Capelas Da Freguesia de Câmara de Lobos

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As Capelas da Freguesia de Câmara de Lobos

Do seu Registo no Livro do Tombo de 1729


ao seu Estado na Actualidade

Por Duarte Manuel Roque de Freitas

Introdução conduziu-nos a uma profunda reflexão, geran-


do o nosso interesse pela temática que ora nos
Numa das primeiras vezes que consultámos propomos abordar.
o Elucidário Madeirense encontrámos a seguin- Para além da eventual relevância artística
te afirmação sobre a freguesia de Câmara de e arquitectónica, o estudo destas instituições
Lobos: [...] foi talvez a paróquia da Madeira que religiosas poder-nos-á levar a um maior conhe-
teve maior número de capelas [...]1. Tal asserção cimento da história da nossa freguesia. Na ver-

Igreja e Largo de São Sebastião nos anos 30 do século XX

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dade, as capelas constituem referências do pa- parece-nos que o mesmo nunca foi abordado
trimónio camaralobense, marcos fundamentais pela maior parte dos historiadores insulares.
da identidade local, que, nesta sociedade cada No sobredito ano, o Vigário Tomé Barreto,
vez mais amnésica, não deverá ser esquecida, membro da colegiada da referida instituição4,
mas sim recordada e preservada. iniciou a elaboração do códice em referência
Algumas destas instituições foram erigidas com o seguinte fito: [...] vendo que nesta mesma
aquando do povoamento da ilha, no intuito igreja se não satisfasião as missas, obrigaçõens e
de marcar a presença do sagrado numa região legados na forma que os testadores determinarão,
ainda virgem. Mais tarde, outras capelas foram por incúria de meus predecessoores [...] passey
erigidas com vista a evitar o parcelamento das com atenção os livros dos defunctos desta igreja
terras e, bem assim, a garantir a preservação do [...] e fasendo mais exactas deligencias por agre-
património fundiário e a continuação dos mor- gar algumas capelas que andavão por fora dos
gados2. tais livros, [...] neste livro vay lansado tudo o que
Na obra Memórias seculares e eclesiásticas pertence de foros e propriedades, as confrarias e
para a composição da história da diocese do Fun- devoções desta igreja [...], não ficando de fora as
chal, escrita nos primeiros anos do século XVIII capelas e mais encargos particulares [...]5. É evi-
por Henrique Henriques de Noronha (natural de dente a importância do presente volume num
Câmara de Lobos), encontra-se uma importante
estudo sobre as capelas da freguesia de Câmara
descrição desta freguesia, revista num primeiro
de Lobos, porquanto aqui se podem encontrar
arrolamento sistematizado destes pequenos
notícias da sua existência, seu estado de conser-
templos religiosos. Depois de uma referência
vação e sua localização.
à Igreja Matriz de São Sebastião e à capela de
Para além de informações escritas pelo Vi-
Nossa Senhora da Conceição, o autor em refe-
rência indica a existência da capela do Espírito
Santo que, naquela época, se encontrava em
posse da Casa de Arroches e tinha uma confraria
ligada ao Corpo Santo. Seguem-se as ermidas
de Nossa Senhora de Belém (fundada em 1649
por Gaspar de Vasconcelos Henriques), das Pre-
tas, de Jesus Maria José (fundada em 1694 por
Sebastião Gonçalves Correia), de Nossa Senho-
ra da Nazaré (erguida junto ao engenho que foi
de António Correia) e de Nossa Senhora da Boa
Hora (fundada na quinta Torre, no ano de 1640,
por António Correia Bettencourt) 3.

O registo das capelas no Livro do Tombo


da Igreja de Câmara de Lobos

As fontes manuscritas das igrejas paroquiais


permitem obter valiosas informações relaciona-
das com a história de uma localidade, possibili-
tando assim realizar diversos estudos sobre ma-
térias como as variações demográficas (através
de róis de confessados e testamentos), confra-
rias e seus costumes e edificações de elementos
patrimoniais relacionados com determinadas
instituições de índole religiosa.
Também assim, o Livro do Tombo da Igreja de
Câmara de Lobos, iniciado no ano de 1729, onde
se pode encontrar um filão de notícias sobre a Pormenor da primeira página do Livro do Tombo da
história da localidade, porém, e infelizmente, freguesia de Câmara de Lobos.

