Metodologia de Ensino Por Projetos: Levando A Prática para O Ensino de Ciências

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METODOLOGIA DE ENSINO POR PROJETOS: LEVANDO A

PRÁTICA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

Michele Barboza dos Santos1 - UNESPAR- UNIPAR


Marcia Regina Royer2 - UNESPAR
Fabiana Silva Botta Demizu3 - UNESPAR

Eixo – Ensino e práticas nas licenciaturas


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Os alunos precisam ser incentivados a produzir conhecimento, e não apenas consumidores do


conhecimento, como frequentemente acontece. Escutar, tomar notas, decorar, fazer provas,
esta tem sido a rotina de muitos alunos em nossas escolas, o que resulta na formação de
profissionais com dificuldades de construir respostas aos desafios postos no cotidiano.
Portanto, pretendeu-se neste estudo, fomentar discussões sobre a metodologia de ensino por
projetos, desse modo contribuir com um contínuo aprimoramento da prática pedagógica, na
expectativa de uma reflexão plausível. Optou-se pela pesquisa bibliográfica a fim de
apresentar os principais autores da área estudada, simultaneamente, realizou-se algumas
considerações sobre como a busca do conhecimento passou por modificações, da reprodução
do conhecimento para a produção do conhecimento através da discussão dos paradigmas
inovadores – visão holística, abordagem progressista e ensino por pesquisa É importante
referenciar as transformações da sociedade e, principalmente, à mudança de paradigmas da
Ciência, pois acabam por influenciar o contexto em que se encontra o professor, a escola, o
aluno, a avaliação e a metodologia adotada. Assim, poderemos refletir sobre o papel dos
elementos humanos envolvidos na metodologia de ensino por projetos, os fatores que fazem
com que o educador modifique sua prática, bem como os desafios encontrados pelo professor
que faz uso dessa metodologia. Assim, as análises bibliográficas apontam que o uso da
metodologia por projetos contribui para a qualidade do processo de ensino e aprendizagem de
forma positiva no Ensino de Ciências, visto que proporciona o aumento na capacidade de agir
do educando, acarretando assim, o aumento da capacidade de pensar, ou seja, denota maior
consciência na atividade.
Palavras-chave: Metodologia. Projetos. Ensino e Aprendizagem. Ciências.

1
Formada em Matemática e Ciências; Mestranda em Ensino: Formação docente interdisciplinar, pela
UNESPAR-Paranavaí. Professora da Universidade Paranaense (UNIPAR), Campus Paranavaí e Colégio Nobel.
E-mail: [email protected]
2
Bióloga, Doutora em Agronomia. Professora Adjunto D do colegiado de Ciências Biológicas e da pós-
graduação em Ensino: formação docente interdisciplinar da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR,
Campus Paranavaí). E-mail: [email protected].
3
Bióloga e Pedagoga, Mestre em Educação: formação docente interdisciplinar. Professora Assistente do
colegiado de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR, Campus Paranavaí). E-mail:
[email protected].

