a partir do exemplo disponibilizado a seguir;
b) O método de Maxwell
O método de Maxwell ou método das correntes fictícias consiste em aplicar a lei das malhas em cada
malha do circuito, montando assim um sistema de equações, a resolução deste sistema permitirá conhecer
as correntes que circulam nas malhas e, consequentemente, nos resistores. Este método é uma simplifica-
ção do método apresentado anteriormente;
c) O teorema da superposição
Este método consiste em resolver o circuito considerando apenas uma fonte por vez, as fontes de ten-
são não consideradas devem ser representadas como curtos-circuitos e as fontes de corrente como um
trecho aberto. Após calcular os valores de corrente gerados por cada fonte, será necessário superpor os
8 Princípios de leis e teoremas
161
efeitos. A superposição acontece levando em consideração os sentidos mostrados pelas setas, que indi-
cam o percurso da corrente em cada circuito, correntes no mesmo sentido serão somadas, em sentidos
opostos serão subtraídas. O exemplo a seguir apresenta um circuito com duas fontes de tensão. Ao optar
pela resolução pelo método da superposição, este circuito dará origem a dois outros, cada um contendo
apenas uma fonte enquanto a outra é substituída por um curto-circuito.
R1 R4
20Ω 60Ω
V1 V2
8V
R3
30Ω
Circuito original R2 R5
R1 R4 50Ω 10Ω
20Ω 60Ω
Circuito considerando V1
V1 V2
6V
8V
R1 R4
R3
30Ω
20Ω 60Ω
R2 R5
V2
50Ω 10Ω 6V
R3
30Ω
R2 R5
50Ω 10Ω
Circuito considerando V2
Figura 89 - Circuitos do teorema da superposição
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
A imagem a seguir nos mostra um circuito de múltiplas fontes, neste caso, duas: V1 e V2. O circuito con-
tém cinco resistores e será utilizado para a demonstração dos três métodos citados anteriormente.
R1 R4
20Ω 7Ω
V1 R2 V2
40V 5Ω 24V
R3 R5
6Ω 15Ω
Todos os métodos permitem a resolução do circuito, contudo, cada um possui suas particularidades, o
método da superposição utiliza operações mais simples, em contrapartida, demanda mais tempo. O méto-
do de Maxwell e a aplicação direta das leis permitem uma resolução mais rápida, mas exigem a resolução
de um sistema de equações.
Veja, a seguir, a resolução por cada método do exemplo mostrado anteriormente.
Antes de qualquer cálculo, iremos destacar as malhas e a situação das correntes em um dos nós, obser-
ve:
Nó
R1 la lb R4
20Ω 7Ω
lc
V1 R2 V2
40V Malha 1 5Ω Malha 2 24V
R3 la lb R5
6Ω 15Ω
Figura 91 - Circuito de duas fontes: malhas e nó
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
É importante lembrar que o sentido adotado para a corrente é um sentido arbitrário, que pode ou
não corresponder ao sentido real da corrente. Caso ao fim do cálculo encontremos um valor de corrente
negativo, precisaremos inverter o sentido da corrente. Para a solução deste circuito mostrado na imagem
anterior, é necessário elaborar três equações, uma equação para o nó estudado e uma para cada malha.
Observe:
1º Passo: montagem da equação do nó estudado. As correntes Ia e Ib estão “entrando” no nó e, por
isso, serão consideradas como positivas, enquanto a corrente Ic está “saindo” do nó, desta forma, teremos
matematicamente:
Ia+Ib = Ic
8 Princípios de leis e teoremas
163
2º Passo: montagem da equação da malha 1. Para isto, iremos calcular a tensão em cada resistor pela
primeira Lei de Ohm V = R x I e igualar a tensão da fonte, observe:
3º Passo: montagem da equação da malha 2. Assim como para a malha 1, utilizaremos a lei das malhas
para montar a equação da malha 2, observe:
4º Passo: organizar o sistema de equações. Neste exemplo, temos um sistema de equações com três
variáveis e três equações, que pode ser resolvido por qualquer um dos métodos (substituição, regra de
Crammer) estudados no capítulo matemática aplicada.
{
Ia + Ib -Ic = 0
26Ia + 0Ib + 5Ic = 40
0Ia + 22 Ib + 5Ic = 24
5º Passo: resolver o sistema de equações. Para este exemplo, utilizaremos o método de Crammer. Ob-
serve, a seguir, o cálculo da determinante principal.
1 1 -1
26 0 5
0 22 5
Detp = -812
6º Passo: substituir a coluna Ia pela coluna dos termos independentes (números sem as variáveis Ia, Ib
e Ic) e efetuar o cálculo da determinante.
0 1 -1
40 0 5
24 22 5
DetIa = -960
ELETRICIDADE - VOLUME I
164
7º Passo: a partir da matriz original mostrada no quinto passo, substituir a coluna Ib pela coluna dos
termos independentes e efetuar o cálculo da determinante.
1 0 -1
26 40 5
0 24 5
DetIb = -544
8º Passo: a partir da matriz original mostrada no quinto passo, substituir a coluna Ic pela coluna dos
termos independentes e efetuar o cálculo da determinante.
1 1 0
26 0 40
0 22 24
DetIc = -1504
9º Passo: calcular as correntes Ia, Ib e Ic. Com os valores das quatro determinantes, é possível calcular o
valor de cada corrente. Veja o procedimento a seguir.
Com os valores das correntes, podemos substituir o valor de cada resistor. Fazendo uma análise da figu-
ra circuito com duas fontes, a corrente Ia passa pelos resistores R1 e R3, a corrente Ib passa pelos resistores
R4 e R5, e a corrente Ic passa apenas pelo resistor R2.
Os valores de corrente em cada resistor concluem a resolução do exemplo, veja, a seguir, o mesmo
exemplo resolvido pelo método de Maxwell.
O método de Maxwell consiste em montar apenas as equações das malhas para posterior resolução.
Observe a seguir a resolução comentada do circuito mostrado na figura circuito com duas fontes pelo
método de Maxwell.
