AULAS de 1 A 10 Contabilidade Tributaria

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C

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

EAD

CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA

PROF. MST MARCOS VINÍCIUS KUCERA

1
AULA 1

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA, CONTEXTUALIZAÇÃO E ESTUDO DO


SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

OBJETIVOS

- Apresentação do plano da disciplina


- Contextualização da Contabilidade Tributária
- Compreender o Sistema Tributário Nacional
- Identificar e compreender os principais conceitos relacionados a tributos

PLANO DA DISCIPLINA

APRESENTAÇÃO:

Nesta disciplina o aluno deverá identificar, compreender e aplicar o tratamento


contábil mais adequado aos tributos inerentes ao sistema tributário brasileiro,
incidentes nas atividades empresariais, bem como a compensação de tributos
não cumulativos e ser capaz de identificar as melhores alternativas para a
apuração, o controle e o planejamento tributário nas organizações.

 Compreender e interpretar a legislação tributária constante do sistema


tributário brasileiro;
 Compreender e aplicar os conceitos inerentes aos tributos nacionais;
 Adotar o tratamento contábil mais adequado às diversas espécies
tributárias;
 Analisar, apurar, compensar, escriturar e evidenciar os tributos incidentes
nas atividades empresariais;
 Analisar e planejar o impacto financeiro e dos procedimentos fiscais nas
atividades empresariais;
 Controlar e aplicar as obrigações principais e acessórias inerentes ao
sistema tributário.

CONTEXTUALIZAÇÃO

Conforme estudado em outras disciplinas, a Contabilidade é uma Ciência Social


que objetiva controle do patrimônio das entidades e de seus resultados. Da
mesma forma, o Direito é uma Ciência Social que tem como objetivo a
interpretação e aplicação das normas jurídica de relacionamento social nas
suas diversas vertentes. Dentre os diversos ramos do Direito, o que se ocupa
da ordem pública e, como subdivisão deste, está o Direito Financeiro e
Tributário, que se ocupa da normatização da tributação, arrecadação e divisão
dos tributos arrecadados pelo estado. Neste contexto, a Contabilidade e o
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Direito possuem forte vínculo tendo em vista a própria conceituação de ciência
social e a aplicação da legislação nos diversos segmentos das organizações e
mercados, não obstante ao forte impacto da tributação sobre os fluxos
financeiros das organizações.
A fim de facilitar a compreensão e o estudo da Contabilidade, ela é dividida em
segmentos voltados à áreas específicas como: Contabilidade Financeira,
Comercial, Societária, de Custos, Gerencial, Tributária, entre outras, que
interagem entre si, para que a Ciência Contábil adquira a necessária harmonia
e uniformidade no cumprimento dos seus objetivos. No contexo do presente
estudo, a Contabilidade Tributária tem como objeto principal o reconhecimento
dos institutos tributários incidentes sobre o patrimônio, as operações e relações
ambientais, à luz dos regulamentos comerciais, fiscais e tributários, bem como
das normas e princípios contábeis. Mais especificamente, do ponto de vista das
organizações, o objetivo da mesma é reconhecer os tributos, registrá-los e
cumprir as obrigações principais e acessórias, na forma da Lei, de forma menos
onerosa.
Assim, pode-se dizer que a Contabilidade Tributária é o ramo da contabilidade
responsável pelo controle (reconhecimento, apuração, lançamento ou
escrituração e evidenciação) e planejamento dos tributos incidentes nas
diversas atividades organizacionais ou grupos societários, que busca
harmonizar à atividade empresarial aos direitos e obrigações tributárias, de
forma a usurfruir dos direitos e cumprir as obrigações, sem expor a entidade às
possíveis infrações fiscais e legais.

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

A atividade tributária do Estado tem origem remota e certamente acompanhou


a evolução do homem, desde a criação das primeiras sociedades e concepções
políticas, sendo hoje um dos fundamentos da existência de qualquer sociedade,
independente da forma de governo ou concepções econômico-sociais.
O Estado tem por finalidade a realização do bem comum por meio da
administração pública, que executará as políticas públicas, planos de ação para
que o Estado funcione, tendo como referência a sociedade. Contudo, as
atividades estatais não são auto-sustentáveis, e é uma importante função do
Estado estabelecer e cobrar tributos para o financiamento das políticas
públicas, visando o bem comum.
Assim, no nosso modelo de governo federalista, a Constituição Federal, apesar
de não criar tributo, cumpre papel essencial de estruturação do sistema
tributário ao definir as competências tributárias dos entes políticos da
Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), consagrar os
princípios e normas gerais de direito tributário, instituir limitações ao poder de
tributar, estabelecer a repartição das receitas tributárias e vinculações
compulsórias. Entretanto, a instituição, a arrecadação e a fiscalização dos
tributos pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, que
para evitar conflitos entre os entes estatais e o cidadão, criaram regras para
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limitar o poder de tributar dos governantes. A evolução histórica do direito
constitucional alcança essas limitações através dos princípios gerais de direito
tributário. A Constituição de 1988 consagra uma série desses princípios e
limitações no seu Artigo 150.
No nosso modelo, tributo é definido como (Código Tributário Nacional – Lei
5.172/76):

Toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou


cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituído em lei, que não constitua
sanção pecuniária decorrente de ato ilícito, cobrado
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

A Constituição prevê, exaustivamente, quais são os impostos de competência


de cada ente político da Federação. Nenhum outro imposto poderá ser criado,
além daqueles expressamente previstos no texto constitucional. Essa garantia
admite apenas exceções em função da competência residual da União, desde
que os tributos criados sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou
base de cálculo próprias dos discriminados na Constituição (CF, art. 154, I),
bem como, impostos extraordinários, que podem ser instituídos na iminência
ou em caso de guerra externa, compreendidos ou não em sua competência
tributária, os quais serão suprimidos gradativamente, cessadas as causas de
sua criação (CF, art. 154, II).

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;


II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou
nacionalizados;
III – renda e proventos de qualquer natureza;
IV – produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou
valores mobiliários;
VI – propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;


II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior;
III - propriedade de veículos automotores.
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Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I – propriedade predial e territorial urbana;


II - transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de
bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre
imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua
aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,
definidos em lei complementar.

ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Os três elementos da obrigação tributária são:

 A Lei – é o principal elemento da obrigação tributária, pois cria o tributo,


os elementos de sua incidência, as condições para sua apuração e
cobrança;

 O objeto do tributo – representa as obrigações que o sujeito passivo


(contribuinte) deve cumprir com base nos ditames legais. As prestações
consistem em pagamento do valor em dinheiro referente ao tributo
devido ou a multa imposta por não cumprimento da obrigação legal
(obrigação principal) ou cumprimento de formalidades complementares
destinadas a comprovar a existência, os limites da obrigação tributada e
o correto cumprimento dos desígnios legais (obrigações acessórias),
como, por exemplo, escrituração de livros contábeis e fiscais,
preenchimento de declarações (DIPJ, DIRF, DCTF, etc), registros em
órgãos públicos, preenchimento de formulários, abstenção de certos atos,
etc;

 O fato gerador – é a situação definida em lei como necessária e


suficiente para ocorrência da obrigação tributária (obrigação principal)
e qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a
prática de ato, ou abstenção de ato, que não configure obrigação
principal (obrigação acessória).

CONTRIBUINTE E RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO

Qualquer obrigação tributária envolve, pelo menos, duas partes: o sujeito ativo
e o sujeito passivo. O sujeito ativo é o ente público que tem o direito de
instituir e cobrar o tributo, enquanto o sujeito passivo é a pessoa sobre a
qual incide a obrigação de pagar a obrigação principal ou multa pecuniária.

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Entretanto, o CTN identifica duas espécies de sujeito passivo o Contribuinte e
o Responsável Tributário. O primeiro tem a relação direta com a situação
legal que constitua o fato gerador, enquanto o segundo é a pessoa que embora
não revista a condição de contribuinte, tem obrigação por disposição expressa
de lei.

ESPÉCIES DE TRIBUTOS

Conforme dispõem os artigos 145 da Constituição Federal e 5º do Código


Tributário Nacional - CTN, as espécies tributárias são:

 os impostos;
 as taxas;
 as contribuições de melhoria.

Contudo, a Constituição prevê dois outros institutos tributários que se


encaixam perfeitamente na definição de tributo descrita e que são tratados da
mesma forma que os tributos. São eles:

 os empréstimos compulsórios (art. 148) e;


 as contribuições especiais ou parafiscais (art. 149).

Ressalta-se ainda que, para a natureza jurídica do tributo, o relevante é o seu


fato gerador (CTN, art. 4º), sendo de menor importância o seu nome ou a
destinação do produto de sua arrecadação.
Costuma-se designar por imposto toda e qualquer exigência vinda do poder
público. Entretanto, imposto possui um conceito mais restrito, sendo uma das
espécies de tributos previstos pela Constituição. O imposto é a quantia
pecuniária (em dinheiro) legalmente exigida pelo Poder Público, que deverá ser
paga pela pessoa física ou jurídica a fim de atender às despesas feitas no
interesse comum, sem levar em conta vantagens de ordem pessoal ou
particular. Segundo o CTN, art. 16, “imposto é o tributo cuja obrigação tem por
fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte.”

Outras definições importantes relacionadas aos tributos são:

TRIBUTO DIRETO

É aquele em que a pessoa que paga (contribuinte de fato) é


a mesma que faz o recolhimento aos cofres públicos
(contribuinte de direito). Exemplo: IRPJ, IRPF, IPVA, IPTU e
CSSL.

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TRIBUTO INDIRETO

É aquele em que o contribuinte de fato não é o mesmo que


o de direito. O exemplo clássico é o ICMS. É falsa a idéia de
que o comerciante é quem paga esse imposto; em geral, ele
simplesmente recebe do consumidor e recolhe ao Estado o
imposto que está embutido no preço da mercadoria vendida.
Exemplo: ICMS, IPI, ISS.

TRIBUTO PROGRESSIVO

É aquele cujo percentual aumenta de acordo com a


capacidade econômica do contribuinte. Existem alíquotas
diferenciadas que aumentam à medida que os rendimentos
ficam maiores. Exemplo: IRPF, IRPJ.

TRIBUTO REGRESSIVO

É aquele que não considera o poder aquisitivo nem a


capacidade econômica do contribuinte. Com isso, quem
gasta praticamente tudo o que ganha no consumo de
produtos, como é o caso de muitos assalariados,
proporcionalmente contribui mais do que aqueles que têm
possibilidade de poupar ou de investir. Exemplo: ICMS.

NÃO CUMULATIVIDADE

É uma característica de determinados tributos em que o


contribuinte tem o direito de compensar os montantes
devidos nas operações anteriores com os montantes devidos
nas operações subseqüentes.

IMUNIDADE E ISENÇÃO TRIBUTÁRIA

As imunidades são privilégios instituídos na Constituição


onde algumas entidades ou pessoas ficam livres de
obrigação legal:

 Vedação de entes estatais instituírem impostos


sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros,
não obstante à tributação de atividades econômicas
reguladas pelo direito privado;
 Vedação de entes estatais instituírem impostos
sobre patrimônio, renda ou serviços de templos de
qualquer natureza;

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 Vedação de entes estatais instituírem impostos
sobre patrimônio, renda ou serviços de entidades
representativas de partidos políticos, sindicatos de
trabalhadores, instituições de educação e de
assistência sem fins lucrativos;
 Vedação de entes estatais instituírem impostos
sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado
a sua impressão.

A isenção tributária consiste na dispensa concedida em Lei.

PRINCIPAIS INSTRUMENTOS REGULATÓRIOS

O nosso sistema tributário é um dos mais complexos do mundo, começando


pela emaranhado de instrumentos regulatórios nas três órbitas. Apresentamos
abaixo, conforme dados obtidos do Portal Tributário
(http://www.portaltributario.com.br/), uma relação dos 85 instrumentos
reguladores em vigor no nosso sistema tributário.

1. Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM - Lei


10.893/2004
2. Contribuição á Direção de Portos e Costas (DPC) - Lei 5.461/1968
3. Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -
FNDCT  - Lei 10.168/2000
4. Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
também chamado "Salário Educação" - Decreto 6.003/2006
5. Contribuição ao Funrural
6. Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) -
Lei 2.613/1955
7. Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT)
8. Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena Empresa (Sebrae) - Lei
8.029/1990
9. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Comercial (SENAC) - Decreto-
Lei 8.621/1946
10. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado dos Transportes (SENAT) - Lei
8.706/1993
11. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI) - Lei
4.048/1942
12. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Rural (SENAR) - Lei
8.315/1991
13. Contribuição ao Serviço Social da Indústria (SESI) - Lei 9.403/1946
14. Contribuição ao Serviço Social do Comércio (SESC) - Lei 9.853/1946
15. Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (SESCOOP) - art. 9, I, da MP
1.715-2/1998
16. Contribuição ao Serviço Social dos Transportes (SEST) - Lei 8.706/1993
17. Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados)
18. Contribuição Confederativa Patronal (das empresas)

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19. Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE Combustíveis - Lei
10.336/2001
20. Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE Remessas Exterior -
Lei 10.168/2000
21. Contribuição para a Assistência Social e Educacional aos Atletas Profissionais -
FAAP - Decreto 6.297/2007
22. Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública - Emenda
Constitucional 39/2002
23. Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional –
CONDECINE - art. 32 da Medida Provisória 2228-1/2001 e Lei
10.454/2002
24. Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública - art. 32 da Lei
11.652/2008.
25. Contribuição Sindical Laboral (não se confunde com a Contribuição
Confederativa Laboral, vide comentários sobre a Contribuição Sindical Patronal)
26. Contribuição Sindical Patronal (não se confunde com a Contribuição
Confederativa Patronal, já que a Contribuição Sindical Patronal é obrigatória,
pelo artigo 578 da CLT, e a Confederativa foi instituída pelo art. 8, inciso IV,
da Constituição Federal e é obrigatória em função da assembléia do Sindicato
que a instituir para seus associados, independentemente da contribuição
prevista na CLT)
27. Contribuição Social Adicional para Reposição das Perdas Inflacionárias do FGTS -
Lei Complementar 110/2001
28. Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)
29. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
30. Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Profissional (OAB, CRC, CREA, CRECI,
CORE, etc.)
31. Contribuições de Melhoria: asfalto, calçamento, esgoto, rede de água, rede de
esgoto, etc.
32. Fundo Aeroviário (FAER) - Decreto Lei 1.305/1974
33. Fundo de Combate à Pobreza - art. 82 da EC 31/2000
34. Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (FISTEL) - Lei 5.070/1966 com
novas disposições da Lei 9.472/1997
35. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
36. Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) - art. 6 da
Lei 9.998/2000
37. Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de
Fiscalização (Fundaf) - art.6 do Decreto-Lei 1.437/1975 e art. 10 da IN SRF
180/2002
38. Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) -
Lei 10.052/2000
39. Imposto s/Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
40. Imposto sobre a Exportação (IE)
41. Imposto sobre a Importação (II)
42. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)
43. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)
44. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)
45. Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR - pessoa física e
jurídica)
46. Imposto sobre Operações de Crédito (IOF)
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47. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)
48. Imposto sobre Transmissão Bens Inter-Vivos (ITBI)
49. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD)
50. INSS Autônomos e Empresários
51. INSS Empregados
52. INSS Patronal
53. IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)
54. Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (PASEP)
55. Taxa de Autorização do Trabalho Estrangeiro  
56. Taxa de Avaliação in loco das Instituições de Educação e Cursos de Graduação -
Lei 10.870/2004
57. Taxa de Classificação, Inspeção e Fiscalização de produtos animais e vegetais ou
de consumo nas atividades agropecuárias - Decreto-Lei 1.899/1981
58. Taxa de Coleta de Lixo
59. Taxa de Combate a Incêndios
60. Taxa de Conservação e Limpeza Pública
61. Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA - Lei 10.165/2000
62. Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos - Lei 10.357/2001, art.
16
63. Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais e federais)
64. Taxa de Fiscalização da Aviação Civil - TFAC - Lei 11.292/2006
65. Taxa de Fiscalização da Agência Nacional de Águas – ANA - art. 13 e 14 da MP
437/2008
66. Taxa de Fiscalização CVM (Comissão de Valores Mobiliários) - Lei 7.940/1989
67. Taxa de Fiscalização de Sorteios, Brindes ou Concursos - art. 50 da MP 2.158-
35/2001
68. Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária Lei 9.782/1999, art. 23
69. Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro - TFPC -
Lei 10.834/2003
70. Taxa de Fiscalização dos Mercados de Seguro e Resseguro, de Capitalização e
de Previdência Complementar Aberta - art. 48 a 59 da Lei 12.249/2010
71. Taxa de Licenciamento Anual de Veículo
72. Taxa de Licenciamento, Controle e Fiscalização de Materiais Nucleares e
Radioativos e suas instalações - Lei 9.765/1998
73. Taxa de Licenciamento para Funcionamento e Alvará Municipal
74. Taxa de Pesquisa Mineral DNPM - Portaria Ministerial 503/1999
75. Taxa de Serviços Administrativos – TSA – Zona Franca de Manaus - Lei
9.960/2000
76. Taxa de Serviços Metrológicos - art. 11 da Lei 9.933/1999
77. Taxas ao Conselho Nacional de Petróleo (CNP)
78. Taxa de Outorga e Fiscalização - Energia Elétrica - art. 11, inciso I, e artigos 12
e 13, da Lei 9.427/1996
79. Taxa de Outorga - Rádios Comunitárias  - art. 24 da Lei 9.612/1998 e nos art.
7 e 42 do Decreto 2.615/1998
80. Taxa de Outorga - Serviços de Transportes Terrestres e Aquaviários - art. 77,
incisos II e III, a art. 97, IV, da Lei 10.233/2001
81. Taxas de Saúde Suplementar - ANS  - Lei 9.961/2000, art. 18
82. Taxa de Utilização do SISCOMEX - art. 13 da IN 680/2006.
83. Taxa de Utilização do MERCANTE - Decreto 5.324/2004
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84. Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais)
85. Taxa Processual Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE - Lei
9.718/1998

QUESTÕES DISCURSIVAS:

1) Quais as diferenças observadas entre tributos progressivos e regressivos?

2) Quais as diferenças observadas entre tributos diretos e indiretos?

3) Defina sucintamente o que se entende por não cumulatividade.

4) A Constituição Federal e o Código Tributário Nacional – CTN definem as


espécies de tributos como: os impostos; as taxas; e as contribuições de
melhoria. Entretanto, há outros institutos tributários que se encaixam
perfeitamente na definição de tributo, quais são e como são designados
no arcabouço tributário brasileiro? Cite exemplos.

5) Quais são os elementos fundamentais da obrigação tributária?

6) Caracterize as diferenças conceituais observadas entre contribuinte e


responsável tributário.

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA:

1) Nos casos em que a pessoa jurídica de fato incorpora a mesma da pessoa


jurídica de direito estamos nos referindo ao conceito de:
a) Tributo Indireto;
b) Tributo Progressivo;
c) Tributos não Cumulativos;
d) Tributos Regressivos;
e) Tributos Diretos.

2) Marque a alternativa que se adequa ao conceito tributário, no qual, a pessoa


jurídica que não tem relação direta com a situação prevista que constitua fato
gerador de obrigação tributária, mas que detém obrigação por determinação
expressa de lei.
a) Contribuinte de fato;
b) Sujeito Ativo;
c) Responsável Tributário;
d) Sujeito Passivo;
e) Contribuinte de Direito.

3) Marque a alternativa que identifica o regulamento onde são elencadas as


competências tributárias dos entes políticos da Federação (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios).
a) Código Tributário Nacional;
b) Constituição Federal;
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c) Regulamento do Imposto de Renda;
d) Lei Complementar 87/96;
e) Lei de Responsabilidade Fiscal.

4) Com base no conteúdo estudado assinale a única alternativa que não identifica
o objeto da Contabilidade Tributária aplicada às pessoas jurídicas particulares.
a) As técnicas de apuração dos fluxos de caixa e da respectiva demonstração;
b) O reconhecimento dos institutos tributários incidentes sobre o patrimônio;
c) O reconhecimento dos institutos tributários sobre as operações;
d) A correta aplicação das normas e princípios contábeis;
e) As técnicas de reconhecimento, escrituração e apuração tributos sobre
compra e venda.

Gabarito (E, C, B, A)

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AULA 2

RESPONSABILIDADES, NORMAS E CRITÉRIOS PARA ESCRITURAÇÃO E


AVALIAÇÃO DE ATIVOS

OBJETIVOS

- Compreender as responsabilidades assumidas pelas empresas e pelo


profissional contábil na escrituração comercial e fiscal;
- Compreender e aplicar as principais obrigações acessórias;
- Compreender e aplicar os principais critérios de mensuração e
avaliação das operações, do patrimônio e de seus resultados.

INTRODUÇÃO

Conforme já observado as organizações são constituídas para satisfazer as


necessidades de produtos e serviços da sociedade. Estas entidades econômico-
administrativas, são constituídas individualmente ou por grupos de pessoas
(físicas ou jurídicas) que se unem e se estruturam com um fim comum e, na
forma da legislação pertinente a sua formação, devem observar regras de
conduta para a sua integração e bom convívio no sistema social. Com base
nestas premissas, nesta aula iremos nos ater na compreensão das
responsabilidades assumidas pelas empresas e pelo profissional contábil na
escrituração comercial e fiscal das pessoas jurídicas, buscando o completo
entendimento da aplicação das principais obrigações acessórias e dos principais
critérios de mensuração e avaliação das operações, do patrimônio e de seus
resultados.

RESPONSABILIDADE DO CONTADOR

Conforme já observado a carga tributária no Brasil é uma das mais elevadas do


mudo e o nosso sistema é um dos mais complexos, deixando empresários e
executivos extremamente preocupados com os custos dos tributos incidentes,
manutenção e cumprimento de obrigações acessórias, estas últimas
demandando grande esforço organizacional para gerir toda a estrutura
necessária ao completo acompanhamento e procedimentos necessários. Com
base nestes argumentos, nas últimas décadas a gestão tributária passou a ter
peso estratégico nas organizações de qualquer porte, independentemente da
atividade econômica desenvolvida. Assim, os gestores, além de enfrentar todas
as ameaças e flutuações das variáveis econômicas do dia-a-dia das
organizações, tem que suportar um alto custo tributário, que quando mal
acompanhado inviabiliza o negócio. Nesse ambiente, os contadores precisam
de profundos conhecimentos da legislação tributária e procedimentos contábeis

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vinculados a apuração e registro dos inúmeros institutos tributários, assumindo
vital importância e grande responsabilidade na sobrevivência organizacional.

RESPONSABILIDADE LEGAL

Nos termos da legislação cível e comercial vigente, a escrituração contábil é de


responsabilidade dos contabilistas legalmente habilitados. Estas normas visam
a defesa dos interesses dos proprietários, sócios, credores e outros
interessados nas atividades organizacionais. Não obstante, para atender aos
interesses da arrecadação, a legislação tributária constantemente se reporta às
legislações citadas e aos princípios contábeis no intuito de resguardar os
interesses da fazenda. Pode-se citar como exemplo a Legislação do Imposto de
Renda, que determina a adoção da Legislação Comercial e Fiscal, no que tange
a correta escrituração de todas as operações realizadas pelo contribuinte,
apuração de resultados, critérios de reconhecimento contábil e de avaliação de
estoques, bem como os tipos de inventário permitidos nos segmentos
comercial e industrial.
Neste contexto, caracteriza-se como crime a elaboração e assinatura de
qualquer documento ou demonstrativo contendo informações inverídicas,
tendenciosas ou eivadas de má fé. Também é considerado crime, a elaboração
de demonstrativos divergentes dos registros nos livros oficiais da entidade ou
suportados em escrita, sem a devida documentação comprobatória ou
desqualificada para tais registros.

ESCRITURAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA

As pessoas jurídicas devem manter escrituração com observância das leis


cíveis, comerciais e fiscais, devendo abranger todas as operações, os
resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os
lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, sendo facultado
às pessoas jurídicas que possuírem filiais, sucursais ou agências manter
contabilidade não centralizada, devendo incorporar ao final de cada mês, na
escrituração da matriz, os resultados de cada uma delas.

Processamento Eletrônico de Dados

Os livros comerciais e fiscais poderão ser escriturados por sistema de


processamento eletrônico de dados, em folhas contínuas, que deverão ser
numeradas, em ordem seqüencial, mecânica ou tipograficamente.

Falsificação da Escrituração

A falsificação, material ou ideológica, da escrituração e seus comprovantes, ou


de demonstrações contábeis, que tenham por objeto eliminar ou reduzir o
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montante de imposto devido, ou diferir seu pagamento, submeterá o sujeito
passivo a multa, independentemente da ação penal que couber.

Livros Comerciais

A pessoa jurídica é obrigada a seguir ordem uniforme de escrituração,


mecanizada ou não, utilizando os livros e papéis adequados, cujo número e
espécie ficam critério da organização.

Livro Diário

O Livro Diário é obrigatório a todas organizações, devendo ser encadernado


com folhas numeradas seguidamente, em que serão lançados, dia a dia,
diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da atividade, ou que
modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa
jurídica, devendo conter termos de abertura e de encerramento, e ser
submetidos à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio, e,
quando se tratar de sociedade civil, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou no
Cartório de Registro de Títulos e Documentos.
Os livros auxiliares, tais como Caixa e Contas-Correntes, que também poderão
ser escriturados em fichas, terão dispensada sua autenticação quando as
operações a que se reportarem tiverem sido lançadas, pormenorizadamente,
em livros devidamente registrados.
No caso de substituição do Livro Diário por fichas, a pessoa jurídica adotará
livro próprio para inscrição do balanço e demais demonstrações financeiras, o
qual será autenticado no órgão de registro competente.

Livro Razão

A pessoa jurídica tributada com base no lucro real deverá manter, em boa
ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas
utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos
efetuados no Diário, mantidas as demais exigências e condições previstas na
legislação, cuja a escrituração deve ser individualizada, obedecendo à ordem
cronológica das operações.
A não manutenção do livro, nas condições legais determinadas, implicará o
arbitramento do lucro da pessoa jurídica.

Livros Fiscais

As pessoas jurídicas, além dos livros de contabilidade previstos em leis e


regulamentos, deverão possuir os livros de acordo com as legislações
específicas de cada tributo, como por exemplo a legislação do imposto de renda
determina a adoção de livros como: Registro de Inventário; Registro de
Entradas (compras); LALUR ou LALUC; Registro Permanente de Estoque;
Movimentação de Combustíveis, entre outros. Apresentamos na tabela abaixo
15
uma relação de livros com parte dos livros fiscais obrigatórios a serem
escriturados pelos contribuintes.

Tipo Modelo Contribuinte


Registro de Entradas 1 IPI e ICMS
Registro de Entradas 1-A ICMS
Registro de Saídas 2 IPI e ICMS
Registro de Saídas 2-A ICMS
Registro de Controle da Produção e Estoque 3 Indústrias
Selo Especial de Controle 4 Produtores de cigarros,
bebidas, relógios, etc.
Registro de Impressão de Doc. Fiscais 5 ICMS
Registro de Utilização de Documentos Fiscais e 6 ICMS
Termos de Ocorrências
Registro de Inventário 7 ICMS e IPI
Registro de Apuração de IPI 8 IPI
Registro de Apuração do ICMS 9 ICMS
Controle de Crédito de ICMS (Imobilizado) IPI e ICMS
Movimentação de Combustíveis Distribuidores e Postos
Notas Fiscais de Serviços Prestados 51 Prestadores de serviços
Notas Fiscais-Faturas de Serviços Prestados 53 Prestadores de serviços
Movimento Diário de Ingressos em Diversões 54 Prestadores de serviços
Públicas
Recebimento de Impressos Fiscais e Termos de 57 Prestadores de serviços
Ocorrência
Impressão de Documentos Fiscais 58 Prestadores de serviços
LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real IRPJ – Lucro Real
LALUC – Livro de Apuração do Lucro Contábil IRPJ – SAs

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES (Art. 292 a 296 - RIR/99)

O Regulamento do Imposto de Renda dispõe que ao final de cada período de


apuração a pessoa jurídica deverá promover o levantamento e avaliação dos
seus estoques, considerando como tal:

 As mercadorias ou produtos prontos para a venda;


 Os produtos em processamento;
 Materiais de embalagem;
 As matérias-primas e os bens em almoxarifado.

Os bens acima devem ser avaliados pelo custo de


aquisição, enquanto os produtos em fabricação e
acabados serão avaliados pelo custo de produção.

16
A entidade que mantiver sistema de contabilidade de custos integrado e
coordenado com o restante da escrituração poderá utilizar os custos apurados
para avaliação dos estoques de produtos em fabricação e acabados, neste caso
é considerado sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o
restante da escrituração aquele que for apoiado em valores originados da
escrituração contábil (matéria-prima, mão-de-obra direta, custos indiretos de
fabricação, que permita determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor
dos estoques de matérias-primas e outros materiais, produtos em elaboração e
produtos acabados, com base livros auxiliares, fichas, folhas contínuas, ou
mapas de apropriação ou rateio, tidos em boa guarda e de registros
coincidentes com aqueles constantes da escrituração principal e que permita
avaliar os estoques existentes na data de encerramento do período de
apropriação de resultados segundo os custos efetivamente incorridos.
O valor dos bens existentes no encerramento do período de apuração poderá
ser pelo custo médio (CMPM - Custo Médio Ponderado Móvel) ou o valor dos
bens adquiridos ou produzidos mais recentemente (PEPS – Primeiro a Entrar
Primeiro a Sair), admitida ainda, a avaliação com base no preço de venda,
subtraída a margem de lucro.
Se a escrituração do contribuinte não satisfizer às condições definidas em lei os
estoques deverão ser avaliados conforme o seguinte:

 Materiais em processamento - por uma vez e meia o


maior custo das matérias-primas adquiridas no período
de apuração, ou em oitenta por cento do valor dos
produtos acabados;

 Produtos acabados - setenta por cento do maior preço


de venda no período de apuração (o valor dos produtos
acabados deverá ser determinado tomando por base o
preço de venda, sem exclusão de qualquer parcela a
título de Imposto sobre Operações relativas à
Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e
de Comunicações – ICMS).

OBS: As disposições acima deverão ser reconhecidas na


escrituração comercial.

CUSTO DOS BENS OU SERVIÇOS (Art. 289 a 291 – RIR/99)

No caso das entidades industriais o custo das mercadorias revendidas e das


matérias-primas utilizadas será determinado com base em registro
permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com
o Livro de Inventário, no fim do período de apuração.

17
No caso entidades comerciais, o custo de aquisição de mercadorias destinadas
à revenda será integrado pelos gastos com transporte e seguro, até o
estabelecimento do adquirente e os tributos devidos na aquisição ou
importação, onde os gastos com desembaraço aduaneiro integram o custo de
aquisição, não se incluindo nestes os impostos recuperáveis (ou compensáveis)
através de créditos na escrita fiscal.
Os custos de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderão,
obrigatoriamente:

 O custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer


outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na
produção;

 O custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de


supervisão direta, manutenção e guarda das instalações
de produção;

 Os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos


de depreciação dos bens aplicados na produção;

 Os encargos de amortização diretamente relacionados


com a produção;

 Os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados


na produção.

 Integrará também o custo o valor das quebras e perdas


razoáveis, de acordo com a natureza do bem e da
atividade, ocorridas na fabricação, no transporte e
manuseio;

 As quebras ou perdas de estoque por deterioração,


obsolescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos
por seguros, desde que comprovadas:

- Por laudo ou certificado de autoridade sanitária ou de


segurança, que especifique e identifique as
quantidades destruídas ou inutilizadas e as razões da
providência;
- Por certificado de autoridade competente, nos casos
de incêndios, inundações ou outros eventos
semelhantes;
- Mediante laudo de autoridade fiscal chamada a
certificar a destruição de bens obsoletos, invendáveis

18
ou danificados, quando não houver valor residual
apurável.

A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a cinco por
cento do custo total dos produtos vendidos no período de apuração anterior,
poderá ser registrada diretamente como custo.

QUESTÕES DISCURSIVAS:

1) O Regulamento do Imposto de Renda dispõe que ao final de cada período


de apuração a pessoa jurídica deverá promover o levantamento e
avaliação dos seus estoques. Quais são estes tipos de estoques e quais
as suas relações com os elementos tributários?

2) Para atender aos interesses da arrecadação, a legislação tributária


constantemente se reporta aos princípios contábeis no intuito de
resguardar os interesses da fazenda e a adoção da Legislação Comercial
e Fiscal. Defina estes princípios e cite três exemplos de obrigações
derivadas concomitantemente das Legislações Comercial e Fiscal.

3) Caracterize as responsabilidades do contador nas relações com o fisco.

4) As pessoas jurídicas devem manter escrituração com observância das leis


cíveis, comerciais e fiscais, devendo abranger todas as operações, os
resultados apurados em suas atividades no território nacional. Com base
nestes argumentos caracterize as principais obrigações emanadas destas
legislações.

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA:

1) Indique a alternativa que não se relaciona com as responsabilidades legais


da empresa e da contabilidade na atividade de escrituração e evidenciação:
a) As pessoas jurídicas devem manter escrituração com observância das
leis cíveis, comerciais e fiscais, devendo abranger todas as operações,
os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem
como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no
exterior;
b) É facultado às pessoas jurídicas que possuírem filiais, sucursais ou
agências manter contabilidade não centralizada, devendo incorporar
ao final de cada mês, na escrituração da matriz, os resultados de cada
uma delas;
c) A falsificação, material ou ideológica, da escrituração e seus
comprovantes, ou de demonstrações contábeis, que tenham por
objeto eliminar ou reduzir o montante de imposto devido, ou diferir
19
seu pagamento, submeterá o sujeito passivo a multa,
independentemente da ação penal que couber;
d) A contabilidade no âmbito das Sociedades por Ações deve elaborar
procedimentos “imperment”, pelo menos uma vez por ano, com base
em laudos de avaliação de ativos, quando houver sido constatada
redução do valor recuperável de ativos, nos moldes do CPC 01;
e) A controladoria da organização deve elaborar os regulamentos de
controle interno referentes às atividades de registro e controle das
operações de todos os atores da organização.

2) As pessoas jurídicas devem manter escrituração com observância das leis


cíveis, comerciais e fiscais, devendo abranger:
a) Todas as operações, os resultados apurados em suas atividades no
território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de
capital auferidos no exterior;
b) Todas as apurações e contestações de tributos incidentes sobre as
operações e patrimônio do empreendimento;
c) Todas as apurações incidentes nas operações e resultados somente
das organizações de Capital Aberto;
d) A apuração dos fluxos de caixa, valores adicionados e notas
explicativas referentes as operações e patrimônio das organizações;
e) A apuração do Lucro Real para todas as organizações,
independentemente da opção da administração da empresa.

3) Indique a alternativa que satifaz ao critério a ser adotado na avaliação


materias em processamento no caso da escrituração do contribuinte não
atender às condições definidas em lei:
a) Setenta por cento do maior preço de venda no período de
apuração, incluído o valor do ICMS;
b) Uma vez e meia o maior custo das matérias-primas adquiridas
no período de apuração ou em oitenta por cento do valor dos
produtos acabados;
c) Setenta por cento do maior preço de venda no período de
apuração, líquido do valor do ICMS;
d) Oitenta por cento do valor dos produtos acabados, incluído o IPI
e o ICMS incidente no preço de venda;
e) O custo de aquisição das matérias-primas, incluídos custos de
mão-de-obra e demais custos incidentes na obtenção do produto.

4) Indique a alternativa que satifaz ao critério a ser adotado na avaliação de


produtos acabados no caso da escrituração do contribuinte não atender às
condições definidas em lei:

20
a) O custo de aquisição das matérias-primas, incluídos custos de mão-
de-obra e demais custos incidentes na obtenção do produto;
b) Setenta por cento do maior preço de venda no período de apuração,
não incluído o ICMS e IPI;
c) Setenta por cento do maior preço de venda no período de apuração,
incluído o ICMS;
d) Uma vez e meia o maior custo das matérias-primas adquiridas no
período de apuração ou em oitenta por cento do valor dos produtos
acabados;
e) O custo de aquisição das matérias-primas com ICMS, incluídos custos
de mão-de-obra e demais custos incidentes na obtenção do produto.

Gabarito (E, A, B e C)

21
AULA 3

TRIBUTAÇÃO EM OPERAÇÕES COM PRODUTOS E MERCADORIAS


# OPERAÇÕES DE COMPRA #

OBJETIVOS

- Identificar os principais tributos sujeitos ao princípio da não


cumulatividade;
- Compreender os procedimentos contábeis inerentes aos tributos
incidentes nas operações de compra;
- Aplicar os procedimentos contábeis na compensação de tributos
incidentes nas operações de compra.

