Guia Técnico N.º 2 - Vigilância ST Expostos A Agentes Quimicos
Guia Técnico N.º 2 - Vigilância ST Expostos A Agentes Quimicos
Guia Técnico N.º 2 - Vigilância ST Expostos A Agentes Quimicos
º 2
VIGILÂNCIA DA SAÚDE DOS TRABALHADORES
EXPOSTOS A AGENTES QUÍMICOS
CANCERÍGENOS, MUTAGÉNICOS OU TÓXICOS
PARA A REPRODUÇÃO
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC i
FICHA TÉCNICA
EDITOR
Direção-Geral da Saúde
Alameda D. Afonso Henriques, 45 1049-005 Lisboa
Tel.: 218 430 500
Fax: 218 430 530
E-mail: [email protected]
www.dgs.pt
AUTORES
[Este documento esteve em discussão pública entre novembro de 2017 e janeiro de 2018]
ÍNDICE
1. PREÂMBULO ....................................................................................................................................... 2
2. ENQUADRAMENTO ........................................................................................................................... 3
4.1. NOÇÕES GERAIS SOBRE O CICLO TOXICOLÓGICO DOS AGENTES QUÍMICOS (XENOBIÓTICOS) ..................................18
4.2. PRINCIPAIS ASPETOS RELATIVOS À CARCINOGÉNESE, MUTAGENICIDADE EM CÉLULAS GERMINATIVAS E TOXICIDADE
REPRODUTIVA .................................................................................................................................................... 20
8. REGISTOS E ARQUIVO...................................................................................................................... 80
ANEXOS ..................................................................................................................................................... 87
ANEXO 3. FICHA DE AVALIAÇÃO INTEGRADA DE RISCO PROFISSIONAL A AGENTES QUÍMICOS CMR ...XV
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Principais disposições legais no âmbito das substâncias e misturas químicas com aplicação na ordem
jurídica portuguesa................................................................................................................................................................ 6
Figura 2. Classes de perigo de substâncias químicas ........................................................................................................ 8
Figura 3. Principais aspetos que condicionam a capacidade de uma substância química originar efeitos na saúde
............................................................................................................................................................................................... 18
Figura 4. Ciclo Toxicológico ................................................................................................................................................. 18
Figura 5. Metodologia geral de atuação do Serviço de SST/SO no âmbito dos CMR perante um agente químico ... 30
Figura 6. Graduação do nível de exposição profissional ................................................................................................. 40
Figura 7. Fluxo de prioridades quanto à substituição e redução de agentes químicos CMR ...................................... 48
Figura 8. Grupos de medidas de prevenção no âmbito dos agentes químicos CMR ................................................... 49
Figura 9. Níveis de prevenção em Saúde Ocupacional .................................................................................................... 56
Figura 10. Exames de saúde ao longo do período de atividade profissional do trabalhador com exposição a
agentes químicos CMR ........................................................................................................................................................ 61
Figura 11. Componentes do exame de saúde .................................................................................................................. 64
Figura 12. Biomarcadores toxicológicos na sequência de eventos ocorridos desde a exposição até ao
aparecimento da doença .................................................................................................................................................... 73
ÍNDICE DE QUADROS
SIGLAS E ACRÓNIMOS
DL: Decreto-Lei
1. PREÂMBULO
De acordo com o artigo 47.º do Regime Jurídico da promoção da segurança e saúde do trabalho
(Lei n.º 102/2009 de 10 de setembro e suas alterações) as orientações sob a boa prática de
prevenção e proteção dos fatores de risco profissional suscetíveis de implicar riscos para o
património genético do trabalhador ou dos seus descendentes, podem ser estabelecidas mediante
a elaboração de guias técnicos.
Tendo em consideração o enorme leque de agentes químicos existente, assim como de classes e
categorias de perigo, optou-se por elaborar uma orientação relativa às substâncias e misturas
químicas cancerígenas, mutagénicas e/ou tóxicas para a reprodução (CMR) devido às particulares
preocupações que estas suscitam em matéria de saúde.
O presente Guia Técnico é resultado do trabalho conjunto realizado pelos elementos do citado
Grupo, que tem por finalidade identificar as boas práticas de prevenção do risco profissional e de
vigilância da saúde dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 3
2. ENQUADRAMENTO
Constata-se que “das 110 mil substâncias químicas sintéticas que são produzidas em
quantidades industriais, apenas estão disponíveis dados adequados de avaliação de riscos
para cerca de 6 mil e só se encontram definidos valores limite de exposição profissional para
500-600 produtos químicos perigosos” (2). Verifica-se ainda que o grupo mais numeroso
de fatores de risco profissional (3) da lista nacional de doenças profissionais são de
natureza química, alguns dos quais com ação cancerígena, mutagénica e/ou tóxica para a
reprodução (CMR).
De salientar, que o cancro é hoje a “primeira causa de morte relacionada com o trabalho na
União Europeia” (4): a) o cancro profissional mata 10 pessoas em cada hora; b) existem pelo
menos 32 milhões de trabalhadores expostos a substâncias cancerígenas; c) estima-se que
no ano 2012 tenha sido diagnosticado cancro em 91.500 a 150.500 trabalhadores que
estiveram expostos a substâncias cancerígenas no trabalho; d) estima-se, para o mesmo
ano, que entre 57.700 a 106.500 trabalhadores tenham morrido de cancro profissional
devido a exposição a substâncias cancerígenas presentes no local de trabalho (4).
Neste contexto, a Organização Mundial de Saúde (World Health Organization - WHO) (5) e a
Agência Internacional de Investigação do Cancro (International Agency for Research on Cancer
- IARC) (6) destacam a proteção dos trabalhadores relativamente às substâncias
cancerígenas como uma das medidas preventivas do Código Europeu contra o cancro,
considerando que o “cancro de origem profissional é evitável, o que significa que a
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 4
Esta evidência levou também a Comissão Europeia a delinear como “novo impulso ao
quadro estratégico da União Europeia para a saúde e segurança do trabalho” a “luta contra
os cancros profissionais” através de “propostas legislativas acompanhadas de orientação e
sensibilização reforçadas” visando melhorar a proteção dos trabalhadores da União
Europeia (4).
O presente Guia Técnico tem por objetivo identificar as boas práticas de prevenção do risco
profissional e de vigilância da saúde dos trabalhadores expostos a agentes químicos
cancerígenos, mutagénicos e/ou tóxicos para a reprodução (CMR), visando constituir um
referencial de orientação para a atuação dos Serviços de Saúde e Segurança do
Trabalho/Saúde Ocupacional (SST/SO) nesta matéria. Constituirá ainda a base técnica para
a autorização dos Serviços Externos de Saúde do Trabalho no âmbito da alínea j) do artigo
79º da Lei n.º 102/2009 e suas alterações (atividades que impliquem a exposição a agentes
CMR), concedida pela Direção-Geral da Saúde.
O Guia aborda especificamente os agentes químicos que são classificados nas classes de
perigo “cancerígeno”, “mutagénico de células germinativas” e/ou de “toxicidade
reprodutiva” de acordo com o preconizado no Anexo VI do Regulamento (CE) n.º 1272/2008
relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas (Regulamento
CLP).
Embora aborde exclusivamente o amianto, deve-se ter ainda em nota o Decreto-Lei n.º
266/2007, de 24 de julho, relativo à proteção sanitária dos trabalhadores contra os riscos de
exposição a esta substância durante o trabalho, aplicável em todas as atividades em que os
trabalhadores estão ou podem estar expostos a poeiras do amianto ou de materiais que
contenham amianto.
Figura 1. Principais disposições legais no âmbito das substâncias e misturas químicas com aplicação
na ordem jurídica portuguesa
REGULAMENTOS COMUNITÁRIOS
Regulamento REACH
Regulamento (CE) n.º 1907/2006 do Parlamento Regulamento CLP
Europeu e do Conselho de 18 de dezembro
Relativo ao registo, avaliação, autorização e Regulamento (CE) n.º 1272/2008 do Parlamento
restrição de produtos químicos (REACH), que cria a Europeu e do Conselho de 16 de dezembro
Agência Europeia dos Produtos Químicos e revoga Relativo à classificação, rotulagem e embalagem
o Regulamento (CEE) n.º 793/93, do Conselho, e o de substâncias e misturas, que altera e revoga as
Regulamento (CE) n.º 1488/94, da Comissão, bem Diretivas n.os 67/548/CEE e 1999/45/CE, e altera o
como a Diretiva n.º 76/769/CEE, do Conselho, e as Regulamento (CE) n.º 1907/2006” (alínea f),
Diretivas n.os 91/155/CEE, 93/67/CEE, 93/105/CE e número 1, art. 3.º, DL n.º 98/2010).
2000/21/CE, da Comissão” (alínea e), número 1,
art. 3.º, DL n.º 98/2010).
LEGISLAÇÃO NACIONAL
3.1. Conceitos
Considera-se ainda que agente químico perigoso é (alínea c), art.º 3º, DL n.º 24/2012, com
a nova redação introduzida pelo DL n.º 88/2015):
a) “Qualquer agente químico que preencha os critérios para ser classificado como
perigoso na aceção das classes de perigo físico e/ou para a saúde”, estabelecidas no
Regulamento CLP, “quer o agente químico esteja ou não classificado ao abrigo desse
Regulamento”;
b) “Qualquer agente químico que, embora não preencha os critérios para ser
classificado como perigoso nos termos da alínea anterior, possa, devido às suas
propriedades físico-químicas, químicas ou toxicológicas e à forma como é utilizado
ou está presente no local de trabalho, apresentar riscos para a segurança e a saúde
dos trabalhadores, incluindo qualquer agente químico que esteja sujeito a um valor
limite de exposição profissional estabelecido” no DL n.º 24/2012 e suas alterações.
De acordo com o Regulamento CLP (Quadro 1.1. do Anexo VI) encontram-se atualmente
estabelecidas 28 classes de perigo (Figura 2) agrupadas em três grandes partes: perigos
físicos (16 classes), perigos para a saúde (10 classes) e perigos para o ambiente (2 classes).
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 8
O presente Guia Técnico centra-se em 3 das 10 classes de “perigo para a saúde” (Figura
2), a saber:
Carcinogenicidade;
Toxicidade reprodutiva.
Este Guia considera agente cancerígeno qualquer substância ou mistura que preencha os
requisitos da classe de perigo “carcinogenicidade” nas categorias 1A, 1B ou 2, previstas no
Anexo I do Regulamento CLP – vide Quadro 1 e Nota 1.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 9
NOTA: NOTA:
A classificação nas categorias 1A e 1B baseia-se na Para além da determinação da suficiência das provas
suficiência das provas e em considerações suplementares. de carcinogenicidade é necessário atender a outros
Essas provas podem provir de: fatores que influenciam a probabilidade global de
uma substância colocar um perigo cancerígeno para
estudos com seres humanos que estabelecem uma
os seres humanos.
relação causal entre a exposição humana a uma
substância e o desenvolvimento de cancro Alguns dos fatores importantes que podem ser tidos
(cancerígeno conhecido para o ser humano); ou em conta aquando da avaliação do nível global de
de experiências com animais relativamente às quais apreensão são: a) Tipo de tumor e incidência de
existem provas suficientes para demonstrar a base; b) Reações em múltiplos locais; c) Evolução das
carcinogenicidade para os animais (cancerígeno lesões no sentido da malignidade; d) Latência
suposto para o ser humano). reduzida dos tumores; e) Reações num só ou em
ambos os sexos; f) Reações numa só ou em várias
Também os pareceres científicos, emitidos numa base
espécies; g) Semelhança estrutural com uma ou mais
casuística, podem garantir uma decisão de suposta
substâncias para as quais existem boas provas de
carcinogenicidade para o ser humano a partir de estudos
carcinogenicidade; h) Vias de exposição; i)
que demonstrem provas limitadas de carcinogenicidade
Comparação dos ensaios de absorção, distribuição,
em seres humanos, juntamente com provas limitadas de
metabolismo e excreção realizados em animais e em
carcinogenicidade em animais submetidos a experiências.
seres humanos; j) Possibilidade de uma toxicidade
excessiva em doses de ensaio poder criar confusão;
k) Mecanismo de ação e sua importância para os
seres humanos, como a citotoxicidade com
estimulação do crescimento, mitogénese,
imunossupressão e mutagenicidade 1.
