Décio BAZIN Resumo

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MÉTODO BAZIN

Preste atenção leitor, porque isto é fundamental: mais de 95% das ações apregoadas nas Bolsas de
Valores de todo o mundo são negociadas não pelo que valem, mas por preços escandalosamente
falsos e sem nenhuma correspondência com valores intrínsecos. Esses 95% não dão renda
compatível com o preço. Mas, mesmo assim, as ações continuam sendo negociadas por valores
altos, porque sempre aparecem para comprá-las pessoas que esperam vendê-las por preços mais
altos ainda.
Quanto mais altos esses preços, menos intrinsecamente valem os papéis, porém mais compradores
aparecem para eles.

Preço Justo da Empresa


Preço justo = 16,6667 x dividendos anuais
Preço justo = 16,6667 x DY x Preço da Ação
Preço justo = 16,6667 x 0,0623 x Preço da Ação
Preço justo = 1,03833354 x Preço da Ação = 1,03833354 x 28,81
Preço justo = 29,91

Percebe-se que quanto mais próximo de 1 o que está em negrito (chamemos de índice de preço
justo IPJ), mais próximo estará do preço justo., o que aconteceria com o DY a 6%.

é sempre assim. A Análise Gráfica é tão conclusiva quanto as profecias de Nostradamus. Só


depois que os fatos acontecem é que os experts conseguem localizar o texto que os tinha vaticinado.

As coleções de jornais estão cheias de predições da Bolsa que jamais se confirmaram, mas mesmo
assim os profetas não tomam juízo e continuam profetizando.

APÓS O BOOM , O CRASH . PREVISÍVEL COMO A LUA


(Transcrito de BALANÇO FINANCEIRO, dezembro de 1987)

Boom é prenúncio de crash . A massa de dinheiro irresponsável que entra no mercado é tão grande
que as cotações sobem a níveis incontroláveis e atingem patamares que os profissionais logo
reconhecem como sendo irreais.
Para os verdadeiros profissionais, é tempo de colheita. Eles embolsam os seus lucros e se retiram
para uma distância prudente, deixando o campo aberto para a turba predatória. E a Bolsa vira
pandemônio.

Lembro-me de que como Investidor da Bolsa não foram muitas as ocasiões em que tive de vender
apressadamente minha participação em empresas, ao menor indício de trapaças.
Mas, se devido a alguma decepção tive de vender, vendi sem hesitar. Decisões desse tipo livraram-
me de muitos dissabores.

Na Bolsa, há muitos papéis que subiram demais e atingiram preços de colecionador. Custam muito
mais caro do que a prata em que estão cunhados. Não vejo por que ser dono desse tipo de papel.

Todo aquele que compra ação para ser remunerado pelos dividendos não deverá pagar mais do que
16,67 vezes o valor dos dividendos. Acima dessa proporção, obterá resultado financeiro melhor se
aplicar em títulos de renda fixa.
Há, porém, outros objetivos para comprar ações que não seja pelos dividendos. Esses objetivos são
quatro:
• Especular, comprando e vendendo para tentar ganhar em prazo curto.
• Adquirir uma reserva de valor como garantia contra a desvalorização da moeda.
• Melhorar a posição na companhia, para quem já é acionista.
• Comprar o controle da empresa.
Exemplo:
Convém comprar a ação de uma empresa cujo patrimônio líquido seja de 600 bilhões, que tenha o
capital dividido em 50 milhões de ações, que pague dividendos anuais de 480 por ação e cuja
cotação na Bolsa seja de 10.000 ?

Pelo critério do Investidor que deseja ter seu capital remunerado, o preço justo é no máximo 16,67
vezes o valor do dividendo. No caso,

480 x 16,67 = 8.000

Mas para o investidor que quer comprar ação a fim de reforçar sua posição ou assumir o controle da
empresa, o preço justo é o valor patrimonial do papel:

600.000.000.000/ 50.000.000 = 12.000

O papel não interessa ao “Investidor de dividendos” ao preço de Bolsa, que é 10.000. Mas interessa
aos outros quatro Investidores.
O mercado de ações não é obrigado a seguir essas balizas. E não as segue. Mas são fórmulas que
servem como parâmetros para serem observados em épocas de booms e de crashes.

