ELEDUNMARE
ELEDUNMARE
ELEDUNMARE
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Introdução.
Eledunmare.
Egúngún.
Ìyámi Òsòròngà:
Awòn Òrìsà.
Considerações finais.
Biografias E PESQUISAS.
Introdução:
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Este assunto é irrelevante para nosso estudo de hoje, vamos nos manter na
proposta deste artigo que é estudar as questões de conhecimento sobre o
divino entre os Yorùbá, a Natureza, os homens e o universo que os cerca.
Toda relação espiritual esta relacionada à suas liturgias, neste caso, liturgias
negro-africanas, fundamentadas sobre a noção de pessoas e sua concepção
de tempo e universo, bastante distintos das já pré-estabelecidas e praticadas
pelas liturgias cristãs.
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Os Africanos em sua maioria são animistas por natureza, todo Africano tem
como crença o culto ao um só Deus e sua corte celestial, tendo cada um sua
função natural no universo.
Mò are (aquele que tem autoridade absoluta tanto no céu quanto na terra).
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Tudo está diretamente ligado à ordem cosmológica das leis universais assim
estabelecidos pelo mito da criação.
Olodumare mo ji loni.
Igun ‘kini, igun ‘keji, igun ’keta, igun ‘kerín Olojó oni.
Wa fun mi ni temi.
wa fi yiye wa.
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Alaye o, alaye o.
Ase.....
Tradução:
Encontre-me bondosamente.
Deixe-nos entender.
Mostre-nos o caminho.
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Assim seja.
Egúngún:
Dentro de toda Egbé Òrìsà inclui a devoção diária aos ancestrais e de tempo
em tempo são realizados òsè egúngún, obrigações anuais, individuais ou
coletivas que chamamos de odún. As obrigações coletivas destinam-se aos
cuidados do espaço sagrado, limpar, ofertar água e obì, orogbó, efetuar a
limpeza dos awé (pote consagrado) e aos preparos das oferendas. Onde se
compartilham alimentos, dançam, cantam em louvores aos ancestrais. As datas
a se realizar estes eventos são anunciadas através da consulta a ifá, é ele
quem determina o dia e o que será ofertado.
Ìyámi Òsòròngà:
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Essência genitora feminina ou poder genitor feminino, por tanto é preciso dizer
que os ancestrais femininos estão interligados assim como suas sociedades
Ìyágbà, Egbé Gèlèdè, Ìyámi Òsòròngà, Egbé Ògbóni, Egbé Eleye, são de
ordem secreta tendo seus conhecimentos e ritos ensinados apenas para
iniciados.
As Ìyámi Òsòròngà são consideradas por muitos estudiosos como Ajogún, cuja
função é carregar ebo para se alimentar dele. Claro que estamos falando em
uma linguagem figurada, pois elas alimentam-se do sofrimento humano. É
neste ponto que ocorre seu primeiro segredo. Pois ao se alimentar elas
também proporcionam alívio ao ser humano, absorvendo a energia do ebo
transformam essa energia em cura, prosperidade, superação e atração da boa
sorte.
Embora muitos afirmarem que este culto é apenas feminino existe a presença
masculina na função de Òsó (bruxo ou feiticeiro). Homens que desenvolvem
poderes e força mágica, as mulheres lhes são atribuídas poderes de manipular
o destino humano através de rituais e consagrações.
Ìyámi Òsòròngà pode assumir várias formas, através de seu poder mágico elas
podem curar, intervir na saúde psíquica e física, manipular os seres humanos,
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Awòn Òrìsà:
Existem várias teorias sobre este tema, mas uma que nos chama atenção é a
apresentada pelo professor e doutor em antropologia o senhor Ìdòwú, que
escreveu em 1977 o seguinte:
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Òrìsà surpreso e apavorado não teve chance de escapar sendo atingido pela
pedra e seu corpo espalhou-se em vários pedaços. Òrúnmìlà tendo
conhecimento do ocorrido corre até o local, junta todos os pedaços em uma
cabaça e faz uso de uma mágica poção revivendo assim não só Òrìsà, mas
vários outros Òrìsà espalhando os por toda Nigéria. Por isso a expressão
(Ohun ti a ri sà) aquele que foi encontrado e agrupado novamente.
