Boletim Geocorrente 125 - 24 SETEMBRO 2020 PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 18

ESCOLA DE GUERRA NAVAL

BOLETIM
GEOCORRENTE 24 de setembro de 2020 ISSN 2446-7014

PERIÓDICO DE GEOPOLÍTICA E OCEANOPOLÍTICA ANO 6 • Nº 125

A falta de aprovação do FY21


e a classe Columbia
Este e outros 14 artigos nesta edição
BOLETIM
O Boletim Geocorrente é uma publicação quinzenal do Núcleo GEOCORRENTE
de Avaliação da Conjuntura (NAC), vinculado à Superintendência de
Pesquisa e Pós-Graduação (SPP) da Escola de Guerra Naval (EGN).
O NAC acompanha a Conjuntura Internacional sob o olhar teórico da NORMAS DE PUBLICAÇÃO
Geopolítica, a fim de fornecer mais uma alternativa para a demanda Para publicar nesse Boletim, faz-se necessário que o autor seja
global de informação, tornando-a acessível e integrando a sociedade pesquisador do Grupo de Geopolítica Corrente, do NAC e submeta seu
aos temas de segurança e defesa. Além disso, proporciona a difusão artigo contendo até 350 palavras ao processo avaliativo por pares.
do conhecimento sobre crises e conflitos internacionais procurando
corresponder às demandas do Estado-Maior da Armada. CORRESPONDÊNCIA
O Boletim tem como finalidade a publicação de artigos compactos Escola de Guerra Naval – Superintendência de Pesquisa e Pós-
tratando de assuntos atuais de dez macrorregiões do globo, a saber: Graduação.
América do Sul; América do Norte e Central; África Subsaariana; Oriente Av. Pasteur, 480 - Praia Vermelha – Urca - CEP 22290-255 - Rio de
Médio e Norte da África; Europa; Rússia e ex-URSS; Sul da Ásia; Leste Janeiro/RJ - Brasil
Asiático; Sudeste Asiático e Oceania; Ártico e Antártica. Ademais, TEL.: (21) 2546-9394 | E-mail: [email protected]
algumas edições contam com a seção “Temas Especiais”.
O grupo de pesquisa ligado ao Boletim conta com integrantes de Esta e as demais edições do BOLETIM GEOCORRENTE, em português
diversas áreas do conhecimento, cuja pluralidade de formações e e inglês, poderão ser encontrados na home page da EGN e em nossa
experiências proporcionam uma análise ampla da conjuntura e dos pasta do Google Drive.
problemas correntes internacionais. Assim, procura-se identificar os
elementos agravantes, motivadores e contribuintes para a escalada de
conflitos e crises em andamento, bem como seus desdobramentos.

DIRETOR DA EGN ÁRTICO & ANTÁRTICA


Contra-Almirante Paulo César Bittencourt Ferreira Ana Carolina Ferreira Lahr (Egn)
Gabriele Marina Molina Hernandez (Uff)
SUPERINTENDENTE DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO DA EGN Laila Neves Lorenzon (Ufrj)
Contra-Almirante (RM1) Marcio Magno de Farias Pedro Allemand Mancebo Silva (Puc-Rio)
Franco e Silva Raphaella da Silva Dias Costa (Ufrj)

CONSELHO EDITORIAL EUROPA


EDITOR RESPONSÁVEL Melissa Rossi (Suffolk University)
Capitão de Mar e Guerra (RM1) Leonardo F. de Mattos (Egn) Nathália Soares de Lima do Vale (Uerj)
Thaïs Abygaëlle Dedeo (Université de Paris 3)
EDITOR CIENTÍFICO Victor Magalhães Longo de Carvalho Motta (Ufrj)
Capitão de Mar e Guerra (RM1) Francisco E. Alves de Almei-
da (Egn) LESTE ASIÁTICO
João Pedro Ribeiro Grilo Cuquejo (Ibmec)
EDITORES ADJUNTOS Luís Filipe de Souza Porto (Ufrj)
Capitão-Tenente Bruno de Seixas Carvalho (Egn) Marcelle Torres Alves Okuno (Ibmec)
Jéssica Germano de Lima Silva (Egn) Philipe Alexandre Junqueira (Uerj)
Noele de Freitas Peigo (Facamp) Rodrigo Abreu de Barcellos Ribeiro (Ufrj)
Pedro Allemand Mancebo Silva (Puc-Rio) Vinicius Guimarães Reis Gonçalves (Ufrj)
DESIGN GRÁFICO ORIENTE MÉDIO & NORTE DA ÁFRICA
Ana Carolina Vaz Farias (Ufrj)
Adel Bakkour (Ufrj)
Ana Luiza Colares Carneiro (Ufrj)
DIAGRAMAÇÃO
André Figueiredo Nunes (Eceme)
Pedro da Silva de Albit de Penedo (Ufrj)
Isadora Novaes dos Santos bohrer (ufrj)
Dominique Marques de Souza (Ufrj)
Pedro da Silva Albit Penedo (Ufrj)
PEQUISADORES DO NÚCLEO DE AVALIAÇÃO DA
CONJUNTURA RÚSSIA & Ex-URSS
José Gabriel de Melo Pires (Ufrj)
ÁFRICA SUBSAARIANA Luiza Gomes Guitarrari (Ufrj)
Ariane Dinalli Francisco (Universität Osnabrück) Pedro Mendes Martins (Eceme)
Bruno Gonçalves (Ufrj) Pérsio Glória de Paula (Uff)
Franco Napoleão A. de Alencastro Guimarães (Puc-Rio)
Isadora Jacques de Jesus (Ufrj) SUDESTE ASIÁTICO & OCEANIA
João Victor Marques Cardoso (Unirio)
Iasmin Gabriele Nascimento dos Santos (ufrj)
Vivian de Mattos Marciano (Uerj)
Matheus Bruno Ferreira Alves Pereira (Ufrj)
AMÉRICA DO SUL Thayná Fernandes Alves Ribeiro (Uff)
Adriana Escosteguy Medronho (Ehess) Vinícius de Almeida Costa (Egn)
Carlos Henrique Ferreira da Silva Júnior (Ufrj) SUL DA ÁSIA
Gabriela de Assumpção Nogueira (Ufrj) João Miguel Villas-Boas Barcellos (Ufrj)
Matheus Souza Galves Mendes (Egn) Marina Soares Corrêa (Ufrj)
Pedro Emiliano Kilson Ferreira (Univ. de Santiago) Rebeca Vitória Alves Leite (Egn)
AMÉRICA DO NORTE & CENTRAL
TEMAS ESPECIAIS
Ana Carolina Vaz Farias (Ufrj) Alessandra Dantas Brito (Egn)
Ana Cláudia Ferreira da Silva (Ufrj) Louise Marie Hurel Silva Dias (London School of Economics)
Jéssica Pires Barbosa Barreto (Egn)
Victor Cabral Ribeiro (Puc-Rio)
Victor Eduardo Kalil Gaspar Filho (Egn)

2
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
BOLETIM
GEOCORRENTE

ÍNDICE
AMÉRICA DO SUL RÚSSIA & Ex-URSS

Mike Pompeo visita América do Sul aumentando a pressão sobre Maduro...........5 A modernização naval do Turcomenistão.............................................................. 11
Peru ante uma conjuntura de crises plurais: antagonismos
LESTE ASIÁTICO
políticos e mineração ilegal.....................................................................................6
Japão e Índia: estreitamento de laços...................................................................12
AMÉRICA DO NORTE & CENTRAL
Departamento de Defesa dos EUA divulga novo relatório
A falta de aprovação do FY21 e a classe Columbia................................................6 sobre o poder militar chinês..................................................................................12
ÁFRICA SUBSAARIANA SUL DA ÁSIA

