Ebook Poetryces Lauro José Cardoso

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POETRYCES

Lauro José Cardoso

2020
LAURO JOSÉ CARDOSO

POETRYCES

SÃO FRANCISCO DO CONDE

2020
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Sistema de Bibliotecas da Unilab
Catalogação de Publicação na Fonte

C264p

Cardoso, Lauro José.


Poetryces / Lauro José Cardoso. - São Francisco do Conde, 2020.
61 p. : il. color.

Ebook.

1. Literatura africana. 2. Literatura são-tomense. 3. Poesia. I. Título.

BA/UF/SEBI CDD 896

Ficha catalográfica elaborada por Bruno Batista dos Anjos, CRB-5/1693


Prefácio
Dizem que a humanidade tem mais a ganhar quando realmente os poetas
continuam a escrever. Dizem também que a leitura nos leva a qualquer lugar. Por isso,
vos convido para esta viagem, traçada por versos de Poetryces.

Poetryces é um livro que reúne 79 poemas. A textura dos poemas revela um


escritor de uma dimensão ampla e de intelecto. O Poeta apresenta e representa em
pessoa os seus versos. Ele é o poeta em pessoa que está na sua procura. Mas, a sua
múltipla personalidade leva-o a mergulhar nas profundezas do incómodo, talvez com
esperança em encontrar ele mesmo.

Poetryces descreve o caminho que ele percorreu e leva-nos, por exemplo, a ter
noção de algumas lembranças da infância, alguns momentos da vida universitária e
outros. Veja bem, outro elemento importante desse livro é a linguagem. A linguagem do
poeta também expõe a heterogeneidade do português num território linguístico chamado
UNILAB. Ah! Sim, ele é aquele poeta que o Grand mestre está à procura.

Lauro José Cardoso nasceu em São Tomé e Príncipe. É Bacharel em


Humanidades e Licenciando em História. Como artista, Lauro tem presença na
fotografia enquanto fot, e também como ex-membro do grupo de Hip Pop Bota Fala.
Além de ser um escritor com publicações regulares na rede social. E escreve vários
gêneros textuais como poemas, contos, crônicas e outros géneros literários.

Poetryces de Lauro dispõe de sintomas na narrativa clássica. Os cincos poemas


‘sintomas’ seguem uma estrutura épica da narrativa. Os sintomas são motivos de
aventuras de desejos múltiplos, com certas vontades de ser. A cavalaria dos versos cruza
as métricas para trazer a mais profunda lembrança do poeta desde o tempo quando, ele
era um menino ‘pikinoti’. Os versos ousados revelam sentimentos que habitam no
coração do poeta santomense. É assim, que o poeta vai costurando o caminho da sua
personagem lírica com profunda reflexão de desejos das coisas que não iriam
permanecer para sempre. O prazer dos ‘sintomas’ que vão mudando com o tempo.

Seguindo as ordens dos versos e narrativas, a ‘Vanile’ é a nossa rainha desse


livro. Ela se edifica nestes títulos dos poemas: ‘As escapadas’, ‘Vanile’, ‘Falácias de um
reino em ascensão’, ’Praga sobre a Lua’ e até a ’Vanile - A guerreira’. A rainha
guerreira é o enredo da pessoa negra na sociedade atual que vivemos entre a alienação e
a reconquista da autoestima.

Alguns poemas são costurados nas noites boêmias de cidade São Francisco do
conde, ‘Capenga’s bar’, onde costumamos terminar as nossas resenhas filosóficas de
TCC. Tal como expressões com ‘’Ché, cada coisa que desce?!”. Sábias afirmações na
filosofia do bar Capenga, conversas sobre o mundo de Marvel e Disney se transitam e
transformam exclamações como: Mbé, esse gajo’’/ ‘’fala coesas’’. A expressão
guineense (língua kriol) é o fruto do símbolo da integração na UNILAB, uma sintonia
dos países que falam a língua portuguesa.
Quem lê os poemas do poeta há de encontrar uma criança através dos conteúdos,
por exemplo: ‘’Fui ver saudades,/ são lindas, imperfeitas, quase dou por mim/
desmaiado no meu "antigo" cúbico em/ Agostinho Neto./ Roça, expiro a respiração do
memorial/ de um sítio situado simplesmente,/ na simplificação dos meus gestos’’. E
assim como as suas aventuras imaginárias "da saga Harry Potter" que encantou a sua
adolescência. Um telespectador de grande senso critico de séries e filmes, inclusive, um
desses filmes chegou a ser o objeto de pesquisa para a obtenção do título de Bacharel
em Humanidades, pois, ‘Orfeu Negro’ acabou sendo um reflexo da sua leitura com
muitas opiniões sábias que desfilam nesse livro de poema.

