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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

O Impacto de Pandemia Covid-19 Como uma Emergência Internacional de Saúde


Pública: Caso de Moçambique no período 2019-2020

Nome do estudante
2

Nampula, Junho de 2020 i

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

O Impacto de Pandemia Covid-19 Como uma Emergência Internacional de Saúde


Pública: Caso de Moçambique no período 2019-2020

Nome

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira


de Saúde Pública e Ambiente a ser
apresentada ao Instituto de Educação à
Distância, da Universidade Católica de
Moçambique, centro de recursos de
Cuamba.

Docente: Dr. Ribeiro Samuel.


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ii
Nampula, Junho de 2020

Índice
Introdução...................................................................................................................................3

1. Abordagem conceitual............................................................................................................4

2. Origem do COVID-19............................................................................................................9

3. Sintomatologia clinica do COVID19 (sinais e sintomas).....................................................10

4. Vias de transmissão do COVID-19.......................................................................................10

5 Princípios ambientais orientadores do processo de gestão de risco da pandemia de COVID-


19...............................................................................................................................................10

6. Quadro legal regulatório de gestão de risco da pandemia Covid-19 em Moçambique........12

7. Prioridades na actuação da vigilância ambiental..................................................................13

8. O Direito à Saúde no Contexto Político Moçambicano........................................................14

8.1. Direito à Saúde...................................................................................................................14

8.2. O Direito à Saúde e Segurança no Meio Ambiente do Trabalho.......................................15

9. Medidas ou estratégias mitigadoras da Pandemia COVID19 com vista o controle da........16

Conclusão..................................................................................................................................19

Referencia Bibliográfica...........................................................................................................20
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Introdução
O presente trabalho tem como tema: “O Impacto de Pandemia Covid-19 Como uma
Emergência Internacional de Saúde Pública: Caso de Moçambique no período 2019-2020”.
Esta abordagem surge num momento em que o mundo está enfrentando um grande desafio em
termos de gestão dos efeitos nefastos da pandemia do Covid-19, doença que até então é a mais
fatal por não ter cura e por ter um nível elevado de contaminação.

O trabalho tem como objectivo geral avaliar o impacto causado pelo Covid 19 em
Moçambique no período compreendido entre 2019 à 2020. Para a concretização deste
objectivo levantam-se os seguintes objectivos específicos: Identificar os factores de risco que
contribuem na propagação de Convid19 em Moçambique no período 2019-2020; Identificar
os impactos causados pelo Covid19 em Moçambique no período de 2019-2020 e Propor
medidas de mitigação sob ponto de vista sanitária e ambiental com vista no controlo da
pandemia.

O trabalho foi concretizado mercê do uso do método qualitativo por meio da análise
bibliográfica que foi usada como principal técnica de estudo.
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1. Abordagem conceitual

a) Emergência sanitária

O conceito emergência sanitária foi definido pelo Regulamento Sanitário Internacional no


contexto da Assembleia Mundial da Saúde, em 2005 como sendo:

Um evento que apresente risco de propagação ou disseminação de


doenças para mais de um país (Estado ou Distrito), com priorização das
doenças de notificação imediata e outros eventos de saúde
pública (independentemente da natureza ou origem), depois de
avaliação de risco, e que possa necessitar de resposta nacional imediata,
(WHA, 2005, p.6).

Ainda mais de acordo com essa fonte essa definição é legitimada:

 Por constituir um risco de saúde pública para outro Estado por meio da propagação
internacional de doenças;

 Por potencialmente requerer uma resposta internacional coordenada.

Assim, os ministérios de Saúde, uma vez que evidenciam condições que coloquem em risco a
saúde pública, podem realizar declarações de emergência sanitária que podem ser
independentes da declaração nacional de emergência.

As declarações de emergência variam segundo o país e as regiões sanitárias, mas em geral


têm características de cobertura por área geográfica ou por áreas sanitárias que não
necessariamente correspondem exactamente à divisão política. As medidas que forem
adoptadas mediante a declaração de emergência devem ser acatadas e difundidas pelos
organismos executores nas suas redes para seu cumprimento.

b) Impacto

Do latim tardio impactus, o impacto é o choque de um objecto contra algo. Dessa forma, o


impacto é uma colisão ou choque de um objecto sobre algo.