O circuito a seguir contém duas malhas, a malha da esquerda será a malha de Ia, enquanto a malha da
direita será a malha de Ib, o sentido da corrente será considerado saindo do polo positivo da fonte e che-
gando no polo negativo, deste modo, quando a seta que indica a corrente “entrar” no terminal negativo da
fonte (traço menor), será considerado o valor da tensão negativo na equação. O mesmo ocorre para quan-
do a corrente “entrar” no terminal positivo da fonte (traço maior). A imagem a seguir mostra as correntes
Ia e Ib em suas respectivas malhas, observe:
R1 R4
20Ω 7Ω
V1 R2 V2
40V 5Ω 24V
la lb
R3 R5
6Ω 15Ω
Figura 92 - Correntes das malhas do circuito de duas fontes
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
la lb
R2
5Ω
Diferente de todos os outros resistores do circuito, R2 está presente nas duas malhas (Ia e Ib), observe
que as correntes que passam por ele estão no mesmo sentido (para baixo), as correntes que passam neste
resistor serão somadas. Caso estivessem em sentidos diferentes (uma para cima e outra para baixo), a ope-
ração entre elas seria de subtração, a corrente principal da malha subtraída da corrente da malha vizinha.
A equação da malha de Ia ficará desta forma:
2º Passo: montagem da equação da malha de Ib. Assim como para a malha de Ia, utilizaremos a lei das
malhas para montar a equação da malha 2, observe:
3º Passo: organizar o sistema de equações, neste exemplo, temos duas equações e duas variáveis. Ob-
serve a seguir.
{
31Ia + 5Ib = 40
5Ia + 27Ib = 24
4º Passo: solução do sistema de equações. Temos novamente um sistema de equações, neste caso es-
pecífico, um sistema mais simples, utilizaremos o método de Crammer para resolução desse sistema, caso
surja alguma dúvida recorra à explicação detalhada no capítulo Matemática aplicada.
Ao aplicar o método de Crammer, teremos estas três determinantes:
8 Princípios de leis e teoremas
167
Detp =812
DetIa =960
DetIb =544
Com as determinantes, podemos calcular o valor de cada corrente.
960 -544
Ia = Ib =
812 Ia = 1,18 A -812 Ib = 0,67 A
Com os valores das correntes, podemos substituir o valor de cada resistor. Fazendo uma análise da figu-
ra circuito com duas fontes, a corrente Ia passa pelos resistores R1 e R3, a corrente Ib passa pelos resistores
R4 e R5 e a corrente que passa por R2 é a soma de Ia e Ib. Observe, a seguir, os valores de corrente em cada
resistor.
Ir1 = 1,18 A
Ir2 = 1,18 + 0,67 = 1,85 A
Ir3 = 1,18 A
Ir4 = 0,67 A
Ir5 = 0,67 A
Observe a seguir o circuito mostrado na figura circuito com duas fontes resolvido pelo método da su-
perposição. Por possuir duas fontes, este circuito dará origem a dois novos circuitos, a imagem nos mostra
o circuito considerando a fonte V1.
R1 R4
20Ω 7Ω
V1 R2
40V 5Ω
R3 R5
6Ω 15Ω
A fonte de tensão V2 foi substituída por um curto-circuito, enquanto a fonte V1 permanece inalterada
assim como os resistores. Acompanhe a resolução.
1º Passo: calcular a resistência equivalente (Req) do circuito. Para encontrarmos os valores de corrente,
será necessário, antes, calcular a resistência equivalente do circuito, veja o procedimento a seguir.
RA = R4 + R5
RA = 7 + 15 = 22 Ω
RA . R2
RB =
RA + R2
22 . 5
RB = = 4,07 Ω
22 + 5
Req = R1 + RB + R3
Req = 20 + 4,07+ 6 = 30,07 Ω
2º Passo: calcular o valor da corrente total. Com o valor da Req, podemos calcular a corrente total utili-
zando a primeira Lei de Ohm.
40
It = = 1,33 A
30,07
3º Passo: calcular a corrente que passa em cada resistor. Com o valor da corrente total, podemos des-
cobrir as correntes que percorrem cada resistor do circuito. A corrente total é a corrente que passa por R1
e R3, com este valor também podemos calcular VB e, consequentemente, a corrente nos demais resistores,
confira a seguir.
VB = 1,33 . 4,07
VB = 5,41 V
5,41
IR2 = = 1,08 A
5
5,41
IRA = IR4 = IR5 = = 0,25 A
22
8 Princípios de leis e teoremas
169
4º Passo: indicar o sentido da corrente em cada resistor. Para superpor os efeitos da corrente, é preciso
saber o seu sentido que é mostrado pelas setas e indicar o percurso percorrido pela corrente no circuito.
Observe a imagem a seguir e veja o sentido das correntes em cada resistor.
It IRA
R1 R4
20Ω 7Ω
+
V1 R2
40V IR2
- 5Ω
It IRA
R3 R5
6Ω 15Ω
Considerando o sentindo convencional da corrente, ela inicia o percurso saindo do polo positivo (traço
maior) da fonte e conclui no negativo (traço menor). Confira, a seguir, as correntes em cada resistor e o
respectivo sentido indicado pela seta.
IR1= 1,33 A
IR2= 1,08 A
IR3= 1,33 A
IR4= 0,25 A
IR5= 0,25 A
ELETRICIDADE - VOLUME I
170
5º Passo: representar o circuito considerando a fonte de tensão V2 e substituir a fonte V1 por um curto-
-circuito. Veja a imagem:
R1 R4
20Ω 7Ω
R2 V2
5Ω 24V
R3 R5
6Ω 15Ω
6º Passo: calcular a resistência equivalente do novo circuito. O processo para resolução será o mesmo
aplicado no circuito anterior, será feito o cálculo da resistência equivalente do circuito e em seguida da
corrente, lembrando que analisar o circuito por outra fonte muda a relação entre os resistores. Veja o pro-
cedimento a seguir.
