Sistema Romano Germano

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INTRODUÇÃO

O sistema jurídico romano-germânico, que, em oposição ao fenômeno tipicamente inglês da


common law, é denominado pelos britânicos de civil law, formou-se na Europa continental, a partir do
século XIII d.C., e, ainda hoje, conserva essa região como seu principal centro (DAVID, 1972, p. 57).
Decorre dos princípios e regras dos antigos direitos romano e canônico, os quais, associados aos
costumes dos povos germânicos que definitivamente ocuparam a Europa central após o século V d.C.,
formaram um conjunto elaborado de normas jurídicas que estão na base dos ordenamentos dos países
direta ou indiretamente influenciados pelas nações do continente europeu (LIMA, 2013, p. 79-82). Neste
estudo, examinam-se as origens e fundamentos do regime de civil law.

2. CONSTRUÇÃO HISTÓRICA
A história do sistema jurídico romanista se desenvolve em três períodos: um, que se inicia com
o renascimento dos estudos de direito romano nas universidades, por volta dos séculos XII e XIII d. C.;
outro, no qual, durante cerca de cinco séculos, a doutrina tem destaque e chega a exercer grande
influência no conteúdo de diferentes direitos nacionais; e um último, iniciado no século XVIII com a
Escola do Direito Natural, e que persiste até os dias atuais, em que há o predomínio da legislação como
fonte do direito (DAVID, 1972, p. 57).

O Império Romano, fundado por Augusto em 27 a.C., conheceu uma civilização brilhante, cujo
gênio legou ao mundo um sistema jurídico nunca antes visto. As invasões de diversos povos bárbaros,
em especial os germanos, contudo, levaram à queda do Império Romano do Ocidente no século V d.C.
(MELLO; COSTA, 1995, p. 172). [1] Em decorrência, as populações romanizadas e os bárbaros passaram
a viver lado a lado, seguindo, uns e outros, as suas próprias leis. Gradualmente, foi-se verificando a
miscigenação entre os diversos grupos étnicos e, com a feudalidade crescente, voltaram a vigorar os
costumes locais, com perda do valor primitivo conferido à lei (DAVID, 1972, p. 58).

Esse movimento de abstração normativa conduziu a um declínio do direito escrito, que, por sua
vez, levou à decadência da própria ideia de Direito durante a Alta Idade Média (séculos V ao XI d.C.).
Com efeito, muitos dos costumes vigentes no auge do período medieval contavam com a utilização de
ordálios ou “juízos de Deus” (judicium Dei) como critérios para a solução de litígios. Tratava-se de uma
espécie de prova judiciária usada para determinar a culpa ou a inocência do acusado por meio da
participação de elementos da natureza, cujo resultado era interpretado como um juízo divino. [2]

Tal apelo a um processo místico, de resultado aleatório e potencialmente injusto, associado à


inexistência de uma autoridade que garantisse, por meio da força, nas demandas de interesse individual,
a execução dos julgados em favor do vencedor, contribuíram para o descrédito da ideia de Direito,
ocasionando a resolução de conflitos pela lei do mais forte, pela decisão arbitrária de um chefe ou pelo
estímulo à fraternidade e à caridade, estes últimos, ideais profundamente desenvolvidos pela teologia
cristã. É o que esclarece René David:

Para que serve conhecer e precisar as regras do direito quando o sucesso duma parte depende de
meios tais como o juízo de Deus, o juramento das partes ou dos “conjuradores” (compurgação) ou a
prova dos “ordálios”? Para que serve obter um julgamento se nenhuma autoridade, dispondo de força,
está obrigada ou preparada para pôr esta força à disposição do vencedor? Nas trevas da Alta Idade
Média, a sociedade voltou a um estado mais primitivo. Pode existir ainda um direito: a existência de
instituições criadas para afirmar o direito (as rachimburgs francas, as laghman escandinavas, as eôsagari
islandesas, as brehons irlandesas, as withan anglo-saxônicas) e até mesmo o simples fato da redação
de leis bárbaras tende a convencer-nos disso. Mas o reinado do direito cessou. Entre particulares como
entre grupos sociais os litígios são resolvidos pela lei do mais forte ou pela autoridade arbitrária de um
chefe. Mais importante que o direito é sem dúvida a arbitragem, que visa menos a conceder a cada um o
que lhe pertence, segundo a justiça e como o direito exige, do que manter a solidariedade do grupo,
assegurar a coexistência pacífica entre grupos rivais e fazer reinar a paz. O próprio ideal de uma
sociedade fundada no direito é abandonado pela maior parte: uma sociedade cristã não deverá antes
procurar fundar-se sobre as ideias de fraternidade e de caridade? S. Paulo, na sua primeira epístola aos
Coríntios, exalta a caridade em vez da justiça e recomenda aos fiéis que se submetam antes à
arbitragem dos seus pastores ou dos seus irmãos em vez de recorrerem aos tribunais. Santo Agostinho
defende a mesma tese. No século XVI, também um adágio, na Alemanha, diz Juristem, böse Christen
(Juristas, maus cristãos); se se aplica de preferência aos romanistas, o adágio vale para todos os
juristas; o próprio direito é coisa má. (DAVID, 1972, p. 59-60)

O afastamento geral da ideia de Direito não coincide, contudo, com um período de total
inexistência de legislação. No Império Romano do Oriente, e, em certa medida, na Itália, Justiniano
publicou, de 529 a 534 d. C. um conjunto de obras que, no século XVI, veio a ser denominado de Corpus
Iuris Civilis (o Código, o Digesto ou Pandectas, as Novelas e as Institutas). [3] Os dois primeiros são
compilações consolidadas e sistematizadas, respectivamente, das leis e doutrinas romanas, do reinado
de Adriano ao de Justiniano; as Novelas registram as normas editadas por Justiniano e seus sucessores
diretos, ao passo que as Institutas representam um manual de estudos, contendo os princípios do Direito
extraídos do Código e do Digesto, elaborado por uma comissão de juristas nomeada pelo Imperador,
formada por Triboniano, Doroteu e Teófilo, professores das escolas de Constantinopla e de Bento, nos
moldes das Institutas de Gaio, do século II d. C. (MELLO; COSTA, 1995, p. 202). No território do antigo
Império Romano do Ocidente, a partir do século VI, foram redigidas leis bárbaras para a maioria das
tribos germânicas, reunidas, em 1861, na coleção das Monumenta Germaniae Historica. Na França e na
península Ibérica, a Lex Romana Wisigothorum ou Breviário de Alarico, promulgada em 506 d.C. –
compilação de leis romanas em vigor no reino visigodo de Tolosa, durante o reinado de Alarico II (487-
507 d.C.) –, ilustra, igualmente a utilização do direito escrito pelos povos bárbaros que ocuparam o
continente europeu (DAVID, 1972, p. 58).

Por conseguinte, não obstante o valor conferido ao costume e o desapego à noção de Direito
na Europa Ocidental dos séculos V ao XI, fruto da descentralização política inerente à estrutura feudal,
associada ao aumento da influência dos ideais de fraternidade e caridade da Igreja, sobreviveu um corpo
normativo escrito, produzido no limiar da Idade Média, que serviria de base à reformulação de uma teoria
jurídica no alvorecer da Idade Moderna. O renascimento comercial e urbano iniciado no século XI e, de
resto, o inteiro fenômeno do renascimento cultural na Europa, que atingiu seu apogeu dos séculos XIV
ao XVI, marcando o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna, repercutiu no plano jurídico com a
retomada de consciência da necessidade do direito.

Com o ressurgimento das cidades e do comércio, a sociedade constata novamente a


imprescindibilidade do direito, visto como o único instituto capaz de assegurar a ordem e a segurança
que permitem o progresso. Abandona-se o ideal de uma sociedade cristã fundada na caridade e a
própria Igreja distingue a sociedade religiosa dos fiéis da sociedade laica, elaborando um direito privado
canônico. Estabelece-se a distinção entre religião e ordem civil (regras morais e regras de direito) e se
confere ao sistema jurídico uma função própria e autônoma. O retorno à noção romana de que a
sociedade deve ser regida pelo direito é, pois, no século XII, uma revolução: filósofos e juristas passam a
exigir que as relações sociais se baseiem no direito e que se encerre o regime de anarquia e de arbítrio
que reina há séculos na Europa continental (DAVID, 1972, p. 60).

A formação do sistema de direito romano-germânico, pois, está ligada ao renascimento cultural


que se produz nos séculos XII e XIII no Ocidente europeu, que preparou o caminho para o amplo
movimento de retorno aos valores da antiguidade clássica operado nos séculos XIV a XVI. O principal
meio pelo qual as novas ideias se espalharam, favorecendo a retomada do valor conferido ao direito
romano, foi constituído pelos novos focos de cultura criados na Europa, em especial as universidades,
dentre as quais a primeira e mais ilustre foi a Universidade de Bolonha, na Itália (DAVID, 1972, p. 61).

