ELEDUNMARE

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

ELEDUNMARE / ÒRÌSÀ EGÚNGÚN

Fagbolá Abifarin Odùsolá OdegboÀlÁ Ojèwale Monteiro.

ELEDUNMARE / ÒRÌSÀ EGÚNGÚN

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Introdução.

Eledunmare.

Egúngún.

Ìyámi Òsòròngà:

Awòn Òrìsà.

Considerações finais.

Biografias E PESQUISAS.

Introdução:

ELEDUNMARE / ÒRÌSÀ EGÚNGÚN

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Sempre em que se propõem ao estudo as divindades do panteão africano, nos


deparamos com o preconceito de identidade estabelecido no Brasil em relação
à aculturação estabelecida entre três países distintos que são:

Brasil – Nigéria – Angola.

Relações de sincretismo, idioma, cultura, musicalidade, alimentação,


vestimenta, mitos e referencias, embora estiverem interligadas não dialogam
entre si, e pior, quando se tenta correlacionar, nos deparamos com os conflitos
de concordância de diálogos. É fato que isto ocorre devido a prolongada
história de domínio político e econômico de uns sobre os outros. A ideologia
cristã desde sua criação passa a desconstruir tudo e toda relação ideológica
adversa a sua, desconstruindo e destruindo tudo aquilo que for considerado
ameaça a sua projeção.

Este assunto é irrelevante para nosso estudo de hoje, vamos nos manter na
proposta deste artigo que é estudar as questões de conhecimento sobre o
divino entre os Yorùbá, a Natureza, os homens e o universo que os cerca.
Toda relação espiritual esta relacionada à suas liturgias, neste caso, liturgias
negro-africanas, fundamentadas sobre a noção de pessoas e sua concepção
de tempo e universo, bastante distintos das já pré-estabelecidas e praticadas
pelas liturgias cristãs.

Muitos pesquisadores e historiadores das teorias negro-africanas se deparam


em um esforço de caráter epistemológico, cuja introdução foi baseada em
inferências, ou demonstrativo de lógicas cartesianas e da teologia escolástica.
Por este motivo e desconforto que muitos desistem e preferem continuar no
conforto do ouviu falar, das heresias e tolices relacionadas ao culto do òrìsà,
assim como aos falsos dogmas impostos pela teoria cristã, que nada tem haver
com os de nossa realidade. Não devemos nos acomodar e nem desanimar
diante as dificuldades iniciais no confronto com a teologia e liturgia aqui
apresentadas, pois os princípios, métodos, hipóteses, lógicas e resultados
demonstram-se familiarizado aos indivíduos educados segundo ao modelo
branco-ocidental.

Abordagem a seguir será de forma simples e objetiva, reunindo informações


básicas sobre Eledunmare, Egúngún e òrìsà, preservando assim seus
conceitos e ritualísticas reservadas apenas aos sacerdotes.

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Eledunmare o ser supremo:

Os Africanos em sua maioria são animistas por natureza, todo Africano tem
como crença o culto ao um só Deus e sua corte celestial, tendo cada um sua
função natural no universo.

“Os Yorùbá são monoteístas, afirma o historiador e antropólogo Idowu


em seu livro “Ori e o conhecimento do Negro”, que em yorùbá seria Orí
ologbon”, cultuavam um único deus onipotente de nome Olodùnmaré ou
Mahwu, onde os òrìsà se individualizam para auxiliar Deus em um contato com
o homem.

Esclarecendo que a palavra Olodùnmaré pertence ao ede yorùbá, ou


seja, idioma local e sua tradução ou significado da palavra.

O derivado do nome Elédùnmarè, Édùnmarè ou Olódùnmarè resulta da


contração da palavra que tem o seguinte significado:

Ol’oni (senhor de; líder absoluto).

Òdù (algo de uma grande imensidão, extenso, pleno).

Màrè (aquele que permanece ou sempre é) ou ainda:

Mò are (aquele que tem autoridade absoluta tanto no céu quanto na terra).

Maré (aquele que é perfeito).

“Que no português poderia chama-lo de Senhor Supremo do Destino”.

Na tradição Yorùbá foi Olodùnmaré que encarregou Odùdúwa (Odou =


fonte, Du = da , iwá = geradora da vida) de criar a vida humana, Odùdúwa une-
se a Olokun (olo= senhor(a), okun = mar); para gerar três filhos, Ògún, Isedale
e Okanbi.

É importante dizer que Eledunmare possui vários nomes dentro da liturgia


Yorùbá, dentre eles os mais antigos e conhecidos são:

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OLÓDÙMARÈ – ELÉDÙNMARÈ – ÈDÙMÀRÈ – OLÓRUN - ORÍSÉ

OLÓFIN-ÒRUN – OYIGIYIGI ÓTA ÀÌKÚ.

Dentro de nossa liturgia é de grande importância seu culto e reverencia com


Oríkì, Adùrá, Ijàlá, água, obì e orogbo. Para isto basta se compreender que
toda obra da criação esta diretamente em sua responsabilidade, por tanto é
dever de todos em venerar ao Deus Supremo.

Dentre os seres veneráveis incluem-se os òrìsà e os ancestrais. Eledùnmarè os


criou assim como toda natureza, entre suas responsabilidades encontram-se
os seres humanos em sua ordem cósmica, representando valores e forças
universais, regularizando assim as relações com o sistema cosmológico, tempo
e lugar.

Muitos de nós não estamos preocupados em saber como cultuar Eledùnmarè,


ou ao menos saber como evocar sua ajuda e auxílio responsabilizando assim
apenas os òrìsà, quebrando a ordem estabelecida do universo, basta lembrar
que Òrìsà não esta acima de Eledùnmarè, mas é Eledùnmarè que esta acima
de tudo e de todos.

Sem sua permissão nada se conecta, realiza-se, se transforma, se inicia, se


modifica, se termina.

Tudo está diretamente ligado à ordem cosmológica das leis universais assim
estabelecidos pelo mito da criação.

O primeiro passo agora que já compreendemos a ordem das coisas é saber


como orar, e por isso vou descrever aqui uma importante oração (oríkì) para
Eledùnmarè.

Olodumare mo ji loni.

Mo wo’gun merin aye.

Igun ‘kini, igun ‘keji, igun ’keta, igun ‘kerín Olojó oni.

Gbogbo ire gbaa tioba wa nile aye.

Wa fun mi ni temi.

T’aya , t‘omo, t’egbé t’ogba,

wa fi yiye wa.

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Ki o f’ona han wa.

Wa fi eni eleni se temi, Alaye o alaye o.

Afuyegegege mese egbé.

Alujonu eniyan ti n f’owo ka lè.

A ni kosi igi meji ninu igbo bi obi.

Eyiti o ba ya’ko a ya abidun dun‘dun’dun.

Alaye o, alaye o.

Ase.....

Tradução:

Todo-poderoso, eu acordo hoje.

Eu olho ao redor do mundo.

A primeira esquina, a segunda esquina, a terceira esquina, a quarta esquina


são proprietárias do dia.

Elas nos trouxeram a sorte que nos sustenta na Terra.

Todas as coisas boas vêm para o rei.

Encontre-me bondosamente.

Minha esposa, meus filhos, meus avós, minha sociedade.

Deixe-nos entender.

Mostre-nos o caminho.

Faça-me uma pessoa de vida longa.

Sem tua permissão a árvore na floresta não dá Obì

Louvamos a Luz da Terra; sustenta a abundância da Criação.

Isso nos traz as coisas doces na vida.

Louvamos a Luz da Terra; louvamos a Luz da Terra.

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Assim seja.

Egúngún:

Termo usado para identificar a essência masculina, origem e descendência


muito reverenciado no Ìsèsè l’àgbá (culto tradicional Yorùbá), assim como no
Brasil e em Cuba, o seu culto esta ligado a uma estrutura de sociedade. É certo
afirmar que o culto dos egúngún refere-se a gestão humana que definem a
linhagem dos indivíduos referente a cada estrutura social. Representando
valores, força, estrutura de determinados grupos familiares, equilibrando assim
as relações étnicas, sociais, a disciplina moral e cultural de sua linhagem.

Os Ancestrais masculinos possuem uma sociedade denominada Egbé


Egúngún, Egbé Ìgùnnukó, Egbé Òro e a Egbé Agemo, dependendo da região
ou linhagem familiar. Já os ancestrais femininos são agrupados nas Ìyágbà
(Iabás) no popular, Ìyágbà significa mãe ancestral ou mãe venerável anciã,
possuem também sua sociedade chamada de Egbé Gèlèdè, onde seu culto é
mais amplo e específico.

Dentro de toda Egbé Òrìsà inclui a devoção diária aos ancestrais e de tempo
em tempo são realizados òsè egúngún, obrigações anuais, individuais ou
coletivas que chamamos de odún. As obrigações coletivas destinam-se aos
cuidados do espaço sagrado, limpar, ofertar água e obì, orogbó, efetuar a
limpeza dos awé (pote consagrado) e aos preparos das oferendas. Onde se
compartilham alimentos, dançam, cantam em louvores aos ancestrais. As datas
a se realizar estes eventos são anunciadas através da consulta a ifá, é ele
quem determina o dia e o que será ofertado.

