Uma Breve História de Paraty (Forte Defensor Perpétuo-Ibram-ISBN 978-65-88734-00-1)

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Uma breve história de

PARATY

Museu Forte Defensor Perpétuo de Paraty


Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)
A cidade de Paraty abriga mais mistérios do que deixam transparecer
seus sobrados centenários, suas ruas de pedra, sua baía morna e calma
ou a muralha verde da Serra do Mar que a circunda. Alguns desses
mistérios estão aí para serem vistos por olhos atentos e curiosos,
outros ainda se escondem debaixo das pedras úmidas, difíceis de serem
desvendados.

Ainda há muito o que se desenterrar sobre a história de Paraty, um


lugar em que o esquecimento parece ter uma presença tão marcante
quanto a memória. Este livreto oferece uma modesta contribuição
neste sentido, formulada a partir do Museu Forte Defensor Perpétuo
– um dos mais antigos lugares de memória do município – e buscando
uma perspectiva panorâmica, porém atenta a detalhes e problemas
sensíveis à nossa historiografia e ao nosso presente.
1
Uma breve história de
PARATY

Museu Forte Defensor Perpétuo de Paraty


Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)

2
Presidente da República Uma Breve História de Paraty
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Pesquisa e textos históricos
Ministro da Cidadania PEDRO CAMPOS FRANKE
OSMAR TERRA
Pesquisa e texto sobre comunidades tradicionais
Secretário Especial da Cultura JOÃO AUGUSTO DE ANDRADE NETO
RICARDO BRAGA
Revisão e tradução de textos
Presidente do Ibram JOÃO AUGUSTO DE ANDRADE NETO
PAULO CÉSAR BRASIL DO AMARAL MARIA CORINA ROCHA
PEDRO CAMPOS FRANKE
Diretor do Museu de Arte Sacra de Paraty
e do Museu Forte Defensor Perpétuo Diagramação
JULIO CEZAR NETO DANTAS HENRIQUE MILEN VIZEU CARVALHO

Administrador do Museu Forte Pesquisa iconográfica


Defensor Perpétuo HENRIQUE MILEN VIZEU CARVALHO
LEONARDO MORAIS DA SILVA JOÃO AUGUSTO DE ANDRADE NETO
JULIO CEZAR NETO DANTAS
PEDRO CAMPOS FRANKE

IMPRESSO EM 2019.

3
1. Introdução

Este volume é uma adaptação da narrativa desenvolvida


para a exposição “Breve história de Paraty” (2018), do Museu
Forte Defensor Perpétuo (Ibram). O original, escrito pelo corpo
técnico do museu,1 foi levemente modificado para que ora se
apresente como esta publicação destinada à distribuição entre
visitantes em geral e sobretudo estudantes das escolas públicas
locais, colaborando assim com a missão institucional do Forte
Defensor Perpétuo de divulgação da história e da cultura da
cidade.
As contribuições mais recentes à pesquisa sobre a história
de Paraty são devidas em grande parte a novos polos universi-
tários instalados em cidades vizinhas; à mobilização e ao debate
em torno das comunidades tradicionais, dos movimentos sociais
e das comunidades escolares; e ao esforço de pesquisadores
isolados, com ou sem vínculo acadêmico, mas interessados em
propor novos rumos de investigação.2
Nossa história local está longe de caber numa nota de
rodapé sobre a história do Brasil. O papel de Paraty como entre-
posto comercial – sobretudo de africanos escravizados –, como
lugar de passagem para o interior das minas ou das vilas do Vale
do Paraíba, como esconderijo, como conjunto arquitetônico e
paisagístico ou como espaço de inúmeros sincretismos culturais

1 Todos os textos foram redigidos em 2018 e 2019 pelo Técnico em Assuntos


Culturais (História) Pedro Campos Franke, exceto “As comunidades tradicionais de
Paraty”, escrito por João Augusto Andrade Neto, Técnico em Assuntos Culturais (An-
tropologia), ambos do Museu Forte Defensor Perpétuo (Ibram).
2 Ver, por exemplo, COTRIM, Cassio R. M. Villa de Paraty. São Paulo: Editora
Capivara, 2012; RIBAS, Marcos Caetano. A História do Caminho do Ouro em Paraty. Rio
de Janeiro: Contest, 2003; MAIA, Thereza e MAIA, Tom. Paraty - Religião & Folclore,
Ontem & Hoje. Aparecida: Editora O Lince, 2015; SOUZA, Marina de Mello e. Paraty –
a cidade e as festas. Rio de Janeiro: Ed. Ouro sobre azul, 2008; dentre muitas outras
obras.

4
tem muito a contribuir com novos modelos explicativos sobre a
formação da sociedade brasileira.
A história é um campo interessante e controverso justa-
mente porque se transforma a todo instante. A cada novo olhar
por parte de pesquisadores e estudantes, novas interpretações de
fatos ocorridos no passado conflitam com antigos conceitos cris-
talizados, provocando debates e reformulações relacionados à
maneira como se vê o passado, e também como se vive o presente.
A narrativa que ora se apresenta, longe da pretensão de
ser definitiva ou totalizante, busca uma perspectiva da história
de Paraty pautada pelos registros documentais e arqueológicos
atualmente disponíveis, pelas discussões bibliográficas e pela
incontornável importância do papel das trabalhadoras e traba-
lhadores que erigiram nosso patrimônio cultural, seja ele mate-
rial ou imaterial, com sua sabedoria, com o suor e o sangue de
seu trabalho, com a alegria e a música de suas festas e com a
bravura de sua resistência. A estes devemos a construção e a
preservação de um conjunto arquitetônico, étnico, ambiental
e cultural único na história do Brasil e do mundo, daquilo que
antigos filósofos chamariam de um microcosmo,3 encravado
entre a serra e o mar.

2. Pré-história de Paraty
Embora nosso conhecimento dos povos que habitavam
Paraty antes e durante a chegada dos portugueses seja bastante
limitado, algumas conclusões e hipóteses interessantes podem
ser elencadas.
3 Microcosmo significa literalmente “mundo pequeno”. Em filosofia, costuma
designar uma miniatura que representaria organicamente algo maior em que ela es-
taria inserida. Neste caso, Paraty poderia ser referida como um microcosmo do Brasil,
em linguagem poética.