Cada orìsà uma ritualística própria, alimentos, cores, roupas, símbolos, cantos,
ritmos musicais, cantos, toques e ewò que são as proibições alimentares ou de
condutas entre outras. Seus nomes são descritivos, ou seja, traz uma
informação sobre sua atuação divina, por exemplo, Jàkúta que significa aquele
que rompe a pedra ou ainda que rompe utilizando pedras, a divindade dos
raios e trovoes.
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Òrìsànlá – Osálá:
Àdìmúlà: protetor
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Suas vidas serão puras e límpidas como água apanhada em uma nascente
pela manhã.
Aos nascidos com algum tipo de deficiência e os albinos são chamados de Eni
Òrìsà (devotos do òrìsà), e devem se devotar a Osálá cumprindo seus ewò
rigorosamente. E comum se dizer para uma gestante as seguintes frases de
forte efeito como: Ki òrìsà ya ‘la re k oni o, que significa que Osálá realize sua
obra perfeitamente em você.
Òrúnmìlà:
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Elérí ìpín
Òrúnmìlà e Èsù exerce um elo de amizade e lealdade assim descrito por vários
Odù de Ifá como em Èjìogbé e Ogbé Ìrètè. Em alguns Odù fazem referencia à
qualidade da paciência de Òrúnmìlà em contraposição ao poder de Èsù.
Vamos ver um trecho que demonstra esta dinamica entre eles:
Òótó balè ó l’ómi, Ìkà balè ó di yangi, o dífá fún Èsù Odàrà ó nlo si ogun
Àjàlé Erémi.
A verdade caiu no chão e virou água, o maldoso caiu no chão e virou yangi, foi
quem consultou para Èsù Odàrà no dia que ele partiria para guerra em Àjàlé
Erémi.
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ficou assustado e perguntou a Èsù o porquê ele havia matado o galo dos
outros, Òrúnmìlà disse também que ele terá que pagar pelo mal feito. Èsù
então lhe respondeu: “Você esta enganado, será você quem sofrerá as
consequências pelo que eu fiz”. Òrúnmìlà disse: “A terra não morre, pode
apenas se tornar estéril, sendo assim eu também não morrerei”.
Ao perceberem que estavam sendo alcançados e que não tinha mais por onde
fugir subiram em uma arvore, o fazendeiro e seu funcionários disseram-lhes
que estavam cercados, outros correram em busca de um machado para
derrubar a arvore. Èsù então diz a Òrúnmìlà que é chegada a hora de
demonstrar seu poder: que havia combinado de fazerem algo extraordinário e
ninguém iria apanha-lo. Assim Òrúnmìlà disse o mesmo reafirmando assim sua
superioridade.
Sendo assim quando a arvore estava sendo derrubada, Èsù disse a Òrúnmìlà
que preparasse para queda, ao caírem Òrúnmìlà se transformou em água e
Èsù em yangi. Assim não encontraram nenhum dos dois. Aos que beberam da
água se acalmaram e os que viram yangi ficaram furiosos com olhar
aterrorizante.
Esta história retrata a qualidade calma deste Òrìsà funfun em contra partida ao
grande poder de Èsù.
Èsù:
Ẹlẹ́jẹ̀lú
Olúlànà
Ọbasìn
Láarúmọ̀
Ajọ́ńgọ́lọ̀
Ọba Ọ̀dàrà
Onílé Oríta
Ẹlẹ́gbára Ọ̀gọ
Olóògùn Àjíṣà
Láàlú Ògiri Òkò
Láàlù Bara Ẹlẹ́jọ́
Láaróyè Ẹbọra tí jẹ́ Látọpa
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Ele é uma Divindade muito habilidosa que sempre faz suas obras e
desempenhou seus deveres com eficácia em circunstâncias excepcionais e de
maneiras extremamente extraordinárias.
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Èṣù sempre exige daqueles que têm que dar àqueles que são solicitados por
isso dentro das premissas de sacrifícios, rituais e propiciação.