Egúngún tem como função estabelecer a harmonia, renovar as energias


coletivas ou individuais, resolver questões de ameaças e desagregação do
grupo ou indivíduo, eliminar as disputas entre seus discípulos e dar proteção
contra as magias e maldades alheias, além de reparar uma herança espiritual
biológica ou emocional, ou seja, uma dívida espiritual com os ancestrais que
trás sofrimento e tristeza para quem desconhece esta circunstância.

Ìyámi Òsòròngà:

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Essência genitora feminina ou poder genitor feminino, por tanto é preciso dizer
que os ancestrais femininos estão interligados assim como suas sociedades
Ìyágbà, Egbé Gèlèdè, Ìyámi Òsòròngà, Egbé Ògbóni, Egbé Eleye, são de
ordem secreta tendo seus conhecimentos e ritos ensinados apenas para
iniciados.

O culto as grandes mães esta representado tanto no aspecto generoso e


protetor quanto perigoso e destrutivo, assim todos os òrìsà de natureza
feminina contem estes aspectos. São guardiãs dos destinos e da existência, da
vida e da sociedade.

As Ìyámi Òsòròngà são consideradas por muitos estudiosos como Ajogún, cuja
função é carregar ebo para se alimentar dele. Claro que estamos falando em
uma linguagem figurada, pois elas alimentam-se do sofrimento humano. É
neste ponto que ocorre seu primeiro segredo. Pois ao se alimentar elas
também proporcionam alívio ao ser humano, absorvendo a energia do ebo
transformam essa energia em cura, prosperidade, superação e atração da boa
sorte.

Sua relação com os poderes noturnos e mágicos permitem neutralizar toda


negatividade de palavras, pensamentos, ou ações destrutivas que uma pessoa
possa desejar a outra ou contra si mesmo. Assim sendo nossas mães guardiãs
das oferendas, protegem e encaminham a seu destino, para que o ser humano
possa obter força e o que necessita para superar suas iniquidades.

Embora muitos afirmarem que este culto é apenas feminino existe a presença
masculina na função de Òsó (bruxo ou feiticeiro). Homens que desenvolvem
poderes e força mágica, as mulheres lhes são atribuídas poderes de manipular
o destino humano através de rituais e consagrações.

Podemos classificar as Ìyámi Òsòròngà da seguinte forma:

Àjé: sábias, feiticeiras, bruxas de grande poder existentes na terra podendo


atuar tanto no bem quanto para o mal.

Agbà: as anciãs detentoras de toda sabedoria.

Àwon Ìyámi: nossas mães, zeladoras do ase

Aiye: representa o tempo, o universo, a própria existência humana, possuem


poderes em todos esses ambitos.

Ìyámi Òsòròngà pode assumir várias formas, através de seu poder mágico elas
podem curar, intervir na saúde psíquica e física, manipular os seres humanos,

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no trabalho, casamento, no sexo e nas amizades. Protegem das infertilidades,


da má circulação sanguínea, dos órgãos vitais e vísceras. Atraem sorte e
prosperidade, favorecem as atividades comerciais assim quanto às conquistas
materiais, promovem mudanças no plano emocional. Vejamos que não se trata
de algo perverso e maldoso, maligno como muitos afirmam. A ignorância
humana é quem destorce e repete através do vício do ouviu falar, histórias das
bruxas europeias, uma versão cristã de bruxaria que não cabe na cultura
Yorùbá. É preciso esclarecer que a questão de bem e mal é relativa, no qual
estabelece uma interpretação individual, ou seja, depende muito do desejo e do
modelo de interpretação do que realmente são o bem e o mal. Transformando
assim o livre arbítrio uma peça fundamental para a compreensão deste tema.

Awòn Òrìsà:

Existem várias teorias sobre este tema, mas uma que nos chama atenção é a
apresentada pelo professor e doutor em antropologia o senhor Ìdòwú, que
escreveu em 1977 o seguinte:

Olódùnmarè designa o Òrìsà para vir ao mundo juntamente com Òrúnmìlà,


passado algum tempo o Òrìsà sentiu a necessidade de possuir um escravo,
dirigindo-se assim ao mercado de Èmùrè, chegando ao mercado ele adquiriu
Àtowódá. De comportamento eficaz, prestativo e eficiente logo conquistou a
confiança de seu senhor. No terceiro dia de sua jornada, pediu que Òrì sà lhe
concedesse uma pequena parte de terra para seu cultivo próprio, Òrìsà pensou
e acabou atendendo ao pedido de seu fiel escravo, concedeu a ele um pedaço
de terra na costa da montanha próximo a sua casa. Em apenas dois dias ele
limpou o lugar, construiu sua moradia deixando seu senhor impressionado. O
que o Òrìsà não sabia é que não havia bondade no coração de Àtowódá e sim
estava crescendo nele um forte desejo de eliminar seu senhor.

Àtowódá então com a intenção de realizar suas intenções em aniquilar seu


senhor o Òrìsà começa a planejar qual a melhor forma para realizar seu plano.

Havia em torno da fazenda, várias partes com Rochedos, podendo assim


facilmente que uma pedra gigante rolasse sobre Òrìsà. Assim Àtowódá
arquitetou seu plano, subiu em uma montanha, escolheu uma pedra que
pudesse ser de fácil deslize e preparou tudo. Entre uma ou duas da manhã,
Òrìsà encaminha-se para fazenda e Àtowódá já o estava a espreita, confiante
de seu plano dar certo pois Òrìsà vestia-se de roupas brancas destacando-se

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facilmente entre os arbustos verdes, sendo assim, Àtowódá aguardou o


momento oportuno e empurrou a pedra montanha abaixo.

Òrìsà surpreso e apavorado não teve chance de escapar sendo atingido pela
pedra e seu corpo espalhou-se em vários pedaços. Òrúnmìlà tendo
conhecimento do ocorrido corre até o local, junta todos os pedaços em uma
cabaça e faz uso de uma mágica poção revivendo assim não só Òrìsà, mas
vários outros Òrìsà espalhando os por toda Nigéria. Por isso a expressão
(Ohun ti a ri sà) aquele que foi encontrado e agrupado novamente.

Outra teoria é que a palavra Òrìsà descende da expressão òrísé ou orí’asé, ou


seja, origem ou fonte do orí de um ser supremo. Afirmando assim a
participação dos òrìsà na criação humana e sua presença divina em cada ser
humano. Para nossa compreensão esta teoria refere-se a fusão de orí com os
princípios da natureza e o Òrìsà como sustentação da vida, uma compreensão
perfeita e precisa do que seja o Òrìsà seja fonte da mente racional dada a sua
natureza e complexidade.

Entre os primordiais da existência incluem-se Obàtálá ou Òrìsànlá,


popularmente conhecido como Osálá, modelador de corpos humanos,
Òrúnmìlà, Èsù, Ògún, Sàngó também conhecido como Jàkúta.

Existem milhares de seres espirituais associados a montanhas, lagos, rios,


mares, rochas, cavernas, árvores, florestas e montes que se manifestam como
fenômenos e forças naturais. Para cada Òrìsà existe um atributo, uma
particularidade e uma característica própria. Exemplo:

Èsù, responsável pela ordem, disciplina, organização, ao comportamento


humano, atua também como regulador da ordem universal.

Ògún representa a divisão do trabalho, a transformação, o desenvolvimento, a


agricultura e a guerra, assim como todas as batalhas que enfrentamos em
nosso dia a dia.

Cada orìsà uma ritualística própria, alimentos, cores, roupas, símbolos, cantos,
ritmos musicais, cantos, toques e ewò que são as proibições alimentares ou de
condutas entre outras. Seus nomes são descritivos, ou seja, traz uma
informação sobre sua atuação divina, por exemplo, Jàkúta que significa aquele
que rompe a pedra ou ainda que rompe utilizando pedras, a divindade dos
raios e trovoes.

Olokùn que significa senhor (a) do mar;

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Sòpònná, aquele que diagnostica e cura todas as doenças, principalmente


aquelas atribuídas a pele.

Agora no que se refere à quantidade de òrìsà estabelecidas ou catalogadas no


panteão Yorùbá variam-se entre 201 a 1.700 divindades. Para poder afirmar,
só o estudo aprofundado a cada um destes poderia nos trazer o conhecimento
necessário aos seus distintos cultos, mas para mim o que importa é saber o
que é òrìsà, assim suas características e essência.

Em termos de hierarquias cada Òrìsà se torna líder de sua região de domínio,


assim como Òsùn em Òsogbo, Sàngó em Oyo, Òrúnmìlà em Ifè, Erinlé em
Ilobu. É obvil que a questão histórica determina as popularidades de cada òrìsà
assim como sua liderança.