Fazendo uma ligação com a pandemia do Covid-19, o impacto seriam as consequências


resultantes de seu surgimento, medidas de prevenção assim como da sua propagação no país
assim como no mundo.
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c) Vigilância epidemiológica

Na óptica de Pereira (2005), “vigilância epidemiológica é o registo e observação sistemática e


activa de casos suspeitos ou confirmados de doenças transmissíveis e de seus contactos”
(p.450). 

O conceito de vigilância como um instrumento de saúde pública surgiu no final do século


XIX e ao longo do século XX, houve uma contínua ampliação deste, para dados de outros
agravos relevantes para a saúde pública, cabendo à então vigilância à saúde (VS) disseminar
regularmente as informações a todas as instituições a quem fossem necessárias para realização
de acções intersectoriais.

d) Pandemia

Uma pandemia (do grego παν [pan = tudo/ todo(s)] + δήμος [demos = povo]) é


uma epidemia de doença infecciosa que se espalha entre a população localizada numa grande
região geográfica como, por exemplo, um continente, ou mesmo o Planeta Terra, (John, 2005,
p.18).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma pandemia pode começar quando se
reúnem estas três condições:

 O aparecimento de uma nova doença na população;


 O agente infecta humanos, causando uma doença séria;
 O agente espalha-se fácil e sustentavelmente entre humanos.

Uma doença ou condição, não pode ser considerada uma pandemia somente por estar
difundida ou matar um grande número de pessoas; deve também ser infecciosa. Por
exemplo, câncer é responsável por um número grande de mortes, mas não é considerada uma
pandemia porque a doença não é contagiosa (embora certas causas de alguns tipos de câncer
possam ser).

e) Covid 19
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COVID-19 é a doença infecciosa causada pelo coronavírus descoberto muito recentemente.


Este novo vírus e doença eram desconhecidos até o começo de surto em Wuhan, China, em
Dezembro de 2019.

Os coronavírus por sua vez, são uma grande família de vírus que podem causar doenças em
animais ou seres humanos.  Vários coronavírus são conhecidos por causarem infecções
respiratórias em seres humanos, que variam de constipação normal a doenças mais graves,
como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SARS). O coronavírus descoberto muito recentemente causa uma doença chamada de
coronavírus COVID-19.

f) Factor de risco

Rouquyrol (1994), refere que factor de risco é qualquer situação que aumente
a probabilidade de ocorrência de uma doença ou agravo à saúde, a exemplo dos múltiplos
factores causais das doenças cardiovasculares. O termo risco popularmente, além do sentido
de possibilidade ou chance (oportunidade), tem o sentido de perigo, (p.47).

Aliás risco, em epidemiologia é a probabilidade de ocorrência de um resultado desfavorável,


de um dano ou de um fenómeno indesejado. Desta forma estima-se o risco ou probabilidade
de que uma doença exista através dos coeficientes de incidência e prevalência. Para OMS o
factor de risco de um dano são todas as características ou circunstâncias que acompanham um
aumento de probabilidade de ocorrência do fato indesejado sem que o dito factor tenha
intervindo necessariamente em sua causalidade.

g) Saúde

A definição de saúde possui implicações legais, sociais e económica dos estados de saúde e


doença; sem dúvida, a definição mais difundida é a encontrada no preâmbulo da Constituição
da Organização Mundial da Saúde: saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, e não apenas a ausência de doenças. A definição adoptada pela OMS tem sido alvo de
inúmeras críticas desde então. Definir a saúde como um estado de completo bem-estar faz
com que a saúde seja algo ideal, inatingível, e assim a definição não pode ser usada como
meta pelos serviços de saúde. Alguns afirmam ainda que a definição teria possibilitado uma
medicalização da existência humana, assim como abusos por parte do Estado a título de
promoção de saúde.
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Boorse definiu em 1977 a saúde como a simples ausência de doença; pretendia apresentar


uma definição "naturalista". Em 1981, Leon Kass questionou que o bem-estar mental fosse
parte do campo da saúde; sua definição de saúde foi: "o bem-funcionar de um organismo
como um todo", ou ainda "uma actividade do organismo vivo de acordo com suas excelências
específicas." Lennart Nordenfelt definiu em 2001 a saúde como um estado físico e mental em
que é possível alcançar todas as metas vitais, dadas as circunstâncias.

