Psicologia Virtual Da Educação Cap - 01
Psicologia Virtual Da Educação Cap - 01
Psicologia Virtual Da Educação Cap - 01
A primeira parte deste livro, formada por três capítulos, articula-se em torno dos
fatores históricos, socioeconômicos, tecnológicos, psico e socioevolutivos que influen-
ciaram no acelerado desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação
(TIC) na última década e que, por sua vez, foram influenciados por estes.
O Capítulo 1 defende a ideia de que as TIC fazem parte de um novo paradigma
tecnológico que modifica as práticas sociais e, de maneira especial, as práticas educa-
cionais. Essa influência se manifesta no desenvolvimento de novas ferramentas, cená-
rios e finalidades educacionais, marcadas pela adaptabilidade, pela acessibilidade per-
manente, pelo trabalho em rede e pela necessidade de uma crescente alfabetização
digital, aspectos que posteriormente são recolhidos e analisados ao longo do livro.
O Capítulo 2, por sua vez, aborda o impacto das TIC no desenvolvimento hu-
mano, considerando o conjunto de ferramentas virtuais que permitem gerenciar as
práticas comunicacionais como ferramentas de socialização que redefinem os limites
daquilo que até agora entendíamos como comunidade.
A potencialidade dessas ferramentas socializadoras nas escolas, nas salas de aula e
nos processos de ensino-aprendizagem é tratada no Capítulo 3. Nesse capítulo é feita
uma revisão crítica das formas habituais de classificar os usos educacionais das TIC e os
diversos vieses subjacentes a essas tipologias. Finalmente, é proposta uma classificação
que tenta contemplar, ao mesmo tempo, a potencialidade educativa que caracteriza
as diferentes ferramentas tecnológicas e as principais dimensões que caracterizam as
práticas educacionais.
1
Educação e aprendizagem no século XXI
Novas ferramentas,
novos cenários, novas finalidades
César Coll e Carles Monereo
1 Estamos falando do relatório elaborado por uma força-tarefa de especialistas presidida por Martin
Bangemann, que na época era comissário europeu da indústria, sobre as medidas a serem adota-
das pela Comunidade Europeia e os Estados-membros para “o estabelecimento de infraestruturas
no âmbito da informação”. O relatório, publicado em maio de 1994 sob o título Europa e a socie
dade global da informação: recomendações ao Conselho Europeu, constitui, no critério de muitos
especialistas, o ponto de partida das políticas dirigidas a impulsionar e promover a sociedade da
informação na Europa. O relatório está disponível em: http://www.barcelonesjove.net/pafiledb.
php?action=download&id=227
16 César Coll, Carles Monereo e colaboradores
FORÇAS IMPULSORAS
Alfabetização
Economias Políticas Infraestrutura
digital da
globais de apoio tecnológica
população
figura 1.1
Forças impulsoras do desenvolvimento de “novas formas sociais” de natureza virtual.
Fonte: Adaptado de Shayo e colaboradores (2007, p.188.)
Psicologia da educação virtual 17
contribui para o desenvolvimento de “for- estilo de vida dos cidadãos, cada vez mais
mas sociais virtuais” e de novas práticas a interessados em melhorar sua qualidade
elas associadas. de vida – e, portanto, em flexibilizar seus
A inevitável liberalização da econo- horários de trabalho e aumentar o tempo
mia propiciou a realocação de empresas, dedicado ao lazer ou a outras atividades
a queda das taxas de importação, a aber- –, são também fatores que estão dando
tura dos investimentos supranacionais, a impulso ao desenvolvimento deste novo
privatização de empresas estatais e, em cenário social.
