Tema - COMBATE A LGBTFOBIA
Tema - COMBATE A LGBTFOBIA
Tema - COMBATE A LGBTFOBIA
O QUE É LGBTFOBIA?
O termo LGBTfobia não é tão conhecido, já que outro é normalmente usado como sinônimo para
se referir ao ódio à população LGBT: a homofobia.
Tecnicamente, essa expressão refere-se apenas à hostilidade direcionada a homossexuais –
lésbicas e gays –, mas o termo se popularizou e é utilizado amplamente. Nesse sentido, Maria
Berenice Dias – presidente da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB –,
define a homofobia como o “ato ou manifestação de ódio ou rejeição a homossexuais, lésbicas,
bissexuais, travestis e transexuais”.
Mas e em relação aos outros termos que vem surgindo?
O Politize! já te explicou a importância de minorias LGBT conquistarem maior visibilidade.
É justamente por isso que grupos muitas vezes invisibilizados têm criado termos particulares para
designar as intolerâncias “específicas” que sofrem.
A LGBTFOBIA É CRIME?
Não é de hoje que essa discussão existe no Brasil. O primeiro projeto sobre o tema foi
apresentado no Congresso em 2001 como PL 5003/01 e tinha como objetivo determinar “sanções
às práticas discriminatórias em razão da orientação sexual das pessoas”.
Em 2006, esse projeto acabou se transformando no PLC 122/2006, apresentado pela então
deputada Iara Bernardi. O projeto buscava alterar a “Lei do Racismo” (Lei 7716/89) incluindo nela
a discriminação por “gênero”, “sexo”, “orientação sexual” e “identidade de gênero”.
Note que ao tratar sobretudo dos dois últimos pontos, a PLC 122/2006 não abrange apenas
homossexuais, mas também a outros grupos da comunidade LGBT. Com isso, o mais “correto”
seria tratá-lo como um projeto que criminaliza a LGBTfobia.
Segundo pesquisa feita pela ONG, a cada 20 horas, um(a) LGBT morre no Brasil por serem
LGBTs – ou seja, por conta da LGBTfobia. O grupo também registrou um aumento de 30% nas
mortes de LGBTs em 2017, quando 445 pessoas foram mortas, em relação a 2016, ano em que
343 mortes foram motivadas por LGBTfobia. Já em 2018 esse número caiu, mas ainda se
manteve alto, com 420 mortes.
Dentre as 445 vítimas de 2017, 387 foram assassinadas e 58 cometeram suicídio. A maior parte
dos assassinatos aconteceu em via pública (56%), mas uma grande parte (37%) ocorreu na casa
das vítimas, detalhe que indica que o crime teria sido realizado por conhecidos.
Das 445 vítimas de LGBTfobia registradas em 2017, 194 eram gays (43,6%), 191 trans (42,9%),
43 lésbicas (9,7%), 5 bissexuais (1,1%) e 12 heterossexuais (2,7%).
O fato de a questão LGBT aparecer cada vez mais nas mídias, por exemplo, aumenta a
visibilidade desse grupo e permite que diálogos sobre a LGBTfobia sejam iniciados. Com isso,
questionamentos sobre como combater a intolerância contra LGBTs tornaram-se mais comuns.
Uma das maneiras de combate à LGBTfobia é por meio de políticas públicas – instrumento que
possibilita aos governantes promover ações em busca da garantia de direitos de diversos grupos
da população. Entretanto, para que tais políticas públicas sejam efetivas, é necessário que o
Estado realmente compreenda o problema da LGBTfobia e tal compreensão só pode ser obtida
por meio de dados.
Como já foi mencionado, o Brasil falha em recolher informações sobre a realidade da sua
comunidade LGBT e isso resulta na impossibilidade de pensar políticas públicas para combater a
violência contra esse grupo.
Mesmo com essa deficiência na obtenção de dados, o Governo Federal tem buscado realizar
ações contra a LGBTfobia. Um exemplo famoso, e polêmico, foi o programa Brasil sem
Homofobia, lançado em 2004, que gerou a iniciativa Escola sem Homofobia. A ação constituía na
distribuição de um material didático que orientaria os professores na tarefa de educar alunos
sobre “valores de respeito à paz e à não-discriminação por orientação sexual”. Em 2011, quando
tal material estava prestes a ser lançado, a pressão de setores conservadores da sociedade
aumentou e o governo acabou desistindo de distribuir o que ficara conhecido como “kit gay”.
O principal argumento daqueles que eram contra a iniciativa era de que tal material incentivava a
homossexualidade, a promiscuidade e a sexualização de crianças. Já as pessoas que apoiavam
a distribuição do kit Escola sem Homofobia defendem que a educação é o caminho mais rápido
para o combate à LGBTfobia. O pedagogo Ricardo Desidério, por exemplo, afirma que “esse
material faz um recorte prático no que precisa ser trabalhado na escola hoje”.
Como já dito, a ideia do kit Escola sem Homofobia acabou sendo abandonada, mas isso não
significa que todas as formas de combate à LGBTfobia devem ter o mesmo fim.
https://www.politize.com.br/lgbtfobia-brasil-fatos-numeros-polemicas/