Invenção tipicamente medieval, era na universidade que os homens adquiriam formação


específica nas chamadas “disciplinas maiores”, a saber, direito, teologia e medicina, que tomavam de 6 a
8 anos de estudo, normalmente dos 20 aos 26 anos de idade, após uma formação básica em “artes
liberais”, dos 14 aos 20 anos de idade, composta de duas grandes partes, o trivium (lógica, retórica e
gramática do latim) e o quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). Logo sugiram centros
de excelência nos diferentes campos de conhecimento: Paris, nas áreas de filosofia e teologia, Bolonha,
no direito, Salerno, na medicina e, posteriormente, Montpellier, em direito e medicina (LOPES, 2008, p.
104).

O ensino do direito nas universidades medievais, contudo, não era pautado em regras
positivas, mas em princípios gerais e postulados filosóficos que buscavam expressar os sentidos da
justiça. Tratava-se de realidade imposta, inclusive, por restrições de ordem prática, na medida em que o
direito positivo, na maioria dos países, incluindo a Itália e a França, berço do novo modelo de estudos,
apresentava-se de modo caótico e incerto, ante o predomínio do regime feudal e a inexistência de um
soberano geral e incontestado, em cenário no qual se presenciava intenso conflito entre as ordens
normativas positivas, tais como os direitos reais, feudais, comunais e corporativos (DAVID, 1972, p. 62).

Nesse contexto, objeto de grande admiração era o direito romano, sobre o qual a Igreja havia
edificado o direito canônico. O direito romano encontrava-se disponível na forma das compilações de
Justiniano e seu conteúdo havia sido preservado na língua que a Igreja conservou e divulgou, o latim.
Ademais, era a lex romana a obra de uma civilização brilhante, “que se estendera do  Mediterrâneo até o
Mar do Norte, de Bizâncio à Bretanha, e que evocava no espírito dos contemporâneos, com nostalgia, a
unidade perdida da Cristandade” (DAVID, 1972, p. 63). Em decorrência, e tendo em vista, ainda, o
caráter transnacional das universidades e a incoerência das ordens normativas internas, que
inviabilizavam o estudo do direito positivo, o direito romano e o direito canônico passaram a ser utilizados
como o modelo de sistema jurídico sobre o qual deveriam as faculdades debruçar-se em esforço de
análise e interpretação.

O estudo sistemático dos direitos romano e canônico pelo meio acadêmico culminou na
constituição do denominado jus commune, o direito comum das universidades, ensinado nos diferentes
Estados nacionais, que serviu de base à formação do jurista do continente europeu. Diferentemente dos
juízes e solicitadores da Inglaterra, que aprendiam a profissão a partir de um treinamento eminentemente
prático, o jurista europeu era tipicamente letrado e sua formação, centrada em princípios suprapositivos,
contribuiu para a estabilização da ideia de Direito nas sociedades politicamente divididas do alvorecer da
Idade Moderna. Nesse sentido, José Reinaldo de Lima Lopes afirma que

é o caráter transnacional do ensino jurídico que acrescenta à cristandade uma familiaridade a mais:


o ius commune, o direito comum a todos, que é o direito romano interpretado pelos doutores. Até quando
se formam os Estados Nacionais, o ius commune continua a ter um papel de harmonização, que
desaparecerá finalmente só no século XVIII. A universidade medieval promoveu o surgimento dos
juristas e eles se identificaram com ela. Desde então, exceto na Inglaterra, os juristas serão letrados. Ao
mesmo tempo, foi o estudo universitário do direito que permitiu enfrentar as disputas entre o direito
secular e o canônico, os direitos reais, os direitos feudais, comunais e corporativos. Os juristas medievais
retomam, secularizando-a e formalizando-a, a discussão sobre liberdade, legalidade, equidade,
misericórdia, justiça. (LOPES, 2008, p. 105)

Em 1620, em Upsala, Suécia, inicia-se um processo de valorização dos direitos nacionais pela
comunidade acadêmica, que teve como marco expressivo a instituição, em 1679, na Universidade de
Sorbonne, em Paris, de uma disciplina de direito francês. Mas é somente no século XVIII que se verifica
uma generalização do movimento pela Europa, incluindo-se definitivamente o estudo do direito positivo
nacional pelas universidades de Wittenberg, Alemanha (1707), da Espanha (1741), de Oxford e
Cambridge, no Reino Unido (1800) e de Portugal (1772). A pesquisa e o ensino do direito romano,
contudo, permaneceriam como os elementos mais importantes dos cursos de Direito até o século XX e o
período das grandes codificações, ocupando o direito nacional, em relação a ele, papel claramente
secundário (DAVID, 1972, p. 64).

Durante todo esse período, contudo, a abordagem do direito romano pelas universidades não
foi uniforme, tendo sido várias as escolas que se sucederam, cada uma com preocupações e métodos
próprios (DAVID, 1972, p. 67). Uma primeira escola, a dos glosadores, no século XII, procurou
reencontrar e explicar o sentido das leis romanas (MASSAÚ, 2013, p. 1). [4] Nessa época, alguns textos
das compilações de Justiniano foram abandonados, por se referirem a instituições da Antiguidade que
caíram em desuso. Atingiu seu ápice com a Grande Glosa de Acúrsio, que, retomando o trabalho de
seus predecessores, produziu uma obra que comporta cerca de 96.000 glosas (DAVID, 1972, p. 67). O
movimento subsequente, denominado de escola dos pós-glosadores, no século XIV, é marcado pela
progressiva distorção do direito romano, com sua adaptação às novas necessidades sociais, e pela forte
sistematização do direito, com a definição de ramos inteiramente novos, a exemplo dos direitos
comercial e internacional privado. A esse direito romano amplamente modificado, ministrado nas
universidades europeias nos séculos XIV e XV, deu-se o nome de usus modernus Pandectarum (DAVID,
1972, p. 64). Nos séculos XVII e XVIII, uma nova escola, dita do “direito natural”, triunfa nas
universidades, tendo por preocupação, em lugar de compreender as regras de direito romano, descobrir
e ensinar os princípios de um direito puramente racional (DAVID, 1972, p. 66). Diferenciou-se do trabalho
dos pós-glosadores por abandonar o método escolástico, elevar o estudo do direito a um alto grau a
sistematização e recusar a concepção clássica alicerçada na vontade divina e na natureza das coisas. O
direito passa a ser visto como o resultado puro e simples da vontade humana, com a constatação de
que, se o homem cria o direito, pode também modificá-lo. Nessas circunstâncias, somente a razão pode
servir de guia à construção de um direito justo, pelo que o papel das universidades deveria ser, em
esforço racional, “proclamar as regras de justiça de um direito universal, imutável, comum a todos os
tempos e a todos os povos.” (DAVID, 1972, p. 67) É essa exaltação da razão pela filosofia iluminista,
associada à nova função reconhecida à lei pelas doutrinas voluntaristas que acabou por preparar o
caminho para a via da codificação. [5]

3. FUNDAMENTOS
A doutrina comparatista costuma elencar características próprias dos direitos da família
romano-germânica não verificáveis nos países de common law. Trata-se de institutos ou princípios
estruturais do sistema jurídico justificados por uma formação histórica peculiar, notadamente, a influência
do direito comum das universidades construído sobre a base dos direitos romano e canônico.

Uma primeiro elemento típico do regime de civil law é a divisão sistemática entre direito público
e privado (DAVID, 1972, p. 98). O direito romano é, basicamente, um direito privado, e a instituição do
direito público, na Europa continental, surge apenas tardiamente e de modo deficiente, na medida em
que o problema originário da legitimidade e imparcialidade do juiz, qual órgão do Estado, para decidir
demandas movidas contra a Administração Pública, mostrou-se complexo e de difícil solução. O que hoje
parece uma solução evidente – independência funcional do Poder Judiciário, temperada pela imposição
da supremacia do interesse público sobre o privado, com presunção de legitimidade dos atos
administrativos [6] – revelou-se, no período de formação dos Estados nacionais, desenvolvimento de
intrincada composição, na medida em que governo e sociedade não estavam acostumados a essa
sistemática, pesando, em verdade, severa desconfiança por parte dos particulares acerca da idoneidade
do julgamento de dessa sorte de demandas. Como esclarece René David,

No plano prático, apresentam-se verdadeiras dificuldades. Como organizar jurisdições, estatuindo


em nome do Estado, e que sejam, no entanto, bastante independentes do Estado? A solução de
questões de direito público pela via jurisdicional pressupõe juízes que não se considerem como
funcionários. Por outro lado, como levar a administração a aceitar a competência destas jurisdições e a
executar as decisões por elas pronunciadas? A existência de um direito verdadeiramente público, que
seja o equivalente do direito privado, exige essencialmente uma certa formação psicológica da opinião
pública e dos administradores: em uns e outros, uma estrita concepção da “razão do Estado” e o
sentimento de que o interesse público bem concebido exige a execução das decisões emanadas dos
tribunais em matéria de direito público, mesmo quando resultem para a administração dificuldades
imediatas ou certo prejuízo. (DAVID, 1972, p. 99)

O fato é que, tanto pela relativa novidade da matéria quanto pela sensibilidade política em torno
do tema, o direito público atingiu, nos países de tradição romano-germânica, um grau de
desenvolvimento e perfeição bastante inferior ao do direito privado. A divisão básica entre direito público
e privado no sistema de civil law, além de se justificar pela discrepância dos períodos de surgimento das
respectivas regras de fundo, acompanhou as reais dificuldades da ciência do Direito em formular teorias
e arranjos estruturais que viabilizassem a execução prática de normas limitativas do poder público. Nos
países de common law, inexiste essa diferenciação: construído eminentemente sobre considerações de
processo e, ao menos originalmente, desvinculado do vasto arcabouço privatista do direito romano, todo
o direito anglo-saxônico é tido como direito público. E, talvez pela ausência de uma formação científica
para os juristas de common law, não houve sistematização das soluções judiciais para as demandas
entre particulares ao ponto de se cristalizar uma divisão categórica entre os ramos de direito público e
privado. De seu turno, o direito romano-germânico desconhece a divisão entre common law e equity,
soando até mesmo absurda para um jurista de civil law, formado por universidades que operavam longas
considerações de ordem jusnaturalista, a concepção um direito que, em si mesmo, não seja equitativo.

