Ficha de Trabalho B2

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Ficha de trabalho Nível B2

Poesia
21 de março – Dia Mundial da Poesia

Lê o texto que se segue e responde às questões.

Poesia
O Dia Mundial da Poesia celebra-se todos os anos no dia 21 de março, desde 1999. Tem como
objetivo promover a leitura e a escrita de poesia. Mas… o que é a poesia?
Definir poesia não é muito fácil. José Fanha, autor de poemas, textos e canções, diz que a poesia é
“a arte das palavras”, “uma janela aberta sobre o mistério maravilhoso das palavras”.
A poesia é uma arte, como a música ou a pintura. Mas, quando falamos de poesia, podemos referir-nos
a um certo tipo de texto – o texto poético, o poema – escrito em verso, com ritmo e, às vezes, com
rima. Ou podemos estar a pensar na magia, na imaginação que nos faz ver as coisas de forma
diferente…
Em ambos os casos há emoções, inspiração, beleza… Em ambos os casos existem poetas (e
poetisas). E, por isso, todos nós somos um bocadinho poetas (e poetisas). Porque, às vezes, temos
uma maneira especial de ver ou sentir o que está à nossa volta. E, às vezes, encontramos uma
maneira especial de dizer o que pensamos, imaginamos ou sentimos. E isso é a verdadeira poesia!
Miguel Torga4 escreve, no seu poema “Majestade”:
Passa um rei – é o poeta.
Não pela força de mandar,
Mas pela graça mágica e secreta
De imaginar.
(…)
Miguel Torga, “Majestade”, in Antologia Poética,
4.ª ed., Coimbra, ed. do autor, 1994

Para ficares a conhecer mais sobre Miguel Torga, visita este


s it e
1

Miguel Torga: poeta e escritor português do século XX.


1
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Relê o texto "Poesia".


1.1. Assinala as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F), de acordo com o sentido do texto. Corrige as
afirmações falsas.
a. O Dia Mundial da Poesia celebra-se desde 1999 para aumentar e desenvolver a leitura e a escrita
de poesia.
b. A palavra poesia tem um único sentido.
c. Os textos poéticos têm rima.
d. A poesia corresponde a uma forma especial de ver o mundo.
e. Os poetas são as únicas pessoas com capacidade para mostrar a sua forma especial de entender
o mundo.
f. No poema de Torga, o poeta é o rei devido ao poder da sua imaginação.

1.2. Para José Fanha, a poesia é “a arte das palavras”, “uma janela aberta sobre o mistério maravilhoso
das
palavras”. O que achas que o autor quer dizer?

Atenta agora na palavra "poético", que significa: "relativo à poesia; que tem poesia; que tem
características
da poesia".
2.1. Completa o quadro A com palavras do texto.

de modo a ter essa


característica, com essa
característica
poeticamente
g.
h.
i.
j.

k.
l.
2.2. Para cada par formado na tabela acima, encontra mais uma palavra – desta vez, com significado de
modo, de acordo com o exemplo. Coloca a nova palavra no quadro B..
ex.: poesia ➔ poético (relativo a/que tem poesia) ➔ poeticamente (de modo poético; com poesia)
2

23

A B
relativo à característica, que
característic tem essa característica
a
➔ poético
poesia
bel
a. o
diferença b.
maravilha c.
mundo d.

f. mágico
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3 Lê o texto.

Para que serve a poesia?

Esta é uma daquelas questões que, mais cedo ou mais tarde, todos os poetas
enfrentam. A resposta mais frequente, mais falha de imaginação e de verdade,
assegura que a poesia não serve para nada.
Na origem, a poesia era uma disciplina da magia. Servia para encantar. Continua a ser
assim, embora, no sentido literal, poucas pessoas ainda exercitem essa antiquíssima
arte. Uma tarde, em Benguela1, conheci uma das derradeiras praticantes. Almoçava
com amigos, e amigos de amigos, quando, a determinada altura, escutei um sujeito
referir uma tal Dona Aurora:
- A velha receita poesias.
- Recita - corrigi.
O homem, um oficial do exército, encarou-me, irritado:
- Não senhor! Receita! Dona Aurora receita poesias. Resolve problemas de amor,
amarrações2, mau-olhado3, tudo com versinhos.
Fiquei interessado. Anotei o endereço da curandeira num guardanapo e, na manhã
seguinte, bati-lhe à porta.
Dona Aurora morava num casarão em madeira, muito maltratado. A velha senhora,
miúda, muito magra, vestia de cor-de-rosa. Convidou-me a entrar. Móveis dos anos
50, muito gastos. Estantes carregadas de livros velhos. Aproximei-me. Poesia, e mais
poesia: Florbela, Camões, Vinicius, José Régio, Sophia, Drummond, Manuel Bandeira,
tudo misturado, num bem-aventurado desrespeito por fronteiras políticas, estéticas e
ideológicas. “O meu marido sempre gostou de poesia”, justificou-se: “Eu menos. Foi só
depois de ele morrer, há 30 anos, que descobri o poder dos versos.”
Tudo aconteceu por acaso – contou. Uma tarde deu-se conta de que certos sonetos
(os mais trabalhosos) a ajudavam a vencer a insónia. Mais tarde, que João Cabral de
Melo Neto era muito eficaz no combate à cefaleia4. Pouco a pouco, foi desenvolvendo
um método…
Numa cidade pequena, estas excentricidades trouxeram-lhe, primeiro, inimigos e,
depois, devotos pacientes. Hoje, ela recebe todos, ricos e pobres, na sala onde me
recebeu a mim. Ouve as suas queixas, levanta-se, percorre as estantes, e regressa
com uma solução em verso.
Dona Aurora não aceita dinheiro pelos serviços prestados. “Não sou eu quem cura”,
explicou-me, “é a poesia”.
José Eduardo Agualusa, revista Ler, maio de 2012 (adaptado)

1
Benguela: cidade angolana, capital da província de Benguela;
2
amarrações: sentimentos de prisão por razões afetivas; interesse amoroso por alguém;
3
mau-olhado: capacidade de, através do olhar, trazer sofrimento ou desgraça a alguém;
4
cefaleia: dor de cabeça.

