Transdisciplinaridade e Decolonialidade
Transdisciplinaridade e Decolonialidade
Transdisciplinaridade e Decolonialidade
net/publication/302983485
Transdisciplinaridade e decolonialidade
CITATIONS READS
16 307
1 author:
Nelson Maldonado-Torres
Rutgers, The State University of New Jersey
62 PUBLICATIONS 1,371 CITATIONS
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Nelson Maldonado-Torres on 29 June 2017.
e decolonialidade*
A
formação dos chamados estudos interdisciplinares na academia suscita, há
várias décadas, uma observação esquizofrênica. Por um lado, no melhor dos
casos, se lhes concede que respondam à necessidade de usar várias discipli-
nas para entender uma área ou um problema; por outro, são questionados por não
apresentarem um método específico. Como o método tem sido a marca definidora
da racionalidade científica, a aparente ausência do mesmo faz com que os espaços
interdisciplinares sejam concebidos como espaços menos racionais e rigorosos que
os fornecidos pelas disciplinas. O dito de que os espaços interdisciplinares necessi-
tam de disciplinas fortes, embora o oposto não seja necessária e igualmente certo,
aponta para o caráter secundário das interdisciplinas. Este artigo tentará demons-
trar três pontos principais:
As “disciplinas acadêmicas” têm uma raiz muito forte na universidade ocidental mo-
derna. A universidade ocidental, com suas disciplinas e ramos do conhecimento, é
uma instituição com transformações relativamente lentas e baseia sua legitimidade
em processos históricos de alta envergadura e longa duração, a exemplo do surgi-
mento de uma linha de demarcação entre a revelação ou a fé religiosa e o conheci-
mento secular. Um dos argumentos mais amplos que se avança neste artigo é o de
que a universidade ocidental e as disciplinas acadêmicas não só refletem a formação
do mundo dividido pela linha secular entre o chamado religioso e o âmbito público e
do Estado-nação, senão que também refletem o que pode ser chamado – seguindo
W. E. B. Du Bois – uma “linha de cor”, também de larga duração, entre o mundo
europeu tipicamente aludido pela categoria de humanitas e pelas humanidades e o
mundo de comunidades colonizadas e desumanizadas tipicamente aludidas com o
conceito de anthropos. Nesta aproximação somo-me a outros estudiosos e teóricos
da Modernidade ocidental e suas formas de conhecimento (Wynter, 1984; 1990;
1991; 2003; Mignolo, 2011; Nishitani, 2006).
Outro ponto chave é que a consideração própria dos desafios epistemológicos que
emergem desde a zona do não ser do anthropos requerem e demandam a supera-
ção dos limites das disciplinas. É aqui onde encontramos com maior clareza exem-
plos de transdisciplinaridade decolonial. Começo, pois, com uma análise do signifi-
cado de uma das expressões mais relevantes e de maior alcance no século passado:
o surgimento dos estudos étnicos a partir dos protestos da Frente de Liberação do
Terceiro Mundo (Third World Liberation Front), na Universidade do Estado da Cali-
fórnia em São Francisco (California State University at San Francisco) e na Universi-
dade da Califórnia em Berkeley. Para elaborar o significado dos estudos étnicos e da
proposta de transdisciplinaridade decolonial que oferecem, recorrerei a um diálogo
com várias figuras no campo da filosofia e da teoria, entre elas Frantz Fanon, Sylvia
Wynter, Jürgen Habermas e Michel Foucault, os quais trabalham com o tema do
conhecimento. Suas abordagens sobre a Modernidade servem de referência para
considerar as diferenças entre Modernidade/colonialidade e decolonialidade, e en-
tre disciplina moderna e transdisciplinaridade decolonial.
O conceito de etnicidade foi o ponto de consenso, por assim dizer, entre adminis-
trações universitárias que resistiam à ideia de estudos do “Terceiro Mundo” ligados
a movimentos de empoderamento de comunidades convertidas em minorias e os
movimentos estudantis que lutaram pela criação de espaços dedicados ao estudo
do pensamento decolonizador ao final da década de 1960 e princípio dos anos 1970.