Outro caractere fundamental do sistema romano-germânico é a comunhão, pelos países dele


integrantes, de determinados ramos do direito desconhecidos do regime de common law, a exemplo do
direito das obrigações. Originário do direito romano, o regramento das obrigações teve sua perfeição
técnica altamente desenvolvida ao longo dos séculos em que foi objeto de reflexão e aprimoramento nas
universidades europeias, encontrando-se presente em todos os direitos da família de civil law. Apesar
disso, o próprio conceito de obrigação, elementar nos países de tradição romanista, inexiste no direito
anglo-saxônico, sendo a própria palavra intraduzível para o inglês jurídico (DAVID, 1972, p. 104). No
âmbito do direito público, outrossim, não obstante a existência de certas distinções pontuais, há uma
identidade sistemática dos princípios basilares nos diferentes ordenamentos, a qual também se explica
pelo intercâmbio de ideias propiciado pelo meio acadêmico. Com efeito, “a ciência jurídica nada mais fez,
por vezes, que dar executoriedade, no plano do direito, às ideias e tendências que inicialmente se
manifestaram em outro plano, filosófico ou político”, pelo que a influência de obras como as de
Montesquieu e Rousseau, no direito constitucional, e Beccaria, no direito criminal, é considerável e nítida
nos países do raio de alcance do civil law (DAVID, 1972, p. 105).

O papel da doutrina na elaboração da regra de direito é outra característica marcante do


sistema romanista. Nos países de tradição romano-germânica, o direito está longe de ser o resultado
exclusivo de uma reflexão teórica, estabelecida a priori, na busca de uma construção perfeitamente
lógica. Há uma supletividade expressiva do ordenamento pelo trabalho da jurisprudência, não se
podendo dela olvidar quando o objetivo seja a busca pela norma aplicável a determinada situação
concreta. Ocorre que a doutrina, em todos os países do civil law, não se contenta com a tarefa de
sistematizar o direito legislativo e jurisprudencial, mas se considera investida da função de “formular,
acima dessa massa que progressivamente se forma ao acaso dos acontecimentos e sob pressão da
urgência, sem princípios diretores bem definidos, as regras de direito que futuramente inspirarão os
juízes e os práticos.” (DAVID, 1972, p. 112) Isto é: o jurista de civil law considera-se apto a, em trabalho
de sistematização, elaborar proposições normativas, situando a regra de direito na posição intermediária
que figura abaixo da lei e acima da decisão judicial, na busca incessante pelo grau ideal de generalidade
da norma. Trata-se de tarefa árdua, mas de importância fulcral no sistema romanista. Em verdade,

A regra de direito decanta e purifica a prática, rejeitando os elementos discordantes ou supérfluos.


Simplifica o conhecimento do direito, reduzindo a massa dos elementos que devem ser tomados em
consideração. Confere um sentido a estes elementos, mostrando como concorrem para assegurar uma
melhor justiça social e uma ordem econômica ou moral mais segura. Permite à opinião pública, ao
legislador, intervir mais eficazmente no sentido de corrigir certos comportamentos ou mesmo orientar a
sociedade em direção a determinados fins. Esta função atribuída ao direito conforma-se plenamente com
a tradição, segundo a qual o direito tem de ser concebido como um modelo de organização social. O
caráter ordenador e político, e não estritamente contencioso do direito, encontra-se confirmado e
reforçado na época atual, em que se espera que o direito contribua para criar uma sociedade muito
diferente da do passado. A concepção da regra de direito admitida na família romano-germânica é a
base fundamental da codificação, tal como se concebe na Europa continental. (DAVID, 1972, p. 113)

A interpretação do direito é outro traço distintivo do sistema romano-germânico. Tendo em vista


o nível de generalidade das proposições jurídico-normativas, o raciocínio do jurista de civil law é todo
pautado em uma tarefa de interpretação das fórmulas legislativas, diversamente do que ocorre
no common law, onde a técnica jurídica se caracteriza pelo método das distinções. Enquanto no sistema
saxônico a regra de direito ideal é a mais específica possível, na tradição romanista espera-se que o
preceito normativo deixe certa margem de liberdade para a atuação do magistrado, sendo a função da lei
unicamente “estabelecer quadros para o direito e fornecer ao juiz diretivas” (DAVID, 1972, p. 115), na
medida em que é impossível ao legislador prever, na sua variedade, todos os problemas concretos que
se apresentarão na prática. Há, pois, “regras de direito secundárias” (doutrina e jurisprudência) ao lado
de “regras primárias” (leis ou atos normativos do Poder Executivo). A diferença básica entre os regimes
de civil law e de common law, neste ponto, é que as regras de direito secundárias nos países de origem
romano-germânica ostentam maior generalidade que as normas de direito jurisprudencial anglo-saxônico
(DAVID, 1972, p. 117).

3.1 A TENDÊNCIA À CODIFICAÇÃO E O PRIMADO DA LEI


Em todos os países que adotam o civil law, há uma prevalência explícita do direito escrito e
legislado em detrimento das demais fontes do direito. Doutrina, jurisprudência e costume gozam,
nitidamente, de um statusnormativo inferior, sendo utilizados exclusivamente como fonte supletiva, no
caso de a legislação não solucionar a contento determinada questão (LIMA, 2013, p. 82). As leis,
ademais, são estruturadas segundo um padrão hierárquico, no topo do qual figura a Constituição, e sob
cujos preceitos são editados uma série de outros atos normativos de hierarquias diferentes (lei
complementar, lei ordinária, decretos, portarias, ordens de serviço, etc.).

No século XIX, o triunfo dos ideais positivistas desencadeou um movimento de codificação nos
países da família romano-germânica. [7] Influência decisiva nesse processo exerceu a França, com a
publicação, em 1804, do Código de Napoleão, o Código Civil Francês, e, posteriormente, mais quatro
códigos napoleônicos (Código Penal, Código de Processo Penal, Código de Processo Civil e Código
Comercial). Nos diversos Estados do civil law, encontram-se os mesmos cinco códigos de base, sendo
exceção, na Europa, os países nórdicos, que optaram por promulgar, cada um deles, um único Código,
voltado a abarcar todo o direito nacional – caso da Dinamarca, em 1683, Noruega, em 1687, e Suécia e
Finlândia, em 1734. Idêntica disposição demonstrou a Prússia, como o Allgemeines Landrecht, de 1794
e a Rússia, com o Svod Zakonov, de 1832 (DAVID, 1972, p. 128-129).

3.2 O PAPEL DA JURISPRUDÊNCIA E DO PRECEDENTE


Há, pois, no sistema romano-germânico, uma disposição judicial inteiramente diversa da que
existe nos países em que vigora a common law. O juiz do civil law, tradicionalmente, sente-se
necessariamente subordinado ao conteúdo da lei, e a solução dos litígios dá-se pela técnica
interpretativa e não pelo retorno às decisões judiciais pretéritas, submetidas ao método das distinções.
Diferentemente do que ocorre no regime anglo-saxônico, em que, historicamente, coube aos juízes
construir literalmente o conteúdo das regras de direito, nos países de tradição romanista, há um respeito
cerimonial do magistrado às proposições normativas, porquanto elaboradas cuidadosamente pelo
legislador e sistematizadas de forma racional e lógica pela dogmática jurídica, no decorrer de séculos de
ciência do Direito.

Não significa isso dizer, contudo, que a jurisprudência não seja importante fonte do direito nos
países de civil law: como já referido, há, também nesses países, uma consciência geral da incapacidade
do legislador de antever todos os fatos passíveis de submissão ao crivo do Judiciário, diante do que, não
raro, a própria lei autoriza o recurso, nas decisões judiciais, à analogia, aos costumes e aos princípios
gerais do direito. É o caso, por exemplo, do art. 4º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
segundo o qual “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.” (BRASIL, 1942, p. 1). Por analogia pode-se compreender, por óbvio, as
decisões judiciais já proferidas para casos semelhantes, pelo que a jurisprudência é, inegavelmente,
recurso fundamental para o suplemento da ordem jurídica.

