Trabalho Par Preludio e Fuga XXII
Trabalho Par Preludio e Fuga XXII
Trabalho Par Preludio e Fuga XXII
Docente:
JUNHO DE 2020
Prelúdio XXII
O Prelúdio XXII, pertencente ao à coleção de música para cravo solo, Cravo Bem-Temperado,
escrito por Bach, foi composto em processo harmónico, polifónico e melódico. A melodia é
algo que se desenvolve incessantemente, tanto nas vozes mais agudas como nas mais graves, ou
seja, a melodia ocorre nas vozes mais extremas. Naturalmente que a escrita contrapontística é
característica das fugas, no entanto também se pode afirmar que, de certo modo, este prelúdio
apresenta uma textura imitativa, já que acontece, muitas vezes, que as vozes reproduzem o
mesmo ritmo, podendo até as vozes dialogarem entre si como é o caso nos comps.13-15. Quanto
ao acompanhamento, são introduzidas mais notas (processo melódico – com acompanhamento
homofónico) para que estas enfatizem determinados momentos da música, como por exemplo
nos comps.1-3 em movimentos de anacruse para destacar as notas iguais (repetidas).
Processo Harmónico
Processo Polifónico
Processo melódico
É possível identificar dois períodos na peça, através de uma cadência perfeita presente no início
do comp.13, na tonalidade dominante da original, portanto na tonalidade de Fá menor. Inicia-se
o segundo período após esta cadência, que vai perdurar até ao fim do prelúdio.
Mas, por outro lado, estes períodos podem ainda ser subdivididos em secções percetíveis pelos
padrões cadenciais claros em todo o prelúdio. O tema é apresentado nos comp.1-3, findado
através de uma cadência suspensiva (V) no começo do comp. seguinte. Este tema é o material
base a ser trabalhado ao longo da peça. Mas ainda se pode fragmentar mais este segmento
musical em duas partes, a primeira onde o tema cresce em registo e dinâmica (atingindo-se o
clímax do tema na
nota sol) e é utilizada uma nota pedal de tónica. A segunda parte do tema, presente no terceiro
compasso, desfaz este gesto melódico que foi preparado.
Este tema é composto por intervalos de terceiras alcançados por grau conjunto. Depois de
atingida esta terceira intervalar, a nota é repetida três vezes, onde as duas últimas repetições em
colcheias são enfatizadas pelo acompanhamento homofónico. Este movimento ascendente é
anulado por outro descendente através de ornatos inferiores seguidos da repetição da nota três
vezes, novamente ressaltado pelo acompanhamento. Esta anulação atribuí uma final de tema
cheio de expressão.
Todo o prelúdio evolui a partir de dois motivos, o primeiro é trabalhado tanto ascendente como
descendentemente e, por vezes, com o uso da sua inversão. Já o segundo motivo mantém
sempre a sua direção descendente para a suspensão e, consequentemente, a sua resolução.
Relativamente à elaboração, esta desenrola-se a partir do compasso 4 até ao compasso 13, fim
do primeiro período, que cadencia na tonalidade dominante da original, Fá menor.
No que concerne ao segundo período, deve-se mencionar que o primeiro motivo é fortemente
utilizado no começo deste, ainda na tonalidade de Fá menor. Mas, também se pode dizer que
este motivo é, frequentemente, usado em movimento oposto (descendente) em relação ao
primeiro período ao longo do segundo. São também retomadas as figuras rítmicas de
acompanhamento (colcheia seguida de semínima), que também remetem para o início do
prelúdio. Nesta passagem, ainda, se circula pelas tonalidades de Mi b menor, Lá b Maior e Ré b
Maior, para se retornar à tonalidade original no comp.17.
A partir do 3º tempo do comp.15 é retomada a elaboração que já foi apresentada antes,
exatamente, com a mesma estrutura melódica e rítmica. No compasso 22 é apresentada uma
cadência suspensiva na tonalidade relativa Maior (Ré b Maior).
Em anacruse para o comp.23 é retornada à tónica, que logo no 3º tempo se denota com a nota
pedal de tónica, antecedido por um V. O prelúdio no último compasso apresenta duas cadências
perfeitas na tonalidade original, Si b menor, uma no primeiro tempo do compasso e a outra nos
últimos 2 tempos.
Relativamente a repetições, não existem repetições exatas, mas pode-se identificar outras,
transpostas e variadas. Por exemplo, no comp.3, entre as vozes extremas existe repetição de
ritmos. Já no comp.5, as vozes internas movimentam-se com o mesmo ritmo distanciadas por
intervalo de terceira; enquanto as vozes extremas movimentam-se contrariamente, portanto são
repetições variadas. Os comp.8-12, assemelham-se muito entre si a nível de estrutura rítmica,
diferindo somente em termos de intervalos, ou seja, as repetições vão sendo alteradas em
pequenos movimentos de semicolcheias (onde podem surgir ornatos ou gestos de intervalos de
terceiras atingidos por graus conjuntos). Relembra-se que esta elaboração é retomada mais à
frente no 3º tempo do comp. 15, portanto as repetições reiniciam aí. Por exemplo, no 3º tempo
do comp.15, iniciam-se os motivos de terceiras em graus conjuntos (mas agora,
maioritariamente,
ascendentemente) e com as três repetições das colcheias, até ao comp.18. No comp.19, a parte
do soprano é uma repetição transposta por intervalo de sexta do comp.7. A partir do comp.20,
também existem repetições variadas a nível de ritmo e transposta em termos de intervalos.