resumo, que o mundo pudesse ser consi-
derado como um grande mercado. As TIC,
em sua dupla condição de causa e efeito, A evolução das TIC e das
têm sido determinantes nessa transfor- modalidades educacionais associadas
mação. A facilidade para se comunicar e
trocar informações, junto com a enorme Entre todas as tecnologias criadas
redução de custos que isso traz consigo, pelos seres humanos, aquelas relaciona-
vem ocasionando, por exemplo, que al- das com a capacidade de representar e
guns países tenham passado diretamente transmitir informação – ou seja, as tecno-
de uma economia centrada na agricultura logias da informação e da comunicação
para outra baseada nas TIC. Como conse- – revestem-se de uma especial importân-
quência disso, tanto as grandes empresas cia, porque afetam praticamente todos os
e corporações quanto numerosos estados âmbitos de atividade das pessoas, desde
nacionais, principalmente entre os países as formas e práticas de organização social
desenvolvidos, aumentaram substancial- até o modo de compreender o mundo, de
mente seus investimentos em TIC para organizar essa compreensão e de transmi-
melhorar as infraestruturas e redes de co- ti-la para outras pessoas. As TIC têm sido
municação e propiciar o acesso à internet sempre, em suas diferentes fases de de-
de seus cidadãos, pensando principalmen- senvolvimento, instrumentos para pensar,
te nos desafios do comércio (e-business), aprender, conhecer, representar e trans-
do trabalho (e-work), da governabilidade mitir para outras pessoas e para outras ge-
(e-governance) e da educação (e-learning) rações os conhecimentos adquiridos (Coll
a distância. e Martí, 2001). Todas as TIC repousam
As outras duas forças apontadas sobre o mesmo princípio: a possibilidade
por Shayo e seus colaboradores também de utilizar sistemas de signos – linguagem
possuem um efeito multiplicador. Por um oral, linguagem escrita, imagens estáticas,
lado, a convergência digital, que permite imagens em movimento, símbolos mate-
incluir no mesmo documento texto escri- máticos, notações musicais, etc. – para re-
to, sons e imagens estáticas e em movi- presentar uma determinada informação e
mento, juntamente com a pressão do mer- transmiti-la. Para além dessa base comum,
cado, que exige mais rapidez e segurança contudo, as TIC diferem profundamente
na transmissão de dados, aceleram o con- entre si quanto às suas possibilidades e li-
tínuo surgimento de novos aplicativos que mitações para representar a informação,
melhorem as comunicações. Por outro assim como no que se refere a outras ca-
lado, cresce também o número de usuá racterísticas relacionadas à transmissão
rios que diariamente têm acesso à inter- dessa informação (quantidade, velocida-
net e, consequentemente, as necessidades de, acessibilidade, distância, coordenadas
de alfabetização digital aumentam. Al- espaciais e temporais, etc.), e essas dife-
guns estudos sociológicos mostram, além renças têm, por sua vez, implicações do
disso, que as mudanças nos valores e no ponto de vista educacional. Atendendo às
18 César Coll, Carles Monereo e colaboradores
análises realizadas por diversos autores animais e vegetais sobre outras por meio
oriundos da psicologia, da pedagogia, da da agricultura e do pastoreio, e influin-
sociologia, da filosofia, da linguística e da do, desse modo, na seleção natural. Mais
informática (Adell, 1997; Bautista, 2004; uma vez, a necessidade de registrar certos
Castells, 2000; De Kerckhove, 2005; Eche- dados, como uma memória externa, e de
varría, 1999; Ellerman, 2007; Palamides- transmitir e compartilhar com outros as
si, 2006; Retortillo, 2001), sintetizamos informações, experiências, conselhos, etc.,
no Quadro 1.1 a seguir os principais mar- está na origem do nascimento da escrita,
cos da evolução das TIC e das modalida- que, embora não exija a presença física
des educacionais a elas associadas. dos interlocutores, requer certa proximi-
Há um consenso bastante generali- dade, dado que primeiro os mensageiros e
zado em considerar três etapas-chave no depois o correio postal não podiam cobrir
desenvolvimento das tecnologias da co- distâncias muito grandes.
municação e seu efeito na educação. A pri- Tanto a prensa tipográfica quanto o
meira, dominada pela linguagem natural correio revolucionam a sociedade do mo-
(fala e gestualidade), caracteriza-se pela mento e estão na base da progressiva in-
necessidade de adaptação do homem pri- dustrialização da economia, da migração
mitivo a um meio adverso e hostil, no qual urbana e da formação de uma sociedade
o trabalho coletivo era crucial e a possibi- de massas. Na educação, essas tecnologias
lidade de se comunicar de maneira clara de comunicação encontram seus referen-
e eficiente se constituía em um requisito ciais em um ensino centrado em textos e
indispensável. A transmissão oral, como no nascimento dos livros didáticos e do
único sistema de comunicação, dependia ensino a distância, por correspondência.
de alguns requisitos essenciais: os falantes A partir desse momento, e até a época
deviam coincidir no tempo e no espaço e atual, a formação de uma mente alfabeti-
precisavam estar fisicamente presentes; as zada, letrada, capaz não apenas de deco-
habilidades que precisavam possuir eram dificar foneticamente os grafemas como
principalmente a observação, a memória também de compreender os conteúdos de
e a capacidade de repetição. Tais habili- maneira significativa para utilizá-los, tem
dades estão na origem de algumas moda- sido, provavelmente, o principal objetivo
lidades educacionais e de alguns métodos da educação formal.