Verifica-se, porém, por tudo quanto já exposto, uma cultura geral na qual o magistrado abstém-
se o quanto possível de, declaradamente, criar o direito. Chega-se ao ponto de mascarar a atividade
normativa por uma suposta interpretação do direito, notadamente, quando do manejo de conceitos
jurídicos abertos ou indeterminados. O direito jurisprudencial, pois, nos países de civil law, é
reconhecidamente fraco quando em comparação com a lei; é frágil e suscetível de modificação a todo
tempo, vez que, em regra, não obriga ou compele senão às partes do litígio, não vinculado o órgão
jurisdicional que emanou o julgado, nem as jurisdições a ele inferiores, e, muito menos, particulares não
integrantes da relação processual originária; é, precisamente, o oposto do precedente de common law,
ostentando, em regra, eficácia meramente persuasiva.

Nesse contexto, evidente que a hodierna rejeição à regra do precedente vinculante ou stare
decisis pelo regime de civil law não é fruto do acaso. É o resultado da opção histórica dos países do
continente europeu pela adoção do modelo pré-fabricado do direito romano, em oposição à estratégia
tipicamente inglesa de outorgar aos magistrados o poder de, a partir do caso concreto, construir um
direito de base jurisprudencial. A regra do stare decisis é contrária à original tradição romanista
exatamente porque não há, nos países de civil law, a necessidade verificada nos regimes anglo-
saxônicos de conter o arbítrio do julgador, que, em sede de common law, é livre para ditar o direito
segundo o que lhe pareça a justiça no caso concreto, vez que a lei, ali, somente possui eficácia na
medida em que reconhecida pelo precedente. A partir da segunda metade do século XX, porém, esse
quadro passou a apresentar forte tendência de mudança.

4. APROXIMAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS DE COMMON


LAW E DE CIVIL LAW
A noção de aproximação entre os sistemas jurídicos anglo-saxônico e romano-germânico tem
sido objeto recorrente de abordagem pela doutrina nacional e internacional. Luiz Guilherme Marinoni
(2009, p. 39) afirma que, com o desenvolvimento do constitucionalismo, “o juiz do civil law passou a
exercer papel que, em um só tempo, é inconcebível diante dos princípios clássicos do civil law e tão
criativo quanto o do seu colega do common law.” René David (1972, p. 352), por sua vez, discorre
acerca de “um movimento de aproximação entre o direito inglês e o direito do continente europeu”, o qual
é estimulado pelas necessidades do comércio internacional e favorecido por uma mais nítida consciência
das afinidades que existem entre os países europeus ligados a certos valores da civilização ocidental.

Jaime Domingues Brito e Flávio Luís de Oliveira (2013, p. 1), de seu turno, após estudo
minucioso do papel do precedente nos países de origem anglo-saxônica, declaram que “Não há dúvida
de que o sistema jurídico brasileiro tem-se aproximado do sistema da common law que vigora na
Inglaterra e nos Estados Unidos da América”, referindo a um gradativo Processo de vinculação da
jurisprudência, iniciado já pelo Código de Processo Civil de 1939, “que, em seu artigo 861, trazia
disposição expressa de que o Tribunal poderia promover o pronunciamento prévio sobre a interpretação
de qualquer norma jurídica.”

Corroborando a ideia de aproximação entre os sistemas, Roberta Calvano, citada por Brito e
Oliveira (2013, p. 1), ao tratar da ordem jurídica italiana após o surgimento da Lei Fundamental de 1947,
declara que o stare decisis, antes tido como especificidade do sistema inglês, atualmente é encontrado,
em seus traços gerais, como prática difundida em todo o continente europeu.

Osvaldo Agripino de Castro Júnior (2013, p. 1), a seu tempo, relata que, com a globalização da
economia, a criação de blocos econômicos, o comércio entre os vários povos, o aumento das
comunicações entre os Estados e a necessidade de maior segurança jurídica entre os vários sistemas
jurídicos, “verifica-se um processo de aproximação gradual, ou melhor, fusão dos dois maiores sistemas
jurídicos do mundo ocidental,” a saber, o common law,  também denominado de direito anglo-saxônico ou
inglês, e o civil law,  de origem romano-germânica ou continental.

Pedro Paulo Guerra de Medeiros (2013, p. 1), discorrendo acerca do fortalecimento do


precedente no sistema jurídico brasileiro, afirma que se verifica atualmente “nítida tendência de
objetivação das decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal em controvérsias que chegaram à
Corte pela via concreta, difusa, independentemente da falta de expressa positivação no direito positivo
nesse sentido.” O autor refere, ainda, ao enfoque que a moderna teoria constitucional tem dado à
atividade a ser desempenhada pelo Supremo Tribunal Federal, priorizando o papel de Corte
Constitucional ao de órgão de cúpula do Poder Judiciário. Acerca da efetiva convergência entre os
sistemas na experiência brasileira, declara que:

A pureza teórica da common law, em sua perspectiva originária, tem sido mitigada na atualidade.
Apesar de não se cogitar da supressão do precedente, passou-se a concebê-lo apenas como o ponto
inicial da solução da lide. Espancou-se definitivamente a inexorabilidade do leading case. [...] O Brasil se
encontra hoje em uma estranha posição relativamente à sua filiação jurídica. Nos livros de doutrina ele
pertence , como dito, ao tronco da civil law. Entretanto, no plano normativo essa petição de princípio é
desmentida. De fato, ao lado de incontestável predomínio da regra escrita existe a supremacia da
vinculação a uma decisão tomada por um tribunal mais alto. É o que ocorre com as decisão prolatada na
denominada Ação Declaratória de Constitucionalidade. (MEDEIROS, 2013, p. 1) 

Outrossim, Beatriz Medina Maia Novaes de Castro (2010, p. 29), em interessante dissertação
de mestrado oferecida à Universidade Estadual do Rio de Janeiro, alude a uma aproximação entre os
sistemas da common law e da civil law, ao declarar que “a jurisprudência tem ampliado seu papel nos
países da família romano-germânica, apresentando-se, em cada país, de forma mais ou menos forte.”
Aduz, ademais, que a autoridade da jurisprudência é reforçada nos países que possuem codificação
antiga, uma vez que as a legislação se mostra, em muitos casos, insuficiente, já que deixa de refletir a
realidade social da época, dando azo a que as decisões reiteradas dos tribunais ganhem relevo,
passando a ser o socorro imediato para a solução de determinado caso concreto (CASTRO, 2010, p.
29).

Guilherme Levien Grillo (2013, p. 1) afirma que há, de fato, uma “aproximação do direito
continental ao direito anglo-saxão”, pelo que se faz necessário compreender o funcionamento deste,
além de confrontá-lo com a posição contemporânea da hermenêutica. Nesse sentido, declara que,
também “dentro do sistema da common law, a cega observância dos precedentes, sem qualquer
atividade de interpretação, é radicada no interior de uma concepção ultra-positivista”, pelo que se faria
necessário o desenvolvimento de uma hermenêutica dos precedentes (GRILLO, 2013, p. 1).

Dário Moura Vicente (2013, p. 1), professor catedrático da Universidade de Lisboa, comunga do
entendimento de que a moderna experiência jurídica brasileira vivencia uma espécie de fusão entre os
sistemas inglês e continental ao afirmar que “a convergência entre os sistemas jurídicos em exame [i.e.,
os da common law  e da  civil law] deu-se também, posto que de forma mais mitigada, no Brasil, onde se
manifestou sobretudo no Direito Constitucional.” Entende o doutrinador, contudo, que a influência do
direito anglo-saxão remonta a um período anterior ao das recentes reformas legislativas. Com efeito,
leciona o eminente jurista:

A Constituição brasileira de 1891 consagrou o modelo constitucional norte-americano, reconhecível,


designadamente, no modelo federal do Estado, então adotado, no acolhimento do sistema de governo
presidencialista e no papel atribuído ao poder judiciário, que passou a ter no seu vértice um Supremo
Tribunal Federal dotado de poderes de fiscalização da constitucionalidade das leis. Este esquema
constitucional passou, bem que atenuado, para as constituições brasileiras posteriores. Mas a influência
norte-americana não se cingiu à conformação dos poderes constituídos: à época da referida
Constituição, o Common Law e a Equity valiam como Direito subsidiário nos casos submetidos aos
tribunais federais brasileiros. (VICENTE, 2013, p. 1)

Felipe Quintella Machado de Carvalho (2009, p. 1), na mesma linha, sustenta vivenciar-se
“tempos de forte aproximação entre os dois grandes sistemas jurídicos ocidentais – os já referidos
sistemas de common law, ou anglo-saxão, e de civil law, ou romano-germânico”, pelo que reputa de
interesse à doutrina brasileira proceder a um estudo das fontes formais do Direito nos Estados Unidos,
onde, segundo afirma, a teoria das fontes foi bem desenvolvida desde a independência do país em 1776.