RA = R1 + R3
RA = 20 + 6 = 26 Ω
RA . R2
RB =
RA + R2
26 . 5
RB = = 4,19 Ω
26 + 5
Req = R4 + RB + R5
Req = 7 + 4,19 + 15 = 26,19 Ω
8 Princípios de leis e teoremas
171
7º Passo: calcular a corrente total a partir da resistência equivalente. Com o valor da Req, é possível
calcular a corrente total utilizando a primeira Lei de Ohm, veja o cálculo:
24
It = = 0,92 A
26,19
8º Passo: calcular a corrente em cada resistor. A corrente total é a corrente que passa por R4 e R5, com
este valor também é possível calcular VB e, consequentemente, a corrente nos demais resistores, confira o
procedimento a seguir.
VB = 0,92 . 4,19
VB = 3,85 V
3,85
IR2 = = 0,77 A
5
3,85
IRA = IR1 = IR3 = = 0,15 A
26
9º Passo: indicar o sentido da corrente em cada resistor. Para superpor os efeitos da corrente, é preciso
saber o sentido da corrente, como já mostrado no método de Maxwell, o sentido será fundamental para
o cálculo da corrente final. Observe, a seguir, a imagem com as setas mostrando o sentido da corrente em
cada resistor.
IRA It
R1 R4
20Ω 7Ω
IR2 R2 + V2
5Ω - 24V
IRA It
R3 R5
6Ω 15Ω
Considerando o sentindo convencional da corrente, ela inicia o percurso saindo do polo positivo (traço
maior) da fonte e conclui no negativo (traço menor). Confira, a seguir, as correntes com a seta indicando o
sentido.
IR1 = 0,15 A
IR2 = 0,77 A
IR3 = 0,15 A
IR4 = 0,92 A
IR5 = 0,92 A
Com os valores e sentido de cada corrente disponíveis, é possível calcular a corrente resultante, lem-
brando sempre que os valores de corrente no mesmo sentido serão somados, e os valores de corrente em
sentidos contrários serão subtraídos.
Se você observar os cálculos realizados para a solução de um circuito de múltiplas fontes, é fácil per-
ceber a complexidade do circuito, bem como o processo de resolução aumenta. Foi pensando nessa di-
ficuldade que Léon Charles Thévenin desenvolveu um método que permite substituir qualquer circuito
elétrico por um circuito mais simples. Este método ficou conhecido como teorema de Thévenin, vamos
conhecê-lo?
O teorema estabelece que qualquer circuito fechado, contendo fontes e resistores, pode ser analisado
de dois pontos quaisquer e substituído por um circuito equivalente contendo uma fonte de tensão e um
resistor em série. A tensão da fonte é chamada de tensão equivalente de Thévenin (Vth) e a resistência em
série, resistência de Thévenin (Rth). Veja, a seguir, uma ilustração do procedimento.
A
A RTh
Circuito contendo
várias fontes e VTh
resistores
B
B
R1 R4
10Ω 4Ω
A
V1 V2
12V R3 40V
7Ω
B
R2
5Ω
Observando o circuito da imagem anterior, vamos analisar o trecho entre o ponto “A” e “B” que contém
o resistor R3, iremos retirá-lo do circuito (abrir o circuito) e calcular a tensão neste ponto, observe a seguir.
R1 R4
10Ω 4Ω
V1 I +
V2
12V VTh 40V
-
R2
5Ω
Para calcular a tensão de Thévenin, antes será necessário calcular uma corrente I. Para realizar este cál-
culo com o circuito aberto, arbitramos um sentido de corrente, caso o valor final da corrente seja negativo,
devemos inverter o sentido da seta, caso seja positivo, confirma o sentido adotado. O processo é o mesmo
do método de Maxwell, se a corrente “entra” no polo positivo (traço maior) da fonte, o valor na equação
será positivo, se “entrar” no polo negativo, o valor será negativo. Observe o cálculo a seguir.
8 Princípios de leis e teoremas
175
5I - 40 + 4I + 10I + 12 = 0
19I - 28 = 0
19I = 28
28
I = = 1,473 A
19
Neste caso, como o valor da corrente foi positivo, confirma-se o sentido adotado. Com este valor de
corrente, pode-se calcular Vth; pelo ponto estudado ser um ponto que pertence a duas malhas (direita e
esquerda), é possível utilizar qualquer uma das duas para calcular o Vth. Observe, a seguir, o cálculo do
Vth pela malha da esquerda.
R1
10 Ω
V1 VTh
12V
I
R2
5Ω
Figura 101 - Circuito 3 teorema de Thévenin
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Para calcular a tensão de Thévenin (Vth), utilizaremos o valor da corrente I obtido no passo anterior.
5I - VTh + 10I + 12 = 0
15I + 12 = VTh
15 . 1,473 +12 = VTh
VTh = 34,10 V
O próximo passo é calcular Vth pela malha da direita para demonstrar que o processo pode ser feito
com qualquer uma das malhas e também servirá para conferir o valor encontrado, observe a imagem:
ELETRICIDADE - VOLUME I
176
R4
4Ω
VTh V2
40V
-40 + 4I + Vth = 0
Vth = 40 - 4 . 1,473
Vth = 34,11 V
A diferença de 0,01 V encontrada entre os valores da tensão de Thévenin calculados por malha aconte-
ce em função do processo de arredondamento, e é um erro pequeno e aceito para este nível de precisão.
Com o valor de Vth, resta-nos calcular Rth; para efetuar o cálculo, iremos considerar o circuito a partir
do ponto A B, e substituir as fontes de tensão por curtos-circuitos como nos mostra a imagem:
R1 R4
10 Ω 4Ω
VTh
R2
5Ω
Observando o circuito, temos: R1 em série com R2, e ambos em paralelo com R4. Desta forma, a resis-
tência de Thévenin (RTh) será:
RA = R1 + R2
RA = 10 + 5 = 15 Ω
RA . R4
Rth =
RA + R4
15 . 4
Rth = = 3,16 Ω
15+4
Com os valores de Vth e Rth, podemos montar o circuito equivalente de Thévenin. Como nos mostra
a imagem a seguir.
RTh
3,16 Ω
A
VTh R3
34,1 V 7Ω
Observe que temos o circuito simplificado para os pontos A e B adotados; com o resistor R3 em foco
podemos calcular facilmente a corrente:
Uma particularidade deste teorema que se traduz em uma vantagem é o fato de não utilizar o ponto
estudado para a cálculo do Rth e do Vth, em termos práticos isso permite aproveitar o cálculo quando no
ponto estudado houver um resistor de resistência variável ou o resistor seja substituído.