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gário Tomé Barreto constatamos a existência de quesinha de Monxez [sic] de Lisboa. Com efei-
outras caligrafias, uma do século XIX e outra do to, numa das passagens respeitantes ao mau
século XX, que nos dão indicações sobre a evo- estado de conservação da Capela em estudo,
lução temporal e o estado de conservação dos podemos ler o seguinte: [...] já viera ordem da
referidos templos religiosos. Ao longo do pre- dita senhora Marqueza para se lançar na praça a
sente estudo, tentar-se-á efectuar o cruzamen- obra della para se reedificar ou fazer de novo.13.
to dos dados do aludido códice com o já citado Atenta a aparente contradição existente entre
trabalho de Henrique Henriques de Noronha. as informações constantes das obras em análise
O Vigário Tomé Barreto registou no Livro do poder-se-ia questionar se a dita Marquesinha
Tombo a existência de nove capelas, todas elas de Monxez [sic] faria parte da linhagem da casa
espalhadas pela actual freguesia de Câmara de de Arronches, porém, uma vez que desconhe-
Lobos. cemos por completo as individualidades da
A primeira indicação remete para a ermida aludida casa, não podemos responder a tal in-
de Frei Pedro Gonçalves Telmo que, segundo terrogação.
palavras suas, [...] cita neste lugar he própria deste Das informações redigidas no manuscrito
Santo que lhe erigirão de novo do homens do mar pode-se averiguar que, naquela época, a capela
desta freguesia, os quais dão meia parte do que não tinha confraria, embora Henrique Henri-
ganhão [...] a que são obrigados pello compro- ques de Noronha relate que o referido templo
misso da Confraria [...]6. Este templo foi edifica- [...] tem a sua confraria de S. Pedro Gonçalves, dos
do pelos irmãos da confraria do Corpo Santo no homens do Mar, que neste lugar são muitos, por
ano de 1723, tendo sido erigido à beira mar, na se darem à pesca os mais moradores delle [...]14.
baía onde aportavam as embarcações, sobre as Embora não se possa precisar a data da saída da
ruínas de uma antiga capela de Nossa Senhora irmandade da referida instituição e a sua passa-
da Conceição que se encontrava [...] muito velha gem para a ermida mariana de Nossa Senhora
e aruinada [...] 7 e sem possibilidades de restauro da Conceição, sabe-se que, por volta de 1691
por parte da confraria mariana. Por tal facto, o (data em que foi lavrado o documento que pre-
Bispo do Funchal D. José de Sousa de Castelo tendeu regulamentar as suas práticas religiosas,
Branco entregou o edifício nas mãos dos irmãos tendo como base os rituais da confraria do mes-
do Corpo Santo, com vista a que esta congre- mo orago no Funchal), se podia encontrar uma
gação construísse uma nova capela ligada ao imagem do Corpo Santo na capela de Nossa Se-
orago de São Pedro Gonçalves Telmo8, um san- nhora da Conceição15.
to de origem galega, que, tal como Nossa Se- Para além dos registos elaborados pelo Vigá-
nhora da Conceição, é alvo de devoção pelos rio Tomé Barreto, encontramos também as cali-
homens do mar9. Como compromisso entre as grafias dos seus sucessores que nos informam
duas confrarias, a imagem de Nossa Senhora da sobre a evolução do estado de conservação e
Conceição continuaria no altar-mor bem como da elaboração de alguns restauros. O padre An-
a reserva na capela de [...] 12 sepulturas para os tónio Silvino Gonçalves de Andrade16 escreveu
seus irmãos ou escravos que lhe derão aos mes- pelo seu punho que, no ano de 1862, foram
mos homens do mar por faserem de novo a sua feitos reparos de maior urgência conseguidos
igreja [...]10. através das esmolas dadas pelo povo. Mais tar-
O segundo templo registado - a Capela do de, através de uma caligrafia que se mantém
Espírito Santo, fundada por João Gonçalves Zar- desconhecida, podemos ler que em 1908 esta
co - aparece noticiada no Livro do Tombo como instituição foi [...] completamente reparada [...] e
sendo [...] muito antiga, tanto que se dis ser das a casa adjunta, pelo vigário Padre João Joaquim
primeiras igrejas que se erigirão logo depois do de Carvalho [...]17.
descobrimento desta ilha [...]11. De seguida, encontra-se o registo da Capela
De acordo com a obra de Henrique Henri- de Nossa Senhora da Boa Hora, a qual se locali-
ques de Noronha, a supra referida instituição zava no sítio da Torre e tinha como administra-
religiosa encontrava-se na posse da casa de Ar- dor o morgado António Correia Bettencourt18.
roches12, porém, tal informação não é corrobo- Sabemos que este era familiar do historiador
rada pelo códice, o qual, naquela altura, indica Henrique Henriques de Noronha, o qual indi-
como administradora da mesma a senhora Mar- cou no seu trabalho o ano de 1640 como o da

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fundação da dita instituição19. apontou o ano de 1694 como o da edificação
Na fazenda do Salão (já nos limites da fre- desta capela22, coincidindo com as apreciações
guesia de Câmara de Lobos) situa-se a capela de
elaboradas pelo aludido vigário. Outra menção
Jesus Maria José, a qual tinha como administra-
sobre a supra referida capela data do ano de
dora Dona Catarina, segunda mulher de Sebas-
1867, a qual, escrita pelo Padre António Silvino
tião Gonçalves Correia, o fundador do templo.
Gonçalves, nos relata que, a partir do ano de
Um novo registo de caligrafia lavrado pelo
1857, o edifício é pertença da fazenda pública.
punho de Manuel Simão de Gouveia, vigário
Seguindo a lógica das suas próprias palavras,
nesta colegiada antes de 177720, informa-nos
que a sobredita capela é dotada [...] com 2$000 [...] Não se cumprem encargos alguns mas todos
cada anno, impostos na fasenda do Sallão, em os annos é celebrada solenemente nesta capella a
que está edificada por escrita feita nas notas do natividade do glorioso S. João Baptista para o que
tabalião Ignacio de Gouvea Barcellos em 10 de concorrem muitos devotos [...]23.
Mayo de 1694.21. Tal informação adveio de do- No fólio 53 encontra-se arrolada, pela mão
cumentação do final do século XVII alusiva às de Tomé Barreto, a capela de Nossa Senhora de
capelas da localidade, registada pelo punho do Belém, localizada numa fazenda perto da igreja
tabelião Inácio Gouveia de Barcelos. Todas as matriz com o último nome do orago. O seu mor-
datas indicadas coincidem com os anos da fun- gado, o capelão João da Câmara Leme (mora-
dação das instituições apontados por Noronha. dor na cidade do Funchal) recebeu-a como he-
Neste caso específico, o historiador madeirense rança, juntamente com os terrenos à sua volta24.

Gravura publicada na Semana Illustrada na sua edição de (......) com a representação da igreja de São Sebastião e do
seu pároco Padre António Silvino Gonçalves de Andrade.