O eminente professor José Miguel Garcia Medina (2013, p. 1) também compartilha o


entendimento de que, nos dias atuais, há “uma aproximação do papel do juiz (especialmente dos
ministros do STF), do sistema brasileiro, com tradição romano-germânica, ao sistema de common law,
no qual os juízes têm papel de judge-make-law.” Como causas prováveis do movimento, o autor aponta
o crescimento da judicialização dos conflitos, que exigiu do Judiciário maior esforço interpretativo para
pacificação social, e a evolução do constitucionalismo e dos direitos humanos, que impuseram
a adoção de conceitos jurídicos abertos e indeterminados nas diferentes ordens nacionais. In verbis:

Na perspectiva das mudanças pelas quais o Direito passou nas últimas décadas, com a Revolução
dos Direitos Humanos ocorrida no pós-guerra, adoção de constituições democráticas com declarações
de direitos fundamentais, a assunção dos direitos humanos e fundamentais com status de supremacia no
âmbito político e jurídico das sociedades contemporâneas, percebe-se um crescimento da atividade das
supremas cortes e cortes constitucionais em diversos Estados, tanto aqueles com tradição no civil law
quanto aqueles com tradição no common law. Esse aumento de atividades assumidas pelo Poder
Judiciário e cortes constitucionais se dá não só do ponto de vista quantitativo, de aumento dos casos e
da demanda da sociedade em relação ao Judiciário, mas também sob o ponto de vista qualitativo,
passando os tribunais a terem de enfrentar diversos assuntos que envolvem questões políticas, morais,
econômicas, de relevante importância para a comunidade. Aliado ao movimento da judicialização da
política, tem-se que o caráter aberto das normas de direitos humanos e fundamentais acaba conferindo
aos juízes o poder de instituir os valores de moralidade política que irão dar significados a esses direitos,
muitas vezes em detrimento de uma deliberação política por parte do Parlamento. (MEDINA, 2013, p. 1)

Paulo César Busato (2013, p. 1), ao discorrer sobre as fragilidades de ambos os sistemas,
afirma que os dois últimos séculos “demonstraram a necessidade de reciclagem do sistema do common
law” e que “as perspectivas sociais e econômicas do futuro apontam para exigências ainda mais intensas
no que tange à prestação jurisdicional e à necessidade da uniformização de decisões”. Declara, ainda,
que nessas circunstâncias, “o sistema inglês deverá também forçosamente migrar em direção de uma
aproximação com o civil law.” (BUSATO, 2013, p. 1)
5. CONCLUSÃO
O Império Romano, fundado por Augusto em 27 a.C., conheceu uma civilização brilhante, cujo
gênio legou ao mundo um sistema jurídico nunca antes visto. As invasões de diversos povos bárbaros,
em especial os germanos, contudo, levaram à queda do Império Romano do Ocidente no século V d.C.
Gradualmente, foi-se verificando a miscigenação entre os diversos grupos étnicos e, com a feudalidade
crescente, voltaram a vigorar os costumes locais, com perda do valor primitivo conferido à lei.

Durante a Alta Idade Média (séculos V ao XI d.C.), verificou-se significativo declínio do direito
escrito, que, por sua vez, levou à decadência da própria ideia de Direito, época em que muitos dos
costumes vigentes contavam com a utilização de ordálios ou “juízos de Deus” (judicium Dei) como
critérios para a solução de litígios.

Com o ressurgimento das cidades e do comércio, a sociedade constata novamente a


imprescindibilidade do direito, visto como o único instituto capaz de assegurar a ordem e a segurança
que permitem o progresso. A formação do sistema jurídico romano-germânico, pois, está ligada ao
renascimento cultural que se produz nos séculos XII e XIII no Ocidente europeu, que preparou o caminho
para o amplo movimento de retorno aos valores da antiguidade clássica operado nos séculos XIV a XVI.
O principal meio pelo qual as novas ideias se espalharam, favorecendo a retomada do valor conferido ao
direito romano, foi constituído pelos novos focos de cultura criados na Europa, em especial as
universidades.

São características típicas do sistema de civil law ou romano-germânico: a) a divisão


sistemática entre direito público e privado; b) a comunhão, pelos países dele integrantes, de
determinados ramos do direito desconhecidos do regime de common law, a exemplo do direito das
obrigações; c) o papel da doutrina na elaboração da regra de direito, com reflexão teórica, estabelecida a
priori, na busca de uma construção perfeitamente lógica da proposição normativa; d) a tendência à
codificação e o primado da lei; e) a interpretação do direito, voltada à exegese, por vezes meramente
artificial, das fórmulas legislativas, em oposição à atividade francamente criativa da jurisdição nos
sistemas de origem saxônica; f) o caráter secundário da jurisprudência como fonte do Direito.

A partir do século XX, verifica-se um movimento de recíproca aproximação entre os sistemas


jurídicos anglo-saxônico e romano-germânico, atribuído pela doutrina, sobretudo, às necessidades do
comércio internacional, que estimulou uma nítida consciência das afinidades que existem entre os países
europeus ligados a certos valores da civilização ocidental, e ao desenvolvimento do constitucionalismo
no período posterior à Segunda Guerra Mundial, com o reconhecimento da supremacia da Constituição e
da força normativa dos princípios constitucionais, que conferiu ao juiz do civil law poderes cada vez mais
assemelhados aos historicamente outorgados aos magistrados de common law.
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Resumo: Para se adquirir uma real compreensão do sistema jurídico do Brasil ou, até mesmo,
da concepção da “commolização do direito brasileiro”, é necessário analisar a origem e as estruturas
jurídicas da sociedade. Com isso, será possível compreender toda a evolução do sistema brasileiro. Para
tanto, será trazida a sua formação, demonstrando as suas peculiaridades e retratando as duas principais
famílias, que receberam ingerências do direito romano que são civil law e common law, sendo de fato os
dois essenciais modelo jurídicos reais, com todos aspectos históricos. Importa destacar que os dois
sistemas sofreram influições do direito romano em sua estruturação, mais reagiram cada um desses
sistemas de formas distintas, portanto o ordenamento jurídico vigente, faz uma junção de ambos os
sistemas, mais tendendo para civil law não esquecendo da “tradição” do common law. Entretanto, este
enredo histórico é imprescindível para nos buscarmos o entendimento da metamorfose que está
ocorrendo dentro do ordenamento jurídico brasileiro. [1]

Palavras-chave: Civil Law. Common Law. Sistema Brasileiro.

Abstract: In order to acquire a real understanding of Brazil's legal system, or even the
conception of "commolization of Brazilian law", it is necessary to analyze the origin and legal structures of
society. With this, it will be possible to understand all the evolution of the Brazilian system. In order to do
so, it will be brought to its formation, demonstrating its peculiarities and portraying the two main families,
who received interferences of the Roman law that are civil law and common law, being in fact the two
essential legal model real, with all historical aspects. It is important to emphasize that both systems were
influenced by Roman law in their structuring, but each of these systems reacted in different ways, so the
current legal system makes a combination of both systems, more tending to civil law, not forgetting the
"tradition" Common law. However, this historical plot is essential for us to seek the understanding of the
metamorphosis that is taking place within the Brazilian legal system.

Keywords: Civil Law. Common Law. Brazilian System.

1 INTRODUÇÃO

A sociedade é formada por uma grande metamorfose, a qual demonstrou diversos progressos
e aprendizagens de forma significantes para os desenvolvimentos dos homens. Com isso, Direito vem
sempre acompanhado a sociedade como uma sombra, ou seja, como obscuridade produzida pela
interceptação dos raios luminosos por um corpo opaco. Assim, tornam-se os fatos que a sociedade
produz como se fosse um corpo e o sol como se fosse a Carta Magna, portanto, os conflitos entre
matérias e luzes surgem às sombras, o qual figura-se o direito.

De fato o sistema jurídico romano-germânico, que, em divergência ao evento singular inglês da


common law, é conhecido pelos britânicos de civil law, surgiu-se na Europa continental, no inicio do
século XIII d.C., e até no atual momento, preserva essa região como ponto crucial para o seu surgimento
(DAVID, 1972, p. 57). Provém das concepções do arcaico direito romano e canônico, os quais,
relacionados às praxes da sociedade germânicas que determinadamente dominam a Europa Central
depois do século V d.C., surgir um conjunto composto de diretriz jurídicas que estão na estrutura dos
ordenamentos dos países direta ou indiretamente influídos pelas concepções do continente europeu
(LIMA, 2013, p. 79-82). Neste sentido, analisaremos os exórdios e parâmetros do civil law e common
law.

2 COMMON LAW: OS COSTUMES NA TRADIÇÃO JUDICIÁRIA

Com a conquista normanda (1066), surge Guilherme o Conquistador objetivando sentar no


trono Inglês, no lugar do rei Eduardo, não pelo fato da vitória, mas em virtude do poder que conquista
sobre a cidade de Normandia, assim, Guilherme proclama o direito anglo-saxônico. Portanto, com essa
manobra politica ocorreu no berço da Inglaterra. Guilherme trás com sigo todas as suas concepções
jurídicas, por isso que deu direito aos juristas e juízes ingleses invocarem as leis da época anglo-
saxônica. Como leciona David:

“267. A conquista normanda (1066). A conquista normanda, em si, não vai modificar este
estado de coisas. Guilherme, o Conquistador, mal cognominado, pretende reinar na Inglaterra como
sucessor do rei Eduardo, o Confessor, e não pelo direito da conquista. Ele proclama expressamente que
o direito anglo-saxônico se mantém em vigor e ver-se-ão, até os nossos dias, juristas e juízes ingleses
invocarem, quando as circunstâncias o exigem, e mesmo aplicarem esta ou aquela lei da época anglo-
saxônica” (DAVID, 2002, p. 352).

