Terapia Familiar 3 Modulo
Terapia Familiar 3 Modulo
Terapia Familiar 3 Modulo
III Modulo
Isabel Santos
Terapia Familiar, o que é
(Carr, 2014,2016, Retzlaff, R. et al.,2013., Von Sydow, K., et al.,2010, 2013)
• Os pais que sabem que o seu filho ficará com eles toda a vida, e
nunca se tornará independente, é em si mesmo uma crise.
Crise Interna
Dentro do sistema familiar
doença, morte, etc.)
Externa
De fora para dentro
(desemprego, crise
económica, etc.)
• Contudo a saída dos filhos de casa constitui igualmente um
momento de crise.
• Existem ainda as cries inesperadas, acidentais: uma morte,
um desemprego, um divórcio.
Exercício:
Complete a frase
acima
• Encontrar alguém que “sofra” por ele, que
será o paciente identificado, o elo mais
fraco.
• O Paciente identificado é o que vai procurar a
manutenção do sistema.
• Por exemplo o casal Silva está a pensar divorciar-se. O
que acha que acontece se o único filho de seis anos ficar
doente?
Paciente identificado
E como tal o sistema vai fazer tudo para manter o sintoma ( paradoxalmente) pois fazem um pedido ( no fundo
quem fez o pedido foi a professora) para a remoção do sintoma
Em suma a própria entrevista e a intervenção do terapeuta reforçam o sistema, ou seja o psicólogo deixou-se
“engolir” pelo sistema, reforçando que o problema e do André: “Então André porque e que te portas mal?”
• A família é um sistema vivo, que tudo fará para se manter vivo como
qualquer organismo.
• Sujeito a forças de entropia e negentropia.
• Entropia - todo sistema sofre deterioração;
• Sintropia , negentropia ou entropia negativa - para que o
sistema sobreviva tem que existir forças contrárias;
• Homeostase - capacidade do sistema manter o equilíbrio;
• Heterostase - toda vez que há uma ação de desgaste do
sistema, ele tende a equilibrar-se.
Existem crises que
levam ao caos
E forças que levam à
ordem , à
autorregulação, à
negentropia
Exercício
Seria mais ou menos fácil o divorcio se, de repente, um dos filhos viesse a sofrer de anorexia ou
outro qualquer sintoma grave, ou a mãe ficasse doente, ou a mãe fizesse de conta que não vê?
Ou a mãe arranjasse o seu próprio “amante” ( que podia ser o vicio das compras, das novelas, de
andar sempre no médico)?
A D Maria ou a D Amélia?
Como vemos, todo o sintoma cumpre uma função. Todo o comportamento é comunicação e um
sintoma é um comportamento.
Mesmo que o sintoma seja uma doença física ( há quem se queixe mais e há quem não goste de se
queixar para não incomodar o ambiente familiar)
• Exemplo:
• A minha mulher de há uns tempos para cá trabalha
demais, o nosso filho já se queixou, e as notas dele
desceram. Ela chega sempre muito tarde, há dias em
que vem depois das 23h.
(vamos assumir que sabemos que a senhora não mudou
de local de trabalho, nem está a fazer nada
profissionalmente diferente. É professora de matemática e
que trabalha na mesma escola há anos) São um casal de
39 anos com um filho de 10.
• Foi o marido que pediu ajuda, pois acha que a mulher
anda mais distante (perante isto podemos considerar
algumas hipóteses sistémicas - sistémicas porque
envolvem todos os elementos do sistema - e
posteriormente a hipótese de guiar a nossa entrevista de
forma a clarificar, confirmar ou infirmar a/s nossa/s
hipóteses).
Vamos lá então colocar hipóteses ..