Òrìsànlá – Osálá:

Recebeu de Olódùnmarè a incumbência de criar a terra e povoá-la, de modelar


a forma física dos seres humanos, Osálá é constantemente atribuído como o
representante de Olódùnmarè na terra. Seus nomes exercem esta
representatividade assim como:

Òrìsànlá: o grande Òrìsà

Òrìsààlá: o Òrìsà da pureza

Obàtálá: o grande rei

Obàtiàlà: o rei das vestes brancas

Atérerekáyé: quem se expande por toda extensão da terra

Alábaláse: aquele que revela o futuro

Àdìmúlà: protetor

Obàlùfòn/Osàlùfòn: Rei de Ifòn/do povo de Ifòn

Osálá é o òrìsà da criatividade, da paz e da serenidade, extermina com as


confusões e abençoa seus devotos com prosperidade, desde que se esforcem
para isso. Osálá atrai alegria e traz motivos para seus devotos serem alegres,
em contra partida é exigente no que se refere a conduta e ao senso de
moralidade de seus devotos, que devem não medir esforços para se manterem
puros como água da nascente, corretos e bondosos. Da mesma forma que
seus provérbios nos ensinam:

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Ayé won á tòrò bi omi afàárò pon!

Suas vidas serão puras e límpidas como água apanhada em uma nascente
pela manhã.

Oba àjí je ìgbín

O rei que se alimenta de Igbin logo pela manhã (significado de paciência,


serenidade).

O òjé (chumbo) e a prata são seus metais preciosos, assim igualmente o


marfim, o efún, àjà ou àdíjà, cabaça branca, òpa òsoro, ikódíde, estátua de
madeira ou marfim, ìrùkèrè e búzios.

Sua cor dominante é o branco, sendo representado por um senhor velho de


vestes brancas.

Aos nascidos com algum tipo de deficiência e os albinos são chamados de Eni
Òrìsà (devotos do òrìsà), e devem se devotar a Osálá cumprindo seus ewò
rigorosamente. E comum se dizer para uma gestante as seguintes frases de
forte efeito como: Ki òrìsà ya ‘la re k oni o, que significa que Osálá realize sua
obra perfeitamente em você.

Osálá é cultuado por todo território Yorùbá e de grande relatividade no Brasil


nas águas do Oxalá.

Antigamente apenas mulheres virgens de indiscutível conduta poderiam pegar


água em uma nascente tocando continuamente o adíjà anunciando assim o
cortejo sagrado.

Òrúnmìlà:

Seu nome demonstra sua beleza e importância formada pela contração de


órun-l’ó- mo-à-ti-là, que significa somente o céu conhece o caminho da
libertação ou òrun-mo-olà, somente o céu pode libertar. A palavra Ifá por sua
vez contem Fa que significa acumular, abraçar, conter, demonstrando que todo
conhecimento do Ìsèsè l’agbá, culto tradicional Yorùbá esta contido no corpus
literário de Ifá.

Igualmente em outra demonstração de sua grandiosidade encontramos em um


dos oíkì de Òrúnmìlà que diz:

Òkìtìbìrí a pa ojó ikú dà

O grande transformador que altera a data da morte.

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Elérí ìpín

A testemunha que orienta e defende o destino do ser humano.

É Òrúnmìlà quem presencia o nascimento de todos os seres no momento em


que o destino de cada um é selado, somente ele é conhecedor do ìpín orí
(destino pessoal), podendo assim orientar com exatidão quem o procura. Por
isso é de fundamental importância a consulta a Òrúnmìlà-Ifá sempre que
tivermos dúvidas a fundação de ideias, antes de construir, assinar contratos,
resolução e evitar conflitos e guerras, casamentos e nascimentos entre outros.

Òrúnmìlà e Èsù exerce um elo de amizade e lealdade assim descrito por vários
Odù de Ifá como em Èjìogbé e Ogbé Ìrètè. Em alguns Odù fazem referencia à
qualidade da paciência de Òrúnmìlà em contraposição ao poder de Èsù.
Vamos ver um trecho que demonstra esta dinamica entre eles:

Òótó balè ó l’ómi, Ìkà balè ó di yangi, o dífá fún Èsù Odàrà ó nlo si ogun
Àjàlé Erémi.

A verdade caiu no chão e virou água, o maldoso caiu no chão e virou yangi, foi
quem consultou para Èsù Odàrà no dia que ele partiria para guerra em Àjàlé
Erémi.

Ao saberem do conflito estabelecido em Àjàlé Erémi Èsù e Òrúnmìlà foram


participar, com tudo planejado saíram dizendo que fariam coisas mirabolantes
e inesquecíveis, vangloriando-se cada vez mais até causar ódio em seus
opositores. Na guerra lutaram e venceram, conquistaram muitos escravos e
propriedades, quando ao retornarem pararam para descansar. Pediram ao
chefe de um vilarejo autorização para repousarem ali, durante a noite Èsù
convidou Òrúnmìlà para fazer uma demonstração de seu poder. Òrúnmìlà disse
para ele não se esquecer do que ele afirmara antes: “que faria algo
inesquecível a vista de qualquer homem que presenciasse”. Então Èsù o
desafiou a demonstrar seu poder, e assim ver se seria maior do que o dele.

Ao amanhecer Èsù antes de partir entrou no galinheiro, pegou um galo sem a


permissão do dono, arrancou-lhe a cabeça e a colocou no bolso, chamou
Òrúnmìlà e partiram. Assim que o dono da fazenda levantou percebeu o que
havia acontecido e começou a gritar “pega ladrão”, pega quem matou meu
galo. Um dos funcionários disse-lhe que quem tinha feito isso fora os seus
hóspedes e que os viu partindo logo pela manhã. O fazendeiro então juntou
seus homens e foram atrás de Èsù e Òrúnmìlà. Quando Èsù percebeu a
aproximação dos que os perseguiam, consciente do que havia feito disse a
Òrúnmìlà: “Olhe para trás e veja a multidão furiosa que estão vindo”. Òrúnmìlà

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ficou assustado e perguntou a Èsù o porquê ele havia matado o galo dos
outros, Òrúnmìlà disse também que ele terá que pagar pelo mal feito. Èsù
então lhe respondeu: “Você esta enganado, será você quem sofrerá as
consequências pelo que eu fiz”. Òrúnmìlà disse: “A terra não morre, pode
apenas se tornar estéril, sendo assim eu também não morrerei”.

Ao perceberem que estavam sendo alcançados e que não tinha mais por onde
fugir subiram em uma arvore, o fazendeiro e seu funcionários disseram-lhes
que estavam cercados, outros correram em busca de um machado para
derrubar a arvore. Èsù então diz a Òrúnmìlà que é chegada a hora de
demonstrar seu poder: que havia combinado de fazerem algo extraordinário e
ninguém iria apanha-lo. Assim Òrúnmìlà disse o mesmo reafirmando assim sua
superioridade.

Sendo assim quando a arvore estava sendo derrubada, Èsù disse a Òrúnmìlà
que preparasse para queda, ao caírem Òrúnmìlà se transformou em água e
Èsù em yangi. Assim não encontraram nenhum dos dois. Aos que beberam da
água se acalmaram e os que viram yangi ficaram furiosos com olhar
aterrorizante.

Esta história retrata a qualidade calma deste Òrìsà funfun em contra partida ao
grande poder de Èsù.

Èsù:

A-bá-ni-wá-ọ̀ràn-bá-ò-rí-dá: Quem é ele? Èṣù

Ẹlẹ́jẹ̀lú
Olúlànà
Ọbasìn
Láarúmọ̀
Ajọ́ńgọ́lọ̀
Ọba Ọ̀dàrà
Onílé Oríta
Ẹlẹ́gbára Ọ̀gọ
Olóògùn Àjíṣà
Láàlú Ògiri Òkò
Láàlù Bara Ẹlẹ́jọ́
Láaróyè Ẹbọra tí jẹ́ Látọpa

Esses são os outros nomes que pertencem a Èṣù!

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Agora, quem é Èṣù Láàlù Ẹlẹ́gbára Ọ̀gọ?

Èṣù é uma Divindade primordial proeminente (um Irúnmọlẹ̀ considerado


delagado enviado pelo Olódùmarè) que descendia de Ìkọ̀ lé Ọ̀run, e o Executor
Chefe das leis naturais e divinas - ele é a Deidade encarregada da aplicação
da lei e da ordem.

Èṣù é tão influente, poderoso, sempre relevante e onipresente a ponto de ter


todos os dias de toda a semana Yorùbá de quatro dias (antiga / tradicional)
como seu dia de adoração (Ọjọ́ Ọ̀ṣẹ̀), ao contrário de todos os outros Irúnmọlẹ̀s
e Òrìṣàs (Divindades primordiais e Ancestrais deificados com Espíritos); "ọjọ́
gbogbo ni ti Èṣù Ọ̀darà".

Este polêmico conflitante; A-bá-ni-wá-ọ̀ràn-bá-ò-rí-dá (Aquele que cria


problemas para o inocente) explica de forma abrangente como a complexidade
do mal e o nível de mal-entendido da exata natureza desta Divindade
altamente imprevisível chamada Èṣù Ọba Ọ̀dàrà (que especialmente tem sua
residência na encruzilhada) em todos os estratos de nossa sociedade em geral
e comunidades espirituais em particular.