de ensino e aprendizagem – a imitação, a Com a chegada dos sistemas de co-
declamação e a transmissão e reprodução municação analógica, primeiro o telégra-
de informação – muito úteis para fixar e fo e, posteriormente, o telefone, o rádio
conservar conhecimentos imprescindí- e a televisão, as barreiras espaciais foram
veis não apenas para preservar a cultura rompidas definitivamente e a troca de
como também para reproduzir e manter a informações em nível planetário passou
separação entre os diferentes estamentos a ser uma realidade. Os novos meios au-
sociais que compõem uma sociedade alta- diovisuais entraram nos centros educacio-
mente hierarquizada. nais, embora ainda como complemento
A segunda etapa representa a clara da documentação escrita. Fala-se hoje da
hegemonia do ser humano sobre o restan- necessidade de promover uma alfabeti-
te das espécies; não mais se trata apenas zação gráfica e visual, embora as tenta-
de sobreviver, mas de adaptar a nature- tivas sejam tímidas e seu impacto, ainda
za às necessidades humanas por meio do limitado. Isso ocorre, em grande medida,
desenvolvimento de técnicas alimentares, devido à fulgurante entrada em cena da
de construção, de vestimenta, etc., pri- linguagem digital e à possibilidade de as
vilegiando, por exemplo, certas espécies diferentes tecnologias existentes conver-
Quadro 1.1
Evolução das tecnologias da comunicação e das modalidades educacionais a elas associadas
Tipo de
ambiente Linguagem Tecnologias de Características Tipo de Modalidades
psicossocial Origem dominante Etapas comunicação da interação sociedade educacionais
n Internet e assíncronas
Fonte: Quadro elaborado a partir de: Adell (1977), Bautista (2004), Castells (2000), De Kerckhove (2005), Echenarría (1999), Ellerman (2007), Palamidessi (2006) e Retortillo (2001).
19
20 César Coll, Carles Monereo e colaboradores
2 A origem da internet remontam à Arpanet, a rede do Advanced Research Project Agency do De-
partamento de Defesa dos Estados Unidos, criada em 1969. Contudo, foi somente em 1974 que V.
Cerf, R. Khan e outros projetaram a arquitetura básica da internet e estabeleceram o Protocolo de
Controle de Transmissão (Transmission Control Protocol, TCP). Posteriormente, em 1978, o próprio
V. Cerf e outros especialistas dividiram esse protocolo em duas partes, o Protocolo de Controle de
Transmissão de computador principal a computador principal (TCP Transmission Control Protocol)
e o Protocolo Inter-redes (Interconection Protocol, IP), dando lugar ao protocolo (TCP/IP), que
atualmente ainda é o padrão de comunicações entre computadores.
3 ASAP é uma base de dados de orientação acadêmica que inclui as referências e o texto completo
de trabalhos publicados em revistas e periódicos de todo o mundo em três áreas: artes e humanida-
des, ciências sociais e ciência e tecnologia (http://www.cdlib.org/inside/resources/choosecampus/
eaasap.html).
* N. de R.T. o termo “edumática” se refere à relação entre educação e informática. É ainda pouco uti-
lizado em português, mas muito frequente em estudos sobre o tema da TIC na língua espanhola.
Psicologia da educação virtual 21
4A tese de que as TIC, e em especial as novas formas culturais e os processos de socialização e cul-
turalização que essas tecnologias propiciam, estão provocando mudanças profundas, nem sempre
positivas, nas formas de pensar e aprender das pessoas tem sido defendida com veemência por
autores como Giovanni Sartori ou Raffaele Simoni. Assim, Sartori (1998) defende a tese de que a
revolução multimídia desencadeada pelo desenvolvimento das TIC na segunda metade do século
XX está “transformando o homo sapiens, produto da cultura escrita, em um homo videns, para o
qual a palavra foi destronada pela imagem” (op. cit., p. 11). Simoni (2001), por sua vez, afirma
que, com o computador e as mídias – ou seja, com as TIC –, a espécie humana está adentrando em
uma nova fase de sua história, caracterizada pela conquista de novas formas de acesso ao conhe-
cimento, mas também pelo abandono ou pela perda de outras, baseadas na leitura e na escrita,
que não podemos ignorar.
24 César Coll, Carles Monereo e colaboradores
tacadas basta para mostrar o alcance e a zagem baseados nas TIC durante as três
transcendência das mudanças que a SI e últimas décadas, conforme mostra o Qua-
as TIC estão provocando em nossas vidas. dro 1.2 a seguir.
Dedicaremos a seção seguinte à revisão Embora Kaptelinin fale de períodos
de algumas dessas mudanças no que se temporais ou etapas que teriam ocorrido
refere ao sentido e alcance da educação, em “ondas”, considerando que cada nova
aos contextos e práticas educacionais e etapa supera a anterior, e apostando cla-
aos modos de ensinar e aprender. ramente pela última, temos sérias dúvidas
de que as duas primeiras etapas tenham
tornado-se obsoletas, especialmente se
A influência da Internet: prestarmos atenção a determinados de-
novas ferramentas, cenários senvolvimentos atuais, como, por exem-
e finalidades educacionais plo, os agentes artificiais inteligentes que
se busca incorporar às interfaces (ver Ca-
Em um trabalho dedicado a revisar pítulo 8). Por isso, preferimos falar em
os paradigmas teóricos dominantes nos aproximações, mais do que em períodos
estudos da interação entre humanos e ou etapas.