As definições acima têm seus méritos, mas, provavelmente, a segunda definição mais citada
também é da OMS, mais especificamente do Escritório Regional Europeu: 

A medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de


realizar aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, de lidar com o
meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida
diária, não o objectivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais,
bem como as capacidades físicas, é um conceito positivo.

Essa visão funcional da saúde (a ultima) interessa muito aos profissionais de saúde pública,
incluindo-se aí os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e os engenheiros sanitaristas, e
de atenção primária à saúde, pois pode ser usada de forma a melhorar a equidade dos serviços
de saúde e de saneamento básico, ou seja, prover cuidados de acordo com as necessidades de
cada indivíduo ou grupo.

h) Doença

Uma doença é uma condição particular anormal que afecta negativamente o organismo e


a estrutura ou função de parte de ou de todo um organismo, e que não é causada por um
trauma físico externo. Doenças são frequentemente interpretadas como condições
médicas que são associadas a sintomas e sinais específicos. Uma doença pode ser causada por
factores externos tais como agentes patogénicos ou por disfunções internas, (OMS apud
Myers, 2008).

Em humanos, doença é frequentemente usada amplamente para se referir a qualquer condição


que causa dor, disfunção, desconforto, sentimento de incapacidade, anormalidades negativas
e problemas sociais ou morte à pessoa afligida, ou problemas similares àqueles em contacto
com a pessoa.

O estudo de doença e chamado patologia, que inclui o estudo de etiologia, ou causa.


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Por ter tantos usos e significados diferentes faz-se necessária uma definição pelo uso
científico do termo. O conceito de doença compõem-se, segundo Häfner apud Myers (2008),
de dois componentes:

i. o distúrbio de funções, grupos de funções ou de sistemas interpessoais;

ii. o estado não é proposital – “doença” implica incapacidade. Além disso ele é formado
em diferentes níveis:

 a manifestação;

 o desenvolvimento da doença, que caracteriza o "estar doente" (Kranksein);

 o conhecimento dos órgãos afetados e do contexto patológico, de forma a se


compreender como os primeiros níveis se influenciam mutuamente;

 o conhecimento das causas do contexto patológico.

i) Participação social

Conceito genérico usado na Sociologia com o sentido de: 

a. integração, para indicar a natureza e o grau da incorporação do indivíduo ao grupo, e 

b. norma ou valor pelo qual se avaliam tipos de organização de natureza social,


económica, política, etc. (Rios, 1987).

O primeiro é o sentido amplo do termo e assinala a importância da adesão dos indivíduos na


organização da sociedade. A participação implica comportamentos e atitudes passivos e
activos, estimulados ou não. Na medida em que a acção mobiliza o sujeito do ponto de vista
emocional, intuitivo e racional, a participação pode ser entendida como um princípio director
do conhecimento, variável segundo os tipos de sociedade em cada época histórica.

No segundo sentido, mais estrito e de carácter político, participação significa democratização


ou participação ampla dos cidadãos nos processos decisórios em uma dada sociedade.
Representa a consolidação, no pensamento social, de um longo processo histórico.

j) Salubridade ambiental

Salubridade é o conceito relacionado a uma situação ou condição (notoriamente ambiental)


que não afecta, ao menos de forma potencial, a saúde das pessoas ali presentes.
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Salubridade ambiental por sua vez é conhecida como a capacidade de prevenir a ocorrência de
doenças ocasionadas pelo meio ambiente e promover o melhoramento da saúde pública e
ecossistema, (Piza, 2000, p. 84).