Èṣù é uma Deidade muito temperamental no panteão Yorùbá, e a


representação de duas espadas afiadas abordam todos e quaisquer
problemas.

Ele é uma Divindade muito habilidosa que sempre faz suas obras e
desempenhou seus deveres com eficácia em circunstâncias excepcionais e de
maneiras extremamente extraordinárias.

Ele é, na verdade, uma Personificação da Travessura; ele é aquele que ensina


a todos que há sempre dois lados ou mais em cada questão. E esse espírito
primordial fez coisas excelentes! Ele equilibrou e criou direções. Èṣù é tão
necessário para uma vida ordenada!

Para os criminosos que habitam e celebram a maldade, a injustiça, a


imoralidade e os injustos, Èṣù Láàlù é perverso e diabólico, e enquanto
Láaróyè Ajọ́ńgọ́lọ̀ Ọkùnrin Òde é um prêmio incrível e persuasivo de Divindade
para as pessoas piedosas e moralmente corretas sobre justiça, moralidade e
bom caráter.

Èṣù é o verdadeiro Mensageiro não apenas para o Olódùmarè, mas também


para os outros Irúnmọlẹ̀s/Òrìṣà. Ele também é o intermediário entre os Ajoguns
(espíritos malignos), os Irúnmọlẹ̀/Òrìṣà e os ẹ̀dá èèyàn (seres humanos); ele é

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

aquele que distribui e supervisiona a distribuição dos sacrifícios (ẹbọ) aos


Ajoguns;

Èṣù está sempre no meio de forças mundiais divergentes. Ele controla e


administra os dois extremos - o mundo da felicidade, alegria e realização, bem
como a arena da destruição, desesperança e tristeza.

Èṣù sempre exige daqueles que têm que dar àqueles que são solicitados por
isso dentro das premissas de sacrifícios, rituais e propiciação.

Ele mantém o delicado equilíbrio entre o bem e o mal - justo e injusto. Ele
protege cidades e aldeias, Sacerdotes e Sacerdotisas (àwọn Ẹlẹ́ gùn - tí wọ́n ní
ẹ̀rẹ́ ní Ìpàkọ́, e Devotos e Awo contra maquinações malignas. E ele sempre
favorece aqueles que realizaram os sacrifícios necessários e apropriados (ẹbọ)
e outras formas de rituais; " ẹni tó bá rúbọ l'Èṣù ń gbè "!

Sobre isso, Ifá diz em Ọ̀yẹ̀kú Òtúrúpọ̀n (Ọ̀yẹ̀kú-bàtúrúpọ̀n):

Orí eṣinṣin ò níná


Afì-ínìn-ín
Afì-ọ́hùn-ún
Ìrù ẹṣin ò gbébìkan
A dífá fún Bèlèké
Òkú Ìgbọ̀nná
Ọmọ olówó ẹyọ
Èṣù kóre wá
Ẹlẹ́gbára kóbi lọ
Bèlèké darí ọrọ̀ ṣáwo nílé

A cabeça da mosca não tem piolho

Balança de volta

Isso balança forte

O rabo de cavalo balança o pêndulo como

Consulta Ifá para Bèlèké

Homem morto na cidade de Ìgbọ̀nná

O dono dos búzios

Èṣù traz bênçãos

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Ẹlẹ́gbára afugenta os males

Bèlèké traz riqueza para a família dos iniciados

Èṣù Láàlù é um amigo leal, parceiro de trabalho, confidente e amigo de


Ọ̀rúnmìlà Baraà mi Àgbọnnìrègún, aquele que pratica e ensina Ifá - uma
linguagem religiosa de Olódùmarè (contendo mensagem divina de vida)
através de um sistema divinatório muito complexo, e que também ensina
sabedoria.

Ifá Ifá diz em Ọ̀ṣá Ogbè (Ọ̀ṣálogbè):

Bí a bá rí ọlọ́rọ̀ ẹni
Ṣọ̀rọ̀-ṣọ̀rọ̀ ni àá dà
A dífá fún Ọ̀rúnmìlà
Ifá yí ò ma ṣe awo pẹ̀lú Èṣù Ọba Ọ̀dàrà

É por isso que os Babaláwos da antiquíssima cidade de Ilé Ifẹ̀ costumavam


elogiar Ọ̀rúnmìlà Baraà mi Àgbọnnìrègún como "Mòpó Ẹlẹ́jẹ̀lú" - o amigo
daquele que sempre ama o sangue animal.
Èṣù Láàlù deixou Ilé Ifẹ̀ e foi para orílé Kétu, onde na verdade gozou de muitos
seguidores e devotos, e ele era muito famoso e popular o rei da antiga cidade
(agora na República de Benin).
Ele foi posteriormente expulso de Kétu em circunstâncias polêmicas após sua
luta pública com o monarca da cidade - o Alákétu, e voltou para Ilé Ifẹ̀ de onde
mais tarde foi para Ilé Adó Èkìtì para viver com Ọ̀ rúnmìlà Baraà mi
Àgbọnnìrègún, e ambos eventualmente retornaram para Òkè Ìtaṣẹ̀ em Ilé Ifẹ̀.

Aqui, Ifá diz em Ọ̀wọ́rínṣogbè (Ọ̀wọ́rín - Ogbè):

Ìdúró ni wọ́n fi ohun odó fún odó


Ìbẹ̀rẹ̀ ni wọ́n fi ohun ọlọ fún ọlọ
A dífá fún Èṣù Ọ̀darà
Yóò fọ́ orí Alákétu
Ohun tí ẹ bá rí
Ẹ fún Èṣù
Kí Èṣù ó gbà
Kó lọ
Ohun ẹ rí
Ẹ f'Éṣù

"Èṣù" é o "único e o mesmo" nossa querida Divindade primordial popularmente


conhecida como Èṣù Láàlù Ẹlẹ́gbára Ọ̀gọ - Ẹbọra tí jẹ́ Látọpa.

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Ògún:

Senhor do ferro, da guerra e da caça, patrono dos ferreiros, caçadores e


agricultores, protetor do ser humano lhes atribuindo o senso de autodefesa.

Ògún forte e poderoso foi escolhido por Olodunmare para abrir o caminho para
a civilização, certamente um herói civilizador. Está relacionado às questões do
trabalho e tecnologia, desbravador, Ògún é o grande realizador. Por este
motivo esta relacionado às Ìyámi Òsòròngà.

Seus feitos o relacionam sua importância no panteão dos òrìsà. Alguns nomes
representam bem assim como, por exemplo:

Alakaaye: aquele que é espalhado pelo mundo inteiro.

Alásegbé: aquele que age sem se arrepender.

Vejamos também em um de seus Oríkì:

Onilé owó

Olónà Olà

Ògún Onire, ohun gbogbo ayé ti Ògún ni.

Ògún kólé, kò ní ilèkùn

Ògún kò ní je ó si ewu lónà wá.

Senhor da casa do dinheiro

Senhor do caminho da felicidade

Ògún senhor de Ire, tudo que existe no mundo pertence a Ògún

Ògún que construiu uma casa sem porta para que todos vissem e
compartilhassem de sua prosperidade.

Com a proteção de Ògún não há perigo em meu caminho.

Contam os Yorùbá que Elendunmare enviou quatro divindades para criarem o


mundo, Obatalá, Èsù, Òrúnmìlà e Ògún. Ao chegarem na terra eles
encontraram dificuldades em atravessar a mata fechada, Ògún quem abriu com
seu facão o caminho para os òrìsà e para os seres humanos passarem.

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Ògún também é o primeiro filho de Odùdúwa o pai dos Yorùbá. Outra história
nos conta que o bravo guerreiro, poderoso e temido, protetor e dedicado a
ensinar os seus, ajudava seu pai nas guerras contra os inimigos. Outra ora
Ògún e Odùdúwa partiram em uma jornada e demoraram em retornar a Ilè Ifè.
Odùdúwa feliz pelo desempenho de seu filho mandou entregar um presente
para ser entregue a Ògún na cidade de Ire, onde foi coroado Rei, passando a
ser chamado de Ògún Onírè, Senhor de Ire.

Ògún é muito ágil e feroz, qualquer juramento feito em seu nome deve ser
cumprido. É o grande guardião do Egbé Odè, sociedade dos caçadores, seus
membros são guardiões de todo segredos deste culto ensinados por Ògún.

Òsòòsì:

Òrìsà Ajagun, vitorioso e guerreiro, Ajagùnnà, estrategista destruidor do mal e


criador de boas ideias.

Os caçadores na tradição Yorùbá são considerados guerreiros. Alákétu, rei de


ketu, patrono do povo de ketu, Olóye Méjì, homem honrado que obtem dois
títulos, rei de ketu e patrono dos caçadores.

Forte e estrategista, possui uma aguçada intuição e percepção, alem da caça


animal, inclui todo tipo de conquistas profissionais e econômicas. Guardião da
floresta e dos seres que nela habita, dos injustiçados e perseguidos, seu culto
atrai sorte, agilidade, bons negócios e tudo que está relacionado ao dinheiro.
Zela pela família e por sua sustentabilidade. Assim como expressa sua cantiga:

Ajagùnnà Ode gbà mi o

Ajagùnnà bi ikú nké lódè

Bàbá o to sádi, Ajagùnnà

Ajagùnnà caçador me ajude

Ajagùnnà que a morte e a doença não rondem minha vida

Meu pai é o grande poderoso que me protege.