computadores (Human-Computer Interac A primeira aproximação tem sido
tion, HCI), Kaptelinin (2002) apresenta orientada basicamente ao estudo do im-
um esquema que contempla três grandes pacto do uso das TIC sobre os processos
grupos de abordagens, o qual é igualmen- cognitivos do aprendiz-usuário. A segunda
te útil para revisar as abordagens teóricas incorpora decididamente em suas pesqui-
dadas aos processos de ensino e aprendi- sas as variáveis relativas ao contexto edu-
Quadro 1.2
Três abordagens sobre o estudo da interação entre seres humanos e computadores
das mentes dos aprendizes não termina rendo neste mesmo instante ou para in-
com as iniciativas das empresas dedicadas tegrar em um trabalho de equipe pessoas
à criação e produção de hardware e soft geograficamente afastadas entre si (Pea e
ware; outro núcleo importante de avanço Maldonado, 2006; Rheingold, 2002).
tem como protagonistas os próprios usuá-
rios e seu interesse em participar de pro-
jetos e desenvolvimentos de novos protó- Da competição individual à cooperação
tipos, seja em relação ao software livre, a
desenvolvimentos de personagens e jogos A maioria das atividades humanas
ou à criação e oferta de conteúdos pela socialmente relevantes incluem um tra-
Internet. Esta corrente, que coloca o usuá balho em grupo. Assim, ser competente,
rio na posição de produtor e difusor de em sua dupla acepção de que uma tarefa
conteúdos, é conhecida com o nome de ou responsabilidade compete a alguém e
Web 2.0, em contraposição à perspectiva de que alguém é competente para realizar
anterior de Web 1.0, que conferia ao usuá uma tarefa ou assumir uma responsabili-
rio um papel de mero consumidor relati- dade, dificilmente pode ser considerado
vamente passivo. Mais adiante, na seção como um atributo exclusivamente indi-
relativa aos desafios, voltaremos a tratar vidual, independente da competência de
sobre esta diferença. outros que estejam, direta ou indireta-
mente, envolvidos na situação e influindo
e condicionando processos e produtos.
Do e-learning ao m-learning Tradicionalmente, contudo, na edu-
cação formal e escolar, demonstrar a pró-
Uma das perspectivas de futuro mais pria competência significa mostrar que
verossímeis é a possibilidade de expandir se é competente em comparação ao resto
as opções de aprendizado para outros ce- dos aprendizes da mesma turma, da mes-
nários que não sejam os tipicamente es- ma escola ou do mesmo nível educacio-
colares. A progressiva miniaturização e nal, o que geralmente se traduz em entrar
integração das tecnologias, junto com o em competição com os demais, às vezes
desenvolvimento de plataformas móveis de maneira muito explícita (por exem-
e da conexão sem fio, permitirão que os plo, quando as notas são dadas a partir
alunos possam continuar avançando em de uma distribuição normativa de pontua
sua formação tendo acesso, a qualquer ções que se expressam graficamente em
momento, por meio de seu celular, de uma “curva de Gauss”) e outras de manei-
agendas eletrônicas, computadores de ra mais encoberta (por exemplo, quando
bolso ou de outros dispositivos, a docu- se estabelecem comparações formais ou
mentos, portfólios, fóruns, chats, ques- informais entre os alunos, com o “melhor”
tionários, webquests, weblogs, listas de e “pior” rendimento). Frente a essa postu-
discussão, etc. O m-learning ou “escola ra, encontramos com cada vez mais fre-
nômade”, segundo o termo cunhado por quência, em todos os níveis educacionais,
P. Steger,6 abre imensas possibilidades experiências que tendem a apresentar e
para se empreender trabalhos de campo, organizar as atividades de ensino e apren-
trocar reflexões, analisar conjuntamente dizagem, e também as atividades de ava-
atuações profissionais que estejam ocor- liação, como atividades e tarefas de gru-
6O projeto e diversos exemplos de “escola nômade” podem ser consultados em: http://www.epi.
asso.fr/revue/sites/s0501c.htm.
Psicologia da educação virtual 29
Quadro 1.4
Tipos básicos de equipes virtuais
cenário pessoal); situações e problemas usos educacionais das TIC em todos os ní-
emergentes que, apesar de serem ainda veis do sistema, da educação fundamen-
relativamente escassos, podem aumentar tal à educação superior universitária, que
significativamente, de acordo com os indí- realmente representem uma inovação nos
cios existentes (por exemplo, a violência métodos de ensino e uma melhoria dos
escolar; os transtornos alimentares, como processos e resultados do aprendizado. Ve-
anorexia, bulimia ou obesidade; a implan- nezky e Davis (2002), por exemplo, mos-
tação da administração eletrônica; o vício tram como experiências satisfatórias de
em TIC e internet e seu impacto sobre as aplicação das TIC em determinadas esco
relações familiares e amorosas); e, final- las são depois dificilmente transferíveis
mente, situações ou problemas proativos, para outras realidades. Está amplamente
no sentido de tentar pôr em evidência e documentado, por outro lado (veja, por
resolver problemas latentes ou procurar exemplo, Cuban 2003, além dos estudos
chamar a atenção sobre situações injus- referidos no Capítulo 3 deste livro), que es-
tas ou pouco satisfatórias (por exemplo, colas dotadas com os últimos avanços em
a regulamentação do uso das TIC no âm- ferramentas, infraestruturas e softwares de
bito escolar e familiar; a necessidade de TIC frequentemente desenvolvem práticas
aplicar medidas de discriminação positiva educacionais cujo nível é muito baixo.