Por: Noah Abyutee Kó


"Nos quadradinhos, a imagem é observada,
como se jamais fosse mudar.
É certo que muitas verdades não mudam,
que certos lugares ou momentos ficam eternos e paralisados,
mas também é certo que outros se transformam
e criam realidades diferentes das que, antigamente, existiram.
De uma janela grande, quadriculada, com a nitidez escondida,
vê-se uma árvore verdejante permanecida incólume.
Visionada através do olhar melancólico de arrependimento e saudade.
Cujo entristecer sem medidas, lhe ferre e corrompe
o corpo, sem esperanças de abandonar as suas indaguices.
São olhos avermelhados, invisíveis para o leitor ou a leitora,
chamuscados pelo torpor magestoso de se achar aprisionado pelas
palavras.
E só através desta janela lhe é permitido observar tal liberdade,
inalcansavelmente imponente, mas tão imperfeita e insaciável!
Enquanto o tempo vai passando, o poeta permanece no seu casulo.
Feito um prisioneiro agridoce em escrever Poetryces."
SUMÁRIO

Parte I
Poema I - Sintomas I 1
Rua do Esfaqueamento 4
Dois doces 5
Desmundo 5
As escapadas 6
Capenga’s bar 6
Menos infame 7
S.O.S 7
Diva Devassa 8
Explosões de amor: a era que deixou de ser 9
Existem moscas dentro do hospital 10
Engavetamento de ideias 11
Ouçar 11
O imediato 11
Saco de cueca suja 12
Homens menstruam 13
Marvelisticamente sobrenaturaliza-se 13

Parte II
Poema II - Sintomas I 16
Satã estava do lado direito do meu sofá 18
Não sei lidar com isso 18
Cundu 19
Vulnerabilidade hábil 20
10 contra 1 20
Pastilha e Chiclete 21
Apesares 22
Vanile 23
Crises 23
A procura de catota 24
Eu queria ficar invisível 25

Parte III
Poema III - Sintomas I 27
Poesia-Bufo 29
Ia Iaí? 29
Perturbado 30
Canetas caindo 30
Estudo 31
Flores_tão 31
Monte problemático 31
Atravessar a ponte 32
Tempos 33
Essa coisa de não digam que não avisei 33
Sobras de ossos 33
2018 34
Iso-lamento 35
Mafumá 35
Hino assumido pro ar 36
Falácias de um reino em ascensão 36
Apedrejamento sem pedras 37
Mô, manda-chave! 37
Feição de quem quer mas falha 38

Parte IV
Poema IV - Sintomas I 40
Isso não faz o menor sentido 42
Os dizeres 42
Sobre aquela fotinha 42
Atrás das grades 43
Praga sobre a Lua 43
Lingá 43
Cafuné no meu dedinho 44
Escrevendo em ziguezagues 44
U Gurdunoba 45
Um fantasma chamado vento 45
Teoria do vice-versa 45
13 de dezembro_10h24min 47
Tó Chico = Tóxico 48
A história de um umbigo 48
Choro 48

Parte V
Poema V - Sintomas I 51
A Leitora 53
Atemporal 54
Gorila cagando no deserto 55
Brisas 55
Segredos contados por um homem vivo 56
Vanile - A guerreira 56
Unilab_irintos 57
Cemitério dos Europeus 58
Eu sou esquisito 59
Os descarrilamentos 59
Fugido 60
Do Dia Da Dita Data 60
Celebrante 61
1

Parte I

///Dizem que o caos acontece cada vez que escrevo///


2

Poema I - Sintomas I

nas calmas com algumas revoltas,

falo da criação de uma nação,

dentro de mim.

uma vontade em deixar de ser múltiplo.

é possível?

todos os dias sou convidado

a escolher o que quero ser.

a eliminar identidades,

e fazer nascer outras...

uma arte estranha de pertencimento

que se normaliza, contraditoriamente,

em cada leitura viva que faço.

procuro o concreto,

basta de ideais sem hipóteses,

justificativas e referências!

Quero achar um porto desorganizado

que se organiza.

Declinar determinados capitais culturais,

me fortalecer no senso comum,

cair na discórdia

sabendo que haverá concórdia

nos meus passeios intelectuais.

rasga, rasga...a folha!

esquecer para ter memória

desse esquecimento emprestado

onde a prestação só presta


3

como uma pílula do dia seguinte....

tudo isso porque desejo ter uma nação,

dentro de mim: uma noção.

o algo tipo pó talco,

um taco trágico com verossimilhança

ou perdições em palavras...

coisa que não faço tem um tempo,

mas que tempo é esse?

escolhido pelo outro...

do qual tive que me adequar.

eu só quero viajar, porra!

na minha cabeça havia um peixe

que se afogou, pois, mal soube

respirar na sua própria casa,

seu próprio lar.

tive que inventar um.

Ou melhor, mais de um...

agora já não sei o quanto inventei,

nem sei em que casa estou

e, talvez, a culpa não seja minha!

também sei que culpar outras ideologias

pode soar à idiotice...

e o que só queria é ter uma nação!

uma percepção homogénea de mim mesmo,

apesar de sentir a heterogeneidade a flutuar

sob o espetro azul que quero fundar!

Volto-me contra o ser...e durmo.


4

Rua do Esfaqueamento

na (in)possibilidade de morrer...

não bastou só matar o Poético.

Houve uma faca, ensanguentada,

sem corpo cadavérico, desaparecido,

e quem estava ali desmaiado era o assassino.

depois de cometer o crime,

foi apanhado de surpresa

por um pilão que lhe atingiu a nuca.

Sabe-se lá quem deu-se à preguiça em não,

ou duplamente não

ir mais além na consumação do ato criminal...

assassinando o assassino!

Ele chama-se Poemático,

degolou, com a sua faca,

o seu irmão gêmeo.

A rua foi inaugurada devido o

macabro acontecido!

Depois desse evento,

eventualmente

nenhum nome

deixará implícito

aquele lugar de explicação esfaqueável.

Só Fica um mistério no fogo, ar e terra,

quem tartamudeou o pilão na nuca do criminoso


5

Dois doces

Se houvesse fábrica, lírica e cinéfila,

o fabrico, de uma doçura, fabricada,

teria uma característica incaracterística,

mas a cor do sabor não perderia substância,

apenas dois gustativos.