Òsòòsì tem como seu elemento o ferro, seu símbolo é o arco e flecha (ofà), sua
cor é o azul celeste, verde escuro e o azul cobalto. Sua oferta mais apreciada é
qualquer animal que seja caçado em seu dia festivo e oferecido a ele.

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Obalúwàyé:

Rei que é senhor da terra, assim descreve seu título e o nome pelo que é
reverenciado em terras Yorùbá, Oba-lu-àiyé, sempre que formos usar a terra
devemos pedir por sua permissão dizendo: Àgò o Olódè! Com sua licença ao
senhor da terra. Ol’é uma abreviação de Oni (senhor/dono), Odè significa terra
ou espaço externo. Também é tradicionalmente conhecido como Ilègbóná,
terra quente, Sòpònná, Varíola.

Senhor de todas as enfermidades, provoca terror e respeito por seu poder


sobre elas. Pois tem o poder da cura, combate as injustiças e se atribui a paz
social. Seu poder estabelece na cura de todas as enfermidades em especial as
doenças graves e as de pele.

Seu poder é demonstrado em um de seu Oríkì que diz:

Asòropèlérùn’ùn, aquele que não se deve evocar durante a estação de seca.

Este Òrìsà possui uma forte ligação com Èsù, esta ligação é constatada por
outro nome de sua reverencia que é Alápadúpé, que significa aquele que
agradece a morte. Ao contrário do que afirmam no Brasil Obaluwàiyé não
possui de forma alguma inimizade ou coisa parecida com Sàngó. Muito pelo
contrário eles são irmão e possuem o mesmo elemento fogo, tanto que existe
um provérbio Yorùbá que diz: A febre de Obaluwàiyé é o poder incendiador de
Sàngó. Outro exemplo é o seguinte: Não há dano que um irmão mais velho
possa causar aos filhos do irmão mais novo.

Eles são tão familiares entre si que, segundo narrativas dos babalawo dizem
que obaluwàiyé frequentemente referia-se ao seu irmão Sàngó com
brincadeira, dizendo que Sàngó para destruir uma única pessoa faz um grande
estardalhaço, com raios e trovões, enquanto ele destrói dezenas de pessoas
silenciosamente.

Sua cor é o vermelho, o branco e o preto. Embora se cobre seu ojugbó de


Òsun o pó vermelho.

Por isso não devemos usar roupa vermelha e nem andar no sol quente para
não provocar sua ira.

Lógunnede:

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

É o guerreiro da cidade de Edé situada no Estado de Òsùn na Nigéria, também


chamado de Asíwájú Òrìsà, líder dos òrìsà, é o filho de Òsòosì, caçador e
estrategista de intuição e percepção aguçada, corajoso, poeta e protetor da
humanidade, seu culto também atrai brilho e destaque para seus devotos ou
para aqueles que o reverenciam. Atrai sorte, prosperidade nos negócios e nas
relações financeiras.

Seus metais são o ouro, bronze e o cobre carrega espada dourada, ofà, uma
lança em madeira. Muito do que se diz a respeito deste òrìsà no Brasil são
heresias sem nenhum baseamento histórico ou no corpus literário de Ifá.

Sàngó:

Senhor dos raios, trovões e relâmpagos, é o quarto Rei de Òyó, seu culto é
originário desta cidade de onde se expandiu por todo território Yorùbá. Feroz e
generoso é provedor de filhos, dinheiro, conquistas, abomina falsidade, traição
e roubo. Em terras Yorùbá é também chamado de Òrìsà Jàkúta, aquele que
destrói seu inimigo lançando pedras.

Vejamos um trecho de seu Oríkì:

Sàngó Olúàso àkàtà yerìyerì

Olúkòso, éégún ti n yoná lénu

Sàngó Olúàso

Omo Olómi ti njé Iyemoja

Sàngó, cujo poder se espalha por toda parte,

Senhor de Kòso, espírito que lança fogo pela boca.

Sàngó senhor da roupa de egungun.

Filho da senhora das águas cujo nome é Iyemoja.

Quando uma pessoa é punida por Sàngó somente o bàbá mogbà ou a Ìyá
Sàngó, podem realizar os ritos fúnebres para esse transgressor. Entre as suas
punições Sàngó costuma a destruir seu inimigo o atingindo com raio, assim
também sua moradia, quando isso ocorre não se pode lamentar e se
compadecer de suas vítimas. Sendo uma residência atingida por um raio sem
ocorrência de vítimas, as pessoas que moram nela terá que abandonar esta

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moradia por algum tempo e chamar o bàbá mogbà para retirar a maldição
imposta por Sàngó no local, só depois que as pessoas podem retornar com
segurança ao lugar.

Aganju:

Antes de apaixonar-se pelo caçador, Yemowo deu a luz a um menino e uma


menina, chamados respectivamente iyaderegbe e Òrugòn. O nome Aganjú
significa a parte não habitada do país, a região selvagem, terra firme, a
planície, ou a floresta; e o nome Òrugòn significa Sr da guerra. A prole da união
do paraíso e da terra, isto é, de Obatàlá e de Yemowo, pode assim ser dita
representar a união de terra e água. Yemowo é a Deusa dos rios e córregos, e
gere as dificuldades causadas pela água. É representada por uma figura
feminina, sua cor é o amarelo, contas azuis e vestimenta branca. A adoração
de Aganjú parece ter caído em desuso, ou ter-se fundido com a de sua mãe;
mas diz-se existir um espaço aberto na frente da residência do rei em Oyo
onde Aganjú foi adorado no passado e que ainda se chama Ojú-Aganjú -
"Olhos de Aganjú". A prole da terra e da água seria assim o que nós
chamamos de ar. Aganjú Solá foi o 6º Alaafin de Oyo.

Ofo Aganju

Kabiyesì Oba mi Aganju solá


Aladó mefá Alaafin Oyo, eriku elemele
Ogiri ekun oloju inon, omode alagbara inú afèfè
Omode yanju, onilè olá omode jobá
Imolè warawere bi ategun, o s’oko fún èké iwo ni mo sa di
Mo wá nfò wípé ibà a sangiri, Aganju jé njayé ti péé peé o
Kabiyesi Obá, ki’se mi ibà’se
Jé kí gbogbo ojó ayé mi ó yemí o.
Àse o!!!!

Saudações ao Aganju meu rei,

Aquele que racha o pilão,

Que é o sexto Rei de Oyo,

Divindade Imortal.

Leopardo feroz de olhos de fogo, criança forte que se abriga dentro do furacão,
criança sensual, dono das riquezas da terra,

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Rei menino.
Rápido como vento, inimigo dos mentirosos, em você que eu busco proteção.
Sempre faço culto para aquele cuja força racha as paredes.
Aganju permita que eu viva por muito tempo.
Saudações ao Rei, que eu seja abençoado.
Permita que eu seja feliz por todos os dias de minha vida.
Assim seja

Òsònyìn:

Òrìsà das plantas imprescindíveis à vida e ao culto aos òrìsà, tanto ao seu uso
litúrgico e mágico quanto medicinal. Òsònyìn é o detentor de todo ase vegetal,
tornando efetivo seu poder de ação. Por este motivo que se louva este òrìsà e
o evoca sempre que se utiliza das folhas.

Contam os Yorùbá em um Itàn que Òsònyìn perdeu uma perna durante uma
disputa com Èsù.

Òsònyìn é ágil em solucionar problemas e no alívio do sofrimento, utilizando o


ase de folhas, flores, sementes, cascas, raízes e caules.

Assim como demonstra um de seus Oríkì:

Aláse ewé Òsònyìn

Nibo ni Òrúnmìlà nlo ti kò mú Èsù dání?

Nibo ni Òrúnmìlà nlo ti kò mú Òsònyìn dání?

Omo awo ní nse òògùn.

Òsònyìn é o guardião das folhas

Para onde vai Òrúnmìlà que não esta junto Èsù?

Para onde vai Òrúnmìlà que não esta junto Òsònyìn?

É o filho do segredo que faz Magia.

Òsùmàrè:

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O sábio, esta relacionado à estética e a defesa pessoal, auxilia a comunicação


entre os mundos, espiritual e físico, entre os homens, os òrìsà e a natureza,
sua ação é transformadora, pois possui poderes mágicos de transmutação.

Seu principal símbolo é as duas serpentes forjadas em ferro ou bronze,


também uma estátua de madeira de uma figura humana rodeada por
serpentes.

Nana/Nònòn Bùrúkù:

Originária do povo Ewe e Fòn da república do Benin, antigo Daomé, onde o


culto é o Vodun, Nana é sem dúvida o mais antigo culto entre os Fòn, seu
nome descende do dialeto local denominado fon e significa Deusa antiga, Nana
é o sentido de antigo ou velho(a), já bùrúkù do dialeto fon tem o significado de
Deus(a).

