Arr-1001638-16 2015 5 02 0464
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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-ARR-1001638-16.2015.5.02.0464
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A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
GMDMC/Acb/Vb/rv/wa
PROCESSO Nº TST-ARR-1001638-16.2015.5.02.0464
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deve pautar-se por critérios de
proporcionalidade e de razoabilidade.
No presente caso, a indenização
arbitrada revela-se excessiva em face
da circunstância que ensejou a
condenação, qual seja o assédio moral
sofrido pelo reclamante. Recurso de
revista conhecido e provido. 2.
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. O Tribunal a
quo concluiu que o cumprimento da
sentença deve observar o disposto nos
arts. 652, “d”, e 832, § 1º, da CLT.
Contudo, o art. 880 da CLT disciplina
expressamente os procedimentos
relativos à execução trabalhista,
sobretudo em relação à obrigação de
pagar quantia certa, no sentido de
que o pagamento seja efetuado no
prazo de quarenta e oito horas ou de
que seja garantida a execução, sob
pena de penhora. Logo, a imposição de
multa pelo descumprimento da sentença
quanto à obrigação de pagar, com
escopo em normas de caráter genérico,
afronta o referido preceito
consolidado. Recurso de revista
conhecido e provido.
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PROCESSO Nº TST-ARR-1001638-16.2015.5.02.0464
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Foram apresentadas contrarrazões e contraminuta,
respectivamente, às fls. 493/502 e 487/492.
Dispensada a remessa dos autos à Procuradoria-
Geral do Trabalho, nos termos do art. 95 do RITST.
É o relatório.
V O T O
I - CONHECIMENTO
II – MÉRITO
PROCESSO Nº TST-ARR-1001638-16.2015.5.02.0464
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Não se pode ignorar o depoimento da testemunha convidada pelo
reclamante que disse: ‘Trabalhou na reclamada de Depoimento: 2006 a
2015, como engenheira de qualidade. Trabalhou com o reclamante, no
mesmo período, o mesmo era engenheiro de qualidade de campo e depois
passou a especialista em pneus e depois supervisor. Trabalhava no mesmo
departamento que o reclamante, tendo trabalhado quando o obreiro era
externo e após interno. O reclamante quando passou a ser interno deve
como chefia Mauro Andreassa. Sua mesa ficava em frente à do reclamante
e sabe dizer que um dia o gerente Mauro chegou gritando com o
reclamante, dizendo que 'quem manda aqui sou eu', 'se eu tô mandando
fazer é para fazer', e quando o reclamante abaixou a cabeça, referido
gerente disse 'não abaixa a cabeça, olha para mim' sendo que o reclamante
ficou espantado nesse momento. Também presenciou outras situações em
que o gerente mencionado tratava o reclamante com desprezo e diferente
em relação aos demais supervisores do departamento. O reclamante
quando era externamento tinha como função cuidar de fornecedores na
área de pneus, em campo, e era muito bem avaliado, tanto que se tornou
especialista em pneu na América do Sul, inclusive reconhecido
internacionalmente por outras unidade da Ford. Após passar a ser interno,
o reclamante passou a ser supervisor de programa, cuidando na época do
programa de caminhões, sendo que o mesmo trabalho era executado por
outros supervisores, o resultado era o mesmo, mas o do reclamante era
muito mais cobrado e criticado pelo gerente Mauro. O reclamante teve
episódio de internação hospitalar, no horário de trabalho, sendo que foi
solicitada a depoente que fosse assinar a internação do reclamante, mas
depois o gerente Mauro dito que o RH orientou a ninguém fazê-lo, sendo
que no dia o reclamante estava passando mal, logo após tal episódio o
reclamante ficou afastado. Não sabe o motivo do desligamento do
reclamante. Conversava com o reclamante e ao que sabe ele não tinha
problemas particulares. As críticas em relação ao reclamante eram feitas
em reuniões com três pessoas ou até mesmo mais pessoas, não tendo visto
críticas particulares entre gerente e reclamante. O reclamante recebeu
tarefas impossíveis de serem realizadas, tais como em reuniões ser cobrado
por mais de 1.000 peças que compõem o caminhão, o que não ocorria com
os demais supervisores que somente tinham que falar de peças