5
Os habitantes mais antigos da região de Paraty nos
deixaram como registro de sua ocupação um conjunto amplo de
sambaquis – depósitos fossilizados de matéria orgânica e calcária
como conchas, ossos e dentes animais, acumulados pela ação
de povos pré-históricos ao longo de toda a costa brasileira, e
datados entre 8 mil e 2 mil anos antes do presente. Esse conjunto
de sambaquis inclui aqueles encontrados ao lado da Praia do
Forte e da Toca do Cassununga, próximo à Praia do Jabaquara.
Segundo relatos históricos da época da chegada dos
portugueses, a região era habitada, além dos Tupinambá, por
indígenas chamados Guaianá ou Goianá ou Wyanasses – as
grafias são as mais variadas em diferentes narrativas. Esses indí-
genas foram descritos de muitas formas por autores viajantes
tão diversos quanto Padre Anchieta, Gabriel Soares de Souza e
Hans Staden, apresentando caracterizações por vezes contra-
ditórias. Anthony Knivet, viajante inglês, os descreve como
de baixa estatura e muito barrigudos. Muito afeitos ao tabaco
e ao urucum, usariam seus cabelos raspados no alto da cabeça
e longos nos lados, e dormiriam em redes feitas de cascas de
árvores ou de fios de algodão.4 Teriam sido os primeiros andari-
lhos que subiam a Serra do Mar até a região do Vale do Paraíba,
a que se deve a denominação “Trilha dos Guaianá” ao trajeto
que ficou posteriormente conhecido como “Caminho do Ouro”.
Há muita controvérsia em torno da categorização e
do tronco linguístico desses indígenas, e parece certo que
Guaianá não seria um nome de nação, e sim uma palavra
tupi que poderia designar “gente aparentada”. Seu idioma
provavelmente pertencia ao grupo macro-Jê, assim como os
Puri, seus prováveis remanescentes. Ao menos dois documentos

4 KNIVET, Anthony. The admirable adventures and strange fortunes of Master


Anthony Knivet, which went with Master Thomas Candish in his second voyage to the
south sea. 1591. In: PURCHAS, Samuel (editor), Hakluytus Posthumus or Purchas His
Pilgrimes. Glasgow: James McLehose and Sons, 1906.

6
‘Dança dos Puris’ de d’Orbigny

históricos do século XVII referentes aos habitantes de Paraty


os designam como Goramenis ou Goiamimins, e outros como
Maromimis ou Miramomis, o que poderia significar “gente
miúda”. Segundo pesquisas recentes, estas designações os apro-
ximariam dos indígenas Miramomi do Vale do Paraíba, também
conhecidos como Guarulhos, e os distinguiria dos Guaianá do
sul de São Paulo, ancestrais dos atuais Caingang.5 Foram aliados
dos portugueses contra os franceses e seus maiores inimigos,

5 PREZIA, Benedito A. G. Os Guaianá de São Paulo: uma contribuição ao debate.


In: Os indígenas do planalto paulista (tese de doutorado). São Paulo: FFLCH-USP, 1998.

7
os Tupinambá, durante a Confederação dos Tamoios. Registros
históricos apontam que os Maromomi/Guaianá da região de
Paraty foram escravizados pelos portugueses, e que auxiliaram
na construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
de Angra dos Reis, por volta do ano de 1636.6 Um dos documentos
mais importantes da fundação de Paraty, datado também de
1636, a doação de uma sesmaria à D. Maria Jacome de Melo para
que a vila fosse construída, menciona uma “aldeia de cima dos
Goaromenis”, e ordena que estes indígenas não sejam tirados
de lá.7 Esta determinação parece apontar para a prática conhe-
cida como “aldeamento” – em que “celeiros” de mão-de-obra
indígena eram mantidos ao alcance de empreendedores colo-
niais, muitas vezes por meio da ação de missionários católicos,
especialmente jesuítas. A escravidão indígena no Brasil foi de
fato intensificada neste período, devido às invasões holandesas
que tiraram dos portugueses feitorias importantes como as de
Luanda, em Angola, e dificultaram temporariamente o forneci-
mento de africanos escravizados para as lavouras e engenhos da
América Portuguesa.8
Em artigo de 1977, o arqueólogo Alfredo Mendonça de
Souza atribui aos ancestrais dos Guaianá a maioria dos samba-
quis e abrigos sob rocha da região, localizando técnicas rústicas
de cerâmica entre eles.9
Não há registros históricos conhecidos sobre a presença
destes indígenas em Paraty desde o século XVII. Sua língua e

6 IHGB. Vários documentos sobre Angra dos Reis, Ilha Grande e outros lugares
da capitania do Rio de Janeiro. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasilei-
ro. Vol. 271, abril/junho de 1966.
7 RAMECK, Maria José S. e MELLO, Diuner (orgs). Roteiro documental do Acervo
Público de Paraty, vol 2. Paraty: Câmara Municipal de Paraty, IPHAN, 2003/2014.
8 FREIRE, José Ribamar Bessa e MALHEIROS, Márcia Fernanda. Aldeamentos in-
dígenas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Eduerj, 2010. pp. 27-30.
9 SOUSA, Alfredo Mendonça de. Pré-história de Parati. Nheengatu, ano 1, n. 2.
Março/abril 1977.

8
sua cultura foram extintas ao longo dos séculos XVII e XVIII
em todo o Brasil, mas há fortes indícios de que os Maromomi
foram ancestrais dos atuais caiçaras que habitam nossa região
costeira.10

3. A formação da Vila de Paraty


Não sabemos ao certo quando e como a região de Paraty
foi ocupada pela primeira vez pelos europeus, mas provavel-
mente isso se deu no início do século XVII, na medida em que

10 A confecção de redes para dormir, cestos e cordas, a sedentarização de alguns


grupos, o cultivo do tabaco e do milho, a construção de casas simples cobertas de
folhas de palmeiras e uma forte capacidade de adaptação, de negociação e mesmo
miscigenação com portugueses e franceses parecem respaldar alguns costumes em
comum.

9
as populações de São Vicente e da Ilha Grande começaram a se
espalhar pela costa do sudeste brasileiro e passaram a proliferar
as lavouras de cana-de-açúcar na região.
A primeira referência histórica à localidade se deve ao
relato do viajante inglês Anthony Knivet que, em 1597, como
prisioneiro do governador do Rio de Janeiro, integrou uma
expedição desbravadora liderada por Martim Correa de Sá. O
viajante narra a chegada a “um porto chamado Paratee”, onde a
comitiva de Sá é guiada pelos seus aliados Guaianá pelo caminho
que transpunha a Serra do Mar e alcançava as terras altas do
Vale do Paraíba.11
Sabe-se que a primeira povoação de portugueses foi
fundada no alto do Morro da Vila Velha, onde séculos depois
foi construído o Forte Defensor Perpétuo. Havia provavelmente
algumas casas rústicas e uma capela dedicada a São Roque.12
Em 1636, Dona Maria Jácome de Melo doa parte da
sesmaria que havia recebido anos antes da donatária da Capi-
tania de São Vicente, a Condessa de Vimieiro, para a construção
de uma vila entre os rios Paratii-guaçu e Paratiitiba (atualmente
Perequê-Açu e Mateus Nunes), com a condição de que se cons-
truísse uma capela dedicada a Nossa Senhora dos Remédios, e
que não se molestassem os indígenas Goaromenis que ali habi-
tavam – como referimos no tópico anterior.13
Poucos anos após a construção da nova igreja, a cidade
se encontrava “sem câmara, nem justiça: um valhacouto de
malfeitores”, segundo o ouvidor geral João Velho d’Azevedo.14