Que numa tardinha seca de amarguras,

encontraria palatices entortadas na torta da tia Mel

e também um tiquinho de saliva gutural

do primo Aparício,

cujo aparecimento se deu,

quando a fábrica da melodramaturgia

ainda nem pensava em fabricar

doçuras doces do docíssimo!

Desmundo

Há muito que o mundo deixou de ser mundo.

É desmundo.

Uma inconsistência. O fortuito é

mero reflexo, um descalabro...

o tal eu lírico perplexo jaz mudo,

no candelabro desse murmúrio.

Eleito vagabundo,

nos escombros das abundantes pirações,

vagador de silêncios

cujo dever é desmundar-se

de cosmos em cosmos
6

até achar um refúgio:

Uma cortesia do deus do Exílio.

As Escapadas

Um raio de escuridão chegou no primeiro dia.


Anteriormente, só havia brancura.
Logo, esse tal de primeiro dia, só é um nome,
Antes, existiram vários outros "primeiro dias".
Ninguém sabe o que existiu anteriormente ao brancurismo. Agora, o dia é escuro. A cor
preta é que prevalece, e, juntamente, com esse raio de escuridão, nasceu a "primeira" ser
Escapada: Vanile.

Dizem que a sua pele, para além de ter uma tonalidade preta, ela brilhava, brilhava de
um jeito brilhante, atraente, mesmo quando a noite se fazia feita!
E quando era de dia, o tom não perdia esse tal brilho: permanecia brilhantizado.

Um brilho preto. Isso fez com que ela se destacasse das demais chegadas depois.
Ora bem, assim começara a era da Pretitude e afirmação preta.
Final da estória?

Capenga`s bar

cada cerveja

uma reflexão.

ponto

de absorção,

idiomas levados

em movimento

sutil

de copos tilintando.

beberagem na aragem

do time, pois,

filosofando

tens epifania,

EureKa.
7

Menos ínfame

Por vezes os discursos

escapam que nem salivas...

É com esse leve pesar

que se pesa as medidas erradas,

de uma errata concomitante

ao peso de um pneu que serve como

um gomil certo.

Caso o ocaso chegue mais rápido,

declina a inclinação de um poema marginal

vindo de fora...o som com anemia falciforme,

ecoando numa lapiseira prostrada

em São Francisco do Conde,

também tem vez, porque é o menos infame,

no alarde de um final do Mês incerto.

S.O.S

Vaso quebrado.

Reconfiguração demorada.

Erro.

Gravidade 100.

Sem espaço de manobra.

Um arrependimento.

Desequilíbrio constante.

Tenso.

Quanto mais penso.

Sinto a hecatombe.
8

Do ato.

Da reação irrefletida.

A queda. Da queda.

Passagem em terreno escorregadio.

Como será?

O depois do acontecido.

Escrever me alivia.

Mas a vida é mais que escrita.

Contudo, ao longe, veio um grito.

Nos confins da minha mente:

Levanta-te!

Diva Devassa

Naquele divã

as tuas pernas invocam

disfarce....

aposteriormente

tem um gole

autêntico

de licantropia

que vicia

a sede dos seios

pernoitada

em seus beijos mascarados.


9

Explosões de amor: a era que deixou de ser

A barriga produz barulho

Lombrigas e etc.

do meu corpo que emagrece...preocupações?

Ninguém sabe!

Saiba-se que ser pai não é um fazer de contas,

a mãe dorme perto.

Sinto-a respirar!

Parece engraçado esse vilipêndio

de atirar imensos cuspos,

sem, necessariamente, haver sina

ou até mesmo a tina,

de circular com o peito cheio de peido,

que termina antes do término!

Música de Bob Marley, vontades,

tomara que seja uma menina...

Canseira de dizer sobre o amar

não perder essência mesmo que o mosquito pique.

Essencial? Tende pra um talvez.

O inconsciente anda de patins

no palco das verdades.

Tipo pirotecnia.

Fogos de artíficio.

Explodiu nos ares da escuta,

essa forma estranha de amor-moradia.

O fim?

Finalmente, não!
10

Dizem as línguas diárias que os grandes amores

nascem quando morrem!

Existem moscas dentro do hospital

é possível que um leve toque, toque,

naquele rock de dores e reclamações,

das pessoas aos gritos,

lágrimas de sofrimentos e, risos, só risos

de alívio, hahahahaha,

soros, comprimidos e injeções

aos soluços pirracentos do gotejamento inconstante.

Preguiça. Sonolência, mal estar do ser,

Doenças e curas, curas ou doenças.

Internados que se cuidem,

para serem cuidados,

o médico deu baixa

e espera-se que dê alta breve em mente e corpo.

Apenas sou um acompanhante que observa, e mosca

na reserva de um quarto feminino,

onde alguns saberes

dizem que não devo estar, mas estou.

O estarei é uma pergunta com vibranium.

Come-se bem no refeitório hospitaleiro,

a sobremesa foi gelatina.

Mas nada de gente fina, hein!


11

Engavetamento de ideias

Epa, cheio de ideias na gaveta,

e o desafio é tirá-las de lá.

Cá tem parto, mas nascimento é conturbado.

uma gaveta sem chaves,

qualquer mão pega,

apenas não sente da mesma maneira.

Época pouca pousa na mesa de pescoceira,

o que está no interior é desconhecido

até por quem diz conhecê-lo.

Ouçar

Ouvi um a bater coraçãozinho...

ouvi vida uma, sinal um...

a imagem do ser humaninho que ver

quero nascer!

