Tics DISFAGIA
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Federal
de Viçosa Coordenadoria de Educação
Aberta e a Distância
DISFAGIA
Disfagia
Reitora
Nilda de Fátima Ferreira Soares
Vice-Reitor
Demétrius David da Silva
Diretor
Frederico Vieira Passos
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Sumário
DEFINIÇÃO E PREVALÊNCIA 4
FISIOPATOLOGIA 4
CLASSIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO CLÍNICA DA 5
DISFAGIA
COMPLICAÇÕES 7
ASPECTOS NUTRICIONAIS 8
REFERÊNCIAS UTILIZADAS E RECOMENDADAS 10
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DEFINIÇÃO E PREVALÊNCIA
Derivado do grego dys (dificuldade) e phagein (para comer), o termo disfagia
denota impossibilidade ou dificuldade no processo de deglutição, decorrente
de anormalidades em estruturas ou movimentos da cavidade oral (MCHORNEY
e ROSENBEK,1998). Não se trata de uma doença, mas sim de um sintoma que re-
flete atraso na passagem de líquidos e sólidos da cavidade oral para o estômago,
podendo afetar as fases oral, faríngea ou esofágica da deglutição (ROSENTHAL
et al.,2006). A disfagia pode se manifestar como disfagia orofaríngea, em que há
incapacidade de iniciar a deglutição ou disfagia esofagiana na qual há perceptí-
vel dificuldade de passagem de líquidos e sólidos da garganta para o estômago
(ROFES et al.,2011).
!
A identificação precoce de pacientes idosos com risco de disfa-
gia, por meio de avaliações biomecânicas da deglutição, é de grande
importância para prevenção e tratamento de possíveis complicações
da disfagia, como pneumonia aspirativa e desnutrição e desidratação
(ROFES et al.,2011).
FISIOPATOLOGIA
A disfagia pode afetar as fases oral, faríngea ou esofágica da deglutição. A
fase oral ocorre voluntariamente a partir da introdução do alimento na cavidade
oral e envolve os processos de mastigação e captação do bolo alimentar, prepa-
rando o alimento para ser enviado à faringe (SONIES et al.,1988). A presença do
bolo alimentar na cavidade faríngea dá início à fase faríngea, que é involuntária
e reflexa. Para evitar aspiração laríngea do alimento, durante essa fase ocorre
apneia controlada pelo tronco cerebral, como forma de proteção das vias aé-
reas (ARDRAN e KEMP,1951; SONIES et al.,1988). A atividade motora esofágica
direciona o bolo alimentar do esôfago ao estômago, por meio da ação da gravi-
dade e da peristalse, caracterizando a fase esofágica da deglutição (ARDRAN e
KEMP,1951).
Todo esse processo é coordenado sistematicamente pelo sistema nervoso
central. Dessa forma, lesões cerebrais podem afetar o controle voluntário da de-
glutição e da mastigação e o transporte do bolo alimentar durante a fase oral
(ZALD e PARDO,2000). Lesões corticais podem produzir alterações no controle da
face, língua, lábios e peristalse faríngea (VEIS e LOGEMANN,1985). Alterações na
função cognitiva como concentração ou atenção seletiva decorrentes de lesões
cerebrais também podem afetar o controle da deglutição (ERTEKIN et al.,2001).
Grande comprometimento da deglutição pode ocorrer devido a lesões do tron-
co cerebral, alterando a sensibilidade oral, a elevação faríngea, o fechamento
glótico e a abertura da transição faringoesofágica (VEIS e LOGEMANN,1985).
Diversas alterações estruturais, que comprometem a progressão do bolo ali-
mentar, podem favorecer o surgimento da disfagia. Dentre as principais, des-
tacam-se aquelas decorrentes de tumores esofágicos, estenose esofágica pós-
-cirúrgica e divertículo de Zenker (CLAVÉ et al.,2004). Além disso, pode ser um
efeito colateral em pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos à
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!
As disfagias podem ser classificadas em disfagia de transferência
e de transporte. Na primeira, também chamada de orofaríngea, a di-
ficuldade reside na transferência do bolo alimentar da boca para a fa-
ringe e sua penetração pelo esfíncter superior do esôfago. Na disfagia
de transporte ou esofagiana, ocorre dificuldade na passagem do bolo
alimentar pelo corpo esofagiano (KAHRILAS e ERGUN,1994).