11 KNIVET, Op. Cit.


12 ARAUJO, J.S.A. Pizarro e (e outros). Tricentenário de Parati: notícias históricas.
Rio de Janeiro: Publicações do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1960. pp. 16
e 17.
13 RAMECK e MELLO, Op. Cit.
14 SAINT-ADOLPHE, J.C.R. Milliet de. Diccionario geographico historico e descrip-
tivo, do Império do Brasil. Tomo segundo. Paris: J.P. Aillaud, 1845. pp. 242.

10
Em 1660, apoiada pelo capitão-mór Domingos Gonçalves de
Abreu, a população revoltada institui o pelourinho – símbolo
de autonomia municipal - e declara-se independente da vila de
Angra dos Reis e Ilha Grande. Apesar da resistência da câmara
daquele município, a iniciativa de independência é apoiada pelo
governador da província do Rio de Janeiro, o poderoso Salvador
Correia de Sá e Benevides.15
Em data controversa, mas ainda na década de 1660, nasce
oficialmente a vila de Paraty.16

15 Ver documentação comentada em RIBAS, Op. Cit. e carta da Câmara de Angra


dos Reis em IHGB. Vários documentos sobre Angra dos Reis, Ilha Grande e outros lu-
gares da capitania do Rio de Janeiro. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro. Vol. 271, abril/junho de 1966.
16 O aniversário da cidade é oficialmente comemorado no dia 28 de fevereiro,

11
4.  Caminhos e descaminhos
Ainda em 1660, o mesmo Salvador Correia de Sá e Bene-
vides ordena a abertura de um caminho sobre as picadas da
antiga trilha indígena, que ligaria Paraty ao Vale do Paraíba
através da Serra do Mar.17 Não se sabe ainda ao certo o que o
motivou. O espectro da descoberta de metais preciosos no inte-
rior já rondava os desbravadores portugueses há tempos, e por
outro lado o comércio de africanos escravizados começava a se
intensificar, tendo Paraty como um notável entreposto.
A abertura da estrada, que viria a ser conhecida como
Caminho do Ouro, fez florescer o comércio no porto de Paraty, e
a vila passou a ser frequentada por mercadores das cidades altas
da serra como Taubaté, Guaratinguetá e Jacareí, que buscavam
víveres como o sal, o azeite e o vinho trazidos por navios ao
porto, bem como a aguardente produzida localmente.18
Pouco após a descoberta do ouro na região de Cataguases,
em fins do século XVII, institui-se o caminho de Paraty como
a passagem oficial dos garimpeiros e tropeiros. Uma Casa dos
Quintos e uma nova fortificação na estrada da serra foram cons-
truídas em 1703, tornando Paraty um porto incontornável para
o escoamento oficial dos metais preciosos, que seguiam por mar

com base em uma suposta carta régia de D. Afonso VI datada deste dia no ano de 1667.
Cassio COTRIM (Op. Cit.) questiona tal atribuição, tendo reproduzido carta régia da
mesma data que na verdade não diz respeito à fundação da vila. Outras informações
contidas em ARAÚJO, op. cit., apontam as datas de 2 de outubro e 28 de outubro de
1667 como referências à dita carta régia.
17 IHGB. Vários documentos sobre Angra dos Reis, Ilha Grande e outros lugares
da capitania do Rio de Janeiro. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasilei-
ro. Vol. 271, abril/junho de 1966. p. 348.
18 Ver verbete sobre Paraty em SANTA MARIA, Agostinho de. Santuario mariano,
e historia das imagens milagrosas de Nossa Senhora, e das milagrosamente appareci-
das, em graça dos pregadores, & dos devotos da mesma Senhora. Lisboa, 1707. Rio de
Janeiro: INEPAC, 2007.

12
até o Rio de Janeiro.19
A partir de 1710, passa a ser utilizado o chamado Caminho
Novo, que ligava por terra o Rio de Janeiro à região das minas
através da Serra dos Órgãos. O transporte de ouro pelo porto
de Paraty, agora designado Caminho Velho, é então proibido
pela coroa, mas o trajeto continua movimentado ao longo das
décadas seguintes. Pedidos para que se continuasse utilizando o
Caminho Velho diante da aridez e dos perigos do Caminho Novo
foram eventualmente atendidos pela coroa, além de prolife-
rarem os descaminhos e atalhos para os muitos contrabandistas

19 RIBAS, op. cit., pp. 31 e 32.

13
poucos dispostos a pagar o quinto sobre suas cargas.20
Na década de 1720, Paraty atinge o mais alto nível de cres-
cimento desde sua fundação. As Igrejas de Santa Rita de Cássia,
do Rosário e da Nossa Senhora da Conceição do Paraty-Mirim
são inauguradas, assim como novas casas de pedra e alvenaria.
Alguns estudos atuais têm discutido a relevância do contra-
bando de escravos para esta primeira fase de florescimento. A
cachaça, amplamente utilizada como moeda de troca na compra
de escravos ao longo da costa brasileira, passa a ter em Paraty
uma produtividade sem precedentes, acompanhada posterior-
mente por grande prestígio.21
Mulheres e homens africanos e seus descendentes foram
a grande força de trabalho por trás da produção agrícola e do
crescimento urbano da vila durante os séculos XVIII e XIX, além
de sua presença ativa na formação de nosso complexo socio-
cultural. Alguns testemunhos históricos da presença afro-bra-
sileira em Paraty estão na formação das comunidades quilom-
bolas do Campinho da Independência e do Cabral, na construção
das igrejas do Rosário e de Santa Rita, no toque dos tambores
do jongo, na devoção e nos festejos a São Benedito, nas técnicas
em metal, madeira e couro dos objetos remanescentes e em
muitos outros elementos que forjaram múltiplas manifestações
da cultura local.22

20 Idem, Ibidem, p. 36.


21 Ver ARAÚJO, Op. Cit., p. 30.
22 É importante que todos reconheçamos a invisibilidade do papel principal de-
sempenhado pelos setores populares e subalternizados da sociedade paratiense, as-
sim como da brasileira. Em suas Memórias Históricas, Pizarro e ARAÚJO chega a se
admirar com a manifesta desigualdade do tecido social de Paraty: “Na mão de bem
poucos fica toda a riqueza; porque encadeados de tal forma os demais habitantes com
os principais do negócio [ou seja, com o trabalho], em suas mãos depositam os frutos
de suas lavouras, sem vantagem considerável, e sempre com forçosa dependência” (p.
31, grifos meus).

