TCC NR-35

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CENTRO DE ENSINO MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE DO MARANHÃO

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

ELIANE ALVES FRAZÃO

CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-CRÍTICAS SOBRE A NR-35

SÃO LUÍS – MA
2020
ELIANE ALVES FRAZÃO

CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-CRÍTICAS SOBRE A NR-35

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


coordenação de Estágio do CEMP-MA como
requisito para a obtenção do título de Técnico em
Segurança do Trabalho.

SÃO LUÍS – MA
2020
IDENTIFICAÇÃO

DA EMPRESA

Razão Social: Centro de Ensino Médio e Profissionalizante do Maranhão – CEMP – MA.


CNPJ: 27.325.763/0001-69.
Endereço: Rua Rio Branco, n° 323, Centro.

DO ALUNO

Nome: Eliane Alves Frazão.


Curso: Técnico em Segurança do trabalho.
Turma/Turno: 01/14 Matutino.
Início e término da pesquisa: 11/10/2020 a 25/10/2020.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 5

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 7

2.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................................... 7

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................ 7

3 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................... 8

3.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE A NR 35 ...................................................................... 8

3.2 PRINCIPAIS ELEMENTOS DA NR-35 E PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO.......... 9

4 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 11

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 12
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1 INTRODUÇÃO

A partir da Revolução Industrial no século XVIII, a aparição de grandes e potentes


máquinas, principalmente as de vapor, permitiu que empresas de todos os cantos do mundo
iniciassem um ambicioso projeto de progresso material. Apesar de que o lado tecnológico e
mecânico vivesse uma grande ampliação, o lado humano, isto é, o trabalho braçal, físico,
continuou sendo importante – talvez, mais que nunca. Com mais e potentes máquinas, e mais
projetos de urbanização e transporte, o aspecto quantitativo de funcionários à serviço do
progresso também tendeu à expansão. Entretanto, o aspecto qualitativo, ou seja, a remuneração
dos trabalhadores e as condições para a execução dos seus serviços, continuaram sendo
altamente escassas.
Só depois de algumas décadas, devido à reivindicação em massa dos operários em
ocidente e a aparição de sindicatos formados pelos mesmos, que algumas leis, normas e decretos
surgiriam para proteger o bem-estar do trabalhador, tanto no aspecto econômico, como físico e
psicológico.
Na América Latina, continente ocidental em que as leis de segurança ao trabalhador se
encontram mais vulneráveis, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT),
aproximadamente 80% dos latino-americanos maiores de 18 anos já foram expostos a acidentes
físicos e /ou psicológicos devido às condições negativas de trabalho. Todavia com a OIT, estes
problemas causaram aos cofres públicos, em total, a assustadora cifra de US$76 bilhões de
prejuízo (OIT, 2003, apud CRUZ, 2013).
No caso específico do Brasil, é na construção civil onde ocorrem a maioria dos acidentes
laborais. Registra-se, só nesse cenário, o 49% dos acidentes, enquanto em Portugal, por
compararmos com um dos países europeus com um dos maiores índices negativos nesta área,
somente o 26%. (PAMPALON, 2013). Desses 49% de acidentes, 40% fazem alusão às quedas
de altura, o que faz esse tipo de contingência a mais frequente no nosso país (BRASIL, 2013).
Sendo assim, procurando reduzir o número de quedas de altura e sinistros em geral no
Brasil, surge a NR18 em 1978, que trata sobre as Medidas de Controle e Sistemas Preventivos
de Segurança nos Processos, nas Condições e no Meio Ambiente de Trabalho na Indústria.
Muitas vezes esta Norma Regulamentadora tem se atualizado, sendo 2020 a última até a
presente data. Não obstante, é com a NR35, ou seja, a Norma Regulamentadora que trata
especificamente sobre as condições do Trabalho em altura, que este problema iria sofrer uma
verdadeira atenção, a fim de visualizar e resolver o que pode ser feito para reduzir os dramáticos
números de acidentes e óbitos que esta prática trabalhista tem apresentado no Brasil.
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Dessa forma, nosso trabalho procurará, por meio do método bibliográfico documental e
exploratório in loco, entender e interpretar criticamente quais as nuances principais da NR-35,
desejando o encontro de elementos que possam ser revisitados e, consequentemente,
aprimorados.
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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

 Analisar criticamente os elementos mais significativos da NR35.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Apresentar teorias e teóricos que permitam entender a importância de regulamentos que


se importem com a segurança do operário;
 Apontar as eventuais falhas e omissões que a NR35 apresenta;
 Ilustrar algumas outras leis e normas regulamentadores em comparação com a NR35, a
fim de substanciar esta última com outras propostas úteis.
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3 DESENVOLVIMENTO