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Segundo Noronha, esta ermida foi fundada em pela Ribeira do Vigário acima, relativamente
1649 por Gaspar de Vasconcelos Henriques25 perto da igreja matriz da freguesia de Câmara
e, no mesmo ano, era dotada com 2$000 réis de Lobos. A sobredita capela foi fundada e ad-
anualmente. O vigário António Silvino Gonçal- ministrada pelo morgado António Correia Bet-
ves indica-nos que, em 1857, esta capela já não tencourt Henriques, tendo, segundo uma escri-
existia26. tura datada de 2 de Dezembro de 1694, 3$000
A capela de São João Baptista situava-se na réis de dote28. Esta data é, mais uma vez, coin-
quinta do Serrado da Adega e era administra- cidente com a fundação da referida capela que
da pelo morgado António Correia Henriques foi indicada pelo historiador camaralobense29.
Câmara. O historiador Henrique Henriques de A capela de Nossa Senhora das Preces, sita
Noronha não nos dá qualquer notícia acerca da em Pedra Mole, foi erigida pelo Padre Francis-
existência, fundação ou fundadores da capela co de Canha Mendonça, tendo, em 1729, como
em referência, porém, talvez possamos concluir administrador o padre Augusto Corar [sic] da
que a mesma terá sido construída no ano de Costa, morador da cidade do Funchal. O vigário
1700, visto que, numa escritura datada de 11 Manuel Simão de Gouveia refere que a institui-
de Junho do mesmo ano, o referido templo era ção era dotada [...] com 2 reis de foro cada anno
dotado de 4$000 réis cada ano e numa courela imposto con humas terras aonde chamão as Fa-
livre. A data da sua extinção encontra-se apon- jõens por escritura feita [...] em 5 de Dezembro de
tada pelo ano de 186327. 1683.30. Presume-se que a data da sua fundação
No mesmo período foi registada a extinção seja o ano mencionado, visto esta instituição
da Capela de Nossa Senhora da Nazaré, situada, não ter sido citada por Noronha.
segundo informações dadas pelo padre Tomé A última capela noticiada neste códice foi
Barreto, junto ao engenho de cana-de-açúcar, construída em honra a São Cândido, no ano de

Capela de São Cândido

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1732, numa fazenda denominada Fonte da Ro- salvo se o mesmo fosse alvo de alguma catás-
cha, tendo como seu fundador o cónego Fran- trofe natural que o afectasse, o que poderia não
cisco Cândido, legítimo detentor dos terrenos ser de todo descabido devido à sua localização
onde foi edificada.31 na pequena baía mesmo em frente ao mar.
Comparando a generalidade das informa-
ções dadas por Noronha e as recolhidas no Livro
do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos, consta- As capelas da freguesia de Câmara de Lobos
ta-se que, em quase todos os casos, coincidem. na actualidade
Podemos questionar o facto do historiador na-
tural de Câmara de Lobos não ter mencionado a) As capelas extintas
as capelas de S. João e de Nossa Senhora das
Preces. Terá desconhecido a sua edificação? Para além da já referida problemática ligada
Não vemos esta hipótese como a mais viável. à capela das Pretas, falaremos brevemente so-
Encontramos na obra referências a uma capela bre os outros templos extintos nesta freguesia.
das Pretas, situada nesta freguesia, porém, esta
Nas informações redigidas pelo padre António
alusão em tudo parece ser inverosímil, visto
Silvino Gonçalves podemos verificar que se ex-
não existirem quaisquer referências desta er-
tinguiram três capelas: a de Nossa Senhora de
mida no códice de Câmara de Lobos, nem em
Belém, a de Nossa Senhora da Nazaré e a de São
quaisquer outras fontes. Poderá ter desapare-
João Baptista.
cido antes da elaboração do referido códice?
Relativamente à primeira, sabemos que esta
Estaria o seu nome relacionado com os escra-
já não existia no ano de 1857. No dia 22 de De-
vos existentes na localidade? Devemos salien-
tar que não lidamos com o original dos escritos zembro de 2004, na tentativa de apurarmos qual
de Noronha, mas sim uma edição transcrita por
Alberto Vieira, pelo que, podemos, por hipóte-
se, estar perante um erro de transcrição. Assim
sendo, em vez da palavra Pretas poderia estar
escrita Preces, aludindo assim à capela de Nos-
sa Senhora das Preces, ou poderíamos então
supor que Noronha tenha simplesmente dado
um erro ortográfico. No futuro procurar-se-á
a fonte original, que se encontra na Biblioteca
Nacional, para assim podermos estar mais eluci-
dados sobre o assunto. Por agora, juntaremos o
seu nome à contabilidade das instituições que
se extinguiram.
Outra questão que nos suscitou algumas
dúvidas prende-se com a capela de Nossa Se-
nhora da Conceição, sendo esta apresentada
por Noronha como uma [...] boa Igreja [...]32, pa-
recendo remeter o elogio para o seu estado de
conservação. Todavia, no códice da igreja ma-
triz surge como [...] huma Ermida muito velha e
aruinada [...]33. Sabemos que o livro de Noronha
foi escrito nos primeiros anos do século XVIII
e que a capela de São Pedro Gonçalves Telmo
fora edificada posteriormente, em 1723, pelos
confrades do Corpo Santo. Somos da opinião de
que poderá ter havido um equívoco por parte
do historiador madeirense, visto não nos pare-
cer provável que o templo, em tão pouco tem-
po, tenha ficado em tal estado de degradação, Retábulo da Capela do Espírito Santo