ISSN 2176-1396
14055

Introdução

O ser humano, ao longo do seu desenvolvimento, produz conhecimento e o


sistematiza, modificando e alterando aquilo que é necessário à sua sobrevivência. Suas ações
não são apenas biologicamente determinadas – dão-se também pela apropriação das
experiências e dos conhecimentos produzidos e transmitidos de geração a geração. O
conhecimento humano nas suas diferentes formas (senso comum, científico, filosófico,
estético, entre outros) está entrelaçado numa rede de concepções de mundo e de vida. O ser
humano usa o conhecimento do senso comum para compreender o mundo, para viver melhor,
para sobreviver; porém, insatisfeito com os argumentos que o senso comum gera para explicar
os fenômenos e eventos da natureza, estrutura a Ciência como um saber metodológico e
rigoroso, sistematicamente organizado e que pode ser transmitido por meio de um processo
pedagógico. Desse modo, cabe enfatizar que a Ciência é a modalidade do saber, constituída
por um conjunto de aquisições intelectuais que têm por finalidade propor uma explicação
racional e objetiva da realidade.
O desenvolvimento da Ciência se associou ao desenvolvimento tecnológico, isto é, a
tecnologia é a aplicação do conhecimento científico para se obter um resultado prático. O
homem criou a Ciências e a Tecnologia (da roda ao computador) que, de alguma forma
provocaram mudanças significativas nas relações entre seres humanos e com a natureza.
Bastos (2000) salienta que a presença da tecnologia em todos os setores da sociedade constitui
um dos argumentos que comprovam a necessidade de sua presença na escola, na formação de
um cidadão competente quanto ao seu instrumental técnico, principalmente no que se refere à
interação humana e aos valores éticos.
Os alunos precisam ser incentivados a produzir conhecimento, e não ser apenas
consumidores do conhecimento, como frequentemente acontece. Escutar, tomar notas,
decorar, fazer provas, esta tem sido a rotina de muitos alunos em nossas escolas, o que resulta
na formação de profissionais com dificuldades de construir respostas aos desafios postos no
cotidiano.
As metodologias tradicionais de ensino têm sido pouco eficientes para ajudar o aluno a
pensar, refletir e criar com autonomia soluções para problemas que enfrentam. Os alunos
acumulam saberes, mas não conseguem aplicar seus conhecimentos em seu cotidiano. No
entanto, encontra-se no trabalho com projetos, uma proposta de educação voltada para
formação de competências e habilidades, almejando que a aprendizagem não seja passiva,
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verbal e teórica, mas que tenha os alunos como protagonistas na construção de seu próprio
conhecimento.
Portanto, pretende-se neste estudo, fomentar discussões sobre a metodologia de ensino
por projetos, desse modo contribuir com um contínuo aprimoramento da prática pedagógica,
na expectativa de uma reflexão plausível, como a realizada por Masetto (1996, p. 3):

era uma vez uma professora... uma professora que gostava de ser professora.
Trabalhava com gosto e paixão, se realizava com a docência... E certo dia, olhou
mais pra frente e percebeu que sua ação poderia abarcar horizontes mais amplos e
atingir profundidades maiores, numa interação com seus pares e com seus alunos.

Contudo, a ação docente necessita obter horizontes mais amplos e que atinja
profundidades maiores, pois o docente precisa buscar novas metodologias de ensino que
proponham a reflexão, a pesquisa e a investigação sobre pressupostos teóricos e práticos das
abordagens do ensino e da aprendizagem.
É bom ressaltar que a superação desta realidade exige uma longa caminhada, cujo
passo inicial é uma nova compreensão da prática pedagógica em todos os níveis de ensino.
Para que o docente possa ultrapassar o papel de autoritarismo e de dono da verdade, há
a necessidade de uma prática diferenciada, em que o docente se baseie numa abordagem
progressista, no ensino com pesquisa, com visão holística e instrumentalizado por uma
tecnologia inovadora, como se pode obter na metodologia por projetos, e que não é abrangível
pelo viés unicamente disciplinar.

Desenvolvimento

Fazendo uma análise histórica da palavra Projeto, Boutinet (2002) ressalta que os
gregos e latinos desconheciam em seu vocabulário o que corresponde à concepção moderna
do termo. Essa palavra surge, de maneira regular, na França, no decorrer do século XV, sob a
forma de pourjet e Project, mas para designar ainda elementos arquitetônicos.
Ela aparece e é reconhecida no final do século XVII, com um sentido semelhante ao
que nela reconhecemos hoje. Quem iniciou a utilização do termo na área da educação foi
Dewey (1859 – 1952) junto com Kilpatrick (1871 - 1965). Podemos, portanto, dizer que os
fundamentos para a atual metodologia de ensino por projetos surgem com Dewey, no início
do século XX. A ideia passou a se difundir no Brasil a partir do movimento Escola Nova,
principalmente por intermédio de Anísio Teixeira e Lourenço Filho, por volta dos anos 1930.
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De acordo com o dicionário Aurélio (FERREIRA, 1986), projeto é um plano para a