para as mulheres em determinados meios É preciso procurar a explicação para
laborais; ou o grau de tolerância aceitável tal dificuldade no fato de que tanto as
diante de determinadas condutas e mani- possibilidades que oferecem as TIC para o
festações religiosas e culturais). ensino e o aprendizado quanto as normas,
O impacto das TIC sobre o apareci- sugestões e propostas de uso pedagógico e
mento dessas necessidades educacionais didático das mesmas são sempre e irreme-
e a importância das novas competências diavelmente reinterpretadas e reconstruí-
que precisamos adquirir e desenvolver das pelos usuários, professores e alunos,
no marco da Sociedade da Informação de acordo com os marcos culturais em
é um tema complexo, uma vez que, por que eles se desenvolvem e a dinâmica das
um lado, ambos os fatores estão na ori- atividades que realizam conjuntamente
gem das novas necessidades educacionais nas escolas e nas salas de aula (Coll, Mau-
e de formação, mas, por outro, parecem ri e Onrubia, 2008; Coll, Onrubia e Mau-
destinados a desempenhar um papel de- ri, 2007). Assim, uma escola, uma equipe
cisivo na satisfação dessas mesmas neces- docente ou um professor com muitos anos
sidades. De que modo e em que medida de experiência, com sólidas concepções
são capazes disso, contudo, é algo sobre o objetivistas e com práticas eminentemen-
que ainda pairam numerosas incertezas, te transmissivas, provavelmente acabarão
algumas das quais os diferentes capítulos utilizando as TIC para complementar as
deste livro tentam começar a esclarecer. aulas expositivas com leituras e exercícios
De qualquer maneira, como afirma Sua- autoadministráveis na rede, mas dificil-
rez (2003), nem tudo o que é tecnologi- mente farão uso destas para que os estu-
camente viável é pertinente em termos dantes participem em fóruns de discus-
educacionais. E poderíamos acrescentar são, trabalhem de maneira colaborativa
que nem tudo que é tecnologicamente ou procurem e contrastem informações
viável e pertinente em termos educacio- diversas sobre um determinado tema.
nais é realizável em todos os contextos Como já disse McLuhan há meio sé-
educacionais. culo: “Em nome do progresso, a cultura
Os estudos realizados até agora evi- estabelecida luta sempre para forçar os
denciam a dificuldade de implementar novos meios a fazerem o trabalho dos
34 César Coll, Carles Monereo e colaboradores
antigos”.7 A chave, portanto, não está em lidades das situações educacionais que
comparar o ensino baseado nas TIC com o podem induzir a essas mudanças, ou seja,
ensino presencial, tentando estabelecer as sobre os diversos tipos de contextos e am-
vantagens e inconvenientes de um e ou- bientes nos quais são utilizadas atividades
tro. Em vez disso, melhor seria pesquisar e práticas educacionais baseadas total ou
como podemos utilizar as TIC para pro- parcialmente no uso das TIC.
mover a aquisição e o desenvolvimento Basta uma rápida consulta aos tra-
das competências que as pessoas preci- balhos apresentados nos congressos das
sam ter na “era do conhecimento” (Scar- principais associações internacionais de
damalia, 2004). pesquisa educacional – a European Asso
ciation for Research on Learning and Ins
truction (EARLI) na Europa e a American
Linhas emergentes Educational Research Association (AERA)
e seus desafios nos Estados Unidos –, para perceber que,
de fato, os esforços dos pesquisadores
A Psicologia da Educação, como dis- estão se orientando há alguns anos em
ciplina que estuda as mudanças psicológi- ambas as direções. Independente dessa
cas que ocorrem nas pessoas como conse- constatação, contudo, falta uma certa vi-
quência de sua participação em situações são em perspectiva sobre qual pode ser o
e atividades educacionais, deve colocar horizonte da pesquisa educacional neste
em um lugar privilegiado de sua agenda âmbito durante a próxima década. Mesmo
o estudo das mudanças provocadas pelas correndo o risco de errar, dada a rapidez
situações educacionais baseadas total ou com que ocorrem as mudanças e trans-
parcialmente no uso das TIC. Isso supõe formações na SI em geral, e nas TIC em
adotar um olhar duplo. Em primeiro lugar, particular, pensamos que existem alguns
um olhar sobre a natureza das mudanças eixos básicos de desenvolvimento que
que podem ocorrer nos atores educacio- permitem especular sobre, novamente, as
nais, especialmente alunos e professo- ferramentas, os cenários e as finalidades
res, e em suas formas de interação. Mais em torno dos quais se desenvolverá boa
concretamente, trata-se de analisar o que parte da pesquisa psicológica centrada no
muda (os discursos, as representações, as uso educacional das TIC ao longo da pró-
práticas, os processos, os resultados, etc.). xima década.