O rendimento foi concebido para ser perpétuo, e para ser legado, intacto, aos nossos descendentes.
Acentuei na conversa que centenas de milhares de sócios de empresas não vendem nem pensam em
vender suas participações, e para isto devem ter forte motivo.
Quanto à alegação de que dividendos retidos capitalizam a empresa, pode tratar-se de grande
engodo. A Bolsa está cheia de empresas que progrediram e depois decaíram, que fizeram promessas
e não as cumpriam, que esconderam lucros e os dissiparam.

na década de 70, quando a Bolsa norte-americana estava deprimida por causa da péssima situação
econômica do país, a única orientação com que os Investidores contavam era a dos dividendos.

Os grafistas, como se sabe, têm sucesso em sua arte de embair o próximo nas épocas em que a
Bolsa está debaixo dos holofotes e a maioria das pessoas põe fé na Análise Gráfica. Sem a fé que
dispensa o raciocínio e a lógica, a Análise Gráfica não teria adeptos em lugar nenhum.
Se um grafista diz que o Mercado vai subir, e milhões de fiéis acreditarem nele, o Mercado sobe. Se
ninguém acreditar, o Mercado não sobe.

A única realidade concreta do Mercado são as ações de empresas sólidas que o Investidor genuíno
mantém em carteira para delas usufruir benefícios no futuro.

Fora os recursos institucionais, dinheiro bom também é o dos Investidores individuais e o dinheiro
que muitas empresas levam para a Bolsa a fim de comprar ações de outras companhias. Outro
dinheiro metálico, sólido e sonante, é o dos Especuladores internacionais, que, todavia, causamais
mal do que bem. É dinheiro que entra e sai.

índices de risco não têm utilidade para os Investidores que compram para
guardar o papel na carteira a fim de receber os dividendos a que fazem jus. Para eles, a taxa de risco
é
determinada de outra forma.
Cabe aqui ainda um último alerta para o Investidor. Em matéria de dinheiro, na Bolsa como na vida,
você está sempre só. Prepare-se para tomar atitudes sozinho e também para nunca repartir
responsabilidades nem vantagens.

Caso do Fundo Público 157 – Relato do gestor do fundo


– Todo dia eu mando comprar. Se a cotação sobe, eu me apodero dos papéis; se desce, jogo-os no
“157”. Mensalmente eu faço uma verificação do portfólio. As ações que se valorizaram são minhas;
as que se desvalorizaram ficam no Fundo. Só não detalhava sua maneira de agir.

Nada mais falso. O Investidor consciente dispensa palpites de operadores que raciocinam rápido. E
demora semanas para tomar
uma decisão, como o atirador que “dorme” na pontaria. Quando atira, não erra.

nenhuma empresa paga sistematicamente bom cash-yield se


tiver desempenho sistematicamente ruim.

O trabalho inicial consiste em descobrir empresas que paguem consistentemente dividendos anuais
equivalentes a pelo menos 6% do preço de Bolsa.

Atualmente, como veremos adiante, só pouquíssimas ações pagam dividendos acima de 6% ao ano.
Ainda sobra algum espaço para investir, mas no dia em que nenhuma ação do Mercado estiver
pagando taxa maior do que 6%, então deveremos todos sair da Bolsa e procurar outro tipo de
investimento, como fizeram os Investidores norte-americanos em 1905.

Se as ações da carteira pagarem menos que 6% anuais, não estarão sendo remunerativas. É
melhor livrar-se delas. Se não existirem outras que as substituam, o mercado de ações deixa de ser
alternativa interessante. Títulos de renda fixa estarão sendo então melhor escolha do que
investimentos de renda variável.