3.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE A NR 35

De acordo com Pampalon (2013), antes da criação da NR-35, as Normas


Regulamentadoras que visavam a proteção do trabalhador nas alturas eram tratadas na NR-34,
na NR-6 e NR-18. A primeira, que era a que tinha mais segmentos relacionado ao problema
que tratamos aqui, trata sobre o trabalho na exploração petrolífera fora da costa e de construção
de navios. Apesar de que nesse documento houvesse algumas prevenções ao respeito da
prevenção de quedas, estas se caracterizaram por uma superficialidade que não dava conta de
explicitar teórica e analiticamente o impasse do trabalho na altura, e muito menos solucioná-lo
por vias práticas. Já sobre a NR-18, esta dialoga diretamente com o tratamento de prevenção de
quedas, mas reduz seu corpus regularizador à construção civil; e, por fim, a NR-6 se cimenta
num tópico muito específico: os equipamentos de proteção individual.
Em base a isso, constatou-se, segundo, ainda, com Pampalon (2013), que os números
de acidentes e óbitos relacionados a quedas em altura no trabalho em decorrência de um
funcionamento técnico e humano negativo, proporcionou que não se pudesse esperar mais
tempo e ocorrências para a efetivação de uma Norma Regularizadora que tencionasse explanar
concretamente sobre a proteção do trabalhador nas alturas.
De acordo com o engenheiro paulistano, os setores mais críticos de mortes por
atividades em altura são:

Construção civil e reforma, plataformas de petróleo, estaleiros, corte e poda de árvore,


trabalhos em andaimes, serviço com escadas, serviço de manutenção e limpeza de
fachadas, serviços de manutenção e limpeza em telhados, serviços de carga/ descarga
ou manutenção em ônibus, trens e caminhões, depósito de materiais, trabalhos em
postes elétricos, trabalhos em taludes, entre outros. (PAMPALON, 2013, p. 21).

Como se vê na citação supracitada, muitos são os segmentos físicos de trabalho em que


o índice de acidente por mortes em altura é crítico. Assim sendo, não havia mais como atrasar
um documento que considerasse estabelecer requisitos de segurança para manobras complexas,
com maquinarias e técnicas de utilização destas, também, complexas.
Ainda assim, vale a pena ressaltar que a efetivação da NR-35 só fora possível devido a
dois fatos ocorridos em momentos distantes no tempo. O primeiro faz referência a 1977,
momento em que as Leis do Trabalho (CLT) entram em vigor, destacando-se, dentre elas, o
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Capítulo V, Título II, em que se salienta a importância de preservar a segurança e saúde do


trabalhador.
O segundo momento de destaque acontece no ano de 2010, quando o Sindicato dos
Engenheiros do Estado de São Paulo se reúnem no 1º Fórum Internacional de Segurança em
Trabalhos em Altura, a fim de debater e propor soluções para as adversidades da prática do
trabalho em altura.

Quanto ao procedimento de criação da Norma, este se iniciou em setembro de 2010,


quando foi realizado nos Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo o 1º
Fórum Internacional de Segurança em Trabalhos em Altura. Os dirigentes deste
sindicato, juntamente com a Federação Nacional dos Engenheiros, se sensibilizaram
com os fatos mostrados no Fórum e encaminharam ao MTE a demanda de criação de
uma norma especifica para trabalhos em altura que atendesse a todos os ramos de
atividade. O Ministério do Trabalho e Emprego submeteu a demanda à Comissão
Tripartite Paritária Permanente – CTPP, que deliberou favoravelmente. A Secretaria
de Inspeção do Trabalho criou em 06/05/2011, por meio da Portaria na 220, o Grupo
Técnico para trabalho em altura, formado por profissionais experientes, constituído
de representantes do Governo, Trabalhadores e Empregadores de vários ramos de
atividade, que se reuniram em maio e junho de 2011, produzindo o texto base da nova
NR. (BRASIL, 2014, s.d.).

A demanda é atendida pelo Ministério de Trabalho e, depois de dois anos de parceria


entre o Governo Federal com os Sindicatos e grupos técnicos das áreas interessadas, cria-se, no
27 de setembro de 2012, a primeira versão da NR-35.