Ele mantém o delicado equilíbrio entre o bem e o mal - justo e injusto. Ele
protege cidades e aldeias, Sacerdotes e Sacerdotisas (àwọn Ẹlẹ́ gùn - tí wọ́n ní
ẹ̀rẹ́ ní Ìpàkọ́, e Devotos e Awo contra maquinações malignas. E ele sempre
favorece aqueles que realizaram os sacrifícios necessários e apropriados (ẹbọ)
e outras formas de rituais; " ẹni tó bá rúbọ l'Èṣù ń gbè "!
Balança de volta
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Bí a bá rí ọlọ́rọ̀ ẹni
Ṣọ̀rọ̀-ṣọ̀rọ̀ ni àá dà
A dífá fún Ọ̀rúnmìlà
Ifá yí ò ma ṣe awo pẹ̀lú Èṣù Ọba Ọ̀dàrà
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Ògún:
Ògún forte e poderoso foi escolhido por Olodunmare para abrir o caminho para
a civilização, certamente um herói civilizador. Está relacionado às questões do
trabalho e tecnologia, desbravador, Ògún é o grande realizador. Por este
motivo esta relacionado às Ìyámi Òsòròngà.
Seus feitos o relacionam sua importância no panteão dos òrìsà. Alguns nomes
representam bem assim como, por exemplo:
Onilé owó
Olónà Olà
Ògún que construiu uma casa sem porta para que todos vissem e
compartilhassem de sua prosperidade.
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Ògún também é o primeiro filho de Odùdúwa o pai dos Yorùbá. Outra história
nos conta que o bravo guerreiro, poderoso e temido, protetor e dedicado a
ensinar os seus, ajudava seu pai nas guerras contra os inimigos. Outra ora
Ògún e Odùdúwa partiram em uma jornada e demoraram em retornar a Ilè Ifè.
Odùdúwa feliz pelo desempenho de seu filho mandou entregar um presente
para ser entregue a Ògún na cidade de Ire, onde foi coroado Rei, passando a
ser chamado de Ògún Onírè, Senhor de Ire.
Ògún é muito ágil e feroz, qualquer juramento feito em seu nome deve ser
cumprido. É o grande guardião do Egbé Odè, sociedade dos caçadores, seus
membros são guardiões de todo segredos deste culto ensinados por Ògún.
Òsòòsì:
Òsòòsì tem como seu elemento o ferro, seu símbolo é o arco e flecha (ofà), sua
cor é o azul celeste, verde escuro e o azul cobalto. Sua oferta mais apreciada é
qualquer animal que seja caçado em seu dia festivo e oferecido a ele.
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Obalúwàyé:
Rei que é senhor da terra, assim descreve seu título e o nome pelo que é
reverenciado em terras Yorùbá, Oba-lu-àiyé, sempre que formos usar a terra
devemos pedir por sua permissão dizendo: Àgò o Olódè! Com sua licença ao
senhor da terra. Ol’é uma abreviação de Oni (senhor/dono), Odè significa terra
ou espaço externo. Também é tradicionalmente conhecido como Ilègbóná,
terra quente, Sòpònná, Varíola.
Este Òrìsà possui uma forte ligação com Èsù, esta ligação é constatada por
outro nome de sua reverencia que é Alápadúpé, que significa aquele que
agradece a morte. Ao contrário do que afirmam no Brasil Obaluwàiyé não
possui de forma alguma inimizade ou coisa parecida com Sàngó. Muito pelo
contrário eles são irmão e possuem o mesmo elemento fogo, tanto que existe
um provérbio Yorùbá que diz: A febre de Obaluwàiyé é o poder incendiador de
Sàngó. Outro exemplo é o seguinte: Não há dano que um irmão mais velho
possa causar aos filhos do irmão mais novo.
Eles são tão familiares entre si que, segundo narrativas dos babalawo dizem
que obaluwàiyé frequentemente referia-se ao seu irmão Sàngó com
brincadeira, dizendo que Sàngó para destruir uma única pessoa faz um grande
estardalhaço, com raios e trovões, enquanto ele destrói dezenas de pessoas
silenciosamente.
Por isso não devemos usar roupa vermelha e nem andar no sol quente para
não provocar sua ira.
Lógunnede:
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Seus metais são o ouro, bronze e o cobre carrega espada dourada, ofà, uma
lança em madeira. Muito do que se diz a respeito deste òrìsà no Brasil são
heresias sem nenhum baseamento histórico ou no corpus literário de Ifá.