INTRODUÇÃO

Na contabilidade, os termos produtos e mercadorias referem-se aos bens


obtidos por estabelecimentos industriais e equiparados ou adquiridos por
estabelecimentos comerciais para revenda. Nas atividades industriais, os
insumos adquiridos para obtenção dos produtos são designados por matéria-
prima ou materiais diretos (quando diretamente identificados com o produto,
mais fretes e seguros, menos impostos compensáveis) ou indiretos (quando
são apropriados aos produtos por critérios de rateio, considerando-se fretes e
seguros, menos impostos compensáveis) e o produto, quando pronto para
venda, por “produto” ou “produtos acabado” ou estoque de produtos acabados
(que incorporam o total dos custos dos insumos diretos e indiretos consumidos
para a obtenção do produto), que quando vendidos assumem o mesmo
tratamento adotado nas empresas comerciais. Nestas, que têm como objeto a
revenda de mercadorias, o fato gerador da transação de venda é a
transferência destas aos clientes (emissão de nota fiscal, na transação à vista,
e fatura, na transação a prazo), gerando receita bruta de vendas ou receita de
vendas, ou simplesmente vendas, sendo o resultado líquido, após as deduções
das vendas, a receita líquida de vendas, obtido pela confrontação destas com
as deduções e o resultado bruto, após a dedução dos custos de sua obtenção.

OPERAÇÕES DE COMPRA E NÃO CUMULATIVIDADE

A Constituição Federal determina a adoção do princípio da não-cumulatividade


para o Imposto sobre Produtos Industrializados e para o Imposto sobre a
Circulação e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação. Em seus arts. 153, § 3º, inciso II (IPI) e
155, § 2º, inciso I (ICMS), determinando a compensação do montante cobrado
22
nas operações anteriores. A não-cumulatividade foi extendida para os
Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor
Público (PASEP) e para a Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (COFINS), através das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, respectivamente.

TRIBUTOS INCIDENTES NAS OPERAÇÕES DE COMPRA

Estes tributos guardam proporcionalidade com custo de aquisição de


mercadorias e matérias-primas, mesmo quando o respectivo montante integre
esse preço. São considerados custos de obtenção de mercadorias ou matérias
primas, quando não compensáveis, ou crédito tributário (direito a compensar
em operação de venda futura):

a. ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de


Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicações - incidente na saída da mercadoria do
estabelecimento, ou seja entrega do produto ou prestação de
serviço de transporte, no âmbito intermunicipal e interestadual
(não cumulativo ou compensável nas operações futuras);

b. Imposto de Importação – incidente nas operações de importação


quando do desembaraço aduaneiro (não compensável ou não
recuperável, portanto integra o custo da mercadoria ou matéria-
prima);

c. PIS – Programa de Integração Social, na parcela incidente sobre a


Receita Bruta de Vendas e Serviços (não cumulativo ou
compensável nas operações futuras);

d. COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social,


antigo FINSOCIAL (Fundo de Investimento Social) (não cumulativo
ou compensável nas operações futuras);

e. IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados, quando as principais


hipótese de incidência são: na importação, pelo desembaraço
aduaneiro de produtos de procedência estrangeira e na saída de
produto de estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial
(não cumulativo ou compensável nas operações futuras nas
empresas de cunho industrial ou equiparadas).

OBS: O regime de tributação do IPI e do ICMS é sempre não cumulativo. No


entanto, no caso do PIS e da COFINS, as empresas tributadas pelo lucro
presumido ou arbitrado, que serão objeto de estudo futuro, devem calcular o
PIS e a COFINS com base no sistema cumulativo, às alícotas de 0,65% e 3%,
com base na Receita Bruta, deduzidas as exclusões permitidas, ou seja,
devoluções de vendas, vendas canceladas e descontos incondicionais
23
concedidos. Ressalta-se ainda, que estas exclusões são válidas também para as
optantes pelo Lucro Real, que adotam o regime não cumulativo às alícotas de
1,65% e 7,6%.

Tributos compensáveis ou recuperáveis

São compensáveis/recuperáveis os tributos que apesar de pagos pelo


contribuinte de direito, numa primeira etapa, podem ser compensados ou
deduzidos do que tiver de ser pago pelo mesmo contribuinte, numa etapa
seguinte, ou seja, quando haja incidência desse tributo na saída das
mercadorias ou produtos.

Exemplos:

a. O IPI pago na aquisição de matéria-prima pela indústria;


b. O ICMS pago na aquisição de matéria-prima pela indústria;
c. O ICMS pago na aquisição de mercadorias pelo comerciante;
d. O PIS e a COFINS pagos na aquisição de mercadorias e
matérias-primas.

Os tributos compensáveis/recuperáveis são registrados em contas


representativas de direitos realizáveis, enquanto que os não recuperáveis
integram o custo das mercadorias ou das matérias-primas.

Apuração de tributos a Recolher ou a Compensar/Recuperar

Ao final de cada período o IPI, ICMS, PIS e a COFINS serão apurados os


impostos (a recolher ou a recuperar) nos Livros Fiscais e nas contas
representativas destes direitos (IPI, ICMS, PIS e COFINS a Recolher ou a
Pagar).
Caso o montante do IPI, ICMS, PIS e COFINS sobre as vendas, registrados nas
contas destes tributos a recolher sejam maiores que os montantes apurados
nas compras, registrados nas contas IPI, ICMS, PIS e COFINS a Compensar ou
a Recuperar, a diferença significa o saldo a ser pago, que deve ficar
evidenciado no Passivo Circulante. Para tanto, o saldo devedor da conta ativa
IPI, ICMS, PIS e COFINS a Recuperar ou a Compensar deve ser transferido
para débito da conta passiva que se encerrará com o lançamento posterior do
recolhimento. Caso o montante do IPI, ICMS, PIS e COFINS sobre as vendas
seja menor que os tributos sobre as compras, a diferença significa saldo a
compensar no período seguinte, que deve ficar registrado no Ativo Circulante.
Neste caso, o saldo credor da conta passiva IPI, ICMS, PIS e COFINS a
Recolher ou a Pagar que será transferido para crédito no Ativo.
De acordo com o usuário, em vez de se fazer os registros conforme explicado
acima, pode-se, também, utilizar uma conta para cada tributo chamada Conta
Corrente de IPI, ICMS, PIS e COFINS, que é movimentada debitando-se os
tributos a compensar ou recuperar (que são direitos) e creditando-se os
24
montates apurados a recolher ou a pagar que são obrigações apuradas nas
vendas. Estas contas são: C/C IPI, C/C ICMS, C/C PIS e C/C COFINS.

Incidência de ICMS/PIS/COFINS

Os valores do ICMS, do PIS e da COFINS estão incluídos no preço das


mercadorias adquiridas para revenda. Desta forma, considerando uma
aquisição de mercadorias por R$10.000, com incidência de ICMS à alíquota de
17%, do PIS a 1,65% e da COFINS a 7,6% teremos o seguinte:

Composição:

ITENS R$
Valor da Nota 10.000,00
ICMS s/ operação (17%) – incluído no preço (1.700,00)
PIS s/ operação (1,65%) – incluído no preço (165,00)
COFINS s/ operação (7,6%) – incluído no preço (760,00)
Valor líquido da mercadoria 7.375,00

Na operação de aquisição de compra de R$10.000, R$1.700 refere-se ao ICMS,


R$165 ao PIS e R$760 a COFINS. Em função do princípio da não-
cumulatividade obtém-se o crédito a ser compensado na operação de venda,
representando um direito da empresa contra o ESTADO e a UNIÃO. Na escrita
contábil, as contas que representam estas operações são chamadas de Conta
Corrente de ICMS ou C/C ICMS (contabiliza as operações de compra e venda)
ou ICMS a RECUPERAR (contabilizam somente créditos), C/C PIS ou PIS a
RECUPERAR e C/C COFINS ou COFINS a RECUPERAR. As operações,
representativas de direitos, têm natureza devedora contra créditos à conta de
BANCOS OU FORNECEDORES. A contabilização da operação acima pode ser:

DIVERSOS
a BANCOS CONTA MOVIMENTO (AV) OU FORNECEDORES (Faturada)
MERCADORIAS R$ 7.375,00
ICMS A RECUPERAR R$ 1.700,00
PIS A RECUPERAR R$ 165,00
COFINS A RECUPERAR R$ 760,00 R$ 10.000,00

CONTABILIZAÇÃO DE 50% À VISTA E 50% A PRAZO

DIVERSOS
a DIVERSOS
MERCADORIAS R$ 7.375,00
ICMS A RECUPERAR R$ 1.700,00
PIS A RECUPERAR R$ 165,00
COFINS A RECUPERAR R$ 760,00 R$10.000,00

25
a BANCOS CONTA MOVIMENTO R$ 5.000,00
a FORNECEDORES R$ 5.000,00 R$10.000,00

Relembra-se que muitas empresas costumam se utilizar de uma única conta


para substituir as contas representativas a recuperara e a recolher, chamada
de CONTA CORRENTE (ICMS, PIS e COFINS). Esta conta é debitada pelo valor
das operações de aquisição e creditada pelo valor das operações de venda de
mercadorias. Ao final do período de apuração do imposto, essa conta
apresentará saldo devedor ou credor. O saldo devedor na C/C indica que a
empresa tem um crédito contra a Fisco a ser compensado nos período base
subseqüentes. O saldo credor indica uma obrigação da empresa junto ao Fisco.
Desta forma, se a C/C apresentar saldo devedor (direito – crédito contra o
fisco), este deverá ser classificado no ativo. Se a conta apresentar Saldo credor
(obrigação em favor do fisco), este saldo deverá ser classificado no passivo.

Incidência de IPI/ICMS/PIS/COFINS

O IPI tem como fato gerador a saída de produto industrializado do


estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, bem como o
desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira. A primeira
grande diferença com relação ao ICMS, ao PIS e à COFINS é que seu valor não
está incluído no preço dos produtos. Se o adquirente dos produtos sobre os
quais incidiu o imposto é contribuinte do IPI (empresa industrial ou equiparada
a industrial), cujos produtos adquiridos são utilizados em seu processo
industrial, o IPI incidente na operação de aquisição poderá ser recuperado no
momento da venda do produto industrializado. Se o adquirente não for
contribuinte do IPI ou, o contribuinte que não utilize os produtos adquiridos em
seu processo industrial, o IPI incidente na compra não será recuperado,
compondo o custo de aquisição.
Tomemos como exemplo uma empresa industrial que adquire matéria-prima
pelo valor de R$60.000 (faturados) com alíquota do IPI de 10%. Considerando
que a alíquota do ICMS é de 17%, do PIS 1,65% e da COFINS 7,6%,
contabilizemos esta compra.

A composição será:

ITENS R$
Preço do produto 60.000,00
IPI (10%) – não incluso no preço 6.000,00
Valor total da nota 66.000,00
ICMS (17%) – incluso no preço (10.200,00)
PIS (1,65%) - incluso no preço (990,00)
COFINS (7,6%) - incluso no preço (4.560,00)
IPI (10%) – recuperável neste caso (6.000,00)
Valor líquido da compra 44.250,00
26
Por ser empresa industrial, o IPI é recuperável/compensável, seu valor não
entra na base de cálculo do ICMS por disposição do art. 155, § 22, inciso XI, da
Constituição Federal, do PIS por disposição do art. 66, § 32, da Instrução
Normativa nº 247/2002 e da COFINS por disposição do art. 8º, § 32, inciso I,
da Instrução Normativa SRF nº 404/2004. A contabilização será:

DIVERSOS
a FORNECEDORES
MATÉRIA-PRIMA R$44.250,00
C/C ICMS R$10.200,00
C/C IPI R$ 6.000,00
C/C COFINS R$ 4.650,00
C/C PIS R$ 990,00 R$66.000,00

Compra de imobilizado – IPI não é recuperável e o ICMS/PIS/COFINS


recuperáveis

Uma empresa comercial adquire, a prazo, equipamentos para o ativo


imobilizado diretamente do fabricante por R$250.000, com alíquotas de IPI de
15%, de ICMS de 17%, de PIS de 1,65% e da COFINS de 7,6%. Como se trata
de uma aquisição para uso e não para revenda, o IPI não será recuperável,
devendo integrar o custo de aquisição.

A composição será:

ITENS R$
Valor da compra 250.000,00
IPI (15%) – cobrado destacadamente 37.500,00
Valor total da nota 287.500,00
ICMS s/ compra (17%) – incluído no preço (48.875,00)
PIS s/ compra (1,65%) – incluído no preço (4.743,75)
COFINS s/ compra (7,6%) – incluído no preço (21.850,00)
Valor líquido da aquisição 212.031,25

Neste caso o IPI não é recuperável e o produto não se destina à


comercialização ou à industrialização e seu valor integra a base de cálculo do
ICMS, conforme o art. 155, § 2º, inciso XI, da Constituição Federal e por
interpretação ao disposto nos arts. 66, § 3º, da Instrução Normativa nº
247/2002, e 8º, § 3º, inciso I, da Instrução Normativa SRF nº 404/2004,
também integra a base de cálculo do PIS e da COFINS para o adquirente. A
contabilização é a seguinte:

DIVERSOS
a FORNECEDORES
27
MÁQUINASE EQUIPAMENTOS R$ 212.031,25
C/C ICMS R$ 48.875,00
C/C PIS R$ 4.743,75
C/C COFINS R$ 21.850,00 R$287.500,00

Pelo fato dos equipamentos terem sido comprados para compor o ativo
permanente, o ICMS incidente na aquisição não seria recuperável. Entretanto,
a Lei Complementar nº 87/96 incorporou o direito à compensação do ICMS
incidente na aquisição. Diante desta possibilidade, a Lei Complementar
nº102/2000, regulamentou que esta a compensação de créditos seja efetuada
à razão de um quarenta e oito avos/mês, a partir do mês em que ocorrer a
entrada no estabelecimento. No caso do PIS e da COFINS, a legislação permite
a utilização dos créditos relativos a máquinas, equipamentos e outros bens
incorporados ao ativo imobilizado para utilização na produção de bens
destinados à venda, ou na prestação de serviços. A utilização dos créditos será
feita a partir da depreciação dos ativos que lhe deram origem, ou,
opcionalmente, no prazo de 4 anos, à razão de 1/48 por mês, de acordo com
regulamentação da Secretaria da Receita Federal, em seu art. 3º, § 14, da Lei
nº 10.833/2003, alterado pela Lei nº10.865/2004, observando-se que terão
direito aos créditos de PIS e COFINS as máquinas e os equipamentos
adquiridos a partir de 01/05/2004, conforme o § 1º, da referida.

Produtos para revenda por Empresa Comercial – IPI não-recuperável e


ICMS/PIS/COFINS recuperáveis

Uma empresa comercial adquire, a prazo, produtos para revenda, por


R$250.000, com IPI à alíquota de 15%, ICMS à alíquota de 17%, PIS à alíquota
de 1,65% e COFINS à alíquota de 7,6% (O adquirente não é contribuinte do
IPI).

Composição da transação:

ITENS R$
Valor da compra 250.000,00
IPI (15%) – em destaque 37.500,00
Valor total da nota 287.500,00
ICMS s/ compra (17%) – incluído no preço (42.500,00)
PIS s/ compra (1,65%) – incluído no preço (4.743,75)
COFINS s/ compra (7,6%) – incluído no preço (21.850,00)
Valor líquido da aquisição 218.406,25

Neste caso a empresa não é contribuinte do IPI. Portanto, não haverá crédito
para recuperá-lo. Entretanto, o IPI não integra a base de cálculo do ICMS,
conforme dispositivo do art. 155, § 2º, inciso XI, da Constituição Federal. Para
os efeitos do PIS e da COFINS, por interpretação ao disposto nos arts. 66, §
28
3º, da Instrução Normativa nº247/2002, e 8º, § 3º, inciso I, da Instrução
Normativa nº 404/2004. A contabilização será:

DIVERSOS
a FORNECEDORES
MERCADORIAS R$218.406,25
C/C ICMS R$ 42.500,00
C/C PIS R$ 4.743,75
C/C COFINS R$ 21.850,00 R$287.500,00

O Imposto de importação, os Fretes, os Seguros e os Outros Gastos, tem o


seguinte comportamento:

 Conforme já observado, pela própria natureza do imposto de importação,


não existe a possibilidade de sua compensação pelo importador.
Portanto, o mesmo deverá ser acrescido ao custo de aquisição das
mercadorias importadas.

 Os fretes, seguros e demais despesas acessórias que o adquirente é


obrigado a pagar, integram o custo de aquisição das mercadorias objeto
de venda.

 As pessoas jurídicas sujeitas à apuração da contribuição para o PIS e


para a COFINS pelo sistema NÃO ACUMULATIVO (Leis nº 10.637/02 e
10.833/03) poderão descontar créditos relativos ao PIS e à COFINS
pagos na importação das mercadorias (PIS-IMPORTAÇÃO e COFINS-
IMPORTAÇÃO), conforme disposto no art. 1º da Lei nº10.865/2004.

OPERAÇÕES DE COMPRA COM FRETE E SEGURO

AQUISIÇÃO NO MESMO MUNICÍPIO

Neste caso o frete e o seguro não são tributados pelo ICMS. Veja-se o exemplo
abaixo.
Uma empresa comercial adquire, a prazo, direto do fabricante localizado no
mesmo município, produtos para revenda, por R$45.000,00, mais IPI à
alíquota de 10%, bem como frete e seguro em nota destacada no valor total de
R$850,00, já incluído ISS. O ICMS incidente na operação foi de 17%, o PIS de
1,65% e COFINS de 7,6%.

Composição da transação:

ITENS R$
Valor da compra 45.000,00

29
IPI (10%) – em destaque 4.500,00
Valor total da nota 49.500,00
ICMS s/ compra (17%) – embutido no preço (7.650,00)
PIS s/ compra (1,65%) – incluído IPI (816,75)
COFINS s/ compra (7,6%) – incluído IPI (3.762,00)
Custo de aquisição não incluído frete e seguro 37.271,25
Frete e seguro 850,00
Custo total da aquisição 38.121,25

Registros contábeis:

DIVERSOS
a FORNECEDORES
ESTOQUE DE MERCADORIAS R$38.121,25
C/C ICMS R$ 7.650,00
C/C PIS R$ 816,75
C/C COFINS R$ 3.762,00 R$50.350,00

FRETE E SEGURO INTERMUNICIPAL

Neste caso o frete e seguro sofrem a incidência do ICMS.


Tome-se o seguinte exemplo:

Uma empresa comercial adquire, a prazo, direto do fabricante localizado em


outro município, produtos para revenda, por R$45.000,00, mais IPI à alíquota
de 10%, bem como frete e seguro em nota destacada no valor total de
R$1590,00. O ICMS incidente na operação foi de 17%, o PIS de 1,65% e
COFINS de 7,6%.

Composição da transação:

ITENS R$
Valor da compra 45.000,00
IPI (10%) – em destaque 4.500,00
Valor total da nota 49.500,00
ICMS s/ compra (17%) – embutido no preço (7.650,00)
PIS s/ compra (1,65%) – incluído IPI (816,75)
COFINS s/ compra (7,6%) – incluído IPI (3.762,00)
Custo de aquisição não incluído frete e seguro 37.271,25
Frete e seguro 1.590,00
ICMS s/frete (17%) (270,30)
Custo total da aquisição 38.590,95

30
QUESTÕES DISCURSIVAS:

1) A Cia Comercial Alpha adquire, a prazo, produtos para revenda, por


R$120.000, com IPI à alíquota de 10%, ICMS à alíquota de 18%, PIS à
alíquota de 1,65% e COFINS à alíquota de 7,6%. Com base nestes
dados preencha o quadro abaixo e proceda os lançamentos contábeis
pertinentes.

ITENS R$
Valor da compra
IPI
Valor total da nota
ICMS s/ compra
PIS s/ compra
COFINS s/ compra (7,6%)
Valor líquido da aquisição

2) Uma empresa comercial adquire a prazo, direto do fabricante localizado


em outro município, produtos para revenda, por R$40.000,00, mais IPI
à alíquota de 6%, bem como frete e seguro em nota destacada no valor
total de R$950. O ICMS incidente na operação foi de 18%, o PIS de
1,65% e COFINS de 7,6%. Com base nestes dados preencha a ficha
abaixo e proceda os lançamentos contábeis.

ITENS R$
Valor da compra
IPI
Valor total da nota
ICMS s/ compra
PIS s/ compra
COFINS s/ compra
Custo de aquisição não incluído frete e seguro
Frete e seguro
Custo total da aquisição

3) Um supermercado localizado em São Paulo adquire, a prazo,


diretamente do fabricante localizado no Rio Grande do Sul, frigoríficas
para o seu ativo operacional no valor de R$420.000, com alíquotas de
IPI de 12%, ICMS de 18%, PIS de 1,65% e COFINS de 7,6%. O frete
com seguro incluído foi cobrado em nota destacada montando R$5.000
com ICMS incluso foi pago à vista

ITENS R$
Valor da compra
31
Frete
IPI
Valor total da nota
ICMS s/ compra
PIS s/ compra
COFINS s/ compra
Valor líquido da aquisição

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA:

1) Indique a alternativa que caracterisa o tributo compensável/recuperável:


a) Apesar de pago pelo contribuinte de fato na aquisição, podendo ser compensado
ou deduzido do montante a ser pago pelo mesmo contribuinte, na venda do
produto;
b) É pago pelo contribuinte de fato na venda, não podendo ser compensado ou
deduzido do montante incidente na operação de compra do produto;
c) Todos estes tributos, sem exceção, são pagos em parte pelo contribuinte de
direito e integralmente pagos pelo consumidor no final da cadeia produtiva
d) Apesar de pago pelo contribuinte de direito na aquisição, pode ser deduzido do
montante a ser pago pelo mesmo contribuinte, na venda do produto;
e) É pago pelo consumidor final, mas reduzido do montante incidente na operação
de venda do produto.

2) Marque a alternativa que apresenta uma das principais características dos tributos
incidentes sobre as compras de mercadorias e matérias-primas:
a) Estes tributos guardam proporcionalidade com custo de aquisição de
mercadorias e matérias-primas;
b) Sobre todos estes tributos incide o princípio da não cumulatividade,
portanto passívesi de compensação;
c) Estes tributos devem ser reconhecidos e compensados com base no
regime de caixa;
d) Estes tributos não sofrem a influência do princípio da não
cumulatividade, sendo, portanto passíveis de compensação em
operações subsequentes;
e) Estes tributos representam custos ou despesas para o empresário, que
é quem sofre a carga tributária no final da cadeia produtiva.

3) A principal característica que diferencia o IPI do ICMS nas operações de compra,


quanto ao preço pago pelo adquirente é:
a) O IPI não incide sobre o preço de venda, enquanto este é a base de cálculo do
ICMS;
b) Ambos estes tributos incidem por fora do preço de compra do produto e são
destacados;

32
c) O ICMS destacado na nota compõe o preço de aquisição e o IPI é destacado na
nota por fora deste preço aumentando seu valor total;
d) O ICMS é calculado com base no preço de venda do produto incluído o IPI;
e) Somente o ICMS é destacado no documento de compra, enquanto o IPI fica por
dentro do preço total.

4) O os tributos não compesáveis incidentes nas operações de aquisição de mercadorias


e matérias-primas devem receber o seguinte tratamento contábil:
a) Devem ser excluídos do custo de aquisição;
b) Devem ser registrados em contas de despesas de outros períodos
c) Não devem transitar pelo resultado, pois são obrigação do sujeito de fato;
d) Devem ser tratados como despesas de período;
e) Devem ser incorporados ao custo de aquisição.

5) Uma empresa comercial sob o regime não cumulativo, adquire, diretamente


do estabelecimento industrial produtos para revenda, por R$85.000,00,
mais IPI à alícota de 10%. O ICMS incidente na operação foi de 17%, PIS à
alícota de 1,65% e COFINS à alíquota de 7,6%. Com base nestas
informações indique a alternativa que contempla o custo a ser registrado no
estoque da adquirente e o total da fatura.
a) R$62.687,50 e R$85.000,00;
b) R$71.187,50 e R$85.000,00;
c) R$68.956,25 e R$93.500,00;
d) R$70.401,25 e R$93.500,00;
e) R$61.901,25 e R$93.500,00.

Gabarito (D, A, C, E, B)

33
RESUMO DAS OPERAÇÕES COM IPI, ICMS, PIS E COFINS

INDUSTRIAL E EQUIPARADAS COMERCIAL


TRIBUO FATO GERADOR CARACTERÍSTICA MATERIAIS IMOBILIZADO PRODUTOS IMOBILIZADO
S
INCIDÊNCIA SIM SIM SIM SIM
VALOR DA MERCADORIA (NA VALOR DO BEM (NA VALOR DA MERCADORIA VALOR DO BEM (NA
 DESEMBARAÇO ADUANEIRO; IMPORTAÇÃO A BC É ACRESCIDA DO IMPORTAÇÃO A BC É (NA IMPORTAÇÃO A BC É IMPORTAÇÃO A BC É
IPI II E DAS DESPESAS ADUANEIRAS ACRESCIDA DO II E DAS ACRESCIDA DO II E DAS ACRESCIDA DO II E DAS
 SAÍDA DO ESTABELECIMENTO; BASE DE CÁLCULO PAGAS) DESPESAS ADUANEIRAS DESPESAS ADUANEIRAS DESPESAS ADUANEIRAS
 ARREMATAÇÃO. PAGAS) PAGAS) PAGAS)
COMPENSAÇÃO VALOR INTEGRAL NAS OPERAÇÕES
SUBSEQÜENTES NÃO NÃO NÃO

 CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS; INCIDÊNCIA SIM SIM SIM SIM


 PREST. SERV. DE TRANSPORTE VALOR DA TRANSAÇÃO LÍQUIDO DO VALOR DA TRANSAÇÃO VALOR DA TRANSAÇÃO VALOR DA TRANSAÇÃO
INTERESTAD./INTERMUNICIPAL; BASE DE CÁLCULO IPI INCLUÍDO O IPI LÍQUIDA DO IPI INCLUINDO O IPI
 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE
COMUNICAÇÃO;
 FORNEC. DE MERCADORIAS NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS; CRÉDITO COMPENSADO A CRÉDITO COMPENSADO A
 ENTRADA NO PAÍS DE PROD. COMPENSAÇÃO VALOR INTEGRAL NAS OPERAÇÕES RAZÃO DE 1/48 AO MÊS, A VALOR INTEGRAL NAS RAZÃO DE 1/48 AO MÊS, A
ICMS IMPORTADOS; SUBSEQÜENTES PARTIR DO MÊS DA OPERAÇÕES PARTIR DO MÊS DA
 SERV. PRESTADO EM OUTRO PAÍS ENTRADA NO SUBSEQÜENTES ENTRADA NO
OU CUJA PRESTAÇÃO SE TENHA INICIADO ESTABELECIM. DO ESTABELECIM. DO
COMPRADOR COMPRADOR
NO EXTERIOR;
 ENTRADA NO ESTADO
DESTINATÁRIO DE DERIVADOS DE
PETRÓLEO E ENERGIA ELÉTRICA, QUANDO
NÃO DESTINADOS A
COMERCIALIZAÇÃO/INDUSTRIALIZAÇÃO.

INCIDÊNCIA SIM SIM SIM SIM


VALOR DA TRANSAÇÃO LÍQUIDO DO VALOR DA TRANSAÇÃO VALOR DA TRANSAÇÃO VALOR DA TRANSAÇÃO
BASE DE CÁLCULO IPI INCLUÍDO O IPI INCLUÍDO O IPI INCLUINDO O IPI
PIS
RECEITAS BRUTA CRÉDITO COMPENSADO A CRÉDITO COMPENSADO A
(MENOS EXCLUSÕES EXPRESSAS) PARTIR DA DEPRECIAÇÃO PARTIR DA DEPRECIAÇÃO
VALOR INTEGRAL NAS OPERAÇÕES OU RAZÃO DE 1/48 AO VALOR INTEGRAL NAS OU RAZÃO DE 1/48 AO MÊS,
COMPENSAÇÃO SUBSEQÜENTES MÊS, A PARTIR DO MÊS DA OPERAÇÕES A PARTIR DO MÊS DA
ENTRADA NO SUBSEQÜENTES ENTRADA NO
ESTABELECIM. DO ESTABELECIM. DO
COMPRADOR COMPRADOR

INCIDÊNCIA SIM SIM SIM SIM


VALOR DA TRANSAÇÃO LÍQUIDO DO VALOR DA TRANSAÇÃO VALOR DA TRANSAÇÃO VALOR DA TRANSAÇÃO
BASE DE CÁLCULO IPI INCLUÍDO O IPI INCLUÍDO O IPI INCLUINDO O IPI
CRÉDITO COMPENSADO A CRÉDITO COMPENSADO A
COFINS RECEITA BRUTA VALOR INTEGRAL NAS OPERAÇÕES PARTIR DA DEPRECIAÇÃO VALOR INTEGRAL NAS PARTIR DA DEPRECIAÇÃO
COMPENSAÇÃO
(MENOS EXCLUSÕES EXPRESSAS) SUBSEQÜENTES OU RAZÃO DE 1/48 AO OPERAÇÕES OU RAZÃO DE 1/48 AO MÊS,
MÊS, A PARTIR DO MÊS DA SUBSEQÜENTES A PARTIR DO MÊS DA
ENTRADA NO ENTRADA NO
ESTABELECIM. DO ESTABELECIM. DO
COMPRADOR COMPRADOR

29
AULA 4

TRIBUTAÇÃO EM OPERAÇÕES COM PRODUTOS E MERCADORIAS


# OPERAÇÕES DE VENDA #

OBJETIVOS

- IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS TRIBUTOS EM REGIME DE NÃO


CUMULATIVIDADE INCIDENTES NAS OPERAÇÕES DE VENDA;
- APURAR E COMPENSAR TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE AS VENDAS;
- COMPREENDER E APLICAR O ADEQUADO TRATAMENTO CONTÁBIL NAS
VENDAS;
- EVIDENCIAR OS RESULTADOS DAS VENDAS;
- EFETUAR O RECOLHIMENTO DOS SALDOS A PAGAR PELOS REGIMES
CUMULATIVOS E NÃO CUMULATIVOS.

INTRODUÇÃO

A natureza das contrapartidas das transações de venda de mercadorias, produtos


ou serviços é devedora para os recursos que entram (Caixa, Bancos e Clientes). As
Receitas apuradas têm natureza credora, sendo uma conta de Sistema de Resultado
(Faturamento Bruto, Receita Bruta de Vendas, Receita de Vendas ou Vendas). Pelo
princípio da competência, nas vendas deve haver a baixa dos estoques e apuração
do Custo referente a receita obtida. A baixa tem natureza a crédito dos estoques e
sua contrapartida é a débito no Sistema de Resultado à conta representativa do
Custo (CMV para empresas comerciais ou CPV para empresas industriais) apurado
na operação. Neste contexto, iremos apurar as receitas e os tributos inerentes as
transações de venda pelo regime não cumulativo, bem como as suas respectivas
demonstrações e recolhimento de saldos de tributos a pagar.

TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE VENDAS NO REGIME NÃO CUMULATIVO

Em função das diversas legislações tributárias (federal, estaduais e/ou municipais),


quando uma empresa efetua uma venda de mercadorias, de produtos ou uma
prestação de serviços, parte do valor não pertence ao vendedor. No preço estão
embutidos impostos e contribuições incidentes sobre o valor das vendas que
deverão ser recolhidos aos cofres públicos nos prazos determinados.

Entre os Impostos e Contribuições sobre as vendas podemos ter:

 Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de


Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações - ICMS.
 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN.
 Imposto de Exportação - IE.

30
 Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS – FATURAMENTO.
 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS.

O Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI não integra a Receita Bruta de


Vendas, por determinação da legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica,
Decreto nº3.000/99, art. 279, parágrafo único. Os demais impostos e contribuições
integram o valor da Receita Bruta de Vendas (exceto se cobrados destacadamente
do comprador ou contratante – ex. ICMS por substituição tributária) e serão dela
deduzidos para apuração da Receita Líquida de Vendas.
Para um correto entendimento dos registros contábeis das vendas de mercadorias e
dos tributos incidentes sobre estas operações, diversos lançamentos serão
efetuados, com incidência de ICMS, IPI, PIS e COFINS. As alíquotas do PIS e da
COFINS no regime não cumulativo são 1,65% e 7,6%, respectivamente. O ICMS e o
IPI têm alíquotas diversas em função da seletividade, diversidade dos produtos e
operações, situação jurídica, considerações econômicas, incentivos, isenções, entre
outras. Utilizaremos 17% e 10% respectivamente (alíquotas hipotéticas).

Revenda de Mercadorias

Revenda à vista por R$300.000, sem a incidência do IPI, mas com incidência de
ICMS (17%), PIS (1,65%) e COFINS (7,6%).

Reconhecimento da Receita:
BANCOS CONTA MOVIMENTO
a RECEITA BRUTA DE VENDAS R$ 300.000,00

Pelo reconhecimento dos tributos incidentes:


TRIBUTOS SOBRE VENDAS
a DIVERSOS
a C/C ICMS R$51.000,00
a C/C PIS R$ 4.950,00
a C/C COFINS R$22.800,00 R$78.750,00

A conta Tributos Sobre Vendas é debitada, pois irá reduzir a Receita Bruta de
Vendas. A contrapartida efetuada em contas que representam obrigações da
empresa junto às fazendas públicas, portanto, contas de passivo. Do valor de
R$300.000 cobrados, somente R$221.250 pertencem à empresa, o restante
R$78.750 pertence aos cofres públicos.

Vendas de um Produto Fabricado pela empresa

Considere a venda à vista de produto fabricado pela empresa, pelo preço de venda
de R$500.000, com alíquota de IPI de 10% e ICMS, PIS e COFINS às alíquotas
anteriores.
Nesta transação ocorre a incidência de IPI, calculado em R$50.000. O IPI não
integra a Receita Bruta de Vendas. Portanto, para um correto registro da operação

31
pode-se utilizar uma outra conta denominada Faturamento Bruto. Depois o valor do
IPI incidente na operação é reconhecido para se encontrar a Receita Bruta de
Vendas. A contabilização será:

BANCOS CONTA MOVIMETO


a FATURAMENTO BRUTO R$550.000,00

Pelo reconhecimento do valor do IPI incidente na operação:


IPI FATURADO
a C/C IPI R$50.000,00

Pelo reconhecimento dos impostos e contribuições incidentes sobre vendas.


TRIBUTOS SOBRE VENDAS
a DIVERSOS
a C/C ICMS R$85.000,00
a C/C PIS R$ 8.250,00
a C/C COFlNS R$38.000,00 R$131.250,00

Pode-se reparar que estes valores incidiram sobre o valor da venda sem considerar
o valor do IPI. Isto sempre ocorre com o PIS e com a COFINS, já que na sua base
de cálculo não se considera o valor do IPI. Já com relação ao ICMS; este fato
depende da destinação do produto. A apuração do Resultado será:

ITENS R$
FATURAMENTO BRUTO 550.000,00
(-) IPI FATURADO (50,000 00)
(=) RECEITA BRUTA DE VENDAS 500.000,00
(-) ICMS SOBRE VENDAS (85.000,00)
(-) PIS SOBRE VENDAS (8.250,00)
(-) COFINS SOBRE VENDAS (38.000 00)
(=) RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 368.750,00

Obs:
1) Com base nos ditames do CPC 30 – itens 8A e 8B, a divulgação da Receita
na demonstração do resultado deve ser feita a partir dos conceitos nele
contidos, salientado que a entidade deve fazer uso de contas de controle
interno, como “Receita Bruta Tributável”, para fins fiscais e outros. As
conciliações entre os valores registrados nas citadas contas de controle
interno devem ser evidenciadas em nota explicativa. Portanto, não há
obrigatoriedade de divulgação na DRE dos tributos incidentes sobre as
vendas como dedução do Faturamento e Receita Bruta, partindo-se direto
do valor ajustado da Receita Líquida.

2) Na demonstração para fins didáticos acima, a conta TRIBUTOS SOBRE


VENDAS foi substituída por outras três, ICMS SOBRE VENDAS, PIS SOBRE
VENDAS e COFINS SOBRE VENDAS.
32
3) Para a apuração da Receita Líquida de Vendas ainda não foram
consideradas as devoluções de vendas, descontos incondicionais (sobre
vendas) e abatimentos (sobre vendas), que também reduzem a Receita
Bruta de Vendas e serão vistos a seguir.

RECOLHIMENTO DE TRIBUTOS DEVIDOS

Conforme já observado, os saldos a recolher, no regime não cumulativo, dos


tributos incidentes, nas operações de venda ao longo de um período devem ser
compensados com os créditos obtidos nas compras de mercadorias e matérias-
primas.