Edward Lawry Norton desenvolveu um trabalho complementar ao de Thévenin, que ficou conhecido
como teorema de Norton, que estudaremos a seguir.
O teorema estabelece que qualquer circuito fechado, contendo fontes e resistores, pode ser analisado
de dois pontos quaisquer e substituído por um circuito equivalente contendo uma fonte de corrente29 e
um resistor em paralelo. A corrente da fonte é chamada de corrente de equivalente de Norton (IN) e a resis-
tência em série, resistência de Thévenin (Rth). Conforme mostra a imagem a seguir.
A
A
Circuito elétrico
contendo várias IN RN
fontes e
resistências
B
B
Fonte de corrente
Figura 105 - Circuito equivalente de Norton
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
29 Fonte de corrente: elemento presente em circuitos elétricos que insere no circuito uma corrente de valor constante, assim
como a fonte de tensão e a tensão fornecida ao circuito.
8 Princípios de leis e teoremas
179
Vth = Rn . IN
Caso seja construído primeiro o modelo de Thévenin, a corrente de Norton (IN) pode ser calculada pela
seguinte fórmula:
Vth
IN =
Rth
A A
RTh
=
In RN
VTh
B B
A imagem anterior nos mostra a equivalência entre o modelo de Norton e o modelo de Thévenin.
Considerando o circuito equivalente de Thévenin mostrado na figura circuito final teorema de Théve-
nin, podemos convertê-lo no circuito equivalente de Norton, para isto iremos precisar dos valores de Vth
e Rth mostrados na imagem.
Vth = 34,10 V
Rth = 3,16 Ω
Com os valores de Vth e Rth, podemos calcular a corrente de Norton (IN) e montar o modelo de Norton.
34,10
IN = = 10,79 A
3,16
A seguir, você pode observar o mesmo circuito mostrado pela figura circuito final teorema de Thévenin,
representado de acordo com o modelo de Norton.
ELETRICIDADE - VOLUME I
180
In RTh R3
10,79A 3,16 Ω 7Ω
B
Figura 107 - Circuito 1 teorema de Norton
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Veja um outro exemplo, para o circuito a seguir vamos elaborar o circuito equivalente de Norton e
Thévenin considerando os pontos A e B.
R1
A
80Ω
I1 R2
1A 25Ω
B
Figura 108 - Circuito 2 teorema de Norton
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Para a resolução, primeiro deve-se calcular a corrente de Norton, que é a corrente que irá fluir pelos ter-
minais A e B, para isto é necessário estabelecer uma conexão (curto-circuito) entre eles. Observe o exemplo
a seguir:
R1
A
80Ω
I1 R2
1A 25Ω
B
Figura 109 - Circuito 3 teorema de Norton
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
8 Princípios de leis e teoremas
181
Um ponto interessante do circuito mostrado anteriormente é que o ramo criado pelo curto-circuito dos
terminais A e B não está ligado a nenhuma resistência, desta forma, toda a corrente da fonte irá passar por
este ramo. Ou seja:
IT = I1 = 1 A
Para o cálculo da resistência de Thévenin, iremos substituir a fonte de corrente por um circuito aberto e
faremos a análise a partir dos terminais A e B. Veja a representação a seguir: v
R1
A
80 Ω
R2
25 Ω
B
Figura 110 - Circuito 4 teorema de Norton
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Ao analisar o circuito a partir dos pontos A e B, apenas R2 vai oferecer resistência ao circuito, pois R1 se
encontra desconectado desta forma:
RN = RTh = 25 Ω
VTh = 25 . 1 = 25 V
ELETRICIDADE - VOLUME I
182
Com os valores de tensão, resistência e corrente, é possível montar os modelos de Norton e Thévenin
como nos mostram as imagens a seguir.
Rth
25 Ω
A
VTh
A
In RN
1A 25 Ω
25V
B
B
Circuito equivalente
de Norton
Circuito equivalente
de Thévenin
Figura 111 - Circuitos equivalentes
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Lembra quando estudamos sobre resistores no capítulo circuitos elétricos? E de como uma das formas
de conferir o valor de resistência indicado pelo código de cores poderia ser feito com um ohmímetro? Pois
bem, a ponte de Wheatstone é um arranjo que nos permite medir resistência de maneira mais precisa.
Apesar do nome, a ponte foi criada por Samuel Hunter Christei por volta de 1833, contudo, só ganhou
notoriedade após o aprimoramento feito por Charles Wheatstone 10 anos depois. Observe o modelo da
ponte a seguir.
A
R1 Rx
C G B
R2 R3
D
Figura 112 - Ponte de Wheatstone
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
O objetivo da montagem da ponte é descobrir o valor da resistência do resistor Rx, para isto, utiliza-
-se dois resistores de valor conhecido R1 e R3 e um potenciômetro31 (R2) de modo a permitir o ajuste de
resistência.
30 Galvanômetro: aparelho sensível à passagem de corrente elétrica; o galvanômetro consegue valores de corrente
extremamente baixos.
31 Potenciômetro: tipo de resistor variável.
ELETRICIDADE - VOLUME I
184
SAIBA Para ampliar os seus conhecimentos sobre o galvanômetro, consulte: FRENZEL JUNIOR,
Louis E. Eletrônica moderna: fundamentos, dispositivos, circuitos e sistemas. Rio de
MAIS Janeiro: McGraw-Hill, 2015.
Para determinar o valor de Rx, é preciso ajustar o valor de R2 até o valor de corrente que passa no galva-
nômetro ser igual a zero, com isso o valor de Rx pode ser calculado com auxílio da equação a seguir:
R3 . R1
Rx =
R2
Além da medição de resistência elétrica, também é possível efetuar a medição de temperatura e pres-
são utilizando a ponte de Wheatstone como base.