realização de um ato e, também, pode significar desígnio, intenção, esboço. Esta é uma
palavra oriunda do termo em latim projectum que significa “algo lançado à frente”.
Outrossim, projeto também pode ser uma redação provisória de uma medida qualquer que
será realizada no futuro. Sendo assim, a ideia de projeto envolve antecipação de algo
desejável que ainda não foi realizado, traz a ideia de pensar em uma realidade que ainda não
aconteceu. O processo de projetar implica em analisar o presente como fontes de
possibilidades futuras (FREIRE; PRADO, 1999).
Assim, entendemos que todo projeto é uma proposta, e toda proposta permite
mudanças de rumo. Portanto, projeto é o debate organizado em torno da teoria e da prática.
Várias das considerações de Dewey (1979) permanecem como base da metodologia de
ensino por projetos. Uma delas diz respeito ao papel do aluno: “um autêntico projeto encontra
sempre seu ponto de partida no impulso do aluno (...). O projeto supõe a visão de um fim.
Implica uma previsão de consequências que resultariam da ação que se introduz no impulso
inicial”.
No entendimento de Dewey (1979), não é possível que se orientem as atividades dos
alunos por caminhos que exponham mais o projeto do professor que o dos alunos. Ele
acreditava que o verdadeiro método pedagógico consistia primeiro em prestar atenção às
destrezas, às necessidades, às experiências vivenciadas pelos alunos e, em seguida, em
desenvolver sugestões, de tal forma que elas se transformassem num plano ou num projeto, o
qual, por sua vez, se organizasse num todo assumido pelo grupo. Isto porque, para o autor, o
projeto é cooperativo, e não ditatorial.
Cabe aqui uma dica antiga de Dewey que, aos nossos olhos, é, ao mesmo tempo,
atualíssima, pois retrata o que os docentes deveriam levar em consideração na sociedade do
conhecimento ao utilizarem projetos: quando os educandos estudam assuntos muito distantes
de sua experiência, assuntos que não despertam curiosidade ativa alguma e que estão além do
seu poder de compreensão, “(...) tendem a tornar-se intelectualmente irresponsáveis, não
perguntam a significação do que aprendem, isto é, não perguntam qual a diferença trazida
pelo novo conhecimento para as outras crenças e ações” (DEWEY, 1979, p. 41).
A proposta de Dewey foi repensada com o decorrer do tempo e aparece reescrita por
outros autores, dentre eles o educador espanhol Fernando Hernández, que questiona, em seus
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estudos, os métodos de ensino, concluindo que o currículo escolar deveria ser organizado por
meio de projetos.

A aprendizagem na metodologia de ensino por projetos

Entendemos por metodologias de ensino os encaminhamentos educativos da prática


pedagógica, os quais se constituem em um conjunto de ideias e teorias educativas. Sendo
assim, metodologia de ensino refere-se aos encaminhamentos educativos que o professor
utiliza visando auxiliar seu aluno na produção do conhecimento.
Em relação à utilização de projetos no ensino, Hernández nos deixa alguns
pressupostos. Nas palavras dele, os projetos constituem um lugar entendido em sua dimensão
simbólica, que pode permitir:

1) o tratamento da informação 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno de


problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus
conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes
disciplinares em conhecimento próprio. (HERNÁNDEZ, 1998, p. 37).

É válido ressaltar que não existe receita pronta em relação à utilização da metodologia
de ensino por projetos, porém apresentaremos as dicas destacadas por Hernández, que,
mesmo tendo pensado essas ideias para a realidade espanhola, encaixa-se muitas vezes na
realidade das salas de aula brasileiras.
O modelo de Hernández propõe que o educador abandone o papel de “transmissor de
conteúdos”, para se transformar num pesquisador. O educando, por sua vez, passa de receptor
passivo a sujeito do processo. Nesta concepção, não há um método a seguir, mas uma série de
condições a respeitar. O primeiro passo é determinar um assunto. Esta escolha pode ser feita
partindo de uma sugestão do professor ou dos próprios alunos.
Complementando esta ideia, podemos mencionar que os benefícios da utilização da
metodologia de ensino por projetos didáticos são fascinantes e surpreendentes. Fascinante
pela capacidade de envolver até os alunos mais displicentes. Surpreendente por trazer
embutido o princípio do inesperado.
Na pedagogia de projetos o aluno aprende no processo de produzir, de questionar, de
levantar dúvidas, de pesquisar e (re)criar relações, que incentivam novas buscas, descobertas,
compreensões e (re)construções do conhecimento. E, portanto, o papel do docente deixa de
ser o de transmitir informações – que tem como centro a atuação do professor -, para criar
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situações de aprendizagens cujo foco se incide sobre as relações que se estabelecem nesse
processo, cabendo ao professor realizar mediações necessárias para que o aluno consiga
encontrar sentido, significado naquilo que está aprendendo, a partir das relações criadas
nessas situações. Sobre isto, Valente, agrega:

(...) no desenvolvimento do projeto o professor deve trabalhar com [os alunos]


diferentes tipos de conhecimentos que estão imbricados e representados em termos
de construções: procedimentos e estratégias de resolução e problemas, conceitos
disciplinares e estratégias e conceitos sobre aprender. (VALENTE, 1999, p. 4).

Cabe enfatizar aqui que compreender a situação-problema é o objetivo do projeto. As


ações e os conhecimentos necessários para a compreensão são discutidos e planejados entre o
professor e os alunos. Além disso, todos têm tarefas e responsabilidades.
Quando os discentes são estimulados a resolver situações-problema, interessam-se
mais pelo assunto em questão, participam de forma intensa na busca de novas informações
sobre o conteúdo, sentem-se úteis e, dessa maneira, a aprendizagem é, de fato, almejada.
Para isso, o aluno é preparado para idealizar atividades com início, meio e fim, além
de organizar até mesmo suas ações cotidianas; aprende a buscar conhecimentos diferenciados
e significativos para sua aprendizagem. A opção por procedimentos metodológicos como
projetos com problematizações, portfolios, demonstrações, vivências, entre outros, permite
aliar processos de aprendizagem com processos avaliativos contínuos.
Podemos observar, então, que a metodologia de ensino por projetos trabalha com
alunos participativos, alunos que têm um lugar especial no processo de ensino e
aprendizagem. Além disso, no projeto os participantes têm a oportunidade de perceber como
os conteúdos vistos na teoria podem ser utilizados na prática e, de forma especial, há a
promoção do desenvolvimento de relações pessoais e interpessoais que facilitam o
crescimento desses educandos enquanto sujeitos sociais.
Ao utilizar projetos, o docente pode optar por um ensino com pesquisa, com uma
abordagem de discussão coletiva crítica e reflexiva que proporcione aos alunos a convivência
com a diversidade de opiniões, convertendo as atividades metodológicas em situações de
aprendizagens significativas.
Baseando-se nessas considerações, podemos dizer que esse procedimento
metodológico propicia o acesso a maneiras diferenciadas de aprender, mais especificamente
do “aprender a aprender”, conceito que se origina das colocações de Demo (1996), ao
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enfatizar a autonomia produtiva de professores e alunos. Segundo esse autor, as proposições


metodológicas precisam de ferramentas, como as instrumentalizações eletrônicas, que devem
estar ao alcance dos estudantes.
A metodologia de ensino por projetos tem como finalidade contemplar as
aprendizagens recomendadas pela Unesco para a educação do século XXI, isto é, aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a ser, aprender a conviver. Em resumo, assim se
definem essas aprendizagens, como se pode observar diante do exposto no relatório do Delors
(1998):
- O aprender a conhecer enfatiza o prazer em descobrir, em investigar, em ir em
busca, compreendendo a aprendizagem como algo que não está pronto e acabado;
- O aprender a fazer é ir além da aprendizagem tradicional, repetitiva, em que o aluno
decora os conteúdos. É o fazer com criatividade e autonomia, desenvolvendo aptidões para
atuar na profissão com mais competência e habilidade;
- O aprender a viver juntos é levarem os alunos a tomarem consciência das
semelhanças e da interdependência entre os seres humanos. É aprender a conviver
harmoniosamente com os outros. Como bem aponta Behrens (2000a, p. 81), é “descobrir o
outro, participar em projetos comuns. Ter prazer no esforço comum. Participar de projetos de
cooperação.”
- O aprender a ser, a última das aprendizagens, consiste em o aluno aprender a ser
livre para pensar seus atos, na busca de desenvolvimento dos processos de aprender.
De acordo com Delors, uma educação que priorize o aprender a ser “(...) não pode
deixar por explorar nenhum dos talentos que constituem como que tesouros escondidos no
interior de cada ser humano. Memória, raciocínio, imaginação, capacidades físicas, sentido
estético, facilidade de comunicação com os outros” (DELORS, 1998, p. 25).
E em termos de complexidade, a “metodologia de projetos permite a busca de
pluralidades de caminhos e respostas, que se apresentem ora se complementando, ora se
antagonizando. Esse processo exige que o aluno tenha discernimento para optar e escolher as
possíveis soluções para a problemática levantada” (BEHRENS, 2006, p. 42- 43).