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seria o local da sua edificação, deslocámo-nos do pequeno templo de São Cândido, tiveram
ao sítio de Belém e não encontrámos quaisquer influência na toponímia dos lugares onde se
vestígios relacionados com a sua existência. Fo- encontram edificadas.
mos somente confrontados com umas grutas A capela do Espírito Santo, uma das primei-
que poderão estar relacionadas com a toponí- ras casas religiosas da ilha, situa-se na localida-
mia local, se bem que esta também possa ser de que tomou o seu nome, um pouco acima
remetida para o último nome do seu orago. da baía de Câmara de Lobos. Através das infor-
A ermida de Nossa Senhora da Nazaré e mações já mencionadas no capítulo anterior,
a de São João Baptista foram extintas no de constatou-se que esta, ao longo dos séculos, foi
1863, sendo igualmente difícil proceder a uma alvo de grandes remodelações, nada restando
localização das mesmas no momento hodier- do edifício original. Nos princípios do século XX,
no. Na primeira, a descrição da sua localiza- mais propriamente no ano de 190837, o edifício
ção feita pelo padre Tomé Barreto perece-nos foi alvo de importantes reparações que resulta-
pouco nítida. Desconhecemos onde se situaria ram no aspecto que o mesmo hoje apresenta.
o referido engenho, próximo da Ribeira do Vi- Nas instalações anexas a esta instituição funcio-
gário. No que respeita à capela de São João, as
nou, nos anos 50 e 60, um Colégio da Preserva-
dificuldades foram semelhantes. Percorreu-se
ção de instrução feminina. Actualmente, neste
todo o Serrado da Adega e não encontrámos
espaço funciona a Escola do Espírito Santo, sob
quaisquer vestígios da sua presença. Porém, a
a direcção da congregação das irmãs francisca-
sabedoria popular poderá, de algum modo, aju-
nas de Nossa Senhora das Vitórias38. O seu altar
dar a encontrar uma solução para esta questão.
encontra-se dentro de uma das salas de aula da
Segundo Manuel Pedro Freitas, um dos ditos
tradicional do povo camaralobense refere que instituição e parece-nos ter sido construído nos
a capela ficaria perto da Ribeira do Vigário e que
dela, já prestes a ruir (devido um aluvião que se
abateu em Câmara de Lobos), foi retirado um
sino, uma pia baptismal e uma imagem de S.
João. Os objectos mencionados foram depo-
sitados na capela de Jesus Maria José34. Como
confirmação destes ditos do povo encontramos
no Livro do Tombo uma referência à celebração
da festa de São João Baptista na capela de Jesus
Maria José no ano de 186735, após a extinção do
templo de São João Baptista que, como já verifi-
cámos, aconteceu pelo menos em 186336. A tra-
dição popular parece-nos dar pistas correctas. A
ermida de São João poderá ter caído em ruína
devido a um aluvião e consequente inundação
pela Ribeira do Vigário, tendo o seu culto e fes-
tividades, tal como alguns objectos do interior
do templo, sido realmente incorporados na ca-
pela com o orago da sagrada família.

b) As restantes capelas referidas no Livro do


Tombo
Das nove capelas referidas pelo Livro do
Tombo da Igreja de Câmara de Lobos apenas seis
continuam edificadas. Mais à frente, ainda neste
artigo, daremos uma atenção especial à Capela
de São Pedro Gonçalves Telmo, a actual cape-
la de Nossa Senhora da Conceição. Por agora,
falar-se-á nas restantes cinco que, à excepção Capela de Nossa Senhora da Boa Hora

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princípios do século XX, o qual, diversamente de com plantações de banana. Na fachada encon-
uma imagem em mármore de São Tiago Maior tra-se a data de 1640, correspondendo ao ano
exposta num nicho do referido altar, não apre- da sua fundação pelo morgado António Correia
senta qualquer importância artística relevante. de Bettencourt. No ano de 1899, deparando-se
Todavia, não conseguimos quaisquer referên- com a ruína, sofreu importantes remodelações,
cias relativamente à sua datação. Segundo uma embora mantendo a mesma base arquitectóni-
velha lenda contada pelo povo, a referida ima- ca40. O edifício apresenta-se com um alpendre
gem foi encontrada no mar, dentro de uma rede que antecede a porta principal. O seu interior
de pesca, numa época em que imperava a fome não apresenta qualquer interesse artístico rele-
na população madeirense. Logo após a sua des- vante.
coberta surgiu no horizonte uma embarcação A ermida de Jesus Maria José localiza-se no
de cereais, dirigindo-se para um porto da ilha. sítio com a mesma denominação à beira do ca-
De acordo com informações dadas por Eduardo minho de São João, ladeada por terrenos com
Pereira39, no ano de 1877, a referida escultura plantação de bananas. Este edifício foi restau-
foi intervencionada com alguns repintes. A sua rado por volta de 1945, embora as suas carac-
adoração simbólica é feita anualmente no dia 1 terísticas originais não tenham sido alteradas41.
de Maio, quando os ardores da vida quotidiana No dia 19 de Dezembro de 2004 deslocámo-
cessam e dão lugar à pompa e circunstância das nos até à referida localidade mas, infelizmente,
festividades em honra a São Tiago Maior. encontrámos as suas instalações encerradas, o
A capela de Nossa Senhora da Boa Hora en- que não nos permitiu averiguar como seria o
contra-se edificada no local da Boa Hora, no sítio seu interior. Sabe-se, no entanto, que preserva
da Torre, num caminho ladeado por fazendas a já mencionada imagem de São João Baptista,