Compensação de tributos sobre operações de revenda

Suponha-se que uma empresa comercial ao longo de determinado período tinha nas
suas contas correntes de ICMS, PIS e COFINS as seguintes movimentações nas
operações de compra e venda obtendo créditos a compensar conforme lançamentos
1, 4 e 5 e a recolher conforme os lançamentos 2, 3 e 6, apresentados abaixo:

C/C ICMS
(SI) 1.870,00
2.900,00 (2)
(1) 1.450,00
3.400,00 (3)
(4) 1.090,00
3.200,00 (6)
(5) 2.040,00
3.050,00 (SF)

C/C IPI
(SI) 220,00
325,00 (2)
(1) 141,00
420,00 (3)
(4) 105,00
375,00 (6)
(5) 198,00
456,00 (SF)

C/C COFINS
(SI) 430,00
1.300,00 (2)
(1) 650,00
1.525,00 (3)
(4) 490,00
1.435,00 (6)
(5) 915,00
1.775,00 (SF)

(7) Pelo recolhimento à fazenda:

BANCOS CONTA MOVIMENTO


(SI) 25.600,00 5.281,00 (7)

33
(SF) 20.319,00
PIS E COFINS NO SISTEMA CUMULATIVO

As empresas tributadas pelo Lucro Presumido (será estudado mais adiante) ou


Arbitrado pela Fazenda Pública, devem calcular o PIS e a COFINS com base no
regime cumulativo, utilizando as alícotas 0,65% e 3%, respectivamente, sobre a
Receita Bruta, deduzidas as exclusões: vendas canceladas, devoluções de vendas,
descontos incondicionais concedidos e bonificações (vantagens concedidas aos
clientes, normalmente em função de quantitativo de compras, pagamentos em dia
ou qualificações atribuídas ao cliente, entre outras).
Considere-se o exemplo de pessoa jurídica, optante pelo lucro presumido, que
apresenta os seguintes itens ao final do mês de junho/X1:

ITENS DE RESULTADO R$
Receita Bruta de Vendas 250.000,00
Vendas Canceladas 30.000,00
Descontos Incondicionais Concedidos 20.000,00
Receitas Financeiras 12.500,00
Receitas na Venda de Imobilizado 4.500,00

No caso acima, a base de cálculo do PIS e da COFINS é obtido abatendo-se as


exclusões permitidas, no caso Vendas Canceladas e Descontos Incondicionais
Concedidos e, com base na Lei 11.941/09, as Receitas Financeiras e da Venda de
Imobilizado, entre outras, não entram na apuração da Receita Bruta das pessoas
jurídicas tributadas com base nos Lucros Presumido ou Arbitrado, pois são
consideradas Outras Receitas, não integrando assim a base de cálculo do PIS e da
COFINS, conforme abaixo:

APURAÇÃO DO PIS E COFINS R$


Receita Bruta de Vendas 250.000,00
Vendas Canceladas (30.000,00)
Descontos Incondicionais Concedidos (20.000,00)
Base de Cálculo 200.000,00
PIS a Recolher (alícota = 0,65%) 1.300,00
COFINS a Recolher (alícota = 3%) 6.000,00

Os lançamentos para a provisão no mês de junho serão:

Despesas com PIS R$1.300,00


a PIS a Recolher R$1.300,00

Despesas com COFINS R$6.000,00


a COFINS a Recolher R$6.000,00

Os lançamentos após a efetivação do pagamento, até 25/julho/X1, a débito da


conta corrente da pessoa jurídica serão:
34
PIS a Recolher R$1.300,00
a Bancos Conta Movimento R$1.300,00

COFINS a Recolher R$6.000,00


a Bancos Conta Movimento R$6.000,00

QUESTÕES DISCURSIVAS:

1) Uma empresa optante pelo Lucro Presumido que apresenta os seguintes itens
apresentados na tabela abaixo no final do mês de agosto de X10. Com base
nestes dados apure o PIS e a COFINS devidos no mês e elabore os
lançamentos de reconhecimento e pagamento destes tributos.

ITENS DE RESULTADO R$
Receita Bruta de Vendas 153.600,00
Vendas Canceladas 16.450,00
Descontos Incondicionais Concedidos 17.150,00
Outras Receitas 43.900,00

2) Considere os dados dispostos na tabela abaixo referentes às movimentações


do mês de dezembro de X11:

ITENS R$
FATURAMENTO BRUTO 169.000,00
IPI FATURADO 20.280,00
DESPESAS ADMINISTRATIVAS 23.500,00
ICMS SOBRE VENDAS 26.770,00
PIS SOBRE VENDAS 2.454,00
COFINS SOBRE VENDAS 11.302,00
DESPESAS COMERCIAIS 8.750,00

A receita líquida de vendas a ser apresentada na DRE será de R$________.


Demonstre também a DRE com base nos ditames do CPC 30.

3) Considere uma indústria de vestuário que promove a venda, à vista, por preço
acordado de R$32.000 mais IPI à alícota de 12%, com ICMS a 18%, PIS a
1,65% e COFINS a 7,6%. Com base nestas informações elabore os
lançamentos representativos da venda.

4) Considere uma empresa comercial, que adquire seus produtos para revenda
de um distribuidor local. Ao longo de um determinado período contratou a
compra de 40.000 kg de um produto por R$3,61 o Kg. Sabendo-se que a
margem de lucro é de 30% sobre o custo de aquisição e que o ICMS incidente
nas operações de compra e venda é de 18%. Qual o saldo a pagar de ICMS se
35
a empresa comercial vender todo o estoque, desconsiderando-se outros
encargos ao longo do período? (Resposta: R$7.795,30)

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA:

1) Com relação a utilização da conta corrente única que registra os tributos a


compensar e a recolher com função híbrida, indique qual a alternativa é
verdadeira em relação ao tratamento contábil adotado para a sua evidenciação
no balanço:
b) Quando seu saldo no final do período for devedor figurará no Ativo e
quando credor no Passivo;
c) Quando seu saldo no final do período for devedor figurará no Passivo e
quando credor no Ativo;
d) Sempre figurará no Passivo com função retificadora quando houver saldo
credor;
e) Sempre figurará no Ativo com função retificadora quando houver saldo
credor;
f) Não aparece nem no ativo nem no Passivo, pois sua função é apenas de
controle.

2) Com base nos regimes de cumulatividade e não cumulatividade dos tributos:


IPI, ICMS, PIS e COFINS, pode-se afirmar:

a) A não cumulatividade é sempre aplicada para estes tributos independente


da opção de tributação, Lucro Real, Presumido ou Arbitrado;
b) A não cumulatividade é aplicada somente para o PIS e a COFINS para as
empresas optantes pelo Lucro Real, Presumido e Arbitrado;
c) A cumulatividade é aplicada sempre para o ICMS e IPI,
independentemente, da opção de tributação: Lucro Real, Presumido ou
Arbitrado;
d) A não cumulatividade é aplicada para todos optantes pelo Lucro Real e a
cumulatividade para o PIS e a COFINS, no caso dos optantes do Lucro
Presumido e Arbitrado;
e) A opção dos regimes cumulativos e não cumulativos de todos estes tributos
dependerá do contribuinte em função da opção pelo Lucro Real, Presumido
ou Arbitrado.

3) Com relação ao IPI nas organizações industriais, pode-se afirmar que:


a) Nem sempre é compensável nas operações de compra matérias-
primas;
b) É sempre compensável mesmo nas operações de venda de
imobilizado;
c) É sempre compensável nas compras de matérias-primas para a
produção;
d) É sempre compensável inclusive nas aquisições de imobilizado;

36
e) Compõe sempre o custo de aquisição na compra de matérias-primas.

4) Considere uma transação de venda de produtos realizada por uma empresa


industrial, cujo total da fatura foi de R$5.250,00, considerando IPI à alícota de
5%, ICMS à alícota de 18%, PIS a 1,65% e COFINS a 7,6%. Com base nestes
dados a Receita Líquida de Vendas e o Faturamento Bruto apurados foram:
a) R$4.199,50 e R$5.512,50;
b) R$3.687,50 e R$5.250,00;
c) R$3.637,50 e R$5.512,50;
d) R$3.937,50 e R$5.512,50;
e) R$4.199,50 e R$5.250,00.

5) Uma distribuidora de laticínios adquire direto do fabricante um carregamento


produtos para revenda, cujo valor total da fatura é de R$8.500,00, incidente na
operação IPI, ICMS, PIS e COFINS, às alícotas de 6,25%, 17%, 1,65% e 7,6%,
respectivamente. Com base nestas informações indique a alternativa que
apresente o valor da Receita Bruta e Líquida de venda do fabricante nesta
operação.
a) R$7.140,00 e R$6.400,00;
b) R$8.000,00 e R$5.840,00;
c) R$8.000,00 e R$5.900,00.
d) R$8.500,00 e R$7.140,00;
e) R$7.140,00 e R$5.900,00.

6) Uma empresa industrial adquire, diretamente do fabricante, matérias-primas


por R$25.000,00, mais IPI à alícota de 5%. O ICMS incidente na operação foi
de 17%, PIS à alícota de 1,65% e COFINS à alíquota de 7,6%. Com base
nestas informações indique a alternativa que contempla a Receita Líquida de
Vendas do fornecedor e o Custo de Aquisição do comprador na operação.
a) R$26.250,00 e R$18.437,50;
b) R$19.687,50 e R$18.046,50;
c) R$17.187,50 e R$19.687,50;
d) R$18.437,50 e R$25.000,00;
e) R$18.437,50 e R$18.437,50.

Gabarito (A, D, C, B, C, E)

37
AULA 5

FATOS QUE ALTERAM O VALOR DAS COMPRAS E DAS VENDAS


# DEVOLUÇÕES E ABATIMANTOS #

OBJETIVOS

- CONCEITUAR OS FATOS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS;


- COMPREENDER E APLICAR O ADEQUADO TRATAMENTO CONTÁBIL DESTES
FATOS;
- APURAR E COMPENSAR TRIBUTOS INCIDENTES;
- COMPREENDER, REGISTRAR E EVIDENCIAR OS EFEITOS SOBRE O
PATRIMÔNIO E O RESULTADO.

INTRODUÇÃO

Em todos os tipos de transações, frequentemente se operam negociações que


alteram os custos de aquisição nas atividades de compra e as receitas obtidas nas
atividades de venda. Para os efeitos contábeis os fatos que alteram o valor
negociado e pago nestas transações são os abatimentos, os descontos, as
devoluções de compras e os cancelamentos das vendas, ocorrências que afetam o
patrimônio e os resultados das organizações, devendo ser tratados adequadamente
pelo sistema contábil. Neste contexto, o valor real de uma transação não é somente
o constante da nota fiscal, mas o valor resultante da negociação, não obstante aos
gastos necessários para a colocação do produto em condições de venda, bem como
os tributos incidentes nestas transações. Nessa aula iremos tratar destes fatos, seu
reconhecimento e registro, bem como os seus efeitos sobre o patrimônio e o
resultado.

FATOS QUE ALTERAM COMPRAS E VENDAS

Conforme visto os diversos fatos que acontecem nas negociações e que ocasionam
a alteração nos valores das compras e das vendas são:

 DEVOLUÇÕES DE COMPRAS
 DEVOLUÇÕES DE VENDAS ou VENDAS CANCELADAS
 ABATIMENTOS SOBRE COMPRAS
 ABATIMENTOS SOBRE VENDAS
 DESCONTOS INCONDICIONAIS ou COMERCIAIS
 DESCONTOS CONDICIONAIS ou FINANCEIROS

DEVOLUÇÕES DE COMPRAS

O lançamento de devolução de compras pode ser feito em conta retificadora àquela


que registra as aquisições, conhecida como DEVOLUÇÕES DE COMPRAS. Pode-se,

38
também, registrar a devolução diretamente na conta que registra o estoque de
mercadorias. Este modelo é comumente usado pelas empresas que adotam o
sistema de inventário permanente. O fluxo contábil é o seguinte:

a) Quando as devoluções são efetuadas, a conta é creditada;

b) Ao fim do período de apuração a conta é debitada para transferência de


seu saldo para a conta compras ou outra que seja utilizada para o registro
das aquisições de mercadorias, com a finalidade de se apurar as compras
líquidas.

A contrapartida será a débito de uma conta que registre a forma de negociação da


aquisição, ou seja, quando se tratar de transação a prazo debita-se uma conta que
registre a obrigação da empresa (Fornecedores, Contas a Pagar ou similar), ou
debita-se caixa ou bancos, quando se referir à transação à vista.
Ao ocorrer uma devolução de compras, as legislações tributárias determinam que os
valores recuperáveis dos impostos e contribuições que incidiram na operação sejam
estornados. Assim, efetua-se, no mesmo lançamento, um crédito na C/C ICMS, de
C/C IPI, de C/C PIS de C/C COFINS (quando for o caso) por se tomarem
insubsistentes, debitando-se Fornecedores (ou Duplicatas a Pagar ou Caixa ou
Bancos, ou conta similar), conforme o exemplo abaixo:

Uma empresa comercial adquiriu 100 mesas para revenda, à vista, pelo valor de
R$10.000, mais IPI à alíquota de 10%, ICMS à alíquota de 17%, PIS à alíquota de
1,65% e COFINS à alíquota de 7,6%. Quando recebeu as mercadorias, verificou que
cinco mesas se encontravam com defeito. Por este motivo devolveu-as. Os registros
contábeis da compra e da devolução das mercadorias são:

a) Aquisição

Composição da transação:

ITENS R$
Valor da compra 10.000,00
IPI (10% x 10.000,00) – cobrado destacadamente 1.000,00
Valor total da nota 11.000,00
ICMS (17% x 10.000,00) - incluído no preço 1.700,00
PIS (1,65% x 11.000,00) - incluído no preço 181,50
COFINS (7,6% x 11.000,00) - incluído no preço 836,00
Valor líquido da aquisição 8.282,50

Obs: Como o IPI não é recuperável no exemplo supra, porém o produto é destinado
à comercialização, seu valor não entra na base de cálculo do ICMS, conforme
o art. 155, § 2º, inciso XI, da Constituição Federal. Porém, integra a base de
cálculo do PIS e da COFINS, e por interpretação ao disposto nos arts. 66, §

39
3º, da Instrução Normativa nº247/2002, e 8º, § 3º, inciso I, da Instrução
Normativa SRF nº404/2004.

DIVERSOS
a BANCOS C/ MOVIMENTO
MERCADORIAS R$8.282,50
C/C ICMS R$1.700,00
C/C PIS R$ 181,50
C/C COFINS R$ 836,00 R$11.000,00

b) Devolução

Composição da transação:

ITENS R$
Valor da devolução 500,00
IPI (10% x 500,00) – cobrado destacadamente 50,00
Valor total da nota 550,00
ICMS (17% x 500,00) – incluído no preço 85,00
PIS (1,65% x 550,00) – incluído no preço 9,08
COFINS (7,6% x 550,00) – incluído no preço 41,80
Valor líquido da mercadoria devolvida 414,12

BANCOS C/ MOVIMENTO (se houver a devolução do dinheiro, senão direito a


receber)
a DIVERSOS
a DEVOLUÇÃO DE COMPRAS R$414,12
a C/C ICMS R$ 85,00
a C/C PIS R$ 9,08
a C/C COFINS R$ 41,80 R$ 550,00

DEVOLUÇÃO DE VENDAS

Quando o adquirente de mercadorias devolve parte ou toda a compra efetuada,


obviamente este fato irá gerar uma REDUÇÃO no resultado da empresa vendedora.
Na prática o que aconteceu foi que a empresa vendeu menos. Para um correto
entendimento da operação, usando o mesmo exemplo do item anterior.

a) Venda da Mercadoria

Composição da transação:

ITENS R$
Valor da venda 10.000,00
40
IPI (10%) – cobrado destacadamente 1.000,00
Valor total da nota 11.000,00
ICMS (17% x 10.000) – incluído no preço 1.700,00
PIS (1,65% x 10.0000) – incluído no preço 165,00
COFINS (7,6% x 10.000) – incluído no preço 760,00

Como a empresa vendedora é contribuinte do IPI, a contabilização da venda poderia


ser realizada da seguinte forma:

BANCOS C/ MVIMENTO
a FATURAMENTO BRUTO R$11.000,00

IPI FATURADO
a C/C IPI R$ 1.000,00

DIVERSOS
a DIVERSOS
ICMS SOBRE VENDAS R$ 1.700,00
PIS SOBRE VENDAS R$ 165,00
COFINS SOBRE VENDAS R$ 760,00 R$2.625,00
a C/C ICMS R$ 1.700,00
a C/C PIS R$ 165,00
a C/C COFINS R$ 760,00 R$2.625,00

b) Devolução da Venda

Composição da Devolução (Com NF de devolução):

ITENS R$
Valor da devolução 500,00
IPI s/ devolução (10%) – cobrado destacadamente 50,00
Valor total da nota 550,00
ICMS s/ devolução (17%) – incluído no preço 85,00
PIS s/ devolução (1,65%) – incluído no preço 8,25
COFINS s/ devolução (7,6%) - incluído no preço 38,00

DIVERSOS
a BANCOS C/ MOVIMENTO
DEVOLUÇÃO DE VENDAS R$500,00
FATURAMENTO BRUTO R$ 50,00 R$ 550,00

C/C IPI
a IPI FATURADO R$ 50,00

DIVERSOS
a DIVERSOS
41
C/C ICMS R$ 85,00
C/C PIS R$ 8,25
C/C COFINS R$ 38,00 R$ 131,25
a ICMS SOBRE VENDAS R$ 85,00
a PIS SOBRE VENDAS R$ 8,25
a COFINS SOBRE VENDAS R$ 38,00 R$ 131,25

As devoluções de vendas comporão a DRE como parcela redutora da Receita Bruta


de Vendas para a apuração da Receita Líquida de Vendas.

ABATIMENTO SOBRE COMPRAS

Nas operações mercantis problemas podem acontecer entre a saída da mercadoria


do estabelecimento vendedor e o ingresso no estabelecimento comprador. O
manuseio e o transporte podem danificar o produto, ou mesmo ocorrer um erro no
processamento do pedido por parte do fornecedor, como o envio de uma
mercadoria de cor azul quando o cliente solicitou preta. O produto também pode
sair fora de determinadas especificações técnicas estabelecidas pelo comprador.
Assim, poderá haver acordado entre o vendedor e o comprador para evitar a
devolução da mercadoria. São fatos contábeis após a emissão da nota fiscal, que
reduzem o preço da negociação. Diferente dos descontos incondicionais (ou
comerciais), dados no momento da venda e incluídos no preço final da transação
(constam das notas fiscais), ou com os descontos condicionais (ou financeiros) que
se referem a pagamentos efetuados antes do vencimento e que são considerados
receitas financeiras para o comprador e despesa financeira para o vendedor.
Em função do abatimento ser concedido posteriormente à emissão da Nota Fiscal,
estes valores não influenciarão os impostos que incidiram na operação,
prevalecendo o montante calculado, quando da ocorrência do fato gerador. O valor
do abatimento deverá ser registrado em uma conta retificadora da conta compras
(ou similar) que pode ser denominada abatimento sobre compras, ou diretamente
contra a conta que registre o estoque de mercadorias, no caso de inventário
permanente, conforme o exemplo abaixo:

Um bazar adquire de um revendedor 100 calculadoras para comercialização por


R$12.000, a prazo, incidentes as alíquotas de 17% de ICMS, 1,65% de PIS e 7,6%
da COFlNS. Ao receber o produto, observou que 15 ítens estavam fora das
especificações. Para que não fossem devolvidas, o vendedor concedeu um
abatimento de R$1.200,00 prontamente aceito pelo comprador.

a) Aquisição da Mercadoria

Composição da transação:

ITENS R$
Valor da compra 12.000,00
ICMS s/ compra (17%) – incluído no preço 2.040,00

42
PIS s/ compra (1,65%) - incluído no preço 198,00
COFINS s/ compra (7,6%) - incluído no preço 912,00
Valor total da nota 12.000,00
Valor líquido da mercadoria 8.850,00

DIVERSOS
a FORNECEDORES
MERCADORIAS R$8.850,00
C/C ICMS R$2.040,00
C/C PIS R$ 198,00
C/C COFINS R$ 912,00 R$12.000,00

b) Abatimento recebido

CAIXA
a ABATIMENTOS S/ COMPRAS (OU ESTOQUE) R$1.200,00

Verifica-se que não houve qualquer ajuste sobre o valor dos impostos incidentes na
operação, em virtude de ter sido um fato posterior à emissão da Nota Fiscal e que
não resultou em devolução de mercadorias. Esta redução aparecerá como redução
do Custo do Estoque (CMV).

ABATIMENTO SOBRE VENDAS

Para o vendedor, o abatimento concedido reduz o seu resultado e deverá ser


registrado como uma conta de resultado, redutora da Receita Bruta de Vendas (ou
similar), para apuração da Receita Líquida de Vendas. A ótica do vendedor no
exemplo anterior seria:

CLIENTES
a RECEITABRUTADE VENDAS R$12.000,00

DIVERSOS
a DIVERSOS
ICMS SOBRE VENDAS R$ 2.040,00
PIS SOBRE VENDAS R$ 198,00
COFlNS SOBRE VENDAS R$ 912,00 R$3.150,00
a C/C ICMS R$ 2.040,00
a C/C PIS R$ 198,00
a C/C COFlNS R$ 912,00 R$3.150,00

ABATIMENTO SOBRE VENDAS


a CLIENTES R$ 1.200,00

43
QUESTÕES DISCURSIVAS:

Conceitue e caracterize os principais procedimentos contábeis a serem adotados nos


itens abaixo:
1. DEVOLUÇÕES DE COMPRAS.
2. DEVOLUÇÕES DE VENDAS ou VENDAS CANCELADAS.
3. ABATIMENTOS SOBRE COMPRAS.
4. ABATIMENTOS SOBRE VENDAS.
5. DESCONTOS INCONDICIONAIS ou COMERCIAIS.
6. DESCONTOS CONDICIONAIS ou FINANCEIROS.

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA:

1) O tratamento contábil mais indicado para o registro das devoluções de


compras nas empresas que utilizam inventário permanente é:
a) Diretamente a crédito da conta do estoque de matérias-
primas/mercadorias;
b) Diretamente a débito da conta do estoque de matérias-
primas/mercadorias;
c) A débito de conta destacada do passivo retificando as obrigações da
operação;
d) A débito de conta retificadora do ativo estoque de matérias-
primas/mercadorias;
e) A débito da conta que registrou a obrigação, sem efeito sobre o estoque.

2) Com relação a apuração da DRE e das devoluções de compras e vendas


pode-se afirmar que:
a) As devoluções de compras e vendas compõem a DRE reduzindo Receita
Bruta;
b) Somente as devoluções de compras compõem a DRE reduzindo Receita
Bruta;
c) Ambas não produzem efeito sobre o resultado, pois são meramente
instrumentos de controle;
d) Ambas produzem efeito financeiro, mas as devoluções de vendas
compõem a DRE, reduzindo a Receita Bruta;
e) Ambas produzem efeito financeiro, entretanto sua essência é de controle
sobre os estoques, não afetando o resultado por competência.

3) Marque a alternativa que contempla característica dos abatimentos


concedidos pelo vendedor, por deficiência dos produtos objeto da venda.
a) São concedidos antes da negociação se concretizar;
b) São concedidos após a emissão da nota fiscal;

44
c) Recebem o mesmo tratamento contábil das devoluções;
d) Não influenciam no resultado do período;
e) Os tributos incidentes na venda devem ser estornados.

4) Um fabricante efetua a entrega de produtos a um comerciante optante do


lucro real, cujo total da fatura foi de R$43.200,00, com IPI destacado a
alícota de 8%, ICMS a 18%, PIS a 1,65% e COFINS a 7,6%. O
comerciante, ao receber o produto, percebeu que 20% estava em desacordo
com a encomenda. Para compensar o problema o fabricante ofereceu um
desconto de 25% sobre o valor da fatura. Com base neste desconto, qual o
valor final do estoque do comerciante.
a. R$32.400,00;
b. R$18.300,00;
c. R$21.204,00;
d. R$20.628,00;
e. R$29.200,00.
Gabarito (a, d, b, c)

45
AULA 6

FATOS QUE ALTERAM O VALOR DAS COMPRAS E DAS VENDAS


# DESCONTOS CONDICIONAIS E INCONDICIONAIS #

OBJETIVOS

- IDENTIFICAR OS DESCONTOS CONDICIONAIS E INCONDICIONAIS;


- COMPREENDER E APLICAR O ADEQUADO TRATAMENTO CONTÁBIL SOBRE OS
DESCONTOS;
- IDENTIFICAR, CALCULAR E APLICAR A COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS NOS
DESCONTOS;
- COMPREENDER O EFEITO FINANCEIRO SOBRE OS DESCONTOS, BEM COMO
SOBRE O PATRIMÔNIO E O RESULTADO.

INTRODUÇÃO

Conforme observado na aula anterior, nas transações, frequentemente se operam


negociações que alteram os custos de aquisição nas atividades de compra e as
receitas obtidas nas atividades de venda. Nesta aula trataremos dos descontos
condicionais e incondicionais sobre compra e venda, observando como os tributos
compensáveis incidentes nestas transações são calculados e registrados, bem como
seus efeitos sobre o patrimônio e o resultado das atividades de uma organização.

DESCONTOS INCONDICIONAIS OU COMERCIAIS

Os descontos incondicionais são os concedidos na Nota Fiscal, ou fatura de serviços,


independendo das condições de pagamento, ou seja, independem de evento
posterior à emissão do documento. São normalmente concedidos em virtude do
volume de vendas, da qualidade do comprador, para lançamento de novos produtos
etc. Os Tributos sobre Vendas são calculados após a dedução dos descontos
incondicionais concedidos, exceto no caso do IPI, em que é calculado sobre o valor
bruto da operação, em virtude da legislação - Regulamento do IPI- RIPI - art. 118,
§ 3º.

Desconto Incondicional ou Comercial Obtido

Os descontos incondicionais obtidos não são contabilizados pelo comprador. A


mercadoria é registrada pelo valor líquido negociado, ou seja, já reduzido do
desconto obtido. Nada impede, todavia, que a empresa, se assim o desejar,
contabilize o desconto através de uma conta retificadora da conta Compras ou do
Estoque, que poderá ser denominada “desconto comercial obtido”.
Tomemos como exemplo, uma organização comercial que adquire 15.000 unidades
de um produto de uma indústria, pelo preço unitário de R$10, IPI à alíquota de
10%. Como o comprador é um cliente habitual, que não atrasa o pagamento, o
46
vendedor concede um desconto de 20% no ato da venda, pelo pagamento à vista.
Sobre a operação incide, ainda, ICMS a 17%, PIS a 1,65% e COFINS a 7,6%.

Aquisição da Mercadoria

Composição da transação:

ITENS R$
Valor da compra 150.000,00
Desconto Incondicional (20% x 150.000,00) (30.000,00)
IPI (10% x 150.000,00) – cobrado destacadamente 15.000,00
Valor total da nota 135.000,00
ICMS s/ compra (17% x 120.000,00) - incluído no preço 20.400,00
PIS s/ compra (1,65% x 135.000,00) - incluído no preço 2.227,50
COFINS s/ compra (7,6% x 135.000,00) - incluído no preço 10.260,00
Valor líquido da mercadoria 102.112,50

Como o IPI não é recuperável neste exemplo e o produto é destinado à


comercialização, seu valor não entra na base de cálculo do ICMS (art. 155, § 2º,
inciso XI, da Constituição Federal). Porém, integra a base de cálculo do PIS e da
COFINS e pelo disposto nos arts. 66, § 3º, da Instrução Normativa nº247/2002, e
8º, § 3º, inciso I, da Instrução Normativa SRF nº404/2004.

DIVERSOS
a BANCOS CONTA MOVIMENTO
MERCADORIAS R$102.112,50
C/C ICMS R$ 20.400,00
C/C ICMS R$ 2.227,50
C/C IPI R$ 10.260,00 R$135.000,00

Pode-se notar que os descontos comerciais não foram contabilizados pelo


comprador, sendo esta a forma mais usual de contabilização.

Desconto Incondicional Concedido

Na empresa vendedora, os descontos comerciais devem ser contabilizados em conta


apropriada do Resultado, redutora da Receita Bruta de Vendas para apuração da
Receita Líquida. Utilizando-se dos dados do exemplo anterior, a contabilização no
vendedor seria a seguinte:

Venda da Mercadoria

Composição da transação:

ITENS R$
Valor da Venda 150.000,00
47
Desconto Incondicional (20% x 150.000,00) (30.000,00)
IPI (10% x 150.000,00) – cobrado destacadamente 15.000,00
Valor total da nota 135.000,00
ICMS s/ compra (17% x 120.000,00) - incluído no preço 20.400,00
PIS s/ compra (1,65% x 120.000,00) - incluído no preço 1.980,00
COFINS s/ compra (7,6% x 120.000,00) - incluído no preço 9.120,00
Valor líquido da venda 103.500,00

Como o IPI não é recuperável neste exemplo, porém o produto é destinado à


comercialização, seu valor não entra na base de cálculo do ICMS, em acordo com
art. 155, § 2º, inciso XI, da Constituição Federal, não integrando também à base de
cálculo do PIS e da COFINS para a operação de venda.

DIVERSOS
a FATURAMENTO BRUTO
BANCOS CONTA MOVIMENTO R$135.000,00
DESCONTOS COMERCIAIS R$ 30.000,00 R$165.000,00

IPI FATURADO
a C/C IPI R$ 15.000,00

DIVERSOS
a DIVERSOS
ICMS SOBRE VENDAS R$ 20.400,00
PIS SOBRE VENDAS R$ 1.980,00
COFINS SOBRE VENDAS R$ 9.120,00 R$ 31.500,00
a C/C ICMS R$ 20.400,00
a C/C PISA R$ 1.980,00
a C/C COFINS R$ 9.120,00 R$ 31.500,00

É importante observar que o valor do PIS e da COFINS para o vendedor é diferente


do valor para o comprador, em função da legislação em vigor art. 66, § 3º, da
Instrução Normativa nº247/2002 para o comprador, e art. 24 da mesma instrução
no caso do vendedor.

DESCONTOS CONDICIONAIS OU FINANCEIROS

Os Descontos Condicionais ou Financeiros são aqueles que dependem do


implemento de uma condição futura. Para o adquirente representa um ganho pela
antecipação da obrigação assumida, representando uma receita financeira e para o
estabelecimento vendedor é um direito a receber reduzido em função de uma
condição de antecipação, representando uma despesa financeira. Para ambos as
pessoas envolvidas estes fatos compõem o resultado operacional, como receita ou
despesa, respectivamente.

48
Desconto Condicional Obtido

Como para o adquirente o desconto obtido é uma receita, seu valor não afeta o
valor dos tributos incidentes sobre vendas e conseqüentemente sobre os tributos
recuperáveis.
Vejamos o exemplo em que uma empresa adquire 200 unidades de uma
mercadoria, a prazo, pelo valor total de R$50.000,00, com incidência de ICMS a
17%, PIS a 1,65%e COFINS a 7,6%. O pagamento foi acordado para 60 dias, com
uma cláusula que concede um desconto de 10% se o pagamento for efetuado em
até 30 dias. Considerando que o comprador quita sua duplicata no trigésimo dia, a
contabilização seria a seguinte:

Composição da transação:

ITENS R$
Valor da compra 50.000,00
ICMS (17% x 50.000,00) - incluído no preço 8.500,00
PIS (1,65% x 50.000,00) - incluído no preço 825,00
COFINS (7,6% x 50.000,00) - incluído no preço 3.800,00
Valor total da nota 50.000,00
Valor líquido da mercadoria 36.875,00

DIVERSOS
a FORNECEDORES
MERCADORIAS R$ 36.875,00
C/C ICMS R$ 8.500,00
C/C PIS R$ 825,00
C/C COFINS R$ 3.800,00 R$ 50.000,00

Pela obtenção do desconto:

FORNECEDORES
a DIVERSOS
a BANCOS CONTA MOVIMENTO R$ 45.000,00
a DESCONTOS FINANCEIROS OBTIDOS R$ 5.000,00 R$ 50.000,00

A partir da Lei 11.941/09 as receitas financeiras passaram a não compor a base de


cálculo do PIS e da COFINS. Desta forma, os Descontos Condicionais Obtidos não
devem integrar a base de cálculo dessas contribuições das pessoas jurídicas
optantes pelo Lucro Presumido.

Desconto Condicional Concedido

49
Conforme já comentado anteriormente, o DESCONTO CONDICIONAL CONCEDIDO é
considerado uma DESPESA FINANCEIRA e, portanto, seu valor não afeta o valor dos
tributos incidentes sobre vendas.
Utilizando-se do exemplo anterior, a contabilização deve ser efetuada pelo vendedor
da seguinte forma:

Venda

CLIENTES
a RECEITA BRUTA DE VENDAS R$50.000,00

DIVERSOS
a DIVERSOS
ICMS SOBRE VENDAS R$ 8.500,00
PIS SOBRE VENDAS R$ 825,00
COFINS SOBRE VENDAS R$ 3.800,00 R$13.125,00
a ICMS A RECOLHER R$ 8.500,00
a PIS A RECOLHER R$ 825,00
a COFINS A RECOLHER R$ 3.800,00 R$13.125,00

Reconhecimento do desconto

DESCONTOS FINANCEIROS CONCEDIDOS


a CLIENTES R$5.000,00

QUESTÕES DISCURSIVAS:

Conceitue e caracterize os principais procedimentos e tratamentos contábeis a


serem adotados nos itens relacionados abaixo.

1) DESCONTOS INCONDICIONAIS OU COMERCIAIS PARA O VENDEDOR.


2) DESCONTOS INCONDICIONAIS OU COMERCIAIS PARA O COMPRADOR.
3) DESCONTOS CONDICIONAIS OU FINANCEIROS PARA O VENDEDOR.
4) DESCONTOS CONDICIONAIS OU FINANCEIROS PARA O COMPRADOR.

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA:

1) Indique a alternativa que caracteriza os descontos incondicionais concedidos e


obtidos:
a) São implantados após emissão da nota fiscal da transação de venda;
b) O IPI incide sobre o valor líquido da operação de compra/venda;
c) Independem de evento posterior ao fato gerador da compra/venda;
d) Quem arca com a despesa do desconto é o comprador;
e) Não há efeito financeiro para o comprador nem vendedor.

50
2) Indique a alternativa que caracteriza os descontos condicionais concedidos e
obtidos:
a) Os tributos incidem sobre o valor líquido do desconto;
b) Não dependem evento posterior ao fato gerador da compra/venda;
c) É tratado como despesa financeira para o comprador;
d) São normalmente concedidos dentro da nota fiscal;
e) É tratado como receita financeira pelo vendedor.

3) Com relação aos tributos não cumulativos incidentes nas operações de


compra/venda, onde há descontos incondicionais ou comerciais, ou descontos
condicionais ou financeiros, uma das principais diferenças entre estes fatos é:
a) Os descontos comerciais não sofrem efeito tributário;
b) Os dois tipos não sofrem efeito tributário;
c) Os descontos financeiros sofrem efeito tributário;
d) Os dois tipos sofrem efeito tributário;
e) Os descontos financeiros não sofrem efeito tributário;

4) Quando uma empresa não contribuinte do IPI obtém descontos comerciais na


compra de produtos para revenda, diretamente do fabricante, com relação aos
tributos incidentes, é correto afirmar que:
a) O desconto é concedido sobre o total da nota não incluído o IPI, o IPI é
calculado sobre a mesma base, enquanto o ICMS é obtido sobre o valor
líquido do desconto e o PIS e a COFINS, sobre o valor da nota menos o
desconto mais o IPI;
b) O desconto é concedido sobre o total da nota mais o IPI, o IPI é calculado
sobre o total da nota, o ICMS sobre a mesma base e o PIS e a COFINS,
sobre o total da nota mais o IPI;
c) O desconto é concedido sobre o total da nota líquido do IPI e ICMS, o IPI é
calculado sobre o total da nota líquido do ICMS, o ICMS é calculado sobre o
valor da nota, mais o IPI e o PIS e COFINS, são obtidos pelo total da nota
não incluído o desconto;
d) O desconto é concedido sobre o total da nota mais IPI e o ICMS, o IPI é
obtido pelo valor da compra, o ICMS sobre a mesma base do IPI e o PIS e a
COFINS, sobre o total da nota, mais IPI, menos o ICMS e o desconto;
e) O desconto é concedido sobre o total da nota menos IPI e o ICMS, o IPI
sobre o valor líquido do desconto, o ICMS sobre o valor líquido do desconto
e o PIS e a COFINS, sobre o total da nota não incluído o desconto;

GABARITO (C, D, E A)

51
AULA 7

SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

OBJETIVO

- COMPRENDER E APLICAR OS CONCEITOS DE FATO GERADOR PRESUMIDO;


- COMPREENDER AS ESPÉCIES DE SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA;
- APLICAR A LEGISLAÇÃO PERTINENTE A SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA;
- CALCULAR E CONTABILIZAR ADEQUADAMENTE AS OPERAÇÕES DE VENDA E
COMPRA COM SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA;
- COMPREENDER AS RESPONSABILIDADES DA ENTIDADE SUBSTITUTA.

INTRODUÇÃO

A substituição tributária é um artifício utilizado pelos sujeitos ativos (Federal e


Estadual) para aumentar a eficiência da arrecadação e a fiscalização dos tributos de
cadeias produtivas mais longas (plurifásicos), ou seja, os tributos que incidem
várias vezes no decorrer da produção e circulação até o consumidor final. Este
instituto atribui ao sujeito passivo a responsabilidade pelo pagamento do tributo
devido pelo seu cliente. Esse recurso é utilizado na cobrança do ICMS (sendo
conhecido como ICMS/ST), embora também esteja previsto na regulamentação do
IPI. A incidência da substituição tributária é definida por produto. Por esta
sistemática o tributo plurifásico passa a ser recolhido de uma só vez, como se o
tributo fosse monofásico.