14
5. Paraty nos tempos do Império

Ao longo do século XVIII, relatos de viagens de nobres e


governantes testemunham o uso contínuo do caminho da serra
que passa por Paraty, ainda que haja problemas estruturais em
alguns trechos.23 Entretanto, o chamado Caminho Novo passa a
ser o escoadouro oficial das minas, e sem o fluxo constante de
mineiros, a vila passa por dificuldades econômicas em fins do
século XVIII.
O porto de Paraty volta a assumir grande importância
como entreposto quando começa a prosperar a produção de café

23 NETO, Luís Camilo de Oliveira. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e


Artístico Nacional. Apud. ARAÚJO, op. cit., pp. 6 e 7.

15
para exportação no Vale do Paraíba. Assim, durante o século
XIX, houve mais um período de notável crescimento urbano. A
capela de Nossa Senhora das Dores foi finalizada, a nova Igreja
da Matriz teve suas obras continuadas até a inauguração em
1860 e a Santa Casa de Misericórdia foi construída às margens
do Perequê-Açu. Também outras esferas tiveram seu período
de progresso: havia mais de uma escola de primeiras letras e
uma cadeira de gramática latina que contava com 27 alunos em
1832. Um serviço de correio entre Rio de Janeiro, Ilha Grande e
Paraty foi estabelecido pelo governo imperial em 1823. A vila é
alçada ao título de Condado em 1813, e Dom Miguel Antonio de
Noronha Abranches Castelo Branco se torna o primeiro Conde
de Paraty.
Em 1822, Paraty comemora a Independência do Brasil com
um entusiasmado relato dos festejos que se seguiram à emanci-
pação na vila, encaminhado ao Império para publicação.24 No
mesmo ano foi construído sobre o Morro da Vila Velha o Forte
Defensor Perpétuo, que se torna o principal prédio militar da
vila. Outras fortificações, como as da Ilha da Bexiga, do Manti-
mento, do Iticopê e da estrada da serra, são munidas de equipa-
mentos e pessoal.
Com as restrições ao comércio de escravos iniciadas na
década de 1830 e consumadas em 1850, intensifica-se o contra-
bando de africanos pelo porto de Paraty.25 Denúncias de fazen-
deiros sobre roubos e ataques por parte de quilombolas atestam
a resistência dos escravos à opressão senhorial na região. Há
uma grande intensificação do transporte de café pela cidade

24 O relato foi transcrito e editado integralmente como apêndice em ARAÚJO, Op.


Cit., pp. 57-63.
25 Em 1831 é promulgada a chamada Lei Feijó, que teoricamente proibia o tráfico
de escravos, por pressão da Inglaterra. Na prática, acabou conhecida como uma lei
“para inglês ver”, e o contrabando fluía intensamente. A Lei Eusébio de Queirós, de
1850, passou a realmente limitar e coibir o tráfico negreiro como pirataria. Ver RIBAS,
Op. Cit, p. 46 e 47.

16
entre 1830 e 1850, e uma preocupação constante com o estado
da estrada da serra, que ganha uma grande reforma em 1840.26
Em 1863, o próprio Imperador D. Pedro II passa pela
cidade e registra suas impressões em diário. Porém, em 1864, a
inauguração da Ferrovia Pedro II, ligando Rio de Janeiro e São
Paulo através do Vale do Paraíba isolou Paraty da rota comercial
do café. Os quartéis e baterias sofrem da falta de pessoal e de
equipamentos. A cidade cai em franca decadência econômica e
em longo e relativo isolamento, com forte êxodo da população
mais jovem e consequente diminuição populacional.
Este quadro começa a se transformar apenas na década
de 1950, com a construção da estrada Paraty-Cunha. Em 1958,
o Centro Histórico de Paraty é tombado pelo Instituto do Patri-
mônio Histórico e Artístico Nacional, e em 1966 o tombamento
abrange todo o município. A chegada da estrada Rio-Santos em
1973 abre permanentemente os potenciais turístico-culturais
da cidade, que a partir de então se constitui num dos maiores
destinos turísticos do Brasil e do mundo.

6. O Forte Defensor Perpétuo

A data de fundação do Forte Defensor Perpétuo, ou mesmo


de uma fortificação que a tivesse precedido no local de sua cons-
trução, é uma questão controversa sobre a qual ainda pairam
dúvidas. Por um lado, antigos textos institucionais e conclusões
de pesquisadores do século XIX atribuem a uma Carta Régia de
1703 a ordem para que se construísse uma fortificação no Morro
da Vila Velha27. Tal carta se encontra na sessão de manuscritos

26 RIBAS, Op. Cit., p. 47.


27 Há indícios de que havia um forte ao norte do Rio Perequê-Açu em J. C. R.
Milliet de Saint-Adolphe: Dicionário Geográfico Histórico e Descriptivo do Império

17
da Biblioteca Nacional. Seu conteúdo parece referir uma fortifi-
cação a ser erguida no portão de entrada da cidade, que pudesse
controlar a entrada e saída de garimpeiros e tropeiros que

do Brasil, Paris, 1863, 2º vol. pag. 242: “(...) em 1703 construirão-se dous fortes, um ao
norte perto do ribeiro Perequê-Guaçu, e outro ao sul nas vizinhanças do Patitiba”; na
obra de LIMA, Honório. Notícia histórica e geográfica de Angra dos Reis e províncias
anexas, 1889; e em artigo no jornal O Paratyense (1891, p.2): “No auto da Collina em
que foi instalada a antiga Villa com a invocação de S. Roque [...] foi mandado construir
um pequeno Forte com o título – Defesa, que só ficou concluído em 1706”.