Capela de Jesus Maria José

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bem como, o sino e a pia baptismal que per- expor, esta capela foi fundada no ano de 1732
tenciam à antiga capela do referido orago no pelo Cónego Francisco Cândido Correia Henri-
Serrado da Adega. Como já foi exposto, neste ques e, durante muitos anos, esteve em esta-
local também se preservou o festejo do referido do de ruína e aparente desamparo. Nos finais
orago, pelo menos a partir de 1867, o qual se da mesma década a capela seria restaurada,
mantém ainda como uma das grandes festivi- mantendo, do edifício original, as cantarias da
dades daquela zona. porta, o altar e ainda a pia baptismal43. Os anos
A capela de Nossa Senhora das Preces en- passaram e o desleixo dos seus legatários, da
contra-se erigida no sítio do Caminho Grande e população e das autoridades levaram-na a uma
Preces, perto do Caminho da Ribeira da Caixa, situação de ruína extrema, chegando este espa-
entre campos de cultivo de bananas e vinhas. ço a servir de lixeira pública, situação esta de-
No ano de 1856, o edifício e a casa que se en- vidamente noticiada pela imprensa regional44.
contra anexa a este foram reconstruídos42. O Com a construção da urbanização Cidade Nova,
seu espaço parece ter sido recentemente adap- no ano de 2003, a Câmara Municipal aproveitou
tado de modo a permitir a afluência de mais para reabilitar este espaço religioso, mantendo
fiéis, visto termos encontrado, à frente da sua a cantaria da porta e o altar originais. Na sua fa-
capela, uma extensão coberta de zinco onde se chada podemos verificar a gravação do ano de
realizam as celebrações eucarísticas. 1732 que corresponde à data da sua fundação.
Por último, a capela de São Cândido loca- Esta ermida encontra-se fechada ao público,
liza-se no sítio da Fonte da Rocha, próximo da por isso foi-nos impossível estudar o seu inte-
Ribeira do Vigário, ao lado da urbanização Cida- rior de reduzidas dimensões.
de Nova. Como já tivemos a oportunidade de

Capela de Nossa Senhora das Preces

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c ) As capelas criadas após 1732 Senhora da Nazaré foi fundada em 1694 por
João de Bettencourt Henriques, localizada ao
O registo da Ermida de São Cândido no Li- lado do engenho, perto da Ribeira do Vigário e
vro do Tombo, referente ao ano de 1732, foi o teve a sua extinção no ano de 1863, não haven-
último a ser elaborado pelo Padre Tomé Bar- do assim margem para dúvidas na sua diferen-
reto. A partir desta data não se arrolaram mais ciação. Uma das curiosidades desta capela é-
entradas de novas ermidas no referido códice, nos contada por Álvaro Rodrigues de Azevedo:
porém, sabe-se que foram instituídas quatro [...] é tradição entre os pescadores de Câmara de
capelas ainda no século XVIII e na centúria se- Lobos que, no princípio deste século [século XIX]
guinte. Devido às dimensões do presente texto a Morgada da Nazareth, armada de espadim, se
não iremos estudar estas instituições de forma collocava no alto onde é a capella; chamava os
exaustiva, pelo que ficaremos somente por uma barcos de pesca que vinham entrando no porto; e,
breve referência a cada uma delas. por privilégio ou abuso, delles tomava o peixe que
No ano de 1751 foi criada no lugar do Ser- queria, e o pagava como lhe parecia [...]46.
rado Galego uma capela dedicada à Nossa A capela de Nossa Senhora da Piedade loca-
Senhora da Nazaré, a qual foi fundada pela liza-se na Caldeira. De acordo com informações
morgada Maria do Rosário Henriques, viúva de dadas por Manuel Pedro de Freitas, este edifí-
Pedro Bernardes Cordeiro45. Verifica-se assim a cio foi construído em 1800 a mando do Padre
existência na freguesia de Câmara de Lobos de Manuel Gonçalves Henriques e desde 1931 faz
dois templos com o mesmo orago, situados em parte integrante de um convento de irmãs cla-
localidades distintas. Como já mencionamos rissas47.
anteriormente, a mais antiga capela de Nossa No sítio do Ribeiro Real encontramos a ca-

Solar e Capela de Nossa Senhora da Nazaré

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pela de Nossa Senhora da Boa Morte, a qual edifício.
pensamos ter sido fundada no ano de 1894, em A sua fundação perdeu-se no tempo, não
virtude de esta data se encontrar gravada na havendo uma fonte que prove a sua construção
cantaria da porta de entrada. ou pertença e que acabe com um dos grandes
Por último, em 1876, foi iniciada a constru- enigmas da história desta região. Alguns histo-
ção da capela da Nossa Senhora das Dores48, riadores colocam a sua edificação no primeiro
que se localiza no actual cemitério da freguesia quartel do século XV, tendo sido construída a
de Câmara de Lobos, entre o sítio do Espírito mando de João Gonçalves Zarco. A tentativa
Santo e o sítio da Torre. de fundamentação desta teoria foi feita por um
historiador madeirense natural desta localida-
de, de seu nome Pita Ferreira que, elaborando
d) A capela de Nossa Senhora da Conceição uma releitura da Relação de Francisco Alcofo-
– um monumento a preservar rado e tendo por base um manuscrito de finais
da centúria de quinhentos existente na Biblio-
Na elaboração deste artigo não queríamos teca Geral da Universidade de Coimbra, salienta
deixar de destacar a capela de Nossa Senhora que a Capela de Nossa Senhora da Conceição
da Conceição, a qual consideramos ser uma das foi fundada por Zarco no ano de 1420 e fora, na
mais singulares da ilha da Madeira, situada ao sua génese, denominada por Nossa Senhora do
pé da baía de Câmara de Lobos, ao lado das em- Calhau. Dediquemos atenção às palavras trans-
barcações de pesca. Os pescadores, desde tem- critas do manuscrito que se encontra em solo
pos remotos, têm a seu cuidado a manutenção conimbricense: No lugar de Câmara de Lobos há
e a realização das respectivas festividades deste a igreja principal de S. Sebastião e duas ermidas, a