Controle de Mocímboa da Praia: avanço insurgente no norte de Moçambique �����7 Índia e Rússia reforçam parceria estratégica .......................................................13
Aproximação de Taiwan do nordeste africano pressiona
SUDESTE ASIÁTICO & OCEANIA
a diplomacia da China continental...........................................................................8
Novas tensões no Mar do Sul da China: Manila versus Pequim ..........................14
EUROPA
ÁRTICO & ANTÁRTICA
Alemanha anuncia estratégia para o Indo-Pacífico.................................................9
O Comando Espacial da França.............................................................................9 Reestruturação do Programa Antártico Argentino: políticas de
fortalecimento de suas reivindicações ..................................................................15
ORIENTE MÉDIO & NORTE DA ÁFRICA
As dinâmicas do acordo entre Bahrein e Israel.....................................................10 Artigos Selecionados & Notícias de Defesa........... 16
No mar e em terra: a problemática humanitária da Líbia......................................10
Calendário Geocorrente......................................... 16
Referências............................................................ 17
Mapa de Riscos.......................................................18

10 PRINCIPAIS RISCOS GLOBAIS


Desconsiderando a pandemia de COVID-19

Para mais informações acerca dos critérios utilizados, acesse a página 18.

3
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
BOLETIM
GEOCORRENTE

ACOMPANHAMENTO
COVID-19
PRINCIPAIS PAÍSES AFETADOS PELA COVID-19
Dados segundo o "WHO COVID-19 Dashboard", publicado no dia 23 de setembro de 2020.

ACOMPANHAMENTO NO BRASIL
Evolução Número de Casos Evolução Número de Óbitos
Casos % de Crescimento Óbitos % de Crescimento
4.800.000 4.558.068 200 %

160.000 200%

4.162.073 180 %

137.272
140.000 127.464
180%

4.000.000 3.622.861
115.309
160 %

160%

120.000
3.200.000
3.057.470 140 %

101.752 140%

100.000 87.618
2.442.375
120 %

120%

2.400.000 100 %

80.000 100%

80%

60.000
80%

1.600.000 60%

60%

40.000
800.000 25%
40%

18%
40%

15% 10% 20.000 16% 13% 11% 8%


20%

20%

0 0%

0 0%

Bol. 121 Bol. 122 Bol. 123 Bol. 124 Bol. 125 Bol. 121 Bol. 122 Bol. 123 Bol. 124 Bol. 124
(30/07) (13/08) (27/08) (10/09) (24/09) (30/07) (13/08) (27/08) (10/09) (24/09)
Fontes: Organização Mundial da Saúde; Banco Mundial

4
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
AMÉRICA DO SUL

Mike Pompeo visita América do Sul aumentando a pressão sobre Maduro


Victor Cabral

E ntre 17 e 20 de setembro de 2020, o secretário de


Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, realizou
visita oficial a quatro países sul-americanos: Suriname,
Venezuela. Essa pressão seria estratégica neste momento
em que a Comunidade do Caribe tem posicionamento
dividido sobre o líder chavista e demais organismos
Guiana, Brasil e Colômbia. Oficialmente, o objetivo regionais, como a União de Nações Sul-Americanas
era parabenizar a eleição dos novos presidentes de (UNASUL) e o Grupo de Lima, seguem esvaziados e
Suriname e Guiana e fortalecer a agenda de investimento sem ação efetiva para mediar a crise política, sanitária,
privado estadunidense nesses países, especialmente no energética e humanitária venezuelana. Pompeo
setor petrolífero guianense em ascensão (Boletim 124). enfatizou que Maduro e a alta cúpula de seu governo
No Brasil, Pompeo acompanhou o trabalho das Forças “são narcotraficantes e apoiadores de grupos terroristas
Armadas e ONGs na recepção e cuidado de refugiados colombianos”, além de receberem apoio político e
venezuelanos na Operação Acolhida. Já na Colômbia, a financeiro de Cuba, Rússia e Irã. Esse discurso isola
visita ao presidente Iván Duque voltou-se para a segurança ainda mais Maduro e dificulta uma saída diplomática
regional, combate ao terrorismo e ao narcotráfico. dele do poder.
Pompeo também agradeceu o esforço colombiano de Críticos ao governo Trump atentam para a visita
isolar regionalmente Nicolás Maduro, bem como o apoio de Pompeo tentar angariar votos para a reeleição do
do país à eleição do candidato estadunidense Mauricio mandatário estadunidense, em especial de migrantes
Claver-Carone à presidência do Banco Interamericano de latinos contrários ao regime de Maduro e que residam na
Desenvolvimento, principal órgão financeiro regional e Flórida. Esse estado é relevante para a eleição presidencial
contrário a Cuba e Venezuela. de novembro, pois Trump venceu neste em 2016, mas
A presença de Pompeo na região tem como objetivo atualmente segue atrás de Joe Biden nas intenções de
pressionar Maduro, para que este retire-se do poder para voto. Ainda que Biden vença as eleições, dificilmente
uma transição democrática que garanta o respeito aos a postura dos EUA em relação à Venezuela mudará e a
Direitos Humanos e o desenvolvimento econômico da pressão internacional para a queda de Maduro seguirá.

Fonte: Elaboração própria

5
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
Peru ante uma conjuntura de crises plurais: antagonismos políticos e mineração ilegal
Pedro Kilson

O cenário político do Peru contemporâneo pode


ser interpretado como produto de instabilidades
políticas, que começaram a ganhar contornos de crise
consequências diretas do extrativismo ilegal. A região de
Madre de Dios concentra extração ilícita de ouro, bem
como o transporte do mineral, principalmente pelo rio
institucional, a partir dos choques entre os poderes Parianamu, com destino ao Puerto Maldonado. Embora
Legislativo e Executivo em 2016 e, mais recentemente, em o governo peruano tenha implementado, em fevereiro
outubro de 2019. Na última ocasião, o presidente Martín de 2019, uma intervenção militar e multissetorial
Vizcarra dissolveu, constitucionalmente, o Congresso denominada Operação Mercúrio (Boletim 91), o objetivo
majoritariamente fujimorista e convocou eleições de erradicar a mineração ilegal na região encontra
legislativas para janeiro de 2020. Entretanto, a renovação diversos obstáculos. Assim, o Projeto de Monitoramento
do Congresso não foi acompanhada por diálogos nos da Amazônia Andina (MAAP, sigla em inglês) concluiu
meses seguintes, resultando na implementação de um que houve um aumento de 70% no desmatamento
processo de impeachment, que foi rechaçado em 18 de promovido pela atividade ilegal, no período entre 2017
setembro. Embora o processo de destituição não tenha e 2020.
prosseguido, o movimento político reflete o grau de A atividade mineira ilegal, em distintas regiões da
complexidade e a profundidade de recorrentes conflitos Amazônia peruana, encontra um ambiente político
intrainstitucionais no Peru. propício para sua disseminação, com uma economia
A crescente tensão entre o Executivo e o Congresso gravemente afetada pela pandemia em curso, aumento
desencadeia uma crise em três âmbitos cruciais para a da informalidade e do desemprego, bem como uma
economia peruana, já bastante debilitada num cenário de sociedade polarizada em meio a um conflito institucional.
pandemia: investimentos estrangeiros, emprego e câmbio. Nesse sentido, o país deverá desenvolver ferramentas
Tal conjuntura é atravessada por atividades vinculadas de governança, ante o desafio de gerenciar uma crise
à mineração ilegal e ao desmatamento desenfreado, multifacética que ameaça não somente o desempenho
uma histórica questão ecológica e socioambiental da mineração doméstica no mercado internacional, mas
que desenha as relações sociopolíticas entre o Estado sobretudo a ordem democrática peruana.
peruano e comunidades indígenas, as quais sentem as