Importa destacar que esse acontecimento refletiu diretamente no direito inglês em forças e
centralização do poder, ou seja, a era tribal chegou ao fim na Inglaterra e surge o feudalismo, onde os
senhores normandos que apoiavam Guilherme em suas conquistas, ganharam suas propriedades e se
alojaram em volta de seu soberano objetivando unificar o poder, assim ocorria muita divergência de
cultura e língua local. (DAVID, 2002, p, 353). Para proteger Guilherme, um grande exército acampa na
Inglaterra, tendo em vista a segurança e organização da sociedade. “Este caráter militar, organizado do
feudalismo inglês é um dos elementos que vai permitir, por oposição ao continente europeu, o
desenvolvimento da common law”.

Pelo fato que em 1086, do Domesday, pelas documentações relatas surgiram cerca de 15.000
dimínio (manors) e os 200.000 lares na Inglaterra. Assim, ocorreu um desenvolvimento econômico muito
grande dentro da Inglaterra, o que mudou na sua estrutura econômica e cultural, a qual passou de tribo
para era feudal, por estes fatores extingue-se a era tribal e surge a era feudal na Inglaterra, diante disso
ocorreram muitos conflitos em virtude dos ingleses não aceitarem o que era novo, com isso, Guilherme
sempre teve que se resguardou contra atribulação que simbolizava os vassalos, tendo em vista de ser
muito poderosos na região. Diante o exposto, esta foi a justificativa por Guilherme ter criado um grande
centurião em sua volta para melhor administrar o seu novo governo, e implantar todo o seu sistema de
governos. Assim, foi plantado o sistema common law como desdobraremos a seguir. (DAVID, 2002, p,
353).
Segundo Marinoni, o sistema common law advém de uma vasta codificação, tendo em vista
quando havia um julgamento, era analisado as suas semelhanças com outros litígios que ocorria dentro
da sociedade. Com isso, era relatado e reduzido a termo, ou seja, formava-se um precedente. Portanto,
a diferença do civil law para common law não é a codificação, mas sim a importância que se dá para as
leis e códigos em cada um deles. (MARINONI, 2009, p. 46-47). Assim, será desdobrado a seguir.

2.1 Definição do Common Law

A definição da common law, conhecida na época por comune ley na gíria normanda (Law
French), assim no século XVII será a língua usada pelos juristas inglesas, mesmo o latim sendo a língua
mais falada no resto da Europa. Assim, a comune ley ou common law é distinto de todos os costumes
locais, sendo o direito compartilhado a toda a Inglaterra. (DAVID, 2002, p, 354).

Igualmente, “o common law não foi sempre como é hoje, mas a sua principal características
sempre esteve presente: casos concretos são considerados fonte do direito”. (WAMBIER, 2009, p. 54).
Importa destacar com este novo sistema que se manifesta na Inglaterra por nome common law, no
decorre do tempo veio tomando a sua forma e se estruturando dentro da sociedade inglesa. Assim, era
necessário distribuir a jurisdição em suas competências:

“As jurisdições eclesiásticas instituídas depois da conquista aplicam o direito canônico comum
a toda a cristandade. A elaboração da comune ley, direito inglês e comum a toda a Inglaterra, será obra
exclusiva dos Tribunais Reais de Justiça, vulgarmente designados pelo nome do lugar onde vão
estabelecer-se a partir do século XIII, Tribunais de Westminster.” (DAVID, 2002, p, 354).

Insta salientar que a competência dos tribunais reais, veio junto com a conquista de normanda,
assim os conflitos era levados ás diferentes jurisdições. Portanto, cada tribunal era formado por uma
competência, enseja que fato litigioso dentro da sociedade era distribuído a determinada jurisdição que
acabamos de citar acima. Com isso, o rei exercia apenas a “alta justiça”, ou seja, tomava conhecimento
dos litígios excepcionais, “se a paz do reino for ameaçada, se as circunstâncias impossibilitarem que a
justiça seja praticada pelos meios normais”. Destaca-se também a Curia regis, que era conhecida com a
corte das grandes causa, era uma jurisdição restrita, ou seja, não era aberta a qualquer um. (DAVID,
2002, p. 359)

Na estrutura interna da Curia regis, no inicio do século XVII, alguns arranjos vão tender para
autonomia, como podemos citar foi o parlamento e as comissões com poderes jurisdicionais, que não
acompanha Guilherme em sua viagens e fixam sua sede em Westminster. Mas, os Tribunais Reais de
Justiça não eram dados competências universais. É evidente que deveria ter prudência com as
influências dos senhores, que objetiva ser chefes nos seus domínio, mais não querendo ser submetido a
um veredito. Embora os Tribunais Reais a sua aplicação será apenas três categorias de causas em que
se retrata natural:” questões relacionadas com as finanças reais, com a propriedade imobiliária e a posse
de imóveis', e graves questões criminais que se relacionem com a paz do reino”. (DAVID, 2002, p. 260).
De fato, o Tribunais Reais de Westminster são dividido em três tribunais – Tribunal de Apelação
(Exchequer),Tribunal de Pleitos Comuns (Common Pleas), Tribunal do Banco do Rei (King´s Bench).
Importa destacar que todos os conflitos judiciais continuavam a ser solucionado fora das competências
reais, pela Hundred ou County Courts, ou seja, pelas jurisdições senhorais e eclesiásticas, e também
alguns conflitos foram resolvidos pelas jurisdições municipais ou comerciais:

“Além das três categorias de casos que acabam de ser mencionados, todos os litígios
continuam a ser resolvidos, fora das jurisdições reais, pelas Hundred ou County Courts, pelas jurisdições
senhoriais e eclesiásticas - sendo também, ulteriormente, resolvidos pelas diversas jurisdições
municipais ou comerciais às quais o privilégio de administrar ajustiça será concedido para certos tipos de
questões; estas jurisdições aplicarão ou os regulamentos municipais ou o direito internacional do
comércio (lex mercatoria ou ley Merchant).” (DAVID, 2002, p. 360)

Enseja que o rei Guilherme se baseou na justiça para estender o seu reino, coiso isso, houve
uma necessidade de implantar os Tribunais Reais em toda área conquistada. O Rei fazia uso de seu
Chanceler para administrar o seu reino, por este fato meramente administrativo era necessário que o
Chanceler e os juízes reais conhecessem um vasto número de questões jurídicas, pelo fato que quanto
mais questões jurídicas eram reconhecidas, mais lucros administrativos judiciais proporcionavam para o
rei. Entretanto, os Tribunais Reais tinha competência para certificar presença das testemunhas e para
aplicar as decisões. Em outro giro, era evidente que o Rei conjunto a Igreja poderia obrigar os seus
súditos a prestar juramentos perante a corte, os Tribunais Reis vendo que esta ação era e grande valia,
utilizou-se do julgamento dos litígios a um júri, onde era apresentada todos os fatos e provas, dando ao
júri competência para jugar as seguintes causas. Por estes fatores que levaram os Tribunais Reais
serem os únicos administradores da justiça da época:

“Foram estas as causas pelas quais, no final da Idade Média, os Tribunais Reais são os únicos
a administrar a justiça. As jurisdições senhoriais tiveram a mesma sorte das Hundred Courts; as
jurisdições municipais ou comerciais já não apreciam senão questões de mínima importância, as
jurisdições eclesiásticas passaram apenas a preceituar sobre litígios respeitantes ao sacramento do
casamento ou à disciplina do clero”. (DAVID, 2002, p. 361)

É patente que os meios dos quais levaram a formação da common law não é por nenhuma
característica história dos Ingleses, mas pelo fato da nova cultura e administração que surgiu na
Inglaterra. Com isso, foi marcada por quatro pontos importantes:

“Em primeiro lugar, levaram os juristas ingleses a concentrar o seu interesse sobre o processo.
Em segundo lugar, elas fixaram numerosas categorias e serviram para elaborar numerosos conceitos do
direito inglês. Em terceiro lugar, levaram à rejeição da distinção entre o direito público e privado.
Finalmente, em quarto lugar, criaram obstáculos a uma recepção, na Inglaterra, das categorias e dos
conceitos do direito romano”. (DAVID, 2002, p. 364)
Destarte, que o regime inglês se perpetuou ao longo do tempo e criou raízes dentro da cultura
inglesa, no qual, até os dias atuais essas concepções tem grande estimar dentro do ordenamento
jurídico inglês. Entretanto, com o passar do tempo este estilo toma sua forma sendo um sistema
jurisprudencial por essência, mas trabalhando de forma positivada. Assim, torna-se respeito em todo o
mundo conhecido como a família common law. (DAVID, 2002, p. 364).