Capela de Nossa Senhora da Piedade

Revista Girão 11
de Nossa Senhora da Conceição, que foi a segun- cujo contributo de 3000 réis por parte de Rui
da igreja que nesta ilha se fez, e a do Espírito Santo Mendes de Vasconcelos (16 de Abril de 1559) e
(...) 49. Saliente-se que poderemos estar perante de 2400 réis de Gonçalo Pires (8 de Dezembro
um lapso do cronista que lavrou o citado docu- do mesmo ano) foram direccionados para os ac-
mento. Poderá este ter confundido a capela de tos de remodelação da dita instituição51. A sua
Nossa Senhora da Conceição com o templo de importância como local de culto e devoção das
Nossa Senhora do Calhau, no Funchal, sendo gentes de Câmara de Lobos deixou marcas ao
esta última, segundo Alcoforado (companheiro longo do tempo e encontra-se manifestada não
de Zarco)50, a segunda edificação religiosa da só através de vestígios lavrados pelos punhos
ilha? Não encontramos documentação que, de dos tabeliães, mas também pelas descobertas
alguma forma, possa corroborar estes escritos. recentes no próprio edifício, em frente ao altar,
Mediante tal circunstância, e tendo em conta de dois túmulos das centúrias de quinhentos e
que a citada fonte não nos demonstra quaisquer seiscentos, últimas moradas de famílias de no-
incoerências em relação a factos relatados (fac- bre condição. O mais antigo, do lado direito,
tos esses que se encontram descritos em outros está datado ao centro da sepultura com o ano
manuscritos considerados coevos), parece-nos de 1587 e apresenta a seguinte inscrição epi-
aceite a interpretação de Pita Ferreira que esta gráfica: Sepultura de António Bracia e sa Molher
instituição deverá ter sido erguida nos tempos Brasia Soares. Do lado esquerdo, datado do sé-
do povoamento, em meados do século XV. culo XVII, encontra-se a placa de pedra sepulcral
Na segunda metade da centúria seguinte, pertencente a Joana Atouguia, falecida a 20 de
precisamente o ano de 1569, encontra-se do- Julho de 1630, com o seguinte epitáfio: Aqui jaz
cumentada em escritos de índole testamental a D. Joana de Atog[u]ia mulher de Mendo Róis de
elaboração de obras de beneficiação da capela, Vasconcelos fidalgo da casa de sua Magistade52.

Capela de Nossa Senhora da Conceição

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Das informações arroladas no Livro do Tom- nome antigo pelo qual, no momento hodierno,
bo de 1729 podemos verificar que a capela é continua a ser conhecido.
descrita como [...] muito velha e arruinada [...]53. Olhando para o seu interior visualizamos
No ano de 1723 foi edificado um novo templo, algumas obras feitas aquando da reedificação
a cargo da confraria do Corpo Santo (que an- da capela pela confraria do Corpo Santo, nome-
teriormente estava ligada à ermida do Espírito adamente a rica talha dourada do altar e as pa-
Santo), com o compromisso entre a referida redes apaineladas de com dezassete painéis de
confraria e a de Nossa Senhora da Conceição de Nicolau Ferreira, um famoso pintor madeirense
continuar no altar-mor a imagem mariana.54 A do século XVIII, com temáticas ligadas à vida de
manifestações de culto ao orago de origem ga- São Pedro Gonçalves Telmo e algumas cenas
lega na capela de Nossa Senhora da Conceição bíblicas. No altar estão destacadas duas escul-
remontam à centúria anterior, precisamente em turas (uma de Nossa Senhora da Conceição e
1691, com a presença da imagem de São Pedro outra referente a São Pedro Gonçalves Telmo)
Gonçalves Telmo, sendo este o espaço destina- que nos parecem ter características barrocas,
do à sua confraria, que, no mesmo ano, sofreu embora não tenhamos quaisquer referências
um processo de estruturação das suas normas, sobre a sua datação.
tendo como base os procedimentos da homó- No ano de 1908, esta capela sofreu algu-
nima funchalense55. Mesmo com a renomeação mas obras de restauro elaboradas pelo pintor
oficial do espaço religioso, destaque-se que o Bernes, com repintes dos quadros de Nicolau
nome da capela de São Pedro Gonçalves Tel- Ferreira e a decoração do tecto do coro e da res-
mo não perdurou. Podemos supor que o povo tante capela. Esta intervenção foi imensamen-
tenha continuado a chamar àquele edifício o te criticada, chegando o referido restaurador a