AMÉRICA DO NORTE & CENTRAL

A falta de aprovação do FY21 e a classe Columbia


Jéssica Barreto

E m 30 de setembro de 2020, encerra-se, oficialmente,


o ano fiscal de 2020 (FY20) nos Estados Unidos.
Com a falta de aprovação do novo orçamento, proposto
azulejos anecoicos avançados, que absorvem as ondas
lançadas pelo sonar inimigo; e, mísseis balísticos
equipados pelas novas ogivas nucleares W93. Apesar
pelo governo Trump em fevereiro de 2020 (Boletim 111), de ainda não estar claro se a ogiva W93 substituirá as
o governo corre o risco de ter parte das suas atividades atuais ou apenas comporá a classe Columbia, esse
paralisadas. Uma das maiores preocupações do governo, desenvolvimento nuclear permitirá aos EUA maior
diante de restrições de financiamento e impossibilidade alcance nos alvos, sendo o primeiro do tipo em décadas
de começar novos projetos, é o cronograma de construção (Boletim 49).
dos dois primeiros submarinos classe Columbia. Com o trabalho de pesquisa e desenvolvimento já em
Identificados como principal prioridade, os novos andamento há anos, a partir de financiamento antecipado,
submarinos nucleares lançadores de mísseis balísticos o objetivo é adquirir o primeiro submarino da classe
(SSBNs, sigla em inglês) são esperados para substituir no FY21. De acordo com o cronograma do projeto, a
a atual classe Ohio, que está em operação desde os anos primeira embarcação tem sua entrega prevista para 2028,
1980 (Boletim 32). entrando em operação em 2031, com custo estimado
A classe Columbia será uma das embarcações mais de US$ 14,4 bilhões, sendo US$ 8,4 bilhões só para a
avançadas construídas no país, apresentando inovações fase de construção em si. Todo o programa consiste em
importantes para a atuação estratégica da Força, como: 12 submarinos, com um orçamento atualizado de US$
hélices por acionamento elétrico, tornando o submarino 109 bilhões. Entretanto, alguns receios permeiam essas
mais silencioso; revestimento externo do casco por aquisições no Congresso, como o impacto do custo desse »
6
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
programa nas outras aquisições da Força e a capacidade da paralisação já foram iniciadas, mas ainda não é certo que
indústria nacional de construir, ao mesmo tempo, a classe o programa de construção dos submarinos e o da ogiva
Columbia e a classe Virginia (os submarinos nucleares de W93 serão incluídos nas isenções.
ataque). As discussões de medidas que visam evitar essa

Fonte: Congressional Research Service

ÁFRICA SUBSAARIANA

Controle de Mocímboa da Praia: avanço insurgente no norte de Moçambique


Ariane Francisco

E m 11 de agosto de 2020, o movimento insurgente


do norte de Moçambique tomou controle da cidade
de Mocímboa da Praia, e mais importante, o porto da
assim como a Estrada Nacional 380, a única rodovia
em boas condições que liga o Norte ao restante do país,
chegando também à Tanzânia. O grupo obteve, ainda,
cidade que, entre outros, seria o ponto mais importante controle das ilhas Vamizi e Metundo, que junto com o
para o reabastecimento das Forças de Segurança do país controle do porto e da cidade de Mocímboa da Praia,
na região (Boletins 116 e 122). Atualmente, em Cabo traduz-se no controle marítimo e de acesso ao mar na
Delgado, o distrito de Mocímboa da Praia é o foco do região. Esse controle pode se tornar um ponto de inflexão
conflito entre os insurgentes e as Forças de Defesa e do conflito, além de prejudicar severamente os planos
Segurança (FDS) do país, que contam com o suporte da energéticos do país, assim como a população e empresas
empresa de segurança privada, Dyck Advisory Group. privadas.
Após mais de um mês do controle da cidade, vários Apesar da insurgência ter se iniciado em 2017, as
ataques continuam sendo registrados na região. Os facetas desse conflito continuam sendo desenvolvidas,
embates com as FDS resultando, na maioria das vezes, no principalmente no que tange à cooperação e atuação
recuo das Forças Nacionais, mostram o desenvolvimento internacional, considerada por alguns especialistas
tático e poder de fogo do grupo insurgente. Mais uma das únicas opções viáveis de combate ao grupo
recentemente, a cidade de Palma também foi controlada, insurgente. Esta situação ocorre ao passo em que a morte »
7
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
de 20 soldados tanzanenses (episódio negado pelo país)
em Mocímboa da Praia levanta questionamentos sobre
o nível de envolvimento de Moçambique para além de
sua segurança na fronteira. No âmbito da Comunidade
de Desenvolvimento da África Austral (SADC, sigla em
inglês), o tema foi levantado e discutido em algumas
reuniões, porém, nenhuma decisão foi tomada. Assim,
enquanto o grupo insurgente aparentemente se fortalece,
uma solução para o conflito parece longe de ser alcançada
e envolve atores não-estatais externos.

Fonte: Wikipedia

Aproximação de Taiwan do nordeste africano pressiona a diplomacia da China continental


Isadora Jacques

E m 1º de agosto de 2020, o embaixador da República


Popular da China na Somália viajou à Somalilândia a
fim de oferecer um pacote de desenvolvimento à região,
Unidos da América para seu desenvolvimento. As
acaloradas tensões no Leste Asiático, entretanto, podem
se estender para o hotspot africano. Há uma razão ainda
visando evitar, sem sucesso, o estreitamento de laços com mais significativa para o empenho de Taiwan em uma
Taiwan. Os representantes diplomáticos da República aproximação diplomática na região: é de caráter tático
da China – a capitalista Taiwan – e da República da a busca de um aliado vizinho da única base militar da
Somalilândia, regiões que não possuem reconhecimento China continental no exterior, localizada no Djibouti.
formal junto à ONU, assinaram um tratado bilateral Espera-se que a Península Somali seja, em breve, palco
no início de 2020. Este tratado foi estabelecido com o de um novo capítulo da disputa político-diplomática na
intuito de aproximar suas relações diplomáticas e instalar qual Taipé e Pequim protagonizam desde 1949.
escritórios representativos em suas respectivas capitais,
Taipé e Hargeisa. As consideradas províncias rebeldes
dos Estados chinês e somaliano impõem um desafio com
sua relação amistosa.
A República da China, uma região insular no Pacífico,
busca parceiros com intuito de se livrar do sufocamento
da potência chinesa. Ademais, a Somalilândia —
localizada entre a Etiópia e o Golfo do Áden e isolada
diplomaticamente em uma das regiões estratégicas
mais importantes do globo, o Chifre da África — luta
para ser reconhecida como um Estado independente da
Somália, desde 1991. Apesar dos contínuos esforços
nas recentes eleições do território do nordeste africano,
o estabelecimento de uma plena democracia na região
ainda soa distante aos olhares mais diligentes, já que a
oposição do governo não é recebida de forma pacífica
e as mulheres não possuem espaço ativo nas decisões
políticas.
Paralelamente, Taipé procura aliar o modelo da
democracia como ferramenta de enfrentamento a
Pequim e seu governo socialista, além de contar com
os laços comerciais estabelecidos com os Estados
Fonte: Vix
8
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
EUROPA