CONCEITOS E ESPÉCIES DE SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

Inicialmente, a substituição tributária alcançaria apenas os produtos de pequeno


valor e grande consumo, simplificando o processo de tributação e fiscalização, como
as vendas de cervejas, refrigerantes, onde o comerciante varejista não precisa
calcular e recolher o ICMS, pois ele já foi recolhido pela indústria, que se encarrega
de calcular e cobrar o imposto no momento da venda do produto ao
estabelecimento comercial.
Há várias espécies de substituição tributária: a substituição para frente, a
substituição para trás (ou diferimento), e a substituição propriamente dita.
Na substituição para frente, o tributo relativo a fatos geradores que deverão ocorrer
posteriormente é arrecadado de maneira antecipada, sobre uma base de cálculo
presumida. Assim, o estabelecimento industrial que vende certo produto, recolhe o
tributo devido por ele mesmo, e também o tributo que seria devido por toda a
cadeia até o consumidor final. Para compor a base de cálculo, o Estado deve
estabelecer critérios definidos em lei. A base de cálculo deve observar a realidade
de cada mercado, para fins de determinar o preço final praticado em cada operação.
Na substituição para trás, ou diferimento, o que ocorre é justamente o contrário.
Apenas a última entidade que participa da cadeia de circulação da mercadoria é que

52
paga o tributo, de maneira integral, inclusive relativamente às operações
anteriormente praticadas, invcluindo os seus resultados.
Na substituição normal, o contribuinte em determinada operação ou prestação é
substituído por outro que participa do mesmo negócio jurídico. Este é o caso, por
exemplo, do industrial que paga o tributo devido pelo prestador que lhe provém o
serviço de transporte.
Os valores recolhidos a título de substituição tributária são considerados definitivos,
a não ser que o fato gerador não se concretize é assegurado ao contribuinte
substituído o direito à restituição do valor do imposto pago pelo fato gerador
presumido, não realizado.
O substituto cobra o tributo devido na operação pelo substituído. A hipótese de
incidência do tributo, porém, permanece a mesma. Tanto é assim que a
Constituição menciona um fato gerador presumido, a ser realizado pelo substituído.
A responsabilidade poderá ser atribuída em relação ao imposto incidente sobre uma
ou mais operações ou prestações, sejam antecedentes, concomitantes ou
subsequentes, inclusive ao valor decorrente da diferença entre alíquotas interna e
interestadual nas operações e prestações que destinem bens e serviços a
consumidor final localizado em outro Estado, que seja contribuinte do imposto.

LEGISLAÇÃO

A substituição tributária foi regulamentada, inicialmente, pela Lei Complementar n o


44/83, que atribuía a empresa produtora ou industrial, em relação ao imposto
devido pelos comerciantes atacadistas e varejistas, a condição de contribuinte
responsável pelo cálculo, cobrança e repasse do imposto ao estado.
Posteriormente, o Convênio ICM/66, de 14/dez/1988, regulamentou melhor a
questão, citando textualmente (artigo 25) que a lei pode atribuir a condição de
substituto tributário a:

a) Industrial, comerciante ou outra categoria de contribuinte, pelo


pagamento do imposto devido na operação ou operações anteriores;
b) Produtor, extrator, gerador (inclusive de energia), industrial, distribuidor,
comerciante ou transportador, pelo pagamento imposto devido nas
operações subseqüentes.

A substituição tributária foi definitivamente incorporada ao sistema tributário


nacional através da Emenda Constitucional n o 3/93, que acrescentou o parágrafo
7° ao artigo 150 da Constituição de 1988:

A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária


a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou
contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente,
assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia
paga, caso não se realize o fato gerador presumido.

Apesar de expressamente definido na Carta Magna, o modelo substituição


tributária ainda é objeto de debates e questionamentos judiciais. A maior parte dos
contribuintes alega não existir ainda o fato gerador para pagamento do tributo
referente ao contribuinte substituído.
53
A principal característica da substituição tributária é a retenção (maioria das vezes)
do imposto pelo fabricante, no momento da venda para o atacadista, distribuidor ou
comerciante varejista. A substituição tributária será utilizada somente para os
produtos previstos na legislação aplicada a cada estado da Federação, sujeitos ao
regime. Assim, cada estado define os produtos que serão cobrados de forma
antecipada em seu território.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o refrigerante é um produto sujeito a substituição
tributária, o que significa que as indústrias localizadas no estado devem recolher o
ICMS próprio e também o ICMS (presumido) de comerciantes varejistas localizados
no Rio de Janeiro ou nos estados que façam parte do Protocolo para aplicação deste
regime nas operações interestaduais.
Assim, mesmo que o consumidor adquira um refrigerante em local remoto terá a
convicção da tributação do ICMS sobre aquele produto, pois o recolhimento foi feito
pela indústria, no momento da venda para o distribuidor, que se encarregou de
revender o produto para o bar.
Suponha que a Cia. Sol seja uma indústria de cervejas localizada no Estado do Rio
de Janeiro e venda seu produto para três contribuintes, sendo um localizado no
próprio Estado do Rio, outro em São Paulo e um terceiro contribuinte localizado na
Bahia. Caso o Estado da Bahia não faça parte do protocolo para recolhimento do
ICMS pelo regime de substituição tributária para este produto, a Cia. Sol não
deverá reter o ICMS na condição de substituto da empresa lá localizada. Contudo,
deverá reter e recolher o imposto dos outros dois contribuintes, recolhendo a parte
do contribuinte localizado em São Paulo no agente arrecadador designado por
aquele estado.

Contribuintes

No sistema de substituição tributária existem o contribuinte substituto e o


contribuinte substituído. Por exemplo, quando uma indústria de sorvete vende seus
produtos para uma rede de supermercados, ela já cobra o ICMS que seria devido
por ocasião da venda do sorvete para o consumi.:lar final. Assim, a indústria é o
contribuinte substituto. O supermercado, -: substituído. O consumidor final não é
nem substituto e nem substituído. '\a prática, é ele quem assume o ônus do
imposto.
O contribuinte substituído não será responsável, caso o contribuinte substituto não
recolha o imposto retido na operação de venda com este contribuinte. Ele somente
será responsabilizado se o ICMS não for retido na operação, o que poderá ser
facilmente identificado através da nota fiscal.

Fato Gerador Presumido

Nas vendas de produtos sujeitos a substituição tributária, verifica-se a existência de


duas realidades distintas, sobretudo por este regime abranger duas operações,
quais sejam: a operação própria, onde existe o fato gerador e as operações
posteriores, onde o fato gerador ainda irá acontecer.
Sobre a operação própria do contribuinte substituto, não há questionamento, pois o
fato gerador ocorreu de forma efetiva, fazendo nascer a obrigação tributária de
pagar o imposto.
Por outro lado, nas operações subseqüentes, ainda não se verifica a ocorrência
concreta da hipótese de incidência, abstratamente prevista na Lei. Neste caso,
cobra-se o tributo de forma antecipada, sem, no entanto, observar o acontecimento

54
do fato gerador efetivo da obrigação tributária. Na realidade, presume-se que esta
hipótese de incidência (revenda) irá ocorrer no futuro.

Exemplo:

Suponha dois contribuintes, uma Cia. Industrial, que processa e vende determinado
produto, incluído na legislação de substituição, e a Cia. Varejista, sendo ambas
localizadas no mesmo estado, com alíquota de 18% para o produto. A margem de
lucro definida em Lei para fins de substituição tributária do produto será de 25%. A
Cia. Industrial vende R$4.000 de produtos para a Cia. varejista, sendo a primeira a
substituta que deverá recolher o ICMS por substituição tributária.
O ICMS próprio será de R$720, admitindo que a empresa não possua crédito do
imposto. Este valor é devido, não há dúvida, pois existiu o fato gerador que foi a
venda dos produtos.
O ICMS substituição tributária será recolhido também pela Cia.Varejista, pelo valor
de R$180 (18% de R$1.000). O cálculo foi feito da seguinte forma:

BASE: R$ 4.000 x 1,25 = R$5.000 x 18%................................R$900


(-) O ICMS (PRÓPRIO) PAGO PELA CIA.VAREJISTA...................R$720
(=) ICMS DEVIDO COMO SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA..............R$180

Assim, a nota fiscal de venda da Cia. Industrial a Cia. Varejista será emitida pelo
valor total de R$ 4.180, sendo destacados na nota fiscal tanto o ICMS próprio
(valor de R$ 720) como o do comprador, no valor de R$180, sendo retido e
recolhido pela vendedora. Os registros contábeis da venda são os seguintes:

CIA. INDUSTRIAL:
Débito: Clientes....................................R$4.180
Crédito: Receita de Vendas....................R$4.180

Débito: ICMS s/ Vendas.........................R$720


Débito: ICMS por Substituição...............R$180
Crédito: C/C ICMS................................R$900

CIA. VAREJISTA:
Débito: Mercadorias..............................R$4.180
Crédito: Fornecedores...........................R$4.180

A substituição tributária não alterou o resultado da operação de venda, onde a


empresa substituta apenas assume a obrigação de ser a responsável pelo
recolhimento do ICMS, que seria devido pelo varejista. Este, por sua vez, não terá
nenhum valor de ICMS a Recuperar, já que o fato gerador foi presumido, ou seja,
uma provável venda ao consumidor final pelo preço total de R$ 5.000.
O problema é que nem sempre a venda ocorre exatamente pelo valor presumido
pelo legislador. Em alguns casos, a venda nem acontece.
Se houver devolução de vendas, a Industrial poderá registrar a parcela devolvida
no ativo, como crédito de ICMS. Caso a venda não seja realizada em virtude de
perda, roubo, quebra ou extravio, a compradora poderá pedir restituição do ICMS
55
cobrado na aquisição.

IPI, Frete, Desconto e o ICMS ST

A base de cálculo do ICMS contempla os gastos com frete e seguro, quando


incluídos na nota fiscal, além de considerar os descontos incondicionais concedidos
em no documento fiscal. Já o IPI não faz parte da base do ICMS, pelo menos nas
operações entre empresas contribuintes do imposto.
Então, admita-se a venda de mercadorias da indústria de um estado para uma
empresa comercial em outro estado, por R$30.000, com IPI de 10%, frete e seguro
de 5% e ICMS de 18%, cuja discriminação é seguinte:

(+) Preço de Venda........................R$30.000


(+) Frete e Seguro.........................R$ 1.500
(+) IPI..........................................R$ 3.150
(=) PREÇO FINAL...........................R$34.650

A base de cálculo do ICMS seria R$31.500, pois o produto é para revenda, bem
como considera o frete e o seguro. Apenas o IPI, dentre os itens descritos, fica de
fora. O ICMS próprio, no caso, seria de 18% de R$31.500, no montante de
R$5.670.
Para aplicação da Margem de Valor Agregado (MVA), para fins de cálculo do ICMS
ST, são considerados o frete, o seguro e o IPI, não considerando o desconto
incondicional. Portanto, admitindo que o produto vendido pela Indústria seja objeto
de substituição tributária e que a MVA seja 30%, o cálculo do ICMS ST seria o
seguinte:

BASE DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

Preço de Venda.......................................................R$30.000,00
Frete e Seguro........................................................R$ 1.500,00
ICMS PRÓPRIO (18%)..............................................R$ 5.670,00
IPI.........................................................................R$ 3.150,00
BASE p/ APLICAÇÃO MVA.........................................R$34.650,00
Margem de Valor Agregada.......................................30%
BASE DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA.......................R$45.045,00
Alíquota Interna do Estado........................................18%
ICMS TOTAL............................................................R$ 8.108,10
ICMS ST (R$8.108,10 - R$5.670,00)...................……….R$2.438,10
TOTAL DA NOTA (R$45.045,00 + R$2.438,10)............R$47.483,10

Tratamento Contábil na Empresa Substituída

Nas empresas substituídas, a proposta de ignorar o ICMS no registro contábil, nos


casos de substituição tributária, não é totalmente pacífica. Parte dos argumentos,
entende que o não registro do crédito do ICMS, do ICMS a Pagar e, principalmente,
do ICMS sobre vendas no resultado causa perda de qualidade na informação na
empresa substituída. Isso pode acontecer, principalmente nos grandes

56
estabelecimentos comerciais que adquirem elevadas quantidades de produtos com
substituição tributária. A omissão da parcela do ICMS pago na aquisição da
mercadoria (que aqui se refere ao ICMS ST e não aquele ICMS normal incluído na
nota fiscal, que é repassado indiretamente à etapa seguinte) pode distorcer a
informação transmitida pela demonstração do resultado do exercício.
Suponha que uma grande rede de supermercados, tenha receita de vendas de
R$1.000,00, sendo metade das vendas de produtos com tributação normal do ICMS
e a outra metade de produtos oriundos de substituição tributária. Se o ICMS sobre
vendas informado for R$60,00, o leitor poderá ser induzido a uma informação
equivocada e precipitada de que a tributação média sobre o consumo da empresa
em análise estaria em 6%. Seria utópico, no Brasil, um percentual médio tão baixo.
Mas, se o ICMS ST fosse reconhecido, a alíquota apresentada estaria mais próxima
da realidade.

QUESTÕES DISCURSIVAS:

1) Relacione e conceitue as principais espécies de substituição tributária


apresentados.

2) Conceitue fato gerador presumido.

3) Com relação aos tributos objeto de substituição tributária identifique o


tratamento a ser adotado e quais as obrigações da empresa substituta.

4) Com relação aos tributos objeto de substituição tributária identifique o


tratamento a ser adotado pela empresa substituída.

5) Suponha que uma Cia. Industrial de Refrigerantes processa e vende


determinado item, incluído na legislação de substituição tributária de um
determinado estado. Sobre um determinado refrigerante, cujo preço de venda
unitário é de R$2,00, incide uma alíquota de ICMS 18% e IPI a 10%. A margem
de lucro definida em Lei para fins de substituição tributária do ICMS do produto
é de 30%. Se a companhia vender 1.000 dúzias deste refrigerante a um
distribuidor no mesmo estado, qual será o total da fatura, o ICMS retido próprio
e o ICMS por efeito da substituição?

SOLUÇÃO:

Preço de venda (R$2 x 12.000)........................................ R$24.000,00


IPI destacado (10%)....................................................... R$ 2.640,00
ICMS próprio (R$24.000,00 x 0.18)................................... R$ 4.320,00
MVA 30% (R$26.400,00 x 1,30)....................................... R$34.320,00
ICMS total (R$34.320,00 x 0,18)...................................... R$ 6.177,60
ICMS ST (R$6.177,00 – R$4.320,00)................................. R$ 1.857,60
Total da Nota (R$34.320 + R$1.857,60)............................ R$36.177,60

6) Elabore a questão acima com os mesmos dados considerando um valor de frete


e seguro de R$1.200,00.

7) Elabore a questão anterior considerando que o comprador seja em outro estado

57
com o frete no valor de R$1.500,00.

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA:

1) Marque a alternativa que contempla a principal característica da substituição


tributária:
a) O recolhimento de tributos no final da cadeia produtiva;
b) A presunção da ocorrência do fato gerador até o consumidor final;
c) O substituído tributário é o responsável pelo recolhimento dos tributos;
d) A não incidência de tributos ao longo do ciclo econômico do produto;
e) A remissão de tributos incidentes ao longo do ciclo econômico do produto.

2) De acordo com o estudado os refrigerantes e cervejas no Estado do Rio de


Janeiro estão incluídos no regime de substituição tributária. Esta espécie
aplicada é:
a) Substituição tributária para trás;
b) Substituição do tributário simples;
c) Substituição por responsabilidade presumida;
d) Substituição tributária para frente;
e) Substituição tributária por conveniência estatal.

3) Nos institutos de substituição tributária há dois atores de destaque, o


substituído e o substituto. Com base no que foi estudado identifique a
alternativa correta:
a) O recolhimento dos tributos é de responsabilidade substituído;
b) O substituto não tem nenhuma responsabilidade perante a fazenda pública;
c) O substituto é o responsável tributário perante a fazenda pública;
d) O substituto é a entidade no final do ciclo do produto até o consumo;
e) Poderá haver mais de um substituto, conforme o produto.

4) Admita-se a venda de mercadorias de um atacadista de um estado para uma


empresa comercial em outro estado, por R$48.000, com frete e seguro incluído
na nota de 5% e ICMS de 18%. Sabendo-se que a transação está incluída em
convênio de substituição tributária, com margem de 20% e alícota de ICMS
interna do destinatário de 17%, pode-se afirmar que o ICMS ST será de:
a) R$9.072,00;
b) R$1.886,40;
c) R$1.728,00;
d) R$1.814,40;
e) R$1.209,60.

GABARITO (B, D, C, E)

58
AULA 8

IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA (IRPJ)


E O SIMPLES NACIONAL

OBJETIVO

- Compreender os elementos conceituais, estruturais e princípios


definidores do Imposto de Renda Pessoa Jurídica;
- Compreender as hipóteses de incidência, contribuintes e formas de
tributação do IRPJ;
- Compreender o sistema Simples Nacional;
- Definir, aplicar e calcular o imposto devido nas microempresas e
empresas de pequeno porte optantes pelo sistema Simples Nacional.

INTRODUÇÃO

Nas estruturas estatais de todo o mundo o Imposto de Renda representa uma


importante fonte de recursos para financiamento das atividades públicas. Este
tributo vincula-se ao conceito de renda estando calcado, principalmente, na
noção de ganhos de capital, não obstante à vinculação com os conceitos de
patrimônio, receita e faturamento, que constituem fatos geradores de outros
impostos, por vezes afetos à competência dos demais entes federativos. A
União tem a competência para instituir imposto sobre a renda e proventos de
qualquer natureza, que somente pode incidir sobre o fato gerador renda e
proventos de qualquer natureza, configurando-se sua aquisição a situação
necessária e suficiente à ocorrência da obrigação tributária, conforme os
ditames CTN. Neste contexto, os institutos contábeis configuram um
importante elo nas estruturas para a tributação deste imposto sobre as pessoas
jurídicas, assunto que passaremos a tratar a partir desta aula.

DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS

Competência:

A Constituição Federal, em seu art. 153, inciso III, define que a competência
Tributária do Imposto de Renda pertence à União.

Critérios Constitucionais que deverão informar o Imposto de Renda

De acordo com a Constituição Federal, o Imposto de Renda será informado


pelos critérios da Generalidade, da Universalidade e da Progressividade, na
forma da lei. Estes critérios significam o seguinte:
a) Generalidade - qualquer pessoa, independentemente da idade, profissão
ou capacidade civil pode ser abrangida pelo Imposto de Renda;
b) Universalidade - todos os rendimentos e proventos são passíveis de
tributação;
c) Progressividade - quanto maior o rendimento mais elevada deve ser a
alíquota.

Princípio Constitucional da Anterioridade

O princípio da Anterioridade está definido no art. 150, inciso III, b, que veda à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos no
mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, onde se conclui que qualquer alteração da legislação do Imposto de
Renda, que represente nova incidência ou majoração do tributo, só poderá
entrar em vogor no exercício seguinte ao de sua publicação.

Fato Gerador

O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer


natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou
jurídica de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos e de proventos de qualquer natureza, assim entendidos
os acréscimos patrimoniais. Ressalta-se ainda, que a incidência do imposto
independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização,
condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de
percepção, inclusive rendimento oriundos do exterior, onde a lei estabelecerá
as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de
incidência do imposto.
A "disponibilidade econômica" corresponde ao rendimento realizado, isto é,
dinheiro em caixa ou no bolso. A "disponibilidade jurídica" corresponde a
rendimento adquirido, isto é, do qual o beneficiário tem título jurídico que lhe
permite obter a respectiva realização em dinheiro, como, por exemplo, os
dividendos creditados e os juros incorridos.

Base de Cálculo

A base de cálculo do Imposto de Renda é o montante, real, arbitrado ou


presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. O CTN estabelece as
diretrizes gerais (normas gerais) da base de cálculo do imposto, porém,
compete à lei ordinária a descrição precisa da matéria tributável relativa ao
imposto (RIR/99).

Contribuintes

São definidos como contribuintes do imposto de renda o titular da


disponibilidade (econômica ou jurídica), sem prejuízo de arbitrar a lei essa
condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos
proventos tributáveis. Cabendo a possibilidade da Lei atribuir a fonte pagadora
da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto
cuja retenção e recolhimento lhe caibam.
Atendendo aos dispositivos constitucionais e às normas gerais estabelecidas
pelo Código Tributário Nacional, a União, exercendo sua competência, instituiu
o Imposto de Renda a ser pago pelas pessoas físicas ou jurídicas, quando da
ocorrência dos fatos geradores destes institutos tributários. São elas:

 As pessoas jurídicas;

 As empresas individuais.

As disposições tributárias do IR aplicam-se a todas as firmas e sociedades,


registradas ou não (inclusive as Socieddes de Fato).

Entidades Submetidas aos Regimes de Liquidação Extrajudicial e de


Falência

As entidades submetidas aos regimes de liquidação extrajudicial e de falência


sujeitam-se às normas de incidência do imposto aplicáveis às pessoas jurídicas,
em relação às operações praticadas durante o período em que perdurarem os
procedimentos para a realização de seu ativo e o pagamento do passivo (Lei
nº. 9.430/96, art. 60).

Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

As empresas públicas e as sociedades de economia mista, bem como suas


subsidiárias, são contribuintes nas mesmas condições das demais pessoas
jurídicas (Constituição Federal, art. 173, § 1º).

Pessoas Jurídicas

Consideram-se pessoas jurídicas:

 As pessoas jurídicas de direito privado,


domiciliadas no País, sejam quais forem seus fins, nacionalidade
ou participantes no capital;
 As filiais, sucursais, agências ou representações
no País das pessoas jurídicas com sede no exterior;
 Os comitentes domiciliados no exterior, quanto
aos resultados das operações realizadas por seus mandatários ou
comissários no País.
SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO

As sociedades em conta de participação são equiparadas às pessoas jurídicas.


Na apuração dos resultados dessas sociedades, assim como na tributação dos
lucros apurados e dos distribuídos, serão observadas as normas aplicáveis às
pessoas jurídicas em geral.
A forma de constituição jurídica das Sociedades em Conta de Participação, bem
como o seu funcionamento, está prevista nos arts. 325 a 328 do Código
Comercial Brasileiro. São constituídas por sócios ostensivos ou gerentes, cuja
responsabilidade é solidária e ilimitada, e por sócios ocultos, pessoas físicas ou
jurídicas, que não têm responsabilidade alguma perante terceiros, somente
perante a sociedade, não possuindo nome ou razão social. Os sócios gerentes
ou ostensivos, obrigatoriamente, devem ser comerciantes ou industriais,
mesmo que firma individual. Os sócios ocultos não aparecem; trabalham
individualmente ou em conjunto, em benefício do lucro comum, mas,
especialmente, contribuem na formação do capital necessário para a realização
do empreendimento.
Como a sociedade não tem personalidade jurídica, a sua existência é
comprovada por qualquer meio de prova admitida nos contratos comerciais,
tais como escrituras públicas, escrituração contábil, prova testemunhal,
correspondências, documentos contábeis e fiscais, etc. Nos documentos
relacionados com a atividade da SCP, o sócio ostensivo deverá fazer constar
indicação de modo a permitir identificar sua vinculação com a referida
sociedade.
A constituição da Sociedade em Conta de Participações não está sujeita às
formalidades legais prescritas para as demais sociedades, não sendo necessário
o registro de seu contrato social na Junta Comercial.
Normalmente, são constituídas por um prazo limitado, no objetivo de explorar
um determinado projeto. Após, cumprido o objetivo, a sociedade se desfaz. Os
resultados das Sociedades em Conta de Participação devem ser apurados pelo
sócio ostensivo, que também é responsável pela declaração de rendimentos e
pelo recolhimento dos tributos e contribuições devidos pela SCP.
A escrituração das operações da SCP poderá, à opção do sócio ostensivo, ser
efetuada nos livros deste ou em livros próprios da SCP. Quando utilizados os
livros do sócio ostensivo, os registros contábeis e as demonstrações financeiras
deverão estar destacados, de modo a evidenciar o que é registro de uma ou de
outra sociedade. Da mesma forma, no Livro de Apuração do Lucro Real
(LALUR), as demonstrações para a apuração do lucro real devem estar
perfeitamente destacadas.
O resultado apurado na SCP não pode ser misturado ao resultado do sócio
ostensivo. Para fins tributários são duas pessoas jurídicas distintas. Desta
forma, caso a SCP apure prejuízo fiscal (no caso de tributação com base no
lucro real) este não pode ser compensado com o lucro real apurado pelo sócio
ostensivo ou de outros sócios ocultos. O prejuízo fiscal apurado só pode ser
compensado com o lucro real apurado pela própria SCP em períodos futuros,
dentro dos limites estabelecidos para a compensação de prejuízos fiscais.
EMPRESAS INDIVIDUAIS

As empresas individuais, para os efeitos do imposto de renda, são equiparadas


às pessoas jurídicas. São empresas individuais:
a) As firmas individuais;
b) As pessoas físicas que, em nome individual, explorem, habitual e
profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou
comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a
terceiros de bens ou serviços;
c) As pessoas físicas que promoverem a incorporação de prédios em
condomínio ou loteamento de terrenos.

O ítem "b" acima não é aplicado às pessoas físicas que, individualmente,


exerçam as profissões ou explorem as atividades de:

a) Médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor,


economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e de outras
que lhes possam ser assemelhadas;
b) Profissões, ocupações e prestação de serviços não comerciais;
c) Agentes, representantes e outras pessoas sem vínculo empregatício
que, tomando parte em atos de comércio, não os pratiquem, todavia,
por conta própria;
d) Serventuários da justiça, como tabeliães, notários, oficiais públicos e
outros;
e) Corretores, leiloeiros e despachantes, seus prepostos e adjuntos;
f) Exploração individual de contratos de empreitada unicamente de
lavor, qualquer que seja a natureza, quer se trate de trabalhos
arquitetônicos, topográficos, terraplenagem, construções de alvenaria
e outras congêneres, quer de serviços de utilidade pública, tanto de
estudos como de construções;
g) Exploração de obras artísticas, didáticas, científicas, urbanísticas,
projetos técnicos de construção, instalações ou equipamentos, salvo
quando não explorados diretamente pelo autor ou criador do bem ou
da obra.

Prestação ou exploração individual de serviços ocorre quando um médico,


engenheiro, contador, etc. presta um serviço. A tributação dos rendimentos
apurados deve ser efetuada na pessoa física do prestador, mesmo que ele
esteja inscrito no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica. O serviço é
personalíssimo. O mesmo não acontece quando uma clínica médica, ou um
escritório de contabilidade (ou qualquer outra empresa de profissão
regulamentada) é contratado para prestar o serviço. Neste caso, quem presta o
serviço é uma empresa e não uma pessoa física. Quando uma pessoa física
contrata um profissional de mesma qualificação que a sua para prestar um
serviço (um contador contratando um outro contador, por exemplo), ocorre a
caracterização da pessoa jurídica, pois nesse caso o serviço não é pessoal, ele
pode ser prestado por qualquer outro profissional, desde que tenha
qualificações técnicas para tanto.
Um outro exemplo bastante comum é quando o proprietário de um caminhão
ou de um táxi contrata um motorista para prestar o serviço. Neste caso ocorre
a equiparação da pessoa física à pessoa jurídica, pois não está ocorrendo a
prestação pessoal do serviço pelo proprietário, está ocorrendo a exploração do
serviço. É irrelevante que a atividade esteja organizada sob a natureza jurídica
de firma individual ou prestada na qualidade de serviço autônomo.
Importante ressaltar que a contratação de auxiliares não tem influência na
caracterização, para fins tributários, como pessoa jurídica ou como pessoa
física. Considera-se auxiliar aquele que tenha uma qualificação profissional
diferente do contratante.

IMUNIDADES

A imunidade é restrita aos resultados relacionados com as finalidades


essenciais das entidades, não excluindo a atribuição, por lei, às entidades nela
referidas, como responsáveis pelo imposto que lhes caiba reter na fonte e não
as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do
cumprimento de obrigações tributárias por terceiros.

Entidades Imunes

São imunes:

 Os templos de qualquer culto;


 As instituições de educação;
 As instituições de assistência social;
 Os partidos políticos e suas fundações, sem fins lucrativos;
 As entidades sindicais de trabalhadores, sem fins lucrativos;
 As autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público
no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados às
suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes;

Condições para o Gozo da Imunidade das Instituições de Educação e


Assistência Social

É imune a instituição de educação ou de assistência social, sem fins lucrativos,


que atender aos seguintes requisitos:

a) Prestar os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à


disposição da população em geral, em caráter complementar às
atividades do Estado, sem fins lucrativos;
b) Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços
prestados.
c) Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e
desenvolvimento dos seus objetivos sociais.
d) Manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros
revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão.
e) Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data
da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas
e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer
outros atos ou operações que venham a modificar sua situação
patrimonial.
f) Apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em
conformidade com o disposto em ato da Secretariada Receita Federal;
g) Recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou
creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos
empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí
decorrentes (esta condição está suspensa pela concessão de medida
liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADIN – nº. 1.802-3).
h) Assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que
atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de
incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou
a órgão público;
i) Outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o
funcionamento das entidades a que se refere este item;
j) Considera-se entidade sem fins lucrativos a que não apresente
superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado
exercício, destine referido resultado integralmente ao incremento de
suas atividades.

Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital,


auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável
(condição também suspensa pela concessão de medida liminar na ADIN nº.
1.802-3).

ISENÇÕES

Consideram-se isentas do imposto de renda as instituições de caráter


filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem
os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição
do grupo de pessoas a que se destinem, sem fins lucrativos, desde que
atendam os seguintes requisitos:

a) Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços


prestados; Esta proibição não alcança a remuneração de dirigente, em
decorrência de vínculo empregatício, pelas Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público (OSCIP), qualificadas segundo a Lei nº.
9.790, de 23 de março de 1999, e pelas Organizações Sociais (OS),
qualificadas consoante a Lei nº. 9.637, de 15 de maio de 1998;
b) Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e
desenvolvimento dos seus objetivos sociais;
c) Manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros
revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão;
d) Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data
da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas
receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de
quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua
situação patrimonial;
e) Apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em
conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita
Federal;
f) Recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou
creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos
empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí
decorrentes;
g) As instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico
deverão assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição
que atenda às condições para gozo da isenção, no caso de
incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou
a órgão público.

Não estão abrangidos pela isenção do imposto de renda os rendimentos e


ganhos de capital, auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de
renda variável.
Considera-se entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em
suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido
resultado integralmente ao incremento de suas atividades.
Ainda são isentas do imposto de renda as seguintes entidades:

a) As de previdência privada fechadas e as sem fins lucrativos;


b) As empresas estrangeiras de transportes;
c) As Associações de Poupança e Empréstimo e as Bolsas de
Mercadorias e Valores;
d) As sociedades de investimento;
e) A binacional ITAIPU;
f) O Fundo Garantidor de Crédito - FGC.

As empresas de transporte referidas na letra "b" alcançam as companhias


estrangeiras de transporte terrestre, bem como as companhias estrangeiras de
navegação marítima e aérea se, no país de sua nacionalidade, as companhias
brasileiras de igual objetivo gozarem da mesma prerrogativa. A pessoa jurídica
deverá efetuar, com clareza e exatidão, o registro contábil das operações e dos
resultados correspondentes ao empreendimento isento, destacando-o do
registro das operações e dos resultados referentes a empreendimentos ou
atividades não abrangidos pela isenção.

NÃO-INCIDÊNCIA

As sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação


específica não terão incidência do imposto sobre suas atividades econômicas,
de proveito comum (operações com associados), sem objetivo de lucro. É
vedado às cooperativas distribuírem qualquer espécie de benefício às quotas
partes do capital ou estabelecer outras vantagens ou privilégios, financeiros ou
não, em favor de quaisquer associados ou terceiros, excetuados os juros até o
máximo de 12%(doze por cento) ao ano, atribuídos ao capital integralizado.
As sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação
específica pagarão apenas o imposto de renda calculado sobre os resultados
positivos das operações e atividades estranhas à sua finalidade, quando a
exercerem.
As sociedades cooperativas de consumo, que tenham por objeto a compra e
fornecimento de bens aos consumidores sujeitam-se às mesmas normas de
incidência dos impostos e contribuições de competência da União, aplicáveis às
demais pessoas jurídicas, mesmo que suas vendas sejam efetuadas
integralmente a associados (Lei nº. 9.532/97, art. 69).
As cooperativas de crédito são obrigatoriamente tributadas pelo lucro real,
conforme determina o art. 14 da Lei nº. 9.718/98. Os resultados obtidos pelas
cooperativas de crédito em aplicações financeiras junto a terceiros estão
submetidos à incidência do Imposto sobre a Renda por não se caracterizarem
como ato cooperado. Quando essas aplicações financeiras forem efetuadas
junto a outra sociedade cooperativa de crédito da qual a aplicadora seja miada,
configuram-se como verdadeiros atos cooperados, considerando-se abrangidos
na respectiva finalidade e Objetivos sociais, não submetendo-se à tributação
para o IRPJ.

FORMAS DE TRIBUTAÇÃO

Identificadas as pessoas jurídicas que não sofrem tributação do imposto de


renda sobre seus resultados (por serem imunes ou isentas), identificaremos as
formas de tributação do lucro pelas demais pessoas jurídicas.
Elas são, por opção ou por determinação legal, tributadas por uma das
seguintes formas:

a) Simples Nacional (forma de opção para ME e EPP);


b) Lucro Real (forma de opção da pessoa jurídica);
c) Lucro Presumido (forma de opção da pessoa jurídica);
d) Lucro Arbitrado (restrito aos agentes fiscais da fazenda).
SIMPLES NACIONAL

O SIMPLES é uma forma simplificada de apuração e recolhimento de uma parte


dos tributos e contribuições de competência da União. Foi instituído
inicialmente pela Lei 9.317/96, modificado pela Lei 9.841/99, ambas revogadas
pela Lei Complementar 123/2006, modificada pela LC 127/2007 e, finalmente,
a consolidação do Simples Nacional pela LC 128/2008, quando foi o instituindo
o atual tratamento tributário diferenciado às micro empresas e às empresas de
pequeno porte.
Assim, as pessoas jurídicas que se enquadram na condição de microempresa
ou empresa de pequeno porte poderão optar pela inscrição no Sistema
Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES. A formalização da opção pelo Simples
Nacional é feita até o último dia útil do mês de janeiro, pela INTERNET, sendo
irretratável para todo o ano calendário.

Alcance do Simples Nacional

O Simples Nacional tem como base de apuração a receita bruta, deduzidas as


devoluções de vendas e vendas canceladas, bem como os descontos
incondicionais, o IPI e o ICMS ST, quando registrados na receita bruta. Não são
alcançadas nesta sistemática as receitas financeiras, cujo imposto retido na
fonte é considerado como tributação definitiva e tratado como despesa, bem
como, outras receitas operacionais.

CÁLCULO PELO SIMPLES NACIONAL

Comércio

Uma empresa enquadrada como ME ou EPP e que apresente receita de revenda


de mercadorias seguirá a tabela constante do anexo I da LC 128/2008,
conforme abaixo:

Tabela de Enquadramento

RB(R$) - 12 meses ALÍQ IRPJ CSLL COFINS PIS INSS ICMS


% % % % % % %
Até 120.000 4,00 0,00 0,21 0,74 0,00 1,80 1,25
120.000,01 a 240.000 5,47 0,00 0,36 1,08 0,00 2,17 1,86
240.000,01 a 360.000 6,84 0,31 0,31 0,95 0,23 2,71 2,33
360.000,01 a 480.000 7,54 0,35 0,35 1,04 0,25 2,99 2,56
480.000,01 a 600.000 7,60 0,35 0,35 1,05 0,25 3,02 2,58
600.000,01 a 720.000 8,28 0,38 0,38 1,15 0,27 3,28 2,82
720.000,01 a 840.000 8,36 0,39 0,39 1,16 0,28 3,30 2,84
840.000,01 a 960.000 8,45 0,39 0,39 1,17 0,28 3,35 2,87
960.000,01 a 1.080.000 9,03 0,42 0,42 1,25 0,30 3,57 3,07
1.080.000,01 a 1.200.000 9,12 0,43 0,43 1,26 0,30 3,60 3,10
1.200.000,01 a 1.320.000 9,95 0,46 0,46 1,38 0,33 3,94 3,38
1.320.000,01 a 1.440.000 10,04 0,46 0,46 1,39 0,33 3,99 3,41
1.440.000,01 a 1.560.000 10,13 0,47 0,47 1,40 0,33 4,01 3,45
1.560.000,01 a 1.680.000 10,23 0,47 0,47 1,42 0,34 4,05 3,48
1.680.000,01 a 1.800.000 10,32 0,48 0,48 1,43 0,34 4,08 3,51
1.800.000,01 a 1.920.000 11,23 0,52 0,52 1,56 0,37 4,44 3,82
1.920.000,01 a 2.040.000 11,32 0,52 0,52 1,57 0,37 4,49 3,85
2.040.000,01 a 2.160.000 11,42 0,53 0,53 1,58 0,38 4,52 3,88
2.160.000,01 a 2.280.000 11,51 0,53 0,53 1,60 0,38 4,56 3,91
2.280.000,01 a 2.400.000 11,61 0,54 0,54 1,60 0,38 4,60 3,95
Fonte: Anexo I da LC 128/08

O cálculo do simples nacional é diferente do sistema anterior, pois será


utilizada a receita bruta dos 12 meses anteriores ao mês de apuração. Com
isso a tendência é que as ME e EPP com faturamento constante paguem a
mesma alícota durante todo o ano.