8 Princípios de leis e teoremas
185
RECAPITULANDO
Neste capítulo, estudamos sobre as leis, seus conceitos e teoremas relacionados à eletricidade. Ob-
servamos a contribuição de George Simon Ohm com a primeira e a segunda Lei de Ohm, a primeira
Lei relaciona tensão corrente e resistência. Gustav Kirchhoff contribuiu com a Lei de Kirchhoff das
correntes e a Lei de Kirchhoff das tensões, o estudo sobre as leis de Kirchhoff facilita a compreensão
do comportamento da corrente e da tensão. A corrente elétrica se divide em paralelo, enquanto a
tensão elétrica se divide em série.
Aprendemos também sobre os circuitos com mais de uma fonte de tensão e os três métodos de
resolução para esse tipo de circuitos: aplicação direta das Leis de Kirchhoff, o método de Maxwell e
o teorema da superposição. Outro tópico abordado neste capítulo foi a segunda Lei de Ohm e sua
importância para circuitos de comprimentos elevados, como acontece com linhas de transmissão
de energia ou circuitos que possuem uma distância elevada entre a fonte de tensão e o ponto de
consumo de energia. Ao analisar os circuitos até a segunda Lei, aprendemos que a resistência do
condutor não era um fator considerado, pois tratando-se de um circuito pequeno resultaria em um
valor que pouco influenciaria no cálculo. Contudo, vimos aplicações onde se faz necessário conhecer
a resistência do condutor para não impactar no circuito.
Por fim, conhecemos a ponte de Wheatstone, arranjo elaborado por dois pesquisadores britânicos
que possui aplicações na medição de resistência elétrica e temperatura.
O conhecimento sobre as leis e teoremas apresentados neste capítulo é fundamental para aprofundar
seus estudos sobre eletricidade. No próximo capítulo, estudaremos potência elétrica em corrente contí-
nua, acompanhe.
Potência em corrente contínua
Neste capítulo, iremos aprender sobre mais uma grandeza importante para o estudo da ele-
tricidade, a potência elétrica, e a conversão de energia elétrica em energia térmica evidenciada
pela Lei de Joule. Ainda neste capítulo, trataremos sobre o consumo de energia elétrica e como
podemos reduzir o consumo e, consequentemente, o valor da conta de energia. Máxima trans-
ferência de potência e rendimento são outros tópicos que você irá encontrar neste capítulo.
Se você é um bom observador, percebeu que o título do capítulo é: “Potência em corrente
contínua”, esta especificação existe, pois, o estudo da potência em corrente contínua é bem
diferente das aplicações que envolvem potência em corrente alternada. O estudo da potência
em corrente alternada se divide em três tipos de potência: potência ativa, aparente e reativa.
Em um circuito de corrente contínua, toda a potência é ativa, ou seja, é utilizada para realizar
trabalho. A potência é representada pela letra P e é medida em watts em homenagem a James
Watt. Como foi visto anteriormente, o medidor de potência é chamado de wattímetro, você
pode conferir o visor de um wattímetro na imagem a seguir.
W 800 1000
600
400
200
5a
220v
Observe o visor do wattímetro na imagem anterior, veja que a escala está em watts, con-
tudo, além do Watt, outras duas unidades de medida são bastante utilizadas para representar
potência, principalmente no que se refere a motores elétricos, a primeira é o cv ou cavalo vapor
que equivale a 736 W, a outra unidade é de origem inglesa, o hp, horsepower, que equivale a
ELETRICIDADE - VOLUME I
188
746 W. Seja em motores industriais ou mesmo os motores de automóveis, é comum apresentar a potência
em cv.
Ainda neste capítulo, estudaremos sobre a Lei de Joule que envolve o processo de conversão de ener-
gia elétrica em energia térmica, o estado de máxima transferência de potência e as influências que a resis-
tência interna de um gerador provoca em um circuito elétrico e ainda rendimento dos geradores.
9.1 definição
O conceito de potência elétrica pode ser definido como: o trabalho realizado pela corrente elétrica em
um determinado tempo. Este trabalho pode ser observado na temperatura da água aquecida por um chu-
veiro elétrico ou através da capacidade de carga e velocidade de um motor elétrico.
P = V.I
Onde:
P – Potência
V – Tensão
I – Corrente
Você se lembra da primeira Lei de Ohm que estudamos no capítulo Princípios de leis e teoremas? Subs-
tituindo a Lei de Ohm na fórmula de potência podemos calcular a potência elétrica de outra forma. Obser-
ve a fórmula da primeira Lei de Ohm a seguir.
V = R.I
Onde:
V – Tensão
R – Resistência
I – Corrente
9 Potência em corrente contínua
189
P = V.I
{
P = R.I.I
P = R . I²
A fórmula apresentada anteriormente é conhecida como fórmula da potência dissipada, é comum sua
utilização para o cálculo da potência em resistores.
Ainda é possível modelar uma terceira fórmula para cálculo de potência. Se a Lei de Ohm for escrita com
a corrente em evidência, temos:
V
I =
R
P = V.I
V
P = V.
R
V²
P =
R
Através dessa fórmula de potência, é possível avançar ainda mais o estudo de circuitos elétricos, pois,
além do cálculo da corrente e tensão, pode-se calcular a potência dos circuitos.
Você pode encontrar uma tabela contendo o valor da potência elétrica de vários ele-
SAIBA trodomésticos no livro instalações elétricas industriais de João Mamede Filho.
MAIS
(Fonte: MAMEDE FILHO, 2002).
ELETRICIDADE - VOLUME I
190
Veja, a seguir, um exemplo demonstrando o cálculo da corrente, tensão e potência em cada resistor do
circuito.
R2
15kΩ
R3
7kΩ
R4
12kΩ
R5
V1 8kΩ
24V
R6
30kΩ
R7
30kΩ
Figura 114 - Circuito com 7 resistores
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
Considerando a primeira fórmula para cálculo de potência P = V . I, é necessário saber o valor da tensão
total, que no circuito ilustrado na imagem anterior é dado pela tensão da fonte 24 V, e do valor da corren-
te total, para obter o valor da corrente total é preciso antes calcular a Req que você pode acompanhar a
seguir.
RA = R1 + R2 + R3
RA = 3 + 15 + 7
RA = 25 kΩ
RA . R4
RB =
RA + R4
25 . 12
RB =
25 + 12
300
RB =
37
RB = 8,11 Ω
9 Potência em corrente contínua
191
Observe que os resistores R6 e R7 são iguais e estão em paralelo, então, podemos usar a fórmula a se-
guir.