Alemanha anuncia estratégia para o Indo-Pacífico


Victor Magalhães Longo

N o dia 02 de setembro, o Ministro de Relações


Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, anunciou
a nova estratégia do governo alemão para a região do
Tal posicionamento expõe uma alteração importante
na forma pela qual a Alemanha se relaciona com o Oriente.
A conduta alemã doravante deve tirar o foco da China
Indo-Pacífico. A declaração veio acompanhada de um e buscar criar laços mais fortes com países da ASEAN
documento que explica as diretrizes e objetivos dessa (Associação de Nações do Sudeste Asiático), além de
nova abordagem. Isso significa que, a partir de agora, a outros países importantes da região, como Índia, Coreia
Alemanha terá uma política externa unificada em relação do Sul e Japão. O documento afirma o objetivo de “não
à região, política essa que revela um afastamento da cair em dependências unilaterais” e de “se aproximar
China em favor de outros países. das democracias da região”. Aliado a essas afirmativas,
Nos últimos anos, Alemanha e China têm demonstrado o ministro Maas afirmou em seu anúncio que “nós
uma forte proximidade, com intensos fluxos de comércio queremos ajudar a moldar essa ordem (do Indo-Pacífico),
(desde 2016, a China é o maior parceiro comercial da para que essa seja baseada nas regras e na cooperação
Alemanha) e visitas regulares da chanceler Angela Merkel internacional, e não na lei do mais forte”. A referência à
à Pequim. No entanto, a percepção da dependência alemã China, ainda que não explícita, é evidente.
de produtos chineses e a política externa cada vez mais Embora a nova estratégia para o Indo-Pacífico não
agressiva que a China adota na Ásia preocupa os alemães, signifique uma quebra drástica das relações com os
pois gera mais instabilidade em uma região central para chineses, esta nova abordagem indica uma mudança
o comércio mundial. Aliado a esses fatores econômicos significativa e, devido à posição de liderança da Alemanha
e geopolíticos, a repressão das manifestações em Hong na União Europeia, pode fazer com que o bloco como um
Kong e as denúncias de violações dos direitos humanos todo reavalie suas relações com o gigante asiático.
fazem com que o governo alemão seja pressionado a se
posicionar.

O Comando Espacial da França


Thaïs Dedeo

N o dia 03 de setembro de 2019, a Ministra das Forças


Armadas da França, Florence Parly, assinou o
decreto de criação do Comando Espacial atrelado à Força
e implementar as políticas espaciais da França.
Além dos cerca de US$ 5 bilhões já previstos pela
Lei de Programação Militar 2019-2025 (LPM) para o
Aérea, agora denominado Armée de l’Air et de l’Espace. orçamento espacial de defesa, a França anunciou um
Atualmente composto por 220 militares, o Comando investimento de US$ 1 bilhão em 2019, para fortalecer as
Espacial expandirá sua capacidade para 500 militares capacidades de autodefesa de seus satélites, possibilitando
com a criação de uma nova sede em 2025. Este já conta a renovação dos satélites franceses de observação e
com um laboratório de inovação militar e se prepara para comunicação CSO (Syracuse), o lançamento em órbita
o primeiro exercício militar espacial europeu, o AstérX, de três satélites de escuta eletromagnética (CERES) e a
previsto para o mês de novembro deste ano. modernização do radar de vigilância espacial GRAVES.
A França possui uma consolidada tradição espacial Para garantir suas capacidades em 2030, a França lançará
de pesquisa e de lançamento a nível nacional e europeu, uma nova gama de programas para suceder aos satélites
porém o uso militar do espaço é inédito para o país. Em CSO e CERES em 2023. Nesse contexto, o país poderá
2019, pela primeira vez, a França publicou sua Estratégia prover a proteção de certas infraestruturas europeias
Espacial de Defesa, que prevê o fortalecimento das como o GPS Galileo, estratégico no âmbito militar e da
capacidades de autodefesa e de vigilância espacial em um indústria civil. Entretanto, as ambições de Paris para o
ambiente cada vez mais militarizado. O documento reitera Comando Espacial dependem do quanto o Orçamento
o possível uso da Força em uma lógica de autodefesa para Espacial de Defesa será impactado pelo contexto de
defender os interesses franceses em caso de atos ilícitos recessão econômica e de forte aumento da dívida pública,
ou de agressão. Assim sendo, o Comando Espacial possui neste 2020 tão complicado para a economia mundial,
a função de implementar esta estratégia, fornecer ao país sendo que já está prevista a revisão da LPM em 2021.
uma doutrina de operações no Espaço, gerar os recursos

9
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
ORIENTE MÉDIO & NORTE DA ÁFRICA

As dinâmicas do acordo entre Bahrein e Israel


Ana Luiza Colares

E m 11 de setembro de 2020, foi anunciado que o


Bahrein — país localizado nas águas do Golfo
Pérsico, com 1,6 milhão de habitantes — normalizaria
na base aérea de Al-Dhafra em Abu Dhabi, enquanto o
comando Quinta Esquadra da Marinha dos EUA está
baseado no Bahrein. Para ambos os países, o ganho
suas relações diplomáticas com Israel, um mês depois do com a assinatura é a possibilidade de compra de alta
anúncio que os Emirados Árabes Unidos (EAU) fariam tecnologia israelense e equipamentos militares dos
o mesmo. Em 15 de setembro, foi realizada, na Casa EUA; acordos em cooperação; e, uma base sólida com o
Branca, a assinatura do Tratado entre os países, reunindo governo estadunidense, independentemente do resultado
o presidente Donald Trump, o qual mediou os acordos; das eleições de novembro.
o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu; e, Os acordos são vistos como uma possibilidade de
os ministros das Relações Exteriores do Bahrein e dos estabelecimento da paz na região, considerando que
EAU. a condição para assinatura é que Israel suspenda as
Em 2019, Manama (capital de Bahrein) foi anfitriã do anexações da Cisjordânia, elemento crucial na guerra
evento Peace for Prosperity, onde Trump apresentou o seu árabe-israelense. Contudo, não se sabe ao certo qual
plano para o Oriente Médio, com o apoio de Netanyahu. será a duração e efetividade desta suspensão, o que traz
Isso explicita que, assim como os EAU (Boletim 123), críticas pelos alinhados à causa palestina. Espera-se que
o Bahrein também possuía relações extraoficiais com os outros países estabeleçam relações diplomáticas com
israelenses antes do acordo assinado, atuação comum na Israel, porém, uma das posições mais esperadas é a da
região, a saber que Israel detém vantagens tecnológicas Arábia Saudita, rival histórico israelense e que traria
cruciais para os países árabes e, em contrapartida, visa a muitos ganhos para a administração de Netanyahu. Um
uma maior projeção regional. acordo entre ambos os países parecia impossível, no
Um dos principais envolvidos nos recentes entanto, Riad, preocupado com Teerã, mostra-se mais
acontecimentos são os Estados Unidos, país que possui aberta ao diálogo e um acordo formal poderia mudar as
uma notável presença nos territórios do Bahrein e EAU: dinâmicas regionais.
a Força Aérea dos Estados Unidos possui caças F-35A