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COMPLICAÇÕES
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As complicações principais resultantes da disfagia, tanto a orofa-
ríngea quanto a esofagiana, são aspiração de sólidos ou líquidos e as-
piração do conteúdo gástrico para o trato respiratório durante a pas-
sagem de alimentos. Além disso, verifica-se redução do apetite, perda
de peso, desidratação, desnutrição, menor participação social em ati-
vidades gastronômicas, reduzindo a qualidade de vida (DEFABRIZIO e
RAJAPPA,2010).
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ASPECTOS NUTRICIONAIS
Os objetivos principais da terapia nutricional nos casos de disfagia são: es-
tabelecer a via de administração nutricional mais segura; adaptar a alimentação
oral ao grau de disfagia; prevenir complicações; alcançar o grau máximo de con-
sistência possível, conforme tolerância do paciente, e monitorar continuamente
os casos em que a alimentação por via oral não for possível, de forma a manter
ou recuperar o estado nutricional. É função do nutricionista definir as necessi-
dades nutricionais do paciente, realizando a prescrição dietética de acordo com
o nível de comprometimento da deglutição, estabelecendo o volume da dieta,
intervalo entre as refeições, consistência, temperatura, sempre respeitando as
preferências e aversões dos pacientes. A dieta deve ser planejada de forma a
facilitar a progressão conforme tolerância individual, bem como favorecer a in-
gestão nutricional e diminuir o risco de aspiração (RANGEL, 1998; KIRSTE et al.,
2003).
!
zados em três níveis de consistência: tipo néctar (líquido espessado,
tomado com ajuda de canudo ou diretamente no copo), tipo mel (pas-
toso fino, sem utilização de canudo) e tipo pudim (pastoso grosso, to-
mado com colher). Os alimentos sólidos podem ser classificados con-
forme a textura em: textura A (macio; alimentos naturalmente macios
ou cozidos ou cortados para modificação de textura), textura B (moído
e úmido; alimentos facilmente amassados com o garfo, podendo apre-
sentar grumos ou pedaços lisos e redondos) e textura C (purê homo-
gêneo e liso; alimentos lisos, homogêneos e sem grumos ou pedaços)
(NDD,2002).
Os pacientes com disfagia leve toleram bem texturas macias e deglutem lí-
quidos com segurança. Assim, devem evitar alimentos duros, crus, quebradiços
ou fritos em imersão. A dieta poderá ser progredida para dieta livre, conforme
tolerância e intercorrências (NDD,2002).
Nos casos de disfagia leve a moderada, os alimentos podem ser próximos à
textura normal, evitando-se alimentos duros e crocantes. Permite-se o consu-
mo de pães macios, papa de pão com leite, arroz bem cozido, polenta, caldo de
feijão, papa de biscoitos com leite ou chá, bolos macios, alface, carnes macias e
fragmentadas em pequenos pedaços. É importante evitar frutas e vegetais du-
ros, castanhas e sementes. Para os líquidos, avalie individualmente a viscosidade
a ser indicada (NDD,2002).
Na disfagia moderada, podem ser oferecidos alimentos úmidos e macios,
como vegetais cozidos, frutas macias e maduras, cereais umedecidos, ou seja,
alimentos que exijam o mínimo de mastigação. São excluídos pães, bolo seco,
queijo em cubos, milho e ervilha. Evita-se alimentos que esfarelam na boca e
com duas texturas pelo risco de engasgo. Todos os líquidos ralos devem ser es-
pessados com agente espessante comercial. Líquidos grossos, como sucos gros-
sos e derivados de leite sem espessante, podem ser oferecidos (NDD,2002).
Para a disfagia moderada a grave, a dieta deve consistir de purês homogê-
neos, alimentos coesivos e de baixa adesividade, como purê de vegetais e carne,
mingau de amido de milho, pudins, sorvetes, sopa de macarrão liquidificada,
vitamina de frutas espessada. Evita-se alimentos pegajosos ou que necessitem
de formação de bolo na boca. Recomenda-se dieta mecanicamente não irritante
e pobre em fibras. Todos os líquidos ralos devem ser espessados com agente
espessante comercial (NDD,2002).
Dessa forma, o tipo de dieta para o paciente disfágico deverá sofrer modifi-
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