8 Ano - Cronica - o Padeiro

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SEMANA DE ESTUDOS INTENSIVOS ( 27 A 30 DE JULHO)

Disciplina : Língua Portuguesa Professora Responsável : Silvéria


Assunto: Passeando pelos Gêneros Textuais --- Crônica
Série : 8º B Período da tarde
Data da entrega : dia 29/07 ( quarta-feira) - Não precisa copiar os exercícios, basta respondê-los
e enviar por whattsapp .

O PADEIRO
       RUBEM BRAGA

  Geralmente as crônicas tratam de assuntos do cotidiano. Rubem Braga escreveu diversas


crônicas sobre assuntos aparentemente simples, mas sempre com uma visão especial. A
crônica a seguir, foi escrita em 1.956, fala de dois tipos de trabalhador, de como eles
trabalhavam há sessenta anos. Conheça o olhar do cronista a respeito.
        Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a
porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro
de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é
bem uma greve, é o lockout, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham
que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem
o que do governo.
        Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto
tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando
vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não
incomodar os moradores, avisava gritando:
        --- Não é ninguém, é o padeiro!
        Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?
        “Então você não é ninguém?”
        Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe
acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra
pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era: e ouvir a
pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim
ficara sabendo que não era ninguém...
        Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-
lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele
tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que
deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas
vezes saía levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da
máquina, como pão saído do forno.
        Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque
no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia
uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de
cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos
útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”.
        E assobiava pelas escadas.

                                      Rubem Braga. Para gostar de ler – Crônicas. 27. 


                                                                        Ed. São Paulo: Ática, 2002.
Interpretação do texto:
1 – Quem escreveu a crônica? E em que ano foi escrita?
      
2 – Qual o título da crônica? E fala sobre que tipos de trabalho?

3 – Qual era o trabalho realizado pelo cronista? Qual o nome dessa profissão?

4 – O padeiro se chateava se as pessoas diziam “Não é ninguém, é o padeiro!”? Que parte do


texto mostra isso?
     
5 – O cronista diz que sua profissão tem semelhanças com a de padeiro. Quais são elas?

6 – Segundo o texto, o padeiro gostava de sua profissão? Como você chegou a essa conclusão?

7 – Para você, o padeiro é “ninguém”? Explique.


     
8 – O que significa as palavras abluções e lockout?

9 – O que seria a “greve do pão dormido”?


       
10 – Assinale a alternativa em que o verbo em destaque está empregado de acordo com a
norma padrão:

a)   A modéstia e a alegria do padeiro surpreendia o cronista. 


b)   Fazia dias que os padeiros tinham iniciado “a greve do pão dormindo”.
c)   Era altas horas da madrugada, quando o cronista saia da oficina levando um exemplar do
jornal.     
d)   Antigamente haviam padeiros que levavam o pão diretamente à casa dos fregueses.
e)   Para os profissionais que mantém o bom humor, o trabalho torna-se menos desgastante.

11- O texto de Rubem Braga é um exemplo de


a) notícia, pois comunica uma informação de modo simples e objetivo.
b) artigo de opinião que apresenta argumentos favoráveis à profissão de padeiro.
c) roteiro de peça teatral, porque se veem as falas das personagens e indicações sobre a
organização da cena.
d) crônica, pois é uma narrativa curta desenvolvida a partir de um fato corriqueiro, do cotidiano.
e) fábula que conta uma história curta que ilustra um preceito moral.

12- No trecho “Enquanto tomo café, vou me lembrando de um homem modesto que conheci
antigamente”, o autor julgou o padeiro um homem modesto porque percebeu que ele
a) não poderia ocupar um cargo de maior importância por falta de estudos.
b) executava um trabalho fácil e simples.
c) se considerava menos importante do que era.
d) desempenhava um papel secundário na sociedade.
e) estava consciente da importância que tinha na sociedade.

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