1
Mutagenicidade: sabe-se que os eventos genéticos desempenham um papel central no processo global de
formação de cancro. Por conseguinte, as provas de atividade mutagénica in vivo podem indicar que uma substância
pode ter efeitos cancerígenos (número 3.6.2.2.6., Anexo I, Regulamento CLP).
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 10
Uma mistura “será classificada como cancerígena quando pelo menos um ingrediente
estiver classificado como cancerígeno da categoria 1A, da categoria 1B ou da categoria 2” e,
simultaneamente, estiver presente a um nível de concentração genérico igual ou superior
ao apresentado seguidamente (número 3.6.3.1.1. e Quadro 3.6.2., Anexo I, Regulamento
CLP):
(a)
Os limites de concentração aplicam-se a sólidos e líquidos (unidades p/p) e a gases (unidades v/v).
(b)
Se um cancerígeno da categoria 2 estiver presente na mistura, enquanto ingrediente, numa concentração ≥ 0,1%
será disponibilizada, a pedido, uma Ficha de Dados de Segurança (Nota 1 do Quadro 3.6.2., Anexo I, Regulamento
CLP).
NOTA 1:
Tendo em consideração que, por um lado, a classificação do Regulamento CLP é específica para a
União Europeia e, obrigatoriamente, aplicável a todos os Estados-Membros e, por outro lado abrange,
de forma harmonizada, não só as substâncias carcinogénicas como também as mutagénicas e as
tóxicas para a reprodução, o presente Guia Técnico opta pela utilização dos critérios de classificação
constantes no Regulamento CLP.
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Esta classe de perigo está “principalmente relacionada com substâncias que podem causar
mutações em células germinativas de seres humanos que podem ser transmitidas aos
descendentes” (número 3.5.2.1, Anexo I, Regulamento CLP).
Este Guia considera agente mutagénico qualquer substância ou mistura que preencha os
requisitos da classe de perigo “mutagenicidade em células germinativas” nas categorias
1A,1B ou 2 previstas no Anexo I do Regulamento CLP - vide Quadro 2.
(a)
Os limites de concentração aplicam-se a sólidos e líquidos (unidades p/p) e a gases (unidades v/v).
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A classe toxicidade reprodutiva “destina-se a ser usada para substâncias que tenham uma
propriedade intrínseca e específica para produzir um efeito adverso na reprodução”
(número 3.7.2.2.1, Anexo I, Regulamento CLP). Se “esse efeito se produzir unicamente como
uma consequência secundária não específica dos outros efeitos tóxicos” (número 3.7.2.2.1,
Anexo I, Regulamento CLP) a substância em apreço não é incluída nesta classificação.
Esta classe inclui “os efeitos adversos para a função sexual e a fertilidade em homens e
mulheres adultos, bem como toxicidade sobre o desenvolvimento dos descendentes”
(número 3.7.1.1, Anexo I, Regulamento CLP).
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 13
a) Efeitos adversos:
Nos efeitos adversos para a função sexual e fertilidade incluem-se “todos os efeitos de
substâncias suscetíveis de interferir com a função sexual e a fertilidade. A título de exemplo,
podem citar-se as alterações do sistema reprodutor feminino e masculino, efeitos adversos
para o início da puberdade, produção e transporte de gâmetas, normalidade do ciclo
reprodutivo, comportamento sexual, fertilidade, parto, resultado da gravidez, senescência
reprodutiva prematura ou alterações noutras funções que dependem da integridade dos
sistemas reprodutores” (número 3.7.1.3, Anexo I, Regulamento CLP).
Este Guia considera agente tóxico para a reprodução qualquer substância ou mistura que
preencha os requisitos da classe de perigo “toxicidade reprodutiva” das categorias 1A, 1B,
2 ou “sem categoria” (esta última relacionada aos efeitos na lactação) previstas no Anexo I
do Regulamento CLP - vide Quadro 3.
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Tóxicos reprodutivos para o Tóxico reprodutivo conhecido Agente suspeito de ser tóxico
para o ser humano.
ser humano supostos ou reprodutivo para o ser humano:
Baseia-se essencialmente nas
conhecidos: As substâncias são classificadas na
provas obtidas com seres
As substâncias são categoria 2, quando existirem
humanos.
classificadas na categoria 1 algumas provas, obtidas com seres
quando se sabe que humanos ou animais submetidos a
CATEGORIA 1B: experiências, eventualmente
produziram um efeito
adverso para a função Tóxico reprodutivo suposto para complementadas com outras
sexual e a fertilidade, ou o ser humano informações, de um efeito adverso
para o desenvolvimento dos Baseia-se essencialmente nas para a função sexual e a fertilidade, ou
seres humanos, ou quando provas obtidas com estudos em para o desenvolvimento, e quando as
há provas obtidas em animais. Esses dados devem provas não forem suficientemente
estudos com animais, proporcionar provas claras de convincentes para colocar a
eventualmente um efeito adverso para a função substância na categoria 1.
complementadas com sexual e a fertilidade ou para o Se houver deficiências no estudo que
outras informações, que desenvolvimento, na ausência de tornem a qualidade das provas menos
levam a que se suspeite outros efeitos tóxicos, ou, se convincente, poderia ser mais
fortemente de que a ocorrerem em conjunto com adequada a classificação na categoria
substância pode interferir outros efeitos tóxicos, não se 2.
na reprodução de seres considera que o efeito adverso Esses efeitos devem ter sido
humanos. para a reprodução seja uma observados na ausência de outros
A classificação de uma consequência secundária não efeitos tóxicos ou, se ocorrerem em
substância distingue-se específica dos outros efeitos simultâneo com outros efeitos
ainda com base no facto de tóxicos. Quando existirem tóxicos, os efeitos adversos para a
as provas para a informações mecanicistas que reprodução não devem ser
classificação provirem suscitem dúvidas quanto à considerados uma consequência
principalmente de dados importância do efeito para os secundária não específica dos outros
humanos (categoria 1A) ou seres humanos, pode ser mais efeitos tóxicos.
de dados animais (categoria adequada a classificação na
1B). categoria 2.
Sabe-se que, para muitas substâncias, não existem informações sobre o seu
potencial para provocarem efeitos adversos para os descendentes através da
lactação. No entanto, as substâncias que são absorvidas pelas mulheres e que
tenham demonstrado interferir com a lactação, ou que podem estar presentes
(incluindo metabolitos) no leite materno em quantidades suficientes para
suscitar apreensão em termos da saúde de uma criança lactante, devem ser
CATEGORIA SUPLEMENTAR classificadas e rotuladas de modo a indicarem esta propriedade perigosa para
os bebés alimentados com leite materno.
(efeitos sobre a lactação Esta classificação é feita em função de:
a. Provas humanas indicativas de perigo para os bebés durante o período de
ou através dela)
lactação; e/ou
b. Resultados de estudos de uma ou duas gerações efetuados com animais
que proporcionem provas irrefutáveis de efeitos adversos nos
descendentes, devido à transferência através do leite ou a efeitos adversos
na qualidade do leite; e/ou
Estudos de absorção, metabolismo, distribuição e excreção que revelem a
possibilidade de a substância estar presente no leite materno a níveis
potencialmente tóxicos.
Fonte: baseado no Quadro 3.7.1 a) e no Quadro 3.7.1 b), Anexo I, Regulamento CLP
Uma mistura será “classificada como tóxica para a reprodução quando pelo menos um
ingrediente estiver classificado como tóxico para a reprodução da categoria 1A, da categoria
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 15
(a)
Os limites de concentração aplicam-se a sólidos e líquidos (unidades p/p) e a gases (unidades v/v).
(b)
Se estiver presente na mistura um tóxico para a reprodução da Categoria 1 ou da Categoria 2 ou uma substância
classificada pelos efeitos sobre a lactação ou através dela, enquanto ingrediente, numa concentração igual ou
superior a ≥ 0,1%, será disponibilizada, a pedido, uma Ficha de Dados de Segurança (Nota 1 do Quadro 3.7.2.,
Anexo I, Regulamento CLP).
Legenda: (a) Um trabalhador pode estar exposto a vários agentes químicos CMR, pelo que o número
de exposições profissionais não correspondem ao número de trabalhadores.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 17
4. EFEITOS NA SAÚDE
Os efeitos adversos para a saúde associados aos agentes químicos podem ser:
Figura 3. Principais aspetos que condicionam a capacidade de uma substância química originar
efeitos na saúde
Percurso da Ação do
Toxicocinética substância no organismo sobre
organismo a substância
Mecanismo de Ação da
Toxicodinâmica ação da substância sobre
substância o organismo
Para que ocorram efeitos sistémicos, decorrentes da exposição a agentes químicos (também
denominados por xenobióticos), tem que existir absorção/penetração (passagem do
agente químico do exterior para a corrente sanguínea do trabalhador) que permitirá a sua
distribuição no organismo e assim atingir determinadas estruturas preferenciais (vide Figura
4).
o agente químico absorvido pode atingir o sistema nervoso central e outros órgãos
sem passar pelo sistema hepático (onde usualmente é metabolizado).
A via cutânea pode desempenhar um papel significativo para agentes com certas
características físico-químicas, designadamente relacionadas com a solubilidade em água e
lípidos, o peso molecular e o grau de ionização (8). Aspetos como a duração do contacto e a
temperatura no local de trabalho são relevantes para esta via de exposição, considerando
que pode haver um aumento de 1,4 a 3 vezes da velocidade de penetração cutânea do
agente químico para cada 10ºC de aumento da temperatura (8).
Em termos gerais, a forma física do agente químico pode potenciar as vias de absorção,
sobretudo a via principal de exposição (8).
Após os agentes químicos passarem para a circulação sanguínea estes são distribuídos por
todo o organismo. No organismo o agente químico pode:
Fixar-se em estruturas com maior afinidade ou poder de retenção (7) e, desta forma,
ocasionar efeitos adversos na saúde do trabalhador (e.g. o órgão crítico do cádmio
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 20
Após ser distribuído por todo o organismo, incluindo eventuais locais de depósito, o agente
químico é eliminado do corpo (Figura 4). O principal órgão responsável pela eliminação é o
rim e, para que possam ser eliminados por via renal, os agentes químicos têm que ser
solúveis na água ou ser transformados em substâncias que o sejam. Assim, existem agentes
químicos que:
São eliminados de forma inalterada, sem sofrer qualquer transformação por parte
do organismo;
Para além da via de excreção renal, outras vias são a fecal (sobretudo substâncias não
absorvidas no trato digestivo e também os produtos excretados pela bílis), a pulmonar
(responsável pela excreção de gases e vapores) (8) e outras vias de excreção como o suor, a
saliva e faneras (e.g. unhas e pelos).
À medida que a célula normal se transforma numa célula maligna adquire um conjunto de
características que se pensa serem comuns aos diversos processos de carcinogénese e que
são essenciais para que a transformação ocorra. Estas características incluem a capacidade
de sinalização proliferativa sustentada; a insensibilidade a supressores do crescimento; a
resistência à morte celular programada; a capacidade de imortalidade replicativa; a indução
de angiogénese e a ativação da invasão e metastização. Subjacentes a estas capacidades
encontram-se a instabilidade cromossómica e a inflamação (9).
A exposição ocupacional a agentes químicos deve ser um dos fatores equacionados pelos
casais com infertilidade, dado tratar-se de um efeito potencialmente reversível e passível de
evicção. No caso da mulher grávida ou lactante existem alguns agentes químicos com efeitos
adversos bem reconhecidos, relativamente aos quais a exposição não deve ser permitida
(e.g. o chumbo inorgânico). Para os restantes, tem que ser tida em conta a dificuldade já
referida na obtenção de evidência científica adequada, devendo ser tomada uma decisão
individualizada que tenha em conta as características do agente químico, as condições
particulares da exposição e eventuais fatores de suscetibilidade da trabalhadora em causa.