Sàngó:
Senhor dos raios, trovões e relâmpagos, é o quarto Rei de Òyó, seu culto é
originário desta cidade de onde se expandiu por todo território Yorùbá. Feroz e
generoso é provedor de filhos, dinheiro, conquistas, abomina falsidade, traição
e roubo. Em terras Yorùbá é também chamado de Òrìsà Jàkúta, aquele que
destrói seu inimigo lançando pedras.
Sàngó Olúàso
Quando uma pessoa é punida por Sàngó somente o bàbá mogbà ou a Ìyá
Sàngó, podem realizar os ritos fúnebres para esse transgressor. Entre as suas
punições Sàngó costuma a destruir seu inimigo o atingindo com raio, assim
também sua moradia, quando isso ocorre não se pode lamentar e se
compadecer de suas vítimas. Sendo uma residência atingida por um raio sem
ocorrência de vítimas, as pessoas que moram nela terá que abandonar esta
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moradia por algum tempo e chamar o bàbá mogbà para retirar a maldição
imposta por Sàngó no local, só depois que as pessoas podem retornar com
segurança ao lugar.
Aganju:
Ofo Aganju
Divindade Imortal.
Leopardo feroz de olhos de fogo, criança forte que se abriga dentro do furacão,
criança sensual, dono das riquezas da terra,
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Rei menino.
Rápido como vento, inimigo dos mentirosos, em você que eu busco proteção.
Sempre faço culto para aquele cuja força racha as paredes.
Aganju permita que eu viva por muito tempo.
Saudações ao Rei, que eu seja abençoado.
Permita que eu seja feliz por todos os dias de minha vida.
Assim seja
Òsònyìn:
Òrìsà das plantas imprescindíveis à vida e ao culto aos òrìsà, tanto ao seu uso
litúrgico e mágico quanto medicinal. Òsònyìn é o detentor de todo ase vegetal,
tornando efetivo seu poder de ação. Por este motivo que se louva este òrìsà e
o evoca sempre que se utiliza das folhas.
Contam os Yorùbá em um Itàn que Òsònyìn perdeu uma perna durante uma
disputa com Èsù.
Òsùmàrè:
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Nana/Nònòn Bùrúkù:
Seu culto foi difundido entre os Yorùbá por uma escrava que a trouxe para
Abéòkúta, capital do Estado de Ògún. Considerada poderosa entre os Sabe,
um povo vizinho a Abéòkúta, por ser filha de o próprio Ser Supremo. Por este
motivo também é conhecida e reverenciada como Omolú, omo filho(a) e Oluwa
Deus, não podemos deixar de citar que no Brasil Omolú e Obáluwàiyé são
derivados de distintas denominação de qualidade do mesmo Òrìsà, coisa que
não vou entrar neste mérito em respeito a crença estabelecida por mais de
quinhentos anos de tradição Afro-brasileira.
Existe uma vertente que nos traz uma explicação em que Obáluwàiyé e Nònòn
são divindades inseparáveis por se tratar de Obáluwàiyé ser aquele que
compõe nossos ossos e Nònòn ser aquela que compõe nossa carne.
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Iyemoja:
A grande mãe e madrinha de todas as iyalòrìsà cujo seu nome tem como
significado mãe (ye), filho (omo) e peixe (eja), ou seja, mãe cujo seus filhos são
peixes, também é conhecida por Awoyo, Elegante e bela, agradável aos olhos.
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
oferendas tinha ègbo, Yanrin, èkuru, èko, Obí e Orogbo. Chengando ao rio ela
enchia o pote com água e retornava ao som das crianças em coral, a água do
awé (pote), era para tomar banho e beber durante a caminhada.