Contudo, Saneamento Ambiental pode ser definido como um conjunto de acções


socioeconómicas que tem por objectivo alcançar Salubridade Ambiental, por meio de
abastecimento de água potável; colecta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e
gasosos; promoção da disciplina sanitária de uso de solo; drenagem urbana; controle de
doenças transmissíveis e demais serviços e obras especializados, com a finalidade de proteger
e melhorar as condições de vida urbana e rural.

Essa salubridade ambiental está em risco, pois, a partir da Revolução Industrial até os dias


atuais, a ampliação dos níveis de poluentes produzidos pelo homem promoveu o aumento da
poluição atmosférica, como também a contaminação das águas e do solo, influenciando
directamente no equilíbrio dos ecossistemas e na qualidade de vida da sociedade.

k) Vigilância ambiental em saúde  

A Vigilância Ambiental em Saúde é um conjunto de acções que proporciona o conhecimento


e a detecção de qualquer mudança nos factores determinantes e condicionantes do meio
ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de
prevenção e controle dos factores de risco ambientais relacionados às doenças ou outros
agravos à saúde.

2. Origem do COVID-19

Os primeiros casos do coronavírus (Covid-19) tiveram origem no mercado de frutos do mar


da cidade de Wuhan localizada na China, as primeiras ocorrências foram relatadas na virada
do ano 31/12/2020 e a incidência aumentou de maneira exponencial nas primeiras semanas.

Acredita-se que o vírus Sars-CoV-2 possua como hospedeiros determinadas espécies de


morcegos e o pangolim, um animal consumido como alimento exótico em algumas regiões da
China.

O período de incubação varia entre 4-14 dias, sendo que ainda é cedo para afirmarmos que o
vírus só é transmitido por indivíduos sintomáticos. 
11

3. Sintomatologia clinica do COVID19 (sinais e sintomas)

Os relatos iniciais da infecção caracterizaram o quadro como uma pneumonia de origem


desconhecida, sendo que no início muitos pacientes foram tratados para pneumonia, porém
não houve sucesso com a implementação da terapia antibiótica usual.

Os pacientes acometidos pelo Covid-19 apresentam os seguintes sintomas:

 Tosse: 65-80% 
 Febre: 45-85% 
 Dispneia: 30-40% 
 Sintomas gastrointestinais: 10%

4. Vias de transmissão do COVID-19

O COVID-19 transmite-se principalmente:

 por contacto próximo com pessoas infectadas pelo vírus


 pelo contacto com superfícies ou objectos contaminados

Assim, as principais vias de transmissão são:

 de pessoa a pessoa, através de gotículas que se emitem, por exemplo, quando se


tosse ou espirra
 através do contacto de mãos contaminadas que, posteriormente, contactam os
olhos, nariz ou a boca (as mãos contaminam-se facilmente em contacto com
objectos ou superfícies por sua vez contaminadas com gotículas de pessoa
infectada).

5. Princípios ambientais orientadores do processo de gestão de risco da pandemia de


COVID-19

Os problemas ambientais não apenas são o resultado de processos naturais alheios à acção
humana, seja na sua origem ou no seu resultado. São problemas do ser humano, de sua
história, de suas condições de vida, de sua relação com o mundo e com a realidade, de sua
constituição económica, social e política (Beck, 2010, p. 99).
12

Muito dos problemas que hoje se apresentam como incontroláveis ou de difícil controle, como
as mudanças climáticas, por exemplo, são resultados directos das escolhas processadas pelos
indivíduos nas suas mais diversas microesferas de relação. Um exemplo claro do impacto da
acção humana na natureza é o crescimento substancial das epidemias com potencial
pandémico como é o caso do Covid-19.

Um elemento que deve ser considerado para análise do crescimento de doenças com elevada
mortalidade e potencial pandémico é a sua relação directa com o modelo de desenvolvimento
e a destruição da natureza. Até meados de 1900, mais da metade das doenças que afectavam a
humanidade eram originadas em doenças infeccionais, quadro que mudou com a
implementação de programas de saúde pública e a introdução das vacinas, dentre outros
medicamentos de uso clínico desenvolvidos pela ciência.

Ocorre que uma mistura complexa de factores ambientais permitiu a migração de doenças
cujos patógenas eram “hospedados” em animais que sofreram mutações e passaram a
contaminar em outras espécies animais, inclusive humanos.