Fatores como o período de latência, o tempo desde a exposição profissional e/ou a idade
atingida no momento do diagnóstico, a idade durante a exposição e a influência de outras
exposições ambientais, comportamentais ou sociais (como o tabagismo, no caso de cancro
do pulmão), devem ser levados em consideração no estabelecimento do nexo de
causalidade, salvaguardando o conceito de presunção de origem, sempre que necessário.
De salientar, que o “cancro” pode ser classificado como doença profissional (cancro
profissional) quando existe uma relação direta com condições de trabalho específicas (e.g.
mesotelioma da pleura por exposição ocupacional ao amianto). Contudo, sendo o cancro
uma doença de génese multiprofissional com uma história natural complexa, reconhece-se
que estes e outros constrangimentos têm conduzido à “invisibilidade do cancro profissional”
e a um verdadeiro “silêncio epidemiológico” (8). Somente quando o risco profissional é bem
conhecido, como no caso de cancro por exposição profissional a amianto, benzeno ou
derivados do carvão, existe a sua identificação e reconhecimento da sua associação com o
trabalho.
De realçar, que toda a lesão corporal, perturbação funcional ou doença que não esteja
incluída na Lista de Doenças Profissionais (anteriormente referida) é também considerada
uma doença profissional desde que se prove ser consequência necessária e direta da
atividade exercida e não represente o normal desgaste do organismo (número 2, art.º
94.º da Lei n.º 98/2009, de 4 de setembro e número 1, art.º 3.º do DL n.º 503/99, de 20 de
novembro). Assim, no diagnóstico de doença profissional deve ser valorizado o princípio da
presunção de origem com suporte técnico-científico.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 25
De referir que, o nível de risco profissional varia de acordo com a perigosidade intrínseca
do agente químico, as condições de trabalho/ de exposição profissional, as medidas de
proteção e prevenção existentes, as características individuais do trabalhador e o seu estado
de saúde/doença.
Neste contexto e para efeitos do presente Guia Técnico serão considerados os seguintes
conceitos:
2
Relativamente ao “amianto” existe uma definição de trabalhador exposto específica: é “qualquer trabalhador que
desenvolva uma atividade suscetível de apresentar risco de exposição a poeiras de amianto ou de materiais que
contenham amianto” (alínea d), art. 2º, DL n.º 266/2007) ou seja amianto actinolite (n.º 77536-66-4 do CAS), amianto
grunerite também designado por amosite (n.º 12172-73-5 do CAS), amianto antofilite (n.º 77536-67-5 do CAS),
crisótilo (n.º 12001-29-5 do CAS), crocidolite (n.º 12001-28-4 do CAS), amianto tremolite (n.º 77536-68-6 do CAS) -
alínea a), art. 2º, DL n.º 266/2007).
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 26
1. Fabrico de auramina;
3
Relativamente ao “amianto” consideram-se “todas as atividades em que os trabalhadores estão ou podem estar expostos a
poeiras do amianto ou de materiais que contenham amianto”, nomeadamente (número 2, art. 1º, DL n.º 266/2007, de 24 de julho):
a) Demolição de construções em que existe amianto ou materiais que contenham amianto; b) Desmontagem de máquinas ou
ferramentas em que existe amianto ou materiais que contenham amianto; c) Remoção do amianto ou de materiais que contenham
amianto de instalações, estruturas, edifícios ou equipamentos, bem como aeronaves, material circulante ferroviário, navios ou
veículos; d) Manutenção e reparação de materiais que contenham amianto existentes em instalações, estruturas, edifícios ou
equipamentos, bem como em aeronaves, carruagens de comboios, navios ou veículos; e) Transporte, tratamento e eliminação de
resíduos que contenham amianto; f) Aterros autorizados para resíduos de amianto.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 27
São diversos os mecanismos decorrentes das interações entre substâncias químicas, pelo
que a multiplicidade de combinações possíveis e a complexidade da sua caracterização
representam uma dificuldade acrescida na avaliação da exposição profissional. Dos
fenómenos de interação entre substâncias químicas destacam-se os seguintes (7):
Neste sentido, dois trabalhadores com igual exposição profissional poderão ter efeitos de
saúde distintos, dado que as características individuais de cada trabalhador são diferentes.
A atividade profissional que envolva agente químico CMR “só pode ser iniciada após a
avaliação de riscos e a execução das medidas preventivas adequadas” (número 7, art.º
7.º, DL n.º 24/2012).
Assim, cabe à entidade empregadora, através dos respetivos Serviços de SST/SO, “verificar a
existência de agente químico perigoso” no local de trabalho (número 1, art.º 7.º, DL n.º
24/2012) e, caso se comprove a existência de agente químico CMR, o “empregador deve
avaliar os riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores resultante da presença desses
agentes” (número 2, art.º 7.º, DL n.º 24/2012), mediante um processo de identificação,
avaliação e controlo/monitorização do risco profissional, habitualmente denominado por
gestão do risco profissional.
(d) deliniar uma ação específica e dirigida que assegure uma adequada
vigilância da saúde dos trabalhadores expostos aos agentes químicos CMR;
Figura 5. Metodologia geral de atuação do Serviço de SST/SO no âmbito dos CMR perante um agente
químico
Informação disponível
Rótulo
• O risco profissional é aceitável? Valoração das vertentes “fator de risco profissional” e “estado de
saúde/doença do trabalhador” tendo em conta os efeitos, potenciais e reais, na saúde do trabalhador
LEGENDA: “Não. Fim.” – Indica que no âmbito dos agentes químicos CMR não é necessário proceder a mais
nenhuma ação. Poderão existir outras classes do agente químico que necessitem de análise e avaliação.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 30
Todo o processo de análise, avaliação e gestão do risco profissional deve ser registado e
devidamente justificado em suporte de papel ou digital (número 3, art.º 7.º, DL n.º 24/2012).
a) O pictograma pode estar atribuído a um agente químico CMR mas também a outras
classes, a saber:
4
O produto é uma mistura. A formulação de um produto é constituída pelo menos por dois ingredientes, que
podem ser substâncias ou misturas, obtendo-se uma mistura “final”.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 32
Fonte: Baseado nos Quadros números 3.5.3., 3.6.3. e 3.7.3., Anexo I, Regulamento CLP
5
“Tarefa” é o trabalho prescrito, isto é um conjunto sequenciado de operações prescritas; “Atividade” é o trabalho
real do indivíduo no cumprimento da(s) tarefa(s).
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 35
A Secção 8 da FDS “Controlo da exposição/proteção individual” indica alguma informação útil que
permite identificar as medidas gerais de higiene e segurança do trabalho, a proteção respiratória, das
mãos, ocular/facial, corporal e outra, bem como as medidas complementares de emergência,
relativamente às quais se pode comparar com a nossa situação real de exposição profissional.
A Secção 6 da FDS “Medidas a tomar em caso de fugas acidentais” indica as precauções individuais,
equipamento de proteção e procedimentos de emergência que se deve verificar se estão
contemplados/implementados na situação em questão.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 36
poeira;
Aerossóis
CATEGORIAS
semana
E. Duração da i. Muito ii. Pequena iii. Média iv. Utilização v. Processo
______
pequena utilização, inferior utilização, 1 por mais de contínuo
utilização (num (preencher com
utilização, a uma hora a 2 horas 2 horas pontuação da
dia) minutos categoria E)
______
(preencher com
Total de pontos (somatório da pontuação das 5 categorias):
somatório da
pontuação total)
A. Quantidade utilizada;
C. Condições de trabalho/processo;
D. Frequência da utilização;
E. Duração da utilização.
2. Para pontuar cada categoria deve-se verificar entre as opções indicadas (de i. a v.),
qual a que se aproxima mais com a situação real. Como medida de precaução,
sempre que existam dúvidas na opção a selecionar deve-se utilizar a opção com
maior número de pontos, considerando que desta forma conduzirá a medidas
preventivas mais rigorosas o que protegerá o trabalhador exposto.
É expectável que a dose interna esteja relacionada com a dose externa (7): quanto maior
for a exposição do trabalhador maior a probabilidade de penetração e absorção da
substância química pelo organismo. Contudo, esta exposição depende igualmente de
diversos outros fatores como a carga de trabalho físico, as condições ambientais, o recurso
a meios de proteção individuais, as características dos indivíduos expostos, entre outros.
De salientar, que os efeitos adversos das substâncias químicas diferem entre si dependendo
da interação da substância química com as diferentes estruturas do organismo, tendo em
conta a afinidade bioquímica com os diferentes recetores, assim como os diferentes níveis
de dose que estejam presentes (7). Para que ocorra um efeito tóxico no trabalhador
(comumente indicado como “intoxicação” e que corresponde ao conjunto de sinais e
sintomas que revelam o desequilíbrio produzido pela interação do agente tóxico com o
organismo), o agente químico, ou seu metabolito ativo, tem de atingir o local correto de ação,
na concentração (dose) necessária e com duração (período de tempo) suficiente para
produzir dano no organismo (8).
e duração da exposição a que estão sujeitos os trabalhadores (art.º 7.º, DL n.º 24/2012), na
etapa de análise do risco profissional podem ser realizados vários tipos de avaliação (7):
avaliação ambiental, avaliação biológica e avaliação de saúde. De realçar que:
Chama-se a atenção que a avaliação ambiental (quantitativa) nem sempre é possível pois
poderão ainda não existirem métodos analíticos disponíveis. O mesmo ocorre com a
avaliação biológica, apresentando-se no Anexo 4 alguns indicadores biológicos de agentes
químicos CMR.
De realçar que: (i) sempre que a concentração do agente químico CMR excede o valor de
referência há que ter o cuidado de verificar se tal resultado é compatível com a análise
efetuada; (ii) sempre que tenham sido concretizadas duas avaliações (ambiental e biológica)
para um dado agente químico CMR deve verificar-se se os resultados obtidos convergem
para a mesma conclusão, e utilizam-se, na Figura 6, os valores medidos mais gravosos para
a saúde do trabalhador, visando garantir os melhores níveis de prevenção.
(e)
Exposição alta
Contexto de exposição
profissional (a)
Legenda:
(a)
A graduação do “contexto de exposição profissional” é obtida pelo resultado obtido no Quadro 7.
(b)
O “valor de referência” para o agente químico CMR deve ser sempre o valor limite de exposição (VLE)
que está estabelecido em diploma legal (vide Anexo 5) ou na Norma Portuguesa NP 1796:2014 (19).
Caso este não exista no contexto nacional poderá ser utilizado o VLE indicado em outras referências
europeias de entidades reconhecidas ou, em último recurso, os valores de DNEL/DMEL aplicáveis aos
trabalhadores (tendo em conta a via de exposição em avaliação) indicados na FDS do químico em
apreço e confirmados através da consulta do site da ECHA: https://www.echa.europa.eu/information-
on-chemicals (Search for Chemicals Indicar designação em inglês, N.º CAS ou Nº EC do agente químico
Search Open substance brief profile (Siglas “BP” no final do quadro) Scientific proprieties
Toxicological information).
(c)
Caso tenham sido concretizadas duas avaliações (ambiental e biológica) utilizam-se os valores
medidos mais gravosos para a saúde do trabalhador.
(d) (e)
Esta situação exige uma investigação e reavaliação do contexto de exposição profissional do
trabalhador (vide Quadros 6 e 7), assim como a confirmação do resultado da concentração do agente
químico CMR obtido, se é ou não compatível com a análise efetuada.
para assegurar a saúde dos trabalhadores expostos. 3º, D.L. n.º 24/2012).
De realçar, que um “valor limite” ou “guia legal” nunca deve ser visto como uma linha
entre "seguro" e "inseguro": a melhor abordagem é manter sempre a exposição ou o fator
de risco tão baixo quanto possível (21).