O imediato

Já.

Não dá deixar amanhã.

Deixo hoje como exemplo.

Um agora mora na hora, bora!

Bla-blas atoa não, despacha-te mazé!

Faz cedo, medo é um credo

com um dedo gangrenado

que impreterivelmente vai

precisar ser cortado.


12

Corta, depressa!

De pressa está na imprensa,

como notícia principal com pressa.

Já é um tal repentino

cujo anúncio vem,

com margem

de aragem

e a imagem

nesse rol

momento

vivaz.

Saco de cueca suja

Se coloca no lugar

delas

.......não complica,

(des)explica a

complicação......

....essa sujeira....

Que chega a tá cheia,

e precisa ser (des)vaziada.

Num outro dia...

....numa outra ida....

se encherá novamente,

mas tu...só tu, de mente nova,

em vez de lavá-las, as velhas,

continuarás (des)sujando.
13

Homens menstruam

O quê?

Sim.

Como assim?

Acontece.

Porquê?

Porque sim.

A natureza atribuiu isso apenas às mulheres.

Será?

É sim.

Estás enganado, estou menstruado,

E contaram-me que sou Homem.

Ché, cada coisa que desce?!

Pois é, desse jeito sério.

Marvelisticamente sobrenaturaliza-se

Pelo síndroma

da Marvel,

Um tanto Sam e Dean,

deglutiram um poltergeist

Bang-bang,

spoiler à vista,

guerra infinita

em alta

em Wakanda

onde Pantera Negra

fora visto
14

desaparecer

devido

ao estalo dos dedos

de Thanos,

haverá regresso

no Ultimato?

Bom, iniciaram

a última Guerra pelos tronos.


15

Parte II

///Faz tempo que de bicicleta (des)baiko//


16

Poema II - Sintomas I

uma origem, reivindico,

o regresso que nunca acontece

pleno

pelo caminho vou sendo,

retalhos separados por inteiro,

detalhes, ficcionado em nuances,

canto coisas contadas como

concentrações codificadas com costumes.

Eita, tradições que se inovam,

desse jeito as modernidades mornam

na fé de um pretérito.

Fui ver saudades,

são lindas, imperfeitas, quase dou por mim

desmaiado no meu "antigo" cúbico em

Agostinho Neto.

Roça, expiro a respiração do memorial

de um sítio situado simplesmente

na simplificação dos meus gestos.

não abandonada as teorias de uma nação,

o meu interior tem pavor

de um encontro.

um encontrão contra o afã grande

do que sobrou no meu lar em Água Bôbô.

festa de freguesia lá na zona,

as melhores roupas na rua,

perfumes "baratos" saltam aos cheiros,


17

quem disse que os dizeres

somente são cantigas

desanexadas de um nexo?!

A validade também reside no comum sensual.

tanta cientificidade,

vontade de provar

prever

prevenir

e os pré`s batem na rocha

dos pro`s.

na varanda do Prédio de Banco,

posso olhar pra baixo, ser um vigia,

que por alguns minutos

sustenta a sua vigilância

e sustenha o seu ser vigilante

que vazou na pia...

vai pegá-los no esgoto.

Confusões!

O fuso horário aqui é confuso,

identidade versus identidades de,

versões atualizadas

por um game over instalado

num telemóvel desmembrável.

Viro às costas...dormir volto.


18

Satã estava do lado direito do meu sofá

Com licença, madame!!!

Desculpe? Que madame?

Madame Satã...ou, se preferir

posso chamar você de João...

ah, madame por favor, fica chique desse jeito!!

Ok, madame,

só queria dizer que sou um grande

apreciador

da sua vida, da história que me contaram...

te conheci num filme que vi!!!

Hum, nossa, eu nunca vi esse filme...

você pode me passar pra eu ver também?!

Não sei lidar com isso

Silêncio.

Recorres a essa tua vontade

de me ignorar,

por não saber lidar com essa

maneira de

mostrar afetividade,

me afasto

com a desculpa sincera

de me sentir mal...quando o teu olhar

incompreendido

fustiga a minha alma, que naquela fase,

só queria ouvir uma frase carinhosa


19

da tua boca.

Silêncio.

Estamos desequilibrados.

E eu tenho medo...de perder-me

em meio

do amor e orgulho.

Cundu

Raspa.

Novamente, raspa.

Cresce de velho,

até chegar de novo.

Meio termo.

Esquece essa cena,

carro bate`mo n`strada

se essa cena

non vai crescer de velho.

É uma raspadinha,

mas...sabe duma cuá?!

Vô dexá crescê memo,

safoda essas mania

de limpeza.

Não raspa nada só!!!


20

Vulnerabilidade hábil

Ciúmes. Canção ou caução...

Meus não queriam ver esses olhos,

numa dança sexual brincante.

E nem era eu.

O racional sabe que o parecer

não era.

O sentimental queria arrancar

tudo na ira.

Em casa, uma conversa carregada.

Como sou afetado

pelo egoísmo

de a querer

no meu enleio.

10 contra 1

Teso!

ou

Tesado

Toca o pau.

Pressiona,

aciona

esse prazer

Solitário.

Conheça

o ultraje
21

de atacar

em grupo

o caralho!

Pastilha e Chiclete

Em mim

Um ser rancora

rancorosamente

porque

essa conversa de

integração

não é projeto

em que todos e todas

saíram unidos e felizes.

É utópico demais.

Acham-se brincadeiras

enquanto coisas sérias.

É tão sério isso,

que julgo brincar

com as especializações

de uma suposta,

e "verdadeira" integração.