O papel do educador e do educando na metodologia de ensino por projetos

À luz das reflexões das etapas discutidas anteriormente, não poderíamos deixar de fora
a opinião de Paulo Freire (2011, p. 16):
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quem ensina aprende ao ensinar, quem aprende ensina ao aprender. Não há ensino
sem pesquisa e nem pesquisa sem ensino. Enquanto ensino continuo buscando,
(re)procurando. Ensino porque busco, porque busquei; porque indago e me indago.
Pesquiso para constatar, constatando intervenho, intervindo educo e me educo.
Pesquiso para conhecer o que ainda não se conhece, comunicar ou anunciar a
novidade.

Consoante a isto, propor a metodologia de ensino por projetos e trabalhar com ela é
permitir que o aluno aprenda no processo e possa refazê-lo, caso haja necessidade. Ele passa a
ter a oportunidade de apontar as dificuldades encontradas no processo, tratando da sua auto
avaliação, da avaliação do grupo, do professor, da metodologia, da temática investigada e da
própria avaliação.
Nesta abordagem, o estudante se torna o principal agente da aprendizagem,
responsável pelo seu próprio sucesso, privilegiando uma aprendizagem por descoberta pessoal
do aluno e, ainda mais, por informação vinda do professor.
Leite, Malpique e Santos (1993, p. 68), descrevem esse aspecto da seguinte forma:

o aluno só aprenderá quando tiver prazer em conhecer, ou seja, quando tiver uma
curiosidade livre de bloqueios (...) O professor só conseguirá ensinar quando tiver
prazer na sua ação catalisadora da curiosidade dos seus alunos, mantendo, porém, a
objetividade na apreciação que deles deverá fazer.

A metodologia de ensino por projetos possibilita uma antecipação coletiva e formal