Isso abriu caminho para a disseminação sem precedentes de infecções


em humanos e animais, com consequências dramáticas para a saúde
pública e animal, bem-estar animal, suprimento de alimentos,
economias e biodiversidade (Osterhaus pud Beck, 2010, p.41).

De acordo com o Relatório da FAO “World Livestock 2013 – Changing disease landscapes”,
cerca de 70% das novas doenças que infectaram a humanidade nas últimas décadas têm
origem animal, assim como se observa nos casos de Covid-19. As doenças se espalham por
meio das cadeias de produção e comercialização de produtos e insumos da agricultura e de
abastecimento de alimentos.

O biólogo e fisiologista estadunidense Jared Diamond (2012) destaca que a humanidade


passou a conviver com patógenos com maior intensidade desde o momento em que os seres
humanos abandonaram a condição de caçadores e colectores convertendo-se em agricultores e
pecuaristas. As doenças virais, especialmente, são o resultado do processo de criação em
escala de animais em ambientes confinados, o que permitiu a mutação e a migração de
doenças dos seus antigos hospedeiros animais para os humanos.

Actualmente, embora exista uma maior produção de medicamentos, sistemas de saúde pública
em diversos países e sistemas de compilação científica de dados, os mecanismos de
transmissão de doenças são muito mais céleres. O vírus da varíola levou milhares de anos
13

para migrar da Eurásia para as Américas, o que só ocorreu em virtude das grandes
navegações. A sua disseminação foi rápida para os parâmetros dos séculos XV e XVI, ou seja,
alguns anos ou décadas. No momento actual, China e Estados Unidos, com grande distância
geográfica, manifestaram registos do vírus SARS-Cov-2, responsável pela doença COVID-
19, praticamente na mesma época, com diferença de alguns dias entre os meses de Dezembro
de 2019 e Janeiro de 2020. Isto ocorreu por quais motivos? Maior tráfego de pessoas em
viagens intercontinentais, circulação mais constante de mercadorias, ou a simples troca de
dinheiro em moeda ou papel. Lembrar que o SARS-Cov-2 pode sobreviver, conforme
divulgado pela OMS, até 9 dias no ambiente atmosférico em contacto com o papel. É por esta
razão que as medidas de controle para a disseminação de doenças devem garantir regras de
prevenção mais eficientes, sendo a observância do princípio da precaução uma medida
imperativa.

6. Quadro legal regulatório de gestão de risco da pandemia Covid-19 em Moçambique

Em Moçambique, como noutros países, foi definido o quadro legal regulatório de gestão de
risco da pandemia Covid-19 , para o efeito, a assembleia da república aprovou a lei que
ratifica o decreto sobre Estado de emergência.

Para tal, o Presidente da República, ouvidos o Conselho de Estado e o Conselho Nacional de


Defesa e Segurança, ao abrigo do disposto na alínea a) do artigo 160, conjugado com a alínea
b) do artigo 165 e alínea b) do artigo 265 da Constituição da República, decidiu decretar o
Estado de Emergência em todo o território nacional, (PORTAL DO GOVERNO DE
Moçambique, acessado no dia 13.05.2020).

Entre as novas medidas tomadas para prevenir a transmissão do novo coronavírus está a
proibição de todos os eventos públicos e privados, incluindo cultos religiosos.

A lei que regula o estado de emergência foi aprovada na noite desta terça-feira (31.03),
poucas horas antes de entrar em vigor, por todos os 208 deputados presentes no Parlamento
moçambicano. 

Além do fecho de escolas, suspensão de vistos e desaconselhamento à aglomeração de


pessoas, medidas já aplicadas desde 23 de Março, deverão ser encerrados estabelecimentos de
diversão ou reduzida a sua actividade.
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O estado de emergência permite a limitação de circulação, mas esta restrição só será


accionada “desde que se verifique um aumento exponencial de casos de contaminação”, como
havia anunciado o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

O estado de emergência primeiramente foi determinado para durar 30 dias (mês de Abril) e
mais tarde prolongou-se para mais 30 dias (mês de Maio) esse período permite às forças de
defesa e segurança intervir em caso de desrespeito pelas medidas aprovadas. Os critérios para
a quarentena obrigatória também foram reforçados. Todas as pessoas que tenham viajado
recentemente para fora do país ou que tenham tido contacto com casos confirmados de
infecção devem cumprir o confinamento domiciliário.