Seu culto foi difundido entre os Yorùbá por uma escrava que a trouxe para
Abéòkúta, capital do Estado de Ògún. Considerada poderosa entre os Sabe,
um povo vizinho a Abéòkúta, por ser filha de o próprio Ser Supremo. Por este
motivo também é conhecida e reverenciada como Omolú, omo filho(a) e Oluwa
Deus, não podemos deixar de citar que no Brasil Omolú e Obáluwàiyé são
derivados de distintas denominação de qualidade do mesmo Òrìsà, coisa que
não vou entrar neste mérito em respeito a crença estabelecida por mais de
quinhentos anos de tradição Afro-brasileira.

Existe uma vertente que nos traz uma explicação em que Obáluwàiyé e Nònòn
são divindades inseparáveis por se tratar de Obáluwàiyé ser aquele que
compõe nossos ossos e Nònòn ser aquela que compõe nossa carne.

Outra explicação é que Bùrúkù seria o masculino e o feminino Omolú, esta é


uma teoria entre os Ègbá e os Ewe, cultuada principalmente pelas mulheres
destas tribos onde suas formas ritualísticas são semelhantes assim como os
Fòn também cultuam Nònòn Bùrúkù com muita semelhança aos demais.

Cultuada para evitar a miséria, adversidades e atrair poder, Nònòn Bùrúkù é


muito rígida em exigir de seus discípulos boa conduta e disciplina, em sua terra
natal e em seus lugares de culto somente os iniciados com todas suas
obrigações completas podem entrar em seu templo sagrado, sendo os noviços
proibidos de entrarem.

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Nònòn simboliza a continuidade da existência humana na terra, por isso


precisa ser sempre reverenciada para que se possam gerar novas vidas.
Novos nascimentos através do ciclo da vida, ou seja, Nònòn recebe os mortos,
Igbánlá, a grande cabaça, recebe os corpos que lhe restituem a capacidade
genitora tornando possíveis os novos renascimentos. Por isso, todo
renascimento e nascimento estão ligados aos ancestrais, a restituição assim
como o nascimento estabelece e preserva as relações entre o Òrún e o Àiyé,
sendo de responsabilidade dos ancestrais garantir a continuidade da vida no
àiyé.

Iyemoja:

A grande mãe e madrinha de todas as iyalòrìsà cujo seu nome tem como
significado mãe (ye), filho (omo) e peixe (eja), ou seja, mãe cujo seus filhos são
peixes, também é conhecida por Awoyo, Elegante e bela, agradável aos olhos.

Iyemoja òrìsà Olosá, senhora de todas as águas, responsável pela fertilidade e


procriação, abençoa seus devotos com fertilidade, longevidade, prosperidade,
paciência e motivação.

Ni iwaju ile iyaafin ti awọn ọkọ oju omi, a bi ọrọ.

A bi awọn okuta iyebiye ni iwaju ile iyaafin naa

Iyemoja ti oyan yanturu, awa jẹ ọmọ awọn omi.

Diante da casa da senhora dos barcos nascem a riqueza.

Diante da casa da senhora dos barcos nascem pérolas.

Iyemoja dos seios abundantes, nó somos os filhos das águas.

Em um Itàn diz que Iyemoja esposa de Òrànmíyàn, descendente de Odùdúwa,


fundador de Òyó, de quem ela teve Sàngó, Aganjú, Ògún e Òsùn, entre outros
òrìsà.

Vamos descrever um Itàn que explica a filiação de Òsùn à Iyemoja:

Sem conseguir engravidar, Iyemoja consultou Ifá que a orientou ir antes do


alvorecer a um rio, a cada cinco dias, carregando um pote pintado de efun com
oferendas e sempre acompanhada de crianças cantando louvores. Dentre as

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oferendas tinha ègbo, Yanrin, èkuru, èko, Obí e Orogbo. Chengando ao rio ela
enchia o pote com água e retornava ao som das crianças em coral, a água do
awé (pote), era para tomar banho e beber durante a caminhada.

Após repetir este ritual por vários anos Iyemoja finalmente conseguiu
engravidar, não deixando de cumprir o ritual, tornando cada vez mais difícil
para ela a medida que a gravidez se progredia. Certa manhã, logo após ter
entregado as oferendas, sentiu fortes dores e pediu para as crianças que se
afastassem, agachou de cócoras e logo ouviu o choro da bebe, dando o nome
de Òsùn, assim pediu que uma das crianças corresse e levasse a notícia a
Òrúnmìlà que, com muita alegria correu para homenagea-la. Ao chegar o
terceiro dia de vida, o umbigo de Òsùn começou a sangrar, mesmo com todos
os cuidados de Iyemoja o umbigo não parava de sangrar. Então Iyemoja foi
consultar Ifá que a orientou segundo Odù Òsé Orógbè que diz:

A quem possui uma gamela onde guarda dinheiro

Graciosa mãe, dona de muitos conhecimentos.

Quem enfeita seus filhos com bronze.

Ifá aconselhou Iyemoja a fazer ebo e banhar sua filha com Àgbo tútù, por isso
as crianças nascidas sobre ajuda de Òsùn são chamadas de Olomi tútù, e
devem sempre se banhar com água fria. Quando Òsùn completou seis dias de
vida Yemoja preocupada ainda com sua saúde pediu auxilio a Ògún que entrou
na mata e pediu ajuda de Òsònyìn, ele por sua vez entregou a Ògún folhas de
Yanrin e pimentas verdes e as colocou inteiras em um pote. Assim que sua
saúde se estabilizou Ògún a chamou de Òsén’ibuomi, que siginifica Òsé nas
profundezas das águas.

Iyemoja tem como metal a prata, seus símbolos são, o mar, as embarcações,
os corais, as conchas, estrelas marinhas, fósseis do mar e búzios. Seus
colares usam todas as tonalidades das águas em diferentes tons.

Òsùn:

Senhora dos rios, dos metais nobres e da fertilidade, aquém nos traz riquezas,
prosperidades, sensualidade, amor e felicidade. As mulheres quando a
presença de seu santuário devem sempre dizer Yèyé o, yèyé o, que significa:

Oh graciosa mãe! Oh graciosa mãe!

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Muitos se referem a ela como Òsùn Òsogbó, outros como Ìyámi Àkókó, mãe
ancestral considerada protetora de Abéòkúta, seus devotos sempre vão a
louvores se devotarem a ela no Rio Òsùn.

Iyálode a mãe das crianças zela pela fertilidade de homens e mulheres.

Um Ìtàn nos conta que na criação do mundo, Òsùn estava vindo do Òrún,
Olodunmare à confiou para proteger e zelar pelas crianças que nasceriam na
terra. Ela seria a provedora de todas as crianças. Ela deveria proteger as
crianças no ventre de suas mães. Assegurando sua saúde e evitando o aborto
e todo contratempo antes do nascer. Tendo que evitar a fúria para não cometer
injustiças de recusar as crianças de seus inimigos e as concede-las apenas
para os amigos. Òsùn foi a primeira Ìyámi Òsòròngà encarregada de ser
Olùtóju àwon omo, a senhora que olha (zela) por todas as crianças, e Aláwóyè
omo, aquela que protege e cura as crianças. Por isso que mulheres estéreis ou
com dificuldade em engravidar pedem ajuda a Òsùn para que seu desejo em
ser mãe seja realizado.

Òyá:

Òrìsà ágil, dos ventos e tempestades, esposa de Sàngó, os fortes ventos e


tempestades são considerados expressões de seu descontentamento.

Em um de seu Oríkì diz:

Òyá Òrírìí, Ekùn ti nje ewé ata!

Oya, tão linda que não se consegue desviar os olhos dela.

Leopardo-fêmea, que come pimenta crua.

Ela é forte o bastante para erguer o búfalo pelos chifres.

Mulher guerreira e caçadora

Vendaval mortal

Anda com uma vitalidade igual ao trote de um cavalo

Eepa Oyá, que tem nove filhos, eu te saúdo!

Oyá, òrìsà que apoia seu marido.

Mulher poderosa e forte de corpo perfeito

Oyá charmosa e elegante, a bela mulher.

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O grande vendaval, que também venta suavemente.

Oyá esta associada ao rio Níger (odò Òyá), assim como descrito em um Odù
de Ifá que narra que em tempos de guerra, o rei Nupe consultou Ifá para saber
como prevenir-se contra uma invasão. Ifá o orientou que, caso fosse
encurralado, oferecesse uma peça de pano preto para ser rasgado por uma
virgem. Entre as virgens da sua tribo ele escolheu sua filha, que diante do pai,
dos guerreiros e de Ifá rasgou o pano negro O yá (ela cortou). Em seguida
lançou ao chão as duas partes do pano sob os olhares esperançosos do povo
Nupe. Os pedaços de pano se transformaram em águas negras que
começaram a fluir, transformando o núcleo do reino em uma ilha protegida.

Os chifres de búfalos são dentre outros seu principal ingrediente para compor
seu altar.