Mesmo que para as administrações em questão o “étnico” fosse mais fácil de admi-
tir que o racial ou o decolonial em uma universidade de corte liberal, os movimentos
da juventude aproveitaram para apresentar um ponto crucial: as desigualdades hie-
rárquicas no Estado-nação moderno baseadas nas hierarquias de raça continuavam
sob o manto do discurso sobre etnicidade. Já na segunda metade do século XX, mais
importante do que um nome específico para se referir a formas de desumanização
que constituem o Estado moderno é o tema de que as diferenciações se ocultem em
expressões aparentemente neutras e descritivas como etnicidade. Neste sentido há
Vistos de fora e com as lentes das ciências europeias, estes espaços disciplinares de-
coloniais aparecem de forma limitada e desvirtuada. São considerados usualmente
como áreas parcializadas e derivativas fundadas em assuntos de identidades (iden-
tity-based fields) com relevância limitada e parcial, cujos compromissos desafiam a
objetividade necessária das ciências. Tanto por suas áreas de enfoque como pelos
problemas que estuda e pela composição atual de seus investigadores e estudantes,
os estudos étnicos não só se apresentam ante esta mirada como um campo sem
método, mas também como área com cor. Cor, para a consciência moderna, repre-
senta não só a ausência de disciplina, senão a falta de capacidade racional e a pre-
sença de emoção, particularmente na forma de paixão, de entusiasmo, de ressenti-
mento e de ira que não se pode superar. Assim, sob esta perspectiva, resulta que o
método e a disciplina estão ausentes onde seriam precisamente mais necessários:
nos espaços que não só se identificam com a cor, senão que surgiram pela atividade
de comunidades de cor, o que os faz mais suspeitos pois não parecem remeter a
imperativos racionais internos ao mundo acadêmico ou moderno ocidental.
A guinada secular humanista que estabelece a linha entre o secular e o religioso res-
ponde criticamente aos limites e excessos do imaginário escolástico e de sua divisão
binária entre religião verdadeira e religião falsa, e não se opõe, até mesmo se nutre
do novo tipo de diferença de caráter ontológico que surge à margem deste imagi-
nário. A linha secular que desloca a linha teológica escolástica fica assim marcada
por uma linha ontológica que estava começando a surgir à margem da escolástica.
O encontro mais dramático e o momento crucial de fusão entre estas linhas se dará
no chamado “descobrimento” das Américas.
A convivência entre a linha secular e a linha ontológica na Modernidade faz com que
a consciência e a atitude do sujeito moderno não só sejam em grande medida libe-
ral, tolerante e hiper-racionalista, mas também, para dizer de uma maneira direta,
racista. O problema fundamental do humanismo, das artes liberais e das ciências
europeias é que esses se constroem sobre e procuram fortalecer o desfecho secular
e a linha divisória entre o secular e o religioso, porém não assumem sua partici-
pação na produção da linha ontológica entre moderno-colonial ou na forma em
que se enriqueceram ou se enriquecem com ela. Por isso mesmo, as disciplinas da
universidade europeia moderna podiam e podem conviver com e ajudar a produzir
a invisibilidade, a marginalização e a patologia de comunidades racializadas e colo-
nizadas, de suas obras e produtos. Isto faz também com que os métodos e as pres-
suposições dessas disciplinas não só operem dentro dos limites e das fronteiras da
linha secular, mas que desempenhem um papel crucial na redução dos problemas
Vistas desde a abertura epistêmica dos estudos étnicos, as ciências modernas oci-
dentais aparecem como forjadas por uma linha divisória epistemológica, a qual é
também uma linha que ajuda a estruturar a esfera do poder e a produção de sentido
entre o que se considera como secular e o que se entende como religião. Da mes-
ma forma, e simultaneamente, essas ciências jogam um papel crucial na criação e
manutenção de uma linha de diferenciação ontológica entre a zona do ser e a zona
do não ser. Enquanto a linha secular responde ao “fato do pluralismo”, a linha onto-
lógica responde ao que poderia ser chamado de “fato da desigualdade humana” tal
e qual foi tematizado no contexto da expansão imperial moderna europeia. O “fato
da desigualdade humana” é uma forma de expressar o convencimento de europeus
acerca de seu pertencimento a um modelo superior de humanidade do qual outros
sujeitos e comunidades inferiores não participam. Este aparente “fato” faz com que
a colonização do não europeu suponha não somente a exploração, senão também a
desumanização dos colonizados, o que cria um novo fato que começa a se cristalizar
sobre todo colonizado: “o fato da desumanização”. Os estudos étnicos surgem como
resposta crítica ao “fato da desumanização” e para isso o identificam com o conceito
da linha de cor, a qual se pode entender como a linha ontológica moderno-colonial.