E, também, saber como acontecem essas
mudanças e se elas têm características di-
ferentes daquelas que ocorrem em situa- Ferramentas previsíveis:
ções e atividades educacionais nas quais da Web 1.0 à Web 3.0
as TIC não estão presentes. E, é claro,
analisar qual é o sentido das mudanças e Desde o aparecimento da internet
se elas são generalizáveis e transferíveis tal como a conhecemos atualmente, com
para outros contextos e situações de en- a construção e a implantação do primei-
sino e aprendizagem. Em segundo lugar, ro navegador e do primeiro servidor Web
um olhar sobre as características e qua- em 1991, no CERN de Genebra, pela mão
7 Citado por Horacio C. Reggini em uma entrevista publicada no portal educacional do Estado argenti-
8 http://es.wikipedia.org/wiki/Tim_Berners-Lee.
9 http://info.britannica.co.uk/.
10 http://es.wikipedia.org/wiki/Napster.
* N. do R. Uma vez que um software é um objeto intangível, diz-se que se “abre” no sentido de extrair
sua lógica de programação. O código “aberto” é denominado Open Source, uma iniciativa da Open
SourceTM e refere-se ao mesmo software também chamado de “livre”, que respeita as liberdades
definidas pela Free Software Foundation. A diferença entre ambos é de discurso: o Open Source
refere-se a um ponto de vista técnico, enquanto o software livre fundamenta-se em questões éticas.
Ambos os movimentos se complementam para agregar conhecimento à tecnologia, por meio da
cooperação para depuração coletiva.
36 César Coll, Carles Monereo e colaboradores
berta (free software) e os usuários passam ramentas típicas da Web 2.0 – e em cada
a ser os verdadeiros protagonistas de seu vez mais páginas Web.
próprio crescimento e sofisticação. Frente A Web 2.0 ainda está em plena ex-
à prestigiosa, embora fechada, Britannica pansão e resulta difícil aventurar quais
online,11 nasce a Wikipedia,12 que se ali- serão seus limites (veja, por exemplo,
menta das definições e artigos dos seus Anderson, 2007; Cobo Romaní e Pardo
usuários, contribuições estas que são de- Kuklinski, 2007; Franklin e Harmelen,
puradas e corrigidas por meio de diversos 2007). Em qualquer caso, ao colocar o
mecanismos, para evitar erros e vandalis- destaque nos aplicativos, utilidades e
mo informático. serviços que permitem ao usuário criar e
Basicamente, a Web 2.0 pretende difundir seus próprios conteúdos, assim
substituir a mesa do nosso computador. como na possibilidade de trocar, compar-
Por meio da utilização de protocolos pa- tilhar e reutilizar os conteúdos criados
dronizados, graças a linguagens como pelo próprio usuário e por outros, a Web
XML ou AJAX (ver Capítulo 14), qualquer 2.0 abre perspectivas de sumo interes-
usuário pode utilizar o conteúdo de uma se para o desenvolvimento de propostas
página Web em outro contexto e acrescen- pedagógicas e didáticas baseadas em di-
tar aplicações específicas em uma página nâmicas de colaboração e cooperação. É
pessoal (por exemplo, criando páginas lógico, portanto, que boa parte das 20 fer-
híbridas com informação própria e acres- ramentas mais valorizadas da edição de
centando um aplicativo de estradas e uma 2008 do “Diretório de ferramentas para
agenda, que ele pegou em outro lugar). A a aprendizagem”, elaborada pelo Centre
anexação de conteúdo alheio denomina- for Learning & Performance Technologies
se sindicação de conteúdos. Junto com essa (conforme mostra a Quadro 1.5), parti-
potencialidade, existe outro mecanismo cipem da filosofia e das ideias que estão
tão simples quanto poderoso, a folksono por trás da Web 2.0. Essa filosofia atual-
mia, termo utilizado para referir-se à or- mente impregna, além disso, a maioria
ganização colaborativa da informação em das propostas tecnológicas e pedagógicas
categorias a partir de uma série de etique- centradas no uso das TIC e, por isso, não é
tas ou palavras-chave (tags) propostas pe- de se estranhar que boa parte dos conteú-
los próprios usuários. A ideia básica é que dos apresentados nos capítulos seguintes
o resultado final, a classificação da infor- deste livro, especialmente os dedicados a
mação resultante das tags atribuídas pelo revisar e analisar os ambientes virtuais de
conjunto dos usuários, será melhor e mais ensino e aprendizagem, sejam, em grande
útil do que qualquer uma das classifica- medida, tributários dessas ideias.