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problemáticas, em torno de 15 peças. Todos tinham acesso às agendas e
pode dizer que o reclamante tinha reuniões simultâneas, podendo
comparecer em apenas uma. O funcionário Rogério Sousa do RH ligou
para a depoente e a convocou para falar em um procedimento interno,
investigativo quanto a questão de assédio moral em seu departamento, não
tendo sido informada no momento que se tratava de problemas envolvendo
o reclamante ou o gerente Mauro, apenas que se tratava de uma
investigação, sendo que a depoente relatou em tal procedimento a conduta
que presenciou envolvendo o gerente Mauro, cujo depoimento foi
registrado e assinado pela depoente. Ouviu comentários no departamento
de que o reclamante foi afastado por problemas de depressão. O gerente
Mauro perguntou para a depoente se tinha a chave do armário do
reclamante enquanto este estava afastado, sendo que referido armário foi
aberto e revirado no período de afastamento do obreiro. Quando do
afastamento do reclamante, o novo supervisor foi promovido e o gerente
Mauro destinou a ele a baia onde ficava o reclamante antes do
afastamento, sendo que a depoente questionou como seria o espaço quando
o reclamante voltasse e a resposta do gerente Mauro foi que 'o reclamante
já teria um destino certo na empresa', por isso quando o reclamante
retornou do afastamento ficou pulando de baia em baia e depois colocaram
o reclamante em uma baia bem em frente à sala do gerente Mauro (...)’
(ID. 35f460f).
Além disso, o preposto da ré assim informou: ‘(...) Houve uma
mudança de chefia do reclamante, quando passou de externo para interno,
passando a ser subordinado ao gerente Mauro Andreassa. O reclamante
teve avaliações na reclamada como: excecional, mediano e "lower
achiever", que fica abaixo do mediano(...)’(ID. 35f460f).
Desta maneira, correta a r. decisão de origem que afastou a demissão
e converteu a dispensa para imotivada, ID. 0efa293.
Com relação ao dano moral, observo não ser necessário que o
trabalhador tenha comunicado o comportamento reprovável ao RH para
caracterizar o dano moral ou o suposto assediador ser punido pela empresa
em razão de exposição desnecessária na empresa.
Entendo, também, que o fato de um determinado comportamento
gerador de um possível dano moral fazer parte do cotidiano dos
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trabalhadores de uma empresa, qual seja, todos os funcionários serem
ofendidos com palavreado de baixo calão ou más atitudes ou serem
submetidos a metas, não significa a inexistência ou existência do dano. Não
importa se o ambiente de trabalho é formado somente por mão de obra de
um único sexo ou ambos os sexos, não importa se o local de trabalho é a
área administrativa ou o "chão" da fábrica. Antes de tudo, o que na verdade
tem relevância é a educação e o respeito, como é o que cada trabalhador
sente com a forma de tratamento que lhe é dispensada; para um,
determinado comportamento da chefia lhe ofende; para outro não.
No presente caso, por óbvio, o reclamante sentiu-se ofendido e
humilhado com a forma de agir da reclamada, representado pelo superior
hierárquico; aliás, por isso mesmo pleiteia indenização por danos morais. A
prova testemunhal apresentada pelo reclamante é clara e objetiva no sentido
de efetivo destrato, desrespeito perpetrados pelo Sr. Mauro. Nem se
argumente que o fato de o autor ser professor em outra instituição afastaria
o dano moral sofrido na ré; diferentemente, é justamente quando uma
pessoa se sente humilhada e desmotivada em um ambiente do trabalho
pernicioso ela deve visar a novos projetos em sua vida. Caracterizado, pois,
o dano.
A quantificação do valor correspondente à reparação do dano moral é
um dos aspectos mais importantes da responsabilidade civil, à luz do
princípio da reparação integral, uma vez que o arbitramento deverá atender,
necessariamente, em cada situação particular, a função de compensar o
lesado e sancionar o ofensor. Dessa forma, a fixação do montante
indenizatório deve atentar para a gravidade do dano causado, para a
repercussão que o dano teve na vida do ofendido, bem como que o valor
fixado faça com que o agressor evite outras infrações danosas de mesma
natureza.