Contudo deve-se frisar que, geralmente, não são definidos valores limite de exposição
para os agentes químicos cancerígenos, dado que para muitos destes agentes é difícil
dizer, com certeza, que se a exposição estiver abaixo de um determinado valor, o agente
não é suscetível de causar danos, dado que existe sempre a probabilidade, mesmo que
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 43
pequena, de existirem efeitos estocásticos (21). Por esse motivo, para os agentes
cancerígenos e outros agentes específicos (como os alérgenos), o princípio "tão baixo quanto
razoavelmente praticável" (ALARA – “As Low as Reasonably Achievable”) deve ser aplicado.
Desta forma, ALARA, em termos práticos, significa que a exposição profissional deve ser
eliminada ou reduzida o máximo possível.
Neste sentido, para as situações em que existe incerteza de efeitos na saúde utilizam-se
habitualmente os seguintes limiares de exposição profissional:
DMEL (Derived Minimal Effect Level): nível derivado de exposição com efeitos
mínimos.
O DNEL evidencia o nível de exposição acima do qual os trabalhadores não devem ser
expostos (16). Um DNEL é obtido dividindo o NOAEL (No Observed Adverse Effect Level - nível
sem efeitos adversos observáveis) pelos fatores de ponderação que representam as
incertezas (por exemplo, no que respeita à extrapolação entre espécies e entre os seres
humanos). Em circunstâncias específicas, os Valores Limite de Exposição (VLE) e/ou as
informações subjacentes utilizadas para definir os VLE podem ser utilizados para derivar os
DNEL. Considera-se que o risco profissional “está controlado se os níveis de exposição
não excederem o valor apropriado de DNEL” (16).
No caso de efeitos de saúde sem limiar (por exemplo, substâncias cancerígenas sem limiar)
poderá ser útil utilizar-se um DMEL. Os valores de DMEL devem ser considerados como
“níveis de efeitos toleráveis e não níveis sem efeitos” (16), e enquanto valores de
referência para otimizar as medidas de gestão dos riscos profissionais. No contexto de
saúde ocupacional, a derivação do DMEL é baseada na evidência de que um agente químico
“caracterizado por uma ocorrência de cancro em 10.000 indivíduos pode ser considerado
de risco aceitável” (16) para os trabalhadores expostos. Em alternativa, o DMEL pode ser
obtido aplicando um fator de incerteza, muito elevado, a um efeito crítico obtido a partir de
um ensaio carcinogénico de longa duração com animais ou partir de estudos
epidemiológicos com humanos (16).
A Secção 8 da FDS “Controlo da exposição/proteção individual” indica alguma informação útil sobre
os “Parâmetros de controlo” que permite identificar os limiares de exposição ocupacional (e.g. VLE;
DNEL; DMEL) para os agentes químicos CMR.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 44
O capítulo “vigilância da saúde dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR” deste
Guia Técnico apresenta os principais aspetos a contemplar nesta vertente.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 45
Para se obter o “nível de risco profissional” (Quadro 8), isto é, de dano ou efeito adverso
na saúde do trabalhador, é necessário considerar para além da avaliação da exposição
profissional (Figura 6) a avaliação do estado de saúde/doença do trabalhador em questão,
tendo em conta que:
Contudo assume-se que, o nível de risco profissional pode ser mais elevado, do que o
inicialmente estimado, caso sejam identificados aspetos individuais e de saúde do
trabalhador que exijam um dispositivo de medidas preventivas mais eficaz. Tendo em
consideração que os aspetos clínicos do trabalhador são informação confidencial do Serviço
de Saúde do Trabalho, cabe a este Serviço, e em particular ao médico do trabalho
responsável pela vigilância da saúde do trabalhador em questão, proceder à avaliação
integral do risco profissional e proceder ao “fator de correção individual” sempre que
necessário (Quadro 8).
o “risco profissional baixo” está associado a um risco aceitável e um “risco profissional alto
ou muito alto” é um risco não aceitável que exige medidas corretivas (Quadro 9).
Média Risco Baixo Risco Médio Risco Alto Risco Alto do nível de risco
Exposição
Nível de
Risco Médio Risco Alto Risco Alto Risco Muito profissional (e):
Alta
Alto
Muito Risco Médio Risco Alto Risco Muito Risco Muito __________
Alta Alto Alto
Legenda:
(a) O nível exposição profissional é calculado através da Figura 6.
8).
(e) A justificação da aplicação do fator de correção individual e da respetiva graduação final devem
constar na ficha clínica do trabalhador.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 47
Alto Deve ser estabelecido um plano com medidas para Justifica, obrigatoriamente a
reduzir o risco profissional, o qual deverá determinar implementação e avaliação
as alterações necessárias e o período de tempo para de medidas
estas medidas serem implementadas. corretivas/medidas
especiais (vide capítulos
6.4.1. e 6.4.3. do presente
Risco não aceitável
Guia Técnico).
Muito Alto O trabalho não deve ser iniciado nem continuado até Requer intervenção
que o risco profissional seja reduzido. Pode ser imediata para o seu
necessário recursos consideráveis para o controlo do controlo e desenvolvimento
risco. Quando o trabalho corresponda a um trabalho de programas de prevenção
que está a ser realizado, deve-se resolver o sustentáveis.
problema urgentemente e dar formação e
Pode justificar o
informação acrescida ao trabalhador sobre os riscos
encerramento imediato do
profissionais a que está exposto. Se não for possível
setor até se obter a sua
reduzir o risco profissional, deve-se proibir esse
eliminação/controlo.
trabalho.
Contudo, sempre que o resultado da avaliação de risco revelar que o risco profissional
não é aceitável devem ser aplicada(s) medida(s) preventiva(s)/corretiva(s) (art.º 8.º, DL n.º
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 49
24/2012) que vise(m) a redução (da duração e grau) da exposição profissional (alínea e),
número 1, art.º 9º, DL n.º 24/2012 com as alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015),
mesmo nas situações em que existe um sistema fechado.
de organização do trabalho;
sanitárias e de higiene;
de informação e formação.
Medidas de
organização do
trabalho
Medidas
Medidas de técnicas de
informação e conceção,
formação utilização e
controlo
Medidas de
prevenção
técnicas ou
ambientais
Medidas
Medidas relativas à
sanitárias e de avaliação do
higiene fator de risco
profissional
Medidas
quanto a
sistemas e
equipamentos
de proteção
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 50
6
A seleção do equipamento de proteção individual para um trabalhador deve ter em consideração as
características fisionómicas do trabalhador (e.g. dimensão da mão para a aquisição de luvas de proteção de
tamanho adequado) assim como da suscetibilidade e necessidades individuais (e.g. trabalhador alérgico a
determinados materiais que constituem o equipamento de proteção individual).
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 51
Sempre que sejam implementadas medidas/ações corretivas estas não devem permitir a
existência de transferência de riscos, ou seja, elimina-se um problema e cria-se outro
problema. Assim, estas medidas/ações devem ser devidamente registadas e avaliada a sua
eficácia.
Somente não são aplicadas medidas preventivas adicionais quando o resultado da avaliação
de risco mostrar que a exposição profissional ao agente químico CMR “constitui um baixo
risco” e que as medidas adotadas “são suficientes para o reduzir” (art.º 8.º, DL n.º 24/2012).
Considera-se assim que o risco é aceitável, e procede-se à monitorização do risco
devendo para o efeito estar estabelecido as medidas/ações que possibilitam a
monitorização e avaliação da situação.
Por último, deve-se ainda realçar, que a presença de agente químico perigoso (no âmbito
deste Guia um agente químico CMR) no local de trabalho exige que o empregador disponha
de um “plano de ação com as medidas adequadas em situação de acidente, incidente
ou de emergência” (número 1, art.º 12, DL n.º 24/2012) que deverá “prever a realização
periódica de exercícios de segurança e a disponibilização dos meios adequados de
primeiros socorros” (número 2, art.º 12, DL n.º 24/2012) – vide Apontamento 4.
A Secção 4 da FDS “Secção 4: Medidas de primeiros socorros” indica alguma informação útil que,
sempre que aplicável, deve ser transmitida ao trabalhador e ao empregador, a saber:
A Secção 6 da FDS “Medidas a tomar em caso de fugas acidentais” indica as precauções individuais,
equipamento de proteção e procedimentos de emergência que também é importante transmitir ao
trabalhador, sempre que aplicável.
do risco profissional. Pretende-se que o Serviço de SST/SO contribua para uma melhor
perceção dos fatores de risco profissional (agentes químicos CMR) e dos riscos profissionais
(danos na saúde) por parte dos empregadores e dos trabalhadores, de forma a potenciar o
seu conhecimento, a melhorar os procedimentos de prevenção e a promover a saúde e bem-
estar dos trabalhadores.
De frisar, que sempre que o resultado das medições demonstrar que foi ultrapassado um
valor limite de exposição profissional, o empregador deve tomar as medidas de prevenção
e proteção adequadas o mais rapidamente possível (número 3, art.º 13º, DL n.º 24/2012).
Por último, salienta-se que numa situação de emergência ou acidente o “empregador deve
assegurar que as informações sobre as medidas de emergência sejam prestadas” aos
Serviços de SST/SO, “bem como a outros serviços internos ou externos que tenham
intervenção” no caso de emergência ou acidente (número 6, art.º 12º, DL n.º 24/2012),
incluindo:
A prevenção dos riscos profissionais deve estar alicerçada numa boa gestão do risco
profissional, que visa a adoção de medidas preventivas/corretivas que evitem ou
minimizem o dano na saúde do trabalhador exposto. Esta prevenção engloba três níveis
(primário, secundário e terciário) estando a vigilância da saúde dos trabalhadores integrada
em todos os níveis de prevenção indicados. A Figura 9 evidencia os principais aspetos de
cada nível de prevenção no contexto da exposição profissional a agentes químicos CMR.
Vigilância da saúde
• Proceder ao rastreio de • Identificar e avaliar a situação de
efeitos precoces reversíveis; exposição profissional;
• Impedir a progressão, duração • Corrigir as condições de trabalho e outras
e/ou gravidade da doença ou Prevenção que levaram à exposição profissional
de outro efeito nocivo; Secundária (incluindo equipamentos de proteção
individual);
• Minimizar implicações na
• Garantir e acompanhar a intervenção
capacidade de trabalho.
terapêutica associada à exposição.
Para o efeito, é crucial que sejam conhecidos os fatores de risco profissional a que o
trabalhador está/estará potencialmente exposto no seu posto de trabalho, para que este
possa ser informado sobre as potenciais situações de risco profissional no posto de
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 57
trabalho, principais efeitos na saúde (incluindo sinais e sintomas) e medidas preventivas que
deve adotar.
De realçar que, os agentes químicos CMR, para além dos efeitos associados à carcinogénese,
mutagénese e toxicidade reprodutiva, poderão, eventualmente, ocasionar determinadas
doenças ou manifestações clínicas como dermites eczematiformes de contacto, hepatite
tóxica, conjuntivites, asma brônquica, entre outras. Algumas destas doenças e
manifestações, quando ocorrem, podem ser resultado de exposição profissional a elevadas
concentrações ao agente químico, manifestando-se, em algumas situações, num curto
espaço de tempo após a exposição. Assim, quando detetadas e associadas a agentes
químicos CMR, poderão constituir “sinais de alerta de exposição” (gravosa) que sobretudo
evidenciam falhas de prevenção primária que devem ser, de forma expedita, identificadas,
(re)avaliadas e controladas/monitorizadas.
Nas situações em que um trabalhador já tem uma doença, designadamente cancro, é crucial
impedir qualquer exposição profissional que possa comprometer ou agravar o seu estado
de saúde ou ter implicações na sua capacidade de trabalho. Neste contexto, deve-se: (1)
conhecer todas as intervenções terapêuticas que o trabalhador está a realizar e/ou que
realizou; (2) reavaliar a atividade profissional e as condições de trabalho e adaptá-las
(sempre que necessário); (3) ponderar a necessidade de reabilitação profissional, adaptação
das condições de trabalho, recolocação e/ou formação profissional, entre outras medidas
(prevenção terciária - Figura 9).