No mar e em terra: a problemática humanitária da Líbia


Isadora Novaes Bohrer

N o dia 03 de setembro, o secretário-geral da ONU


António Guterres apresentou um relatório ao
Conselho de Segurança em que exige o fechamento
resgate após diversas tentativas. Esses incidentes não são
isolados, nos Boletins 112 e 98 circunstâncias similares
foram relatadas.
dos diversos centros de detenção de migrantes na Líbia, Para normas internacionais, cada país é encarregado
com base em sucessivas denúncias de violações aos de assegurar a estabilidade em seu mar territorial e realizar
Direitos Humanos. De acordo com esse documento, até os resgates. No entanto, a Convenção Internacional sobre
o dia 31 de julho, aproximadamente 2.700 pessoas eram Busca e Salvamento Marítimo obriga que outro país
mantidas detidas, sendo 22% crianças. Para Guterres, a intervenha ao salvamento caso o Estado responsável não
preocupação vai além dos atendimentos básicos: esses responda ao chamado. Esse costuma ser o caso da Líbia,
centros de detenções são utilizados por diversos grupos em que a presença de diversos grupos de poder impede a
paramilitares no armazenamento de munições e armas, organização estatal na área costeira.
tráfico humano e recrutamento forçado. A Associated Press divulgou uma investigação, no
Em alto mar, outras violações ocorrem: no dia 15 de início de 2020, que aponta para um envio pela União
setembro, um naufrágio com 45 sobreviventes deixou Europeia de mais de US$ 100 milhões para incrementar
pelo menos 2 mortos e 22 desaparecidos. No dia 29 de e treinar a guarda costeira líbia, no intuito de amenizar a
agosto, o navio de bandeira alemã, Louise Michel, ficou responsabilidade de países como Grécia e Itália. O envio
à deriva após o embarque de cerca de 200 refugiados é legal e parece ter otimizado a resposta do país aos
e migrantes. Os tripulantes criticaram as autoridades resgates, entretanto, segundo a organização de jornalistas,
europeias por tardarem a responder aos pedidos de a contribuição foi dada a grupos além do governo em »
10
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
Trípoli, alguns desses investigados por regularem centros parte desse dinheiro tenha sido desviada ou aplicada em
de detenção e promoverem tráfico humano. Não existem outros fins, é possível que esse seja utilizado diretamente
registros que apresentem a destinação da quantia usada na guerra civil e, consequentemente, na instabilidade do
por esses grupos. Assim, torna-se infactível mensurar a país.
influência positiva da doação para a guarda costeira. Caso

Fonte: Comece

RÚSSIA & Ex-URSS

A modernização naval do Turcomenistão


Pedro Martins

N o dia 15 de agosto, a empresa russa United


Shipbuilding Corporation (USC) e o estaleiro
turcomeno Balkan começaram as tratativas para um
Por ser um país em grande parte desértico, fração
significativa da população se encontra no litoral do Mar
Cáspio. Associado ao fato de que as reservas de petróleo e
Memorando de Entendimento pelo qual seria realizada a gás natural do país se encontram neste mar, a necessidade
modernização da esquadra da Marinha do Turcomenistão. de modernização da Marinha do país se torna premente.
O estaleiro turcomeno Balkan foi criado em 2018, com Assim, desde 2009, o governo turcomeno encontra-
a capacidade de lançar de quatro a seis navios de até 10 -se nesse esforço de modernização da sua esquadra.
mil ton e reparar cerca de 20 a 30 navios de até 2 mil Naquele ano, o país aprovou um plano de seis anos para
toneladas por ano. isso, em especial para sua guarda costeira, comprando
O Turcomenistão é considerado o país mais fechado dois navios-patrulha da Rússia. Parte da União Soviética,
politicamente da Ásia Central, banhado pelo Mar de 1925 a 1991, o Turcomenistão perdeu alguns navios
Cáspio, faz fronteira terrestre com o Irã, Afeganistão, estacionados no país para o Azerbaijão e para a Flotilha
Uzbesquistão e Cazaquistão. É um país com uma do Cáspio russa, sediada na cidade de Astrakhan, motivo
população, de maioria muçulmana sunita, em torno de pelo qual o país ficou com uma força naval relativamente
5 milhões de habitantes e um PIB estimado em US$ menos desenvolvida em comparação aos vizinhos. A
82 bilhões, com uma pauta de exportação altamente Marinha russa mantém uma presença importante no Mar
dependente das exportações de petróleo e gás natural. Cáspio desde o período imperial, com a já mencionada »
11
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
Flotilha do Cáspio, com importante participação na Após décadas de uma marinha praticamente
ofensiva do país contra o Estado Islâmico na Guerra inexistente, o governo do país pretende garantir um
Civil da Síria, o que destaca a importância regional tanto mínimo de poder dissuasório, especialmente a fim de
para a Federação Russa quanto para os países da Ásia melhor proteger suas instalações de petróleo e gás, bem
Central, como o Turcomenistão. como seus demais interesses no Mar Cáspio.

LESTE ASIÁTICO

Japão e Índia: estreitamento de laços


João Pedro Grilo

N o dia 09 de setembro, ocorreu a assinatura do


Acordo de Aquisição e Serviço Cruzado entre o
governo japonês e o indiano. O acordo, negociado desde
e indiana, além da inauguração do Primeiro Diálogo
Bilateral 2+2, encontro entre os ministros da Defesa e
das Relações Exteriores, em 2019.
2018, viabiliza o compartilhamento de suprimentos Seguindo a tendência demonstrada acima, o presente
e serviços entre as forças armadas de ambos os países acordo busca aumentar a interoperabilidade entre
durante a realização de exercícios conjuntos, operações ambas as forças militares e, dessa forma, viabilizar o
de peacekeeping e assistência humanitária, além de aperfeiçoamento de atividades conjuntas já realizadas,
atividades rotineiras como visitas a instalações militares como o exercício naval trilateral de Malabar, e a
de sua contraparte. Tal assistência engloba o fornecimento pavimentação de novas iniciativas. A ascensão de
de alguns insumos — alimentos, combustível, peças de Yoshihide Suga e seu novo governo, no dia 16 de
reposição — e facilidades como, por exemplo, serviços setembro, possivelmente preservará a postura japonesa
de manutenção e transporte que poderão ser utilizados para com a Índia devido aos seguintes motivos: I. O
durante os eventos supracitados. comprometimento do atual primeiro-ministro em dar
A assinatura desse tratado, o sexto desse tipo a ser continuidade às políticas de Shinzo Abe, significando
firmado pelo Japão, é uma consequência natural do a permanência da Free and Open Indo-Pacific Strategy
estreitamento dos vínculos militares entre ambos os e seus objetivos de garantir a estabilidade e a ordem
Estados desde 2017, possivelmente motivado pelo retorno liberal na região, implicando na da coordenação política
das atividades do Grupo de Coordenação de Defesa e estratégica entre a Índia e o Japão e, II. A existência
Quadrilateral, fórum constituído por altos funcionários de um desconforto comum quanto à posição chinesa
japoneses, australianos, indianos e estadunidenses que mais assertiva em seu entorno, culminando na urgência
discorre sobre temas de segurança regional. A partir de estreitar os laços bilaterais entre Japão e Índia
desse ponto, em 2018, houve o lançamento dos exercícios especialmente frente às disputas territoriais envolvendo
Dharma Guardian e Shinyuu Maitri, realizados o "Reino do Meio" e ambos os países.
conjuntamente entre o exército e a aeronáutica japonesa