Rancor mascado na boca

fruto de

situações

vividas de jeito incompleto

porque não completei


22

a minha transição de idiota

para um herói integracionista.

Ah, devo reivindicar

um chicleatemento

pastilhado

enquanto decido jogá-la

fora!

Apesares

Dos, ou,

das

vezes que

o pé pesa nos ares,

há uma mentira

contada

no bairro

de estrada de barro,

virada verdade

que aranha

aquela aranha

esquecida

de tecer

impróprias teias.

Caburetos.
23

Vanile

Lembro-me dela, a menina escapada, virada adolescente.


A sua pele preta brilha agora mais do que aquele ontem.
Do qual muita gente não se lembra.

Vemos ela se tornando rainha, e o seu povo a venera.


Mais do que qualquer outra já dominada o universo terráqueo de Escapatória.
Até mesmo no antigamente, nos tempos do Brancurismo, não havia alguém tão forte.
E poderosa! Como ela: Vanile, a Escapada valente.
Aquela que reduziu a esperança da Luz à zero!

As Escapadas ganhavam fama.


Como entidades adentradas num grau de insanidade brutal.
E ainda não se chega o final da estória!

Crises

Parece

o pareço

emerso

em

paródia.

O crítico

mirrar

de

discórdia

que

ao virar

da esquina

amordaça

a primeira

paranoia

que chega.
24

A procura de catota

O pretérito é hoje,

esse buraco que a gente

nunca acha,

rasteira

deambulante

nas barbas rústicas

daquele tempo ido,

prometido

mas cometido

por elos de silenciamentos

de buscas

(...) (...) (...) (...)

Confissões de uma

serva que se serve

da representatividade

para foder

o que se tanto procura!

Em lugar algum

a catota

será semente de achamentos.

Encontrões

serão bem vindos

quanto mais

ou menos

forem os boicotes

das temporalidades
25

perdidas

no caótico vendaval

dessa demanda

Eu queria ficar invisível

Numa Santola imaginada

os meus cabelos

foram queimados

durante uma fogueira

do São João.

Se voltar pra essa ilusão

de ótica

poderei perder

a minha vontade

de enxergar a realidade.

Prefiro permanecer

num enleio

emigratório

do qual ainda

desconheço seu

sentido mímico.
26

Parte III

///Ora, ora, sempre a porra da hora mora atrás da porta///


27

Poema III - Sintomas I

falam-se de falas com responsabilidades

de um lugar, território de nascença, mas,

você que não é de um tal sítio

cala a boca...boca a cala, ok?!

falácias saem desse teu hálito

gelado e nacionalista

por feitios fetichizados

em ordem finas,

que a grosso modo,

deixaram de ser moda.

É uma comoda comodamente

incomodativa,

aquelas frases compatriotas

parecidas com merdas

saídas da mente poluída

de um professor

sem metodologia docente,

mas com sabedoria

de bosteira decente.

Vou dar uma curva...

turva, enquanto cai chuva

no eu entediado e endiabrado

para entender essas

promessas eleitorais

em que o candidato Chicote

é pior na arenga
28

que a candidata Palmatória...

ambos foram educados bancariamente,

bancam as suas próprias retóricas?

Ou vem de fora?

Tanto faz...a coquice

faz encurvamento,

na desmedida em que

escuto um puto

medido aos palmos

de uma lagaice desenfreada,

fodida no enturvamento.

Enfurecimento fura a buceta labial...

perdoem-me os vocábulos,

igrejas cheiram cócó

pouco acostumados

com um banheiro climatizado.

Certo dia, a noitinha houve

uma tarde de leite condensado,

numa casa com ar sem condições...

tudo isso porque, simplesmente,

estava condicionado.

Estupidez?

Durmo com os olhos abertos.


29

Poesia-Bufo

Instante

que o peido saiu

peço

aos senhores e senhoras,

com toda a gentileza,

que continuem

assentados

nos vossos

assentos,

pois,

após o ato de peidar,

não

será permitido

levantamentos

tombamentos.

Ia Iaí?

Fui sem voltar

Então fiquei.

É da tua conta não!

Por isso permaneço

Onde meço

A pergunta

Do título.
30

Perturbado

Caoticamente

Me faço

confuso, e,

provido

de um parafuso

Parado

No tempo.

Penso

em me mover

Entre cenas

Que valem

penas de dinossauro

Enquanto

me perturbo.

Canetas caindo

se houver morte,

quero que ela caía

distante

na estante

menos

certa

com as incertezas

postas no fundo,

Por detrás dos objetos

com afetos
31

lisos

e desfeitos

em rugosidade.

Estudo

Se fosses

tudo

que és

realmente,

então

és tudo!

Flores_tão

Num jardim de margaridas,

nasce uma rosa que cheira à jasmim.

Todas são flores que nascidas de um cantil,

que as regava, de viver,

se viram privadas,

acorrentadas à medida que cresciam,

sem a menor vontade

de continuar ali.

Um dia elas bazaram.

Monte problemático

Parece que um poema é fechado,

Quando termina, ele explode,

Ouves um estardalhaço...alarido poético,


32

Só que...nada...permanece indisposto

Nunca exposto à um explode,

com moldes de uma expo

Em que muita gente o admira...

só que, uma vez na mira,

tornar-se

uma miragem se torna,

chega a ser comovente...como o ventre.

Vê-lo aqui fechado, sem chance,

de ser aberto...mas...

Uma vozeirona vem e diz:

Abre-te! Abre-te! Abre-te! Arte-te!