R
RB =
n
30
RB =
2
RB = 15 KΩ
Req = 8,11 + 8 + 15
Req = 31,11 kΩ
V
I =
R
24
It = = 0,77 mA*
31,11
* Como o valor da resistência foi inserido em kΩ, o valor da corrente será obtido em mA (corresponde
a 0,001 A ).
Tendo o valor da corrente total, é hora de calcular os valores parciais de corrente em cada resistor. Com
a corrente total, calcula-se a tensão VB.
VB = RB . It
VB = 8,11 . 0,77 = 6,24 V
Com o valor de VB, é possível calcular a corrente que passa por R1, R2 e R3 e a corrente que passa por R4.
VB 6,24
IA = IR1 = IR2 = IR3 = = = 0,25 mA
RA 25
VB 6,24
IR4 = = = 0,52 mA
R4 12
ELETRICIDADE - VOLUME I
192
0,77
IR6 = IR7 = = 0,385 mA
2
R1 3 kΩ 0,25 mA
R2 15 kΩ 0,25 mA
R3 7 kΩ 0,25 mA
R4 12 kΩ 0,52 mA
R5 8 kΩ 0,77 mA
R6 30 kΩ 0,385 mA
R7 30 kΩ 0,385 mA
Com os valores de corrente em cada resistor, podemos calcular a tensão multiplicando a resistência
pela corrente, e a potência multiplicando a corrente pela tensão. Observe o exemplo com o resistor R1.
V=R.I
V = 3000 . 0,00025
V = 0,75 V
Em seguida, o cálculo de potência:
P=V.I
P = 0,75 . 0,00025
Resultado final da potência:
P = 0,19 mW
9 Potência em corrente contínua
193
Observando os valores de potência elétrica do quadro anterior, podemos ver uma variação de valores
que cresce baseada nos valores de corrente e tensão. Além da potência, uma outra informação interessan-
te é a energia consumida, quanto de energia elétrica é consumida para manter um circuito funcionando?
Vamos mergulhar neste conceito na seção a seguir.
CASOS E RELATOS
Um potente experimento
Elisa e Sônia são alunas do primeiro semestre do curso técnico em eletrotécnica no SENAI de Ala-
goinhas, no interior da Bahia. Elas estão muito animadas com os conhecimentos adquiridos na dis-
ciplina eletricidade e decidiram montar alguns circuitos com resistores para observar os circuitos e
colocar em prática os estudos teóricos.
Para isto, elas foram ao laboratório de eletrônica da escola e montaram um circuito ajustando a fon-
te de tensão para 12 V, e dois resistores de 100 Ω em série. Depois de algum tempo com o circuito
ligado, elas perceberam que os resistores haviam esquentado conforme previsto pela Lei de Joule.
Elas decidiram montar um segundo circuito composto por dois resistores de 25 Ω em paralelo, ali-
mentados por 12 V de tensão. Alguns segundos após ligarem o circuito, os resistores queimaram e o
cheiro de material queimado tomou conta da sala. Preocupadas, desligaram a fonte e foram consul-
tar o professor da disciplina, Sérgio, para saber porque aquilo havia acontecido. Após contarem todo
o experimento ao professor, ele explicou o que aconteceu:
- Meninas, cada resistor consegue dissipar um valor de potência, no caso do modelo de resistor que
vocês compraram, ele consegue dissipar 1 W de potência; no primeiro circuito a potência aplicada
em cada resistor foi de 0,36 W, contudo, quando vocês montaram o segundo circuito, em cada re-
ELETRICIDADE - VOLUME I
194
sistor foi aplicada uma potência de 5,76 W, mais de cinco vezes a potência que ele consegue . Isso
provocou a queima.
Após conversarem com o professor e perceberem que a potência dissipada provocou o problema,
Elisa e Sônia passaram a calcular tensão, corrente e potência em cada resistor dos circuitos que se-
riam montados por elas. Além de prevenir outros incidentes, o cálculo dos circuitos servia como
atividade de fixação.
Esta história ajuda-nos a lembrar dessa informação importante, é comum encontrarmos exercícios con-
tendo circuitos fictícios com o objetivo de praticar a etapa de cálculo. Sempre que for montar um circuito,
observe se os componentes estão adequados à aplicação pretendida.
9 Potência em corrente contínua
195
Conforme visto na seção anterior, a potência elétrica pode ser definida como o trabalho realizado pela
corrente elétrica; a energia elétrica pode ser descrita como o combustível utilizado para realizar este traba-
lho. O valor da energia consumida depende da potência do equipamento e também do tempo de uso do
equipamento. Observe, a seguir, a fórmula utilizada para cálculo da energia consumida:
E = P.t
Onde:
E – Energia
P – Potência
t – Tempo
Observe o circuito a seguir e veja como se faz o cálculo da energia consumida para manter este circuito
funcionando por 2 horas.
R5
40 Ω
R2 R4
50 Ω 12 Ω
R3
30 Ω
R1 R9
20 Ω 25 Ω
R6 R7
V1 7Ω 18 Ω
40 V
R8
20 Ω
1º Passo: calcular a resistência equivalente do circuito. A imagem anterior nos mostra um circuito mis-
to, por isso precisaremos analisar a relação entre os resistores para, em seguida, aplicar a fórmula de asso-
ciação correta (série ou paralelo).
R5 . R2
RA =
R5 + R2
40 . 50
RA =
40 + 50
RA = 22,22 Ω
ELETRICIDADE - VOLUME I
196
RB = RA + R4
RB = 22,22 + 12 = 34,22 Ω
RB . R3
RC =
RB + R3
34,22 . 30
RC =
34,22 + 30
RC = 15,19 Ω
25
RD = = 12,5 Ω
2
RD . R8
RE =
RD + R8
12,5 . 20
RC =
12,5 + 20
RC = 7,69 Ω
RC . RE
RE =
RC + RE
15,19 . 7,69
RC =
15,19 + 7,69
RC = 5,10 Ω
Req = R1 + RE
Req = 20 + 5,10
Req = 25,10 Ω
2º Passo: calcular a potência do circuito utilizando a tensão total do circuito e a resistência equivalente
obtida no primeiro passo.