No caso dos autos, a quantia arbitrada em R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais) atende aos parâmetros comumente utilizados para a fixação da
reparação, quais sejam: a gravidade, a natureza e a repercussão da lesão (a
reprovabilidade da conduta ilícita praticada e a amplitude do dano); a
situação econômica do ofensor; a intensidade dos efeitos da lesão em face
da vítima, baseada em suas condições pessoais e o grau de culpa ou a
intensidade do dolo.” (fls. 397/398)
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Instado por meio de embargos declaratórios, o
Regional consignou:
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Consta da decisão a quo que “o reclamante sentiu-
se ofendido e humilhado com a forma de agir da reclamada,
representado pelo superior hierárquico; (...) A prova testemunhal
apresentada pelo reclamante é clara e objetiva no sentido de efetivo
destrato, desrespeito perpetrados pelo Sr. Mauro”.
Em razão dessa conduta, o Regional asseverou estar
“correta a r. decisão de origem que afastou a demissão e converteu a
dispensa para imotivada”.
Diante desse contexto fático, insuscetível de
reexame nesta instância recursal, nos termos da Súmula nº 126/TST,
não há falar em violação dos arts. 5º, X, e 7º, XXVIII, da CF e 186
e 927 do Código Civil, porque demonstrado o assédio moral sofrido
pelo reclamante.
No tocante à divergência jurisprudencial, os
arestos oriundos do mesmo TRT prolator do acórdão recorrido (fls.
436/438 e 442) encontram óbice na OJ nº 111 da SDI-1/TST. Os
paradigmas provenientes de Tribunal Regional (fls. 441/442) e de
Turmas do TST (fls. 442/444) não servem ao dissenso de teses, nos
termos do art. 896, “a”, da CLT. Por fim, o aresto oriundo do TRT da
1ª Região (fl. 443) não indica a fonte de publicação, como exige a
Súmula nº 337, I, desta Corte Superior.
Nego provimento.
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Verifica-se que o Tribunal Regional não emitiu
tese sobre a matéria, o que atrai a incidência da Súmula nº 297 do
TST, em razão da ausência de prequestionamento.
Nego provimento.
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Assim, verifica-se que o valor atribuído a título
de compensação por dano moral se revela absolutamente discrepante
dos princípios e parâmetros acima referidos, considerando-se o ato,
a gravidade e a extensão do dano.
Ante o exposto, reputo caracterizada a possível
ofensa ao art. 5º, V, da CF e dou provimento ao agravo de
instrumento, para determinar o prosseguimento do recurso de revista.
4. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
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contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e
oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora.”
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aplicação da referida multa. Precedentes. 5. Recurso de embargos de que se
conhece e a que se dá provimento.” (E-ED-RR - 1228-29.2011.5.08.0114,
Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento:
26/11/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 04/12/2015)
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O artigo 832 , § 1º, da CLT, por sua vez, estabelece que da decisão deverão
constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, apreciação das
provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão, enquanto o seu
§ 1º não contempla nenhuma penalidade pecuniária se a decisão concluir
pela procedência do pedido. Dessa forma, o entendimento contido no
acórdão impugnado, no sentido de ser possível a imediata penhora de bens
e demais atos executórios pelo descumprimento da sentença condenatória
viola o artigo 880 da CLT, que expressamente prevê a postura do devedor
sobre o título executivo judicial, com a tramitação própria da Justiça do
Trabalho. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.(...)” (RR -
2383-94.2012.5.08.0126 Data de Julgamento: 22/08/2018, Relator
Ministro: Breno Medeiros, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
31/08/2018)
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trabalhista inviabiliza a imposição de multa com amparo em normas de
caráter genérico. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.”
(RR - 274-02.2014.5.08.0203 Data de Julgamento: 11/04/2018 Relator
Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/04/2018)
B) RECURSO DE REVISTA
I - CONHECIMENTO
2. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
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Como consequência lógica do conhecimento do
recurso por violação do artigo 5º, V, da CF, dou-lhe provimento a
fim de reduzir o valor da indenização por dano moral para
R$15.000,00 (quinze mil reais).
2. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
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