Exemplo:
Uma empresa qualificada como EPP, que iniciou suas atividades em junho do
ano 10, está enquadrada no simples nacional. O faturamento do ano anterior
(10) é apresentado a seguir:

Receita Bruta Média Mensal de % R$


Ano 10 Mensal (R$) Receita x 12 Enquadramento Simples
Devido
Junho 80.000,00 960.000,00 8,45 6.670,00
Julho 110.000,00 960.000,00 8,45 9.295,00
Agosto 120.000,00 1.140.000,00 9,12 10.944,00
Setembro 180.000,00 1.240.000,00 9,95 17.910,00
Outubro 200.000,00 1.470.000,00 10,13 20.260,00
Novembro 220.000,00 1.656.000,00 10,23 22.506,00
Dezembro 230.000,00 1.820.000,00 11,23 25.829,00

Faturamento do ano atual (11):

Receita Bruta Média Mensal de % R$


Ano 11 Mensal (R$) Receita x 12 Enquadramento Simples
Devido
Janeiro 130.000,00 1.954,285,68 11,32 14.716,00
Fevereiro 140.000,00 1.905.000,00 11,23 15.722,00
Março 160.000,00 1.906.666,70 11,23 17.968,00
Abril 220.000,00 1.884.000,00 11,23 24.706,00
Maio 210.000,00 1.952.727,27 11,32 23.583,00
Junho 250.000,00 1.666.666,67 10,23 25.575,00
Julho 150.000,00 2.170.000,00 11,51 17.265,00
Conforme observado acima, à medida que o tempo passa, a média aritimética
mensal varia revelando enquadramentos diferentes e, por conseguinte, alícotas
diferentes sobre a receita bruta mensal. Os valores para o enquadramento são
calculados obtendo-se a média dos últimos 12 meses ou a média mensal dos
últimos meses de operação, multiplicado por 12. O imposto devido é calculado
multiplicando-se a receita bruta auferida no mês pela alícota de
enquadramento. Por exemplo no mês de outubro/10 a média foi obtida
somando-se as receitas auferidas em junho, julho, agosto e setembro,
[(80.000 + 110.000 + 120.000 + 180.000)/4] x 12 = 1.470.000. A alícota de
enquadramento na tabela é 10,13% e o imposto devido é obtido aplicando-se
este percentual sobre a receita bruta do mês, ou seja, 0,1013 x R$200.000 =
R$20.260,00.

Empresas com vendas para o exterior

Uma empresa comercial ou industrial enquadrada no Simples Nacional poderá


realizar vendas para empresas exportadoras e descontar os valores referentes
aos tributos que seriam isentos em uma venda ao exterior por outra empresa
tributada pelo lucro real ou presumido.

Empresas Industriais

As empresas industriais que podem optar pelo Simples Nacional, seguem,


basicamente, as mesmas regras utilizadas para as empresas comerciais,
apenas acrescentando à alícota na faixa de enquadramento encontrada o
percentual de 0,5%.

Prestadoras de Serviços com INSS incluso no Super Simples

Algumas prestadoras de serviços foram beneficiadas com um melhor


tratamento fiscal a partir da LC 123/2006 e LC 128/2008, são elas:

 Creches, pré-escolas e estabelecimentos de ensino fundamental, escolas


técnicas, profissionais e de ensino médio, de línguas estrangeiras, de
artes, de cursos técnicos de pilotagem, preparatórios para concursos,
gerenciais e escolas livres;

 Agências terceirizadas de correios, agências de viagem e/ou de turismo e


agências lotéricas;

 Centros de formação de condutores de veículos automotores, de


transporte terrestre de passageiros e de carga;

 Serviços de instalação, de reparos e de manutenção geral, de usinagem,


solda, tratamento e revestimento em metais;
 Produções cinematográficas, audiovisuais, artísticas, e culturais, sua
exibição e apresentação, inclusive no caso de música, literatura, artes
cênicas, artes visuais, cinematográficas e audiovisuais;

 Transporte municipal de passageiros;

 Escritórios de serviços contábeis, observadas algumas obrigações de


prestação de serviços às micro empresas e empresas de pequeno porte,
conforme definido na LC 128/08.

Estas poderão optar pelo Simples Nacional aproveitando todos os benefícios,


como a inclusão da contribuição previdenciária patronal no recolhimento
simplificado, conforme tabela abaixo.

Tabela de Enquadramento

RB(R$) - 12 meses ALÍQ IRPJ CSLL COFINS PIS INSS ISS


% % % % % % %
Até 120.000 6,00 0,00 0,39 1,19 0,00 2,42 2,00
120.000,01 a 240.000 8,21 0,00 0,54 1,62 0,00 3,26 2,79
240.000,01 a 360.000 10,26 0,48 0,43 1,43 0,35 4,07 3,50
360.000,01 a 480.000 11,31 0,53 0,53 1,56 0,38 4,47 3,84
480.000,01 a 600.000 11,40 0,53 0,52 1,58 0,38 4,52 3,87
600.000,01 a 720.000 12,42 0,57 0,57 1,73 0,40 4,92 4,23
720.000,01 a 840.000 12,54 0,59 0,56 1,74 0,42 4,97 4,26
840.000,01 a 960.000 12,68 0,59 0,57 1,76 0,42 5,03 4,31
960.000,01 a 1.080.000 13,55 0,63 0,61 1,88 0,45 5,37 4,61
1.080.000,01 a 1.200.000 13,68 0,63 0,64 1,89 0,45 5,42 4,65
1.200.000,01 a 1.320.000 14,93 0,69 0,69 2,07 0,50 5,98 5,00
1.320.000,01 a 1.440.000 15,06 0,69 0,69 2,09 0,50 6,09 5,00
1.440.000,01 a 1.560.000 15,20 0,71 0,70 2,10 0,50 6,19 5,00
1.560.000,01 a 1.680.000 15,35 0,71 0,70 2,13 0,51 6,30 5,00
1.680.000,01 a 1.800.000 15,48 0,72 0,70 2,15 0,51 6,40 5,00
1.800.000,01 a 1.920.000 16,85 0,78 0,76 2,34 0,56 7,41 5,00
1.920.000,01 a 2.040.000 16,98 0,78 0,78 2,36 0,56 7,50 5,00
2.040.000,01 a 2.160.000 17,13 0,80 0,79 2,37 0,57 7,60 5,00
2.160.000,01 a 2.280.000 17,27 0,80 0,79 2,40 0,57 7,71 5,00
2.280.000,01 a 2.400.000 17,42 0,81 0,79 2,42 0,57 7,83 5,00
Fonte: Anexo III da LC 128/08

As empresas prestadoras beneficiadas seguirão as regras e formas de cálculo


das empresas comerciais. Não obstante, se a empresa tiver atividades de
vendas de mercadorias e serviços devem efetuar o enquadramento e cálculos
separadamente.

Prestadores de serviços com INSS pago em função da folha de salários

Algumas entidades prestadoras de serviços receberam tratamento diferenciado


nas LC 123/06 e 128/08, permitindo a opção pelo simples, não incluído o INSS,
que deve ser pago separadamente:
1. Construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive
sob a forma de subempreitada, execução de projetos, serviços de
paisagismo e decoração de interiores;

2. Serviços de vigilância, limpeza e conservação.

O cálculo respeita a mesma metodologia adotada nas empresas comerciais,


adotando a tabela a seguir, constante do anexo IV da LC 128/08.

Tabela de Enquadramento

RB(R$) - 12 meses ALÍQ IRPJ CSLL COFINS PIS ISS


% % % % % %
Até 120.000 4,50 0,00 1,22 1,28 0,00 2,00
120.000,01 a 240.000 6,54 0,00 1,84 1,91 0,00 2,79
240.000,01 a 360.000 7,70 0,16 1,85 1,95 0,24 3,50
360.000,01 a 480.000 8,49 0,52 1,87 1,99 0,27 3,84
480.000,01 a 600.000 8,97 0,89 1,89 2,03 0,29 3,87
600.000,01 a 720.000 9,78 1,25 1,91 2,07 0,32 4,23
720.000,01 a 840.000 10,26 1,62 1,93 2,11 0,34 4,26
840.000,01 a 960.000 10,76 2,00 1,95 2,15 0,35 4,31
960.000,01 a 1.080.000 11,51 2,37 1,97 2,19 0,37 4,61
1.080.000,01 a 1.200.000 12,00 2,74 2,00 2,23 0,38 4,65
1.200.000,01 a 1.320.000 12,80 3,12 2,01 2,27 0,40 5,00
1.320.000,01 a 1.440.000 13,25 3,49 2,03 2,31 0,42 5,00
1.440.000,01 a 1.560.000 13,70 3,86 2,05 2,35 0,44 5,00
1.560.000,01 a 1.680.000 14,15 4,23 2,07 2,39 0,46 5,00
1.680.000,01 a 1.800.000 14,60 4,60 2,10 2,43 0,47 5,00
1.800.000,01 a 1.920.000 15,05 4,90 2,19 2,47 0,49 5,00
1.920.000,01 a 2.040.000 15,50 5,21 2,27 2,51 0,51 5,00
2.040.000,01 a 2.160.000 15,95 5,51 2,36 2,55 0,53 5,00
2.160.000,01 a 2.280.000 16,40 5,81 2,45 2,59 0,55 5,00
2.280.000,01 a 2.400.000 16,85 6,12 2,53 2,63 0,57 5,00
Fonte: Anexo IV da LC 128/08

Prestadores de serviços com alícota obtida pelo percentual da folha

A outras entidades prestadoras de serviços foi permitida a opção pelo Simples,


incluindo o INSS, vinculando, entretanto, o enquadramento ao cálculo de um
fator (F) obtido pela divisão da folha de salários, incluídos os encargos, pela
receita bruta, conforme formulação abaixo destacada.

F (fator) = Folha de salários + encargos (12 meses)


Receita Bruta (12 meses)

As atividades beneficiadas são:

1. Cumulativamente administração e locação de imóveis de terceiros;


2. Academias de dança, de capoeira, de ioga e artes marciais;

3. Academias de atividades físicas, desportivas e escolas de esportes;

4. Elaboração de programas de computadores, inclusive jogos eletrônicos,


desde que desenvolvidos no estabelecimento do optante;

5. Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação;

6. Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas


eletrônicas, desde que realizados no estabelecimento do optante;

7. Empresas montadoras de estandes para feiras;

8. Laboratórios de análises clinicas ou de patologia clínica;

9. Serviços de tomografia, diagnósticos médicos por imagem, registros


gráficos e métodos óticos, bem como ressonância magnética; e

10. Serviços de prótese em geral.

Tabela de Enquadramento por Fator

RB(R$) - 12 meses F F F F F F F F
menor entre entre entre entre entre entre maior
que 0,10 e 0,15 e 0,20 e 0,25 e 0,30 e 0,35 e 0,40
0,10 0,149 0,199 0,249 0,299 0,349 0,399
Até 120.000 17,50 15,70 13,70 11,82 10,47 9,97 8,80 8,00
120.000,01 a 240.000 17,52 15,75 13,90 12,60 12,33 10,72 9,10 8,48
240.000,01 a 360.000 17,55 15,95 14,20 12,90 12,64 11,11 9,58 9,03
360.000,01 a 480.000 17,95 16,70 15,00 13,70 13,45 12,00 10,56 9,34
480.000,01 a 600.000 18,15 16,96 15,30 14,03 13,53 12,40 11,04 10,06
600.000,01 a 720.000 18,45 17,20 15,40 14,10 13,60 12,60 11,60 10,60
720.000,01 a 840.000 18,55 17,30 15,50 14,11 13,68 12,68 11,68 10,68
840.000,01 a 960.000 18,62 17,32 15,60 14,12 13,69 12,69 11,69 10,69
960.000,01 a 1.080.000 18,72 17,42 15,70 14,13 14,08 13,08 12,08 11,08
1.080.000,01 a 1.200.000 18,86 17,56 15,80 14,14 14,09 13,09 12,09 11,09
1.200.000,01 a 1.320.000 18,96 17,66 15,90 14,49 14,45 13,61 12,78 11,87
1.320.000,01 a 1.440.000 19,06 17,76 16,00 14,67 14,64 13,89 13,15 12,28
1.440.000,01 a 1.560.000 19,26 17,96 16,20 14,86 14,82 14,17 13,51 12,68
1.560.000,01 a 1.680.000 19,56 18,30 16,50 15,46 15,18 14,61 14,04 13,26
1.680.000,01 a 1.800.000 20,70 19,30 17,45 16,24 16,00 15,52 15,03 14,29
1.800.000,01 a 1.920.000 21,20 20,00 18,20 16,91 16,72 16,32 15,93 15,23
1.920.000,01 a 2.040.000 21,70 20,50 18,70 17,40 17,13 16,82 16,38 16,17
2.040.000,01 a 2.160.000 22,20 20,90 19,10 17,80 17,55 17,22 16,82 16,51
2.160.000,01 a 2.280.000 22,50 21,30 19,50 18,20 17,97 17,44 17,21 16,94
2.280.000,01 a 2.400.000 22,90 21,80 20,00 18,60 18,40 17,85 17,60 17,18
Fonte: Adaptada do anexo V da LC 128/08.

Exemplo:
A Academia de Ginástica Malhação, optante do Simples Nacional obteve no mês
de maio de X11 os seguintes dados para cálculo do Simples:

 Receita Bruta do mês...............................................R$ 99.500,00


 Média da folha com encargos dos últimos 12 meses.....R$ 28.650,00
 Média de receitas dos últimos 12 meses......................R$114.200,00

Memória de cálculo do enquadramento para pagamento do Simples:

F = 12 x 28.650 = 343.800 = 0,250876


12 x 114.200 1.370.400

Enquadramento: 1.370.400 (faixa 1.320 a 1.440); F = 0,2509 (0,25 a 0,299);


Percentual de enquadramento do simples = 14,64%
Simples do mês = R$99.500 x 0,1464 = R$14.566,80

Ultrapassagem do limite

A EPP que ultrapassar o limite de R$2.400.000,00 de receita bruta deverá se


desenquadrar do Simples, devendo optar pelo lucro real ou presumido no ano
calendário seguinte, tendo que cumprir todas as obrigações tributárias antes
incluídas no Simples Nacional. Caso o limite seja ultrapassado ao longo do ano
calendário o excesso de receita sofrerá acréscimo de 20% sobre a última
alícota aplicada.

Microempreendedor individual

A LC 128/08 contemplou a figura do microempreendedor individual (MEI) que


poderá optar pelo recolhimento nas bases do Simples. É considerado MEI, o
empresário individual que auferir receita bruta no ano calendário anterior de
até R$36.000,00 e não estiver impedido de optar pelo Simples. A LC estabelece
valores fixos para os optantes enquadrados como MEI, independendo da
receita auferida, montando a soma dos seguintes valores: R$45,65 de INSS,
mais R$1,00 se for contribuinte do ICMS e R$5,00 se for contribuinte do ISS.
Estes contribuintes também são beneficiados com tratamento diferenciado no
processo de registro e redução a zero dos valores referentes às taxas,
emolumentos e demais custos relativos à abertura, à inscrição, ao registro e à
concessão de alvará de funcionamento provisório.

QUESTÕES DISCURSIVAS:

1) O que se entende por entidades imunes ao IRPJ. Cite 3 exemplos.


2) Defina sucintamente o que se entende por contribuinte do Imposto de
Renda.
3) Cite trê exemplos de entidades isentas do IRPJ.
4) Defina sucintamente a base de apuração do simples nacional.
5) Enumere e conceitue as principais formas de tributação do IRPJ.
6) Defina sucintamente o simples nacional e quais os tipos de pessoas
habilitadas a este tipo de tributação.
7) As entidades prestadoras de serviços podem optar pelo simples nacional?
Quais as opções disponíveis no caso deste enquadramento?
8) O que se entende por microempreendedor individual?

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA:

1) Quanto ao fato gerador do imposto, de competência da União, sobre a


renda e proventos de qualquer natureza, indique a alternativa que melhor
caracteriza a hipótese de incidência:
a) A aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de
renda sobre produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos
e de proventos de qualquer natureza;
b) A aquisição de direitos sobre bens, mesmo que os
rendimentos sobre estes ainda não tenham sido realizados jurídica ou
economicamente;
c) Os bens adquiridos com base no capital, no trabalho ou
através da combinação de ambos, mesmo que ainda não tenham sido
realizados jurídica ou economicamente;
d) A valorização dos bens e direitos adquiridos
independentemente da sua realização e da sua disponibilidade para fins
de incidência do imposto;
e) A aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de
bens e direitos adquiridos pela valorização do capital, do trabalho ou a
combinação de ambos.

2) Com base nos conceitos de "disponibilidade econômica" e "disponibilidade


jurídica", pode-se afirmar que:
a) No primeiro o beneficiário tem título jurídico que lhe permite obter a
respectiva realização em dinheiro e o segundo trata-se de rendimento já
realizado e no bolso;
b) O primeiro corresponde aos rendimentos ainda não realizados como
dividendos adquiridos e os juros incorridos, enquanto o segundo
corresponde aos rendimentos realizados, ou seja dinheiro em caixa;
c) O primeiro corresponde à disponibilidade para a realização econômica,
enquanto o segundo corresponde a confirmação do direito sobre bens
adquiridos;
d) O primeiro corresponde ao rendimento realizado, isto é, dinheiro em
caixa ou no bolso e o segundo corresponde ao rendimento adquirido;
e) Há uma grande similaridade nos dois conceitos, ambos correspondendo
ao rendimento já realizado, com dinheiro em caixa ou no bolso.
3) Marque a alternativa mais completa e adequada a composição da base de
cálculo do Imposto de Renda:
a) O montante simplificado, realizado ou arbitrado, da renda e dos
proventos tributáveis;
b) O montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos
tributáveis;
c) O montante realizado, diferido ou presumido, da renda e dos proventos
tributáveis;
d) O total das receitas advindas da realização de bens e direitos que
correspondam a atividade principal da pessoa jurídica;
e) O total de receitas advindas da venda de bens e direitos independente
da atividade e dos custos de sua realização.

4) O SIMPLES NACIONAL é uma forma simplificada de apuração e


recolhimento de uma parte dos tributos das pessoas jurídicas. As pessoas
jurídicas que podem se enquadrar nesta modalidade são:
a) Somente as classificadas como microempresa e empresa de pequeno
porte cuja a renda não ultrapasse R$240.000 ao mês;
b) Todas as microempresas e empresas de pequeno porte cuja a renda
líquida mensal não ultrapasse R$200.000 ao mês ao longo do ano;
c) As microempresas ou empresa de pequeno porte, cuja a receita bruta
anual não ultrapasse R$2.400.000,00;
d) Somente as microempresas e empresas de pequeno porte de cunho
comercial com rendimentos líquidos anuais até R$2.400.000;
e) Todas as sociedades independente da sua formação jurídica ou
classificação econômica, cuja a receita líquida anual não ultrapasse
R$2.400.000.

GABARITO (A, D, B, C)
AULA 9

IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA - LUCRO REAL

OBJETIVOS

- IDENTIFICAR E COMPREENDER OS PRINCIPAIS INSTITUTOS DO LUCRO


REAL;
- DIFERENCIAR E APLICAR OS CONCEITOS RELACIONADOS ÀS
MODALIDADES DE LUCRO REAL;
- EFETUAR OS AJUSTES POR ADIÇÃO, EXCLUSÃO E COMPENSAÇÃO;
- EFETUAR O CÁLCULO DO IRPJ DEVIDO PELO LUCRO REAL TRIMESTRAL;
- EFETUAR O CÁLCULO DO IRPJ POR ESTIMATIVA (REGIME ANUAL) E
APURAR O RESPECTIVO BALANÇO DE SUSPENSÃO.

INTRODUÇÃO

A tributação Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) - Lucro Real, se dá pela


apuração contábil dos resultados, com os ajustes determinados pela legislação
fiscal. A base de cálculo do imposto, segundo a lei vigente, se dá na data de
ocorrência do fato gerador, ou seja, o lucro real correspondente ao período de
apuração, ou por estimativa do faturamento. Em regra, todos os ganhos e
rendimentos de capital integram a base de cálculo para sua apuração, qualquer
que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza,
da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que
decorram de ato ou negócio que, pela sua finalidade, tenha os mesmos efeitos
do previsto na norma específica de incidência do imposto. Esta é uma forma de
tributação mais complexa, requerendo escrita contábil regular para as pessoas
jurídicas obrigadas e optantes. As demais pessoas jurídicas não obrigadas ao
Lucro Real também podem optar por esta sistemática e as que não o apurarem
deverão fazê-lo pelo SIMPLES ou pelo Lucro Presumido.

LUCRO REAL

Pessoas Jurídicas Obrigadas ao Lucro Real

Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas (Lei nº.


9.718/98, artigo 14):

I. Cuja receita total, no ano-calendário anterior,


seja superior ao limite de R$48.000.000,00 (este limite foi
introduzido pela Lei nº. 10.637/02, art. 46), ou proporcional ao
número de meses do período, quando inferior a doze meses;
II. Cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de
investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas,
sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de
crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores
mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobiliários,
empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito,
empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de
previdência privada aberta;

III. Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de


capital oriundos do exterior;

IV. Que, autorizadas pela legislação tributária,


usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do
imposto;

V. Que, no decorrer do ano-calendário, tenham


efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na formado
art. 2º da Lei nº. 9.430, de 1996;

VI. Que explorem as atividades de prestação


cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,
mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração
de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios
resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de
serviços (jactoring).

As pessoas jurídicas de que tratam os itens I, III, IV e V, excepcionalmente,


poderão optar, durante o período em que estiverem submetidas ao Programa
de Recuperação Fiscal - REFIS, pelo regime de tributação com base no lucro
presumido (Lei nº 9.964/00). Apesar de estarem obrigadas ao Lucro Real, a
legislação facultou a essas empresas a tributação pelo Lucro Presumido, desde
que tenham aderido ao REFIS, que é um parcelamento especial, cujas
prestações são calculadas em função do faturamento da empresa, as demais
pessoas jurídicas não enquadradas nos itens I a VI podem optar pelo Lucro
Real.

Conceito de Lucro Real

Conceitualmente o Lucro Real significa o próprio lucro tributável, para fins da


legislação do imposto de renda, diferente do lucro líquido apurado
contabilmente. De acordo com o artigo 247 do RIR/99, lucro real é o lucro
líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou
compensações previstas ou autorizadas pela legislação fiscal. A determinação
do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de
apuração com observância das leis comerciais.
O Lucro Líquido do Exercício referido no conceito acima é a soma algébrica do
resultado operacional e de outros resultados. A apuração do Resultado do
Exercício para fins de Imposto de Renda é diferente da apuração do Resultado
do Exercício previsto na legislação societária. A grande diferença, além dos
ajustes por adições e exclusões, está nas informações relativas às participações
estatutárias sobre o lucro. As participações estatutárias de empregados,
administradores e partes beneficiárias (art. 190 da Lei nº. 6.404/76), bem
como, as participações de debenturistas, no demonstrativo de resultados
exigido pela legislação fiscal do imposto de renda, são informadas antes da
provisão para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e antes da provisão
para Imposto de Renda. Na legislação societária estas participações são
informadas depois da provisão para o Imposto de Renda. Por esta razão, as
participações de partes beneficiária e de administradores, que são indedutíveis
no cálculo do Imposto de Renda, devem ser adicionadas ao lucro líquido para
fins de determinação do lucro real, enquanto as participações de empregados e
as atribuídas a debêntures de emissão da empresa não são ajustadas.
O imposto devido em cada período será calculado mediante a aplicação da
alíquota de 15% sobre a base de cálculo, isto é, o Lucro Real. Existe, ainda, um
adicional de 10% que será aplicado sobre a parcelado lucro real que excederão
resultado da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número dos meses do
respectivo período de apuração.

Ajustes por Adições

Uma das formas de ajustes efetuados sobre o lucro líquido do exercício são as
adições. As adições são efetuadas por duas razões:

 Existem valores que diminuem o resultado contábil do exercício como


despesas registradas, que não são aceitas na legislação tributária, bem
como, valores que, por diversas razões na forma da lei, deixaram de ser
tributados no período de competência, tendo sido diferidos por
determinado tempo e, findo este, são adicionados à base de cálculo.

 Diversas normas e regras definem o tratamento fiscal das despesas.


Estes valores que reduzem o lucro contábil, também reduzem o imposto
de renda que incide sobre o lucro.

De acordo com o RIR/99, arts. 247 e 274, § 1º, as pessoas jurídicas


submetidas à tributação com base no lucro real deverão apurar o lucro líquido
de cada período de apuração com observância das disposições da Lei 6404/76
e modificações subsequentes, a qual será procedida no Livro de Apuração do
Lucro Real (Lalur), ajustado pelas adições, exclusões ou compensações
prescritas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda para a
determinação do lucro real, observando-se que serão adicionados ao lucro
líquido (RIR/99, art. 249):
a) Os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e
quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de
acordo com a legislação tributária, não sejam dedutíveis na determinação
do lucro real;
b) Os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não
incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação
tributária, devam ser computados na determinação do lucro real.

A apuração do lucro real, exige a apuração das demonstrações contábeis,


ajustando-se o lucro líquido apurado no Demonstração de Resultado, após a
Provisão para a CSSLL e antes da provisão para o IR, pelas adições, exclusões
e compensações previstas na legislação. As adições, fundamentalmente, são
representadas por despesas contabilizadas, porém não dedutíveis para a
apuração do Lucro Real.
Por exemplo, se uma pessoa jurídica apurar um lucro contábil de
R$400.000,00, contabilizando despesas não dedutíveis, para fins fiscais, de
R$80.000,00, deverá ajustar o lucro contábil, através do Livro de Apuração do
Lucro Real (LALUR), uma vez que este lucro não pode e não deve ser alterado
contabilmente. Este ajuste é efetuado através de uma adição ao lucro contábil,
de R$80.000,00, na Parte “A"do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR). Este
ajuste mantém o lucro contábil em R$400.000,00, mas, para fins fiscais ele
será de R$480.000,00, valor igual ao lucro contábil se houvesse a
contabilização das despesas indedutíveis.
O LALUR é dividido em duas partes. A parte "A" é utilizada para apurar o Lucro
Real do período, onde se efetuam as adições, exclusões e compensações. A
parte "B" é utilizada para controle de valores que irão afetar o lucro real de
períodos posteriores, não havendo a necessidade de qualquer controle, salvo se
houver algum evento futuro, como por exemplo uma despesa com provisão
que será dedutível apenas quando o fato que deu causa a provisão ocorrer.
Neste caso, a despesa seria adicionada e anotada na Parte "B" do LALUR, para
ser excluída, quando efetivamente a perda provisionada se materializasse.
Incluem-se nas adições de que trata o artigo 249, parágrafo único (Decreto nº.
3.000/99-Regulamento do Imposto de Renda - RIR99):

I. Ressalvadas as disposições especiais deste Decreto, as quantias


tiradas dos lucros ou de quaisquer fundos ainda não tributados para
aumento do capital, para distribuição de quaisquer interesses ou
destinadas a reservas, quaisquer que sejam as designações que
tiverem, inclusive lucros suspensos e lucros acumulados (Decreto-Lei
nº 5.844, de 1943, art. 43, § 1º, alíneas "f", "g" e "i ");
II. Os pagamentos efetuados à sociedade civil de que trata o § 3º do art.
146 quando esta for controlada, direta ou indiretamente, por pessoas
físicas que sejam diretores, gerentes, controladores da pessoa jurídica
que pagar ou creditar os rendimentos, bem como pelo cônjuge ou
parente de primeiro grau das referidas pessoas (Decreto-Lei nº 2.397,
de 21 de dezembro de 1987, art. 4º);

III. Os encargos de depreciação, apropriados contabilmente,


correspondentes ao bem já integralmente depreciado em virtude de
gozo de incentivos fiscais previstos neste Decreto;

IV. As perdas incorridas em operações iniciadas e encerradas no mesmo


dia (day-trade), realizadas em mercado de renda fixa ou variável (Lei
nº 8.981, de 1995, art. 76, § 3º);

V. As despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores,


ressalvado o disposto na alínea "a" do inciso II do art. 622 (Lei nº
9.249, de 1995, art. 13, inciso IV);

VI. As contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear


seguros e planos de saúde, e benefícios complementares
assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos
empregados e dirigentes da pessoa jurídica (Lei nº 9.249, de 1995,
art. 13, inciso V);

VII. As doações, exceto as referidas nos arts. 365 e 371, caput (Lei nº
9.249, de 1995, art. 13, inciso VI);

VIII. As despesas com brindes (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso VII);

IX. O valor da contribuição social sobre o lucro líquido, registrado como


custo ou despesa operacional (Lei nº 9.316, de 22 de novembro de
1996, art. 1º, caput e parágrafo único);

X. As perdas apuradas nas operações realizadas nos mercados de renda


variável e de swap, que excederem os ganhos auferidos nas mesmas
operações (Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 4º);

XI. O valor da parcela da Contribuição para o Financiamento da


Seguridade Social – COFINS, compensada com a Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido, de acordo com o art. 8º da Lei nº 9.718, de
1998 (Lei nº 9.718, de 1998, art. 8º, § 4º).

Os valores que, por competirem a outro período de apuração, tiverem sido


adicionados ao lucro líquido do período de apuração, ou dele excluídos, serão
excluídos do lucro líquido ou a ele adicionados, respectivamente.

Ajustes por Exclusão


O segundo tipo de ajustes, para a apuração da base de cálculo do Imposto de
Renda pelo Lucro Real, são as exclusões, que poderão ser (Art. 250 RIR/99):

I. Os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação do


imposto de renda e que não tenham sido computados na apuração do
lucro líquido do período de apuração;

II. Os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores


incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o
Regulamento, não sejam computados no lucro real.

As exclusões, em parte, são representadas pelas receitas corretamente


contabilizadas, porém não tributáveis. Também são excluídos os valores cuja
tributação pode ser diferida.
Por exemplo, se uma empresa apurou um lucro contábil de R$450.000,00,
contabilizando receitas não tributáveis para fins fiscais, de R$150.000,00,
poderá ajustar o lucro contábil, via LALUR, uma vez que este lucro não pode e
não deve ser alterado contabilmente. A exclusão ao lucro contábil deverá ser
de R$150.000,00, na Parte "A" do LALUR. Este ajuste mantém o lucro contábil
em R$450.000,00, porém, para fins fiscais, ocorrerá uma redução do montante
tributável para R$300.000,00 que é equivalente ao lucro que seria apurado na
contabilidade se não houvesse a contabilização das receitas não tributáveis.
Neste caso, não há necessidade de controle na Parte "B" do LALUR, pois a
receita é isenta de tributação. O controle seria necessário se o valor
correspondesse a uma receita diferida ou a uma parcela do lucro com
tributação adiada para um período futuro, a exemplo de um lucro na venda de
bens do permanente para recebimento do todo ou em parte após o término do
exercício social seguinte. Nesta última hipótese, o lucro diferido seria excluído
num primeiro período e anotado na Parte "B"do LALUR, ara ser adicionado,
quando do efetivo recebimento das parcelas pela venda do bem.
São exemplos de exclusões:

a) As reversões das provisões anteriormente constituídas, quando


foram consideradas indedutíveis;
b) Lucros e dividendos de investimentos avaliados pelo custo de
aquisição, recebidos após seis meses da aquisição do investimento,
e resultados positivos da avaliação de investimentos pela
equivalência patrimonial;
c) Os rendimentos e ganhos de capital nas transferências de imóveis
desapropriados para fins de reforma agrária, quando auferidos pelo
desapropriado (Constituição Federal, art. 184, § 5º);
d) Os dividendos anuais mínimos distribuídos pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento (Decreto-Lei nº. 2.288/86, art. 5º, e Decreto-Lei
nº 2.383, de 87, art. 1º);
e) Os juros produzidos pelos Bônus do Tesouro Nacional - BTN e pelas
Notas do Tesouro Nacional - NTN, emitidos para troca voluntária
por Bônus da Dívida Externa Brasileira, objeto de permuta por
dívida externa do setor público, registrada no Banco Central do
Brasil, bem assim os referentes aos Bônus emitidos pelo Banco
Central do Brasil, para os fins previstos no art. 8º do Decreto-Lei
nº. 1.312, de 15 de fevereiro de 1974, com a redução dada pelo
Decreto-Lei nº 2.105, de 24 de janeiro de 1984 (Lei nº 7.777/89,
arts. 7º e 8º, e Lei nº 8.249/91, art. 5º);
f) Os juros reais produzidos por Notas do Tesouro Nacional - NTN,
emitidas para troca compulsória no âmbito do Programa Nacional
de Privatização - PND, controlados na parte "B" do Livro de
Apuração do Lucro Real, os quais deverão ser computados na
determinação do lucro real no período do seu recebimento (Lei nº.
8.981/95, art. 100 e parágrafo único);
g) Benefícios de depreciação/amortização/exaustão acelerada
incentivada.

Conceito de Ajustes por Compensação

O terceiro tipo de ajustes, na determinação do Imposto de Renda com base no


Lucro Real, são as COMPENSAÇÕES, que se referem exclusivamente ao
prejuízo fiscal ("lucro real" negativo de períodos anteriores), que diminuí a base
de cálculo pelo Lucro Real em períodos futuros até se esgotar.
Quando uma pessoa jurídica, tributada pelo Lucro Real, apura prejuízo no
LALUR, ou seja, após os ajustes de adições, exclusões e compensações, não
haverá pagamento de Imposto de Renda, uma vez que este incide sobre o
lucro. Este prejuízo, de acordo com a legislação tributária, poderá ser
"guardado" na parte "B" do LALUR para ser compensado quando da apuração
de resultado positivo.
O prejuízo fiscal apurado em períodos-base anteriores, compensável,
entretanto, é limitado a 30% (trinta por cento) do lucro líquido ajustado pelas
adições e exclusões.
Cabe observar, ainda considerando que a compensação pode se estender por
muitos anos, que se impõe à pessoa jurídica a manutenção dos livros e
documentos exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal
utilizado (Lei nº. 9.065/95, art. 15 e parágrafo único). Somente assim é
possível conferir a origem real dos prejuízos. Esta determinação faz-se
necessária em vista do instituto da decadência, em função do qual se admite,
de forma geral, a destruição de livros e comprovantes dos lançamentos após
certo lapso de tempo.
Para exemplificar o controle da compensação de prejuízos, vejamos o seguinte
exemplo:

CONTA R$
1. Prejuízos Fiscais Acumulados anteriores a 31/12/X3 300.000,00
2. Prejuízo Fiscal apurado em 31/12/X4 200.000,00
3. Lucro Contábil apurado em X5 600.000,00
4. Despesas não-dedutíveis contabilizadas em X5 100.000,00
5. Receitas não-tributáveis contabilizadas em X5 80.000,00
6. Lucro Real antes da compensação de X5 (600.000,00 +
620.000,00
100.000,00 - 80.000,00)
7. Prejuízo compensável em X5 (30% x 620.000,00) 186.000,00
8. Lucro Real de X5 (620.000,00 - 186.000,00) 434.000,00
9. Imposto de Renda devido em X5 84.500,00
10. Prejuízos Fiscais a compensar nos exercícios seguintes 314.000,00

APURAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA PELO LUCRO REAL

O imposto de renda, na sistemática do lucro real, é apurado trimestralmente,


ou anualmente, com as exceções das situações especiais, como a fusão, a
cisão, a incorporação e o encerramento de atividades.
A lei que regula a questão da incidência do IR é bastante abrangente. Diz ela
que, a partir de 1995, o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive das
equiparadas, das sociedades civis em geral e das sociedades cooperativas em
relação aos resultados obtidos nas operações ou atividades estranhas à sua
finalidade, será devido à medida que os rendimentos, ganhos e lucros forem
sendo auferidos (Lei nº. 8.981/95, art. 25, e Lei nº. 9.430/96, arts. 1º e 55).

Período de apuração

O imposto de renda com base no lucro real, presumido ou arbitrado será


determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de
março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-
calendário.
Alternativamente à apuração trimestral, o contribuinte poderá optar pela
apuração anual do imposto de renda, encerrando o resultado em 31 de
dezembro de cada ano-calendário. Esta opção não significa pagar o tributo
apenas no final do exercício, pois, neste caso, fará uma antecipação mensal,
denominada de apuração por estimativa.
Nos casos de incorporação, fusão ou cisão, a apuração da base de cálculo e do
imposto devido será efetuada na data do evento. Na extinção da pessoa
jurídica, pelo encerramento da liquidação, a apuração da base de cálculo e do
imposto devido será efetuada na data desse evento.