3 CIVIL LAW: A IMPRESCINDIBILIDADE DA LEGISLAÇÃO ESCRITA

Uma das famílias que mais merece destaque dentro do ordenamento forense é a família
romano-germânica. Tendo em vista que família românico-germânica, também conhecida com civil law.
Era é um conjunto de países nos quais as concepções forenses formaram-se sobre os pilares do direito
romano. Enseja que estas regras do direito romano são conhecidas como regra de conduta, onde há
grande preocupação com a justiça e a moral. Por certo a ciência do direito que determinara as regras
principais, passando-se para uma visão antropocêntrica, tendo a ótica da “doutrina” para a formação do
regramento. Portanto, “pouco se interessa pela aplicação do direito que é assunto para os práticos do
direito e da administração”. (DAVID, 2002, p. 23).

Dessa forma, esta família originar-se na Europa, com influencia das universidades europeias,
cuja sua elaboração ocorreu no inicio dos séculos XII e XII, utilizando-se das crestomatias do Imperador
Justiniano, que era uma concepção forense comum a todos, conforme a época. Assim, o epíteto romano-
germânico foi caracterizado para homenagear todos aqueles que trabalharam para a produção desse
novo modelo jurídico, ou seja, nada mais justo do que homenagear as universidades dos países latinos e
dos países germânicos. Importa trazer a baila, que a família do direito romano-germânico ampliou muito
o seu território, onde era aplicada a sua concepção forense, pelo fato que o modelo jurídico era visto
como modernização ou ocidentalização. Com isso, ocorria também fenômeno de incorporação nas
regiões circunvizinhas do domínio romano, as quais aderiam o sistema pela sua eficiência. (DAVID,
2002, p. 24).

No decorre de cinco séculos o sistema romano-germânica será dominado praticamente pela


doutrina, “A doutrina preparará, com a Escola do Direito Natural, o despertar do período seguinte, aquele
em que ainda atualmente nos encontramos - período no qual o sistema será dominado pela legislação”.
(DAVID, 2002, p. 35).

3.1 Formação do Civil Law

Com o renascimento da ideia do direito da família romano-germânica estar ligado diretamente


com o renascimento que surge nos séculos XII e XIII. Diante do fato que o renascimento teve um
aspecto crucial que é o direito, portanto, com criações de cidades e dos comércios, a sociedade toma um
novo paradigma que só o direito poderá ampara-lo e permitir o progresso. Com grande interferência das
concepções iluminista, a qual na manifestação da revolução francesa teve importante papel na evolução
do homem. Onde ocorre a separação entre religião e a moral, vendo que estas raízes são autônomas, ou
seja, tem a sua função própria. Leciona o prof. David que:

“Filósofos e juristas exigem que as relações sociais se baseiem no direito e que se ponha termo
ao regime de anarquia e de arbítrio que reina há séculos. Querem um direito novo fundado sobre a
justiça, que a razão permite conhecer; repudiam, para as relações civis, o apelo ao sobrenatural. O
movimento que se produz nos séculos XII e XIII é tão revolucionário quanto será no século XVIII o
movimento que procurará substituir a regra do poder pessoal pela democracia, ou, no século XX, aquele
que pretenderá substituir a anarquia do regime capitalista pelo remédio da organização social marxista. A
sociedade civil deve ser fundada sobre o direito: o direito deve permitir a realização, na sociedade civil,
da ordem e do progresso. Estas ideias tornam-se as ideias mestras na Europa Ocidental nos séculos XII
e XIII; elas imperarão aí, de modo incontestado, até os nossos dias” (DAVID, 2002, p. 40).

Por isso, com a valorização do homem, ou seja, da ciência que é toda produção humana,
ganha mais força com a Revolução Francesa que ocorreu no século XIX. Assim, como era de comum,
em todas as sociedades da época, ha forma de governo era a monarquia, onde os nobres tinham vastos
privilégios. Embora com essas novas correntes de pensamento que ganharam foco no século XIX, que
restringia as excessivas regalias dos monarcas, o que concretizou para novo modelo jurídico romano-
germânico. Ao passo que chegando ao fim das Revoluções da época, a monarquia absolutista entra em
crise, e a burguesia e o parlamentarismo ganha um grande espaço nesse novo modelo jurídico. Conclui-
se que está nova estrutura jurídica contrariava os magistrados, porquanto restringia também os poderes
dos magistrados, não admitindo interpretação própria, mas sim a sua interpretação estava presa na letra
da lei.

“Havia forte conexão entre a lei escrita e a igualdade, pois passou a entender-se que quando a
lei impera a igualdade é garantida. Ao contrário, quando o que impera é a vontade do homem, a
arbitrariedade é favorecida. Com o passar do tempo, essas condições passaram a sofrer alterações”.
(WAMBIER, 2009, p. 56).

Sobre a codificação, ratificam-se as palavras do professor MARINONI:

“Para a revolução francesa, a lei seria indispensável para a realização da liberdade e da


igualdade. Por este motivo, entendeu-se que a certeza jurídica seria indispensável diante das decisões
jurídicas, uma vez que, caso os juízes pudessem produzir decisões destoantes da lei, os propósitos
revolucionários estariam perdidos ou seriam inalcançáveis. A certeza do direito estaria na
impossibilidade de o juiz interpretar a lei, ou, melhor dizendo, na própria Lei. Lembre-se que, com a
Revolução Francesa, o poder foi transferido ao Parlamento, que não podia confiar no judiciário”.
(MARINONI, 2009, p. 46).
Devido à descontinuação com o antigo regime romano, o novo modelo ideal civil law, satisfaz
diretamente as necessidades da sociedade da época, uma visão contemporânea, onde a necessidade
do povo era prioridade. Dessa forma a lei passou a ser o espirito da justiça, ou seja, representava a
vontade do povo, restringindo qualquer meio de interpretação, obrigando-se o magistrado a ficar restrito
o texto legal. (WAMBIER, 2010, p. 34-38).

3.2 A Codificação na Civil Law

Indubitavelmente que todos os países que abraçaram a civil law, há um predomínio claro do
direito positivado e legislado em desvantagem das demais fontes do direito. Assim, segundo ótica desse
sistema, analisam a doutrina, jurisprudência e o costume, como um status normativo ínfero, ou seja,
permiti a sua utilização quando a legislação pátria não oferece soluções para determinado conflito de
interesses. Somente poderá ser utilizado como fonte supletiva. (LIMA, 2013, p. 82). Salienta-se que a
Constituição estar alocada no topo da ordem hierárquica, com isso, as demais normas seguem na sua
linhagem secundária. Como por exemplo, lei complementar, lei ordinária, decretos, portarias, ordens de
serviços.

Só para ilustrar, no inicio do século XIX, com o grande marco das concepções positivistas
resultou num movimento de codificação nos países da família romano-germânica. Importa destacar, que
o Código de Napoleão e o Código Francês editado e publicado na França foi uma das referencia da
codificação, e logo após mais quatro códigos napoleônicos (Código Penal, Código de Processo Penal,
Código de Processo Civil e Código Comercial). O trecho abaixo explica bem o que o autor quer mostrar:

“Todo direito, a começar pelo mais indomado, o direito civil, foi aprisionado em milhares de
artigos organicamente sistematizados e contidos em alguns livros chamados “códigos”. Foi obra
grandiosa e por tanto lados admirável; foi, porém, também um supremo ato de presunção e, ao mesmo
tempo, a colocação em funcionamento de um controle aperfeiçoadíssimo”. (GROSSI, 2006, p. 51).

Some-se a isto, ha um movimento muito forte, provavelmente pelo fato dos cinco códigos de
base, fazer parte dos diversos estado da civil law, sendo que há uma exceção, nos países nórdicos, que
promulgaram o seu próprio código, formando-se o direito nacional – “A única exceção é constituída pelas
codificações realizadas na Noruega (1683) e na Dinamarca (1687), e na Suécia e na Finlândia (1734);
excepcional, também, e a evolução verificada nos países ortodoxos, então desprovidos de universidades
e separados do resto da cristandade”. (DAVID, 1972, p. 57-58).

Recomenda-se que, novo movimento da codificação não é base para distinção entre common
law e civil law. Salienta-se que as duas famílias usa a pratica da positivação, ou seja, o direito começa a
evoluir, porque só podemos falar em segurança jurídica quando o direito é positivado. Portando, o que se
sublinha entre esta família é a valorização dos textos legais. Com isso, cada família segunda a ótica da
concepção forense dão maior valorização ao os textos legais de forma diferente. O common law baseia-
se nos julgados em regra, ou seja, os precedentes. Mas, quando não são preenchidos os requisitos,
aplica-se o direito positivo, como por exemplo, o da codificação. Importa destacar que a civil law dar mais
valorização a letra da lei, mais também segue forte influência da doutrina e dos julgados. Portanto, as
famílias assim se caracterizam de forma basilar e se estrutura de formas excepcionais, trazendo para
sociedade grande evoluções e modernizações para todo o mundo. (MARINONI, 2010).

4 DECORRENCIA DO FENÔMENO DE APROXIMAÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO

Como relato no caso em tela, o direito vem de uma grande transformação, assim, a
metodologia jurídica no século XX, o Direito teve uma imensa e importante evolução, de modo que, a
construção do direito é muito complexa pelo fato que nenhuma ciência possa prevê a ação humana,
tendo em vista, que ninguém nascer predestinado para uma ação corruptiva ou para uma vida digna.
Todavia, as cláusulas gerais são aplicadas para aplicar a ordem da sociedade, decerto seria um único
modo de manter a sociedade de forma harmônica.