Obà – Àsàbó:

Orìsà Obà faz parte do panteão dos Orisa que foram inicialmente criados por
Olodumare. Orisa Obà vem a terra como Asabo Eleeko Obà na localidade
Ogboro perto de Oyo Ile. Angberi Olufon era o pai de Asabo, fundador daquela
localidade onde Asabo virou rio. Oba é conhecida como Asabo Eleeko, uma
das esposas de Sàngó, que perdeu uma de suas orelhas lutando com Osun e
após o sucedido virou rio. Orisa Oba come inhame e milho cozido sendo o
vinho de palma, bebidas alcoólicas e o Dendê proibido.

Calma e complacente, tolerante, dedicada, bondosa e generosa, maternal é


intimamente relacionada a Ìyámi Òsòròngà, vaidosa e relacionada a estética
feminina.

Conta um Itàn que ela era a ultima entre as esposas de Sàngó, inferiorizada
em relação às demais por julgar-se incompetente para cozinhar e para se vestir
elegantemente, de natureza delicada e dócil, tolerava tudo que a desagradava.
Foi a primeira a abandonar Sàngó quando ele destruiu com magia seus bens e
seu povo. Ao deixar o reino sem saber para onde ir e o que fazer pôs-se a
chorar continuamente até transformar-se no rio Obà (odò Obà). O grande
estrondo que ocorre na confluência dos rios Òsùn e Obà esta atribuída a
rivalidade entre esses dois òrìsà.

Sua cor é o Branco podendo em algum caso específico usar contas


multicoloridos, seus metais são ouro e cobre.

ELEDUNMARE / ÒRÌSÀ EGÚNGÚN

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Oríki ̀ Òrìsà Obà

Éépà òrìsà,
Éépà òrìsà,
Éépà òrìsà,
Ìyáàmi àsàbó eléèkó,
Jígun já yagbá yagbà, fì légi asègbè léyìn eni à ú n dá lóró, yó mi ní pápá,
Èrìmò níjù,ìyáàmi àsàbó eléèkó sègbè léyìn mi.

Eepa Orisa,

Eepa Orisa,

Eepa Orisa,

Minha mãe Asabo Eleeko,

Ajigun ja yagba yagba, fii legi,

Ela apoia aqueles que não fazem mal,

me protege na fazenda e me protege no mato,

Erimo esta na floresta,

Minha mãe Asabo Eleeko ajuda-me.

Ajé – Sàlugá:

Senhora do paraíso da riqueza, òrìsà do desenvolvimento financeiro, da


prosperidade, do reconhecimento e do progresso econômico, favorecendo o
uso sábio e prudente do dinheiro, da sorte e dos recursos, defendendo seus
devotos da inveja e de forças negativas que possam impedir seu
desenvolvimento como, por exemplo, pagamentos de má vontade feitos com
raiva pelas pessoas. Seus iniciados deverão conter também iniciações em
Iyemoja, Òsùn e Olokun. Por ser representante do sucesso e da riqueza
sempre teve que confrontar com os demais òrìsà para manter seu poder,
ambicionado por todos.

A palavra Ajé significa progresso para você, sucesso para você ou que aquilo
que você deseja em seu trabalho que se realize.

ELEDUNMARE / ÒRÌSÀ EGÚNGÚN

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Ajé Ògúgúlúsò, senhora da morada da sorte e das realizações.

Paciente, próspera, fértil, detentora da longevidade, sábia, harmoniosa,


generosa, tolerante, justa, protetora da riqueza do homem em todos os
sentidos atraindo riqueza assim como descrito no seguinte Oríkì:

Iré wole wá!

Ajé kóre dé.

Olórí Eni mà nímà

Ajé wole dé!

Iré wole bò.

Olówó orí eni màmà ní.

Que a riqueza entre em nossa casa

Ajé chegou com a sorte

Ela é a senhora do nosso orí

Ajé entre em minha casa

Para sorte entrar logo em minha casa e em minha vida

Senhora da prosperidade que reina em minha vida.

Segundo alguns Ìtàn, Ajé é filha de Iyemoja com Olokùn, senhor dos mares.
Olodunmare deu-lhe a determinação de dar ao homem a noção de
prosperidade, progresso assim como uso adequado do dinheiro, competindo a
ela transmitir o poder econômico.

Em outro Ìtàn encontramos Ifá e Èsù caminhando com Ajé em busca de um


lugar para ela. Nessa caminhada chegam a uma cidade em conflito, porém
como já se fazia noite estava tudo tranquilo. Ifá perguntou a Ajé: “Você vai
permanecer com sua prosperidade aqui?” E ela então responde: “Não sei”.
Dirigiram-se então ao rei da cidade e Èsù contou sobre os poderes da Ajé e em
seguida, perguntou se ele gostaria de receber suas bênçãos de prosperidade.
O rei disse que sim, pois desejava vitória na guerra. Então Ajé pergunta a Èsù:

“Isso está correto meu amigo Èsù?” Ele então responde: “Não Ajé, eles não
merecem o progresso!”.

ELEDUNMARE / ÒRÌSÀ EGÚNGÚN

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Os três amigos continuaram andando e chegaram a uma segunda cidade.


Assim igualmente a primeira Èsù perguntou ao rei se aceitaria receber suas
bênçãos de prosperidade de Ajé. O rei respondeu que adoraria, pois assim
ninguém mais precisaria mais trabalhar, Ajé então pergunta a Èsù: “Isso está
correto meu amigo Èsù?” Ele então responde: “Não Ajé, eles não merecem o
progresso!”.

Assim continuaram sua jornada e chegaram a terceira cidade. Foram falar com
o rei e Èsù foi logo perguntando a ele se gostaria de receber as bênçãos de
prosperidade de Ajé. O rei de imediato respondeu que sim, pois assim não
precisavam mais guerrear e todos alcançariam o progresso econômico e, com
isso, obteriam o reconhecimento de todos. Ajé pergunta a Èsù: “Isso está
correto meu amigo Èsù?” Ele então responde: “Não Ajé, eles não merecem o
progresso!”. Ajé é associada ao poder do trabalho e a prosperidade que se
pode conquistar através do esforço no trabalho.

Os amigos partiram para quarta cidade, ao chegarem Èsù faz a mesma


pergunta que fizera aos outros rei em relação a Ajé, o rei disse que sim, pois
assim poderia compartilhar a prosperidade com todos do reino e, além disso,
ele e seu povo se empenhariam bastante e com muito trabalho para que a
cidade se tornasse conhecida pelo progresso conquistado. Èsù então disse
para Ajé: “Aqui sim é um bom lugar para você”.

Yewa:

Mãe que sempre existirá, a grande e eterna mãe é estreitamente ligada a Ìyámi
Òsòròngà, guerreira, do elemento fogo, possui grandes poderes mágicos de
cura e transformação, maternal e acolhedora. Atua contra o sofrimento humano
transformando seus sofrimentos em alegrias. Padroeira dos trabalhos manuais
contribuindo com sua criatividade e estética. Yewa também é conhecida como
Aráagbó, Egbé Aráagbó (espíritos amigos).

Para melhor compreender o significado de um Òrìsà Aráagbó convém estudar


Àbíkú e sobre egbé.

Àbíkú:

ELEDUNMARE / ÒRÌSÀ EGÚNGÚN

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Originário da junção de palavras cujo seu significado é nascido para morrer, ou


nasceu e morreu ocorrente de vários e consecutivos episódios de aborto, assim
como morte prematura de jovens e adultos são relacionadas a ação de Àbíkú,
espíritos que pertencem a uma sociedade denominada Egbé Àbíkú. Pode se
classificar duas distintas famílias de Àbíkú que são elas:

Àbíkú omodé: morrem ainda na infância.

Àbíkú àgbà: morrem jovens ou adultos antes dos pais.

Eles estabelecem uma forte relação com o Ójó orí com a Egbé Àbíkú, ou seja,
fazem um pacto de retornarem ao Òrún ao atingirem determinada ação ou
idade.

Quando uma mulher sofre sucessivos abortos ou perde seus filhos


precocemente se diz que ela esta sofrendo por uma ação de Àbíkú. Neste caso
somente por meio de ação interventora e espiritual que se poderá interromper
este vínculo com esses seres espirituais e com a comunidade a qual eles
pertencem.

No caso dos Àbíkú àgbà, quando o pacto por eles estabelecido em sua
sociedade espiritual determina que seja chegada a hora do retorno ao Òrún,
este lhe é marcado por um momento de grande significado e importante na
vida da pessoa como, por exemplo: casamentos, noivados, formatura, o
nascimento de um filho ou a realização de um conquista pessoal.

Algumas de suas manifestações são possíveis de identificar por suas


teimosias, autodestruição, vícios, depressão, perda do interesse em viver e
sucessivos problemas de saúde.

São pessoas muito intuitivas e portadoras de notáveis fenômenos espirituais.

Para solucionar o problema com esses seres basta libertá-lo dos


compromissos para com esta sociedade, de modo a seu grupo o rejeita-lo, não
querendo que ele retorne mais.

É preciso esclarecer que eles são seres muito perigosos, não cabendo ao leigo
em hipótese alguma realizar nenhum tipo de ritual ou oferenda sem o
conhecimento necessário.