das fases que caracterizam o seu desenvolvimento e dos objetivos a serem alcançados, e isso
podemos conseguir por meio de uma discussão flexível que permita reorganização, caso for
necessário.
Os alunos aprendem a aprender procurando informações e buscando solução de
problemas. Aprendem a fazer, tomando decisões e colocando em prática os projetos
planejados. Aprendem a conviver, pois os projetos sempre envolvem trabalhos colaborativos,
decisões conjuntas, divisão de tarefas. Aprendem a ser, tornando-se capazes de elaborar e
construir o seu próprio projeto de vida.
Os trabalhos em grupo possibilitam que os horizontes se ampliem e que todos
participem. No ensino por projetos, os alunos e professores serão responsáveis pelas tentativas
de originalidade, variedade, harmonia e sensibilidade nos trabalhos solicitados e realizados.
Nesta metodologia, o aluno é levado à visão da totalidade, viabilizando o
aprofundamento de temas e proporcionando uma maior dinamicidade das aulas. Somado a
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isso, Behrens (2000b, p. 94) salienta que “como sujeito, o aluno precisa ser instigado a
avançar com autonomia, a se exprimir com propriedade, a construir espaço próprios, a tomar
iniciativa, a participar com responsabilidade, enfim, a fazer acontecer e a aprender a
aprender”.
Os professores que utilizam esta metodologia precisam ser profissionais que reflitam
sobre suas próprias ações pedagógicas. Esse processo de reflexão auxiliará na condução da
aprendizagem do aluno. A ação docente deve provocar processos que permitam conseguir
compreender e interpretar os temas apresentados, deixando claro o objetivo ou o significado
de porque está se originando nesse processo a produção de novos conhecimentos.
A metodologia de ensino por projetos deve permitir que o aluno aprenda fazendo e,
além disso, reconheça a própria autoria naquilo que produz, por meio de problemas de
investigação que lhe impulsionam a contextualizar conceitos conhecidos e descobrir outros
conceitos que surgem durante o desenvolvimento do projeto. Nesta situação de aprendizagem,
o aluno precisa selecionar informações significativas, tomar decisões, trabalhar em grupo,
gerenciar confronto de ideias, enfim, desenvolver competências interpessoais para aprender
de forma colaborativa com seus pares.
A mediação do professor por sua vez, é fundamental, pois ao mesmo tempo em que o
aluno precisa reconhecer a sua própria autoria no projeto, ele também precisa sentir a
presença do professor que ouve, questiona e orienta, visando propiciar a construção de
conhecimento do aluno. A mediação implica na a criação de situações de aprendizagens que
permitam ao aluno fazer regulações, uma vez que os conteúdos desenvolvidos no projeto
precisam ser sistematizados para que os alunos possam formalizar os conhecimentos
colocados em ação. O trabalho por projetos potencializa a integração de diferentes áreas do
conhecimento, assim com a integração de várias mídias e recursos, os quais permitem que os
alunos possam expressar seu pensamento por meio de diferentes linguagens e formas de
representação. Do ponto de vista de aprendizagem no trabalho por projeto, destaca-se a
possibilidade de o aluno (re)contextualizar aquilo que aprendeu, bem como estabelecer
relações significativas entre conhecimentos. Nesse processo, o aluno pode (re)significar os
conceitos e as estratégias utilizadas na solução do problema de investigação que originou o
projeto e, com isso, ampliar o seu universo de aprendizagem.
Além das dimensões supracitadas, no ensino por projetos, existe também uma
mudança no comportamento do professor e do aluno. As relações professor-aluno, aluno-
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aluno e até professor-professor são nitidamente afetadas, são influenciadas nessa metodologia,
que conduz o professor à observação das mudanças gradativas de seus educandos, as quais
são percebidas continuamente, não apenas pela avaliação de uma tarefa, mas por um conjunto
de atividades individuais e coletivas realizadas.
Há, dessa maneira, uma maior aproximação entre professor e aluno. Aquele que busca
superar o papel de transmissor do conhecimento – torna-se mediador do processo - enquanto o
educando torna-se, de fato, um agente do processo.
É importante salientar que tanto os papéis do educando quanto do educador são
fundamentais dentro da metodologia de ensino por projetos. O professor desperta no aluno o
papel de um ser fundamental no grupo como se ele estivesse ali executando tarefas,
desenvolvendo seu potencial o tempo todo, e sempre aprendendo. A função do docente é a de
motivador, facilitador do processo de ensino, mediador que possibilita a produção do
conhecimento; função de estimulador da pesquisa; função de promotor de um trabalho
compartilhado, sendo companheiro dos estudantes. Assim, a partir da apresentação dos
conteúdos nas aulas, o professor pode desafiar os alunos a buscar a construção do seu
conhecimento sobre determinado aspecto da realidade.

Metodologia de ensino por projetos e o ensino de ciências

Sabemos que a maioria das propostas didático-pedagógicas atuais têm em comum a


compreensão de que uma visão globalizada e interdisciplinar deve reger a organização dos
conteúdos nas propostas de trabalho. Dessa maneira, a metodologia de ensino por projetos na
área das ciências visa (re)descobrir o vínculo entre sala de aula e a realidade social. Assim
sendo, cria-se a possibilidade de se aprender a aprender concomitantemente com o aprender a
viver.
Ao se desenvolver uma metodologia de ensino por projetos é possível visualizar uma
experiência rica, pois possibilita verificar o potencial dos educandos em aprender, não
somente conceitos de ciências, mas também no seu comportamento perante a disciplina. Ela
permite desenvolver nos estudantes atitude de responsabilidade, autonomia, independência
para resolução de problemas, despertando também o interesse por leitura e pesquisa científica.
Esse tipo de metodologia proporciona obtenção de conhecimentos de forma lúdica,
participativa e prazerosa, além de desenvolver habilidades e competências científicas como:
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observação, trabalho em grupo, comparação, análise e síntese. Fazendo com que haja
interesse e curiosidade nas aulas de Ciências.
O interessante da utilização de projetos é que permite o envolvimento e a cooperação
entre os próprios estudantes, entre professor e alunos e ainda a utilização de vários outros
recursos externos à sala de aula, como: a utilização de bibliotecas públicas, laboratórios,
computadores, parques, museus, visitas técnicas e estudo de campo.
Os saberes exigidos pela sociedade do conhecimento supõem novos papéis para o
educador. Nesse sentido, os mesmos, devem adequar-se aos desafios da sociedade
contemporânea, pois ao trabalharem com diferentes conteúdos, têm papel principal na
seleção, organização e problematização dos saberes, lembrando que, suas escolhas devem
contribuir para com a formação crítica-reflexiva do educando.
Em suas considerações, Libâneo (2004, p. 36) assevera que:

a tarefa de ensinar a pensar requer dos professores o conhecimento de estratégias de


ensino e o desenvolvimento de suas próprias competências do pensar. Se o professor
não dispõe de habilidades de pensamento, se não sabe “aprender”, se é incapaz de
organizar suas próprias atividades de aprendizagem, será impossível ajudar os
alunos a potencializarem suas capacidades cognitivas.

De acordo com Leite (2007), o aluno quando participa de uma metodologia de ensino
por projetos envolve-se numa experiência educativa em que o processo de construção e
reconstrução do conhecimento está integrado às práticas vivenciadas. Ainda segundo o autor,
o estudante deixa de ser apenas um aprendiz do conteúdo de ciências para transformar-se em
um ser humano capaz de desenvolver uma atividade complexa e nesse processo apropriasse
de um objeto de conhecimento cultural.
Na perspectiva de Hernández e Ventura (1998), para se desenvolver um projeto deve-
se partir de um tema ou problema que seja de interesse dos alunos para depois iniciar o
processo de pesquisa. Porém, é importante salientar que ao escolher o tema, o docente deve
ficar alerta para que tal tema esteja em consonância com os conhecimentos formais
trabalhados em sala de aula; uma vez que os projetos são apenas instrumentos de mediação
entre os interesses de aprendizagem do aluno e as tarefas e responsabilidades do ensino do
professor.
Dessa forma, a metodologia de ensino por projetos na área de Ciências reforça a
importância pela busca incessante do aprender e das relações com o saber. Nós, como seres
inacabados procuramos constantemente conhecer, interpretar, explorar e criar o mundo
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individual e coletivo. Assim, a formação dos professores deverá privilegiar a descoberta e a


busca por novos olhares sobre as teorias, conceitos e metodologias do ensino de ciências.
Acreditamos que determinados saberes são importantes num momento e em outro momento
podem deixar de ser.
Nenhuma profissão, em especial à docência, deve ser exercida sem o domínio de
certos saberes, tais como: saber trabalhar em grupo, saber comunicar-se, encantar, ler muito,
escrever bem, pesquisar, duvidar, criticar, além de dominar os conteúdos de sua área de
atuação. Nesse sentido convém lembrar que:

o papel da teoria é oferecer aos professores perspectivas de análise para


compreenderem os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais e de si
mesmos como profissionais, nos quais se dá sua atividade docente, para neles
intervir transformando-os. (PIMENTA; GHEDIN, 2002, p. 26).

Quando o professor da área de ciências se dispõe a conhecer e aplicar novas


metodologias, como a metodologia de ensino por projetos, faz com que seu educando também
venha a desenvolver habilidades e capacidades, tais como:

(...) flexibilidade, organização, interpretação, coordenação, de ideias, formulação de


conceitos teóricos, antevisão de processos, capacidade de decisão, verificação da
viabilidade dos empreendimentos, decisão sobre elas, mudança de rumos,
desvendamento do novo, ampliação do conhecimentos e garantia de inclusão na rede
de saberes previamente adquiridos. (BARBOSA; HORN, 2008, p. 88).

Enfim, observa-se que o uso desta metodologia de ensino possibilita que a


aprendizagem seja estendida, democratizada e compartilhada; razões fortes e evidentes para
que se invista na metodologia de ensino por projetos na formação do professor de ciências,
que, aliada a outras formas interessantes e desafiadoras favorecerá a promoção de uma
educação científica emancipadora, educação esta que tanto se almeja para o indivíduo do
século XXI.