3
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3.1. Faz corresponder as palavras ou expressões do texto aos respetivos significados.

· · 1. olhou para mim, de frente

· · 2. pessoa que trata de doenças, mas não é médico


· · 3. feliz; aprovado como bom
· · 4. dá como certeza; garante
· · 5. percebeu, notou; apercebeu-se
· · 6. difíceis, complicados
· · 7. poemas com uma estrutura própria (duas quadras e dois tercetos)
· · 8. aceitam como desafio; passam como prova
· · 9. comportamentos fora do que é considerado normal ou habitual
· · 10. pratiquem; tenham como atividade
· · 11. dedicados; admiradores
· · 12. baixa, pequena (em altura)
· · 13. últimas
· · 14. pessoa, indivíduo

3.2. Para cada uma das expressões sublinhadas, escolhe o significado mais adequado, de acordo com o
sentido do texto.

a. “A resposta mais frequente, mais falha de imaginação e de verdade (…)”.


I. A resposta que todos dão, porque é verdade.
II. A resposta mais comum, mas menos verdadeira e com pouca imaginação.
III. A resposta com mais imaginação e verdade.

b. ona Aurora receita poesias.”


I. Como um médico faz com os medicamentos, Dona Aurora seleciona poemas que vão ajudar
a curar as doenças ou o sofrimento das pessoas.
II. Dona Aurora lê poemas em público.
III. Dona Aurora cozinha receitas que encontra nos poemas.

c. ) tudo misturado num bem-aventurado desrespeito por fronteiras políticas, estéticas e


ideológicas.”
I. autores misturados quanto à nacionalidade, mas agrupados por estilo.
II. poetas separados por fronteiras políticas, mas misturados quanto ao estilo.
III. poetas misturados sem critério – nem de nacionalidade, nem de estilo, nem de forma de
pensar.
4

a. enfrentam

b. assegura
c. exercitem
d. derradeiras
e. sujeito
f. encarou-me
g. curandeira
h. miúda
i. bem-
aventurado
j. deu-se conta
k. sonetos
l. trabalhosos
m.
excentricidades
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d. “(…) ajudavam a vencer a insónia.”


I. resolviam o facto de ter muito sono.
II. provocavam sono quando ela ainda não queria dormir.
III. provocavam sono, resolvendo a dificuldade que ela tinha em dormir.
e. ) estas excentricidades trouxeram-lhe, primeiro, inimigos e, depois, devotos pacientes.”
I. as suas práticas pouco comuns, no início, não foram bem recebidas, mas depois passou a ter
clientes dedicados.
II. as suas práticas pouco comuns deram-lhe muitos inimigos e nenhum cliente.
III. as suas práticas, ainda que pouco comuns, trouxeram-lhe clientes desde o início.

4
3 Imagina que te colocam a mesma questão: na tua opinião, para que serve a poesia?

53 Ouve a canção “Perdidamente”, um poema de Florbela Espanca interpretado pela Ala dos Namorados e
Sara Tavares.
Preenche os espaços em branco com as palavras em falta. Ouve novamente a canção enquanto vês o
vídeo e corrige as tuas respostas.

Ser a. é ser mais b. , é ser maior


Do que os c. ! Morder como quem d. !
É ser mendigo e e. como quem seja
f. do Reino de Aquém e de Além Dor!

É g. de mil desejos o esplendor


E não h. sequer que se deseja!
É ter cá i. um astro que flameja,
É ter garras e de condor!

É ter k. , é ter l. de Infinito!


Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o m. num só grito!

E é amar-te, assim, n. …
É seres o. , e sangue, e p.
em mim
E dizê-lo q. a toda a r. !

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35 O dia 21 de março é também o Dia Internacional da Árvore (ou da Floresta) e o Dia Internacional de Luta
Contra a Discriminação Racial. Aqui ficam dois poemas de António Gedeão para celebrar estas datas.

Poema da Árvore

As árvores crescem sós. E a sós florescem.

Começam por ser nada. Pouco a pouco


se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.

Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,


e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,


e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.


Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

António Gedeão, Obra Poética, Lisboa,


Edições Sá da Costa, 2008

Lágrima de Preta

Encontrei uma preta Mandei vir os ácidos,


que estava a chorar, as bases e os sais,
pedi-lhe uma lágrima as drogas usadas
para analisar. em casos que tais.

Recolhi a lágrima Ensaiei a frio,


com todo o cuidado experimentei ao lume,
num tubo de ensaio de todas as vezes
bem esterilizado. deu-me o que é costume:

Olhei-a de um lado, nem sinais de negro


do outro e de frente: nem vestígios de ódio.
tinha um ar de gota Água (quase tudo)
muito transparente. e cloreto de sódio.

António Gedeão, Obra Poética, Lisboa,


Edições Sá da Costa, 2008

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