Alíquotas e Adicionais

Uma vez determinada a base de cálculo, seja pelo lucro real, presumido ou
arbitrado, aplica-se sobre esta a alíquota básica, mais o adicional quando for o
caso, nos percentuais a seguir especificados.

Alíquota Geral
A pessoa jurídica, seja comercial ou civil o seu objeto, pagará o imposto à
alíquota de 15% (quinze por cento) sobre o lucro real apurado trimestralmente
ou anualmente.

Adicional

A parcela do lucro real que exceder ao valor resultante da multiplicação de


R$20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de
apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto à alíquota de 10%
(dez por cento).
O adicional aplica-se, inclusive, nos casos de incorporação, fusão ou cisão e de
Extinção da pessoa jurídica pelo encerramento da liquidação.
A apuração por estimativa sobre a receita bruta e acréscimos ou com base em
balanços de suspensão ou redução, exigida das empresas tributadas pelo lucro
real, optantes pela apuração definitiva anual, também está sujeita ao adicional.
O adicional de que trata este item será pago juntamente com o imposto de
renda apurado pela aplicação da alíquota geral de 15%.
O valor do adicional será recolhido integralmente como receita da União, não
sendo permitidas quaisquer deduções a título de incentivos fiscais.

REGIME ANUAL DO LUCRO REAL - ESTIMATIVA

A lei permite que, alternativamente à apuração trimestral, as empresas


tributadas pelo lucro real possam optar pela apuração anual, obrigando-se,
entretanto, ao recolhimento mensal por estimativa.
Assim, a pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto com apuração
anual deverá apurar o lucro real, obrigatoriamente, em 31 de dezembro de
cada ano. A forma de apuração anual do lucro real não difere, na sua essência,
da apuração trimestral.
O recolhimento mensal por estimativa pressupõe pagamento do imposto. Desta
forma uma empresa pode estar pagando um tributo mesmo não tendo lucro.
Por este motivo, a legislação do imposto de renda prevê a possibilidade do
pagamento do imposto ser suspenso ou reduzido, desde que o contribuinte
comprove, com base em balanço ou balancete, que o valor acumulado já pago
excede o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real
do período em curso. Nesta situação a empresa deve levantar um balanço ou
balancete compreendendo o início do período de apuração e a data em que se
está efetuando a apuração do resultado intermediário. Sempre que a pessoa
jurídica quiser suspender ou reduzir o pagamento do imposto deverá levantar
este resultado acumulado, ou seja, do início do período até o mês em curso.
Ressalta-se ainda que, as antecipações do imposto com base em estimativas
não existem se a apuração for trimestral.
A opção pela apuração anual é manifestada com o recolhimento do imposto
(estimado sobre a receita bruta e acréscimos ou com base em balanço ou
balancete de suspensão ou redução) relativo ao mês de janeiro, ou seja, com
vencimento em fevereiro. O lucro real efetivo é apurado em 31 de dezembro de
cada ano. O imposto anual, mesmo que já parcialmente ou integralmente pago,
é contabilizado a crédito de conta do passivo circulante e a débito da conta
Resultados do Exercício.
Este passivo é extinto mediante transferência da conta do ativo circulante, que
registra o imposto a compensar. Caso persista saldo credor, este deve ser
quitado até o último dia útil do mês de março do ano subseqüente ao do
período base. Se as antecipações superarem o imposto anual devido, ou
quando este último inexistir, o valor recolhido em excesso por estimativa pode
ser compensado com os recolhimentos de imposto de renda a partir do mês de
janeiro do ano subseqüente, assegurada a alternativa de requerer, após a
entrega da declaração de rendimentos, a restituição do montante pago a
maior.

Pagamento Antecipado do Imposto

A pessoa jurídica optante pela tributação com base no lucro real anual deverá
efetuar o pagamento do imposto e adicional, em cada mês, determinado sobre
base de cálculo estimada ou com base em balanço ou balancete apurado. A
estimativa é apurada a partir da receita bruta, sendo acrescida pelos demais
resultados. Porém, a empresa tem como suspender ou reduzir os recolhimentos
por estimativa em qualquer mês, desde que demonstre que o imposto já
recolhido é suficiente para cobrir o devido até aquela data.
Uma vez identificada a base de cálculo, adotando-se uma das formas
apresentadas no parágrafo precedente, aplicar-se-á sobre esta a alíquota de
15% (quinze por cento). Ainda, se a base de cálculo exceder ao valor
resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de
meses do respectivo período de apuração, o excesso sujeita-se à incidência de
adicional de imposto à alíquota de 10% (dez por cento).
A opção pela apuração do IR anual será manifestada com o pagamento do
imposto estimado correspondente ao mês de janeiro ou de início de atividade.
Conforme já comentado, todas as empresas tributadas pelo lucro real, por
obrigação ou por opção, podem adotar a sistemática de apuração anual.
Porém, isto não significa que o imposto também possa ser pago anualmente.
Estas empresas obrigam-se a apurar um lucro e o respectivo imposto,
mensalmente, de forma provisória, para, no final do exercício, apurarem o
Lucro real com base no balanço anual,determinando,desta forma, o imposto do
ano todo, do qual será compensado aquele recolhido mensalmente.
Se, porém, as empresas acharem que o imposto mensal apurado na forma
"estimada" excederá ao que será devido no ano, poderão suspender ou reduzir
o pagamento do imposto devido em cada mês utilizando-se de outra forma de
apuração. Prova-se com balanços ou balancetes, acumulados até aquele mês,
levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro
Diário, que o imposto devido até aquela data já foi parcialmente ou
integralmente pago.
É importante notar que o balanço de suspensão ou redução pode ser levantado
em qualquer mês do ano. Isto significa que as empresas optantes pelo lucro
real anual possuem as seguintes alternativas:

a) Apuram o imposto de renda, mensalmente, de forma


estimada sobre a receita bruta e acréscimos, recolhendo tal
valor, efetuadando as devidas reduções e compensações;

b) Suspendem ou reduzem o valor apurado na forma referida na


letra anterior, demonstrando, através do levantamento da
base de cálculo real até aquela data, que o imposto já pago é
suficiente, ou parcialmente suficiente, para quitar o imposto
devido.

Exemplificando, imaginemos a seguinte hipótese: uma empresa iniciou o ano


de X10 optando pela apuração anual do lucro real em 31/12/X10. Fica,
portanto, na obrigação de antecipar mensalmente o imposto. Assim, recolhe
relativamente a 01/X10, 02/X10 e 03/X10, calculados sobre a receita bruta e
acréscimos, um imposto de renda de:

PERÍODO IRPJ DEVIDO


01/X10 R$10.000,00
02/X10 R$ 9.000,00
03/X10 R$ 8.000,00

Caso continuasse na forma de apuração estimada sobre a receita bruta e


acréscimos, recolheria sobre o mês 04/X10, digamos, R$14.000,00. Resolveu,
então, levantar um balanço ou balancete, apurando o correspondente lucro
real, relativamente ao período de 01/01/X10 a 30/04/X10, para ver o quanto
efetivamente devia no período. Suponha-se que tenha apurado, um lucro real
de R$90.000,00, com um imposto de R$21.500 (15% de 90.000,00 + 10% de
(90.000 - (4 x 20.000,00)). Desta forma pode suspender o pagamento relativo
ao mês de abril/X10, pois deve, até 30/04/X10, o valor de R$21.500, já tendo
antecipado (recolhido) R$37.000 (10.000,00 + 9.000,00 + 8.000,00).
Caso o imposto apurado pelo lucro real no primeiro quadrimestre fosse de
R$32.000,00, então o valor a recolher referente 04/X10 seria de R$8.000,00
(35.000,00 - 27.000,00).
No mês de maio/X10 a empresa novamente pode apurar o imposto calculado
sobre a receita bruta e acréscimos obtidos naquele mês, ou levantar outro
balanço de suspensão ou redução para o período de 01/01/X10 a 31/05/X10,
optando pela hipótese mais vantajosa.
Para exemplificar as possibilidades de variação nas opções de recolhimento por
estimativa de empresas optantes pelo lucro real anual:

Mês: Janeiro
Forma de apuração por Valor Saldo Valor a pagar Saldo
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
10.00,00 ---- 10.000,00
Acréscimos
Com base em Balanço de
12.000,00 -------------- 10.000,00
Suspensão ou Redução

Mês: Fevereiro
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
14.000,00 10.000,00 -----------
Acréscimos
Com base em Balanço de
12.000,00 2.000,00 12.000,00
Suspensão ou Redução

Mês: Março
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
5.000,00 12.000,00 5.000,00
Acréscimos
Com base em Balanço de
Não Fez ------------- 17.000,00
Suspensão ou Redução

Mês: Abril
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
18.000,00 17.000,00 ----------
Acréscimos
Com base em Balanço de
16.000,00 ---------- 17.000,00
Suspensão ou Redução

Mês: Maio
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
21.000,00 17.000,00 --------
Acréscimos
Com base em Balanço de Prejuízo
-------- 17.000,00
Suspensão ou Redução Fiscal

Mês: Junho
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
3.500,00 17.000,00 -----------
Acréscimos
Com base em Balanço de
8.000,00 ---------- 17.000,00
Suspensão ou Redução

Mês: Julho
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
2.000,00 17.000,00 2.000,00
Acréscimos
Com base em Balanço de
20.000,00 --------- 19.000,00
Suspensão ou Redução

Mês: Agosto
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
20.0000,00 19.000,00 ------------
Acréscimos
Com base em Balanço de
22.0000,00 3.000,00 22.000,00
Suspensão ou Redução

Mês: Setembro
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
5.000,00 22.000,00 5.000,00
Acréscimos
Com base em Balanço de
Não Fez --------- 27.000,00
Suspensão ou Redução

Mês: Outubro
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
28.000,00 27.000,00 ------------
Acréscimos
Com base em Balanço de
25.000,00 ------------- 27.000,00
Suspensão ou Redução

Mês: Novembro
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
10.000,00 27.000,00 10.000,00
Acréscimos
Com base em Balanço de
38.000,00 ------------- 37.000,00
Suspensão ou Redução

Mês: Dezembro
Forma de apuração por Saldo Valor a pagar Saldo
Valor
Estimativa anterior relativo ao pago
Apurado
pago mês até o mês
Sobre Receita Bruta e
8.000,00 37.000,00 8.000,00
Acréscimos
Com base em Balanço de
50.000,00 ----------- 45.000,00
Suspensão ou Redução

Cabe ressaltar que o imposto de renda anual será igual ao apurado com base
em balanço de suspensão ou redução do mês de dezembro, uma vez que tais
balanços sempre abrangem o período de 1º de janeiro até o final do mês de
referência.
Ainda é interessante observar que a empresa já poderia ter recolhido o saldo
do imposto como estimativa do mês de dezembro, de R$13.000,00 (50.000,00
- 37.000,00), uma vez que ela já conhecia o imposto anual. Porém, preferiu
recolher apenas o mínimo obrigatório, de R$8.000,00, deixando o restante para
a declaração de ajuste, com vencimento em 31 de março do ano seguinte,
sujeito, porém à taxa Selic, a partir de 1º de fevereiro do ano seguinte, sendo
que, no mês do pagamento, a taxa de juros é de 1%. Portanto, dependendo
das oportunidades de investimento da empresa, o valor restante, de
R$5.000,00, poderia ser pago no último dia útil do mês de fevereiro, apenas
com acréscimo de 1%, ou no último dia útil do mês de março, acrescido da
taxa Selic de fevereiro, mais 1%.
No caso das estimativas recolhidas ao longo do ano excederem ao imposto
anual devido, o saldo é compensável a partir de janeiro do ano subseqüente.
Quanto à atualização, a parcela correspondente à estimativa referente ao mês
de dezembro, por ter sido recolhida em janeiro do ano seguinte, é atualizável a
partir de fevereiro. O excedente desta parcela, se houver, é atualizável pela
Selic já a partir de janeiro (Lei 9.532/97, arts. 73 e 81, II).

CÁLCULO DA ESTIMATIVA COM BASE NA RECEITA BRUTA E


ACRÉSCIMOS

Percentual Geral

A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a


aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida
mensalmente, observadas as disposições a seguir.
A regra geral para a apuração da base de cálculo do imposto mensal devido por
estimativa sobre a receita bruta é de 8%. Esta "regra geral" alcança,
especificamente, receitas das seguintes atividades:

a) Da venda de produtos de fabricação própria ou adquiridos para


revenda;
b) Da industrialização, por encomenda, de produtos em que os
insumos tenham sido fornecidos por quem encomendou a
industrialização;
c) De serviços hospitalares;
d) De transporte de cargas;
e) De atividades de loteamento de terrenos, incorporação
imobiliária e venda de imóveis construídos ou adquiridos para
revenda;
f) Da atividade de construção por empreitada, quando houver
emprego de material fornecido pelo empreiteiro (ADN 6/97);
g) Da atividade rural.

Para exemplificar a apuração da base de cálculo pela regra geral, considere-se


uma empresa comercial com receita bruta mensal mais acréscimos de
R$120.000. Nesta opção, a base de cálculo para fins de estimativa do Imposto
de Renda sobre a receita bruta seria de R$9.600 (120.000 x 8%). Neste caso o
imposto devido seria de R$1.440 = 15% de R$9.600.

Percentual Sobre Receita de Combustíveis

O percentual de 1,6% aplica-se sobre a receita bruta mensal auferida na


revenda para consumo de combustível derivado de petróleo (querosene,
gasolina, óleo diesel), álcool etílico carburante e gás natural (Lei 9.249/95, art.
15, § 1º, inc. I). É importante notar que não é qualquer derivado de petróleo
que tem este percentual de estimativa do lucro. O óleo lubrificante, por
exemplo, vendido no posto de gasolina, tem o lucro projetado em 8%.

Serviços de Transporte de Passageiros e Serviços Financeiros

O lucro será estimado em 16% (dezesseis por cento):


a) Para a atividade de prestação de serviços de transporte,
exceto o de carga para o qual se aplicará o percentual de 8%;
b) Para as pessoas jurídicas cujas atividades sejam de
bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário,
sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de
arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de
seguros privados e de capitalização e entidades de previdência
privada aberta.

Prestação de Serviços em Geral

A estimativa será de 32% (trinta e dois por cento), para as atividades de:
a) Prestação de serviços em geral, exceto os já mencionados
anteriormente;
b) Intermediação de negócios;
c) Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e
direitos de qualquer natureza;
d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria
creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos,
administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos
creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de
prestação de serviços (factoring).
e) Prestação de serviços de profissões legalmente regulamentadas.

Enquadra-se na letra "a" a construção por administração ou empreitada


unicamente de mão-de-obra quando não há fornecimento de materiais, e
qualquer outro serviço não mencionado expressamente.
As atividades de corretagem de seguros ou de imóveis e as de representação
comercial são consideradas atividades de intermediação de negócios
mencionada no item "b".
Na letra "c" está compreendida a receita proveniente da administração de
imóveis próprios e de terceiros. Os rendimentos de aluguéis de imóveis
próprios, quando a empresa tem como objeto a administração de imóveis
próprios, são considerados receita bruta para efeito de cálculo do imposto a ser
pago por estimativa, aplicando-se o percentual de 32% (ou 16%). Os
rendimentos de aluguéis, quando o objeto da empresa não é a administração
de imóveis próprios, serão considerados nas demais receitas e não como
receita bruta (ADN 10/93).

Prestadoras de Serviços de Baixa Receita

A base de cálculo mensal do imposto das pessoas jurídicas exclusivamente


prestadoras de serviços, relacionadas nas letras "a" até "d" do item
precedente, cuja receita bruta não ultrapasse, no ano, a R$ 120.000,00 (cento
e vinte mil reais), será determinada mediante aplicação do percentual de 16%
(dezesseis por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente. Vale
lembrar que serviços hospitalares e de transporte de carga são estimados,
independentemente de valor, em 8%.
Se, no decorrer do ano, a receita bruta ultrapassar o limite de R$ 120.000,00 e
a empresa, antes de atingir este patamar, estimou o lucro com a utilização do
percentual favorecido de 16%, considera-se ter havido uma insuficiência de IR
estimado. Neste caso, no mês em que se registrar o excesso, a empresa
apurará a estimativa calculada em 32% sobre a receita bruta total do mês, e
acrescerá, ao lucro assim determinado, a insuficiência de lucro dos meses
anteriores em razão da aplicação do percentual de 16%. A insuficiência será
recolhida juntamente com o IR estimado relativo ao mês do excesso, sem
acréscimos legais (IN nº11/96, art. 3º,§§ 3º e 4º).
A questão do percentual de estimativa diferenciado (16% ou 32%), utilizável
pelas empresas de prestação de serviços em geral, em razão do montante
anual do faturamento (R$120.000,00), apresenta-se confusa, pois a empresa
normalmente não tem como prever, ao iniciar os recolhimentos mensais, se a
receita do ano superará ou não o limite. Neste caso, inicia-se apurando o lucro
estimado pela aplicação, sobre a receita bruta mensal, do percentual de 16%.
Caso a receita bruta supere o limite anual de R$120.000,00, o que faz com que
o lucro de todos os meses do ano deva ser estimado pelo percentual de 32%,
haverá recolhimento complementar, calculado retroativamente, vencendo-se o
imposto de renda (e a contribuição social sobre o lucro líquido) juntamente
com aquele apurado no mês em que o limite foi ultrapassado, não havendo,
porém, necessidade de recolhê-lo com acréscimos de juros e multa.
Para exemplificar, suponhamos que uma empresa prestadora de serviços de
lavagem de veículos, tributada pelo lucro real anual, apurou nos quatro
primeiros meses do ano de 2004 a seguinte receita bruta:

1º mês: R$ 30.000,00;
2º mês: R$ 50.000,00;
3º mês: R$ 50.000,00;
4º mês: R$ 20.000,00.

O imposto de renda correspondente, caso haja opção pelos recolhimentos


mensais calculados por estimativa sobre a receita bruta e acréscimos, deverá
ser recolhido nas seguintes datas e valores:

I. O relativo ao mês 1 - no último dia útil de 02, de R$720,00


(30.000,00 x 16% x 15%);
II. O relativo ao mês 2 - no último dia útil do mês 03, de R$1.200,00
(50.000,00 x 16% x 15%);
III. O relativo ao mês 3 (e diferenças dos meses 1 e 2), mês em o
limite de R$120.000,00 foi superado - no último dia útil do mês 4,
de R$4.320,00 [30.000,00 x 16% (mês 1) + 50.000,00 x 16%
(mês 2) + 50.000,00 x 32% (mês 3)] x 15%;
IV. O relativo ao mês 4 - no último dia útil do mês 5, de R$ 960,00
(20.000,00 x 32% x 15%).

Nos meses seguintes, qualquer que seja a receita bruta, o percentual será de
32%, uma vez que a empresa alcançou o limite já no 3º mês.

Percentual de Estimativa em Atividades Mistas

Para fins de estimativa, quando a empresa exerce diversas atividades, isto é, a


receita bruta tem origem em atividades de natureza distinta, os percentuais de
estimativa serão aplicados separadamente.
A título de ilustração, consideremos um posto de gasolina que possui em
determinado mês receitas de diversas origens, todas derivadas de atividades
objeto da empresa. Este apurará a base de cálculo para fins de lucro estimado,
considerando isoladamente cada receita, aplicando sobre esta o respectivo
percentual, como segue:

Base de
Origem da Receita Receita %
Cálculo
Revenda de Combustíveis 500.000,00 1,6% 8.000,00
Revenda de acessórios para veículos 30.000,00 8% 2.400,00
Revenda de óleo lubrificante 50.000,00 8% 4.000,00
Serviços de lavagem de veículos * 10.000,00 32% 3.200,00
Receita guarda veículos (estacionamento) * 12.000,00 32% 3.840,00
Base de cálculo estimada s/ a Receita Bruta 21.440,00

*Mesmo que a receita anual seja inferior a R$120.000,00, esta será estimada
em 32%, pois a empresa não é exclusivamente prestadora de serviços.

Receitas Incentivadas

As receitas provenientes de atividade incentivada não comporão a base de


cálculo do imposto, na proporção do benefício a que a pessoa jurídica,
submetida ao regime de tributação com base no lucro real, fizer jus (Lei nº.
9.249/95, art. 15, § 3º).
O parágrafo precedente contempla a empresa beneficiária de incentivos fiscais
calculados com base no lucro da exploração, cuja redução ou isenção será
conhecida apenas por ocasião da apuração anual do lucro real. Na hipótese, os
recolhimentos por estimativa poderão refletir, de forma aproximada, este
benefício.
Por exemplo, uma empresa comercial, com atividade incentivada (isenção
sobre o lucro da exploração), apresenta uma receita bruta total de R$
1.000.000,00 em determinado mês. A receita bruta gerada pela atividade
beneficiada com incentivos equivale a 30% da receita total. Neste caso a
apuração da base de cálculo do IR por estimativa será:

Conta R$
1. Receita Bruta total da empresa 1.000.000,00
2. Receita Bruta da atividade incentivada 300.000,00
3. Redução da RB para fins de estimativa (100%) 300.000,00
4. RB base para o cálculo da estimativa (1-3) 700.000,00
5. Lucro Estimado (8% de 4) 56.000,00

Se mudarmos a hipótese formulada e considerarmos agora que o benefício


concedido não é mais de isenção do lucro da exploração da atividade
incentivada, mas sim de redução de 50% deste, o imposto estimado com base
na receita bruta, a recolher naquele mês, será de:
Conta R$
1. Receita Bruta total da empresa 1.000.000,00
2. Receita Bruta da atividade incentivada 300.000,00
3. Redução da RB para fins de estimativa (50%) 150.000,00
4. RB base para o cálculo da estimativa (1-3) 850.000,00
5. Lucro Estimado (8% de 4) 68.000,00

Receita Bruta

A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens


nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado
auferido nas operações de conta alheia (Lei nº. 8.981/95, art. 31).
Na receita bruta não se incluem as vendas canceladas, os descontos
incondicionais concedido se os impostos não cumulativos cobrados
destacadamente do comprador ou contratante dos quais o vendedor dos bens
ou o prestador dos serviços seja mero depositário (Lei nº8.981/95, art. 31,
parágrafo único).
A receita bruta proveniente de contratos a longo prazo com entidades
governamentais, seja a produção de longo prazo ou de curto prazo, será
reconhecida, para fins de estimativa, no mês do recebimento (Lei nº. 8.981/95,
art. 30, § único, acrescido pelo art. 1º da Lei nº. 9.065/95, e IN nº. 11/96, art.
52, IV).
Nos casos de contratos com prazo de execução superior a um ano, de
construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de
bens ou serviços a serem produzidos, será computada na receita bruta parte do
preço total da empreitada, ou dos bens ou serviços a serem fornecidos,
determinada mediante a aplicação, sobre esse preço total, da percentagem do
contrato ou da produção executada em cada mês.
A partir de 27/11/98, as pessoas jurídicas que tenham como objeto social,
declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos
automotores poderão equiparar, para efeitos tributários, como operação de
consignação, as operações de venda de veículos usados, adquiridos para
revenda, bem assim dos recebidos como parte do preço da venda de veículos
novos ou usados (Lei nº. 9.716/98, art. 52).
A receita bruta, na formação da base de cálculo da estimativa, deve ser
considerada pelo regime de competência, salvo exceções expostas.
As pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas a
loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios
destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos
para revenda, deverão considerar como receita bruta para fins de estimativa o
montante recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas (Lei nº.
8.981/95, art. 30, e Lei nº. 9.430/96, art. 22).

Estimativa Sobre Ganhos de Capital e Outras Receitas


Os ganhos de capital, demais receitas e os resultados positivos decorrentes de
receitas não abrangidas pela receita bruta serão acrescidos à base de cálculo
estimada, para efeito de incidência do imposto (Lei nº. 8.981/95, art. 32, e Lei
nº. 9.430/96, art.2º).
O disposto neste item não se aplica:

a) aos rendimentos tributados derivados de aplicações financeiras de renda


fixa e renda variável;
b) aos lucros, dividendos ou resultado positivo decorrente da avaliação de
investimento pela equivalência patrimonial (Lei nº. 8.981/95, art. 32, §
1º, e Lei nº. 9.430/96, art. 2º);
c) às recuperações de créditos que não representem ingressos de novas
receitas (IN nº. 93/97, art. 7º, III);
d) aos juros sobre o capital próprio auferidos (IN nº. 93/97, art. 7º, VII);
e) à reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas (IN nº.
93/97, art. 7º, IV).

O ganho de capital, nas alienações de bens do ativo imobilizado e de aplicações


em ouro não tributadas como renda variável, corresponderá à diferença
positiva verificada entre o valor da alienação e o respectivo valor contábil (Lei
nº. 8.981/95, art. 32, § 2º, e Lei nº. 9.430/96, art. 2º).
Para exemplificar a apuração do imposto por estimativa vamos supor uma
empresa comercial (percentual de estimativa do lucro de 8% sobre a receita
bruta), que apresentou, em determinado mês de X10, as seguintes contas:

Conta R$
1. Receita total da revenda de mercadorias 580.000,00
2. ICMS sobre vendas 96.000,00
3. Vendas Canceladas 12.000,00
4. Juros ativos recebidos de Clientes 3.500,00
5. Aluguel de uma sala 662.00
6. Despesas de comissão da Imobiliária s/ aluguel da sala 32,00
7. Reversão da provisão para ações judiciais 2.800,00
8. Juros sobre o capital próprio auferidos com IRPF de 15% 6.000,00
9. Receitas financeiras de aplicação de renda fixa c/ IRF de
1.000,00
20%
10. Rendimentos em operações de mútuo entre coligadas 700,00
11. Receita pela venda de um caminhão do ativo
30.000,00
permanente
12. Depreciação acumulada do caminhão vendido 20.000,00
13. Custo de aquisição corrigido do caminhão 45.000,00
14. Receita pela venda de um terreno do ativo imobilizado 25.000,00
15. Valor contábil do Terreno vendido 32.000,00
16. Juros ativos sobre IR a compensar (taxa SELIC) 650,00
Considerando os dados acima, teremos a seguinte base tributável pelo IR
naquele mês, caso a opção seja pelo IR estimado sobre a receita bruta e
acréscimos:

Operação (com referência aos itens do quadro anterior) Valor em R$


(Item1- Item 3) x 0,08 (percentual de estimativa
45.440,00
s/ Receita Bruta)
Item 4 3.500,00
Item 5 – Item 6 630,00
Item 10 700,00
Item 11 + Item 12 - Item 13 5.000,00
Item 16 650,00
Base de cálculo da estimativa do mês 55.920,00

Observações:
a) o valor constante do item 2 (ICMS s/ vendas) não pode ser diminuído da
receita bruta;
b) o item 7 (Reversão de provisão para ações judiciais) é uma receita não
tributável, pois a despesa, por ocasião da constituição da provisão, não
foi dedutível;
c) os itens 8 e 9 (Receitas de Juros Sobre o Capital Próprio e de Aplicações
Financeiras) integram apenas o resultado anual, quando também poderá
ser compensado o IRPJ, de R$900,00 e de R$200,00, retido sobre os
rendimentos dos itens 8 e 9;
d) o prejuízo apurado na venda do terreno (itens 14 e 15) só poderá ser
deduzido na apuração do lucro anual;
e) os percentuais para estimar o lucro, no caso de 8%, incidem apenas
sobre a receita bruta; as parcelas da base de cálculo do IR, originadas
das demais receitas, resultam da apuração individual do lucro gerado
pela respectiva operação; se esta resultar em prejuízo, este é
abandonado.

Imposto de Renda devido por estimativa será R$ 11.980,00 (15% de


55.920,00 + adicional de 10% sobre a base de cálculo excedente a
R$20.000,00).

Deduções do Imposto Mensal Apurado por Estimativa

Para efeito de pagamento, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto


apurado no mês, o imposto pago ou retido na fonte sobre as receitas que
integram a base de cálculo. O imposto recolhido indevidamente, bem como os
incentivos de dedução do imposto, relativos ao Programa de Alimentação do
Trabalhador, doações aos Fundos da Criança e do Adolescente, Atividades
Culturais ou Artísticas, Atividades Audiovisuais e Funcines, observados os
limites e prazos previstos para estes incentivos (Lei nº. 8.981/95, art. 34, Lei
nº. 9.065/95, art. 1º, e Lei nº. 9.430/96, art. 2º).
Se o imposto retido na fonte é superior ao devido, a diferença poderá ser
compensada com o imposto mensal a pagar relativo aos meses subseqüentes.

Apuração com Base em Balanço ou Balancete de Suspensão ou


Redução

A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido


em cada mês por estimativa, desde que demonstre, através de balanço sou
balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto,
inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso (Lei
nº. 8.981/95, art. 35, e Lei nº. 9.430/96, art. 2º).
Pelo disposto no parágrafo precedente, infere-se que os balanços em tela
devem abranger, em qualquer mês que sejam levantados, o período de 1º de
janeiro até o último dia do mês em que este está sendo levantado.
Ainda voltamos a destacar a possível altemância, mês a mês, entre os balanços
de suspensão e a apuração com base na receita bruta e acréscimos. O
contribuinte pode apurar ao final de cada mês o imposto mensal pelas duas
formas, recolhendo-o pela forma que se mostrar mais vantajosa.
Os balanços ou balancetes de que trata este item (Lei nº. 8.981/95, art. 35, §
1º):

a) Deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais


e transcritos no Livro Diário;

b) Somente produzirão efeitos para determinação da parcela do


imposto devido no decorrer do ano-calendário.

Estão dispensadas do pagamento mensal as pessoas jurídicas que, através de


balanços ou balancetes mensais, demonstrem a existência de prejuízos fiscais
apurados a partir do mês de janeiro do ano-calendário (Lei nº. 8.981/95, art.
35, § 2º, e Lei nº. 9.065/95, art. 1º).
O pagamento mensal relativo ao mês de janeiro do ano-calendário poderá ser
efetuado com base em balanço ou balancete mensal, desde que fique
demonstrado que o imposto devido no período é inferior ao calculado com base
na receita bruta e acréscimos (Lei nº.8.981/95. art. 35, § 3º, e Lei nº.
9.065/95, art. 1º).

Incentivos Fiscais de Redução e Destinação do Imposto de Renda

Uma vez calculado o imposto pela aplicação da alíquota geral, este poderá ser
reduzido por incentivos fiscais de diversas origens e finalidades, ou ainda,
poderá ser utilizado, em parte, na aplicação em investimentos regionais.

Deduções do IR por Incentivos Fiscais


Os incentivos que serão analisados a seguir podem deduzir o imposto na parte
relativa a alíquota de 15%, uma vez que o adicional de IR, de 10%, quando
cabível, não permite redução,devendo ser recolhido integralmente.
Observaremos, ainda, que as deduções, de modo geral, restringem-se a dois
limites: individual e o global.
Um outro ponto a considerar diz respeito à parcela do imposto decorrente de
lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior. Tais valores
também não integram o imposto para fins de redução nos limites individual e
global.

Programas de Alimentação do Trabalhador

A pessoa jurídica poderá deduzir, do imposto devido, valor equivalente à


aplicação da alíquota do imposto sobre a soma das despesas de custeio
realizadas, no período de apuração em programas de alimentação do
trabalhador, limitadas a R$ 1,99 multiplicado pelo número de refeições
fornecidas no período (Lei nº. 6.321/76, art. P).
As despesas de custeio admitidas na base de cálculo do incentivo são aquelas
que vierem a constituir o custo direto e exclusivo do serviço de alimentação,
podendo ser considerados a matéria-prima, a mão-de-obra, os encargos
decorrentes de salários, as despesas com asseio e os gastos de energia
diretamente relacionados ao preparo e à distribuição das refeições.
A dedução do imposto está limitada a 4% (quatro por cento) do imposto devido
em cada período de apuração, observado o limite global, podendo o eventual
excesso ser transferido para dedução nos 2 (dois) anos-calendário
subseqüentes àquele em que ocorreram os gastos (Lei nº. 6.321/76, art. 1º,
§§ lº e 2º, e Lei nº. 9.532/97, art.52, e IN nº. 267/2002).

Doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente

A pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido, em cada período de


apuração, o total das doações efetuadas aos fundos dos Direitos da Criança e
do Adolescente-nacional, estaduais ou municipais - devidamente comprovadas,
limitado a 1% do imposto devido, vedada a dedução como despesa operacional
conforme visto anteriormente (Lei nº. 8.069/90, art. 260, Lei nº. 8.242/91, art.
10, e Lei nº. 9.249/95, art. 13, inciso VI).
Este incentivo não está submetido a limite global.
É importante destacar que as doações, para possibilitar a dedução do imposto
devido, devem ser feitas dentro do próprio período de apuração e não quando
do recolhimento do imposto (IN nº. 267/2002).

Deduções do IR por Doações às Atividades Culturais


As contribuições a projetos culturais de que tratam os art. 25 e 26, da Lei nº.
8.313/91, além do limite individual de 4%, tem suas deduções limitadas a (Lei
nº. 8.313/91, art. 26, inciso II):

a) 40% (quarenta por cento) das doações; e


b) 30% (trinta por cento) dos patrocínios.

As contribuições a projetos culturais de que trata o art. 18 da Lei nº. 8.313/91,


com a redação dada pela Lei 9.874/99, não se submetem às limitações
referidas nas letras acima, porém, também estão sujeitas ao limite individual
de 4% (IN nº. 267/2002).

Deduções do IR por Investimentos em Atividades Audiovisuais

Até o exercício financeiro de 2006, as pessoas jurídicas poderão deduzir do


imposto devido as quantias referentes a investimentos feitos em projetos
previamente aprovados pela Ancine, direcionados à produção de obras
audiovisuais cinematográficas brasileiras na forma definida na Lei nº. 8.685/93
e regulamentos (Lei nº. 8.685/93, art. 1º, e IN nº. 267/2002).
Os valores aplicados nos investimentos poderão ser deduzidos em até o limite
individual de 3% (três por cento) do imposto devido (Lei nº. 8.685/93, art. 1º,
§§ 22 e 32, Lei nº. 9.323/96, art. 1º). A dedução referida neste item poderá
ser utilizada alternativamente à prevista para os Fundos de Financiamento da
Indústria Cinematográfica Nacional - FUNClNES (IN nº. 267/2002).

Deduções das Aplicações em Fundos de Financiamento da Indústria


Cinematográfica Nacional

Até o período de apuração relativo ao ano-calendário de 2010, inclusive, as


pessoas jurídicas poderão deduzir do imposto devido parcela do valor
correspondente às quantias aplicadas na aquisição de quotas dos Fundos de
Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional (Funcines).
A parcela a ser deduzida será calculada aplicando-se percentual correspondente
à somadas alíquotas do IRPJ e da contribuição social sobre o lucro líquido
(CSSLL), inclusive adicionais, sobre o valor de aquisição de quotas dos
Funcines, limitada a três por cento do imposto devido e observados os limites
globais dos incentivos.
Os valores que excederem aos limites estabelecidos não poderão ser utilizados
em período de apuração posterior.
A dedução referida neste item poderá ser utilizada até o ano-calendário de
2006, alternativamente à dedução por Investimentos em Atividades
Audiovisuais.

Programas PDTI e PDTA


Às empresas industriais e agropecuárias que executarem Programas de
Desenvolvimento Tecnológico Industrial - PDTI ou Programas de
Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário - PDTA, além dos incentivos de
depreciação e amortização acelerada, é concedido o incentivo de redução do IR
(Lei nº. 8.661/93, arts. 3º e 4º art.5º da Lei 9.532/97 e IN nº. 267/2002, art.
40).
O valor da redução individual, limitada a 4% do imposto devido, resulta da
aplicação de alíquota cabível do imposto sobre a soma dos dispêndios em
atividades de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico industrial ou
agropecuário incorridos no período de apuração, classificáveis como despesas
pela legislação do imposto, inclusive pagamentos a terceiros. Eventuais
excessos podem ser aproveitados nos 2 anos-calendário subseqüentes em que
ocorreram os gastos.
Para os incentivos PDTI/PDTA, cujos projetos foram aprovados até 03/06/1993,
o limite individual de dedução é de 8% (IN nº. 267/2002, art. 53).

Limite Global dos Incentivos

PAT e PDTl/PDTA

A partir de 1998 o limite global de dedução do PAT (Programa de Alimentação


do Trabalhador), somado ao PDTI/PDTA aprovado após 03.06.93 é de 4% do
imposto devido, sem adicional. O limite coletivo do PAT e PDTI aprovado até
03.06.93, é de 8%.

Atividade Cultural, Audiovisual e Funcines

As deduções do IR decorrentes dos incentivos ao PRONAC, Audiovisual e


Funcines estão limitadas a 4% do imposto devido, sem considerar o adicional
(art. 5º e 6º da Lei 9.532/97).