Considera-se que para uma adequada prevenção dos riscos profissionais por exposição
a agentes químicos CMR no local de trabalho, duas principais vertentes devem ser tidas
em consideração:
Prestar especial atenção ao(s) “órgão(s) alvo(s)” que está(ão) relacionado(s) com
o agente químico CMR em questão (vide Quadro 11).
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 58
Quadro 11. Exemplos de órgãos predominantemente atingidos por agente químico e por via(s) de
penetração no organismo
VIAS DE
PENETRAÇÃO NO ÓRGÃOS PREDOMINANTEMENTE
AGENTES QUÍMICOS
ORGANISMO ATINGIDOS
Inalação Pele Oral
Acrilonitrilo X X X Pulmões, intestino
Aflatoxinas X X Fígado
Alcatrões, óleos e fuligem X X X Pulmões, pele (escroto), intestino
Aminobifenilo X X X Bexiga
Amitrole X X X Todos
Asbestos X X Pulmões, pleura, pericárdio e
peritoneu
Auramina X X X Bexiga
Benzeno X X Sistema hematopoiético
Benzidina X X X Bexiga
Berílio e alguns dos seus compostos X Pulmões
Binaftil-policlorados X X Pele
Bis (clorometil) éter X Pulmões
Cádmio e alguns dos seus X X Próstata, pulmões
compostos
Cloreto de vinilo monómero X X Fígado, cérebro, pulmões
Cloreto do dimetil-carbonilo X ---
Compostos de arsénio X X X Pele, pulmões, fígado
Crómio e alguns compostos X Pulmões, cavidade nasal
Extração de hematite X Pulmões
Fabricação de álcool isopropílico X Cavidade nasal, laringe
Fabricação de auramina X X X Bexiga
Gás de mostarda X Pulmões, laringe
Naftilamina X X X Bexiga
Níquel (refinação) e Níquel de X Cavidade nasal, pulmões
alguns dos seus compostos
Óxido de etileno X Sistema hematopoiético, estômago
Sulfato de dimetilo X Pulmões
Tetracloreto de carbono X X Fígado
Fonte: Adaptado do Decreto-Lei n.º 479/85 de 13 de novembro
É crucial que a avaliação de saúde do trabalhador seja global quanto aos principais
órgãos e sistemas. Contudo, muitos agentes químicos são conhecidos por serem
genotóxicos e apresentarem potencial para causar alterações genéticas em “tecido-alvo” (8).
Tais alterações, se ocorrerem em proto-oncogenes e genes supressores tumorais (8) que
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 59
Por este motivo, na avaliação da saúde do trabalhador especial atenção deve ser prestada
ao “órgão(s) alvo(s)” que, de acordo com o conhecimento científico, está mais relacionado
com o agente químico CMR em questão. Alguns exemplos dos órgãos predominantemente
atingidos são seguidamente indicados no Quadro 11.
Ter por base a avaliação do posto de trabalho (no âmbito deste Guia, que tem
utilização/exposição a agente químico CMR), usualmente efetuada pelo Serviço de
Segurança do Trabalho;
De realçar, que os exames de saúde ocasionais são muito importantes para a deteção
precoce de doenças ligadas ao trabalho, pelo que se recomenda que sejam valorizados os
pedidos de realização destes exames pelos trabalhadores no âmbito de queixas
relacionadas com a sua exposição profissional/condições de trabalho.
Por último, deve-se ainda salientar que o médico do trabalho, face ao estado de saúde do
trabalhador e aos resultados da prevenção dos riscos profissionais na
empresa/estabelecimento, pode “reduzir a periodicidade dos exames” de saúde (número
4, art.º 108º, Lei n.º 102/2009 e suas alterações) indicados anteriormente.
Figura 10. Exames de saúde ao longo do período de atividade profissional do trabalhador com
exposição a agentes químicos CMR
EXAME DE SAÚDE
EXAME DE SAÚDE
início da atividade de cessação da
atividade de trabalho com atividade de
trabalho com exposição a trabalho com
exposição a agentes exposição a
agentes químicos agentes
químicos CMR químicos
CMR CMR
EXAME DE SAÚDE
Em situações
excecionais
de exposição
agentes
químicos
CMR
Os principais objetivos do exame de saúde, assim como o tipo de exame a selecionar (de
admissão, periódico ou ocasional), são indicados no Quadro 12 (para “Antes da atividade” e
“Durante a atividade”) e no Quadro 13 (para “Situações excecionais” e “Cessação da
atividade”).
Quadro 12. Caracterização dos exames de saúde “Antes da atividade” e “Durante a atividade”
Principais • Efetuar um registo inicial sobre o • Avaliar se as condições de trabalho relacionadas com
objetivos estado global de saúde do trabalhador a utilização e/ou presença de agentes químicos CMR
do exame que permita monitorizar eventuais tiveram repercussões na saúde do trabalhador.
alterações (futuras) na saúde, • Confirmar a aptidão do trabalhador para continuar
de saúde
relacionadas com a exposição a exercer as suas funções, incluindo se existem
profissional a agentes químicos CMR. patologias ou outras situações que constituam
• Aferir se existem patologias ou outros contraindicação absoluta ou relativa para o
estados de saúde que se constituam desempenho profissional do trabalhador.
como fatores de suscetibilidade para o • Aferir o nível de conhecimento do trabalhador
trabalhador exposto a agentes químicos sobre os efeitos na saúde relacionados com a
CMR. exposição a agentes químicos CMR, assim como
• Esclarecer o trabalhador quanto aos quanto às principais medidas de prevenção para
potenciais efeitos na saúde pela minimizar o risco de exposição, incluindo a adequada
exposição a agentes químicos CMR e às utilização dos equipamentos de proteção coletiva e
principais medidas de prevenção para individual (sempre que aplicável).
os minimizar.
Tipo de Exame de admissão, se o trabalhador Exame periódico que deverá ser preferencialmente
exame de inicia a prestação do trabalho na anual.
saúde entidade empregadora. No caso dos trabalhadores expostos ao chumbo a
“O empregador deve assegurar a vigilância da periodicidade legal é trimestral quando (número 8,
saúde dos trabalhadores em relação aos quais o art.º 22º, DL n.º 24/2012):
resultado da avaliação revele a existência de o Quando a taxa individual de plumbémia for superior a
riscos (…) devendo em qualquer caso os 60µg/100 ml de sangue;
primeiros ser realizados antes da exposição aos o Quando a exposição profissional ao chumbo for
riscos” (número 1, art.º 12º, DL n.º 301/2000, com superior a 0,1 mg/m3;
a nova redação do DL n.º 88/2015). o Sempre que sejam ultrapassados os valores limite
Exame ocasional, por exemplo, nas estabelecidos, em particular quando:
Quadro 13. Caracterização dos exames de saúde “Situações excecionais” e “Cessação da atividade”
Notas 1. Para efeitos do presente documento, englobam-se 1. O Serviço de Saúde Ocupacional deve
nas situações excecionais: aconselhar o trabalhador a proceder ao
a. Exposição imprevisível ou acidental (art.º 9º, prolongamento da vigilância médica após
DL n.º 301/2000) – Situações de trabalho a cessação do trabalho (vigilância médica
imprevisíveis ou acidentais em que os prolongada) e durante o período
trabalhadores possam estar sujeitos a uma considerado necessário para salvaguardar
exposição anormal a agentes químicos CMR; a saúde do indivíduo, tendo em conta os
possíveis efeitos na saúde decorrentes da
b. Exposição regular ou previsível (art.º 10º, DL
exposição do trabalhador a agentes
n.º 301/2000) - Situações em que seja previsível
químicos CMR.
um aumento significativo de exposição a
agentes químicos CMR, nomeadamente a 2. O médico responsável pela vigilância da
manutenção, em que já não seja possível a saúde deve entregar ao trabalhador que
aplicação de medidas técnicas preventivas deixar de prestar serviço na entidade
suplementares para limitar a exposição. empregadora cópia da ficha clínica do
respetivo trabalhador (art.º 109º da Lei n.º
102/2009 e suas alterações).
Considera-se que:
o história profissional;
o antecedentes pessoais;
7.2.3.1. Anamnese
Quadro 14. Anamnese: história profissional, história social e história familiar pregressa
DURANTE a Atualizar/confirmar as informações recolhidas no último exame de saúde que foi realizado
atividade & ao trabalhador, designadamente os aspetos referidos anteriormente para “ANTES da
atividade” (respetivamente).
SITUAÇÕES
Registar todas alterações identificadas e/ou outras situações de relevância na ficha clínica
EXCECIONAIS
do trabalhador.
O Quadro 16 indica a principal informação que deve ser recolhida quanto ao posto de
trabalho/atividade profissional do trabalhador.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 68
o O estado em que o produto está presente no local de trabalho (e.g. sólido inerte em
forma de pó respirável…)
Identificar as tarefas do trabalhador, sobretudo aquelas em que existe maior risco potencial
de exposição profissional a CMR, para além dos equipamentos/ferramentas/máquinas e
processos de trabalho onde estes são utilizados.
Analisar os resultados de medições ambientais prévias (sempre que existam) efetuadas no
posto de trabalho, designadamente quanto ao cumprimento dos valores-limite (quando
existentes).
DURANTE a Atualizar/confirmar as informações recolhidas no último exame de saúde que foi realizado ao
atividade trabalhador, designadamente os aspetos referidos anteriormente para “ANTES da atividade”
quanto às “propriedades da substância/mistura” e “condições de trabalho/utilização” e
“tarefas”.
Analisar os resultados de medições ambientais efetuadas no posto de trabalho,
designadamente quanto ao cumprimento dos valores-limite (quando existentes) e/ou à
necessidade de se realizarem medições/avaliações.
Aferir/confirmar a informação sobre:
DURANTE a
• Observação ocular;
atividade
• Inspeção e palpação do pescoço;
• Pesquisa de adenopatias;
SITUAÇÕES • Inspeção e percussão torácica e auscultação cardíaca
EXCECIONAIS
e pulmonar;
• Inspeção e palpação mamária;
APÓS a • Inspeção, percussão e palpação abdominal;
atividade
• Inspeção dos membros inferiores (e.g. pesquisa de
edemas);
• Exame neurológico sumário.
As técnicas de investigação utilizadas na vigilância da saúde devem ser de baixo risco para
os trabalhadores e adequadas à deteção de sinais precoces ou tardios de doença ou outro
efeito na saúde (número 3, art.º 14º, DL n.º 24/2012).
Na vigilância regular da saúde dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR devem
ser solicitados os exames complementares de saúde indicados no ponto I do Quadro 18.
Alguns destes exames complementares enquadram-se na avaliação global da saúde do
trabalhador, não sendo específicos para o trabalhador exposto a agentes químicos CMR.
Neste sentido, o médico do trabalho deve ter em consideração o resultado de exames a que
o trabalhador tenha sido submetido e que mantenham atualidade, devendo instituir a
cooperação necessária com o médico assistente (art.º 108º, Lei n.º 102/2009 e suas
alterações).
Quadro 18. Exames complementares de saúde para os trabalhadores expostos a agentes químicos
CMR
Estudo laboratorial:
I.
Hemograma completo com plaquetas (rastreio de anemias, leucopenias,
Todos os
leucemias…);
trabalhadores
Provas de função hepática (TGO; TGP; -GT, FA);
expostos a
Provas de função renal (ureia; creatinina; clearance da creatinina;
CMR ionograma);
Urina tipo II com estudo do sedimento urinário;
Proteína C reativa ou velocidade de sedimentação.