Departamento de Defesa dos EUA divulga novo relatório sobre o poder militar chinês
Rodrigo Abreu

E m 1º de setembro de 2020, o Departamento de


Defesa dos Estados Unidos divulgou o seu relatório
anual sobre o poder militar chinês. Esse ano marcou a
PLA estava ciente de sua defasagem e das reformas
necessárias para que a China pudesse alcançar seus
objetivos estratégicos. Já é possível notar os impactos
20ª edição do relatório, que teve seu primeiro volume dessa reforma, considerando que hoje o PLA até mesmo
divulgado em 2000. supera o exército dos EUA em alguns quesitos, como:
O relatório inicial de 2000 apontava para um Exército número de mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro,
de Libertação Popular (PLA, em inglês) que, apesar de sistemas de defesa aérea integrados e, principalmente,
contar com um contingente considerável, era equipado número absoluto de navios em sua Marinha.
com armamentos arcaicos e “não possuía as capacidades, A Marinha do Exército de Libertação Popular
organização ou a prontidão inerente à guerra moderna”. (PLAN, sigla em inglês), obteve um grande aumento de
Entretanto, o documento de 2020 ressalta que o sua capacidade na última década, comissionando o seu »
12
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
primeiro porta-aviões em 2013, o segundo em 2019 e robusta, além de garantir a segurança de suas Linhas
planejando comissionar o terceiro ainda em 2023. Além de Comunicação Marítimas. Assim, a China teria
disso, modernização da força de submarinos continua considerado Angola e Namíbia — entre outros países —
sendo uma prioridade para a PLAN, que já conta com como possíveis localizações de futuras bases militares.
quatro submarinos balísticos nucleares operacionais. Embora o PLA ainda necessite cumprir uma série
Pequim continua aumentando as suas capacidades de requisitos para cumprir suas metas de se modernizar
de projeção de poder no Estreito de Taiwan, visando completamente até 2035 e tornar-se uma força de “classe
dissuadir ou, se necessário, obrigar Taiwan a abandonar mundial” até 2049, a comparação com as capacidades do
seus movimentos de independência, dissuadindo também PLA em 2000 apontam um cenário otimista para Pequim.
quaisquer intervenções de terceiros na questão. Além A tendência é que os gastos em defesa e a projeção global
disso, o relatório aponta que Pequim estaria buscando do PLA continuem a aumentar, gerando cada vez mais
tornar a sua infraestrutura logística no exterior mais atritos com os interesses globais estadunidenses.

SUL DA ÁSIA

Índia e Rússia reforçam parceria estratégica


Rebeca Leite

O setor de Defesa é um pilar fundamental no âmbito da


parceria estratégica entre Índia e Rússia, orientada
pelo Programa de Cooperação Técnica Militar, um acordo
forma, a Índia planeja explorar rotas marítimas entre
o Extremo Oriente russo e seu litoral. A rota proposta,
Chennai-Vladivostok (aproximadamente 4.593 milhas
bilateral firmado entre ambos os países. Por meio deste náuticas), poderá ser percorrida em aproximadamente
tratado, os países buscam desenvolver cooperação militar 19 dias, enquanto a rota existente entre Mumbai-São
e técnica na área de pesquisa, produção, suporte e venda Petersburgo (cerca de 8.675 milhas náuticas), através do
de sistemas de armamentos, entre outras vertentes. Com o Canal de Suez, leva cerca de 35 dias para transferência
intuito de estreitar esta relação, em 20 de agosto de 2020, de cargas.
durante uma videoconferência com os representantes dos Assim, a conexão entre Chennai e Vladivostok
respectivos Estados, foi anunciada uma nova dimensão acoplaria tanto a Act Far East Policy, como mitigaria
para esta relação: uma parceria marítima entre as partes. o abastecimento doméstico indiano, sobretudo no
Em termos de política externa, este passo na relação setor energético, como petróleo e gás. Isto garantirá a
indo-russa, pode ser analisado sob alguns prismas. Em conectividade entre os dois principais portos, fato que
2019, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, impulsiona a presença da Índia no Extremo Oriente russo
lançou a Act Far East Policy, durante uma visita à Rússia, e, ainda, no Indo-Pacífico.
com o intuito de ampliar relações com países do Sudeste
e Leste da Ásia. Na mesma ocasião, Modi anunciou uma
linha de crédito de US$ 1 bilhão para o desenvolvimento
do Extremo Oriente russo, região rica em ouro, petróleo
e gás natural. Com a orientação da Act Far East Policy, a
Índia não apenas amplia sua rede de cooperação bilateral
com os países do leste, mas também amplia o seu foco
como potência emergente, entendendo o mundo de forma
globalizada e pautado no multilateralismo.
Do ponto de vista geopolítico, é de interesse de
Nova Délhi utilizar de uma relação bilateral estável para
galgar novas possibilidades, sobretudo de abastecimento
energético e no setor de transporte marítimo. Dessa Fonte: IAS Gatewayy

13
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
SUDESTE ASIÁTICO & OCEANIA

Novas tensões no Mar do Sul da China: Manila versus Pequim


Thayná Fernandes

O Mar do Sul da China foi, mais uma vez, objeto de


rusgas diplomáticas. Após embarcações de pesquisa
chinesas passarem uma semana, sem permissão, na Zona
Jose Rizal (FF-150) foi comissionada. Mesmo com os
diversos acordos entre as partes, inclusive de cooperação
conjunta nesta região marítima, as violações chinesas
Econômica Exclusiva filipina na região do “Reed Bank”, nas águas filipinas têm minado essa parceria. Em 2016,
outro navio do mesmo tipo foi identificado, dessa vez a mesmo com parecer favorável da Corte Permanente de
apenas 50 milhas náuticas da costa filipina. A respeito Arbitragem à Manila, declarando que Pequim não tem
dessas ações, o Vice-Almirante, comandante da Marinha direitos históricos nas áreas reivindicadas, o governo
do país, Giovanni Bacordo, declarou que Pequim estaria chinês não aceitou a decisão e permanece agindo na
provocando Manila a “disparar o primeiro tiro”. região.
O Reed Bank é um monte submarino de topo É complexa a disputa por soberania quando a
plano próximo das Ilhas Spratly, com cerca de 8.866 economia filipina depende em grande parte dos
quilômetros quadrados de extensão e até 45 metros de investimentos de Pequim; assim, após as questões
profundidade; é rico em depósitos de óleo e gás cuja no Reed Bank, o presidente filipino declarou que “os
exploração, apesar de iniciada na década de 1970, vem chineses possuem as armas; nós, não” salientando a
sofrendo impedimentos acerca das disputas territoriais necessidade de acalmar os ânimos. Não obstante, no
entre os países do entorno, especialmente a China. retorno após o RIMPAC 2020, as Marinhas das Filipinas,
Nos últimos anos, com a “linha de nove traços” chinesa, Brunei e Estados Unidos realizaram um exercício naval
disputas como essas têm sido cada vez mais frequentes trilateral. Apesar dos esforços para minimizar quaisquer
na região. Assim, em 2006, a Marinha filipina lançou o prejuízos econômicos, num possível enfrentamento com
Strategic Sail Plan 2020, declarando que até o ano de a China, o Tratado de Defesa Mútua celebrado em 1951
2020 seria “uma Marinha forte e confiável da qual nossa entre os Estados Unidos e as Filipinas, demonstram que
nação marítima possa se orgulhar”. No entanto, apenas Manila não está sozinha.
em julho deste ano, a primeira fragata multipropósito BRP