Após repetir este ritual por vários anos Iyemoja finalmente conseguiu
engravidar, não deixando de cumprir o ritual, tornando cada vez mais difícil
para ela a medida que a gravidez se progredia. Certa manhã, logo após ter
entregado as oferendas, sentiu fortes dores e pediu para as crianças que se
afastassem, agachou de cócoras e logo ouviu o choro da bebe, dando o nome
de Òsùn, assim pediu que uma das crianças corresse e levasse a notícia a
Òrúnmìlà que, com muita alegria correu para homenagea-la. Ao chegar o
terceiro dia de vida, o umbigo de Òsùn começou a sangrar, mesmo com todos
os cuidados de Iyemoja o umbigo não parava de sangrar. Então Iyemoja foi
consultar Ifá que a orientou segundo Odù Òsé Orógbè que diz:
Ifá aconselhou Iyemoja a fazer ebo e banhar sua filha com Àgbo tútù, por isso
as crianças nascidas sobre ajuda de Òsùn são chamadas de Olomi tútù, e
devem sempre se banhar com água fria. Quando Òsùn completou seis dias de
vida Yemoja preocupada ainda com sua saúde pediu auxilio a Ògún que entrou
na mata e pediu ajuda de Òsònyìn, ele por sua vez entregou a Ògún folhas de
Yanrin e pimentas verdes e as colocou inteiras em um pote. Assim que sua
saúde se estabilizou Ògún a chamou de Òsén’ibuomi, que siginifica Òsé nas
profundezas das águas.
Iyemoja tem como metal a prata, seus símbolos são, o mar, as embarcações,
os corais, as conchas, estrelas marinhas, fósseis do mar e búzios. Seus
colares usam todas as tonalidades das águas em diferentes tons.
Òsùn:
Senhora dos rios, dos metais nobres e da fertilidade, aquém nos traz riquezas,
prosperidades, sensualidade, amor e felicidade. As mulheres quando a
presença de seu santuário devem sempre dizer Yèyé o, yèyé o, que significa:
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Muitos se referem a ela como Òsùn Òsogbó, outros como Ìyámi Àkókó, mãe
ancestral considerada protetora de Abéòkúta, seus devotos sempre vão a
louvores se devotarem a ela no Rio Òsùn.
Um Ìtàn nos conta que na criação do mundo, Òsùn estava vindo do Òrún,
Olodunmare à confiou para proteger e zelar pelas crianças que nasceriam na
terra. Ela seria a provedora de todas as crianças. Ela deveria proteger as
crianças no ventre de suas mães. Assegurando sua saúde e evitando o aborto
e todo contratempo antes do nascer. Tendo que evitar a fúria para não cometer
injustiças de recusar as crianças de seus inimigos e as concede-las apenas
para os amigos. Òsùn foi a primeira Ìyámi Òsòròngà encarregada de ser
Olùtóju àwon omo, a senhora que olha (zela) por todas as crianças, e Aláwóyè
omo, aquela que protege e cura as crianças. Por isso que mulheres estéreis ou
com dificuldade em engravidar pedem ajuda a Òsùn para que seu desejo em
ser mãe seja realizado.
Òyá:
Vendaval mortal
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Oyá esta associada ao rio Níger (odò Òyá), assim como descrito em um Odù
de Ifá que narra que em tempos de guerra, o rei Nupe consultou Ifá para saber
como prevenir-se contra uma invasão. Ifá o orientou que, caso fosse
encurralado, oferecesse uma peça de pano preto para ser rasgado por uma
virgem. Entre as virgens da sua tribo ele escolheu sua filha, que diante do pai,
dos guerreiros e de Ifá rasgou o pano negro O yá (ela cortou). Em seguida
lançou ao chão as duas partes do pano sob os olhares esperançosos do povo
Nupe. Os pedaços de pano se transformaram em águas negras que
começaram a fluir, transformando o núcleo do reino em uma ilha protegida.
Os chifres de búfalos são dentre outros seu principal ingrediente para compor
seu altar.
Obà – Àsàbó:
Orìsà Obà faz parte do panteão dos Orisa que foram inicialmente criados por
Olodumare. Orisa Obà vem a terra como Asabo Eleeko Obà na localidade
Ogboro perto de Oyo Ile. Angberi Olufon era o pai de Asabo, fundador daquela
localidade onde Asabo virou rio. Oba é conhecida como Asabo Eleeko, uma
das esposas de Sàngó, que perdeu uma de suas orelhas lutando com Osun e
após o sucedido virou rio. Orisa Oba come inhame e milho cozido sendo o
vinho de palma, bebidas alcoólicas e o Dendê proibido.