COMO ESCOLHER AS AÇÕES


Primeira fase – pré-qualificação
• Separamos as ações mais negociadas. Que a empresa já esteja consagrada
• O preço médio do papel (ver também O MENOR P/PL – Tio Huli)
• DY igual ou maior que 6% (apenas para seleção inicial)
• Ver o histórico de DY
Segunda fase – qualificação
1. verificar endividamento excessivo ou quaisquer dados suspeitos.
Dívida Líquida não deve ser maior que o PL (Patrimônio Líquido) (dica - Suno)
Dívida Líquida inferior a 3 x a geração de caixa (medida pelo EBITDA) (dica - Suno)
2. Monopólios são mais fortes e resilientes (Warren Buffett)
3. Se nos últimos anos DY >=6%, comprar a ação.
4. Liquidez
5. Ver se Balanço é satisfatório
6. Não comprar “tarifa arrochada”
7. Não comprar empresas do mesmo grupo. Comprar apenas a melhor delas.
De Acordo com Luis Basi: Nunca comprar
• Cias Aéreas
• Construção Civil
• Vendas de Eletrodomésticos
• Cias de Turismo
• Frigoríficos
Pois estas dependem muito de fatores externos à gestão da empresa. (Ex: Cia Aéreas: Depende do
preço da Gasolina, do Aeroporto, de legislações, etc. - Apesar de ser um setor perene, as empresas
não são)

Terceira Fase - Acompanhamento


- notícias sobre a empresa. Se for notícia ruim que possa afetar a empresa, vender imediatamente.
- Para acompanhar o investimento, usamos o y2, que é calculado de seis em seis meses, em dólar,
com base no capital aplicado inicialmente.
Se em 2 períodos consecutivos (Abril e Outubro) o DY for menor que 6, vender a ação (Calcular o
DY em cima do valor inicial investido).

Na Bolsa não há compras definitivas. Se você compra uma ação que não deu certo, será vital para
sua sobrevivência que mude para outra ação.
Faz parte não acompanhar dia a dia a valorização da carteira. Só faz isso quem é Especulador de
negócios diários ou quem deseja emoções fortes. Não sendo Especuladores, não estamos
interessados em saber se as nossas ações estão subindo ou descendo. Monitora-se quando os
dividendos são pagos.
No acompanhamento dos dividendos, observamos dois princípios de lógica elementar:
• Se o dividendo cresce, o papel tende a valorizar-se.
• Se o dividendo cai, o papel tende a desvalorizar-se.
munerado acima de 6 (y2).
Essa ação teria permanência eterna no portfólio, se eternidade não fosse tempo longo demais em
termos da Bolsa. Ela permanecerá em carteira enquanto estiver remunerando o capital inicial em
pelo
menos 6%.
Um exemplo típico é Vidraria Santa Marina, na qual aplicamos 10 mil dólares quando a ação tinha
cash-yield semestral de 5 (y1), em abril de 1981. Nos dez anos seguintes, o papel remunerou o
capitalaplicado com ótimos dividendos, mas sua valorização percentual na Bolsa foi ainda maior
que o
crescimento dos dividendos.
Esse fato provocou a seguinte disparidade: o cash-yield de escolha (y1) caiu abaixo de 6 a partir de
1986, embora a ação continuasse a remunerar o capital inicial de 10 mil dólares com mais de 6%,
sem
nunca reduzir esse percentual, mesmo nas fases mais críticas da economia.

Nunca tivemos Paranapanema em carteira, papel que registrou a mais espetacular valorização de
1981
a 1989. É que em toda revisão semestral a ação nunca foi julgada qualificável, por apresentar cash-
yield
(y1) sempre abaixo de 6, o que significa que a ação sempre esteve muito cara pelos nossos critérios.
Paranapanema, o papel mais especulado das nossas Bolsas, tinha himalaias de alta e abismos
oceânicos
de baixa, e por isso deu fortunas aos Manipuladores e arrastou pequenos Especuladores à ruína.
O papel esteve inteiramente na mão de Manipuladores sagazes, o que era razão suficiente para não
o
comprarmos.

Houve também clientes que fizeram no mesmo período aplicações mensais pequenas, mas de forma
sistemática. No final, o resultado obtido foi, em termos relativos, cerca de 30% inferior ao do
primeiro
Investidor, que fez grande investimento de uma só vez com ordem para reaplicação dos dividendos.
UMA REGRA SIMPLES
A maioria dos profissionais do mercado ganha a vida prevendo as tendências. Abraham Feldsman é
exceção. Ele avisa claramente:
– Não sou capaz de prever o que acontecerá no futuro.
– É mais fácil olhar para o passado do que para o futuro – diz ele.
Portanto, se a maioria dos dirigentes tem em vista ganhos futuros como orientação, Feldsman usa
dividendo passados.
Tais dividendos são 6% ou mais dos preços das ações.
Feldsman vende as ações quando os dividendos atingem 4% do preço. Isso assegura um lucro de
50%,
no mínimo.

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