“A relação entre cláusula geral e o precedente judicial é bastante íntima. Já se advertiu, a


propósito, que a utilização da técnica das cláusulas gerais aproximo ou sistema do civil law do sistema
do common law. Esta relação revela-se, sobretudo, em dois aspectos. Primeiramente, a cláusula geral
reforça o papel da jurisprudência na criação de normas gerais: a reiteração da aplicação de um à mesma
ratio decidendi (núcleo normativo do precedente judicial; sobre a ratio decidendi, ver o capítulo sobre
precedente judicial nov. 2 deste Curso) dá especificidade a o conteúdo normativo de uma cláusula geral,
sem, contudo, esvaziá-la; assim ocorre, por exemplo, quando se entende que tal conduta típica é ou não
exigida pelo princípio da boa-fé. Além disso, a cláusula geral funciona como elemento de conexão,
permitindo ao juiz fundamentar a sua decisão em casos precedentemente julgados”. (WAMBIER, 2009,
p. 161).

Devido às posições de vários doutrinadores brasileiros arcaicos, acreditavam que a estrutura


forense é forma pelo paradigma da civil law, advindo da tradição romano-germânica. De modo que
analisando o nosso sistema jurídico atual, não se confirmar esta preposição, portanto, o arranjo jurídico
formado no Brasil, é meio intrínseco, tendo em vista, que o nosso direito constitucional, a valorização aos
precedentes judicias e o controle de constitucionalidade difuso tem inspiração estadunidense que
caracteriza com influência da common law. Importa destacar que o direito infraconstitucional dando
enfoque ao direito privado, com inúmeras codificações com inspirado pela civil law. Recomenda-se que a
nossa estrutura jurídica tem a essência da civil law. Mas não em total, sempre de forma proporcional e
sendo lapidadas por ambas as famílias do direito. (DIDIER JUNIOR, 2015).

Conclui-se que o processo de globalização conjunto das influencias dos regimes jurídicos,
buscam um direito flexível e mais volátil, para solucionar problemas e lide a todo o momento. Tendo em
vista que o novo modelo jurídico se apoia em regras e princípios como forma de engessar o direito.
Todavia, é evidente que o direito privado conseguiu grande proeminência, com o aumento de número de
conexões jurídicas e da complicação de tais vinculações, o alicerce jurídico necessita estar organizado e
estruturado numa estável base principiológica, dando enfoque na seara normativa. (GROSSI, 2009, p.
165).
“A única coisa que se pode firmar com é que os habitantes e cômodos modelos descritivos, que
procuravam representar esquematicamente as características fundamentais dos processos de common
law e de civil law, parecem claramente superados e não são mais utilizáveis como instrumentos para
conhecer e descrever os variados ordenamentos”. (TARUFFO, 2011, p.18).

Salienta-se que este momento de análise, trás a baila com sigo a tradição da civil law e
common law com reflexo do “modelo de distribuição de justiça” empregada no Brasil. Cumpre esclarecer
que o processo civil brasileiro, é a forma que o direitos são exercidos ou assegurados no nosso país,
pelo fato do rígido positivismo tradicional. Desta forma, fica claro que o nosso sistema jurídico sofreu
influência de ambos os sistemas, particularmente pela evolução do direito moderno. Com finalidade de
aprimorar o sistema processual e o Poder Judiciário pátrio, inclusive com o Novo Código de Processo
Civil.

Assim, o Direito brasileiro se apoia na doutrina de forma significativa e também dando


atribuições essenciais jurisprudências, ao ponto que as sumulas do STF (Supremo Tribunal Federal)
serve em regra de exemplo para ser aplicada ao caso concreto. Ademais, o sistema brasileiro tem influxo
do modelo jurídico da Europa Continental, indubitavelmente a vários cursos de Direito que são
estruturados por uma ótica de analise aos casos concretos, utilizando do instituto do Direito Comparado,
conforme a família common law. (DIDIER JÚNIOR, 2015).

Portanto, cabe demonstrar que o Direito Brasileiro é formado por ambas as inspirações de
vasto modelo jurídico, ao passo que nos dias atuais, o ordenamento jurídico tem se demonstrado muito
mais útil e desenvolvido dentro no mundo forense. Ao lado disso, “a experiência jurídica brasileira parece
ser única; é um paradigma que precisa ser observado e mais bem estudado”. (DIDIER JÚNIOR, 2015, p.
59-60). Por fim, o ordenamento jurídico brasileiro vem sendo operado com uma imensa produção
doutrinaria e uma extensa jurisprudência de forma harmônica, ao passo que posição do pensamento
jurídico brasileiro tem se desligado de sua inspiração como abordado acima, e formando um novo
modelo jurídico do divido processo legal substancial. (DIDIER JÚNIOR, 2015)

5 CONCLUSÃO

É notável que a família common law nasceu no berço de Normandia, o Rei Guilherme teve
grande influência na sua criação, pelo fato de objetivar e unificar o teu reino. Criaram-se vários Tribunais
Reais para garantir a sua estabilidade e proclamar o direito anglo-saxônico. Portanto, os tribunais teve
grande papel para forma a nova Inglaterra, tendo em vista, que quando Guilherme conquistou a antiga
Inglaterra, sua característica principal era formada por vastas tribos, onde cada tribo tinha os seus
costumes e suas leis. Guilherme implantou o seu regime, distribui titulo e terra, formando-se a sua
monarquia de maneira distinta. Ao passo que os latifundiários eram também controlados pelo rei, não
podendo passar de certos limites de riquezas, onde a coroa era o principal foco de toda a riqueza. Com o
tempo, os tribunais cada vez mais eram eficientes e cumpriam com o seu objetivo, o direito era comum
em toda Inglaterra. Assim, cada conflito era analisado de maneira detalhada, tendo em vista, que quando
surgiam diante dos tribunais casos semelhantes era aplicado o mesmo julgamento anterior da mesma
causa, assim, nasceu à teoria do precedente.

Portanto, a família romano-germânica foi formada com um punho moral, onde teve grande
influxo no mundo, ao ponto que o Império Romano também teve grande expansão territorial que contribui
para o desenvolvimento da civil law. Assim, a concepção jurídica romano-germânica era em regra toda
positivada, dentro da historia ocorreu um marco importante. Com isso, cabe destacar provavelmente pelo
fato dos cinco códigos de base, fazer parte dos diversos estado da civil law. Devido a descontinuação
com o antigo regime romano, o novo modelo ideal civil law, satisfaz diretamente as necessidades da
sociedade da época, uma visão contemporânea, onde a necessidade do povo era prioridade. Dessa
forma a lei passou a ser o espirito da justiça, ou seja, representava a vontade do povo, restringindo
qualquer meio de interpretação, obrigando-se o magistrado a ficar restrito o texto legal.

Por fim, a common law e a civil law são reflexos do direito brasileiro, entretanto, o ordenamento
jurídico brasileiro é um sistema melhorado da civil law e da common law, tendo em vista que os nosso
institutos jurídicos estão como os melhores do mundo. Todavia, o ordenamento jurídico brasileiro vem
sendo operado com uma imensa produção doutrinaria e uma extensa jurisprudência de forma harmônica,
ao passo que posição do pensamento jurídico brasileiro forma um novo modelo jurídico, que é o
ordenamento jurídico brasileiro que evoluirá em todo momento.

Referências:

DAVID, René. Os grandes sistemas dos direitos contemporâneos. CARVALHO, Hermínio A.


(trad.). 2 ed. Lisboa: Meridiano, 1972.

DIDIER JÚNIOR, Freddie Curso de Direito Processo Civil. v. 01. 17 ed. Salvador: JusPODIVM,
2015.

GROSSI, Paola. Primeira lição sobre o Direito. FONSECA, Ricardo Marcelo (trad.). Rio de
Janeiro: Forense, 2006.

LIMA, Tiago Asfor Rocha. Precedentes Judiciais civis no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2013.

MARTINS-COSTA, Judith. "O Direito Privado como um 'sistema em construção'. As cláusulas


gerais no projeto do Código Civil brasileiro". Revista de Informação Legislativa. Brasília: Senado 1996.

MARINONI, Luiz Guilherme. Aproximação crítica entra as jurisdições de Civil Law e de


Common Law e a necessidade de respeito aos precedentes no Brasil. Revista da Faculdade de Direito
da UFPR, Curitiba, n. 49, p. 11-58, 2009.

TARUFFO, Michele. Precedente e Jurisprudência. Revista de Processo: RePro, São Paulo, n.


199, v.36, p. 139-155, set. 2011.
VIEIRA, Andréia Costa. Civil Law e Common Law: os dois grandes sistemas legais
comparados. Porto Alegre: S. A. Fabris, 2007.

WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. A uniformidade e a estabilidade da jurisprudência e o estado


de direito – Civil law e Common law. Revista Jurídica, Porto Alegre, v. 57, n. 384, p. 53-62, out, 2009.

WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Recurso especial, recurso extraordinário e ação rescisória.
São Paulo: RT, 2009.

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