A análise das artes liberais e das ciências europeias que apresento explica, em parte,
porque algumas das primeiras intervenções sobre a necessidade dos chamados es-
tudos étnicos colocavam a necessidade de criar não departamentos ou programas
de estudos étnicos em faculdades de arte liberais ou de humanidades e ciências
(school of liberal arts, college of arts and sciences), senão faculdades do Terceiro
Mundo (Third World colleges). Foi justamente isto que o grupo de estudantes, em
sua maioria não nacionais e de cor da Universidade do Estado da Califórnia em
São Francisco (California State University at San Francisco) e da Universidade da
Califórnia em Berkeley exigiram para finalizar o que foram os protestos estudantis
mais longos na história da universidade nos Estados Unidos (Rojas, 2007; Summers
Sandoval, 2013). A maioria dos estudantes estava aliada a diversos grupos de estu-
dantes de cor e se autodefiniram como Frente para a Liberação do Terceiro Mundo
(Third World Liberation Front).
A atitude decolonial
A atitude moderna toma várias configurações, porém estão relacionadas a uma for-
ma de localizar-se no tempo e, portanto, na história. É, por um lado, “uma atitude
que permite apreender o que há de heroico no momento presente”, assim como
uma atitude histórico-crítica, que leva ao que Foucault chama de uma “ontologia
crítica de nós mesmos” (Foucault, 1994: 9).
O que chamo aqui de atitude decolonial encontra suas raízes nos projetos insurgen-
tes que resistem, questionam e buscam mudar padrões coloniais do ser, do saber e
do poder (Maldonado-Torres, 2007a, 2007b). Durante a chamada época da ilustra-
ção europeia, esta atitude era parte de uma guinada mais ampla, quando a ideia e a
tarefa da decolonialidade do ser, do poder e do saber adquiriu um estatuto de proje-
to político internacional. Isto se deu talvez de forma mais clara e contundente com a
Revolução Haitiana. A Revolução Haitiana pode ser vista como ponto chave da “gui-
nada decolonial” que impactaria em toda a região do Caribe e que inspiraria proje-
tos de emancipação radicais até os nossos dias (Maldonado-Torres, 2011). Frente
a um contexto onde sujeitos negros deparavam-se com uma alienação perfeita das
dimensões do ser e do significado (imagens e caracterizações do negro como bes-
tial), do saber (tipologias sobre o lugar do negro no “sistema da natureza”) e do po-
der (a escravidão naturalizada), há o levante de uma revolução de “negros” em uma
colônia que não somente teve a audácia de se rebelar, como também seus sujeitos
se tornam autoconscientes do significado revolucionário amplo de seu próprio le-
vante. Isto contrasta com a impossibilidade que os europeus teriam em conceber a
Revolução Haitiana como uma revolução político-epistêmica em sentido estrito, tal
e como viam a Revolução Francesa, pois o paradigma imperante não admitia que
os negros tivessem desejos de emancipação (ver Trouillot, 2015). Assim, para eles,
a Modernidade como projeto aparece como produtora de racismo e colonialismo e
a Revolução Haitiana obtém o significado de uma forma distinta de ilustração: uma
ilustração primeiramente preocupada como tema da igualdade da espécie humana
e com a tarefa política, epistêmica e criativa da decolonização (Firmin, 2002: 221).
Quer dizer: trata-se de uma ilustração que tem por objetivo a superação da colonia-
lidade do poder, do conhecer e do ser.
Fanon conclama que se leve a sério o papel que o colonialismo e o racismo antine-
gro têm desempenhado na formação da subjetividade moderna.