Periodicidade Situação
Os biomarcadores vão permitir traduzir as etapas sucessivas que variam desde uma
exposição profissional a um agente químico CMR até ao aparecimento de uma doença
(Figura 12). Nesta sequência consideram-se quatro principais etapas “intermédias”, sendo
que as duas primeiras correspondem a biomarcadores de exposição (dose interna e dose
biologicamente efetiva) e as duas últimas biomarcadores de efeito (efeito biológico precoce
e alteração da estrutura/função). Existem alguns biomarcadores que permitem avaliar a
sensibilidade de um individuo aos efeitos de uma exposição (biomarcadores de
suscetibilidade), importantes para modular as transições entre as fases (23).
Figura 12. Biomarcadores toxicológicos na sequência de eventos ocorridos desde a exposição até ao
aparecimento da doença
CLASSE DO
OBJETIVO DO BIOMARCADOR
BIOMARCADOR
No âmbito dos biomarcadores de efeito existe ainda uma classe relevante que são os
biomarcadores citogenéticos, destacando-se as aberrações cromossómicas e os
micronúcleos. De salientar que ambos são considerados biomarcadores de genotoxicidade
preditivos do risco de cancro.
Para além da importância de determinados genótipos, existem ainda outros fatores que se
deverão identificar como indicadores biológicos de suscetibilidade e que poderão ser
igualmente relevantes numa exposição ocupacional. Como exemplos destaca-se a idade,
género, doenças pré-existentes (e.g. doença crónica), medicação, tipo de dieta, fatores
associados ao estilo de vida e a ainda a exposição a outros compostos químicos ambientais
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 75
O resultado da vigilância deve englobar uma apreciação, mesmo que sumária, dos dados
recolhidos do trabalhador no âmbito da anamnese, exame objetivo e exames
complementares de saúde, assim como os motivos da (in)aptidão para o trabalho. Devem
ainda ser dadas indicações sobre a necessidade (e importância) de continuar a vigilância
da saúde, mesmo depois de terminar a exposição profissional (número 6, art.º 12.º, DL n.º
301/2000).
De realçar, que nas situações em que um trabalhador está exposto a mais do que um
produto (final) classificado em pelo menos uma classe de perigo CMR, a metodologia de
avaliação de risco profissional deve ser realizada, de forma individualizada, por produto.
Caberá ao médico do trabalho, responsável pela saúde do trabalhador exposto, proceder a
uma análise integrada das avaliações dos riscos profissionais existentes no posto de
trabalho (relativas a agentes químicos CMR e outros agentes) e indicar na Ficha de Aptidão
para o Trabalho as medidas preventivas a adotar.
Considerar não apenas a doença em si, mas a situação concreta de saúde que a
mesma condiciona tendo em consideração a sua capacidade de compensação;
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 77
A trabalhadora grávida, puérpera e lactante deve ter uma proteção especial antes e
durante a gravidez e no período da amamentação, requisito que deve ser salvaguardado
pela entidade empregadora (vide Quadro 20).
De realçar que, para alguns agentes químicos CMR, a cessação da exposição apenas durante
a gravidez e lactação pode ser insuficiente para assegurar a ausência de efeitos sobre o
desenvolvimento dos descendentes. A exposição profissional deve ser cessada com
antecedência suficiente (12) para garantir que o agente químico depositado no organismo
seja eliminado para um nível de segurança aceitável. Para o efeito é indispensável ter em
conta as características toxicocinéticas de cada agente químico, as condições concretas de
exposição profissional e a suscetibilidade individual.
A ficha clínica (por vezes designada por “ficha médica individual”), a organizar
individualmente para cada trabalhador, deve conter, no mínimo, os seguintes elementos:
8. REGISTOS E ARQUIVO
Os registos relativos aos agentes químicos CMR e à exposição profissional associada de cada
trabalhador devem ser “conservados durante, pelo menos, 40 anos após ter terminado a
exposição dos trabalhadores a que digam respeito” (número 3, art.º 46º, Lei 3/2014 que
altera a Lei n.º 102/2009; número 1, art.º 17º, DL n.º 301/2000). Se a empresa cessar a
atividade, “os registos e arquivos devem ser transferidos para o organismo competente
do membro do Governo responsável pela área laboral, com exceção das fichas clínicas, que
devem ser enviadas para o organismo competente do ministério responsável pela área da
saúde, os quais asseguram a sua confidencialidade” (número 4, art.º 46º, Lei 3/2014 que
altera a Lei n.º 102/2009).
f) Registos de acidentes ou incidentes (alínea d), número 1, art.º 46º, Lei n.º 3/2014 que
altera a Lei n.º 102/2009).
h) Identificação do médico responsável pela vigilância da saúde (alínea e), número 1, art.º
46º, Lei n.º 3/2014 que altera a Lei n.º 102/2009).
7. Relação das doenças profissionais participadas (alínea d), número 2, art.º 73-Bº, Lei
n.º 3/2014 que altera a Lei n.º 102/2009;
Ser assegurada de modo a que não possa resultar prejuízo para os trabalhadores
(número 4, art.º 20º, Lei n.º 3/2014 que altera e republica a Lei n.º 102/2009).
7
No que se refere ao “Amianto” a formação deve permitir a aquisição dos conhecimentos e competências
necessários em matéria de prevenção e de segurança, nomeadamente no respeitante a (número 2, art. 16º, DL n.º
266/2007 de 24 de julho): a) Propriedades do amianto e seus efeitos sobre a saúde, incluindo o efeito sinérgico do
tabagismo; b) Tipos de produtos ou materiais suscetíveis de conterem amianto; c) Operações que podem provocar
exposição a poeiras de amianto ou de materiais que contenham amianto e a importância das medidas de
prevenção na minimização da exposição; d) Práticas profissionais seguras, controlos e equipamentos de proteção;
e) Função do equipamento de proteção das vias respiratórias, escolha, utilização correta e limitações do mesmo; f)
Procedimentos de emergência; g) Eliminação dos resíduos; h) Requisitos em matéria de vigilância médica.
8
Relativamente ao “Amianto” a legislação prevê a seguinte informação aos trabalhadores expostos (art. 18º, DL n.º
266/2007 de 24 de julho): a) A avaliação dos riscos e as medidas a tomar; b) A colheita de amostras para a
determinação da concentração de poeiras de amianto na atmosfera do local de trabalho; c) As medidas a tomar
em caso de ultrapassagem do valor limite de exposição.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 83
De realçar ainda, que os trabalhadores devem ser informados e ter “acesso aos registos
individuais de exposição e aos resultados da vigilância da saúde que lhes digam
diretamente respeito” e podem solicitar a “revisão desses resultados” (número 3, art.º 15º,
DL n.º 24/2012).
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 84
Legislação nacional:
Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, e suas alterações, introduzidas pela Lei n.º
42/2012, de 28 de agosto, pela Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro, pelo Decreto-Lei n.º
88/2015, de 28 de maio e pela Lei n.º 146/2015, de 9 de setembro
Regulamentos Comunitários:
Diretivas Comunitárias:
4. Comissão Europeia. Condições de trabalho mais seguras e mais saudáveis para todos -
Modernização da política e da legislação da UE em matéria de saúde e segurança no
trabalho. Bruxelas: Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao
Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões, COM(2017)12 final,
10.01.2017.
5. World Health Organization. WHO/Europe - WHO Regional Office for Europe. [Online] World
Health Organization. [Citação: 21 de 09 de 2017.] http://www.euro.who.int/en/health-
topics/environment-and-health/occupational-health/news/news/2016/02/preventing-
cancer-the-european-code-against-cancer.
6. International Agency for Research on Cancer e World Health Organization. [Online] World
Health Organization. [Citação: 21 de 09 de 2017.] https://cancer-code-
europe.iarc.fr/index.php/en/ecac-12-ways/pollutants-recommendation.
7. Prista J e Sousa Uva A. Aspetos Gerais de Toxicologia para Médicos do Trabalho. Lisboa:
Escola Nacional de Saúde Pública - Universidade Nova de Lisboa, 2002.
8. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva - Ministério da Saúde. Diretrizes
para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde,
2012.
9. Hanahan D e Weinberg RA. Hallmarks of cancer: the next generation. Cell, 2011, 144: 646-
74.
10. Klaunig JE. Chemical carcinogenesis, in Casarett and Doull´s, Toxicology: The Basic
Science of Poisons (Klaassen CD ed). 8ª Edição. New York: MacGraw-Hill, 2013, 393-443.
11. Bolt HM, et al. Carcinogenicity categorization of chemicals - new aspects to be considered
in a European perspective. Toxicol Lett, 2004, 151: 29-41.
12. Kuhl K, et al. State of the art report on reproductive toxicants - Literature
Review/Summary of European Risk Observatory. Luxembourg: European Agency for Safety
and Health at Work (EU-OSHA), 2016.
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC 86
13. Lißner L, et al. Exposure to carcinogens and work-related cancer: A review of assessment
methods (European Risk Observatory Report). Luxemburgo: European Agency for Safety and
Health at Work, 2014.
14. Sousa Uva A e Graça L. Saúde e Segurança do Trabalho: Glossário - Cadernos/Avulso #04.
Lisboa: Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho, 2004.
15. ECHA - European Chemiclas Agency. Practical Guide 15: How to undertake a qualitative
human health assessment and document it in a chemical safety report. Filândia: European
Chemiclas Agency, 2012.
17. ECHA - European Chemicals Agency. Guia de orientação sobre requisitos de informação
e avaliação da segurança química - Parte D: quadro para a avaliação da exposição. Filândia:
European Chemicals Agency, 2016.
18. European Commission: Directorate-General for Employment, Social Affairs and Inclusion
- Unit Health, Safety & Hygiene at Work. Minimising chemical risk to workers´ health and
safety through substitution: Part I "Practical Guidance" and Part II "Study Report on
identifying a viable risk management measure". Luxemburgo: Office of the European Union,
2012.
21. Canadian Center for Occupational Health and Safety. CCOHS: Occupational Hygiene -
Occupational Exposure Limits. [Online] Canadian Centre for Occupational Health & Safety.
[Citação: 27 de 09 de 2017.]
https://www.ccohs.ca/oshanswers/hsprograms/occ_hygiene/occ_exposure_limits.html.
23. DeCaprio AP. Biomarkers: coming of age for environmental health and risk assessement.
Environm Sci Technol, 1997, 31: 1837-1848.
24. NRC: Committee on Biological Markers of the National Research Council. Biological
markers in enviornmental health research. Environ Health Perspect, 1987, 74: 3-9.
25. Manno M e Viau C em colaboração com Cocker J, Colosio C, Lowry L, Mutti A, Nordberg
M e Wang S. Biomonitoring for occupational health risk assessment (BOHRA). Toxicol Lett,
2010, 192: 3-16.
26. Olabisi AO et al. Biomonitoring, in Toxicology Principles for the Industrial Hygienist
(Luttrell WE, Jederberg WW, Still KR, Eds). AIHA, 2008, 29: 52-361.