18
seguissem às minas ou que delas chegassem, evitando assim os
descaminhos de ouro e pedras preciosas, e não uma construção
defensiva em elevação à beira-mar como o local da Vila Velha.28
Historiadores mais recentes como Adler Homero Fonseca
de Castro, acompanhados também de outros autores mais
antigos29, defendem a tese de que o Forte Defensor Perpétuo
foi construído apenas em 1822, projetado para encabeçar o
complexo defensivo de Paraty sobre pelo menos outras seis
posições estratégicas. A designação prestava homenagem a D.
Pedro I, agraciado com o título de Defensor Perpétuo do Brasil.
Apesar da nomenclatura oficial, a construção não se configura
tecnicamente como um forte, e sim como uma bateria – posição

28 Na carta, o Governador do Rio de Janeiro, D. Álvaro da Silveira afirma “ser con-


veniente que na Vila de Paraty se faça uma trincheira de estacada com um reduto para
a defesa do portão e se impedir, a quem for, para as ditas Minas sem licença e fazer
registrar as fazendas que levar e o ouro que trouxer para assim se não desencaminhar
cousa alguma”. Consulta do Conselho Ultramarino sobre se fazer uma trincheira na
Vila de Paraty para impedir as passagens às Minas sem licença, 1703. Manuscrito Bi-
blioteca Nacional.
29 Ver CASTRO, Adler Homero Fonseca de. Muralhas de pedra, canhões de bron-
ze, homens de ferro: fortificações do Brasil de 1504 a 2006. Rio de Janeiro: FUNCEB,
2009. pp. 373-375 e SOUZA, Augusto Fausto de. Fortificações do Brazil, In: Revista do
Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 113.

19
de canhões aberta na sua gola.
O chamado Morro da Vila Velha foi o local escolhido
para o estabelecimento da fortificação. Como o nome sugere,
a elevação abrigou o primeiro núcleo de povoamento da região
de Paraty, ainda no início do século XVII. Seu fundador, João
Pimenta de Carvalho, atribuiu a São Roque o patronato da povo-
ação, construindo uma capela em sua homenagem. Após 1636,
o povoado foi transferido para a planície entre os rios Perequê-
-Açú e Matheus Nunes, e uma nova igreja foi edificada tomando
por padroeira Nossa Senhora dos Remédios.
O contexto do estabelecimento do Forte Defensor
Perpétuo em 1822 remonta ao reforço da defesa da região em
meio às tensões que culminaram com a Independência do Brasil.
Após o Sete de Setembro, a ameaça de um contra-ataque portu-
guês por parte das tropas leais à coroa lusitana – que ainda
dominavam praças importantes, como Salvador – levou o novo
governo independente a projetar um amplo incremento defen-
sivo ao longo da costa brasileira, especialmente na província do
Rio de Janeiro.
Mesmo após o reconhecimento da Independência, a forti-
ficação continuou a ser guarnecida devido à Guerra da Cispla-
tina contra as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argen-
tina) que durou de 1825 até 1828. A partir deste ponto houve
um corte de gastos com o complexo defensivo brasileiro. O
Forte Defensor Perpétuo alternou momentos de abandono com
eventuais rompantes de preocupação em abastecer a posição de
soldados e munições – como ocorreu no caso da crise diplomá-
tica com a Inglaterra em 1850.
Não são conhecidos registros históricos da ocorrência de
conflitos marítimos ou tentativas de invasão por parte de piratas
ou corsários, ainda que narrativas sobre naufrágios, piratas e
aparições sempre tenham feito parte do imaginário de Paraty.

20
Em 1856, a fortificação foi desarmada pelo Ministério da
Guerra e transferida para o governo provincial.
Segundo relatos de visitantes, um regimento de pracinhas
foi enviado para guarnecer o Forte durante a Segunda Guerra
Mundial.
Em 1957, o Forte Defensor Perpétuo foi tombado pela
Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN,
atual IPHAN), e restaurado pela mesma instituição na década
seguinte. Em 1989, o edifício passou a abrigar o Centro de Artes
e Tradições Populares, que abriu ao público exposições sobre a
cultura caiçara e suas tradições.
O museu passou à responsabilidade do Instituto Brasileiro
de Museus (IBRAM) desde a criação da autarquia em 2009.

7. As comunidades tradicionais de Paraty

Nos anos 1970, com a construção da Rodovia Federal


BR-101 (Rio-Santos), uma nova etapa no desenvolvimento de
Paraty se inaugura, uma vez que a comunicação antes feita
exclusivamente via mar ou por caminhos na mata se acelerou
com a chegada do asfalto e do turismo em escala crescente.30 Os
caiçaras – termo que aqui designa antigos habitantes da área
do litoral dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná e
seus descendentes31 – passaram a ser alvo crescente de conflitos
envolvendo a posse das terras por eles tradicionalmente

30 CAVALIERI, Lúcia. A comunidade caiçara no processo da reclassificação da re-


serva ecológica da Juatinga. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana). Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Geografia. Universidade de
São Paulo. São Paulo, 2003.
31 DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Anna. “Diversidade biológica e culturas tra-
dicionais litorâneas: o caso das comunidades caiçaras”. In: Trabalhos e estudos. São
Paulo: USP/NUPAUB, 1988 e DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Anna (Org.). Enciclopédia
Caiçara: falares caiçaras – volume 2. São Paulo: HUCITEC: NUPAUB: CEC/USP, 2005.

21
ocupadas. Durante os anos 70 e 80 agricultores e pescadores
organizados através do Sindicato de Trabalhadores Rurais de
Paraty resistiram às tentativas de expropriação realizadas
por donos de grandes fazendas e por corporações.32 Processos
semelhantes ocorreram nos municípios vizinhos de Ubatuba e
Angra dos Reis, os quais compõem junto com Paraty uma das
maiores áreas de Mata Atlântica preservada do Brasil. Ainda
hoje conflitos territoriais estão presentes na região.
A proteção ambiental e a proteção do patrimônio histó-
rico e cultural são asseguradas pela legislação federal, estadual
e municipal e pelos órgãos oficiais em Paraty e atuam como
importantes freios aos processos de desenvolvimento de caráter
predatório, carentes de planejamento urbano e regional social e
ambientalmente responsável.
Atores da sociedade civil também possuem um papel
fundamental nesse sentido. Como fruto do processo de resis-
tência das comunidades caiçaras, das comunidades afrodes-
cendentes quilombolas, das aldeias das etnias indígenas e das
comunidades de pescadores e de agricultores tradicionais, a
região apresenta ainda hoje um rico mosaico sociocultural, no
qual a diversidade de culturas está intrinsecamente relacionada
à preservação do patrimônio ambiental.
Os grupos populares que historicamente ocupam a zona
rural e a região costeira de Paraty lutam para assegurar a defesa
dos recursos naturais dos quais dependem para sobreviver.
Esses recursos envolvem a água pura, a terra para o plantio e
moradia, as matas com seus remédios, frutos e matérias-primas
para construção e para produção de objetos artesanais, o peixe
e os frutos do mar, os sítios preservados que representam
marcos de sua história e identidade – recentemente incorpo-

32 SAUER, Sérgio et al (Orgs.). Comissão Camponesa da Verdade: Relatório final:


violações de direitos no campo 1946 a 1988. Brasília: Dex-Unb, 2015.

