Conto Social - 01-03 9º Ano

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Ensino Fundamental (Anos Finais)

Metodologia Híbrido – (Período Pandemia COVID – 19)


Componente Curricular: Língua Portuguesa - 9º Ano
Prof. Pós-Graduando Lairton Neto ([email protected])

Primeiro Momento

Gênero Leitura e Análise : Conto Social


O Conto Social se preocupa em denunciar as injustiças sociais a partir de enredos que
tenham como temas as dificuldades dos grupos sociais desprivilegiados ou das minorias, também
considerados marginalizados.
É comum nesses contos a presença de personagens e de fatos históricos, uma vez que as
injustiças reais são denunciadas por meio da ficção. Outras características:

 Presença marcante do discurso direto que representa a variedade linguística do grupo


social destacado no texto;
 Ambientação especificamente típica da origem do grupo situado no conto;
 O apelo ao coletivo, de modo que seja destacado o sofrimento do grupo social
apresentado no conto, e não o destaque a um indivíduo apenas;
 O contista procura denunciar a realidade; o conto é para ele um elemento de mudança da
realidade em que os grupos marginalizados ou injustiçados se encontram;

Muitos artistas, de diversas procedências artísticas - escultura, pintura, música, etc -


também procuram expressar o mundo das injustiças de grupos sociais diversos por meio da arte.
Dentre eles destacamos algumas obras de Portinari: Observe-as e identifique que denúncias estão
sendo abordadas em cada obra.

Favela Retirantes
Criança morta Morro

SEGUNDO MOMENTO

GENTE É BICHO E BICHO É GENTE

Querido Diário, não tenho mais dúvida de que este mundo está virado ao avesso!
Fui ontem à cidade com minha mãe e você não faz ideia do que eu vi. Uma coisa
horrível, horripilante, escabrosa, assustadora, triste, estranha, diferente, desumana... E eu
fiquei chateada.
Eu vi um homem, um ser humano, igual a nós, remexendo na lata de lixo. E sabe
o que ele estava procurando? Ele buscava, no lixo, restos de alimento. Ele procurava
comida!
Querido Diário, como pode isso? Alguém revirando uma lata cheia de coisas
imundas e retirar dela algo para comer? Pois foi assim mesmo, do jeitinho que estou
contando. Ele colocou num saco de plástico enorme um montão de comida que um
restaurante havia jogado fora. Aarghh!!! Devia estar horrível!
Mas o homem parecia bastante satisfeito por ter encontrado aqueles restos. Na
mesma hora, querido Diário, olhei assustadíssima para a mamãe. Ela compreendeu o meu
assombro. Virei para ela e perguntei: “Mãe, aquele homem vai comer aquilo?” Mamãe
fez um “sim” com a cabeça e, em seguida, continuou: “Viu, entende por que eu fico brava
quando você reclama da comida?”.
É verdade! Muitas vezes, eu me recuso a comer chuchu, quiabo, abobrinha e
moranga. E larguei no prato, duas vezes, um montão de repolho, que eu odeio! Puxa vida!
Eu me senti muito envergonhada! Vendo aquela cena, ainda me lembrei do Pó, nosso
cachorro. Nem ele come uma comida igual àquela que o homem buscou do lixo.
Engraçado, querido Diário, o nosso cão vive bem melhor do que aquele homem. Tem
alguma coisa errada nessa história, você não acha? Como pode um ser humano comer
comida do lixo e o meu cachorro comer comida limpinha?
Como pode, querido Diário, bicho tratado como gente e gente vivendo como
bicho? Naquela noite eu rezei, pedindo que Deus conserte logo este mundo. Ele nunca
falha. E jamais deixa de atender os meus pedidos. Só assim eu consegui adormecer um
pouquinho mais feliz.

(Pedro Antônio Oliveira. “Gente é bicho e bicho é gente”. Diário da Tarde.


Belo Horizonte. Acesso em: 16 out. 1999.)