Egbé:

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Significa literalmente sociedade, mas neste caso vamos descrever sobre a


Egbé à qual pertencem os Àbíkú no Òrún. Também existem a Egbé Aiyé,
sociedades dos amigos do mundo visível e a Egbé Òrún, a sociedade dos
amigos do mundo invisível. Como essas sociedades possuem um
relacionamento intimo entre si, por isso, para uma pessoa ter uma vida
tranquila na terra ela precisa ter um bom relacionamento com seus amigos do
céu.

Através de rituais se estabelece um jogo de forças entre Egbé Àraagbó e Egbé


Àbíkú,forças de retenção do indivíduo no ayie e forças de resgate do individuo
do Òrún. Os ritos realizados para Egbé Àbíkú tem como objetivo fazer com que
esse grupo perca o interesse por determinado indivíduo, simultaneamente são
realizados ritos para Àráagbó, ou Èré igbó, com a finalidade do indivíduo ter
proteção para não ser reconduzido à compania de seus pares no Òrún. Egbé
atua com Èsù por ele estabelecer o equilíbrio entre o Aiye e o Òrún. Agora que
demos uma orientação básica sobre esses mundos espirituais, vamos
descrever sobre a Egbé Àráagbó.

Egbé Àráagbó:

Assim como as demais sociedades, esta também se refere a seres espirituais


ou amigos espirituais que vivem no Òrún. No Ìsèsè L’àgbà, ou seja, culto
tradicional Yorùbá falam de duas sociedades que se desenvolvem em paralelo,
Egbé Òrún e Egbé Aiyé, sendo importante dizer que uma recebe forte
influencia sobre a outra, de tal modo que podemos relacionar todos os fatos
que ocorrem na vida de um individuo a elas, podendo ser mais bem
compreendidos com real e profundo estudo a este conhecimento, pois tudo que
acontece no plano das relações humanas, assim como todas as conquistas do
plano do egbé no aiyé, possuem o mesmo no Òrún.

Èré igbó ou Àráagbó siginifica ser da floresta ou ser do além, este òrìsà é muito
importante, pois atua na proteção contra a morte prematura, neutraliza o
sofrimento espiritual e material de seus filhos e devotos. Orienta o orí de modo
a criar condições para as oportunidades e conquistas, obtém recursos de cura
e bem estar, interfere no destino humano removendo os obstáculos da vida,
atraindo progresso econômico e desenvolvimento espiritual, harmonizando a
vida material com a espiritual, proporcionando bem estar e equilíbrio, fertilidade
e paz, tranquilidade e confiança transformando tristezas em alegrias.

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

Vejamos um cântico de Egbé que diz:

Komo kó jòwó

Omo jòwó

Filho por favor, (sentido de não morrer)

Filho por favor, (ouça)

Ikú yè. Ó lo o. Òyèlè!

Àrùn yè. Ó lo o. Òyèlè!

A morte foi embora. Vitória!

A doença foi embora. Vitória!

Seus locais de cultos além do ojùgbó são as chamadas igi mimò, ou seja,
arvores sagradas que são elas:

Àtòrì (vara sagrada),

Ìrókò (gameleira branca),

Igi ògèdè (bananeira)

Akòkò

Pèrègún (dracena, folha da vitalidade)

Yèyé (cajá-mirim).

Pertencem ao seu culto também o yangi, óta, ìrùkèrè, búzios, roupas, colares e
pulseiras coloridas. Há uma forte relação entre Egbé e Ìbéji, òrìsà ligado a
natureza e a floresta, morada do òrìsà Aráagbó. Portanto para se cultuar Ìbéji
tem que se cultuar Egbé.

Ìbéji:

Tem como significado Ibi (nascer) e eji (dois), literalmente quer dizer que
nascerá duas crianças, o nascimento será de gêmeos. No Yorùbá os primeiros

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

a nascerem gêmeos recebem o nome de Táiwò (aquele que vai conhecer a


vida) e Kéhìndé (o mais velho).

Ìbéji é cultuado para atrair boa sorte e prosperidade, para evitar a morte
prematura, o sofrimento, perdas materiais atraindo o progresso financeiro.

Associado a duplicidade, Ìbéji está entre o ser ou não ser, o fazer e ou não
fazer, é sedutor atrai conquistas podendo atrair em dobro as riquezas de seus
devotos.

Òkánlàwón, igbénijù, erelú omo nbá bi, nbá là.

Nobres crianças entre as demais, se aceitar ser meu filho eu prosperarei.

Omo méjì ni Èjìré to sò ilê alákisà di aláso

Èjìré são duas crianças que fazem prosperar a casa do sem sorte.

Os macacos são os guardiões dos Ìbéji conforme descreve um Ìtàn que diz:

Um velho sábio que sempre arava suas terras, e que com muita dificuldade
fazia sua plantação. Na época de colheita, sua plantação era invadida por
macacos que comiam toda sua plantação. Assim, furioso com a situação ele
passou a abater os macacos, mas sempre aparecia cada vez mais. Além disso,
sua esposa toda vez que engravidava ela perdia sua gestação. Perplexo com
toda esta situação ele foi consultar Ifá que o informou que o motivo de seus
problemas estava em matar aos macacos. Foi lhe aconselhado para fazer ebo,
Ifá também disse para que ele cultivasse suas terras para uso exclusivo dos
macacos. Ele assim obedeceu aos conselhos de Ifá e logo no primeiro ano sua
esposa pariu gêmeos. O velho agricultor tornou-se muito feliz, relacionou suas
conquistas aos seus cuidados com os macacos, passando a considera-los
sagrados e guardiões dos gêmeos.

Ìrókò:

Este é o nome simbólico, ou seja, da árvore sagrada, o nome do òrìsà ou do


espírito que habita chama-se Olúwéré, o senhor dos mistérios e da rapidez,

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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè

sua manifestação ocorre tanto na árvore Ìrókò quanto em uma floresta, parques
ou jardins. Seus símbolos são o espaço e o tempo, a terra, óta, ìrùkèrè, e
búzios. Veste-se de branco com colares coloridos.

Seu culto tem por finalidade a ura de todos os males físicos, matérias e
espirituais, para preservar a paz, harmonia social e a tranquilidade, para se
obtiver fertilidade e força espiritual assim como para se manter o Ase enquanto
instituição vivo, permanente e preservado. É atravez do culto a Ìrókò que se
apazigua o òrìsà Aráagbó, Òsònyin, Egúngún, Gèlèdé e Iyami Òsòròngà,
Ògún, Òsòòsì, Sàngó, Abíkù e Yewa. Favorece o desenvolvimento do orí e sua
sabedoria, desenvolve intuição e o contato com os seres mágicos, elimina todo
e qualquer tipo de perturbação psíquica e estimula a estabilidade pessoal, nos
tornando fortes e preparados para os desafios da vida. Seu culto tem como
objetivo principal agradecimento a natureza por tudo que nos é oferecido por
ela. No Brasil seu culto esta especificadamente ligada à gameleira branca, a
arvore de Ìrókò.

Ìgunnukó/Igunukó:

Òrìsà da agricultura favorece o bom plantio e sua colheita, possui uma força
criadora e regeneradora, agregada aos cultos ancestrais com uma finalidade
de manter a conexão e a harmonia com os antepassados, para que possamos
enquanto sociedade organizada obter a prosperidade, a justiça nas relações
sociais. Seu culto visa evitar as calamidades públicas. Possui como atribultos
simbólicos, awé (pote), ilú ou bata, óta, ìrùkèrè, búzios, veste-se com roupas e
colares multicoloridos.

Considerações finais:

Desprovido de quaisquer intenções de verdade absoluta, este trabalho trata de


um dialogo com as demais filosofias e sabedorias sobre o culto aos òrìsà, entre
suas semelhanças e diferenças tem o sentido de agregar valores, doutrinas e a
sabedoria dos òrisà.

Compreendemos que este trabalho relaciona ao básico não interferindo assim


no compromisso de cada noviço em aprender em seu ase as mais variáveis e
diferenciadas formas de se cultuar os òrisà, seus ritos, encantamentos e
formas específicas preservadas nas formas exclusivas de suas Egbé.

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Insistimos em dizer que o melhor e única forma de se aprender os mistérios de


cada ase esta em sua permanência e convívio com seu Olòrìsà/Iyálòrìsà. No
caso dos awo com seu Oluwo.

Biografias E PESQUISAS:

The History of the Yorùbás by The Rev. Samuel Johnson.

Síkírù Sàlámi Èsù e a ordem do universo.

IFA DIVINATION BY WILLIAM BASCOM

ÒRUNMÌLÀ YOUNSTER MAGAZINE Ọ̀ruńmìlà Youngster publicação Yaba


Lagos.

OJÚ ODÙ MÉRINDINLOGUN BY PROF. WANDE ABIMBOLA Oxford


University Press, London.

MOST OF ORAL ODU RECITATIONS BY AWÓTUNDE AWÓRENI ILÉ-IFÈ


AND ALL TRANSLATIONS BY CHIEF DAYÒ OLÓGUNDÚDÚ.

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