Com as novas restrições, passa igualmente a ser possível limitar as entradas nas fronteiras,
que continuarão abertas a mercadorias e para casos de saúde e assuntos de Estado.

7. Prioridades na actuação da vigilância ambiental

A Vigilância em Saúde Ambiental é um conjunto de acções que proporciona o conhecimento


e detecção de qualquer mudança nos factores determinantes e condicionantes do meio
ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de
prevenção e controle dos factores de risco ambientais relacionados às doenças ou outros
agravos à saúde.

Assim, essa vigilância acompanha a interacção do indivíduo com o meio ambiente, enfocando
o espaço urbano e colectivo e as diversas formas de intervenção sobre este meio entendendo
que essa relação possa se dar de maneira harmónica e resultados positivos ou de maneira
nociva, resultando em doenças e agravos à saúde. Nesse sentido, a qualidade da água para
consumo humano, contaminantes ambientais, qualidade do ar, qualidade do solo, notadamente
em relação ao manejo dos resíduos tóxicos e perigosos, os desastres naturais e acidentes com
produtos perigosos, são objectos de monitoramento dessa vigilância seja de forma directa e
contínua ou por meio de acções em parceria com outros órgãos.

Já para a pandemia do Covid-19 a actuação na vigilância ambiental consistiu em


disponibilização da água potável sem restrições a todos cidadãos com acesso a esse recurso
vitalício como forma de garantir o processo de higienização ambiental.
15

8. O Direito à Saúde no Contexto Político Moçambicano

O Direito a Saúde corresponde a um conjunto de normas de direito, privado e público, com


objectivo principal de promoção da saúde humana, quer considerada na perspectiva da
prestação de cuidados individuais, quer enquanto bem de uma comunidade, (Moraes, 2002, p.
91).

A Constituição da República de Moçambique (CRM 2004), no capítulo V referente aos


direitos sociais garante, no artigo 89, a todo cidadão o direito a saúde.

Para a nossa a reflexão, julgamos ser relevante fazer referencia a classificação tripartida do
direito da saúde, posto que a nossa abordagem irá incidir numa delas, o acesso aos serviços de
saúde. Com base nesta classificação direito da saúde divide-se em três partes, nomeadamente:

 Direito da Saúde Pública que regula a intervenção do Estado na protecção e promoção


da saúde pública;

 Direito da Medicina que regula a relação médica paciente e por último;

 Direito das Prestações de Saúde que regula o acesso do cidadão às prestações de


saúde.

8.1. Direito à Saúde

O Direito à saúde é parte de um conjunto de direitos chamados de direitos sociais


considerados como um dos direitos mais difíceis de proteger pois para a sua consecução
implica acções efectivas e proactivas dos Estados para a realização do direito. Os direitos
sociais foram instituídos para que as condições razoáveis de vida em sociedade pudessem ser
gozadas por todos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a saúde “é um estado de completo bem-


estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade.”
O direito à saúde engloba o conjunto de normas jurídicas que estabelecem os direitos e
obrigações do Estado, colectividades e que regulam as relações entre o Estado e as
colectividades .

O direito à saúde, nos termos do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e
Culturais (PIDESC), consiste no direito ao tratamento médico e serviços preventivos de saúde
16

para que os cidadãos possam alcançar o mais alto nível de saúde física e mental. Ė ponto
assente, que o direito à saúde deve ser entendido como o direito de beneficiar ou gozar de um
conjunto de facilidades, bens, serviços e condições necessárias para a realização ao mais alto
nível possível de atingir, estando aqui realçado a questão da disponibilidade e acesso aos
serviços de saúde, (Moraes, 2002).