22
rados à atividade do turismo de base comunitária – e tantas
outras riquezas indispensáveis ao seu modo de vida. Noutras
paragens esses mesmos elementos restaram degradados por
força de processos desenfreados de mercantilização da terra,
de urbanização e de modernização. Essas dinâmicas, que aqui
se esboçam desde a chegada da BR-101, ameaçam a construção
de uma identidade associada ao pertencimento comunitário,
deslocando práticas, discursos e significados culturais outrora
compartilhados e gerando processos de desterritorialização e
invisibilização social dos grupos e das famílias e indivíduos que
os compõem.
O poder público e a sociedade cada vez mais se inclinam
ao reconhecimento de grupos e territórios tradicionais em
todo o país, como é o caso em Paraty das mais de 32 comuni-

23
dades caiçaras, das cinco aldeias indígenas envolvendo as etnias
Guarani Mbya (aldeias Itaxim, Araponga e Arandu-Mirim),
Guarani Kaiowá (aldeia Rio Pequeno) e Pataxó (aldeia Iriri) e das
comunidades quilombolas do Cabral e do Campinho.33 Sua exis-
tência e resistência demonstra que os saberes tradicionais e a
preservação do território como espaço de vida ambientalmente
sustentável e socialmente justo se apresentam como possível
utopia e horizonte para a superação da atual crise civilizatória.

33 OBSERVATÓRIO de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina. Mapa de


comunidades tradicionais de Paraty. Paraty: FIOCRUZ/Fórum de Comunidades Tradicio-
nais Angra-Paraty-Ubatuba/FUNASA, 2018.

24
English version

1. Introduction

This booklet contains an adaptation of the narrative developed for


the exhibition “Brief History of Paraty”, currently on at the Forte Defensor
Perpétuo Museum (Ibram). The original text, written by the museum’s staff,
has been slightly modified to present itself as this publication intended for
distribution to visitors and specially to students from local public schools,
thus collaborating with the institutional mission of the museum, which is to
spread the history and the culture of our town.
The most recent contributions to research on Paraty’s history are due
in large part to new university centers in neighboring cities; the mobilization
and debate around traditional communities, social movements and school
communities; and the efforts of isolated researchers, with or without acade-
mic ties, but interested in proposing new directions of investigation.
Our local history is far from fitting in a footnote about the history of
Brazil. Paraty’s role as a trading post - especially for enslaved Africans - as a
place of passage into the mines or villages of the Paraíba Valley, as a hiding
place, as an architectural and landscape ensemble or as a space for countless
cultural syncretisms has much to contribute to new interpretations on the
formation of Brazilian society.
History is an interesting and controversial field precisely because it
changes all the time. With every new look from researchers and students,
new interpretations of past events conflict with old crystallized concepts,
provoking debates and reformulations related to the way the past is viewed,
as well as the present.
This narrative avoids the pretension of being definitive or universal,
and seeks a perspective of the history of Paraty based on documental and
archaeological records, on bibliographic discussions and on the inevitable
importance of the role played by workers that edified our cultural heritage
with their wisdom, with the sweat and blood of their work, with the joy and
the music of their festivities and with the courage of their resistance. To them
we owe the construction and the preservation of an architectural, ethnic and
cultural ensemble that is unique in Brazilian and general history, and which
ancient philosophers would call a microcosm, carved between the mountain
range and the sea.

25
2. Prehistoric Paraty
Although our knowledge of the peoples who inhabited Paraty before
and during the arrival of the Portuguese is quite limited, some interesting
conclusions and hypotheses can be drawn.
The earliest inhabitants of the Paraty region left us as a record of their
occupation a large set of sambaquis or shell-mounds – fossilized deposits of
organic matter and limestone like shells, bones and animal teeth, accumula-
ted by the action of prehistoric peoples along the Brazilian coast, and dated
between 8 thousand and 2 thousand years before the present. This set of
sambaquis includes those found next to Forte Beach and the Toca do Cassu-
nunga, next to Jabaquara Beach.
According to historical accounts of the time the Portuguese arrived,
the region was inhabited by the Guaianás or Goianás or Wyanasses – the
spellings are the most varied in different narratives. These natives have been
described in many ways by traveling authors as diverse as Father Anchieta,
Gabriel Soares de Souza and Hans Staden, who often present contradictory
characterizations. 16th century English traveler Anthony Knivet describes
them as short and very potbellied. Very fond of tobacco and urucum. They
would use their hair shaven on the top of the head and long at the sides, and
they would sleep in nets made of barks of trees. They would have been the
first wanderers who climbed the Serra do Mar to the region of the Paraíba
Valley, through a route known as the Guaianá Trail, roughly on the path that
was later called Caminho do Ouro.
There is much controversy surrounding the categorization and
linguistic trunk of these natives, and it seems certain that Guaianá would not
be a nation name, but a Tupi word meaning “related people”. Their langua-
ge probably belonged to the Macro-Jê group as their probable remnants Puri
and Coroado. At least two historical documents of the seventeenth century
referring to the inhabitants of Paraty designate them as Goaromimins or
Goiamimins, and others as Maromimis or Miramomis, which could mean
“small people.” According to recent research, these designations would bring
them closer to indigenous inhabitants of the Paraíba Valley, also known as
Guarulhos, and would distinguish them from the Guaianás from the south of
São Paulo, the ancestors of the present Caingang. They were allied with the
Portuguese against the French and their greatest enemies, the Tupinambas.
Historical records indicate that the Goiamimins were enslaved by the Portu-
guese, and that they helped in the construction of the Mother Church of Nossa
Senhora da Conceição of Angra dos Reis, around the year 1636.

26
In an 1977 article, the archaeologist Alfredo Mendonça de Souza attribu-
tes to the ancestors of the Guaianás most of the sambaquis and shelters under
rock of the region and identifies rustic techniques of pottery between them.
There are no known historical records of the presence of these natives
in Paraty since the 17th century.

3. The foundation of the Village of Paraty


We do not know for sure when and how the Paraty region was first
occupied by the Europeans, but probably this happened in the early 17th
century as the populations of São Vicente and Ilha Grande began to spread
along the coast of southeastern Brazil and sugar cane plantations proliferated
in the region.
The first historical reference to the locality is due to the account of
the English traveler Anthony Knivet, who in 1597, as prisoner of the governor
of Rio de Janeiro, integrated a pioneering expedition led by Martim Correa
de Sá. The traveler narrates the arrival at “a port called Paratee”, where the
delegation of Sá is guided by its Guaianá allies along the road that transpired
the Serra do Mar and reached the highlands of the Paraíba Valley.
It is known that the first Portuguese settlement was founded on the
top of Morro da Vila Velha, where centuries later the Forte Defensor Perpétuo
was built. There were probably a few rustic houses and a chapel dedicated to
Saint Rocco.
In 1636 Dona Maria Jácome de Melo donated part of the land she had
received years before from the Countess of Vimieiro for the construction of a
village between the rivers Paratii-guaçu and Paratiitiba (now Perequê-Açu and
Mateus Nunes) with the condition that a chapel dedicated to Our Lady of Reme-
dies was built and that the natives who lived there should not be disturbed.
A few years after the construction of the new church, the city was
“without chamber nor justice: a shelter of evildoers,” according to the general
ombudsman João Velho d’Azevedo. In 1660, on the initiative of Captain
Domingos Gonçalves de Abreu, the revolted population raises the pelourinho
– symbol of municipal autonomy – and declares itself independent of the town
of Angra dos Reis and Ilha Grande. Despite the resistance of the village council,
the independence initiative is supported by the governor of the province of
Rio de Janeiro, the powerful Salvador Correia de Sá e Benevides.
At a controversial date, but still in the 1660s, the village of Paraty was
officially born.