V2 402
P = =
Req 25,10
P = 63,75 W
9 Potência em corrente contínua
197
3º Passo: calcular a energia consumida. Neste exemplo, iremos utilizar a informação de tempo que foi
disponibilizada no início da questão.
E = P.t
E = 63,75 . 2
E = 127,5 Wh
Uma outra aplicação do consumo de energia elétrica presente no nosso dia a dia está na conta de ener-
gia, se você observar a sua conta, provavelmente verá um gráfico parecido com este mostrado a seguir.
FIQUE Manter o chuveiro elétrico ligado enquanto se ensaboa ou ter o hábito de deixar os
eletrodomésticos em stand-by contribuem para o aumento do consumo e, conse-
ALERTA quentemente, do valor da conta de energia.
O gráfico anterior mostra, de maneira fictícia, o consumo mensal ao longo do ano em uma residência,
ou seja, a quantidade de energia consumida a cada mês, se você observar o consumo mensal no título, te-
mos a unidade de medida kWh (quilowatt hora), que é a unidade mais comum na conta de energia. Com o
valor de energia consumida e o preço do quilowatt, é possível calcular o valor a ser pago pela utilização de
cada equipamento elétrico de uma residência ou mesmo fazer uma análise detalhada da conta de energia
de uma indústria.
O chuveiro elétrico é um dispositivo muito comum no nosso dia a dia, que apesar de ser alimentado
com corrente alternada, por ser um circuito que contém apenas resistores do ponto de vista da potência
elétrica, o comportamento é o mesmo que um circuito de corrente contínua. Observe o exemplo a seguir:
ELETRICIDADE - VOLUME I
198
Na casa de Rodrigo, mora um total de quatro pessoas, ele, sua mulher e seus dois filhos. No banheiro da
residência existe um chuveiro elétrico que possui a potência de 4400 W. Sabendo que o tempo que cada
pessoa passa utilizando o chuveiro elétrico ao longo do dia é 15 minutos, veja quanto será o gasto diário
após a utilização do chuveiro. Considerando que o preço do kWh é R$ 0,25, observe como o cálculo é feito.
1º Passo: faz-se o cálculo do tempo total de utilização do equipamento, como dito no enunciado são
quatro pessoas utilizando por 15 minutos cada, então:
t = 4 . 15 = 60 minutos ou 1 hora
É importante fazer a conversão de minuto para hora, pois normalmente a informação do preço do qui-
lowatt está em função das horas (kWh).
2º Passo: a partir do cálculo da energia consumida utilizando a equação mostrada anteriormente, que
relaciona a potência do equipamento e o tempo que ele permanece ligado obtido no passo anterior, ire-
mos calcular a energia elétrica que o aparelho consome, veja a seguir:
E = P.t
E = 4400 . 1
E = 4400 Wh
Para facilitar o cálculo do valor a pagar pela utilização do chuveiro, iremos converter o valor do consu-
mo de energia para kWh, para isto, iremos dividir o valor por 1000 e adicionaremos o prefixo “k” para que
o valor se mantenha inalterado.
E = 4,4 kWh
3º Passo: Calcular o preço pago pela utilização efetuando o consumo (energia consumida) pelo preço
do quilowatt-hora.
Preço = 4,4 . 0,25
Preço = R$ 1,10
Desta forma, a utilização do chuveiro por 15 minutos pelos quatro moradores da casa gera uma despesa
de R$ 1,10 por dia.
Lembra de quando falamos sobre os resistores no capítulo circuitos elétricos? E de como a Lei de Joule
se mostrava presente no seu funcionamento? Na seção a seguir, você conhecerá mais sobre este tema.
9 Potência em corrente contínua
199
A Lei de Joule leva este nome devido a James Prescott Joule que se dedicou a estudar a relação entre a
corrente elétrica e o calor gerado pela sua passagem. A conversão de energia elétrica em energia térmica
ocorre pela colisão dos elétrons que se chocam durante sua movimentação conforme explicado no capí-
tulo circuitos elétricos.
Os resistores são elementos fundamentais para potencializar o efeito Joule, pois convertem toda a ener-
gia elétrica em calor. Este efeito é fundamental para o funcionamento de aparelhos que fazem o uso direto
do calor como, por exemplo, o chuveiro, o ferro de passar e até mesmo as lâmpadas incandescentes, que
você pode ver nas imagens a seguir.
Além das aplicações domésticas mostradas anteriormente, o efeito Joule também é muito útil em apli-
cações industriais como: produção de vapor, fornos elétricos e até mesmo escoamento de materiais visco-
sos por tubulações.
As situações apresentadas anteriormente nos mostraram aplicações onde o efeito Joule é benéfico e
fundamental para o andamento do processo, contudo, também há situações em que o efeito Joule im-
pacta negativamente por evidenciar uma grande dissipação de calor pela fonte, estes impactos podem
ser melhor compreendidos com o estudo do estado de máxima transferência de potência, tema que será
apresentado na próxima seção.
ELETRICIDADE - VOLUME I
200
Uma das simplificações adotadas para o estudo dos circuitos elétricos foi desconsiderar a resistência
dos condutores para circuitos de pequena extensão. Além desta consideração, a resistência interna das
fontes de tensão (geradores) e as perdas provocadas por ela também estão desprezadas.
A partir do ponto que consideramos a resistência interna do aparelho, a potência efetiva fornecida à
carga varia de acordo com a relação existente entre a resistência da carga e a resistência interna do gera-
dor. Vejamos uma demonstração numérica deste conceito.
Ri
RC
V1
A figura anterior mostra uma carga ligada a uma fonte. O resistor indicado por Ri representa a resis-
tência interna da fonte e o resistor indicado por RC representa a resistência da carga. Este modelo ajuda
a perceber que na prática é como se houvesse duas cargas, sendo uma a própria fonte. Iremos calcular a
potência utilizando o modelo mostrado na figura anterior com a seguinte fórmula.