Atravessar a ponte

Perdidamente há um encontro

marcado

lá no mercado

entre a puta

e a secretária

fajuta.

Sexo?

Indícios se verdades

fossem seriam iguais aos vícios:

doçuras!
33

Tempos

Acharam uma banheira

Quem tomou banho nela?

Deve ter sido

aquele sicrano

com

uma tatuagem

na nádega esquerda.

Essa coisa de não digam que não avisei

Quando as

nossas cabeças

estão prestes

a cair, rolarem no alcatrão

as reclamações, os fitchins,

são as espadas

que bradam

em meio

ao golpe

fatal

vindo da

retaguarda.

Sobras de ossos

Tava numa guerra

E não

sabia que
34

guerra era

criatura

necessária

para a minha

vivência

enquanto vítima

Culpada.

2018

tem

a sutilidade

de me

encostar

no muro

e tirar

os pertences

no bolso,

agora

desarmado

e desamarrado

escondo

segredos

nas botas.
35

Iso-lamento

Fuga da companhia.

Quero estar

sozinho

no banco

de trás

do ónibus,

não chegue perto,

chegue longe...

Desaperta!

O chão é meu,

indesejo partilhar

espaços com alguém

Vai...vai...saía!

Amanhã vou de

saia

pro hospício.

Com o iso-lado

do meu lado.

Mafumá

Gravidade

é força na

gravidez.

Ora esperma

fecundando

o óvulo.
36

Tem rótulo

naquele módulo

uterino.

Há grávida

no sistema solar.

O parto

seria encaminhado

pela via

vaginal.

Hino assumido pro ar

Uma vez houve

capoema

do barrulho em mim.

Falácias de um reino em ascensão

Vanile, a preta brilhante, com uma coragem avassaladora.


Se encontrava jovem, com todas farinhas e os moldes de governação.
Porque a Pretitude do brilho só aumentava.
Quem diria que as Escapadas, por infelicidade, se tornariam bichos.
Um conto digno de feitiçaria. Por causa de um vacilo!

Aconteceu uma mudança, repentina, na Escapatória.


Um pouco antes da glória, parece desespero "toma a memória".
Em detalhes, a coisa ficou tão feia, melhor esconder fatos.

Resumidamente.
Vanile trouxe brancura de volta como amiga.
Em vez de se desenvencilhar dela.

O brilho se tornou num contratempo, tava em cada pra luminosidade.


Vanile optou pela negociação, em vez de romper com o brancurismo.
Tratava-se de uma arte muito praticada no seu tempo.
Contra os princípios da Escuridão!

Noutro dia, desfechos ruins aconteceram, foram expulsas da Terra.


37

A Escapatória insanamente construída descia a grota abaixo.


Mas com certeza há continuidade da estória!

Apedrejamento sem pedras

Pouco

Posso ex-ser

Poêmio,

Poço de simpatias!

Bata mais forte.

As surras não surram

com as lambanças de kidalê

que ouço

no quintal

da avó Kité.

Mô, manda-chave!

Ta em baixo.

Berro. Falta campainha.

Preciso entrar no seu AP...

Mas antes,

escadas

vai subir ter

sem elevador

antes que ele leva

a dor embora.
38

Feição de quem quer mas falha

Molhados beijos, sensuais,

no peito, mamilos embrutecidos...

Cara desprazer

por quê?!!!

Ama!!

Não para

de no Amor

satisfazer a procura.
39

Parte IV

///Tô num beco com saída. E agora?///


40

Poema IV - Sintomas I

Lembrancinhas causam mensagens

políticas no cangote das eleições,

políticos amantes de escrotices

revivem pilantrices

nos palanques.

Por enquanto, há base na origem

como se tivesse uma essência

capaz de servir

miudamente

aos interesses de um povo

despovoado,

mas não alienado.

Na rua eutam-se manifestações

em proveito de providências

involucradas

em previdências.

Não ao Racismo!!!!!!!

Querem ser sensacionados

isto porque

é visto um borno

misto

pelo vulgo

anseio de consumir

as vestes que estão prestes

a ser meros testes

de cobaia desatinada
41

meio desafinada.

Não ao Capitalismo!!!!

Então,

a combustão começa

à medida que

à meia noite, os sinos dos

desatinos prometem sair

das suas tocas e brotar

aleluias nos batuques das rádios.

Nem sempre fora assim,

essas faces facilmente

fatigavam falas ousadas,

a liberdade expressiva

tinha

o seu dedo polegar

na cadeia mais próxima.

Encosta as pálpebras

em lugares onde o aconchego

é mais uma simplicidade

complexa

de apagar, em vez de,

ser apegada à nação.

Não ao sono supérfluo!


42

Isso não faz o menor sentido

E esse será

de ontem

já é algo

que foi

desde

amanhã.

Os dizeres

caso Orfeu

achar

que a Eurídice

escapou.

lembre-se

que ele

olhou

pra trás

Sobre aquela fotinha

Baobá? Não.

Imbondeiro? Não.

Ocá? Sim, sim...

é ele memo!
43

Atrás das grades

Aqui

os ventos

não entram

como deve ser.

Um mal respiro

envenenado

sufoca o ar

daqui.

Praga sobre a Lua

Um monte de bichos insanos, em fuga, decidiram pegar numa nave


espacial e viajaram pra Lua.
Uma vez lá, houve uma luta "final" contra a brancura.
Os vencedores com luz começaram a impor seu reinado.

No entanto, ao acharem que tinha acabado.