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ANEXOS
vi
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LEGENDA: N.º CAE - código de cinco dígitos da Classificação Portuguesa de Atividades Económicas, Revisão 3, de acordo com o Decreto-
Lei n.º 381/2007, de 14 de novembro; N.º Est. – número de estabelecimentos identificados no Relatório Único; N.º Exp. – número de
exposições profissionais; 07290 - Extração e preparação de outros minérios metálicos não ferrosos; 15201 - Fabricação de calçado; 16230
- Fabricação de outras obras de carpintaria para a construção; 18120 - Outra impressão; 21100 - Fabricação de produtos farmacêuticos de
base; 21201 – Fabricação de medicamentos; 25110 - Fabricação de estruturas de construções metálicas; 29100 - Fabricação de veículos
automóveis; 29320 - Fabricação de outros componentes e acessórios para veículos automóveis; 31091 - Fabricação de mobiliário de
madeira para outros fins; 33160 - Reparação e manutenção de aeronaves e de veículos espaciais; 33170 - Reparação e manutenção de
outro equipamento de transporte; 36002 - Distribuição de água; 37002 - Tratamento de águas residuais; 41200 – Construção de edifícios
(residenciais e não residenciais); 42110 - Construção de estradas e pistas de aeroportos; 43210 - Instalação elétrica; 45110 - Comércio de
veículos automóveis ligeiros; 45200 – Manutenção e reparação de veículos automóveis; 45320 - Comércio a retalho de peças e acessórios
para veículos automóveis; 47300 - Comércio a retalho de combustível para veículos a motor, em estabelecimentos especializados; 49410 -
Transportes rodoviários de mercadorias; 51100 - Transportes aéreos de passageiros; 52211 - Gestão de infraestruturas dos transportes
terrestres; 55111 - Hotéis com restaurante; 72190 - Outra investigação e desenvolvimento das ciências físicas e naturais; 81210 -
Atividades de limpeza geral em edifícios; 86100 - Atividades dos estabelecimentos de saúde com internamento; 96010 - Lavagem e limpeza
a seco de têxteis e peles.
vii
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Fatores
Código 21.02 Amianto
de risco:
Doenças ou outras manifestações clínicas Prazo Lista exemplificativa de trabalhos suscetíveis de provocar a
indicativo doença
Fibrose broncopulmonar ou lesões pleurais
consecutivas à inalação de poeiras de 10 anos Todos os trabalhos que exponham à inalação de poeiras de
amianto com sinais radiológicos e amianto, como, por exemplo:
compromisso da função respiratória
- Extração, manipulação e tratamento de rochas e minérios
Complicações:
com amianto;
Insuficiência respiratória aguda
Pleuresias exsudativas 10 anos - Utilização do amianto no fabrico de tecidos e materiais
Tumores malignos bronco-pulmonares 10 anos isolantes e impermeabilizantes, de calços de travões e de
Insuficiência cardíaca direita 10 anos juntas de amianto e borracha, de cartão, papel e filtros de
Mesotelioma primitivo pleural, 10 anos amianto e fibrocimento;
pericárdico ou peritoneal 10 anos - Aplicação, destruição e/ou eliminação de produtos do
5 anos
amianto ou que o contenham.
Fatores Carvão, grafite, sulfato de bário, óxido de estanho, óxido de ferro, talco, outros
Código 21.03
de risco: silicatos e sais de metais duros
Doenças ou outras manifestações clínicas Prazo Lista exemplificativa de trabalhos suscetíveis de provocar a
indicativo doença
Pneumoconioses ditas de depósito,
reveladas por exame radiográfico e com 5 anos Todos os trabalhos que exponham à inalação de poeiras,
insuficiência respiratória comprovada por como, por exemplo, de carvão, grafite, sulfato de bário,
provas funcionais respiratórias
óxido de estanho, óxido de ferro, talco, outros silicatos e
sais de metais duros.
(“Talco contendo fibras asbestiformes” e
“negro de carvão” são considerados pela
EU-OSHA (13) um fator cancerígeno
relevante em matéria de SST)
Fatores Cortiça, madeira, berílio e seus compostos tóxicos, sulfato de cobre, algodão,
Código 22.01
de risco: cimento, pesticidas, cereais, farinha
Doenças ou outras manifestações clínicas Prazo Lista exemplificativa de trabalhos suscetíveis de provocar a
indicativo doença
Granulomatose pulmonar com insuficiência
respiratória, confirmada por provas 1 ano Todos os trabalhos que exponham à inalação de poeiras ou
funcionais respiratórias aerossóis com ação imunoalérgica, como, por exemplo:
Complicações: - Trabalhos em madeira;
Insuficiência cardíaca direita
- Trituração, peneiração e granulação de cortiça;
Carcinoma pulmonar
20 anos - Preparação de ligas e compostos de berílio;
20 anos - Fabrico de cristais, cerâmicas, porcelanas e produtos
altamente refratários;
- Fabrico de lâmpadas incandescentes;
- Operações de preparação dos fios de algodão;
- Sulfatagem de vinhas;
- Fabrico de cimento, de aglomerados, de pré-fabricados de
cimento, ensacagem e transporte de cimentos;
- Trabalhos em aviários;
- Preparação, manipulação e utilização de pesticidas;
- Trituração de grãos de cereais e ensacagem de farinha;
- Sulfatagem (sulfato de cobre)
xiii
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xvii
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Classe e
N.º CE categoria
Nome do agente N.º Index N.º CAS Indicador Biológico
(EINECS) de perigo
CMR
Ácido trans,trans-
Carc. 1A mucónico urinário
Benzeno 601-020-00-8 200-753-7 71-43-2
Muta. 1B
Ácido fenilmercaptúrico
urinário
Carc. 2
Acetato de chumbo 082-007-00-9 215-630-3 1335-32-6
Repr. 1A
Ácido δ-aminolevulínico
urinário
Carc. 1B
Cromato de chumbo 082-004-00-2 231-846-0 7758-97-6
Repr. 1A
Ácido tricloroacético
Tetracloroetileno 602-028-00-4 204-825-9 127-18-4 Carc. 2
urinário
Carc. 1A
Trióxido de Crómio 024-001-00-0 215-607-8 1333-82-0 Muta. 1B Crómio urinário
Repr. 2
xviii
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Metoxietoxi)e
tanol DL n.º
24/2012
2-(2-
methoxyethoxy)eth e 2ª Lista(j)
anol; diethylene
glycol monomethyl
ether
2-Etoxietanol 603-012-00-X 203-804-1 110-80-5 8 2 - - cutânea Flam. Liq. 3 H226
Repr. 1B H360FD DL n.º
2-ethoxyethanol; Acute Tox. 3 H331 24/2012
Acute Tox. 4 H302
ethylene glycol e 3ª Lista(j)
monoethyl ether
2- 603-011-00-4 203-713-7 109-86-4 - 1 - - cutânea Flam. Liq. 3 H226
Repr. 1B H360FD
Metoxietanol Acute Tox. 4 * H332 DL n.º
Acute Tox. 4 * H312 24/2012
2-methoxyethanol; Acute Tox. 4 * H302 e 3ª Lista(j)
ethylene glycol
monomethyl ether
2- 609-002-00-1 201-209-1 79-46-9 18 5 - - - Flam. Liq. 3 H226
Carc. 1B H350
Nitropropano Acute Tox. 4 * H332 5ª Lista(l)
Acute Tox. 4 * H302
2-nitropropane
Acetato de 2- 607-037-00-7 203-839-2 111-15-9 11 2 - - cutânea Flam. Liq. 3 H226
Repr. 1B H360FD
etoxietilo Acute Tox. 4 * H332
DL n.º
Acute Tox. 4 * H312
2-ethoxyethyl 24/2012
Acute Tox. 4 * H302
acetate; ethylglycol e 3ª Lista(j)
acetate
xix
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Cloreto de 602-004-00-3 200-838-9 75-09-2 353 100 706 200 cutânea Carc. 2 H351
metileno;
Dicloro-
4ª Lista(k)
metano
dichloromethane;
methylene chloride
Cloreto de 602-025-00-8 200-864-0 75-35-4 8 2 20 5 - Flam. Liq. 1 H224
Carc. 2 H351
vinilideno; Acute Tox. 4 * H332
1,1-Di- 4ª Lista(k)
cloroetileno
xx
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1,1-
dichloroethylene;
vinylidene chloride
Cloreto de 602-023-00-7 200-831-0 75-01-4 7,77 3 - - - Flam. Gas 1 H220
DL n.º
Press. Gas
vinilo Carc. 1A H350 301/2000
monómero alterado por
DL 88/2015
vinyl chloride;
5ª Lista(l)
chloroethylene 2,6 1 - - -
Cloroetano 602-009-00-0 200-830-5 75-00-3 268 100 - - - Flam. Gas 1 H220
Press. Gas DL n.º
chloroethane Carc. 2 H351 24/2012
Aquatic Chronic H412 e 2ª Lista(j)
3
Clorofórmio 602-006-00-4 200-663-8 67-66-3 10 2 - - cutânea Carc. 2 H351
Repr. 2 H361d
Acute Tox. 3 H331 DL n.º
chloroform;
trichloromethane Acute Tox. 4 H302 24/2012
STOT RE 1 H372 e 1ª Lista(j)
Skin Irrit. 2 H315
Eye Irrit. 2 H319
024-001-00-0 215-607-8 1333-82-0 Ox. Sol. 1 H271
Carc. 1A H350
chromium (VI) Muta. 1B H340
trioxide Repr. 2 H361f ***
Acute Tox. 2 * H330
Acute Tox. 3 * H311
Acute Tox. 3 * H301
STOT RE 1 H372 **
Compostos Skin Corr. 1A H314
de crómio (VI) Resp. Sens. 1 H334
que são Skin Sens. 1 H317
0,005(q) - - - - Aquatic Acute 1 H400 5ª Lista(l)
agentes Aquatic Chronic 1 H410
cancerígenos 024-017-00-8 - - Carc. 1B H350i
(como o crómio) Skin Sens. 1 H317
chromium (VI) Aquatic Acute 1 H400
compounds, with Aquatic Chronic 1 H410
the exception of
barium chromate
and of compounds
specified elsewhere
in the ECHA Annex
Dissulfureto 006-003-00-3 200-843-6 75-15-0 15 5 - - cutânea Flam. Liq. 2 H225
Repr. 2 H361fd DL n.º
de carbono STOT RE 1 H372 ** 24/2012
Skin Irrit. 2 H315 e 3ª Lista(j)
carbon disulphide Eye Irrit. 2 H319
Fenol 604-001-00-2 203-632-7 108-95-2 8 2 16 4 cutânea Muta. 2 H341
Acute Tox. 3 * H331
DL n.º
phenol; carbolic Acute Tox. 3 * H311
Acute Tox. 3 * H301 24/2012
acid;
STOT RE 2 * H373 ** e 3ª Lista(j)
monohydroxybenze
ne; phenylalcohol Skin Corr. 1B H314
Hidrazina 007-008-00-3 206-114-9 302-01-2 0,013 0,01 - - pele Flam. Liq. 3 H226
Carc. 1B H350
hydrazine Acute Tox. 3 * H331
Acute Tox. 3 * H311
Acute Tox. 3 * H301 5ª Lista(l)
Skin Corr. 1B H314
Skin Sens. 1 H317
Aquatic Acute 1 H400
Aquatic Chronic 1 H410
Isocianato de 615-001-00-7 210-866-3 624-83-9 - - - 0,02 - Flam. Liq. 2 H225
Repr. 2 H361d ***
metilo DL n.º
Acute Tox. 2 * H330
24/2012
Acute Tox. 3 * H311
methyl isocyanate Acute Tox. 3 * H301 e 3ª Lista(j)
STOT SE 3 H335
xxi
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lead powder;
[particle diameter
< 1 mm]
xxii
Guia Técnico n.º 2: Vigilância dos trabalhadores expostos a agentes químicos CMR | PNSOC
Pó de - - - 5,00(n) - - - - - - DL n.º
madeira de 301/2000
alterado por
folhosas (m) DL 88/2015
2,00(o) 5ª Lista(l)
Pó de sílica - - - 0,1(p) - - - - - -
cristalina 5ª Lista(l)
inalável
Tetracloreto 602-008-00-5 200-262-8 56-23-5 6,4 1 32 5 cutânea Carc. 2 H351
Acute Tox. 3 * H331
de carbono; Acute Tox. 3 * H311
Tetracloromet Acute Tox. 3 * H301
ano STOT RE 1 H372 ** 4ª Lista(k)
Ozone 1 H420
carbon Aquatic Chronic H412
tetrachloride; 3
tetrachloromethane
Tetracloroetil 602-028-00-4 204-825-9 127-18-4 138 20 275 40 cutânea Carc. 2 H351
Aquatic Chronic H411
eno 2 4ª Lista(k)
tetrachloroethylene
Tetra- 603-025-00-0 203-726-8 109-99-9 150 50 300 100 cutânea Flam. Liq. 2 H225
DL n.º
Carc. 2 H351
hidrofurano STOT SE 3 H335 24/2012
Eye Irrit. 2 H319 e 1ª Lista(j)
tetrahydrofuran
Tolueno 601-021-00-3 203-625-9 108-88-3 192 50 384 100 cutânea Flam. Liq. 2 H225
Repr. 2 H361d ***
DL n.º
toluene Asp. Tox. 1 H304
24/2012
STOT SE 3 H336
STOT RE 2 * H373 ** e 2ª Lista(j)
Skin Irrit. 2 H315
-Toluidina 612-091-00-X 202-429-0 95-53-4 0,5 0,1 - - pele Carc. 1B H350
Acute Tox. 3 * H331
o-toluidine; 2- Acute Tox. 3 * H301 5ª Lista(l)
aminotoluene Eye Irrit. 2 H319
Aquatic Acute 1 H400
Fibras de 650-017-00-8 - - - - - Carc. 1B H350i
materiais
cerâmicos
refratários
que são
agentes
cancerígenos
Refractory Ceramic
Fibres, Special 0,3 f/ml
Purpose Fibres,
5ª Lista(l)
with the exception [Fibras por
of those specified mililitro]
elsewhere in this
Annex; [Man-made
vitreous (silicate)
fibres with random
orientation with
alkaline oxide and
alkali earth oxide
(Na2O+K2O+CaO+
MgO+BaO) content
less or equal to 18
% by weight]
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Legenda:
De salientar que se encontra estabelecido um valor limite biológico obrigatório para o chumbo
e respetivos compostos iónicos que é de 70µg Pb/100ml de sangue (Anexo II do Decreto-Lei n.º
24/2012, de 6 de fevereiro).