Pc = Rc . I²
A potência na carga (Pc) será o produto entre a resistência da carga (Rc) e a corrente que percorre o
circuito (I), a corrente do circuito é dada pela expressão a seguir.
V
I =
Ri + RC
Sendo “V” a tensão total, substituindo essa corrente na fórmula original, temos:
9 Potência em corrente contínua
201
(
2
Pc = Rc . V (
Ri+RC
V2 . RC
Pc =
(Ri + RC)2
Observe uma análise matemática utilizando a fórmula apresentada anteriormente para visualizar como
funciona a transferência de potência para a carga. Iremos considerar uma fonte que fornece 24 V de tensão
e possui 100 Ω de resistência interna e para a carga iremos admitir valores de resistência aumentando em
10 Ω por análise, partindo de 10 Ω até chegar aos 200 Ω. Acompanhe através da tabela a seguir.
10 Ω 0,4760 W
20 Ω 0,8000 W
30 Ω 1,0225 W
40 Ω 1,1755 W
50 Ω 1,2800 W
60 Ω 1,3500 W
70 Ω 1,3952 W
80 Ω 1,4222 W
90 Ω 1,4360 W
100 Ω 1,4400 W
110 Ω 1,4367 W
120 Ω 1,4281 W
130 Ω 1,4155 W
140 Ω 1,4000 W
150 Ω 1,3824 W
160 Ω 1,3633 W
170 Ω 1,3432 W
180 Ω 1,3224 W
190 Ω 1,3013 W
200 Ω 1,2800 W
Variando apenas o valor da resistência da carga, observe que o valor da potência dissipada na carga
cresce até atingir um valor máximo, o que ocorre no exemplo quando a resistência da carga é igual a 100 Ω
e, em seguida, começa a diminuir. O fato da potência ser máxima em 100 Ω, que é o valor da resistência in-
terna do gerador, não é coincidência. Este é o estado de máxima transferência de potência, quando RC = Ri.
O estado de máxima transferência de potência é a configuração do circuito na qual a carga atinge a
maior potência dissipada, contudo, isto não representa que a fonte seja eficiente, até porque metade da
potência está sendo dissipada pela própria fonte. A eficiência de um gerador, no meio técnico, é medida
pelo seu rendimento, tema da seção a seguir.
9 Potência em corrente contínua
203
9.5 rendimento
O rendimento (η) estabelece relação entre a potência total e a potência efetivamente fornecida à carga.
A potência dissipada tem origem na conversão da energia elétrica em energia térmica em função da resis-
tência interna da fonte; a potência aplicada à carga, por sua vez, é a potência que a fonte fornece à carga.
O rendimento pode ser calculado através da equação a seguir:
PC RC
η = =
PC + Pi RC + Ri
O rendimento de uma fonte é um valor adimensional32, compreendido entre 0 e 1, que também pode
ser expresso em forma de porcentagem. Quanto mais próximo de 1 ou de 100%, melhor a eficiência da
fonte, visto que grande parte de sua energia está sendo efetivamente utilizada pela carga.
Na imagem anterior, temos uma fonte ligada à uma protoboard33 considerando um circuito ideal, toda
a potência gerada pela fonte seria transmitida e utilizada pelo circuito, contudo, isso não acontece, pois a
resistência interna da fonte faz com que parte da potência seja dissipada em forma de calor, como mostra
a imagem. Uma fonte com um valor de rendimento baixo dissipa muita potência, o que compromete o
fornecimento à carga.
32 Valor adimensional: número sem unidade de medida, valor representado por um número puro.
33 Protoboard: placa repleta de furos utilizada para a montagem de circuitos eletrônicos.
ELETRICIDADE - VOLUME I
204
RECAPITULANDO
Neste capítulo, aprendemos sobre potência elétrica em corrente contínua, que é o trabalho realiza-
do pela corrente elétrica em um determinado tempo, medida em Watts; vimos também que no meio
industrial, principalmente no que tange a motores elétricos, é comum a utilização de medidas como
cv (cavalo vapor) e hp (horsepower)
Ainda neste capítulo, tratamos sobre a Lei de Joule e o processo de conversão de energia elétrica em
energia térmica, pelo que chamamos de potência dissipada. O que nos permitiu estudar o estado de
máxima transferência de potência, que é o ponto no qual uma fonte transfere a máxima potência
para uma carga. Isto ocorre quando a resistência da carga é igual à resistência interna do gerador.
É importante lembrar que o ponto de máxima transferência de potência não demonstra a eficiência
do gerador, pelo contrário, neste estágio, apenas 50% da potência é transferida para a carga. A efi-
ciência de uma fonte é medida pelo seu rendimento, que estabelece uma relação entre a potência
fornecida à carga e a potência total (fornecida à carga + dissipada pelo gerador).
Este capítulo encerra o volume 1, no próximo volume iniciaremos o estudo sobre magnetismo, corrente
alternada, medidas elétricas e princípios da eletrônica. Espero que os conhecimentos estudados até aqui
tenham contribuído para o seu crescimento profissional.
9 Potência em corrente contínua
205
REFERÊNCIAS
A
aterramento 95
C
calibração 126
carga elétrica resultante 92, 95, 96
cateto adjacente 80, 81
cateto oposto 80, 81
catetos 80, 83, 84
chave Philips 125
cinética 102, 104, 106, 108, 109, 110
comporta de admissão 106
condutor homogêneo 151
corrente alternada 104, 112, 113, 114, 115
D
dínamos 104
E
energia renovável 109
F
fonte de corrente 178, 181, 182
G
galvanômetro 183, 184
H
hipotenusa 80, 81, 83, 84
I
impedância 127
L
LEDs 122
lei das malhas 156, 160, 163, 166
M
materiais isolantes 93, 118
motores elétricos trifásicos 126
N
nó 155, 159, 160, 162
número primo 57
números infinitos não periódicos 47
números não periódicos 47
P
par termoelétrico 104
placa-mãe 122
polarização 95, 102
potenciômetro 183
protoboard 203
T
termos independentes 68, 69
V
valor adimensional 203
vertedouros 107
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP
Marcelle Minho
Coordenação Educacional
Daiane Amancio
Revisão de Diagramação e Padronização
i-Comunicação
Projeto Gráfico