Várias Escapadas instalaram, misteriosamente, um reino alternativo e escuro.
Num beco distante lunar.

A rainha preta de sempre, Vanile, na sua versão bem mais velha, ainda brilha intacta!
Conhecida pela sua bravura e resistência, mandou construir: A Praga.
O lugar onde todos os dias lunares se concentram na insanidade pelo obscuro.
A transformação da Lua num melhor universo Escapatória é a nova senda!

Porém, o arrependimento a tem consumido cada dia passante.


Apesar da esperança ser vida.
Haverá to be continued.

Lingá

Lá no alto da roça

está uma menina lingada

no ramo rijo

daquela fruteira aleijada,

a observar Fruta-Pão
44

caindo no pé

do seu irmão.

Cafuné no meu dedinho

Ai, ai, como dói

Mas essa dor tem dias contados,

Tem uma palavra

que vai acabar

com ela.

Você adivinha?

Então, segura na mão,

e faz carícia,

gesto bonito.

Escrevendo em ziguezagues

Antologia

fez apologia

na fisiologia

do nerd.

Febre

no imberbe

com drede

da anarquia.

Viu o piu-piu a piar na pia

da tia que fazia ceia sem meia

no sótão vazio repleto de ninho

barateado pelas abelhas vermelhas


45

reiadas no crino encostado

perto do vaso gasoso e hiperflácido...

Desculpa, fui assistir uma série na netflix.

U Gurdunoba

Mbé, esse gajo

fala coesas

com exagero

bem exagerado

suma inventador

que inventa

línguas

Um fantasma chamado vento

repentinamente

uma

porta se fecha na cara da sala

de estar

com pessoas sentadas

a conversar

nas cadeiras.

Teoria do vice-versa

.de uma vez por todas

por uma de todas vezes

vejo essa reciprocidade

inversa escamoteando
46

os gatos e gatas

ainda mais

sendo a Luna

a gata saída

da saga Harry Potter

existente naquela casa

imersa em livros científicos,

literaturas pontadas e maduras

onde as esculturas

pinturas, fotografias e plantas

permutam juz truz atrás

da parte de trás catrapus

do balcão fantasmagórico

que em bebidas

simuladas em químicas

abandonadas nas travessas

repudiam sofismas físicos

daquelas meio prontas

no portal informático

sofrido de uma asma

bizantinamente demoníaca

ou divinamente bizantina

ora seja for o que

seja ora o que for

nada a ira

que nada irá

amedrontar, astronomicamente,
47

os meus equilíbrios

mentais inconclusivos e patéticos.

13 de dezembro_10h24min

testemunhei

um pedacinho de ser

que com os olhos lagaçados

fulminaram-me

com pensamentos

vindos

d´um sei lá

chamado amor...

tão paternal

ele é,

feito o raio solar

ondulado de um raio lunar

cujo denguinho

vou lhe chamar...

pela chance primeira

troquei choroso uma ideia.

Só não sabia: ele não me via,

havia vista de desreconhecimento

quasevia...

há crença que a minha voz

foi uma vírgula

aparecida no seu semblantezinho

sorrisoando sem dentes.


48

E depois?

Fiz a preliminar pic sua

com a mamé!

Tó Chico = Tóxico

O mister

...tem...

um nariz

que faz atchim,

- mas não é um atchim qualquer -

...é do género que fogo sai

em grau sobrenaturau

....porque ele é o cara...

envenenador dos fontículos

...sem verba...

A história de um umbigo

Ao nono dia

caiu

de lá pra frente

foi normal

como Todo mundo

Choro

É um

atestado

de paciência.
49

para e escuta,

que testa

ou contesta

o som

volumoso

vindo

de um bebé.
50

Parte V

///Na terra nasci onde, kê kuá moda é///


51

Poema V - Sintomas I

é porque os fins necessitam de começos.

Sintomaticamente estou numa fase

em que escrever quero mais

seja da espécie

que imita as mães-de-água

permanecentes que boiam

em mares semelhantes.

Com a egolatria internada

na enfermaria

onde histórias de vidas

são demasiadas realidades

para pouquíssimas poesias,

sou forçado

a levar electrocuções,

uma atrás da outra,

quando na verdade

me encontro num lado

em que estar à frente

significa participar

numa orgia logo pela manhã.

Dei pelo meu eu

numa sistematização pensante

sobre o peso das coisas,

da humanidade,

ao ponto de rejeitar

a leveza como a mais apessoada,


52

aliás, com alguma proeminência

acabei por sentenciar o que é leve

num bacio que não contempla

todos os xixis precisos.

Sendo tão impreciso,

aprendo a jogar mancala

para perder

a incerta mania

de caminhar sem liderar

as imolações calculistas

que vieram do ontem.

Houve uma notícia heterogênea

vazada

no limiar da elaboração homogênea

de um laboratório de saberes

acompanhado daquelas

suaves ignorâncias axadrezadas

no qual se ignoram seus pesadelos.

O passatempo é rijo!!!

As pupilas são petrificadas,

quando deviam estar amolecidas

pela concomitância,

de em última estância,

ouvirmos um suspiro

de uma pessoa

sem desinscrever esse som.

Reflete-se o lançamento
53

desse livro

embuchado em poetricias

que lá na origem

(se teve uma!)

nem isso pretendia ser...

foram regurgitações

cansadas

de se verem não publicadas.

Com receio do olvido da tal nação,

malcriada,

sonolentamente durmo aquele sono

in-sonho.

A Leitora

Faça lei

ou

ternura

ainda

sobram paixonites

daquela

leitura

tua

na feitura

dos poemas meus.