27
4. Courses and Off Courses

Still in 1660, the same Salvador Correia de Sá e Benevides orders the


opening of a path on the bites of the old indigenous trail, which would link
Paraty to the Paraíba Valley through the Serra do Mar. It is not yet known
what motivated him at first. The specter of the discovery of gold in the inte-
rior had long been roaming the Portuguese pioneers, and on the other hand
the African slave trade was beginning to intensify, with Paraty as a remarkab-
le warehouse.
The opening of the road, since then referred to as Caminho do Ouro,
made commerce flourish in the port of Paraty, and the village was frequented
by merchants from the high mountain towns of Taubaté, Guaratinguetá and
Jacareí, who came looking for commodities like salt, oil and wine brought by
ships to Paraty port, as well as locally produced cachaça.
Shortly after the discovery of gold in the region of Minas Gerais at the
end of the 17th century the path of Paraty is established as the official passage
for muleteers and gold diggers. A tax house and a new fortification were cons-
tructed in 1703 on the mountain range route, making Paraty an unavoidable
port for the official flow of precious metals, that followed by sea until Rio de
Janeiro.
From 1710 onwards, a so-called New Path was open, which linked
Rio de Janeiro by land to the region of the mines directly through Serra dos
Órgãos. The transportation of gold through the port of Paraty, now called Old
Path, is then banned by the crown, but the route continues to be used throu-
ghout the following decades. Requests for continued use of the Old Path in the
face of the aridity and dangers of the New Path were eventually attended by
the Portuguese crown, in addition to the proliferating of misplacements and
shortcuts for many smugglers not willing to pay taxes on their charges.
In the 1720s Paraty reached the highest level of growth since its foun-
dation. The churches of Santa Rita de Cássia, Rosário and Nossa Senhora da
Conceição do Paraty-Mirim are dedicated, as are new stone and masonry
houses. Some current studies have discussed the relevance of African slaves
smuggling to this first phase of flowering. Cachaça, widely used as a bargai-
ning good in the purchase of slaves along the Brazilian coast, has an unprece-
dented productivity in Paraty, followed later by great prestige.
African women and men and their descendants were the main work
force behind the agricultural production and urban growth of the village
during the 18th and 19th centuries. Among many other historical testimonies

28
of that importance are the devotion to Saint Benedict, the construction of the
church of the Rosário, the metal, wood and leather crafts on remnant objects
and the formation of the quilombola communities Campinho da Independên-
cia and Cabral.

5. Paraty in the Brazilian Empire period


Throughout the 18th century, travelers’ accounts testify to the conti-
nuous use of Caminho do Ouro, although there are structural problems in
some parts. However, the New Path becomes the official mine outlet, and
without the constant flow of miners, the village experiences economic diffi-
culties at the end of that century.
The port of Paraty returns to assume great importance as a warehouse
when the production of coffee for export in the Paraíba Valley begins to flou-
rish. Thus, during the 19th century, there was another period of remarkab-
le urban growth. The chapel of Nossa Senhora das Dores was built, the new
Mother Church had its works continued until the inauguration in 1860 and the
hospital Santa Casa de Misericórdia was built on the banks of the Perequê-Açu
river. Other spheres had their period of progress: there was more than one
school of first letters and a Latin grammar chair that had 27 students in 1832.
A courier service between Rio de Janeiro, Ilha Grande and Paraty was esta-
blished by the imperial government in 1823. The town is elevated to the title
of County in 1813, and Dom Miguel Antonio de Noronha Abranches Castelo
Branco becomes the first Count of Paraty.
In 1822 Paraty celebrates the Independence of Brazil with an enthu-
siastic report of the festivities that followed the emancipation in the village,
sent to the Empire press for publication. In the same year the Forte Defensor
Perpétuo is build. Other fortifications such as the Bexiga Island, Mantimento
Island, Iticopê and Serra do Mar are garnished with equipment and personnel.
With restrictions on the slave trade begun in the 1830s and consumma-
ted in 1850, the smuggling of Africans through the port of Paraty is intensi-
fied. Reports from farmers about robberies and attacks by quilombolas (slaves
who escaped to hidden settlements) attest to the resistance of slaves against
the lords’ oppression in the region. There is a considerable intensification of
coffee transportation around the city between 1830 and 1850, and a constant
concern with the state of the mountain road, which won a major renovation
in 1840.

29
In 1863, the Emperor D. Pedro II himself passed through the city and
recorded his impressions in a diary. However, in 1864, the inauguration of
the Pedro II Railroad, connecting Rio de Janeiro and São Paulo through the
Paraíba Valley, isolates Paraty from the commercial coffee route. Barracks
and batteries suffer from the lack of personnel and equipment. The city falls
in frank economic decay and in long and relative isolation, and the population
at the beginning of the 20th century was no more than 600 residents.
This picture begins to change in 1950, with the construction of the
Paraty-Cunha road. In 1958, the Historic Center of Paraty is registered by the
National Historical and Artistic Heritage Institute (IPHAN), and in 1966 the
whole municipality is officially preserved. The construction of the Rio-Santos
highway in 1973 permanently opens the tourist-cultural potential of the city,
which has since become one of the main tourist destinations in Brazil and the
world.