1. Após a leitura do texto, pode-se concluir que o título indica que:

a) bicho e gente são animais racionais.


b) bicho é superior a gente.
c) bicho e gente se confundem.
d) gente e bicho são seres diferentes.
e) gente é superior a bicho

2. Em “Uma coisa horrível, horripilante, escabrosa, assustadora, triste, estranha, diferente,


desumana...” foram usadas reticências com a intenção de:

a) demonstrar que a narradora encontrou todos os adjetivos possíveis para expressar suas dúvidas
diante do que viu.
b) demonstrar uma interrupção na linha de raciocínio da narradora, que se mostra afetada
positivamente pelo que viu.
c) demonstrar que a narradora não consegue mais encontrar adjetivos que possam expressar seu
choque diante da cena que viu.
d) demonstrar que a narradora está em dúvida, pois tem a sensação de que o que viu é um sonho.
e) dar fim à linha de pensamento da narradora, a qual se mostra indiferente ao que viu.

3. Em “Uma coisa horrível, horripilante...”, nesse segmento do texto o termo “horripilante”


é mais intenso que “horrível”. Assinale a alternativa em que o segundo termo expressa mais
intensidade que o primeiro:

a) iluminado / claro.
b) antigo / velho.
c) imundo / sujo.
d) brasileiro / estrangeiro.
e) rico / milionário.

4. Em:
1 – “Ele colocou num saco de plástico enorme um montão de comida que um restaurante havia
jogado fora”.
2 – “Aarghh!!! Devia estar horrível!”.

Estabelece-se entre os dois trechos acima relações de sentido de:

a) fato / finalidade.
b) fato / causa.
c) fato / oposição.
d) fato / opinião.
e) causa / consequência.
5. Leia as afirmações abaixo:

I. No trecho “Ele colocou num saco plástico enorme um montão de comida que um restaurante
havia jogado fora. Aarghh!”, (a personagem sente nojo do fato de o homem recolher comida do
lixo).
II. Em “Puxa vida! Eu me senti muito envergonhada!”, (a personagem mostra-se indiferente à
situação vivenciada pelo homem).
III. Em “Como pode, querido diário, bicho tratado como gente e gente vivendo como bicho?”, (a
personagem mostra-se revoltada com o fato de um ser humano ter condições de vida inferiores às
de um animal).

É correto o que se afirma em:

a) I e II apenas.
b) I e III apenas.
c) II e III apenas.
d) I apenas.
e) II apenas

6. Observe a sequência de fatos abaixo. Em seguida, numere-os de acordo com a sequência


cronológica em que são narrados no texto.
( ) A narradora reza, pedindo a intervenção de Deus.
( ) Um homem sente-se satisfeito por encontrar o que comer no lixo.
( ) A narradora vê um ser humano buscando o que comer no lixo.
( ) A narradora se envergonha por presenciar um homem na humilhante situação de procurar
comida no lixo.
( ) A narradora conclui que um animal doméstico tem uma vida bem melhor que a do homem
que busca alimento no lixo.

É correta a sequência:

a) 2 – 3 – 1 – 4 – 5
b) 1 – 3 – 2 - 4 - 5
c) 4 – 2 – 3 – 1 – 5
d) 5 – 3 – 2 – 1 – 4
e) 5 – 2 – 1 – 3 – 4

7. O consolo a que a personagem se refere no final do texto vem do fato de que:

a) Deus ajuda a consertar as coisas erradas.


b) o homem conseguiu comer a comida do restaurante.
c) o animal de estimação do personagem come comida limpinha.
d) os bichos são tratados como gente. e) gente é tratada como bicho

8. O texto “Gente é bicho e bicho é gente”, pode ser considerado:

a) uma informação sobre a realidade das ruas.


b) um protesto contra a falta de educação.
c) um elogio à caridade humana.
d) uma reflexão sobre a vida.
e) uma crítica às autoridades

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