Conta um Itàn que ela era a ultima entre as esposas de Sàngó, inferiorizada
em relação às demais por julgar-se incompetente para cozinhar e para se vestir
elegantemente, de natureza delicada e dócil, tolerava tudo que a desagradava.
Foi a primeira a abandonar Sàngó quando ele destruiu com magia seus bens e
seu povo. Ao deixar o reino sem saber para onde ir e o que fazer pôs-se a
chorar continuamente até transformar-se no rio Obà (odò Obà). O grande
estrondo que ocorre na confluência dos rios Òsùn e Obà esta atribuída a
rivalidade entre esses dois òrìsà.
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Éépà òrìsà,
Éépà òrìsà,
Éépà òrìsà,
Ìyáàmi àsàbó eléèkó,
Jígun já yagbá yagbà, fì légi asègbè léyìn eni à ú n dá lóró, yó mi ní pápá,
Èrìmò níjù,ìyáàmi àsàbó eléèkó sègbè léyìn mi.
Eepa Orisa,
Eepa Orisa,
Eepa Orisa,
Ajé – Sàlugá:
A palavra Ajé significa progresso para você, sucesso para você ou que aquilo
que você deseja em seu trabalho que se realize.
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Segundo alguns Ìtàn, Ajé é filha de Iyemoja com Olokùn, senhor dos mares.
Olodunmare deu-lhe a determinação de dar ao homem a noção de
prosperidade, progresso assim como uso adequado do dinheiro, competindo a
ela transmitir o poder econômico.
“Isso está correto meu amigo Èsù?” Ele então responde: “Não Ajé, eles não
merecem o progresso!”.
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Assim continuaram sua jornada e chegaram a terceira cidade. Foram falar com
o rei e Èsù foi logo perguntando a ele se gostaria de receber as bênçãos de
prosperidade de Ajé. O rei de imediato respondeu que sim, pois assim não
precisavam mais guerrear e todos alcançariam o progresso econômico e, com
isso, obteriam o reconhecimento de todos. Ajé pergunta a Èsù: “Isso está
correto meu amigo Èsù?” Ele então responde: “Não Ajé, eles não merecem o
progresso!”. Ajé é associada ao poder do trabalho e a prosperidade que se
pode conquistar através do esforço no trabalho.
Yewa:
Mãe que sempre existirá, a grande e eterna mãe é estreitamente ligada a Ìyámi
Òsòròngà, guerreira, do elemento fogo, possui grandes poderes mágicos de
cura e transformação, maternal e acolhedora. Atua contra o sofrimento humano
transformando seus sofrimentos em alegrias. Padroeira dos trabalhos manuais
contribuindo com sua criatividade e estética. Yewa também é conhecida como
Aráagbó, Egbé Aráagbó (espíritos amigos).
Àbíkú:
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Eles estabelecem uma forte relação com o Ójó orí com a Egbé Àbíkú, ou seja,
fazem um pacto de retornarem ao Òrún ao atingirem determinada ação ou
idade.
No caso dos Àbíkú àgbà, quando o pacto por eles estabelecido em sua
sociedade espiritual determina que seja chegada a hora do retorno ao Òrún,
este lhe é marcado por um momento de grande significado e importante na
vida da pessoa como, por exemplo: casamentos, noivados, formatura, o
nascimento de um filho ou a realização de um conquista pessoal.
É preciso esclarecer que eles são seres muito perigosos, não cabendo ao leigo
em hipótese alguma realizar nenhum tipo de ritual ou oferenda sem o
conhecimento necessário.
Egbé:
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Egbé Àráagbó:
Èré igbó ou Àráagbó siginifica ser da floresta ou ser do além, este òrìsà é muito
importante, pois atua na proteção contra a morte prematura, neutraliza o
sofrimento espiritual e material de seus filhos e devotos. Orienta o orí de modo
a criar condições para as oportunidades e conquistas, obtém recursos de cura
e bem estar, interfere no destino humano removendo os obstáculos da vida,
atraindo progresso econômico e desenvolvimento espiritual, harmonizando a
vida material com a espiritual, proporcionando bem estar e equilíbrio, fertilidade
e paz, tranquilidade e confiança transformando tristezas em alegrias.