Fonte: Global Nation

14
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
ÁRTICO & ANTÁRTICA

Reestruturação do Programa Antártico Argentino: políticas de fortalecimento de suas


reivindicações
Gabriele Hernandez

E m entrevista a um programa de rádio no início de


setembro, o governador da província argentina da
Terra do Fogo, Antártica e Ilhas do Atlântico Sul, Gustavo
a administração do programa antártico de um Estado na
cidade que serve de ponto de partida para a Antártica,
não só pela facilidade logística e pelo maior controle,
Melella, afirmou que o país trabalha para recuperar mas também como ponto estratégico que reforça a
sua enfraquecida política antártica, referindo-se aos importância da Antártica para aquela região e vice-versa.
dois projetos de lei enviados pelo presidente Alberto Mesmo em espectros políticos distintos, os presidentes
Fernández e aprovados por unanimidade em julho pelo Sebastián Piñera e Alberto Fernández reforçam como a
Senado. O primeiro propõe a criação do Conselho Antártica é um projeto de Estado para seus respectivos
Nacional de Assuntos Relacionados às Ilhas Malvinas, países, tendo em vista o xadrez estratégico que é o Sexto
Georgia do Sul e Ilhas Sandwich do Sul e espaços Continente.
marítimos circundantes, encabeçado pelo presidente, a
fim de reforçar sua soberania sobre tais regiões, que se
encontram sob domínio britânico. O segundo estabelece
uma nova demarcação do limite exterior da plataforma
argentina para além das 200 milhas, estendendo-o até o
território antártico reivindicado pelo país, coincidindo
com porções reivindicadas por Chile e Reino Unido.
A extensão da plataforma argentina na Antártica
causou desconforto com os chilenos, resultando em uma
nota diplomática enviada de Santiago contestando o
pleito, sob acusações de ser uma medida unilateral tomada
pelos argentinos. Ambos os países nunca concordaram
quanto ao território antártico reivindicado por cada um,
mas reconhecem mutuamente seus direitos soberanos à
Antártica, em oposição ao reclame britânico.
Outra medida anunciada pelos argentinos foi o
planejamento e remanejo de verbas destinadas à criação
de uma base naval integrada e polo logístico antártico
em Ushuaia. O projeto divide-se em três estágios, sendo
1) a construção de um píer com capacidade de atracar
embarcações quebra-gelo; 2) a construção de alojamentos
tendo em vista o crescente número de militares que se
instalarão na região; e, 3) realocação da base naval de
Ushuaia e outras instalações relacionadas.
O Instituto Antártico Argentino será remanejado
para Ushuaia, de modo semelhante ao que o Chile fez
remanejando o seu para Punta Arenas. É interessante ter Fonte: Biobio Chile

15
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
ARTIGOS SELECIONADOS & NOTÍCIAS DE DEFESA

►► Japan’s Geopolitical Balancing Act Just Got Harder


PROJECT-SYNDICATE, Minxin Pei

►► China’s Trial by Fire


GEOPOLITICAL FUTURES, Phillip Orchard

►► Reckoning With a Resurgent Russia


CARNEGIE ENDOWMENT, Andrew S. Weiss, Eugene Rumer

►► Nuclear Weapons: It’s Time for Sole Purpose


THE NATIONAL INTEREST, Steven Pifer

►► India, the G20 and an African agenda


GETAWAY HOUSE, Rajiv Bhatia

►► Europe’s China weak spot: Germany


POLITICO, Jakob Hanke Vela

►► Capacity Building Must be a Focus as Sea Piracy Expands


THE MARITIME EXECUTIVE, Prof. Brandon Prins

►► The Polar Security Cutter’s Capabilities Must Match Its Name


U.S. NAVAL INSTITUTE, Liutenant Commander Bill Rogers

CALENDÁRIO GEOCORRENTE

SETEMBRO OUTUBRO
24-25 07-08
Reunião Especial do Cúpula Global de
Conselho Europeu Inteligência Artificial (Riad,
Arábia Saudita - Virtual)

12-18 Reunião do FMI,


Washington D.C.