ções individuais e, evidentemente, do que Contudo, algumas vozes autoriza-
qualquer classificação taxonômica pré- das, como a do próprio Berners-Lee, já
determinada. A folksonomia está na base estão anunciando uma nova etapa no de-
de serviços e aplicativos tão conhecidos senvolvimento da internet, a da “Web 3.0”
e populares como o del.icio.us13 e é uma ou “Web semântica”. A Web semântica é
utilidade que, assim como a sindicação de uma visão da internet cuja proposta é de
conteúdos, atualmente está incorporada que a informação possa ser compreensível
na maioria dos blogs e wikis – outras fer- para – e não apenas localizável e acessível
11 www.britannica.co.uk.
12 http://es.wikipedia.org/.
13 http://delicious.com/.
Psicologia da educação virtual 37
páginas que descrevem pessoas, as relações que existem entre elas e o que elas criam ou fazem.
Após proporcionar uma descrição rápida das coordenadas de uma pessoa – o nome, o endereço
eletrônico e uma lista de amigos –, é ativado um motor de busca automatizado que tenta descobrir
informações sobre ela, explorando os lugares e comunidades às quais ela pertence ou é mencio-
nada. A finalidade última do projeto é que, a partir da informação gerada, seja possível procurar
pessoas com interesses semelhantes, constituir comunidades virtuais sobre projetos comuns, pôr
em marcha weblogs com artigos e opiniões afins, constituir clubes de lazer nos quais os membros
sejam confiáveis, etc. (www.foaf-project.org/).
16 A finalidade última de Powerset é mudar a maneira pela qual as pessoas interagem com a tecno-
logia, fazendo com que os computadores possam compreender nossa linguagem. O primeiro pro-
duto de Powerset, disponível desde maio de 2008 (http://www.powerset.com/), é uma ferramenta
construída para melhorar e enriquecer a busca, exploração e navegação através dos conteúdos da
Wikipedia a partir de palavras-chave, frases ou perguntas formuladas pelo usuário, proporcionando
como resultado uma síntese de informações extraídas de todos os artigos relevantes.
17 Hakia é um buscador que utiliza uma tecnologia de busca “semântica” baseada na comparação
Quadro 1.5
Comparação entre a Web 1.0, 2.0 e 3.0
18 Em geral, o termo refere-se à marginalização que sofrem os países pobres em relação aos ricos
ou desenvolvidos; contudo, também se fala em brecha entre gerações (marginalização dos idosos),
relativa a gênero (marginalização das mulheres), brecha cultural (marginalização das pessoas com
poucos estudos), idiomática (marginalização dos usuários não anglófonos), etc. Existe uma página
na Web especializada nesse tema: http://www.labrechadigital.org.
Psicologia da educação virtual 41
que, às vezes, são dirigidas às TIC e à in- Por um lado, a rejeição aos modos tradi-
ternet por seus efeitos colaterais negati- cionais e autoritários de exercer a auto-
vos para a educação, o ensino e o aprendi- ridade, opostos aos modos próprios das
zado. Haythornthwaite e Nielsen (2007) sociedades democráticas e, por outro,
resumiram essas críticas nos seguintes as facilidades de acesso à informação e
pontos: ao conhecimento fora das escolas, e sem
intervenção direta do professorado, cau-
n Promovem uma comunicação de baixa saram forte erosão à tradicional relação
qualidade, basicamente apoiada em assimétrica que governava as relações en-
textos escritos. tre docentes e discentes. Essa erosão está,
n Restringem as comunicações emocio- em grande medida, na origem das vozes
nais, complexas e expressivas. que apregoam a obsolescência da esco-
n Potencializam as relações sociais super- la e da ação docente do professorado, e
ficiais e, às vezes, favorecem a irrespon- a conveniência de substituí-los por aulas
sabilidade e a falta de compromisso. e professores virtuais. Contudo, como já
n Permitem a agressão verbal, o insulto e argumentamos anteriormente (Monereo,
os diversos “ismos” (racismo, sexismo, 2005), essas propostas são – além de
etc.). ofensivas para um setor profissional que
n Favorecem o abandono das relações ainda tem o conceito de “vocação” como
locais. traço distintivo – inaceitáveis, devido,
n Tendem a propagar e reforçar um saber pelo menos, aos seguintes motivos: por-
mais instável, profano e mundano (in que as escolas e os professores continuam
foxicação). sendo, por enquanto, os depositários da
n Diante deste estado de coisas, quais cultura e os únicos que podem transmi
finalidades e atitudes educacionais seria ti-la para as novas gerações em condições
necessário promover? de confiabilidade e significatividade; por-
que alguns aprendizados adquiridos nas
Vamos finalizar o capítulo comen- escolas – como aprender a falar, a ler e a
tando, de modo necessariamente esque- escrever – são fundamentais para alguém
mático, alguns desafios especialmente ur- chegar a ser um usuário competente das
gentes, segundo o nosso critério, das TIC TIC; e porque, como já assinalamos, as in-
em geral, e da internet em particular, do formações que estão na internet precisam
ponto de vista das finalidades da educa- com frequência ser filtradas, ordenadas,
ção escolar, assim como algumas vias para selecionadas e contextualizadas para que
abordá-los. possam ser assimiladas e transformadas
em conhecimento pelos aprendizes, e, ao
a) Com relação ao descrédito da esco- menos por enquanto, quem melhor pode
la como instituição legitimada para realizar essa tarefa são os professores.