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Komo kó jòwó
Omo jòwó
Seus locais de cultos além do ojùgbó são as chamadas igi mimò, ou seja,
arvores sagradas que são elas:
Akòkò
Yèyé (cajá-mirim).
Pertencem ao seu culto também o yangi, óta, ìrùkèrè, búzios, roupas, colares e
pulseiras coloridas. Há uma forte relação entre Egbé e Ìbéji, òrìsà ligado a
natureza e a floresta, morada do òrìsà Aráagbó. Portanto para se cultuar Ìbéji
tem que se cultuar Egbé.
Ìbéji:
Tem como significado Ibi (nascer) e eji (dois), literalmente quer dizer que
nascerá duas crianças, o nascimento será de gêmeos. No Yorùbá os primeiros
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Ìbéji é cultuado para atrair boa sorte e prosperidade, para evitar a morte
prematura, o sofrimento, perdas materiais atraindo o progresso financeiro.
Associado a duplicidade, Ìbéji está entre o ser ou não ser, o fazer e ou não
fazer, é sedutor atrai conquistas podendo atrair em dobro as riquezas de seus
devotos.
Èjìré são duas crianças que fazem prosperar a casa do sem sorte.
Os macacos são os guardiões dos Ìbéji conforme descreve um Ìtàn que diz:
Um velho sábio que sempre arava suas terras, e que com muita dificuldade
fazia sua plantação. Na época de colheita, sua plantação era invadida por
macacos que comiam toda sua plantação. Assim, furioso com a situação ele
passou a abater os macacos, mas sempre aparecia cada vez mais. Além disso,
sua esposa toda vez que engravidava ela perdia sua gestação. Perplexo com
toda esta situação ele foi consultar Ifá que o informou que o motivo de seus
problemas estava em matar aos macacos. Foi lhe aconselhado para fazer ebo,
Ifá também disse para que ele cultivasse suas terras para uso exclusivo dos
macacos. Ele assim obedeceu aos conselhos de Ifá e logo no primeiro ano sua
esposa pariu gêmeos. O velho agricultor tornou-se muito feliz, relacionou suas
conquistas aos seus cuidados com os macacos, passando a considera-los
sagrados e guardiões dos gêmeos.
Ìrókò:
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
sua manifestação ocorre tanto na árvore Ìrókò quanto em uma floresta, parques
ou jardins. Seus símbolos são o espaço e o tempo, a terra, óta, ìrùkèrè, e
búzios. Veste-se de branco com colares coloridos.
Seu culto tem por finalidade a ura de todos os males físicos, matérias e
espirituais, para preservar a paz, harmonia social e a tranquilidade, para se
obtiver fertilidade e força espiritual assim como para se manter o Ase enquanto
instituição vivo, permanente e preservado. É atravez do culto a Ìrókò que se
apazigua o òrìsà Aráagbó, Òsònyin, Egúngún, Gèlèdé e Iyami Òsòròngà,
Ògún, Òsòòsì, Sàngó, Abíkù e Yewa. Favorece o desenvolvimento do orí e sua
sabedoria, desenvolve intuição e o contato com os seres mágicos, elimina todo
e qualquer tipo de perturbação psíquica e estimula a estabilidade pessoal, nos
tornando fortes e preparados para os desafios da vida. Seu culto tem como
objetivo principal agradecimento a natureza por tudo que nos é oferecido por
ela. No Brasil seu culto esta especificadamente ligada à gameleira branca, a
arvore de Ìrókò.
Ìgunnukó/Igunukó:
Òrìsà da agricultura favorece o bom plantio e sua colheita, possui uma força
criadora e regeneradora, agregada aos cultos ancestrais com uma finalidade
de manter a conexão e a harmonia com os antepassados, para que possamos
enquanto sociedade organizada obter a prosperidade, a justiça nas relações
sociais. Seu culto visa evitar as calamidades públicas. Possui como atribultos
simbólicos, awé (pote), ilú ou bata, óta, ìrùkèrè, búzios, veste-se com roupas e
colares multicoloridos.
Considerações finais:
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Egbé ase ifá gidigidi – ìjo òrúnmìlà – èsìn òrìsà ìbìlè
Biografias E PESQUISAS:
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