Considerações Finais

As propostas metodológicas contemporâneas indicam que educar significa preparar o


indivíduo para responder às necessidades pessoais e os anseios de uma sociedade em
constante transformação, aceitando desafios propostos pelo surgimento de novas tecnologias,
dialogando com um mundo novo e dinâmico, numa sociedade instruída, melhor capacitada,
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gerando espaços educacionais autônomos, criativos, solidários e participativos, condições


fundamentais para se viver neste milênio.
A metodologia de ensino por projetos vem de encontro a esse anseio da sociedade,
pois constitui um recurso diferenciado de ensino que possibilita aos docentes melhorar a
qualidade de seu trabalho pedagógico, levando em consideração o interesse dos alunos no
momento do planejamento das atividades pedagógicas a serem desenvolvidas em sala de aula.
Como bem aponta Hernández (1998), na prática do trabalho com projetos, os alunos
adquirem habilidade de resolver problemas, articular saberes adquiridos, agir com autonomia
diante de diferentes situações que são propostas, desenvolver a criatividade, a aprender o
valor da colaboração.
A abordagem da metodologia de ensino por projetos contempla uma relação diferente
com o conteúdo, em vez de partir do professor como no modelo tradicional, transmissor e
informativo; parte-se de um desafio, o qual para ser resolvido exige a incorporação de novos
conteúdos por parte dos alunos. Isto é, o educando deixa de ser um “sujeito passivo” e se
coloca como sujeito que quer participar, criar, modificar. E o docente deixa de ser
transmissor, centralizador e assume o papel de facilitador, mediador da aprendizagem,
partindo do princípio de que mediar é negociar, equilibrar e ajustar.
Brasil (2002, p. 9), aborda que:

[...] formar para a vida significa mais do que reproduzir dados, denominar
classificações ou identificar símbolos. Significa: saber se informar, comunicar-se,
argumentar, compreender e agir; enfrentar problemas de diferentes naturezas;
participar socialmente, de forma prática e solidária; ser capaz de elaborar críticas ou
propostas; e, especialmente, adquirir uma atitude de permanente aprendizado.

O atual modelo de educação não atende a essas exigências e, ainda mais, trabalha
segundo a concepção tradicional, onde os alunos recebem cada vez mais concepções e
conceitos, com nenhuma ou pouca interação com suas realidades e, raramente, as transforma
em conhecimento.
No mundo atual as transformações são rápidas, o volume de informações é cada vez
maior, as novas tecnologias invadem nossas vidas o que tem exigido dos educandos um novo
perfil. A maioria deles dominam as novas tecnologias, recebem informações em tempo real,
vivem conectados em fóruns, sites e chats enquanto os educadores insistem em cumprir os
conteúdos dos livros didáticos, seguir anotações amareladas e registrar tudo na lousa.
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A metodologia de ensino por projetos muda o foco da sala de aula do professor para o
aluno, da informação para o conhecimento, da “decoreba” para a aprendizagem. Dessa forma,
é possível equilibrar teoria e prática, dividir responsabilidades e tarefas, comunicar resultados,
discutir processos avaliativos. Ao trabalhar assim, o professor e o aluno assumem papel de
pesquisadores de coprodutores do processo de ensino e aprendizagem. Situações problemas
são levantadas para aproximar a aprendizagem de situações reais vivenciadas pelos alunos. A
pesquisa avança por todas as etapas do projeto permitindo que a informação seja transformada
em conhecimento e aprendizagem. Isto é, ao fazer, ao testar, ao pesquisar teoria e prática se
harmonizam.
Os projetos rompem com o conceito de teoria como um conhecimento especulativo,
racional, associado a aulas expositivas e atividades não significativas para os alunos; rompem
também com o conceito de prática como resultado de ação, associada a métodos e técnicas. “É
possível perceber a concepção de Teoria-Prática em uma relação de distinção e de
dependência, quando a percepção da prática depende da – e só é existente após a – percepção
da teoria” (OLIVEIRA, 2003, p. 47). Consoante a isto vemos que não há mais a lógica
tradicional em direção da teoria para a prática ou a prática como aplicação da teoria.
Considera-se a concepção de teoria e prática como complementares, dependentes,
inseparáveis.

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