conservar, criar e transmitir o conheci-
mento e à proposta de substituí-la por b) Com relação à falta de compromisso
ambientes e professores virtuais por pessoal e social que, segundo se afirma,
meio do uso generalizado das TIC. as TIC e a internet, às vezes, têm como
efeitos colaterais.
Parece pouco controverso que par-
te da crise das instituições educacionais Diante dessa afirmação, cabe opor
tradicionais obedece à sua perda de po- dois argumentos de peso. Por um lado,
der e influência social, especialmente a possibilidade de utilizar as TIC e a in-
nos níveis do ensino não universitário. ternet como uma “tecnologia persuasiva”
42 César Coll, Carles Monereo e colaboradores
– Captology –,* ou seja, como uma tecno- as pistas de um usuário através dos seus
logia suscetível de influenciar os usuários endereços de correio eletrônico, contudo,
com a finalidade de ganhá-los para uma as táticas de camuflagem serão cada vez
causa determinada e, em princípio, nobre mais difíceis.
(Fogg, 2002).19 E, por outro lado, a exis- Por outro lado, já começam a prolife-
tência de movimentos sociais de todo tipo rar na internet medidas específicas desti-
que concentram boa parte das suas ati- nadas a fazer com que as interações entre
vidades na internet (campanhas de sen- usuários resultem mais adequadas e satis-
sibilização, convocatórias para comícios fatórias, por exemplo: o estabelecimen-
e manifestações, abaixo-assinados, etc.) to de regras e princípios de atuação por
conseguindo, frequentemente, um forte parte de administradores e moderadores,
compromisso dos participantes e atingin- que devem ser respeitados por todos os
do seus objetivos (Doménech, Tirado e participantes sob ameaça de expulsão em
Vayreda, 2005). caso de seu não cumprimento; o estabele-
cimento das denominadas “netiquetas”; os
c) Com relação aos riscos de que as TIC protocolos de conduta e as famosas FAQ
e a internet favoreçam o isolamento, (Frequently Asked Questions). Todas essas
potencializem o flaming20 e permitam medidas têm como finalidade potenciali-
esconder, manipular ou usurpar iden- zar uma comunicação fluida e um trata-
tidades. mento correto e agradável nas interações
que ocorrem na internet. Não faltam, con-
Não há dúvida de que as narrati- tudo, vozes que advertem sobre o perigo
vas do plano social e da própria identi- de que uma excessiva regulamentação im-
dade também sejam construídas através peça a controvérsia e acabe ameaçando a
da rede. Por meio das trocas com os de- pluralidade.
mais, mas também através do seu com-
portamento como aprendiz, consumidor, d) Com relação às consequências negativas
produtor de documentos, etc., o usuário derivadas do excesso de informação e
adquire uma reputação que lhe permite aos perigos da “infoxicação”.
entrar em determinados espaços exclusi-
vos (listas de discussão), ser considerado Também nesse aspecto estão sendo
confiável como comprador, ter determi- realizados esforços importantes orienta-
nados privilégios e preferências de aces- dos a formar os alunos como buscadores
so em certas comunidades, etc. É preciso “estratégicos” de informação, com a finali
reconhecer, contudo, que a possibilidade dade de que possam discriminar entre a
de fabular e inventar uma “personalidade informação verídica, genuína e rigorosa e
virtual” ou construir identidades falsas é a informação errônea, simplista ou mal-
fácil e até mesmo frequente na internet intencionada (ver Capítulo 17). Além dis-
(Wallace, 2001). Com a chegada da Web so, uma vez que a sobrecarga e a circula-
3.0 e dos aplicativos capazes de seguir ção de informações incorretas, tendencio-
ofensivas.
* N. do R. Acrônimo baseado na frase computers as persuasive technologies. Persuasive technology –
using computers to change what we think and do. B. J. Fogg. Morgan Kaufmann, 2003.
Psicologia da educação virtual 43