Fundo de Amparo à Criança e ao Adolescente

A dedução, limitada a 1% do imposto devido sem considerar o adicional, a que


se refere este item, não está sujeita a outros limites, nem exclui ou reduz
outros benefícios previstos no Regulamento (Lei nº. 8.069/90, art. 260, § 1º).

Exemplo de Apuração do Lucro Real

Uma empresa apresenta os seguintes valores ao final de determinado período


base (anual):

a) Lucro líquido após a contribuição social e antes do imposto de renda - R$


500.000,00;
b) Despesas operacionais contabilizadas e não aceitas pela legislação do
imposto de renda como redutoras da correspondente base de cálculo - R$
200.000,00;
c) Resultados computados no lucro líquido, porém, passíveis de diferimento
em razão da legislação fiscal - R$50.000,00;
d) Parcela do lucro contábil de período-base anterior, diferido para fins
fiscais, naquela época, agora tributável em função do desaparecimento
das razões que justificaram, sob a óptica fiscal, o diferimento -
R$120.000,00;
e) Receitas operacionais contabilizadas, porém, segundo a legislação fiscal,
não tributáveis - R$100.000,00;
c) Prejuízo fiscal de período-base anterior, passível de compensação nos
termos e limites vigentes - R$600.000,00;
f) Provisão da contribuição social sobre o lucro líquido - RS50.000,00.

Conta Valor em R$
Lucro líquido do exercício antes do IR e após CS 500.000,00 (1)
Adições (+) 370.000,00 (2)
Exclusões (-) 150.000,00 (3)
Subtotal (result. Fiscal antes comp. Prejuízo) (=) 720.000,00 (4)
Compensação de prejuízos (-) 216.000,00 (5)
Lucro Real (=) 504.000,00 (6)
Provisão para Imposto de Renda (=) 102.000,00 (7)

Memória de Cálculo:
1) Lucro Líquido extraído do Demonstrativo de Resultados Contábil;
2) 200.000,00 + 120.000,00 + 50.000,00;
3) 50.000,00 + 100.000,00;
4) 500.000,00 + 370.000,00 - 150.000,00;
5) Limite para compensação de prejuízos - 30% de 720.000,00;
6) 720.000,00 - 216.000,00;
7) 15% de 504.000,00 + 10% de 264.000 (504.000 - 240.000,00).

Obrigações Acessórias de Empresas Tributadas pelo Lucro Real

O ponto de partida para a apuração do lucro real é o lucro líquido do exercício,


e este, para sua apuração, exige escrituração contábil. Por este motivo,
determinadas obrigações acessórias são exigidas das empresas tributadas por
esta sistemática, especialmente no que se refere aos registros e aos livros
contábeis.

Dever de Escriturar
A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real, por força de lei ou
por opção, deve manter escrituração com observância das leis comerciais e
fiscais (Decreto-Lei nº. 1.598/77, art. 7º).
A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os
resultados Apurado sem suas atividades no território nacional, bem como os
lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei nº. 2.354, de
29 de novembro de 1954, art. 2º, e Lei nº. 9.249/95, art. 25).

Contabilidade Não Centralizada

É facultado às pessoas jurídicas que possuírem filiais, sucursais ou agências,


manter contabilidade não centralizada, devendo incorporar ao final de cada
mês, na escrituração da matriz, os resultados de cada uma delas (Lei nº.
2.354/54, art. 2º).

Pessoa Jurídica com Sede no Exterior

As disposições do item precedente, quanto à escrituração, aplicam-se também


às filiais, sucursais, agências ou representações, no Brasil, das pessoas
jurídicas com sede no exterior, devendo o agente ou representante do
comitente com domicílio fora do País escriturar os seus livros comerciais, de
modo que demonstrem, além dos próprios rendimentos, os lucros reais
apurados nas operações de conta alheia, em cada período de apuração (Lei nº.
2.354/54, art. 2º, e Lei nº. 3.470/58, art. 76 e § 1º).
Para apuração do resultado das operações referidas neste item, o intermediário
no País que for o importador ou consignatário da mercadoria deverá escriturar
e apurar o lucro de sua atividade separadamente do lucro do comitente
residente ou domiciliado no exterior (Lei nº. 3.470/58, art. 76 e §§ 1º e 2º).
Observe-se que a partir de 1999, as filiais, sucursais, agências ou
representações, no país, de pessoas jurídicas com sede no exterior, não mais
são obrigadas à tributação pelo lucro real (art. 36 da Lei nº 9.718/98).

Sociedade em Conta de Participação (SCP)

A escrituração das operações de sociedade em conta de participação poderá, à


opção do sócio ostensivo, ser efetuada nos livros deste ou em livros próprios,
observando-se o seguinte:

I. Quando forem utilizados os livros do sócio ostensivo, os registros


contábeis deverão ser feitos de forma a evidenciar os lançamentos
referentes à sociedade em conta de participação;
II. Os resultados e o lucro real, correspondentes à sociedade em
conta de participação, deverão ser apurados e demonstrados
destacadamente dos resultados e do lucro real do sócio ostensivo,
ainda que a escrituração seja feita nos mesmos livros;
III. Nos documentos relacionados com a atividade da sociedade em
conta de participação, o sócio ostensivo deverá fazer constar
indicação de modo a permitir identificar sua vinculação com a
referida sociedade.

Importante ressaltar que a partir de 2001 (IN nQ31/2001) as Sociedades em


Conta de Participação podem optar pelo Lucro Presumido.

Inobservância do Regime de Competência

A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita,


rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente
constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto,
atualização monetária,quando foro caso, ou multa, se dela resultar (Decreto-
Lei nº. 1.598/77, art. 6º, § 5º):

I. A postergação do pagamento do imposto para período de


apuração posterior ao em que seria devido; ou
II. A redução indevida do lucro real em qualquer período de
apuração.

O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto


ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções
será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto
lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito
(Decreto-Lei nº. 1.598/77, art. 6º, § 60).
O disposto neste item não exclui a cobrança de atualização monetária, quando
for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido
postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao
período de competência (Decreto-Lei nº. 1.598/77, art. 6º, § 7º, e Lei nº.
1.967/82, art. 16).
Segundo o princípio da competência previsto na Resolução CFC número
750/93, as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do
resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente, quando se
correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. O
Princípio da Competência determina em que data as alterações, no ativo ou no
passivo, resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido,
estabelecendo, ainda, diretrizes para classificação das mutações patrimoniais
resultantes da observância do princípio da oportunidade.
O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é
conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração.
As receitas consideram-se realizadas:

a) Nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou


assumirem compromisso firme de efetivá-la, quer pela investidura na
propriedade de bens anteriormente pertencentes à entidade, quer pela
fruição de serviços por esta prestados;
b) Quando do desaparecimento, parcial ou total, de um passivo, qualquer
que seja o motivo;
c) Pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção
de terceiros.

Consideram-se incorridas as despesas:

a) Quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência


de sua propriedade para terceiros;
b) Pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo;
c) Pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo;

O regime de escrituração exigido pela legislação fiscal e societária é o de


competência contábil.
A inexatidão quanto ao período-base de escrituração de receita, rendimento,
custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui
fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, juros ou
multa, se dela resultar:

a) A postergação do pagamento do imposto para período posterior ao em


que seria devido;
b) A redução indevida do lucro real em qualquer período.

O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto


ao período de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito
pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em
outro período.
A inexatidão referida só tem relevância quando dela resulte prejuízo para o
Fisco, Traduzido em redução ou postergação do pagamento do imposto (PN
Cosit nº. 02, de 28/08/96, DOU 29/08/96).
A inobservância do regime de escrituração, isto é, contabilizar valores em
períodos base diversos daqueles em que o fato ocorreu, normalmente
distorcem o resultado fiscal, ora favoravelmente ao contribuinte, ora em
benefício do fisco. As antecipações de receitas e/ou postergações de despesas,
normalmente, provocam antecipações do imposto de renda e da contribuição
social sobre o lucro. Portanto, tais distorções serão favoráveis ao fisco. Por
outro lado, as antecipações de despesas e/ou postergações de receitas
provocam postergação do imposto de renda e da contribuição social, em
prejuízo do fisco.
A título de ilustração comentaremos situações relativas ao descumprimento do
regime de competência, destacando os efeitos sobre o resultado fiscal anual.

Conta Período 1 Período 2


1. Resultado Contábil anual pelo Regime (100.000,00) 200.000,00
de Competência
2. Antecipação de Receita (Período2 para
80.000,00 (80.000,00)
Período 1)
3. Resultado Contábil Distorcido (1-2) (20.000,00) 120.000,00
4. Compensação de Prejuízos Correta
- (60.000,00)
(30% de 1)
5. Compensação de Prejuízos Distorcida
(30% de 120.000,00, limitado a - (20.000,00)
20.000,00)
6. Resultado Fiscal Correto (100.000,00) 140.000,00
7. Resultado Fiscal Distorcido 20.000,00 100.000,00
8. Imposto de Renda Correto (15% de 6) - 21.000,00
9. IR Distorcido (15% de 7) - 15.000,00
10. IR Postergado p/ Período 3 e
- 6.000,00
seguintes (8-9)

Observe-se que a antecipação de receitas, de R$80.000,00, possibilitou a


postergação de IR, de R$6.000,00, em vista da inexistência de prejuízos a
compensar em exercícios futuros. Estes, originalmente seriam de R$40.000,00
(100.000,00 - 60.000,00). Assim, 15% de R$40.000,00 resulta em
R$6.000,00.

Demonstrações Financeiras

Ao fim de cada período de incidência do imposto, o contribuinte deverá apurar


o lucro líquido mediante a elaboração, com observância das disposições da lei
comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do período de
apuração e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados (Decreto-Lei
nº. 1.598/77, art. 7º, § 4º, e Lei nº. 7.450/85, art. 18).
A legislação fiscal não exige a Demonstração das Origens e Aplicações de
Recursos, prevista apenas na legislação societária (art. 188 da Lei 6.404/76).
O lucro líquido do período deverá ser apurado com observância das disposições
da Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Decreto-Lei nº. 1.598/77, art.
67, inciso XI, e Lei nº. 7.450/85, art. 18, e Lei nº. 9.249/95, art. 5º).
O balanço ou balancete deverá ser transcrito no Diário ou no livro de Apuração
do Lucro Real - LALUR (Lei nº. 8.383/91, art. 51, e Lei nº. 9.430/96, arts. 1º e
2º, § 3º).

QUESTÕES DISCURSIVAS:

1) Conceitue sucintamente os tipos de ajustes existentes na modalidade de


apuração pelo Lucro Real?

2) Defina as principais diferenças nas opções pelo Lucro Real Trimestral e


Anual.
3) Em que situação as pessoas jurídicas optantes pelo Lucro Real devem
pagar o adicional do IRPJ?

4) Quais as principais consequências da não observância do regime de


competência pelas pessoas jurídicas optantes pela modalidade de
tributação Lucro Real?

5) Defina sucintamente as principais obrigações acessórias das pessoas


jurídicas tributadas pelo Lucro Real.

6) O ponto de partida para a apuração do lucro real é o lucro líquido do


exercício. Após a apuração deste, quais os elementos incidentes na
apuração do lucro tributável?

7) Uma determinada companhia, optante pelo lucro real, apresentou no ano


de X10 um prejuízo contábil de R$125.000, neste incluídas despesas não
dedutíveis de R$35.000. Em X11, a Cia apresentou lucro contábil de
R$420.500, no qual constavam despesas não dedutíveis de R$40.500 e
receitas não tributáveis no valor de R$71.000. Com base nas informações
apresentadas calcule o IRPJ a pagar referente a X11. (Resposta:
R$45.000 + adicional de R$6.000, total de IRPJ de R$51.000)

8) Uma organização optante pelo lucro real trimestral iniciou suas atividades
em iniciou suas atividades janeiro de X10. Os dados das operações de
cada trimestre são apresentados abaixo:

ITENS 1T (R$) 2T (R$) 3T (R$) 4T (R$)


Total de receitas 80.000,00 145.000,00 190.000,00 210.000,00
Custos e Despesas 145.000,00 95.000,00 90.000,00 120.000,00
Receitas não Tributáveis 12.000,00 4.000,00 15.000,00 14.000,00
Despesas não tributáveis 7.000,00 18.000,00 20.000,00 22.000,00

Com base nas informações acima calcule o IR devido em cada trimestre.

Solução:

ITENS 1T (R$) 2T (R$) 3T (R$) 4T (R$)


Total de receitas 80.000,00 145.000,00 190.000,00 210.000,00
Custos e Despesas (145.000,00) (95.000,00) (90.000,00) (120.000,00)
Lucro Contábil (65.000,00) 50.000,00 100.000,00 90.000,00
Rec. não Tributáveis (12.000,00) (4.000,00) (15.000,00) (14.000,00)
Desp. não Tributáveis 7.000,00 18.000,00 20.000,00 22.000,00
Lucro Tributável - 64.000,00 105.000,00 98.000,00
Prejuízo Compensável (70.000,00) (19.200,00) (31.500,00) (19.300,00)
Lucro Trib. - 30% Comp. - 44.800,00 73.500,00 78.700,00
IRPJ do Trim. a Pg. - 6.720,00 11.025,00 11.805,00
Adicional do Trim. a Pg. - - 1.350,00 1.870,00

9) A Cia Boa Fé iniciou suas atividades há alguns anos, optou pelo Lucro Real
e vem apurando prejuízos fiscais, desde a sua criação, no montante total
acumulado de R$160.000. Conforme previsto no plano de negócios da
empresa, no atual trimestre, ela está superando as “vacas magras” e está
operando com lucro contábil no montante de R$450.000, nele incluído
receitas não tributáveis de R$80.000 e despesas tributáveis de R$140.000.
Considerando-se estes dados obtenha o imposto de renda devido e a
contribuição social sobre o lucro, à alícota de 9%, cuja a base de cálculo
prevista é a mesma do IR. (IRPJ = R$53.550,00; Adicional =
R$29.700,00; CSSLL = R$32.130,00)

10) Uma empresa que opera na área de prestação de serviços optante pelo
Lucro Real Anual (percentual base de 16%), mantendo prejuízo fiscal
registrado na parte B do Lalur no montante de R$15.000. No mês atual ela
obteve receita bruta de R$128.000 e lucro pela venda de computadores do
imobilizado no valor de R$1.400. Com base nestes dados calcule o imposto
devido nomes atual. (Resposta: R$3.176,00)

QUESTÕES DE MULTIPLA ESCOLHA:

1. No caso de pessoas jurídicas optantes pelo Lucro Real, cuja contabilidade é


não centralizada, indique a alternativa que contempla o procedimento
contábil a ser adotado nestas situações.
a) As movimentações das filiais, sucursais ou agências devem ser
contabilizadas como se fossem entidades independentes;
b) As filiais, agências e sucursais com contabilidade própria poderão optar
por modalidade diferente da opção da matriz, inclusive simples;
c) Ao final de cada mês deverá incorporar à contabilidade da matriz, a
movimentação das filiais, sucursais ou agências;
d) As pessoas jurídicas optantes pelo lucro real devem apurar a contbilidade
de suas filiais, sucursais ou agências obrigatoriamente pelo simples
nacional, pois são pessoas jurídicas independentes;
e) Não exsitem regras definidas para as filiais, sucursais ou agências
vinculadas às pessoas jurídicas optantes pelo lucro real.

2) Indique a alternativa que identifica o conceito de Lucro Real, com base na


legislação vigente.
a) O lucro líquido operacional definido pela legislação fiscal, ajustado pelas
compensações de períodos anteriores;
b) O lucro comercial derivado das operações fiscais, compensado pelos
ajustes definidos na legislação comercial;
c) As receitas previstas de acordo com a legislação fiscal, calculado com
base nas hipóteses de incidência do IRPJ;
d) O lucro líquido contábil do período de apuração, ajustado pelas adições,
exclusões ou compensações previstas ou autorizadas;
e) As receitas obtidas da venda de produtos e serviços, compensados pelos
prejuízos acumulados em períodos anteriores.

3) São pessoas jurídicas obrigadas a apuração do IRPJ pelo lucro real:


a) Não há pessoas jurídicas obrigadas a optar pelo lucro real, esta opção é
facultativa a qualquer pessoa jurídica;
b) Cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior ao limite de
R$48.000.000,00 ou proporcional ao número de meses;
c) Todas as pessoas jurídicas com lucro mensal superior a R$48.000, devem
ser enquadradas no regime de tributação pelo lucro real;
d) As organizações industriais são obrigadas a se enquadrar no regime de
tributação pelo lucro real;
e) Qual quer pessoa jurídica podem optar pela apuração pelo lucro real ou
presumido.

4) Indique a alternativa correta em relação às afirmações em relação aos


ajustes por compensação:
I. Estes ajustes referem-se às deduções exclusivamente oriundas de
prejuízo fiscal de períodos anteriores;
II. Quando uma pessoa jurídica, tributada pelo Lucro Real, apura prejuízo na
parte A do LALUR, ou seja, antes dos ajustes de adições e exclusões,
poderá compensar sobre a base apurada positiva;
III. Os prejuízos fiscais apurados em períodos anteriores são compensáveis,
limitado a 30% (trinta por cento) do lucro líquido ajustado pelas adições
e exclusões.
a) As afirmações I e II estão corretas;
b) Somente a afirmação I está correta;
c) As afirmações I, II e III estão corretas;
d) Somente a afirmação III está correta;
e) As afirmações I e III estão corretas.

5) Há dois regimes de tributação pelo lucro real em que as pessoas jurídicas


podem se enquadrar, são eles: os regimes trimestral e o anual. Com
relação a estes regimes marque a alternativa correta com relação à
aplicação do balanço de suspensão ou redução:
a) O balanço de suspensão ou redução poderá ser apurado e utilizado como
recurso em qualquer regime de apuração do lucro real;
b) O balanço de suspensão ou redução só poderá ser apurado e utilizado
como recurso nos optantes pelo lucro real trimestral;
c) O balanço de suspensão ou redução é um recurso que só poderá ser
utilizado pelas pessoas jurídicas optantes pelo lucro real anual;
d) As pessoas jurídicas optantes pelo lucro real trimestral só podem se
utilizar o balanço de redução do imposto de renda, o de suspensão é
proibido;
e) Qualquer pessoa jurídica optante pelo lucro real ou arbitrado poderá se
utilizar dos benefícios do balanço de suspensão ou redução.

GABARITO (C, D, B, E, C)
AULA 10

LUCRO PRESUMIDO

OBJETIVOS

- Identificar e compreender os principais conceitos contidos na modalidade


de Lucro Presumido;
- Identificar as pessoas jurídicas aptas a optar pelo Lucro Presumido;
- Aplicar, apurar, ajustar e contabilizar os principais institutos tributários
na opção pelo Lucro Presumido;
- Compreender e aplicar as obrigações acessórias inerentes as pessoas
jurídicas optantes pelo lucro presumido.

INTRODUÇÃO

O lucro presumido é uma forma de tributação simplificada para determinação


da base de cálculo do Imposto de Renda e da CSSLL das pessoas jurídicas que
não estiverem obrigadas, no ano-calendário, à apuração pelo lucro real. Como
o próprio nome já indica, existe uma presunção legal de lucratividade, que
servirá de base à tributação do imposto de renda e da CSSLL.
O período de apuração é trimestral, encerrando-se em 31/03, 30/06, 30/09 e
31/12.
Nenhuma empresa está obrigada à utilização deste sistema de apuração,
embora nem todas as pessoas jurídicas se enquadrem nas condições exigidas
para adotá-lo. A adoção deste sistema de apuração da base de cálculo não
vincula sua manutenção além do ano correspondente. Desta forma, a opção é
anual.

Pessoas Jurídicas Autorizadas a Optar

As pessoas jurídicas não obrigadas ao regime de tributação pelo lucro real, cuja
receita total, no ano-calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a
R$48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), poderão optar pelo
regime de tributação com base no lucro presumido (Lei nº. 8.981/95, art. 44;
Lei nº. 9.065/95, art. 1º; Lei nº. 9.249/95, art.29; Lei nº. 9.718/98, art. 13;
Lei nº. 10.637/02, art. 46).
O limite previsto neste item será proporcional ao número de meses do ano
calendário, no caso de início de atividade (Lei nº. 8.981/95, art. 44, § 1º).
A partir de 1999 estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas
(Lei nº. 9.718/98, arts. 14º):

I. Cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior ao


limite de R$48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais),
ou proporcional ao número de meses do período, quando
inferior a doze meses (Lei nº. 10.637/02, art. 46). Considera-
se receita total, o somatório das receitas operacionais (exceto
as receitas de operações de renda variável), dos ganhos de
capital, dos ganhos líquidos em operações de renda variável e
das receitas decorrentes de ajustes dos preços de
transferência;
II. Cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de
investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas,
sociedades de crédito, financiamento e investimento,
sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de
títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e
valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de
capitalização e entidades de previdência privada aberta;
III. Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos
do exterior;
IV. Que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de
benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto;
V. Que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado
pagamento mensal pelo regime de estimativa, na formado art.
2º da Lei nº. 9.430, de 1996 (balanço de suspensão ou
redução);
VI. Que explorem as atividades de prestação cumulativa e
contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,
gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a
pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes
de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços
(factoring).

As pessoas jurídicas de que tratam os incisos I, III, IV e V, excepcionalmente,


poderão optar, durante o período em que estiverem submetidas ao Programa
de Recuperação Fiscal - REFIS, pelo regime de tributação com base no lucro
presumido (Lei nº. 9.964/00).

Opção Pelo Lucro Presumido

A opção pela tributação com base no lucro presumido será aplicada em relação
a todo o período de atividade da empresa em cada ano-calendário (Lei
nº.9.430/96, art. 26). A partir de 1999, a opção pela apuração do imposto de
renda com base no lucro presumido é irretratável para o ano-calendário (Lei
nº. 9.718/98, art. 13, § 1º).
A opção será manifestada com o pagamento da primeira ou única quota do
imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano
calendário (Lei nº. 9.430/96, art. 26, § 1º).
A pessoa jurídica que houver iniciado atividade a partir do segundo trimestre
manifestará a opção com o pagamento da primeira ou única quota do imposto
devido relativa ao período de apuração do início de atividade (Lei nº. 9 430/96,
art. 26, § 2º).

Período de Apuração do Lucro Presumido

O imposto com base no lucro presumido será determinado por períodos de


apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de
setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário (Lei nº. 9.430/96, arts. 1º
e 25).

Base de Cálculo do Lucro Presumido

Para se chegar à base de cálculo do lucro presumido é necessário identificar a


Receita Bruta auferida no trimestre e sobre este valor aplicar o coeficiente de
determinação do lucro presumido, que é diferente em função da atividade
exercida pela empresa. A este resultado são adicionadas as demais receitas,
rendimentos e ganhos de capital.
De forma exemplificada, podemos esquematizar da seguinte forma:

Receita Bruta x % = Lucro sobre a Receita Bruta


(+) Valores diferidos constantes do LALUR
(+) Ganhos de Capital
(+) Outras Receitas e Rendimentos Tributáveis
(=) Lucro Presumido.

Abaixo são apresentados, de forma detalhada, os valores indicados no


esquema acima.

Base de Cálculo Decorrente da Receita Bruta - Percentuais de


Presunção

A base de cálculo do lucro presumido, decorrente da receita bruta, será


determinada trimestralmente, mediante a aplicação dos seguintes percentuais
sobre a receita bruta (Lei nº. 9.249/95, art. 15, e Lei nº. 9.430/96, arts. 1º e
25, inciso I):

a) 1,6%, sobre a receita bruta trimestral auferida na revenda, para


consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e
gás natural;
b) 8%sobre a receita bruta trimestral proveniente:
1. da venda de produtos de fabricação própria;
2. da venda de mercadorias adquiridas para revenda;
3. da industrialização de produtos em que a matéria-prima, ou o
produto intermediário ou o material de embalagem tenham sido
fornecidos por quem encomendou a industrialização;
4. da atividade rural;
5. de serviços hospitalares;
6. do transporte de cargas;
7. de outras atividades não caracterizadas como prestação de serviços;
c) 16% sobre a receita bruta trimestral para a atividade de prestação de
serviço de transporte de passageiros;
d) 32% (trinta e dois por cento), para as atividades de:
1. prestação de serviços, pelas sociedades civis, relativos ao exercício
de profissão legalmente regulamentada;
2. intermediação de negócios (incluindo-se as atividades de corretagem
e de representação comercial) (ver observação);
3. administração, locação ou cessão de bens, imóveis, móveis ou
direitos de qualquer natureza quando este for o objeto social da
pessoa jurídica (ver observação);
4. construção por administração ou por empreitada unicamente de
mão-de-obra (ver observação);
5. prestação de qualquer outra espécie de serviço não mencionado
anteriormente (ver observação);
6. resultados de operações equiparadas às de consignação na venda de
veículos usados (Parecer Cosit 45/2003) (ver observação).

No caso da empresa exercer atividades diversificadas, será aplicado o


percentual correspondente sobre a receita bruta da respectiva atividade (Lei
nº. 9.249/95, art. 15, § 2º).

Observação: a base de cálculo trimestral das pessoas jurídicas prestadoras de


serviços referidos nos incisos 2 a 6 da letra "d", cuja receita bruta anual seja de
até R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), será determinada mediante a
aplicação do percentual favorecido de 16% (dezesseis por cento) sobre a
receita bruta auferida no período de apuração (Lei nº. 9.250/95, art. 40, e Lei
nº. 9.430/96, art. 1º). A pessoa jurídica que houver utilizado o percentual
favorecido, cuja receita bruta acumulada até determinado mês do ano-
calendário exceder o limite de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), ficará
sujeita ao pagamento da diferença do imposto postergado, apurado em relação
a cada trimestre transcorrido. A diferença deverá ser paga até o último dia útil
do mês subseqüente ao do trimestre em que ocorreu o excesso, sem
acréscimos legais. É de observar, ainda, segundo a interpretação adotada pela
Receita Federal, que as empresas beneficiadas da redução aludida devem ser
exclusivamente prestadoras de serviços (Solução de Consulta l0ª RF 169/01 e
Dec. 8ª RF 249/00), exceto as do item 6.

Conceito de Receita Bruta Para Fins de Lucro Presumido


Para efeitos da sistemática de tributação pelo Lucro Presumido, a receita bruta
das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações
de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas
operações de conta alheia (Lei nº. 8.541/92, art. 14, § 3º). Na receita bruta
não se incluem as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos e
os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou
contratante e do qual o vendedor dos bens ou prestador dos serviços seja mero
depositário (Lei nº. 8.541/92, art.14, § 4º).
Os impostos a que se refere o parágrafo anterior compreendem o IPI e o ICMS,
este último apenas quando destacado por substituição tributária.
É de se notar que o conceito de receita bruta utilizado para a determinação do
lucro presumido não é o mesmo utilizado na contabilidade. Devemos lembrar
que na contabilidade as vendas canceladas e os descontos incondicionais são
contas redutoras da receita bruta.
A receita bruta era considerada pelo regime de competência. Porém, a partir da
publicação da Instrução Normativa 104/98 (DOU 26/08/98), passou-se a
admitir o regime de caixa para a tributação da receita bruta.
Ainda, sobre a receita bruta, vale observar que a partir de 27/11/98, as
pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos
constitutivos, a compra e venda de veículos automotores poderão equiparar,
para efeitos tributários, como operação de consignação, as operações de venda
de veículos usados, adquiridos para revenda, bem assim dos recebidos como
parte do preço da venda de veículos novos ou usados (Lei nº. 9.716/98, art.
5º. Portanto, a receita bruta das operações de venda de veículos usados,
adquiridos para revenda, bem assim dos recebidos como parte do preço da
venda de veículos novos ou usados, será a diferença entre o valor de alienação
e o custo de aquisição do citado veículo (Parecer Cosit 45/2003).

Outros Valores Integrantes da Base de Cálculo

Além dos valores obtidos pela aplicação dos percentuais antes especificados
sobre a receita bruta, integram também a base de cálculo do lucro presumido
outros valores, conforme a seguir especificado.

Valores Diferidos Constantes no LALUR

A pessoa jurídica que, até o ano-calendário anterior, houver sido tributada com
base no lucro real, deverá adicionar à base de cálculo do imposto,
correspondente ao primeiro período de apuração no qual houver optado pela
tributação com base no lucro presumido, os saldos dos valores cuja tributação
havia diferido, controlados na parte "B" do Livro de Apuração do Lucro Real -
LALUR, corrigidos monetariamente até 31/12/95 (Lei nº. 9.430/96, art. 54).

Ganhos de Capital
Integram também a base de cálculo do lucro presumido os ganhos de capital,
assim considerados:

a) Os ganhos de capital, nas alienações de bens e direitos, inclusive


de aplicações em ouro não caracterizado como ativo financeiro;
b) Os ganhos de capital auferidos na alienação de participações
societárias permanentes em sociedades coligadas e controladas, e
de participações societárias que permanecerem no ativo da pessoa
jurídica até o término do ano-calendário seguinte ao de suas
aquisições;
c) Os ganhos de capital auferidos na devolução de capital em bens ou
direitos quando o valor de mercado destes bens ou direitos for
superior ao respectivo valor contábil (IN nº. 11/96, art. 60, § 1º).

O ganho de capital nas alienações de bens do ativo permanente e de aplicações


em ouro não tributadas como renda variável (letra "a") corresponderá à
diferença positiva verificada entre o valor da alienação e o respectivo valor
contábil.
O valor contábil do bem é aquele registrado na escrituração do contribuinte e
diminuído, se for o caso, da depreciação, amortização ou exaustão acumulada
(Decreto-Lei nº. 1.598/77, art. 31, § 1º). Caso a empresa não mantenha
escrituração, o valor será apurado em demonstrativo paralelo.
Na apuração de ganho de capital, os valores acrescidos em virtude de
reavaliação somente poderão ser computados como parte integrante dos
custos de aquisição dos bens e direitos se a empresa comprovar que os valores
acrescidos foram computados na determinação da base de cálculo do imposto
(Lei nº. 9.430/96, art. 52).
Para os fins de apuração do ganho de capital, as pessoas jurídicas de que trata
este item observarão os seguintes procedimentos (Lei nº. 9.249/95, art. 17):

I. tratando-se de bens e direitos cuja aquisição tenha ocorrido até o


final de 1995, o custo de aquisição poderá ser atualizado
monetariamente até 31 de dezembro desse ano, tomando-se por
base o valor da UFIR vigente em 1º de janeiro de 1996 - R$
0,8287, não se lhe aplicando qualquer atualização monetária a
partir dessa data;
II. tratando-se de bens e direitos adquiridos após 31 de dezembro de
1995, ao custo de aquisição dos bens e direitos não será atribuída
qualquer atualização monetária.

Finalmente, é importante observar que o resultado negativo ou a perda


apurada em uma operação de venda de bem do permanente não poderá ser
compensada com os resultados positivos auferidos em outras operações.

Outras Receitas e Rendimentos Tributáveis


Integram também a base de cálculo do lucro presumido as demais receitas, ou
os resultados positivos decorrentes destas. Consideram-se resultados positivos
as receitas auferidas, diminuídas das despesas necessárias à sua obtenção,
quando efetivamente realizadas. Frise-se, que nas despesas mencionadas,
admitidas como redutoras, não se inclui o PIS e a COFINS, incidentes sobre as
receitas correspondentes. O resultado negativo apurado (receita inferior à
despesa correspondente) não poderá ser compensado com os resultados
positivos auferidos em outras operações.
Para exemplificar as outras receitas e rendimentos podemos citar:

a) os rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas entre


pessoas jurídicas controladoras, controladas, coligadas ou interligadas;
b) os ganhos auferidos em operações de cobertura (hedge) realizadas em
bolsas de valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão;
c) a receita de locação, quando não for este o objeto social da pessoa
jurídica;
d) os juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (SELIC), incidentes sobre impostos e contribuições
a serem restituídos ou compensados;
e) as variações monetárias ativas;
f) os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de
renda fixa e de renda variável;
g) os juros sobre o capital próprio auferidos;
h) os valores recuperados correspondentes a custos e despesas, inclusive
com perdas no recebimento de créditos, salvo se a pessoa jurídica
comprovar não os ter deduzido em período anterior no qual tenha se
submetido ao regime de tributação com base no lucro real ou que se
refiram a período no qual tenha se submetido ao regime de tributação
com base no lucro presumido ou arbitrado;
i) os valores decorrentes dos preços de transferência;
j) as multas ou qualquer outra vantagem recebida ou creditada, ainda que
a título de indenização, em virtude de rescisão de contrato;
k) os lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior,
auferidos por empresas submetidas ao REFIS, optantes pelo lucro
presumido.

Receitas e Rendimentos Não-Tributáveis pelo Lucro Presumido

Consideram-se não tributáveis as receitas e rendimentos relacionados abaixo:

a) recuperações de créditos que não representem ingressos de novas


receitas, e cujas perdas não tenham sido deduzidas na apuração do lucro
real em períodos anteriores;
b) a reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas, desde que o
valor provisionado não tenha sido deduzido na apuração do lucro real dos
períodos anteriores, ou que se refiram ao período no qual a pessoa
jurídica tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro
presumido ou arbitrado (Lei nº. 9.430/96, art. 53);
c) os lucros e dividendos recebidos decorrentes de participações societárias,
caso refiram-se a períodos em que os mesmos sejam isentos de imposto
de renda.

Apuração e Pagamento do Imposto de Renda Pelo Lucro Presumido

Cálculo do Imposto

O imposto devido em cada trimestre será calculado mediante a aplicação da


alíquota de 15% sobre a base de cálculo, isto é, sobre o lucro presumido.
A parcela do lucro presumido que exceder ao resultado da multiplicação de R$
20.000,00 pelo número dos meses do respectivo período de apuração
(normalmente de três meses) sujeita-se à incidência do adicional de 10%.
Para efeito de pagamento, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido
no período de apuração, o imposto pago ou retido na fonte sobre as receitas
que integram a base de cálculo, bem como o imposto de renda pago
indevidamente em períodos anteriores (art. 10 da Lei nº. 9.532/97).
À pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido não será permitida
qualquer dedução a título de incentivo fiscal (Lei nº. 9.532/97, art. 10).
Excetuam-se desta regra as empresas submetidas ao REFIS. Até 1998 eram
permitidas deduções relativas ao Programa de Alimentação do Trabalhador,
Vale-Transporte, Doações aos Fundos da Criança e do Adolescente, Atividades
Culturais ou Artísticas, e Atividade Audiovisual, observados os limites e prazos
previstos para esses incentivos (Lei nº. 8.981/95, art. 34, LeinQ9.065/95, art.
1Q,e LeinQ9.430/96, art. 51, parágrafo único).

Pagamento do Imposto

O pagamento do imposto será feito mediante a utilização de Documento de


arrecadação de Receitas Federais (DARF) nas agências bancárias integrantes
da rede arrecadadora de receitas federais.
O imposto de renda devido, apurado trimestralmente, será pago em quota
única, até o último dia útil do mês subseqüente ao do encerramento do período
de apuração. À opção da pessoa jurídica, o imposto devido poderá ser pago em
até três quotas mensais, iguais e sucessivas, vencíveis no último dia útil dos
três meses subseqüentes ao de encerramento do período de apuração a que
corresponder. Nenhuma quota poderá ter valor inferior a R$ 1.000,00 e o
imposto de valor inferior a R$ 2.000,00 será pago em quota única.
As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa SELIC, a
partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do
período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de
1% no mês do pagamento.
Obrigações Acessórias das Empresas Optantes Pelo Lucro Presumido

A pessoa jurídica optante pelo regime de tributação com base no lucro


presumido deverá manter (Lei nº. 8.981/95, art. 45):

I. Escrituração contábil nos termos da legislação comercial ou,


opcionalmente Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda
a movimentação financeira, inclusive bancária;
II. Livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados
os estoques existentes no término do ano-calendário;
III. Em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo
decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam
pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios por
legislação fiscal específica (inclusive estaduais e municipais), bem
como os documentos e demais papéis que serviram de base para
escrituração comercial e fiscal.

Distribuição de Lucros

Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir


do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas
tributadas com base no lucro presumido não estão sujeitos à incidência do
imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de
renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no país ou no
exterior.
O lucro presumido que poderá ser distribuído, sem incidência de imposto, é
apurado da seguinte forma: o valor da base de cálculo do imposto, ou seja, o
lucro presumido, diminuído do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (inclusive
adicional, quando devido), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido -
CSSLL, da Contribuição Social para a Seguridade Social - COFINS e da
Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do
Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP.
Pode haver distribuição de lucros em valor excedente ao determinado no
parágrafo anterior, desde que a empresa demonstre através de escrituração
contábil feita com observância da lei comercial que o lucro efetivo é maior que
o determinado pela forma presumida, ajustado.
Se o excedente não estiver demonstrado na escrituração contábil, sofrerá
imposto de renda na fonte como antecipação do devido, calculado pela tabela
progressiva (IN nº. 93/97, art. 48, parágrafos 3º, 4º e 8º), se o beneficiário for
pessoa física.

