Desafios para A Prática Da Leitura No Brasil - Correção e Ensino de Redação
Desafios para A Prática Da Leitura No Brasil - Correção e Ensino de Redação
Desafios para A Prática Da Leitura No Brasil - Correção e Ensino de Redação
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema “Desafios para a prática da leitura no Brasil”, apresentando proposta de intervenção
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Imposto sobre livros causa apreensão
Setor livreiro se mobiliza contra proposta do governo federal para que isenção de tributos seja cancelada
O leitor que prepare o bolso: se depender da proposta de reforma tributária feita pelo Ministério da
Economia, o livro vai ficar mais caro no Brasil. Entregue no fim de julho à Câmara dos Deputados, o
Projeto de Lei (PL) 3.887/2020 prevê a substituição de Cofins e PIS pela Contribuição sobre Bens e
Serviços (CBS). Atualmente isentos da cobrança dos impostos, os volumes passariam a pagar uma
alíquota de 12%. O fim do benefício, segundo avaliação do setor, deverá aumentar o preço do livro em
20%, já que incidiria em cascata, atingindo do fabricante do papel ao livreiro. O valor seria repassado
integralmente ao consumidor final.
A proposta do governo causou indignação em toda a cadeia produtiva do livro, incluindo aí os principais
interessados na proposta: os leitores. Um abaixo-assinado virtual (disponível no link bit.ly/32pkCrT) já
ultrapassou 1 milhão de assinaturas contra a medida. Um manifesto chamado “Em Defesa do Livro”,
assinado pelas principais entidades livreiras do país, foi divulgado no início de agosto, também se
posicionando contra a mudança.
A tributação vai se somar a uma sequência de dificuldades que o setor enfrenta. Entre 2007 e 2017,
houve uma queda de 29% nos pontos de venda de livros no Brasil, segundo dados da Confederação
Nacional do Comércio (CNC). Nos últimos anos, as duas maiores redes de livrarias do país, Saraiva e
Cultura, entraram em recuperação judicial e fecharam diversas de suas unidades – incluindo uma da
Saraiva no DiamondMall. “O setor está muito fragilizado. As últimas crises econômicas e a pandemia
dificultaram bastante, várias lojas estão fechadas há mais de 120 dias. Se vier (o imposto), será uma
tragédia”, detalha Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e editor da Sextante, Marcos da
Veiga Pereira, o aumento no preço vai levar a uma redução na compra dos livros, com consequências
trágicas para o mercado. “Não conseguimos uma margem menor do que a de hoje, vamos ter que subir
o preço. É inevitável uma diminuição do consumo, e isso, num contexto de recessão e desemprego
como o atual, vai ser desastroso”, afirma.
Preço
Outra preocupação é que o aumento de 20% no valor médio reforce a percepção de que o livro é caro –
o que, editores garantem, não é verdade. “Desde que conquistamos a isenção de Cofins e PIS, entre
2006 e 2019, o livro teve uma redução média de 35% no seu preço e vem sendo corrigido apenas pela
inflação”, afirma Marcos da Veiga Pereira. Ele cita como exemplo um dos sucessos da Sextante, “O
Código da Vinci”, de Dan Brown. “Em 2004, quando lançamos, o preço era R$ 39,90. Se trouxer só pela
inflação, até 2020, esse valor chegaria próximo a R$ 100, mas ele é vendido com preço de capa de R$
54,90. Esse foi o quão mais acessível o livro ficou desde então”, defende.
A avaliação é a mesma do proprietário da editora Miguilim e da Livraria da Rua, na Savassi, Alexandre
Machado. “Falar que o livro é caro é desprezar o livro. No segmento infantojuvenil, no qual a Miguilim
atua, existe muito zelo para sair tudo perfeito, com detalhes como ilustração, design e qualidade do
papel. O preço não é caro, mas qualquer tributo dificulta bastante”, pondera.
TEXTO II
A prática da leitura ainda não está totalmente presente entre os brasileiros. Uma prova disso são os
dados da pesquisa Retratos da Leitura do Instituto Pró-Livro. De acordo com o levantamento, 44% da
população não lê e 30% nunca comprou um livro. A média de obras lidas por pessoa ao ano é de 4.96.
Desse total, 2.43 foram terminados e 2.53 lidos em partes.
O desempenho no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), prova feita em 70 países com
estudantes entre 15 e 16 anos, também é desanimador. O resultado da última avaliação mostrou que
51% dos estudantes estão abaixo do nível 2 em leitura, que é considerado o patamar básico.
Para compreender este fenômeno, o Edição do Brasil conversou com Luís Antonio Torelli, presidente da
Câmara Brasileira do Livro (CBL). Segundo ele, o Brasil ficou nos últimos lugares do Pisa no quesito
leitura. “A média atual dos estudantes brasileiros é de 407 pontos, muito inferior à dos alunos dos outros
países”.
O hábito da leitura se dá em casa, por meio dos pais ou responsáveis e, em segundo lugar, o professor.
Existe mais um dado que vai reforçar a minha reposta. Cerca de 30% dos nossos professores também
se declaram não leitores. Nós temos famílias e educadores que leem pouco, uma média de 4.96 livros
lidos por pessoa ao ano, o que está muito abaixo do ideal para um país como o nosso.
E também tem uma questão que o próprio sistema de ensino não propicia o hábito da leitura. O livro na
escola é sempre encarado como objeto apenas para fazer uma prova e tirar nota. A relação do
estudante com o livro é ruim. Eles leem não por prazer ou vontade, mas porque o colégio exigiu. E isso é
uma coisa que acompanha o aluno até o vestibular e causa reflexos na vida adulta.
Quais os benefícios do hábito da leitura? Quais problemas a falta dela pode trazer?
A leitura é bastante transformadora. A gente percebe isso desde a mais tenra idade. As crianças que
têm o hábito da leitura e gostam de contar histórias possuem uma outra forma de pensar. A prática
desde cedo traz conhecimentos enriquecedores para a vida adulta.
Hoje estamos vivendo, por exemplo, o problema das fake news e visto verdadeiras barbaridades
compartilhadas pelas redes sociais. As pessoas não têm se interessado em se aprofundarem nos
assuntos, pois não leem. Também temos um enorme contingente de leitores analfabetos, que são
aqueles que sabem ler, mas não conseguem interpretar o conteúdo, acabando por replicar essas
notícias falsas.
Acredito que sem a leitura plena, a educação fica prejudicada. Por exemplo, nos exames do Enem há
uma grande quantidade de respostas erradas por falta de interpretação das questões.