3.2 PRINCIPAIS ELEMENTOS DA NR-35 E PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO

A NR-35 se preocupa com a organização, planejamento e execução que visem a


prevenção e a saúde dos trabalhadores que fazem, direta ou indiretamente, uso desta prática. O
trabalho em altura é considerado como toda atividade executada acima de 2,00m (dois metros)
do nível inferior, onde há risco de queda (BRASIL, 2014).
Segundo Redondo (2009), o trabalho nas alturas possui duas implicações essenciais: a
física e a mental. Tanto o aspecto corporal como o psicólogo dialogam entre si, fazendo que
uma esfera seja importante para a outra e vice-versa. Isto é, um operário com boa condição
física não poderá ter um desempenho positivo se sua saúde mental não estiver operante. Da
mesma forma, ainda que o operário tenha uma psique estável, o trabalho nas alturas exigirá dele
um esforço físico considerável, pelo que sem uma condição corpórea apta, dificilmente este terá
sucesso na sua diligência.
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Todavia, Redondo (2009) comenta que os trabalhos nas alturas mais usuais são os que
se referem a instalação, limpeza, manutenção e inspeção. Esses labores são realizados,
principalmente, por acesso por cordas. Isto supõe, ainda, uma problemática em questão de risco,
pois mesmo que a NR-35 não obrigue o emprego de um sistema de proteção fixa ou sistema de
linha de vida temporárias, sim informa que estes são os mais seguros. Sendo assim, recomenda-
se a utilização de acesso por cordas somente em casos em que a empresa não conte com os
sistemas mencionados previamente (BRASIL, 2014).
Nesse caso, surge um impasse que, ao nosso ver, deveria ser modificado em posteriores
reformulações da NR-35. Uma empresa não vai querer gastar mais que o necessário para a
proteção e saúde dos seus trabalhadores, pelo que, a não ser em contados casos, optará pelo
sistema de segurança mais barato, sendo, no caso da NR-35, o sistema de acesso por cordas.
Portanto, propomos como intervenção crítica no nosso TCC, a obrigatoriedade dos sistemas de
proteção fixa ou sistema de linha de vida temporárias.
Por fim, outro comentário crítico que gostaríamos de evidenciar tem relação com a
capacitação e treinamento dos operários que trabalham nas alturas. Segundo a NR-35, a
empresa tem a obrigação de fornecer aos empregados, mínimo, 8 horas de treinamento e
capacitação em carácter obrigatório, preferencialmente no horário regular de trabalho. Este
treinamento e esta capacitação devem atualizar-se a cada dois anos, buscando, em cada novo
update do treino, distintas problemáticas e técnicas que surgiram em relação às edições prévias
(BRASIL, 2014).
Não obstante, como comenta Klein (2015), esta parcela da NR-35 se mostra falha por
alguns motivos, sendo estes primordiais de revisitação para a aperfeiçoamento da norma. Para
a pesquisadora, o tempo mínimo de treinamento e capacitação exigido às empresas é muito
curto, podendo ser realizado em um só dia. O segundo transtorno faz alusão à parte teórica do
treinamento. Segundo ela, no Brasil, o setor civil ainda é carente de qualificação e alfabetização
por parte dos seus empregados, pelo que a efetivação da capacitação, seguindo estes arquétipos,
torna-se pouco ou nada eficaz para a maioria dos operários (KLEIN, 2015).
Sendo assim, faz-se necessário adaptar a NR-35 às características sócio-espaciais em
que está inserida, pois do contrário correrá o risco de não ser apreendida por aquele que pretende
atingir: o trabalhador das alturas.
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4 CONCLUSÃO

De acordo com o visto, a NR-35 surgiu com o intuito de corrigir uma das problemáticas
mais agudas do sistema de trabalho brasileiro: o número exorbitante de acidentes e óbitos nas
alturas. Segundo alguns dos pesquisadores que anteriormente mencionamos, como Pampalon
(2013), era necessário visualizar quanto antes as Normas regulamentadores que visavam a
proteção e saúde do trabalhador das alturas, para congregá-las e posteriormente ampliá-las e
discuti-las em uma norma regulamentadora só.
Para Souza (2014), que na sua monografia fez um estudo de caso sobre a implementação
da NR-35 em uma empresa de Criciúma, a norma regulamentadora em questão ainda possui
um carácter simbólico, ou seja, ainda não foi implementada com seriedade pelos órgãos
responsáveis. Além disso, conclui o seu texto afirmando que “do ponto de vista da
aplicabilidade prática, as condições permanecem semelhantes à de outras normas anteriores à
NR-35” (SOUZA, 2014, p. 37).
Portanto, é possível inferir, de acordo com as considerações de Souza e as nossas
proferidas no desenvolvimento deste trabalho, a aproximação dos órgãos do Ministério do
trabalho às empresas, a fim de que se verifique se estas estão realmente aplicando aquilo que é
imposto por lei; assim como revisitações periódicas ao documento da NR-35, buscando
preencher os espaços vazios e espaços pouco sólidos, tanto do ponto de vista jurídico como
prático, que caracterizaram as primeiras versões.
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REFERÊNCIAS

BRASIL. Norma Regulamentadora 35, 2014. Disponível em:


http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr35.htm. Acesso em 15 out. 2020.

CRUZ, Sybele Maria Segala. Apostila: Segurança na Construção Civil. UNESC, 2013.

KLEIN, Litiane. Planejar e capacitar. Proteção: Revista mensal de segurança do trabalho. Rio
Grande do Sul: Abril, 2015.

REDONDO, Jon. Prevención y seguridade em trabajos verticales. 3.ed. Madrid: Desnivel


ediciones, 2009.

SINDIENERGIA. Entrevista com o auditor do MTE Gianfranco Pampalon, um dos


criadores da NR 35, 2013. Disponível em:
http://www.sindienergia.org.br/noticia.asp?cod_not=1092. Acesso em 14 out. 2020.

SOUZA, Oclair José de. NR35 - uma breve análise. Monografia (Especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho). Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC,
43 f., 2014.

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