54

Atemporal

Exige-se um tempo

fixo no espaço.

Violado por uma lambança

copiável.

Mas o que se pede

é o inebriamento

do inédito.

Uma coisa com ar

do atoa do agora,

assim como, da memória

de amanhã.

Algo sentido

num sem

sentido

que consome a fome

da comida servida,

ao jantar, com luzes apagáveis.

Repetidamente,

janta-se uma fixidez

rompida nas merdas

desse pensamento ocidental.

Sente

e assente.

Antes um cachorro mal direcionado

do que uma couve desdentada.

Fecha-se essa arte com desdém!


55

Gorila cagando no deserto

Sahara.

Olha-se pro lado...

o que se percebe,

cocó.

Sem pia idade e dó,

embora seja apenas

pó de areia,

é certo haver

co-vilipêndios

de caganeiras

na selva.

Brisas

Isso não é o que parece

o parece é que é.

quanto mais se olha,

menos se vê.

São fugas de olhares,

visões sublimares

em períodos descontentes.

Sai fumaça

na comarca

de um beltrano brisado.

Porque onde há guisado,

tem arautos carnívoros.

Contente-se!
56

Segredos contados por um homem vivo

Ops!

Secretamente,

deixou-se um conto

em pausa atómica

ao ponto

das revelações

não serem mais prioridades,

somente

um desvario desafortunado

caído

nas orelhas alheias.

Tirou-se a venda

da encomenda.

Vanile - A guerreira

Ela é arrepiante, tem insanidade nos seus olhares.

Uma escapada vive cada tempo.


Mesmo se esse tempo for empecilho.
Mesmos quando o tempo vira um entulho.
A sua negrura capaz de romper vaga-lumes lunares. Rompe!!

A Praga cresce dia após horas, segundos após minutos.


O universo Escapatória em breve se constituirá como um bloco insano em serial.

Vanile segue o coração envelhecido pela juventude da vitória final.


Nada de comparações com os brancurismos poluidores.
As continuidades nunca carecem se forem longevas às fontes.
Arrependida mas sem baixar os braços.
Mantêm-se imponente a guerreira.

Sigam-na seus escapados e escapadas.


Sigam essa rainha da negrura. Pois esse arrepio não acabou!
57

Unilab_irintos

Passos no corredor

em direção

sem travar

como se tivesse

indo

à biblioteca.

Malês tem um pródigo

marcado por

cheiros, eixos, concavidades,

ares, lares, beijos, desleixos,

como se pode

constatar

no queixo

do seu hall de saídas

que entram, vales

ou até mesmo

um pouco mais de cor

da diferença

do amor diagonal,

plantações nas salas de aulas,

sementes

que se mentem,

co-vencem quando

menos se convencem.

Chega a arrepiar,

o RU com lotação,
58

pela comida

faz-se rodas de canção faminta,

na urbe da quadra,

futebol, capoeira,

poeiras

resguardam pichações,

grafites feitos vendavais

das danças rítmicas

de África, que não é só Angola,

para que o Brasil

seja recôncavo

mais do que já foi,

escreve-se um TCC

na sala de informática!

Cemitério dos Europeus

O Obô foi tão

verdejante

quase que

um lugar

ideal demais

para ter aquela

verdade impenetrável.

Quem?

Pros que lá

nunca deveriam entrar.

Não saíram!
59

Eu sou esquisito

Queria vos cumprimentar e sorrir

sem tremer quando falo

e até mesmo não temer esse

embalo torto pra onde

se encaminha o papo.

Fiapo. Questiono se

esse conversar embaraçoso

chega a ser nato

ou simplesmente a minha

esquisitice assumiu

demasiados estados

construídos como desajeitados.

Parto do princípio ingênuo

ardido com pensamento perpétuo

de ser vítima desse próprio ar

sem graça e tingido dessa farta

forma esquisita de comunicar.

Os descarrilamentos

Por vezes, eu penso,

que o meu pensar

é caracterizado

pelo encorpamento

que o meu corpo

tem enquanto pensa.

Descarrilei-me pluralmente ante


60

a anterior antena

parabólica da mente

corpórea na memória

da rima na História

do meu corpo.

Fugido

gajo é bem chimbôto pa

tava dele longe já

mas voltô pa traz,

só, polícia não maiou e ZÁS!!!

Pegaram ele,

deram ele bwé de borno pa merda

e jogaram ele

lá un´cadeia.

Sabe poquê que ele voltou pa trás?

Devido a facilita dele

bem nova que ficou no mato `strada.

(Foi desse jeito que um sicrano contou!)

Do Dia Da Dita Data

Mundano É Essa Imundície

Planeada Para Ser Mais Do Que

Guerrear Sem Colete Salva-Vidas

Pois Na Hora Da Morte

Tem Gente Que Vai

Voltando Para o Lado


61

De Uma Forma Disforme

Como Se O Momento

Espontaneamente Caísse Em Discórdia

Do Paradoxo Apoteótico

Virado Ao Contrário

Devido O Conto Do Vigário

Almofadado Quando

Aladin Achou Uma Lanterna

No Lugar da Lâmpada

Verde Era A Cor Menos Fria

Que Deu Retaguarda

Na Vanguarda Da Ventoinha

Penada E Contrariada

Por Causa Desse

Viés Apocalíptico.

Celebrante

Calado

Se impõe

no empréstimo

do cheque

vergastado

pelo leque

do dispositivo,

do guia positivo

quase houve glória

na fossa final.

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