Quando Fanon fala dos efeitos da “presença das raças negra e branca”, o que faz é
reconhecer a presença da linha ontológica colonial na Modernidade. Esta linha é a
linha de cor, tal qual W. E. B. Du Bois havia identificado no princípio do século XX
(Du Bois, 2007: 15). A Modernidade é vista a partir das dicotomias antigo/moderno,
tradição/razão ou religião/ilustração que surge a partir da linha secular. Foucault
questiona a aplicabilidade destes termos para falar de períodos históricos bem de-
finidos e das teleologias que os contém, porém que se mantém dentro de seus li-
mites. Fanon muda os termos da análise ao propor a dicotomia branco/negro como
Fanon lança a pergunta sobre o “problema do negro” e o que encontra são “dezenas
e centenas de páginas” que desviam o olhar para todas as direções, menos para
aquelas que dão atenção ao próprio problema. Na tradição de Aimé Césaire e Lewis
Gordon, poderíamos chamar as formas de conhecimento presentes nestas “dezenas
e centenas de páginas” como decadentes (Césaire, 2006; Gordon, 2007). Fanon tem
em conta o texto de Césaire, onde este chama da civilização europeia de decadente.
A decadência em Césaire está relacionada a esse mesmo poder sobre o qual comen-
ta Fanon: “uma civilização que se mostra incapaz de resolver os problemas que seu
funcionamento suscita é uma civilização decadente” (Césaire, 2006: 13). Césaire
aprimora sua contribuição ao escrever:
Fanon começa Pele negra, máscaras brancas chamando a atenção para um fenô-
meno relacionado: a evasão do problema de cor. Porém, onde Césaire vê deca-
dência, Fanon se aventura a diagnosticar imbecilidade. Obviamente, decadência e
Fanon não mede suas palavras frente ao que considera um comportamento que
legitima a desumanização. Vale a pena recordar aqui o ângulo de análise fanoniano
quando equipara a afirmação “Olhe, um negro!” com o insulto “Negro sujo!” (Fa-
non, 2009: 111). O Fanon de Pele negra, máscaras brancas confronta-se assim ao
que, seguindo a lógica consubstanciada no texto, se pode denominar a imbecilidade
disciplinadora moderno-ocidental; e a imbecilidade como atitude moderna e liberal
nas “artes liberais”. Que as páginas que o oprimem sejam de caráter conservador
liberal ou de esquerda não muda muito o efeito no que tem a ver com confrontar
seriamente o “problema negro” e a relação intrínseca da Modernidade com este.
Nem o positivismo nem a crítica (critique) chegam a tocar o tema porque o negro
não é visto como suficientemente significativo para que desperte interesse pelo
conhecimento ou pela pergunta crítica, e quando o faz, o conhecimento e a crítica
tendem a proceder como se o negro não tivesse nada a dizer ou contribuir acerca
das estruturas, culturas, atitudes, disciplinas e métodos de estudo que o afetam.
Nem a observação conservadora ou liberal nem a crítica parecem chegar a captar
os problemas que se encontram na e desde a zona do não ser que Fanon tenta
apreender em seu texto.
Vemos, pois, que a Modernidade – para Fanon – aparece tanto como projeto que
envolve a criação e a reprodução da linha ontológica moderno-colonial, diferença
subontológica, ou linha de cor, como também enquanto geradora de uma atitude –
decadente, mesmo mais do que decadente, para Fanon, atitude imbecil – de escape
frente ao sério problema dos efeitos da linha ontológica moderno-colonial. Também
se trata de um sem número de reações afetivo-patológicas frente ao negro, que vão
desde o ódio até o desejo erótico. Essas são as atitudes principais que sustentam
e são elas mesmas produzidas pela linha ontológica moderno-colonial e pela zona
do ser e do não ser que criam. A colonialidade do ser se refere não tanto à forma
em que os sujeitos modernos se transformam em consumidores ou ficam presos à
lógica do capital. Este conceito pretende identificar com mais precisão as formas
em que a linha subontológica moderna se produz e reproduz as atitudes humanas
que jogam um papel crucial. É na esfera do desejo, da percepção e da atitude prin-
cipalmente que a colonialidade do ser se situa no sujeito e isto o leva a situar-se
não tanto como sujeito do consumo, senão como amo (senhor) natural e cidadão
legítimo da zona do ser ou escravo natural, um sujeito inferior que habita a zona do
não ser. A zona do ser colonial é posta como a zona da vida que requer ou implica
a morte ou a indiferença diante da morte na zona do não ser. No mundo moderno
antinegro, a cor da pele se converte na marca que servirá para localizar sujeitos e
povos em diferentes zonas. Assim, a naturalização da morte, o conflito, a desuma-
nização e a guerra são expressões primárias da colonialidade do ser. O mesmo se
A atitude decolonial
no projeto incompleto da decolonização
[...] é de bom tom preceder uma obra de psicologia por uma to-
mada de posição metodológica. Fugiremos à regra. Deixaremos os
métodos para os botânicos e os matemáticos. Existe um ponto em
que os métodos se dissolvem (Fanon, 2009: 11).