Interior da Capela de Nossa Senhora da Conceição

Revista Girão 13
ser acusado de desvalorizar a pintura original ra pensemos que a mais correcta possa ser a de
das telas e de ter assinado e datado uma delas, um erro de transcrição ou ortográfico vindo do
numa suposta tentativa de reclamar a sua auto- próprio Noronha. Ainda assim, incluímos esta
ria. No ano de 1947 foi efectuado um novo res- instituição nas contagens deste trabalho.
tauro à talha dourada, às pinturas do tecto e fo- Consideramos o século XIX como sendo o
ram limpos e retocados alguns dos quadros56. mais movimentado relativamente à história des-
Actualmente a capela de Nossa Senhora da tas instituições, visto que, ao longo destes cem
Conceição é um dos principais pontos de visi- anos, para além de se terem extinto três capelas
ta dos turistas que se deslocam à freguesia de (Nossa Senhora de Belém, Nossa Senhora da Na-
Câmara de Lobos. É, sem dúvida, um pequeno zaré e a de São João Baptista), foram efectuadas
ex-libris da arte barroca madeirense que deverá obras de restauro em outras três (Espírito Santo,
ser preservado com todos os cuidados necessá- Nossa Senhora da Boa Hora e Nossa Senhora
rios que possamos ter com este tipo de monu- das Preces) e foram edificados mais dois novos
mentos. templos (Nossa Senhora da Boa Morte e Nossa
Senhora das Dores). Saliente-se que, apesar de
Conclusão a capela de São João Baptista ter sido extinta,
o culto e festividades ao referido orago não se
Em jeito de conclusão cumpre salientar deixou de realizar, passando, ainda na centúria
que, actualmente, se encontram edificadas, na de oitocentos, para o templo de Jesus Maria
freguesia de Câmara de Lobos, dez capelas de José, onde actualmente se mantém.
diferentes invocações. Em nossa opinião, as A capela de Nossa Senhora da Conceição
mesmas encontram-se bem conservadas, não deteve um destaque especial neste trabalho
obstante a maior parte já não apresente as suas por se achar que mantém algum traço da edi-
características originais, devido a vários restau- ficação de 1723, sendo, em nossa opinião, um
ros elaborados ao longo dos séculos. Desde dos bons exemplos do barroco regional, apesar
a centúria de quatrocentos (com a criação da do seu desvirtuamento resultante de episódios
capela do Espírito Santo e, possivelmente, a de temporais, tais como os polémicos restauros
Nossa Senhora da Conceição) até ao século XIX, que retiraram algum valor às tábuas de Nico-
ergueram-se nesta localidade pelo menos ca- lau Ferreira. Este templo é uma das imagens de
torze capelas, a maior parte delas fundadas no marca de uma freguesia que pouco nos oferece
século XVII e ligadas a morgados. Não podemos em termos de importância artística. Apesar de
também deixar de assinalar que as capelas do outras capelas não mostrarem traços relevantes
Espírito Santo, Nossa Senhora das Preces, Nossa neste campo, o seu valor histórico e patrimonial
Senhora da Boa Hora e Jesus Maria José e, pos- é fundamental para a compreensão do sentido
sivelmente, a de Nossa Senhora de Belém são de pertença desta localidade, pelo que não de-
responsáveis pelos topónimos dos sítios onde vem ser menosprezadas, mas sim estudadas e
foram edificadas. resguardadas. Mediante tais medidas, preser-
O Livro do Tombo da colegiada de Câmara var-se-á a história do arquipélago madeirense e
de Lobos foi de uma importância fundamental a sua identidade peculiar, fruto da multiplicida-
para a elaboração deste trabalho e para a conti- de cultural dos primeiros colonos e da interac-
nuação de qualquer estudo relacionado com a ção do homem com um meio natural rodeado
vida religiosa do povo camaralobense. As suas pelo oceano.
referências sobre as nove capelas existentes
nesta época ajudaram-nos a construir a história FONTES E BIBLIOGRAFIA
das referidas instituições, através da ajuda de al- A - Fontes
gumas indicações do camaralobense Henrique
I- Fontes manuscritas
Henriques de Noronha.
Livro do tombo da igreja de Câmara de Lobos,
A sua notícia sobre uma capela das Pretas na
1729 e seguintes.
freguesia de Câmara de Lobos parece-nos algo
surpreendente, visto não se ter qualquer vestí- II- Fontes Impressas
gio da sua existência. Lançamos algumas hipó- FERREIRA, Manuel Juvenal Pita, A “Relação” de
teses para a explicação deste problema, embo- Francisco Alcoforado, Funchal, Tipografia - Jornal