6. The Forte Defensor Perpétuo


The founding date of Forte Defensor Perpétuo, or even of a fortifica-
tion that had preceded it at the site of its construction, is a controversial issue
on which doubts still remain. On the one hand, ancient institutional texts and
conclusions of 19th century researchers attribute to a Royal Charter of 1703
the order to build a fortification on Morro da Vila Velha. Having been trans-
cribed from the manuscripts of the Biblioteca Nacional by the museum’s Tech-
nical Sector in 2013, its contents seem to refer to a fortification to be erected
at the city’s entrance gate that could control the entry and exit of miners and
drovers who travelled to and from the mines to avoid the smuggling of gold
and precious stones, and not a defensive building on the seafront as the site
where the fort is built now.
Recent historians like Adler Homero Fonseca de Castro, accompanied
by other older authors as well, sustain that the Forte Defensor Perpétuo was
built only in 1822, conceived to head the defensive complex of Paraty over at
least six other strategic positions. The name pays homage to D. Pedro I, first
Emperor and holder of the title Perpetual Defender of Brazil. Despite the offi-
cial designation, the construction does not configure technically a fort, but a
battery – an open structure on which artillery is mounted.
Morro da Vila Velha (Old Village Hill) was the chosen place for the
establishment of the fortification. As the name suggests, the site had previou-
sly held the first settlement of colonists in Paraty, in the beginning of 17th

30
century. The village founder, João Pimenta de Carvalho, had built a chapel
paying homage to Saint Roch. After 1636, the settlement was transferred to
the plain between rivers Perequê-Açu and Matheus Nunes, with a new chapel,
now dedicated to Nossa Senhora dos Remédios (Our Lady of the Remedies).
The establishment of Forte Defensor Perpétuo in 1822 is historically
related to the reinforcement of Brazilian defenses, in a scenario of political
tensions that culminated with the emancipation of Brazil from Portugal in
September 7th 1822. After the Declaration of Independence, the threat of
a counter offensive by ships and troops still loyal to the Portuguese crown
caused the new independent Empire to project a massive defensive increment
all along the Brazilian shore.
Even after the recognition of the independence in 1825, the fortifica-
tion kept being garnished due to the Cisplatine War against Argentine (1825-
1828). After the war, Forte Defensor Perpétuo gradually lost its military rele-
vance.
Despite the attention dedicated to the defense by the Imperial Gover-
nment in Paraty, there are no documental registries of pirate invasions or
maritime conflicts in the city, even though tales of shipwrecks, pirates and
apparitions have always been frequent amongst the villagers.
In 1856, the fort was disarmed by the Ministry of War and transferred
to the Provincial Government of Rio de Janeiro. According to recent visitors, it
was garnished with soldiers during World War II for a few months.
In 1957, the Defensor Perpétuo was declared part of historical herita-
ge by IPHAN (National Institute of Historical and Artistic Heritage) and now
works as a museum under the administration of IBRAM (Brazilian Institute of
Museums).

7. The traditional communities of Paraty


In the 1970s, with the construction of the Rio-Santos Highway
(BR-101), a new stage in the development of Paraty was inaugurated, since the
communication previously made exclusively via sea or through forest paths
accelerated with the arrival of asphalt and tourism on a growing scale. Caiça-
ras – a term that refers to ancient inhabitants of the coastal area between the
south of the state of Rio de Janeiro and the north of the state of Paraná and
their descendants – have become the target of conflicts involving the owner-
ship of lands traditionally occupied by them. During the 1970s and 1980s small
farmers and fishermen organized through the Paraty Rural Workers’ Union

31
resisted attempts at expropriation by large farms and corporations. Similar
processes occurred in the neighboring municipalities of Ubatuba and Angra
dos Reis, which together with Paraty constitute one of the largest areas of
preserved Atlantic Forest in Brazil. Even today territorial conflicts are present
in the region.
As a result of the resistance process of Caiçara communities, Afro-
-descendant communities of Quilombolas, indigenous villages, traditional
fishermen and small farmers communities, the region still has a rich socio-
-cultural mosaic in which the diversity of cultures is intrinsically related to
the preservation of environmental patrimony. The popular groups that histo-
rically occupied the rural zone and the coastal region of Paraty struggle to
assure the defense of the natural resources on which they depend to survive.
These resources include pure water, land for planting and housing, forests
with their medicines, fruits and raw materials for construction and for the
production of handicrafts, fish and seafood, preserved sites representing its
history and identity – recently incorporated into the activity of community-
-based tourism – and so many other goods indispensable to their way of life.
Elsewhere, these same elements remained degraded by unbridled processes
of land commodification, urbanization, and modernization. These dynamics
threaten the construction of an identity associated with community belon-
ging, displacing practices, discourses and cultural meanings once shared and
generating processes of deterritorialization and social invisibilization of the
groups and of the families and individuals that compose them.
Public power and society are increasingly inclined to recognize tradi-
tional groups and territories, as is the case in Paraty of more than 32 Caiçara
communities, of the 5 indigenous villages involving the Guarani Mbya, Guarani
Kaiowá and Pataxó ethnic groups and the Quilombola communities of Cabral
and Campinho. Their resistance demonstrates that traditional knowledge and
the preservation of territory as an environmentally sustainable and socially
just living space present themselves as a possible utopia and horizon for over-
coming the current civilization crisis.

32
33
Imagens

Capa: Villa de Paraty, 1838. Ernst


Hasenclever. Catálogo do centenário
da Casa Hasenclever (1830-1930).

Pág.1: Planta da Cidade de Paraty,


1861. Pedro D’Alcantara Bellegarde
e Conrad Jacob Niemeyer. Fundação
Biblioteca Nacional, Setor de Iconogra-
fia e Cartografia.

Pág.7: Dança dos Puris, sem data.


Alcide D’Orbigny. Viagem pitoresca
através do Brasil. Belo Horizonte, Ed.
Itatiaia, 1976.

Pág. 2: Vista da costa de Parati ao sul


da Ilha Grande, 1827. Jean-Baptiste De-
bret. Companhia Editora Nacional, 1970.

Pág.11: Sesmarias Concedidas entre


Paraty e Mambucaba. A planta
com as sesmarias doadas na região
de Paraty apresenta os nomes dos
proprietários e as datas de doação.
Pág.9: Caboclo, índio civilizado, 1834.
Jean-Baptiste Debret. Acervo Museus Fonte: Biblioteca Municipal – Setor de
Castro Maya (Ibram). Iconografia e Cartografia

34
Pág. 13: Rencontre d’indiens avec des Pág.15: Carregadores de café, 1826.
Voyageurs Européens [Encontro de índios Jean-Baptiste Debret. Acervo Museus
com viajantes europeus], Johann Moritz Castro Maya (Ibram).
Rugendas 1827-1835. Litografia, 21,5 x
28,28 cm.

Pág. 18: Planta do Saco de Paraty, Pág. 19: Forte Defensor Perpétuo, 2012.
1877. Antonio Américo Pereira da Henrique Carvalho/Ibram.
Silva. Arquivo Histórico do Exército.

Pág. 23: Foto de caiçaras em trindade, Págs 24 a 35 (fundo): Vista da Ilha


1978. Fausto Pires. Instituto do Patrimônio Grande, 1827. Jean-Baptiste Debret.
Histórico e Artístico de Paraty. Companhia Editora Nacional, 1970.

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