Desta posição é que podemos falar de uma atitude decolonial que suspende os mé-
todos e propõe um manejo de um método sem métodos.
Abstract: While interdisciplinary academic spaces have slowly but gradually spread through the
Western academy, their status is far from clear. They are often located within existing structures
that limit their scope. This is particularly true of spaces that not only engage in interdisciplinary
work, but that also seek to break with forms of epistemic racism that are part of the humanities
and the sciences. These areas are typically known as “ethnic studies,” including the studies of
indigenous peoples, as well as of racialized communities everywhere and their diasporas. In this
Referências
ANZALDÚA, Gloria. Borderlands/La frontera. San Francisco: Aunt Lute Books, 2012.
BUTLER, Johnella (Ed.) Color-line to bonderlands: the matrix of American ethnic stu-
dies. Seatlle: University of Washington Press, 2001.
DU BOIS, W. E. B. The souls of Black folk. Oxford: Oxford University Press, 2007.
DUSSEL, Enrique. 1492: El encubrimiento del otro: hacia el origen del “mito de la
modernidad”. La Paz: Plural Editores; Facultad de Humanidades y Ciencias de la Edu-
cación, Universidad Mayor de San Andrés, 1994.
FIRMIN, Anténor. The equality of the human races. Urbana: University of Illinois
Press, 2002.
FANON, Frantz. Piel negra, máscaras blancas. Madrid, Editorial Akal, 2009.
GORDON, Lewis. Disciplinary decadence: living thought in trying times. Boulder: Pa-
radigm Press, 2007.
HANKE, Lewis. All mankind is one: a study of the disputation between Bartolomé
de Las Casas and Juan Ginés de Sepúlveda in 1550 on the intellectual and religious
capacity of the American Indian. Illinois: Northern Illinois University Press, 1974.
HEIDEGGER, Martin. Being and time: a translation of Sein und zeit. Albany: State
University of New York Press, 1996.
————. Race, religion, and ethics in the modern/colonial world. Journal of Religious
Ethics, v. 42, n. 4, p. 691-711, 2014a.
MIGNOLO, Walter. The darker side of western modernity: global futures, decolonial
options. Durham: Duke University Press, 2011.
PAGDEN, Anthony. The fall of natural man: the American Indian and the origins of
comparative ethnology. Cambridge: Cambridge University Press, 1982.
ROJAS, Fabio. From Black Power to black studies: how a radical social movement
became an academic discipline, p. 45-92. Baltimore: Johns Hopkins University Press,
2007.
SCHMIDT, James. Habermas and Foucault. In: D’ENTRÈVES, Maurizio Passerin; BE�
NHABIB, Seyla (Eds.). Habermas and the unfinished project of modernity: critical es-
says on the philosophical discourse of modernity, p. 147-171. Cambridge: MIT Press,
1997.
SUMMERS SANDOVAL, Tomás Jr. Latinos at the Golden Gate: creating community
and identity in San Francisco. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2013.
TROUILLOT, Michel-Ralph. Silencing the past: power and the production of history.
Boston: Beacon Press, 2015.
TULLY, James. To think and act differently: Foucault’s four reciprocal objections to
Habermas’ theory. In: ASHENDEN, Samantha; OWEN, David (Eds.). Foucault contra
Habermas, p. 90-142. London: Sage Publications, 1999.
WYNTER, Sylvia. 1492: A New World. In: HYATT, Vera Lawrence; NETTLEFORD, Rex
(Eds.). Race, discourse, and the origin of the Americas: a New World view. Washing-
ton; London: Smithsonian Institute Press, 1995.
————. Columbus and the poetics of the propter Nos. Annals of Scholarship, v. 8, n.
2, p. 251-86, 1991.
YANG, Philip Q. Ethnic studies: issues and approaches. Albany: State University of
New York Press, 2000.