O mesmo acontece com o acesso a medicamentos essenciais que constitui um elemento


fundamental do direito à saúde. O direito à saúde, inclui também o acesso ao tratamento
médico em caso de doença, bem como a prevenção, tratamento e controle de enfermidades
são atributos centrais do direito a desfrutar do mais elevado nível possível de saúde, atributos
que dependem do acesso a medicamentos e da cobertura universal dos serviços de saúde.
Falar de direito à saúde é também referir-se ao acesso e cobertura universal dos serviços de
saúde, em qualidade e quantidade para toda a população.

8.2. O Direito à Saúde e Segurança no Meio Ambiente do Trabalho

O meio ambiente do trabalho engloba tudo que envolve e condiciona, directa e


indirectamente, o local onde o homem obtém os meios necessários para prover a sua
subsistência, devendo ser protegido em função da sua capacidade de causar danos à saúde do
trabalhador, (Moraes, 2002, p.83).

Assim, caracteriza-se o habitat laboral como sendo tudo o que envolve e condiciona, directa e
indirectamente, o local onde o homem obtém os meios para prover o necessário à sua
sobrevivência e desenvolvimento, em equilíbrio com o ecossistema. Portanto, a contrário
sensu, quando este “habitat” revela-se inidóneo para assegurar as condições mínimas a uma
razoável qualidade de vida do trabalhador, ter-se-á uma lesão ao meio ambiente do trabalho.

Conquanto, ainda que paradoxalmente, sobreleve-se a mundial preocupação com a


preservação e recuperação do meio ambiente, numa visão equivocada, a busca pelo lucro
material parece mais intensa nesta era de globalização económica, em que se integram os
mercados e libera-se o comércio internacional. De fato, essa nova ordem mundial vem
impondo profundas mudanças na organização dos processos de trabalho, visando ao aumento
da produtividade e à redução dos custos, em um contexto no qual ganha nova dimensão a
relação entre trabalho e as condições de vida dos trabalhadores. E isso, efectivamente, tem
implicado a degradação do ambiente em que se desenvolvem as actividades laborativas.
17

9. Medidas ou estratégias mitigadoras da Pandemia COVID19 com vista o controle da


propagação da pandemia ao nível nacional

Com vista a mitigar os efeitos da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19) em nosso país
foram decretadas as seguintes medidas ou estratégias:

i. O Presidente da República de Moçambique, decretou a 30 de Março o estado de


emergência, à vigorar em Moçambique de 01 a 30 de Abril do ano em curso e
prolongou-se para todo mês de Maio.
ii. Todos os cidadãos que cheguem a Moçambique provenientes de estrangeiro são
submetidos a quarentena por 48 horas.  Entendem as autoridades moçambicanas que
esta é uma das várias formas encontradas para tentar travar a entrada da pandemia no
país.
iii. O governo decretou o alerta vermelho.
iv. As autoridades moçambicanas, da saúde e da migração estão igualmente a reforçar
medidas de vigilância e o rastreio de cidadãos nacionais e estrangeiros que entrem
para o país através das fronteiras terrestres e pela via aérea provenientes sobretudo da
vizinha África do Sul com vários casos confirmados e a todos suspeitos são
submetidos ao teste.

Ainda mais são divulgadas algumas medidas de prevenção do contágio do Covid-19 que são:

 O isolamento social é a melhor medida que podemos adoptar nesse momento, como
foi supracitado, o vírus possui uma alta taxa de transmissão e grande parte dos
portadores são assintomáticos. Embora a taxa de mortalidade seja relativamente baixa
entre os jovens e jovens adultos (0,2%), a infecção pode ser fatal nas populações de
risco.

 O uso de máscaras somente está indicado para pacientes infectados, sintomáticos,


seus cuidadores e profissionais de saúde, sendo que máscaras que protejam contra
gotículas são eficazes na maioria dos casos, excepto durante procedimentos que
promovam aerossolização. Actualmente não há indicação para o uso de máscaras por
pessoas saudáveis.