15-16 Reunião
Europeu
do Conselho

17 Eleições legislativas na
Nova Zelândia

18 Eleições
Bolívia
presidenciais na

18 Eleições
Guiné
presidenciais na

25 Plebiscito do Chile para


uma nova Constituição

31 Eleições presidenciais da
Costa do Marfim

16
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
REFERÊNCIAS

• Mike Pompeo visita América do Sul para pressionar • No mar e em terra: a problemática humanitária da
saída de Maduro Líbia
SHIFTER, Michael; PACHECO, Daniel. Elecciones en EEUU y laa UN chief urges Libya to shut migrant detention centers. Al-Monitor, 04
relación con Colombia. The Dialogue, 15 set. 2020. Acesso em: 18 set. set. 2020. Acesso em: 04 set. 2020.
2020. UN agency says 2 dozen migrants presumed dead after boat capsizes
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Secretary Michael R. Pompeo And near Libya. Al Arabiya, 15 set. 2020. Acesso em: 17 set. 2020.
Colombian President Ivan Duque After Their Meeting. Departamento de
Estado, 19 set. 2020. Acesso em: 19 set. 2020. • A modernização naval do Turcomenistão
BATYROV, Azamat. Turkmenistan Set To Modernize Its Marine Fleet
• Peru ante uma conjuntura de crises plurais: With Russian Support. Caspian News, 15 ago. 2020. Acesso em: 15 ago.
antagonismos políticos e mineração ilegal 2020.
Minería ilegal en Amazonía peruana frena pero aún vive incluso con MUZALEVSKY, Roman. Turkmenistan’s Naval Plans: Promoting its
cuarentena. Gestión. 08 jul. 2020. Acesso em: 18 set. 2020.AGENCIAS. Maritime and Energy Interests. The Jamestown Foundation, 16 fev. 2020.
Congreso de Perú rechaza por amplia mayoría el pedido de vacancia Acesso em: 17 set. 2020.
contra el Presidente Martín Vizcarra. La Tercera. 19 set. 2020. Acesso
em: 19 set. 2020. • Japão e Índia: Estreitamento de laços
Japan, India sign military supply-sharing pact. The Mainichi, 10 set. 2020.
• A falta de aprovação do FY21 e a classe Columbia Acesso em: 15 set. 2020.
LARTER, David B.; GOULD, Joe. Budget Dysfunction Threatens Delays REJ, Abhijnan. India and Japan Signs Military Logistic Agreement for all
to US Navy’s Columbia Program. Defense News. 3 set. 2020. Acesso to see. The Diplomat, 12 set. 2020. Acesso em: 16 set. 2020.
em: 17 set. 2020.
O’ROURKE, Ronald. Navy Columbia (SSBN-826) Class Ballistic • Departamento de Defesa dos EUA divulga novo
Missile Submarine Program: Background and Issues for Congress. relatório sobre o poder militar chinês
Congressional Research Service. 08 set. 2020. Acesso em: 17 set. 2020. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Military and Security Developments
Involving the People’s Republic of China 2020. Departamento de Defesa,
• Controle de Mocímboa da Praia: avanço insurgente 2020. Acesso em: 13 set. 2020.
no norte de Moçambique ERICKSON, A. Breaking Down the Pentagon's 2020 China Military Power
Cabo Ligado: Mozambique Conflict Observatory. ACLED DATA. Acesso Report: A Quest for PLA Parity?. The National Interest, 02 set. 2020.
em: 19 set. 2020. Acesso em: 18 set. 2020.
Des djihadistes s’emparent de deux îles dans l’océan Indien. TDG
Monde, 12 set. 2020. Acesso em: 19 set. 2020. • Índia e Rússia reforçam parceria estratégica
CHAUDHURY, D. Roy. India, Russia plan to build maritime partnership
• Aproximação de Taiwan do nordeste africano including ship-building industry. The Economic Times, 22 ago. 2020.
pressiona a diplomacia da China continental Acesso em: 15 set. 2020.
DE FAZIO, Megan Iacobini. Somalilândia: democracia por si só não Narendra Modi launches 'Act Far East' policy: Here is all you need to
basta. El País Brasil, 31 jan. 2018. Acesso em: 17 set. 2020. know about proposed new trade ties with Russia. First Post, 06 set. 2020.
ZHENG, Sarah e LO, Kinling. How Taiwan found a new African friend in Acesso em: 15 set. 2020.
Somaliland. South China Morning Post, 16 ago. 2020. Acesso em: 15 set.
2020. • Novas tensões no Mar do Sul da China: Manila versus
Pequim
• Alemanha anuncia estratégia para o Indo-Pacífico MANGOSING, Frances. Chinese research vessel encroaches into PH
HEYDARIAN, Richard. Germany wades into the Indo-Pacific fray. Asia waters anew. Inquirer, 18 set. 2020. Acesso em: 19 set. 2020.
Times. 05 set. 2020. Acesso em: 17 set. 2020. ROBLES, Raissa. South China Sea: Philippine navy chief warns of
REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA. “Germany – Europe – Asia: Chinese ‘provocation’. South China Morning Porst, 10 ago. 2020. Acesso
shaping the 21st century together”: The German Government adopts em: 19 set. 2020.
policy guidelines on the Indo-Pacific region. Escritório de Relações
Exteriores, 01 set. 2020. Acesso em: 17 set. 2020. • Reestruturação do Programa Antártico Argentino:
políticas de fortalecimento de suas reivindicações
• O Comando Espacial da França BELMAR, Jonathan Flores. Senado argentino apruebaproyectos sobre
GUILLEMARD, Véronique. L'armée de l'Air et de l'Espace. Le Figaro. 26 soberaníaen Malvinas y la Antártica. Biobiochile, 24 jul. 2020. Acesso
jul. 2019. Acesso em: 17 set. 2020. em: 05 set. 2020.
MACKENZIE, Christina. French Air Force changes name as it looks to LUZZANI, Telma. GobernadorMelella: "En 2015 Argentina perdió su
the stars. Defense News. 16 de set. 2020. Acesso em: 17 set. 2020. política antártica y ahora trabaja para recuperarla". Sputnik News, 15 set.
2020. Acesso em: 19 set. 2020.
• As dinâmicas do acordo entre Bahrein e Israel
REUTERS. Israel 'normalisation': Is Saudi Arabia softening its stance? Al
CAPA:
Jazeera, 16 set. 2020. Acesso em: 17 set. 2020. Projeto do novo submarino da classe Columbia.
Liebermann, Oren. Two Gulf nations recognized Israel at the White Por: General Dynamics
House. CNN, 16 set. 2020. Acesso em: 17 set. 2020.

17
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020
MAPA DE RISCOS

O mapa intitulado “10 Principais Riscos Globais”,


exposto na página 03 deste Boletim, foi
elaborado pelos integrantes do Núcleo de Avaliação
Devido ao aumento do número de casos
(infectados, internados e mortos) relacionados à
COVID-19, houve uma adaptação na análise do
da Conjuntura da Escola de Guerra Naval. Os cenário. Dessa forma, elaborou-se um mapa à parte,
critérios utilizados para analisar os fenômenos com os 10 países com maior número de infectados, e
internacionais e determinar quais devem constar no os países com maior número de infectados na África e
mapa se baseiam na relevância destes para o Brasil, na Oceania de acordo com o último relatório da OMS
sendo eles: presença de brasileiros residentes na divulgado até a data deste boletim. Dessa forma, os
região, influência direta ou indireta na economia países foram divididos em vermelho e laranja de
brasileira e impacto no Entorno Estratégico brasileiro. acordo com o número de casos totais.
Ademais, serão considerados os interesses dos As análises são refeitas a cada edição do Boletim,
membros permanentes do Conselho de Segurança das com o objetivo de reavaliar e atualizar as regiões
Nações Unidas. Após a seleção dos fenômenos, estes demarcadas, bem como a cor utilizada em cada um.
são categorizados em alto risco (vermelho) ou médio Desta forma, são sempre observados 10 principais
risco (laranja), seguindo parâmetros que refletem a fenômenos, distribuídos em alto e médio risco.
gravidade do risco: quantidade de vítimas, relevância Abaixo, encontram-se links sobre os riscos apontados
dos atores envolvidos, impacto na economia global e no mapa:
possibilidade da escalada de tensões.
► ALTO RISCO:

• IÊMEN — Guerra civil e crise humanitária: SAUDI-LED coalition attacks Houthi positions in Yemen‘s
Sanaa. Al Jazeera, 13 set. 2020. Acesso em: 20 set. 2020.

• LÍBIA — Escalada da guerra civil: Libya’s GNA Chief Fayez al-Sarraj says ready to step down. Al
Arabiya, 18 set. 2020. Acesso em: 20 set. 2020.

• LÍBANO — Crise estrutural: US sanctions Lebanese allies of Hezbollah for first time. Al Jazeera, 09 set.
2020. Acesso em: 20 set. 2020.

• VENEZUELA — Crise estrutural:VENEZUELA: UN Inquiry Finds Crimes Against Humanity. Eurasia


Review, 17 set. 2020. Acesso em: 20 set. 2020.

• BELARUS — Crise política e tensões com o bloco europeu: BELARUS protests: Opposition icon, 73,
among hundreds detained in Minsk. BBC, 20 set. 2020. Acesso em: 20 set. 2020.

• MOÇAMBIQUE — Conflito entre governo e forças insurgentes: Crisis in Mozambique: South Africa to
intensify efforts of support. The South African, 02 set. 2020. Acesso em: 08 de set. 2020.

► MÉDIO RISCO:

• MEDITERRÂNEO ORIENTAL — Aumento das tensões entre Grécia e Turquia: Turkey says may
resume talks with Greece, warns against EU sanctions. Al Arabiya, 20 set. 2020. Acesso em: 20 set. 2020.

• MAR DO SUL E DO LESTE DA CHINA, HONG KONG & TAIWAN — Avanço chinês sobre as
regiões: CHINA’S rejection of Taiwan buffer zone raises risk of clash. The Japan Times, 21 set. 2020. Acesso
em: 22 set. 2020.

• FRONTEIRA SINO-INDIANA - Impasse na ALC: China and India Pledge to Ease Tensions After Border
Clashes. The New York Times, 11 set. 2020. Acesso em: 20 set. 2020

• SÍRIA - Tensões na região de Idlib: UN calls on Turkey to investigate possible war crimes in northern
Syria. Middle East Eye, 18 set. 2020. Acesso em: 22 set. 2020.

18
BOLETIM GEOCORRENTE • ISSN 2446-7014 • N. 125 • Setembro | 2020

Você também pode gostar