(não vale puxar ao diapositivo
seguinte)
Uma base de trabalho , um pensamento que se prevê sistémico e que envolve toda a família
, todos os elementos, que de certa forma explica a disfuncionalidade (funcional) da família
Identifica no núcleo do sistema determinado pelo problema - Quais são os aspetos centrais
Carr, 2014, 2016, Von Sydow, K., et al., 2010, 2013, Rober, 2005b, Rober & Seltzer, 2010,
Retzlaff, R. et al., 2013)
Muitas vezes, com a primeira chamada iniciamos o nosso mergulho no Sistema familiar
Setting
Sistema terapêutico
+ Sistema familiar = terapêutico
O terapeuta lida com o sistema familiar , com neutralidade (Selvini-Palazzoli et
al.,1980), curiosidade (Cecchin, 1987) e não-conhecimento (Anderson e Goolishian,
1992).
O terapeuta começa a entrar no sistema fazendo parte do sistema terapêutico
(Whitaker e Keith, 1981), Elkaım (1997) e Andolfi (Andolfi et al.,1989).
Ouvir
Relacionar
Importar-se
Empatizar
Agir
Orientar
Aconselhar
O terapeuta deve estar atento e ter ajuda/supervisão
Interrogatório
circular O que o
Tarefas
Hipótese
reforça? Sistema?
Receção
Potencialidades do Feedback
Apresentação Desvendar as Paciente
identificado sistema
fragilidades do
sistema
Por norma, uma terapia ocupa seis a doze sessões, pois a partir de
certa altura o sistema (com a ajuda de todos) começa a mudar e
consegue desfazer o sintoma que criou.
A intervenção do terapeuta é no sentido de autonomizar o sistema e de
não criar dependência.
Vamos de seguida apresentar de forma sequencial os momentos
( alguns dos quais podem ser transversais a todas as consultas)
Por exemplo a hipótese sistémica pode ir mudando.
Receção
E o pai compromete-se a chegar pelo menos uma hora mais cedo todos os dias e a jantar com a
família pelo menos 3 vezes por semana
Ao fim de semana podem ir visitar os avos ( pois o pai há muito não os vê)
E depois vao passear por Aveiro ao Fórum que o filho queria ir ver la umas lojas
Depois no domingo enquanto o filho joga um pouco com os amigos pai e mãe vão ao cinema a me
queria ver um filme que esta agora em estreia
• Entramos no mundo das tarefas
• Que devem ser…
• Objetivas
• Exequíveis
• Verificáveis
• Simples, enquadradas na rotinas
• ( mas que alterem as
disfuncionalidades)
• E que todos ganhem com elas
O papel das tarefas é interferir na sequência diferencial
de comportamento, de forma a alterar o reforço que o
sintoma tem e que produz no próprio sistema. No fundo,
as tarefas substituem o sintoma.
Na sessão
seguinte - O
que se faz?
Para alem de
O que sentiu
continuar a
cada um, o
explorar a
que pode ser
dinâmica da
melhorado
família
Podem existir
E essencial
inúmeros
perceber se
assuntos que
as tarefas
não foram
foram ou não
ainda
cumpridas
abordados
Cada sessão é o mote
e o ponto de partida Se ninguém fizer as
para a sessão Cada um está a tarefas ou se um dos
seguinte, e se percebe crescer elementos não faz as
se a família está a tarefas?
reorganizar-se.
Nesse caso ou
Tenta Podemos
Pode ele a tarefa não foi
perceber-se perguntar: Que
próprio dizer Ele não fez bem delineada
porquê? ( pode tarefas
não fiz porque porque não lhe Ou a pessoa
perguntar-se a sugere? O que
não teve convinha.. não esta
restante família está disposto a
tempo motivada para
o que acha) fazer?
a mudança
• Se a pessoa disser que não está disposto a fazer nada…
Já não é terapia de família, podemos propor conversamos de
novo para a semana ou verificar que é necessário encaminhar
para outro tipo de consulta.
Contudo, ficará a ideia de que naquela família, a pessoa X ou Y
não fez as tarefas ( Esta situação é muito rara). É preciso
perceber porque é, pois provavelmente na semana seguinte e
em prol da família, a pessoa fará as tarefas.
• Finalmente quando o sintoma desaparece e
desaparece a “ovelha negra”, todos são
responsáveis e todos se empenham para
ultrapassar o impasse/a crise da forma mais
madura possível.