 A lavagem constante das mãos com água e sabão e/ou uso do álcool gel/líquido a
70% é uma medida que possui grande eficácia na prevenção contra o coronavírus.
18

10. Estratégia de Saneamento Ambiental e Saúde Ambiental

A transmissão do coronavírus e a velocidade com que a Covid-19 se espalha faz com que as


pessoas se preocupem bastante em relação às boas práticas de higiene e, principalmente, com
a mudança de hábitos — necessária para ajudar a conter a pandemia.

Para conter a transmissão, o Ministério da Saúde recomenda, fortemente, as medidas não


farmacológicas, dentre estas: isolamento de sintomático por até 14 dias; equipamento de
protecção individual (EPI) para doentes e profissionais da saúde; lavar bem as mãos; uso de
toalhas descartáveis; ampliação na frequência de limpeza de piso, corrimão, maçaneta e
banheiros; restrição de contacto social; evitar aglomeração; redução de fluxo urbano e outras
(MS, 2020). Uma preocupação, então, aparece nesse cenário de possibilidade de transmissão,
se considerarmos as infecções intestinais e a possibilidade de contaminação feco-oral do novo
Coronavírus. Os serviços de saneamento (manejo adequado de resíduos sólidos,
abastecimento de água potável e esgotamento sanitário) são importantes elementos para
minimizar a possibilidade de transmissão.

a Organização Mundial da Saúde indica que locais sem acesso a saneamento básico adequado
precisam de atenção extra, já que tendem a ter mais dificuldade para combater o vírus. É
preciso redobrar os cuidados especialmente naqueles locais que não têm acesso à água tratada
para beber e realizar a higienização pessoal e do ambiente adequadas.

Igualmente, o Ministério da Saúde tem orientado sobre os cuidados básicos que devem ser
tomados para reduzir os riscos de contágio e transmissão de doenças respiratórias agudas,
como a causada pelo novo coronavírus. Essas medidas incluem:

 lavar frequentemente as mãos com água e sabão por, no mínimo, 20 segundos. Em


último caso, quando não tiver acesso à água é sabão, utilize álcool em gel 70%
para higienizar as mãos;
 evitar contacto com os olhos, boca e nariz sem antes lavar as mãos;
 evitar proximidade com pessoas doentes ou com sintomas da doença;
 manter-se em casa para evitar o contágio (tanto ser contaminado quanto
contaminar os outros caso esteja doente sem apresentar sintomas);
 cobrir nariz e boca com o antebraço ou utilizar lenços de papel (descartando-os
adequadamente logo em seguida) quando for tossir ou espirrar;
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 higienizar bem os alimentos adquiridos, principalmente os de hortifrúti, já que eles


podem ter sido tocados por uma pessoa infectada, além das embalagens plásticas;
 manter os ambientes sempre limpos, arejados e desinfectados, além dos objectos e
superfícies que são tocados com frequência.
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Conclusão

O Impacto de Pandemia do Covid-19 em Moçambique até então é negativo uma vez que
apresenta um nível elevado de contágios a nível doméstico e exige que varias medidas
continuem a ser observadas como forma de controlo e contenção da sua propagação.

Com efeito várias são estratégias ou medidas a serem levadas à cabo principalmente pelo
governo com vista a controlar a pandemia num momento em que o país já atingiu uma
centena de pessoas infectadas com resultado positivo e com vários sectores de trabalhos
encerados ou restringidos em cumprimento das medidas dessas medidas.

Por isso, importa salientar que o Covid-19 deve ser visto como um problema não só social
mas também individual e que as medidas de prevenção como a higienização constante das
mãos, o uso da mascara, o distanciamento social, a permanência da pessoa em casa devem ser
tomadas a sério por todos no dia-a-dia.
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Referencia Bibliográfica

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Nascimento. São Paulo: Editora 34.

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Piza, F. J. T. (2000). Indicador de salubridade ambiental. Seminário sobre indicadores de


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(https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Imprensa/Noticias/Aprovada-lei-que-ratifica-
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de Ciências Sociais. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora da FGV.

Rouquayrol, M. Zélia. (1994). Epidemiologia & Saúde. RJ, Medsi Editora Médica e
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WHA – World Health Assembly. (2005). Revision of the International Health Regulations,


WHA; USA.

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