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Delimitação das zonas de risco (alínea j), art.º 6º, DL n.º 301/2000 com as alterações introduzidas pelo
DL n.º 88/2015).
Assegurar que o acesso às zonas onde decorrem atividades que apresentem risco seja limitado aos
trabalhadores que nelas tenham de entrar por causa das suas funções (art.º 11º DL n.º 301/2000).
Afastar os “trabalhadores particularmente sensíveis aos riscos a que estão expostos” de “zonas
onde possam estar em contacto com agentes” químicos CMR (número 4, art.º 4.º, DL n.º 301/2000).
Limitação das quantidades do agente CMR no local de trabalho (alínea a), art.º 6º, DL n.º 301/2000
com as alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015) e/ou redução ao mínimo da quantidade do
agente necessário à atividade (alínea g), número 1, art.º 9º, DL n.º 24/2012 com as alterações
introduzidas pelo DL n.º 88/2015).
Conceção, organização e aplicação de processos e métodos de trabalho adequados (alínea f), art.º
6º, DL n.º 301/2000 com as alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015; alínea a), número 1, art.º 9º,
DL n.º 24/2012 com as alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015), assim como conceção de
medidas técnicas (incluindo controlos técnicos apropriados) que evitem ou minimizem a libertação
de agentes CMR no local de trabalho (alínea c), art.º 6º, DL n.º 301/2000 com as alterações
introduzidas pelo DL n.º 88/2015; alínea a), número 2, art.º 10º, DL n.º 24/2012 com as alterações
introduzidas pelo DL n.º 88/2015).
Evacuação dos agentes CMR na fonte, por aspiração localizada ou ventilação geral, adequadas e
compatíveis com a proteção da saúde pública e do ambiente (alínea d), art.º 6º, DL n.º 301/2000 com
as alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015).
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Utilização de processos de trabalho adequados (alínea h), número 1, art.º 9º, DL n.º 24/2012 com as
alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015) que:
Fornecer aos trabalhadores vestuário de proteção adequado (alínea b), art.º 7º, DL n.º 301/2000
com as alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015).
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Adotar medidas de higienização adequadas (alínea f), número 1, art.º 9º, DL n.º 24/2012 com as
alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015), nomeadamente pela limpeza periódica dos
pavimentos, paredes e outras superfícies (alínea h), art.º 6º, DL n.º 301/2000 com as alterações
introduzidas pelo DL n.º 88/2015).
Impedir que os trabalhadores comam, bebam ou fumem nas zonas de trabalho onde haja risco de
contaminação por agentes cancerígenos ou mutagénicos (alínea a), art.º 7º, DL n.º 301/2000 com as
alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015).
Assegurar a existência de instalações sanitárias e de higiene adequadas (alínea c), art.º 7º, DL n.º
301/2000 com as alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015).
Proceder à limpeza do vestuário de proteção após cada utilização e disponibilizar locais distintos
para guardar separadamente o vestuário de trabalho ou de proteção e o vestuário de uso pessoal
(alínea b), art.º 7º, DL n.º 301/2000 com as alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015).
Informar e formar os trabalhadores e os seus representantes (artigos 13º e 14º DL 301/2000 com as
alterações introduzidas pelo DL n.º 88/2015).
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I. Amianto
O trabalho na zona afetada só pode prosseguir após a adoção das medidas adequadas à proteção dos trabalhadores
(número 2, art.º 9º, DL n.º 266/2007).
Neste contexto deve-se proceder a nova determinação da concentração de amianto na atmosfera do local de trabalho de
modo a verificar a eficácia das medidas de correção (número 3, art.º 9º, DL n.º 266/2007).
Medidas preventivas:
Nas situações em que não seja possível tecnicamente reduzir a exposição para valor inferior ao valor limite de exposição é
obrigatória a utilização pelos trabalhadores de equipamento de proteção individual das vias respiratórias correção
(número 4, art.º 9º, DL n.º 266/2007). Salienta-se que:
a) A utilização de equipamento de proteção individual das vias respiratórias é limitada ao tempo estritamente
necessário (número 5, art.º 9º, DL n.º 266/2007).
b) Os períodos de trabalho em que seja utilizado equipamento de proteção individual das vias respiratórias
compreendem pausas cuja duração tenha em conta o esforço físico e as condições climatéricas, determinadas
mediante consulta dos representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde no trabalho (número 6,
art.º 9º, DL n.º 266/2007).
II. Chumbo
Quando a determinação da concentração de chumbo no ar revele a existência de qualquer trabalhador sujeito a uma
exposição profissional superior ao valor limite de exposição profissional obrigatório o empregador deve adotar os
seguintes procedimentos e medidas preventivas (número 1, art.ºº 20, DL n.º 24/2012):
Procedimentos:
Medidas preventivas:
a) Dispor de um plano de ação com as medidas adequadas em situação de acidente, incidente ou de emergência
resultante da presença do agente químico perigosos no local de trabalho. Este plano deve prever a realização
periódica de exercícios de segurança e a disponibilização dos meios adequados de primeiros socorros.
b) Aplicar imediatamente as medidas adequadas.
c) Informar os trabalhadores implicados e só autorizar a presença na área afetada dos trabalhadores indispensáveis à
execução das reparações ou de outras operações estritamente necessárias.
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d) Garantir que os trabalhadores autorizados a exercer temporariamente funções na área afetada utilizam vestuário de
proteção, equipamento de proteção individual e equipamento e material de segurança específico adequados à
situação.
e) Assegurar a instalação de sistemas de alarme e outros sistemas de comunicação necessários para assinalar os riscos
acrescidos para a segurança e a saúde, de modo a permitir uma resposta adequada e imediata para solucionar a
situação, incluindo operações de socorro, evacuação e salvamento.
f) Assegurar que as informações sobre as medidas de emergência sejam prestadas aos serviços de segurança e saúde
no trabalho, bem como a outros serviços internos ou externos que tenham intervenção em caso de emergência ou
acidente, incluindo:
A avaliação prévia dos perigos da atividade exercida, a forma de os identificar, as precauções e os
procedimentos pertinentes para que os serviços de emergência possam preparar os planos de intervenção e
as respetivas medidas;
Sempre que as medidas referidas anteriormente não possam, em virtude da sua natureza ou importância, ser aplicadas
no prazo de um mês, ou quando uma nova avaliação da exposição profissional ao chumbo indique que persiste a
situação de ultrapassagem do valor limite de exposição profissional obrigatório, o trabalho na zona afetada só pode
prosseguir desde que sejam tomadas medidas para proteção dos trabalhadores expostos, ouvido o médico
responsável pela vigilância da saúde (número 2, art.º 20º, DL n.º 24/2012).
Quando na execução de trabalhos seja previsível a ultrapassagem do valor limite de exposição profissional obrigatório
e não seja possível a aplicação de medidas técnicas para o reduzir, o empregador adota as medidas de proteção
adequadas, devendo consultar os trabalhadores e os seus representantes para a segurança e saúde antes de iniciar os
referidos trabalhos (número 5, art.º 20º, DL n.º 24/2012).
O médico responsável pela vigilância da saúde dos trabalhadores decide se deve ser efetuada uma determinação
imediata dos parâmetros biológicos dos trabalhadores expostos (número 3, art.º 20º, DL n.º 24/2012).
Sempre que é detetada a ultrapassagem do valor limite biológico obrigatório, o empregador (através dos Serviços de Saúde
e Segurança do Trabalho) deve identificar imediatamente as causas e tomar as medidas adequadas (número 1, art.º 21º,
DL n.º 24/2012). As medidas referidas anteriormente podem incluir o afastamento dos trabalhadores afetados dos postos
de trabalho com exposição ao chumbo e a sua colocação provisória noutros postos de trabalho isentos desse risco (número
3, art.º 21º, DL n.º 24/2012).
Os trabalhadores relativamente aos quais é detetada a ultrapassagem do valor limite biológico obrigatório devem ser
submetidos, no prazo de três meses, a novo controlo da taxa de plumbémia, não podendo regressar ao seu posto de
trabalho inicial ou a outro que envolva risco de exposição igual ou superior se este resultado indicar uma taxa superior ao
valor limite biológico (número 2, art.º 21º, DL n.º 24/2012). De frisar, que a colocação dos referidos trabalhadores noutros
postos de trabalho que apresentem um risco de exposição menor só pode efetivar-se após parecer favorável do médico
responsável pela vigilância da saúde, devendo, neste caso, ser submetidos a vigilância mais frequente (número 4, art.º
21º, DL n.º 24/2012).
Os referidos trabalhadores, bem como o empregador, podem solicitar a qualquer momento a revisão das taxas de
plumbémia (número 5, art.º 21º, DL n.º 24/2012).
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TIPO DE
CANCRO TÓPICOS ESPECIFICAÇÕES MERAMENTE INDICATIVAS
PROFISSIONAL
Mesotelioma da Sinais e sintomas É típica a ausência de sintomas valorizáveis até aos estádios mais
pleura e avançados.
peritoneu Sintomas inespecíficos, tais como:
- Tosse persistente;
- Dispneia;
- Dor torácica;
- Derrame pleural.
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TIPO DE
CANCRO TÓPICOS ESPECIFICAÇÕES MERAMENTE INDICATIVAS
PROFISSIONAL
- Aplicação, destruição e/ou eliminação de produtos do amianto
ou que o contenham.
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TIPO DE
CANCRO TÓPICOS ESPECIFICAÇÕES MERAMENTE INDICATIVAS
PROFISSIONAL
Profissões/ocupações Carpinteiros e marceneiros, forneiros (em geral, da indústria
química, de coque e de gás), mineiros, pedreiros, sapateiros,
mecânico
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TIPO DE
CANCRO TÓPICOS ESPECIFICAÇÕES MERAMENTE INDICATIVAS
PROFISSIONAL
Fator de risco Agrotóxicos, metais pesados, solventes orgânicos
profissional ou Agente
químico CMR
Hematológico - Sinais e sintomas - Adenopatia indolor no pescoço, axila ou virilha durante mais de
linfomas não 6 semanas;
Hodgkin - Suores noturnos severos;
- Febre recorrente inexplicável;
- Perda de peso.
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TIPO DE
CANCRO TÓPICOS ESPECIFICAÇÕES MERAMENTE INDICATIVAS
PROFISSIONAL
Fator de risco Arsénio, cloreto de vinilo, solventes, fumos de solda, PCBs
profissional ou Agente
químico CMR