Genograma
(McGoldrick, Gerson, & Shellenberger, 1985; Bertalanffy, 1975, Carter & McGoldrick ,1995).
• Genograma – esquema representativo da estrutura da família, bem como das relações
entre os seus elementos.
• Permite realizar uma leitura rápida de uma família e permite esquematizar informação de
forma simples e objetiva.
• É uma ferramenta que nos
ajuda a esclarecer a estrutura
da família e do seu padrão de
relações;
• Quem se dá com quem, quem é
mais próximo a quem;
• Quem coabita com quem;
• É ainda um instrumento pessoal
de trabalho no qual podemos
acrescentar informação em
cada consulta.
Em anexo artigo com
toda a simbologia
• Regras básicas
• Existe simbologia própria;
• -no mínimo, três gerações; - nomes
dos membros da família; - idade ou
data de nascimento; -
• mortes, com idade ou data da morte
e sua causa;
• - doenças ou diagnósticos ( por
exemplo problemas de alcoolismo )
• - datas de casamentos e divórcios;
• Outros dados significativos ( abortos
etc.)
Caso clínico
• A mãe da Inês procurou-nos, pois a menina “não dá um passo
sem mim”;
• A Psicóloga da escola aconselhou-nos a vir aqui, pois acha que
pode ter a ver com todos,
• “A Inês é uma menina muito inteligente, fez os testes e isso tudo
e a psicóloga diz que não há nenhuma razão para ela ter estes
comportamentos” reforça a mãe.
• ( não conseguir ir para a sala de aula sozinha, ter de me ligar
umas dez vezes ao dia)
Mãe_Já fui a 3 psicólogos e ninguém consegue encontrar nada
nela, começo a ficar um bocado desesperada, a psicóloga da
escola falou-me então que seria bom eu vir aqui.
Terapeuta
Mãe
Coterapeuta Pai
Pai
• As apresentações
Começa o pai:
_ Tenho 41 anos e sou gerente de um banco e tenho muito pouco tempo
livre, muitas reuniões, muita responsabilidade, sou só eu a ganhar.
• Mãe_ Eu tomo conta da casa e da
Inês, sabe que um filho nos toma
todo o dia, não tenho tempo para
nada. É levá-la à escola, ir lá a
meio da manhã levar o lanche,
levá-la ao piano e ao Inglês.
• Depois em casa, é o jantar. Uma
pessoa não para.
_Inês- Tenho 12 anos e ando no 7º ano
Gosto de ver MTV e de estar na internet com as minhas amigas, e também
gosto de cantar, estamos a compor uma música.
(Inês é uma menina com ar de boneca, muito bem cuidada, um pouco
infantilizada talvez. Tem uma fita no cabelo que foi a mãe que fez)
( a coterapeuta vai tomando algumas notas)
A coterapeuta funciona como uma auxiliar,
uma equipa, um segundo par de olhos, mas
pode intervir quando quiser.
• A Mãe tem 37 anos, é uma senhora bonita com ar
muito elegante mas um pouco tensa. Vira-se
constantemente para a filha.
• O pai, um homem também com ar muito cuidado,
veste fato cinzento, olhou duas vezes para o
telemóvel enquanto estávamos nas
apresentações.
Interrogatório circular
Arruma a casa
Faz jantar
Depois deitam-se
Ao fim de semana
• Já tem alguma
hipótese sistémica?
• Como conduzir a
restante entrevista?
Hipótese sistémica
A menina gosta da mãe e quer manter a família unida, pelo que faz
o papel de dependente para dar valor a mãe
A Mulher e a filha não o “chateiam muito e ele sabe que a filha esta
bem cuidada, provavelmente terá uma relação extraconjugal
Outras questões…
Domestica
Gerente 2000
D
41 37
anos anos
Ines, 12a
Este seria o genograma da família antes
de iniciar a terapia, elabore um
genograma no final da 6 sessão ( já com
a informação que possui)
Tarefa