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de Notícias, 1961. construção do Mundo Atlântico (séculos XV a XVII),
vol.1, Funchal, CEHA, 1995, p.192.
FRUCTUOSO, Gaspar, Livro segundo das Saudades 3 Henrique Henriques de Noronha, Memórias secu-
da Terra, Anotações de Álvaro Rodrigues de Aze- lares e eclesiásticas para a composição da História
vedo, Typ. Funchalense, 1873. da Diosesi do Funchal, na ilha da Madeira - 1722,
Funchal, Centro de Estudos de Historia do Atlân-
NORONHA, Henrique Henriques de, Memórias se- tico, 1996, p.223.
culares e eclesiásticas para a composição da Histó- 4 Neste ano, a colegiada da Igreja de Câmara de Lo-
ria da Diosesi do Funchal, na ilha da Madeira-1722, bos era composta por oito elementos: um vigário
Funchal, Centro de Estudos de Historia do Atlân- (padre Tomé Barreto), um cura, quatro beneficia-
tico, 1996. dos e um organista. In Livro do Tombo da Igreja de
Câmara de Lobos, ano de 1729 e seguintes, fl.8.
SILVA, Fernando Augusto da e MENESES, Carlos 5 Ob. cit., fl.4.
Azevedo de, Elucidário madeirense, 3 vls., Fac-sí- 6 Ob. cit., fl.38.
mile da edição de 1946, Funchal, Secretaria Re- 7 Ibidem.
gional de Turismo e Cultura, 1986. 8 Ibidem.
9 Desde o século XV que se encontram documenta-
B - Bibliografia das várias confrarias do Corpo Santo em diversos
I- Obras de Consulta lugares no sul da ilha: Santa Cruz, Funchal, Câma-
ra de Lobos, Ponta do Sol e Calheta. Cf. Nelson Ve-
AGUIAR, Fernando de, Cousas da Madeira, Vol. 1, ríssimo, “A confraria do Corpo Santo no séc. XVIII”,
Lisboa, Mar-Largo, 1951. Islenha, nº10, 1992, p. 116.
10 Livro do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos, fl.38.
FERREIRA, Manuel Juvenal Pita, O arquipélago da .No Compromisso dos irmãos do Corpo Santo do
Madeira - terra do senhor Infante, Funchal, Junta Lugar de Câmara de Lobos no anno de 1691, docu-
Geral do Distrito Autónomo do Funchal, 1959. mento que regulamenta as práticas religiosas da
dita confraria, refere a existência de uma imagem
FREITAS, Manuel Pedro S. “Colégio da Preserva- de São Pedro Gonçalves Telmo na Capela de Nos-
ção em Câmara de Lobos”, Girão, nº 8, 1992. sa Senhora da Conceição, alvo da devoção dos
pescadores. Esta fonte encontra-se transcrita na
PEREIRA, Eduardo C. N, Ilhas de Zargo, Funchal, íntegra em Idem, p. 123 a 124.
Edição Câmara Municipal do Funchal, 1986. 11 Livro do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos,
fl.48.
SILVA, José Manuel Azevedo, A Madeira e a cons- 12 Henrique Henriques de Noronha, ob. cit., p.223.
trução do Mundo Atlântico (séculos XV a XVII), 2 13 Livro do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos,
volumes., Funchal CEHA, 1995. fl.48.
14 Henrique Henriques de Noronha, ob. cit., p.223.
SOUSA, João de, “O túmulo de D. Joana de Atou- 15 Cf. Nelson Veríssimo, Ob. cit., p. 117, 123 a 124.
guia na capela de Nossa Senhora da Conceição, 16 Tomou posse como vigário da igreja matriz no
na vila de Câmara de Lobos”, Girão, nº2, 1989. dia 1 de Outubro de 1856. in Livro do Tombo da
Igreja de Câmara de Lobos, fl.11 verso.
Veríssimo, Nelson, “A confraria do Corpo Santo 17 Idem, fl.48.
no séc. XVIII”, Islenha, nº10, 1992, pp. 116 a 124. 18 Idem, fl.50.
19 Henrique Henriques de Noronha, ob. cit., p.223.
20 A informação escrita no fólio 9 acerca deste sa-
II- Sites da Internet cerdote, não é clara quanto à sua entrada nesta
colegiada. Sabemos somente que, no ano 1777,
http://www.ceha-madeira.net/elucidario/eluci- este já não se encontrava a exercer o referido
dario.htm (arquivado no dia 21-12-2004 às 18h e cargo.
48 m). 21 Livro do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos,
http://concelhodecamaradelobos.com/index. fl.51.
htm (arquivado no dia 21-12-2004 às 19h e 26m). 22 Henrique Henriques de Noronha, ob. cit., p.223.
23 Livro do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos,
NOTAS: fl.51.
1 Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de 24 Idem, fl.53.
Meneses, Elucidário madeirense,vol.1, Fac-símile 25 Henrique Henriques de Noronha, ob. cit., p.223.
da edição de 1946, Funchal, Secretaria Regional 26 Livro do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos,
fl.51.
de Turismo e Cultura, 1986, p.212.
27 Idem, fl.55.
2 Cf. José Manuel Azevedo e Silva , A Madeira e a

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28 Idem, fl.56.
29 Henrique Henriques de Noronha, ob. cit., p.223.
30 Livro do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos,
fl.57.
31 Idem, fl.58.
32 Henrique Henriques de Noronha, ob. cit., p.223.
33 Livro do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos,
fl.38.
34 Para a obtenção de algumas informações refe-
rentes às capelas desta freguesia na actualida-
de, consultamos o site elaborado pelo médico
Manuel Pedro Freitas, denominado Câmara de
Lobos, sua gentes e cultura - http:// concelhodeca-
maradelobos.com/index.htm.
35 Livro do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos,
fl.51.
36 Idem, fl.55.
37 Idem, fl.48.
38 Cf. Manuel Pedro Freitas, “Colégio da Preservação
em Câmara de Lobos”, Girão, nº 8, 1992, p.387 a
389.
39 Eduardo Pereira, Ilhas de Zargo, vol. II, Funchal,
Edição Câmara Municipal do Funchal, 1986,
p.792.
40 In Câmara de Lobos, sua gentes e cultura - http://
concelhodecamaradelobos.com/index.htm.
41 Ibidem.
42 Ibidem.
43 Ibidem.
44 Ibidem.
45 Cf. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo
de Meneses, ob. cit., vol.2, p.462.
46 Notas elaboradas pelo autor no Livro Segundo da
Saudades da Terra de Gaspar Frutuoso, p.387.
47 Câmara de Lobos, sua gentes e cultura - http://
concelhodecamaradelobos.com/index.htm.
48 Cf. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo
de Meneses, ob. cit., vol.2, p.455.
49 Manuel Juvenal Pita Ferreira, O arquipélago da
Madeira - terra do senhor Infante, Funchal, Junta
Geral do Distrito Autónomo do Funchal, 1959,
p.140.
50 Manuel Juvenal Pita Ferreira, A “Relação” de Fran-
cisco Alcoforado, Funchal, Tipografia - Jornal de
Notícias, 1961, p.59.
51 Nelson Veríssimo, “A confraria do Corpo Santo
no séc. XVIII”, Islenha, nº10, 1992, p. 117.
52 Cf. João de Sousa, “O túmulo de D. Joana de Atou-
guia na capela de Nossa Senhora da Conceição,
na vila de Câmara de Lobos”, Girão, nº2, 1989,
p.325-326.
53 Livro do Tombo da Igreja de Câmara de Lobos,
fl.38.
54 Ibidem.
55 Cf. Nelson Veríssimo, Ob. cit., pp. 116 a 124.
56 Cf. Eduardo Pereira, ob.cit., vol. II, p.704 e site Câ-
mara de Lobos, sua gentes e cultura - http:// conce-
lhodecamaradelobos.com/index.htm.

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