QUESTÕES DISCURSIVAS

1) Quais as principais diferenças e similaridades observadas nas


opções pelo Lucro Real e Presumido?
2) Quais as pessoas jurídicas permitidas a optar pelo Lucro
Presumido?

3) Conceitue a base de cálculo a ser aplicada na apuração do Lucro


Presumido.

4) Enucie sucintamente as principais obrigações acessórias dos


optantes pelo Lucro Presumido.

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA

1) A pessoa jurídica optante pelo lucro presumido deverá apurar o montnte


devido da seguinte forma:
a) Em cada trimestre, calculado pela alíquota de 15% sobre a base de
cálculo, mais adicional de 10% sobre o resultado que exceder R$60.000
ao longo do trimestre de apuração;
b) Em cada mês, calculado pela alíquota de 15% sobre a base de cálculo,
não havendo incidênci de adicional de 10% sobre o resultado excedente;
c) Anualmente, calculado pela alíquota de 15% sobre a base de cálculo
apurada do lucro presumido anual, mais adicional de 10% sobre o
resultado que exceder R$20.000;
d) Em cada semestre, pago em quota única, pela aplicação da aplicação da
alícota de 15% sobre a base apurada de lucro presumido, até o último dia
útil do semestre subseqüente ao do encerramento do período de
apuração;
e) Em cada mês, pela aplicação da aplicação da alícota de 15% sobre a base
apurada de lucro presumido, não incluído adicional, até o último dia útil
do mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração;

2) O imposto de renda devido, apurado pelo optante do Lucro Presumido, será


pago:
a) Mensalmente, até o último dia útil do mês subseqüente ao do
encerramento do período de apuração;
b) Anualmente, em quota única, até o último dia útil do mês de
janeiro subseqüente ao ano calendário de apuração;
c) Em quota única, até o último dia útil do mês subseqüente ao do
encerramento do trimestre de apuração;
d) Parceladamente, até o último dia útil do mês subseqüente ao do
encerramento do período de apuração;
e) Em quota trimestral, a partir do ano calendário anterior até o
último dia útil do ano de apuração, ao longo do ano subsequente ao ano
de apuração.
3) O imposto devido apurado por uma optante pelo lucro presumido,
decorrente da receita bruta de R$3.800.000, no desenvolvimento de
atividade de revenda de combustíveis derivados de petróleo e álcool etílico
carburante será de:

a) R$9.120,00;
b) R$8.340,00;
c) R$9.580,00;
d) R$8.280,00;
e) R$9.200,00.

4) Marque a única alternativa que não relaciona receitas ou rendimentos não


tributáveis pelo lucro presumido:

a) Recuperações de créditos que não representem ingressos de novas


receitas, e cujas perdas não tenham sido deduzidas na apuração do lucro
real em períodos anteriores;
b) Reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas, desde que o
valor provisionado não tenha sido deduzido na apuração do lucro real dos
períodos anteriores;
c) Reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas que se
refiram ao período no qual a pessoa jurídica tenha se submetido ao
regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado;
d) As multas ou qualquer outra vantagem recebida ou creditada, ainda que
a título de indenização, em virtude de rescisão de contrato;
e) Lucros e dividendos recebidos decorrentes de participações societárias,
caso refiram-se a períodos em que os mesmos sejam isentos de imposto
de renda.

5) Nas alternativas abaixo marque a única opção que identifica receitas ou


rendimento não tribuáveis pelo lucro presumido:
a) Os rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas entre
pessoas jurídicas controladoras, controladas, coligadas ou interligadas;
b) Reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas, desde que o
valor provisionado não tenha sido deduzido na apuração do lucro real dos
períodos anteriores;
c) Os ganhos auferidos em operações de cobertura (hedge) realizadas em
bolsas de valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão;
d) A receita de locação, quando não for este o objeto social da pessoa
jurídica;
e) Os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de
renda fixa e de renda variável.

GABARITO (a, c, e, d, b)
ANEXO

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (CSSLL)

Contribuintes da CSSLL

São contribuintes as pessoas jurídicas, aquelas consideradas como tal para fins
de Imposto de Renda. Assim, as entidades enquadradas no inciso I do art. 12
do Decreto nº. 3.048/99 – RINSS (empresa- firma individual ou a sociedade
que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos
ou não, bem como os órgãos e as entidades da administração pública direta,
indireta e fundacional) que não se enquadrem na imunidade ou isenção da Lei
nº. 9.532/97 com as alterações da Lei 9.732/98, estão sujeitas à contribuição
social sobre o lucro líquido (Manual DIPJ2003, item 18).
No que respeita ao disposto na Lei nº. 9.732/98, especialmente no art. 7º, que
determina:

"Fica cancelada, a partir de 1º de abril de 1999, toda e qualquer


isenção concedida, em caráter geral ou especial, de contribuição para
a Seguridade Social em desconformidade com o art. 55 da Lei nº.
8.212/91, na sua nova redação, ou com o art. 4º desta lei." Infere-
se daí que grande parte das entidades isentas estão irregulares
quanto à CSSLL. O MANUAL DIPJ 2003, no item 18, relaciona apenas
as associações de poupança e empréstimo, as entidades de
previdência privada fechada (indevidamente) e as bolsas de
mercadorias e de valores, dizendo que estão isentas do imposto de
renda, mas são contribuintes da contribuição social sobre o lucro
líquido.

As entidades fechadas de previdência complementar ficam isentas da


Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSSLL), relativamente aos fatos
geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2002 (art. 5º da Lei nº.
10.426/02).
As micro empresas e empresas de pequeno porte, optantes pelo SIMPLES,
recolhem a CSSLL de forma englobada.

Período de Apuração da CSSLL

A regra geral para apuração da CSSLL, quanto ao período-base, é o trimestre


civil.
No caso de empresas tributadas pelo lucro real, a forma de apuração e de
pagamento adotada para o IR vincula esta forma à determinação da
Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido. Assim, se o IR é apurado
trimestralmente, a CSSLL também o será. Se o IR é apurado anualmente, a
CSSLL também terá apuração anual.
Também, na estimativa, a CSSLL estará vinculada ao IR. Se o valor do imposto
de renda for definido com base no balanço de suspensão ou redução, a
contribuição social também deverá ser calculada com base nesse resultado,
ainda que em valor maior do que aquele originalmente previsto (receita bruta).
De outra parte, se o IR por estimativa for calculado com base na receita bruta
e acréscimos, a apuração estimativa da CSSLL seguirá, obrigatoriamente, este
critério.
De outra parte, adotando-se para o IR o regime de tributação do Lucro
Presumido ou Lucro Arbitrado, semelhante sistemática também será adotada,
obrigatoriamente, para a CSSLL,inclusive os períodos de apuração trimestral.
Excepcionalmente, as empresas tributadas pelo lucro presumido têm permissão
para optar pelo lucro real no quarto trimestre de 2003 (art. 22, parágrafo
único, da Lei nº. 10.684/03).

Formas de Apuração da CSSLL - Base de Cálculo da CSSLL - Lucro Real

Fórmula para o Ajuste do Lucro Líquido

Nas empresas tributadas pelo lucro real, e quando o IR é calculado sobre o


lucro real, seja em apuração trimestral ou anual, ou mesmo por estimativa com
a utilização do balanço de suspensão ou redução, a CSSLL é apurada sobre a
base de cálculo, se positiva, resultante do ajuste do lucro ou prejuízo contábil,
como segue:

Lucro Líquido ou prejuízo contábil, antes da dedução da própria


contribuição social e da provisão para o imposto de renda, e após a
diminuição das participações nos lucros,
(+) Adições,
(-) Exclusões,
(=) Subtotal (= Lucro Líquido Ajustado se este resultado for
positivo, ou, se negativo, representará a base negativa para
compensação futura),
(-) Base de Cálculo Negativa, de períodos-base anteriores
(limitada a 30% do subtotal acima, quando positivo),
(=) Base de Cálculo, da Contribuição Social sobre o Lucro.

Vale repisar que a CSSLL, até 31/12/96, era dedutível de sua própria base de
cálculo e do lucro real (alterado pela Lei nº. 9.316/96, art. 1º).
Convém lembrar, ainda, que a apuração da base de cálculo da CSSLL é muito
semelhante a do Lucro Real, especialmente no que tange às adições,
exclusões, diferimentos, etc., introduzidos na legislação a partir de 1995. Não
podemos, entretanto, desprezar as diferenças nos ajustes, espeçialmente
quando se trata de regras estabelecidas para o imposto de renda, já antigas,
que em muitos casos não alcançam a CSSLL.

Considerações sobre Lucro Líquido


Considera-se lucro líquido (ou prejuízo) o valor deste, constante do DRE, antes
de deduzida a provisão para a CSSLL e antes de deduzida a provisão para o IR
apurado de acordo com as leis comerciais e fiscais, computando-se neste,
inclusive, as participações nos lucros atribuídas a administradores, debêntures,
partes beneficiárias e empregados.

Ajustes por Adições

As adições compreendem, basicamente, as despesas contabilizadas e não


aceitas como redutoras da base de cálculo, a exemplo de despesas com
provisões (exceto férias e 13º Salário), resultado negativo da avaliação de
investimentos pela equivalência patrimonial, despesas com bens não
intrinsecamente relacionados com a produção e comercialização, etc.

As principais adições são:

1. Provisões Não-Dedutíveis para Fins de IR


2. O valor das despesas com provisões não-dedutíveis na determinação do
lucro real também não são dedutíveis na determinação da base de
cálculo da CSSLL. Não devem ser consideradas neste item as provisões
para o Imposto de Renda e CSSLL, pois o lucro líquido a ser ajustado não
está influenciado por tais provisões. Segundo o art. 13 da Lei nº.
9.249/95 com as alterações do art. 14 da Lei nº. 9.430/96, para efeito de
apuração do Lucro Real e da base de cálculo da contribuição social sobre
o lucro líquido, são vedadas quaisquer provisões, exceto as constituídas
para o pagamento de férias de empregados e de 13º salário, e as
provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem
como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida
pela legislação especial a elas aplicável.
3. Reserva de Reavaliação Baixada e Não-Computada no Resultado. O valor
da reserva de reavaliação baixada durante o período-base, cuja
contrapartida não tenha sido computada no resultado do período-base
(apuração trimestral ou anual) deve ser adicionada. A reserva de
reavaliação constituída por empresa investidora em virtude de
reavaliação de bens na coligada ou controlada, baixada no curso do
período base (apuração trimestral ou anual), não será adicionada quando
o valor dessa reserva já tiver sido objeto da incidência da Contribuição
Social Sobre o Lucro Líquido na coligada ou controlada. A parcela da
reserva de reavaliação constituída como contrapartida do aumento de
valor de bens imóveis integrantes do ativo permanente e incorporada ao
capital social (DL nº. 1.978/82, art. 3º) deverá ser adicionada nos
mesmos valores e condições previstos para o seu cômputo no lucro real
(IN nº. 38/91).
4. Despesas Não-Dedutíveis (Lei nº. 9.249/95, art. 13):
a. contraprestações de arrendamento mercantil e do aluguel de bens
móveis ou imóveis, exceto quando relacionados intrinsecamente
com a produção ou comercialização dos bens e serviços;
b. despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo,
conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos
com bens móveis ou imóveis, exceto se intrinsecamente
relacionados com a produção de bens e serviços;
c. despesas com alimentação dos sócios, acionistas e
administradores;
d. contribuições não-compulsórias, exceto as destinadas a custear
seguros, planos de saúde e benefícios complementares
assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos
empregados e dirigentes da pessoa jurídica;
e. as doações, exceto as referidas no § 2º do art. 13 da Lei nº.
9.249/95 (também dedutíveis para o IR); e
f. as despesas com brindes.

5. Equivalência Patrimonial negativa - ajuste por Diminuição no Valor de


Investimentos Avaliados pelo Patrimônio Líquido também deve ser
adicionado;
6. Parcela dos Lucros de Contratos de Construção por Empreitada ou
Fornecimento, Celebrados com PJ de Direito Público;
7. Adicionar o valor do lucro que houver sido excluído em período-base
anterior, proporcional à receita recebida no próprio período-base,
inclusive mediante resgate ou alienação sob qualquer forma de títulos
públicos ou Certificados de Securitização, emitidos especificamente para
quitação desses créditos, decorrente de contratos de construção por
empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado, de bens ou
serviços, celebrados com pessoa jurídica de direito público ou empresa
sob seu controle, empresa pública, sociedade de economia mista ou sua
subsidiária (Lei nº. 8.003/90, art. 3º, e Lei nº. 9.711/98, art.l8).
8. Encargos de Depreciação, Amortização e Exaustão e Baixas de Bens;
9. Diferença de Correção Monetária IPC/BTNF (Lei nº.8.200/91, art. 3º);
10. Os valores dos encargos referidos e da parcela do custo de bem baixado
a qualquer título, computados em conta de resultado, que
corresponderem à diferença de correção monetária entre o IPC e o
BTNF, do ano de 1990 e computados em conta de resultado - esta
indedutibilidade, bem como do resultado da Correção Monetária
Diferença IPC/BTN prevista no art. 3º da Lei nº. 8.200/91, é muito
questionada, pois é determinada no art. 41 do Dec. nº. 332/91 (DOU
05.11.91), uma vez que a Lei nº 8.200/91 cala em relação à CSSLL.
11. Em virtude da indedutibilidade, para fins de CSSLL, dos encargos de
depreciação, amortização e exaustão e das baixas das contas do ativo
permanente, surgidas em razão do expurgo inflacionário de 1990, tais
contas devem continuar contabilizadas separadamente das originais,
enquanto registrarem saldo.
12. Prejuízos e Perdas Incorridas no Exterior Computadas no Resultado -
adicionar os prejuízos e perdas, inclusive de capital, decorrentes de
aplicações e operações no exterior efetuadas pela própria empresa;
13. O valor amortizado nos períodos de apuração subseqüentes ao da
exclusão referentes às variações nas taxas de câmbio ocorrida no 1º
trimestre de 1999, nos termos da Lei no 9.816/99;
14. Ajustes por operações no exterior com pessoas vinculadas;
15. As condições estabelecidas aos preços de transferência, previstas nos
art. 18 a 24 da Lei nº. 9.430/96, regulado pela IN nº 38/97, na forma
exposta na parte relativa ao Imposto de Renda, influem a base de
cálculo da CSSLL;
16. A partir de 1998, o valor dos lucros distribuídos disfarçadamente, de que
tratam os arts. 60 a 62 do DL nº. 1.598, de 1977, com as alterações do
art. 20 do DL nº. 2.065, de 26 de outubro de 1983 (RIR/94, art. 432 a
438), serão, também, adicionados ao lucro líquido para efeito de
determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro
líquido (Lei nº 9.532/97, art. 60).
17. Lucros disponibilizados no exterior;
18. Os lucros disponibilizados, nos termos do art. 12 da Lei nº. 9.532/97, a
partir de 01/10/99 (art. 21 da MP nº. 1.9991-12, de 1999, e reedições,
e AD SRF nº. 75/99) são tributadas pela CSSLL;

Ajustes por Exclusões

As exclusões referem-se, via de regra, às receitas contabilizadas e não-


tributáveis, tais como resultado positivo da avaliação de investimentos pelo
valor de patrimônio líquido, lucros e dividendos de participações societárias
computados como receita, lucros contábeis passíveis de diferimento, etc.

As exclusões mais comuns são:

1) Reversão dos Saldos das Provisões Não-Dedutíveis - o valor das


provisões não-dedutíveis constituídas em períodos-base anteriores e
baixadas no curso do período-base (apuração trimestral ou anual) podem
ser excluídas. A baixa poderá ter sido por utilização da provisão ou por
reversão. A exclusão é permitida em ambos os casos.

2) Rendimentos de Participações Societárias - os Lucros e Dividendos de


Investimentos Avaliados pelo Custo de Aquisição, quando computados no
resultado contábil e o Ajuste por Aumento no Valor de Investimentos
Avaliados pelo Patrimônio Líquido podem ser excluídos.

3) Parcela dos Lucros de Contratos de Construção por Empreitada ou


Fornecimento, Celebrados com PJ de Direito Público - pode ser excluída a
parcela dos lucros decorrentes de contratos de construção por
empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado, de bens ou
serviços celebrados com pessoa jurídica de direito público, ou empresa
sob seu controle, empresa pública, sociedade de economia mista ou sua
subsidiária, computada no resultado do período-base, proporcional à
receita dessas operações consideradas nesse resultado e não recebida
até a data do balanço de encerramento do mesmo período-base (Lei nº.
8.003/90, art. 3º, e ADN CST nº. 05/91), apuração trimestral ou anual.
Também poderá ser incluída neste item a parcela dos lucros decorrentes
dos contratos acima, quando os créditos com essas pessoas jurídicas
forem quitados pelo Poder Público com títulos de sua emissão, inclusive
com Certificados de Securitização, emitidos especificamente para essa
finalidade. Tal parcela será adicionada à base de cálculo da contribuição
social no período-base do resgate desses títulos ou de sua alienação sob
qualquer forma (MP nº. 1.559-18/97-7/96, art. 2º). No caso de
subcontratação de parte da empreitada ou fornecimento, o direito ao
diferimento caberá também à empreiteira ou fornecedora, na proporção
da sua participação na receita a receber. A parcela excluída nos termos
deste item, deverá ser adicionada ao resultado do período-base
(apuração trimestral ou anual) em que a receita for recebida.

4) Rendimentos e Ganhos de Capital Auferidos no Exterior - os


rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, por pessoa
jurídica domiciliada no Brasil, desde que devidamente computados no seu
resultado até 30/09/99, podem ser excluídos. A partir de 01/10/99 são
tributados (art. 21 da MP nº. 1.9991-12, de 1999, e reedições, e AD SRF
nº75/99).

5) Deduções das Aplicações em Fundos de Financiamento da Indústria


Cinematográfica Nacional – Funcines - o valor dos investimentos
efetuados ao Funcines poderá ser excluído do lucro líquido, na
determinação da CSSLL, nos seguintes percentuais: 100%, nos anos-
calendário de 2002 a 2005; 50%, nos anos-calendário de 2006 a 2008;
25%, nos anos-calendário de 2009 e 2010.

Compensações de Bases Negativas

É passível de compensação o saldo correspondente à base de cálculo negativa


da contribuição social sobre lucro, apurada a partir do ano-calendário de 1992.
Porém, assim como na legislação do Imposto de Renda, também a redução da
base da Contribuição Social é limitada a 30% do Lucro Líquido, depois de
ajustado pelas adições e exclusões antes comentadas. Portanto, para fins de
determinação da base de cálculo da Contribuição Social Sobre o Lucro das
pessoas jurídicas submetidas à apuração trimestral ou anual da Contribuição
Social, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido por compensação da base
de cálculo negativa, apurada em períodos-base anteriores, em, no máximo,
30% (trinta por cento) (Lei nº. 9.065/95, art. 16).
Ainda quanto à compensação de bases negativas, é oportuno lembrar que
estas não estão sujeitas a determinadas peculiaridades, aplicáveis aos
prejuízos fiscais do IR, a exemplo da separação em base negativa operacional e
não-operacional, etc.

Base de Cálculo da CSSLL - Estimativa Sobre Receita Bruta e


Acréscimos

Estimativa sobre Receita Bruta – Empresas em Geral

Sabemos que o imposto de renda, quando a empresa opta pelo lucro real
anual, deve ser apurado mensalmente por estimativa sobre a receita bruta e
acréscimos, ou com base em balanços de suspensão ou redução. Neste último
caso a CSSLL é apurada segundo as regras do lucro real, pois há apuração do
lucro real.
Porém, quando o IR estimado é calculado com base na receita bruta e
acréscimos, a base de cálculo da contribuição em tela é apurada mensalmente,
de forma semelhante à apuração da base do IR, variando, basicamente, os
percentuais de presunção do lucro aplicáveis sobre a receita bruta.
Para efeito de pagamento mensal por estimativa sobre a receita bruta e
acréscimos, a base de cálculo da Contribuição Social Sobre o Lucro será a soma
dos seguintes valores:

I. O valor correspondente a 12% da receita bruta mensal (com


exceções), excluídas as vendas canceladas, as devoluções de
vendas, os descontos incondicionais concedidos e os impostos
não-cumulativos cobrados destacadamente do comprador dos
quais o vendedor dos bens ou prestador de serviços seja mero
depositário;
II. O percentual do item I, a partir de 1º de setembro de 2003,
passou a 32% para as atividades de: (a) prestação de serviços
em geral, exceto a de serviços hospitalares; (b) intermediação de
negócios; (c) administração, locação ou cessão de bens imóveis,
móveis e direitos de qualquer natureza; (d) factoring. No caso de
atividades diversificadas será aplicado o percentual
correspondente a cada atividade;
III. Os ganhos de capital, as demais receitas e os resultados positivos
decorrentes de receitas não-compreendidas na atividade,
inclusive:
i. os rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas
entre pessoas jurídicas controladoras, controladas, coligadas
ou interligadas;
ii. os ganhos de capital auferidos na alienação de participações
societárias permanentes em sociedades coligadas e
controladas, e de participações societárias que
permaneceram no ativo da pessoa jurídica até o término do
ano-calendário seguinte ao de suas aquisições;
iii. os ganhos auferidos em operações de cobertura ("hedge")
realiza da sem bolsas de valores, de mercadorias e de futuros
ou no mercado de balcão;
iv. a receita de locação de imóvel, quando não for este o objeto
social da pessoa jurídica, deduzida dos encargos necessários
à percepção da mesma;
v. os juros pela taxa SELIC relativos a impostos e contribuições
a serem restituídos ou compensados;
vi. as variações monetárias ativas;
vii. os ganhos de capital auferidos na devolução de capital em
bens e direitos (IN nº. SRF nº. 11/96, art. 60, § 1º);
viii. a diferença entre o valor em dinheiro ou o valor dos bens e
direitos recebidos de instituição isenta, a título de devolução
de patrimônio, e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e
direitos que tinha sido entregue para a formação do referido
patrimônio (Lei nº. 9.532/97, art. 17, § 4º, letra "a");
IV. Os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações
financeiras de renda Fixa e renda variável.

Destaque-se, no que respeita às variações monetárias ativas, referidas no item


III, item vi, que, a partir de 12 de janeiro de 2000, conforme o art. 30 da MP
nº. 1858-10, de 26/10/1999, as variações cambiais podem ser consideradas,
para efeito de determinação da CSSLL, ou pelo regime de competência ou
quando da liquidação da correspondente operação. Esta opção deve ser
uniforme em todo o ano-calendário.
Ainda, para fins deste item, considere-se como receita bruta aquela
proveniente das atividades objeto da empresa (venda, serviços e comissões).
Desta receita bruta poderão ser deduzidas as vendas canceladas, os descontos
incondicionalmente concedidos e os impostos não cumulativos cobrados
destacadamente do comprador ou contratante, e do qual o vendedor dos bens
ou prestador dos serviços seja mero depositário (IPI). Embora a lei não faça
referência específica quanto à dedução do imposto sobre operações relativas à
circulação de mercadorias - ICMS, retido pelo vendedor dos bens ou prestado r
dos serviços na condição de substituto tributário, entendemos ser este passível
de exclusão. Esta conclusão tem como fundamento o parágrafo único do art. 3º
da MP 1.212, de 28 de novembro de 1995 (DOU 29/11/95), convertida na Lei
nº. 9.715/98, que admitia a exclusão para fins de PIS.
A partir de 1999, a pessoa jurídica sujeita à tributação pelo imposto de renda
com base no lucro real, presumido ou arbitrado, que tenha como objeto social,
declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos
automotores, deverá observar, quanto à apuração da base de cálculo dos
tributos e contribuições de competência da União, administrados pela
Secretariada Receita Federal, o seguinte: nas operações de venda de veículos
usados, adquiridos para revenda, inclusive quando recebidos como parte do
pagamento do preço de venda de veículos novos ou usados, o valor a ser
computado na determinação da base de cálculo destes tributos será apurado
segundo o regime aplicável às operações de consignação;

Estimativa sobre Receita Bruta - Instituições Financeiras

Nas atividades desenvolvidas por bancos comerciais, bancos de investimentos,


bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades
corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e
valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de
crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, e entidades de
previdência privada aberta, a base de cálculo da estimativa sobre a receita
bruta e acréscimos da CSSLL corresponderá à soma dos seguintes valores:

I. Do resultado decorrente da multiplicação do percentual


de 12% (doze por cento) sobre a receita bruta auferida, ajustada
pelas seguintes deduções:
f) no caso das instituições financeiras, sociedades corretoras de
títulos, valores mobiliários e câmbio, e sociedades distribuidoras de
títulos e valores mobiliários: as despesas incorridas na captação de
recursos de terceiros; as despesas com obrigações por
refinanciamentos, empréstimos e repasses de recursos de órgãos e
instituições oficiais e do exterior; as despesas de cessão de
créditos; as despesas de câmbio; as perdas com títulos e
aplicações financeiras de renda fixa; as perdas nas operações de
renda variável;
g) no caso de empresas de seguros privados: o cosseguro e resseguro
cedidos; os valores referentes a cancelamentos e restituições de
prêmios que houverem sido computados em conta de receita,
assim como a parcela dos prêmios destinada à constituição de
provisões ou reservas técnicas;
h) no caso de entidades de previdência privada abertas e de empresas
de capitalização: a parcela das contribuições e prêmios,
respectivamente, destinada à constituição de provisões ou reservas
técnicas;

II. Dos ganhos de capital, das demais receitas e dos


resultados positivos decorrentes de receitas não-compreendidas na
atividade.

Integram a Receita Bruta:

I. Os rendimentos obtidos em aplicações financeiras de renda fixa de


titularidade de instituição financeira, sociedade de seguro, de
previdência e de capitalização, sociedade corretora de títulos, valores
mobiliários e câmbio, sociedade distribuidora de títulos e valores
mobiliários ou sociedade de arrendamento mercantil;
II. Os ganhos líquidos e rendimentos auferidos nas operações de renda
variável realiza das em bolsa, no mercado de balcão organizado,
autorizado por órgão competente, ou por meio de fundos de
investimento, para a carteira própria das instituições referidas no
inciso anterior.

Obs: É vedada a dedução de qualquer despesa administrativa da base de


cálculo exposta.

Base de Cálculo da CSSLL - Lucro Presumido

Quando as empresas são tributadas pelo imposto de renda com base na


apuração do lucro presumido, a base de cálculo trimestral da Contribuição
Social Sobre o Lucro Líquido será a soma dos seguintes valores:

I. O valor correspondente a 12% da receita bruta


trimestral; considera-se, para fins deste item, como receita bruta
aquela proveniente das atividades objeto da empresa (venda, serviços
e comissões); desta receita bruta poderão ser deduzidas as vendas
canceladas, os descontos incondicionalmente concedidos e os
impostos não-cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou
contratante, e do qual o vendedor dos bens ou presta dor dos serviços
seja mero depositário (IPI); embora a lei não faça referência
específica quanto à dedução do imposto sobre operações relativas à
circulação de mercadorias - ICMS, retido pelo vendedor dos bens ou
prestador dos serviços na condição de substituto tributário,
entendemos ser este passível de exclusão. Esta conclusão tem como
fundamento o parágrafo único do art. 3º. da MP 1.212, de 28 de
novembro de 1995 (DOU 29/11/95), convertida na Lei nº. 9.715/98,
que admitia a exclusão para fins de PIS;
II. O percentual do inciso I, a partir de 1º de setembro de
2003, será de 32% para as atividades de: (a) prestação de serviços
em geral, exceto a de serviços hospitalares; (b) intermediação de
negócios; (c) administração, locação ou cessão de bens imóveis,
móveis e direitos de qualquer natureza; (d) factoring. No caso de
atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a
cada atividade;
III. Os ganhos de capital, as demais receitas e os resultados
positivos decorrentes de receitas não compreendidas na atividade,
inclusive:
a) Os ganhos de capital, nas alienações de bens e direitos, inclusive
de aplicações em ouro não caracterizado como ativo financeiro.
b) Os rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas entre
pessoas jurídicas controladoras, controladas, coligadas ou
interligadas, exceto se a mutuária for instituição autorizada a
funcionar pelo Banco Central do Brasil;
c) Os ganhos de capital auferidos na alienação de participações
societárias permanentes em sociedades coligadas e controladas, e
de participações societárias que permaneceram no ativo da pessoa
jurídica até o término do ano-calendário seguinte ao de suas
aquisições;
d) Os ganhos auferidos em operações de cobertura ("hedge")
realizada sem bolsas de valores, de mercadorias e de futuros ou no
mercado de balcão;
e) A receita de locação de imóvel, quando não for este o objeto social
da pessoa jurídica, deduzida dos encargos necessários à percepção
da mesma;
f) O os juros relativos a impostos e contribuições a serem restituídos
ou compensados, segundo a taxa SELIC;
g) As variações monetárias ativas;
h) Os juros sobre o capital próprio auferidos;
i) Os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações
financeiras de renda fixa e renda variável;
j) O valor resultante da aplicação do percentual correspondente sobre
a parcela das receitas auferidas nas exportações às pessoas
vinculadas ou aos países com tributação favorecida que exceder ao
valor já apropriado na escrituração da empresa (IN nº. 38/97);
k) O valor dos encargos suportados pela mutuária que exceder ao
limite calculado com base na taxa Libor, para depósitos em dólares
dos Estados Unidos da América, pelo prazo de seis meses,
acrescido de três por cento anuais a título de spread,
proporcionalizados em função do período a que se referirem os
juros, quando pagos ou creditados a pessoa vinculada no exterior e
o contrato não for registrado no Banco Central do Brasil;
l) A diferença de receita, auferida pela mutuante, correspondente ao
valor calculado com base na taxa a que se refere o inciso anterior e
o valor contratado, quando este for inferior, caso o contrato, não
registrado no Banco Central do Brasil, seja realizado com mutuária
definida como pessoa vinculada domiciliada no exterior;
m)As multas ou qualquer outra vantagem recebida ou creditada, ainda
que a título de indenização, em virtude de rescisão de contrato;
n) O valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos recebidos de
instituição isenta, a título de devolução de patrimônio, que houver
sido entregue para a formação do referido patrimônio (Lei nº.
9.532/97, art. 17),

Considera-se, para fins deste item, como receita bruta aquela proveniente das
atividades objeto da empresa (venda, serviços e comissões); desta receita
bruta poderão ser deduzidas as vendas canceladas, os descontos
incondicionalmente concedidos e os impostos não-cumulativos, cobrados
destacadamente do comprador ou contratante, e do qual o vendedor dos bens
ou prestador dos serviços seja mero depositário(IPI); embora a lei não faça
referência específica quanto à dedução do imposto sobre operações relativas à
circulação de mercadorias -ICMS, retido pelo vendedor dos bens ou prestador
dos serviços na condição de substituto tributário, entendemos ser este passível
de exclusão. Esta conclusão tem como fundamento o parágrafo único do art. 3º
da MP 1.212, de 28 de novembro de 1995 (DOU 29/11/95), convertida na Lei
nº. 9,715/98, que admitia a exclusão para fins de PIS.
Sendo desconhecida a receita bruta e havendo arbitramento, a base de cálculo
da CSSLL decorrente é aquela utilizada na apuração da base de cálculo do IRPJ
(art. 55 da Lei nº. 8.981/95).
O ganho de capital referido no inciso III, "a", deste item, corresponderá à
diferença positiva verificada, no mês, entre o valor da alienação e o respectivo
custo de aquisição diminuído dos encargos de depreciação, amortização ou
exaustão acumulada.
A partir da publicação da IN nº. 104/98 (26/08/98), para as empresas optantes
pelo lucro presumido, a receita bruta a que se refere o inciso I deste item pode
ser considerada pelo regime de competência ou de caixa.
A partir de 1999, a pessoa jurídica sujeita à tributação pelo imposto de renda
com base no lucro real, presumido ou arbitrado, que tenha como objeto social,
declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos
automotores, deverá observar, quanto à apuração da base de cálculo dos
tributos e contribuições de competência da União, administrados pela
Secretaria da Receita Federal, o seguinte: nas operações de venda de veículos
usados, adquiridos para revenda, inclusive quando recebidos como parte do
pagamento do preço de venda de veículos novos ou usados, o valor a ser
computado na determinação da base de cálculo destes tributos será apurado
segundo o regime aplicável às operações de consignação.
No que respeita às variações monetárias ativas, referidas no inciso III, letra
"g", deste item, temos que considerar a inovação vigente a partir de 1º de
janeiro de 2000, introduzida pelo o art. 30 da MP nº. 1858-10 (atual MP 2.158-
35/01), de 26/10/1999, que diz: "as variações cambiais podem ser
consideradas, para efeito de determinação da CSSLL, ou pelo regime de
competência ou quando da liquidação da correspondente operação", Esta opção
deve ser uniforme em todo o ano-calendário. Também em 1999 há
modificações neste sentido. O art. 31 da MP nº. 1858-10 (atual MP 2.158-
35/01) autoriza excluir a parcela das receitas financeiras decorrentes da
variação monetária dos direitos de crédito e das obrigações, em função da taxa
de câmbio, submetida à tributação, segundo regime de competência, relativo
ao períodos compreendidos no ano-calendário de 1999, excedente ao valor da
variação monetária efetivamente realizada, ainda que a operação tenha sido
liquidada.

Alíquota da CSSLL
A partir de 1º de janeiro de 2003, a alíquota da CSSLL passa ser de 9% (art.
40 da MP 66/2002, convertida na Lei nº. 10.637/02, art. 37).
Por fim, convém lembrar que a partir de 16/12/98, quando foi publicada a
Emenda Constitucional nº. 20, a CSSLL poderá apresentar alíquotas
diferenciadas, de uma empresa para outra, em razão do número de
empregados e/ou das atividades por estas exercidas.

Vencimento da CSSLL

A Contribuição Social vence juntamente com o Imposto de Renda. E o


vencimento do imposto de renda varia em função da forma de apuração deste,
ou seja, pelo lucro real anual, de ajuste ou estimativa, pelo lucro real trimestral
e pelo lucro presumido ou arbitrado, também trimestrais.

Vencimento – Apuração Trimestral

A contribuição social sobre o lucro líquido, apurada trimestralmente, pelo lucro


real, presumido ou arbitrado, será paga em quota única, até o último dia útil do
mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração.
A opção da pessoa jurídica, a contribuição social devida poderá ser paga em
até três quotas mensais, iguais e sucessivas, vencíveis no último dia útil dos
três meses subseqüentes ao de encerramento do período de apuração a que
corresponder.
Nenhuma quota poderá ter valor inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) e a
contribuição social de valor inferior a R$ 2.000,00 (dois mil reais) será paga em
quota única, até o último dia útil do mês subseqüente ao do encerramento do
período de apuração;
As quotas da contribuição social serão acrescidas de juros equivalentes à taxa
referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, para títulos
federais, acumulada mensalmente, a partir do primeiro dia do segundo mês
subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do
mês anterior ao do pagamento e de 1%no mês do pagamento.

Vencimento - Apuração Mensal

A Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, determinada mensalmente por


estimativa ou em balanço ou balancete de suspensão ou redução, será paga
até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir (art. 6º da Lei
nº. 9.430/96).

Vencimento - Saldo da CSSLL em 31 de Dezembro - Ajuste Anual

O saldo da contribuição social sobre o lucro líquido apurado em 31 de


dezembro, no caso de lucro real anual, será:
a) pago em quota única até o último dia útil do mês de março do ano
subseqüente. O saldo da contribuição social será acrescido de juros
equivalentes à taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e
Custódia - SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, a partir
de 1º de fevereiro até o último dia do mês anterior ao do pagamento e
de 1% no mês do pagamento;
b) compensada com a contribuição social a ser paga a partir do mês de
janeiro do ano-calendário subseqüente ao do encerramento do período de
apuração, se negativo, assegurada a alternativa de requerer a restituição
do montante pago a maior (AD nº. 03, de 07 de janeiro de 2000).

Deduções da CSSLL

Da CSSLL apurada poderão ser deduzidos, quando for o caso, os seguintes


valores:

a) Recuperação de créditos de CSSLL das instituições referidas no parágrafo


1º do art. 22 da Lei nº. 8.212/91 (instituições financeiras) conforme
autorizado pelo art. 8º da MP nº. 1.991/99 (atual MP nº. 2.158-35, art.
8º);
b) CSSLL mensal paga por estimativa no caso de empresas optantes pelo
lucro real anual;
c) Saldo do imposto de renda pago no exterior, que exceder o valor
compensável com o imposto de renda devido no Brasil, poderá ser
compensado com a CSSLL devida em virtude da adição, à sua base de
cálculo, dos lucros oriundos do exterior, até o limite acrescido em
decorrência dessa adição;
d) CSSLL retida na fonte por Órgãos Públicos;
e) O bônus de adimplência fiscal aplicável às pessoas jurídicas tributadas
pelo lucro real ou presumido, de 1% da base de cálculo da CSSLL
apurada na forma estabelecida para o lucro presumido (MP nº. 66/2002,
arts. 40 e seguintes, convertida na Lei nº. 10.637/02, art. 38).

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