Codex Alimentarius 05-2007
Codex Alimentarius 05-2007
Codex Alimentarius 05-2007
CODEX ALIMENTARIUS
Dos antepassados à actualidade
Antonieta
XXXXXXXXXXX
Queimada
O facto de se encontrarem referências a uma certa gestão da países". Importância decisiva tem a criação, em 1948, da Orga-
qualidade e segurança dos alimentos em civilizações bem remotas, nização Mundial de Saúde (OMS) com responsabilidades na área da
prova-nos que o conceito de norma internacional para alimentos saúde humana e particularmente o mandato que lhe é conferido
não é novo. A preocupação das instâncias governamentais na para a elaboração de normas alimentares.
protecção dos consumidores contra práticas desleais em matéria
de venda de alimentos vem de muito longe e aparece concretizada Estas duas organizações das Nações Unidas iniciam em 1950
em regras devidamente codificadas de que são exemplo: reuniões conjuntas de peritos, que desenvolvem trabalhos em
nutrição, aditivos alimentares e matérias relacionadas.
■ A descrição de métodos para determinação do peso e medidas
correctas dos grãos de cereais para alimentação, em tábuas Em 1953 a Assembleia Mundial da OMS chamava a atenção para um
assírias; novo problema de saúde pública relacionado com o uso indis-
■ A obrigatoriedade da aplicação de rotulagem em certos alimen- criminado de aditivos nos alimentos e em 1955 uma conferência
tos, em papiros egípcios; conjunta FAO/OMS sobre aditivos recomendava a formação de um
■ A referência a medidas de controlo da qualidade alimentar nos ou mais comités de peritos para tratar os aspectos administrativos
escritos do estadista indiano Kautylia (ano 300 A.C.). e técnicos dos aditivos químicos e a sua segurança na alimentação.
Há ainda evidências de sistemas de controlo alimentar para Assistia-se entretanto na Europa a movimentos que tinham como
protecção dos consumidores contra fraudes ou más produções na objectivo a criação de um código europeu de alimentos, o que de
Grécia Antiga (ex. o controlo da pureza e da qualidade das cervejas certo modo acelerou a decisão de estabelecer um programa inter-
e dos vinhos) e na Roma Antiga (os romanos dispunham de um nacional. É assim que em Outubro de 1960 a primeira Conferência
sistema público de controlo dos alimentos bem organizado para Regional para a Europa da FAO reconheceu claramente "ser dese-
proteger os consumidores de práticas fraudulentas ou de produtos jável um acordo internacional, em vez de regional, para padrões
de má qualidade). mínimos dos alimentos e questões relacionadas, incluindo rotu-
lagem e métodos de análise, como importante meio de protecção
Na Europa da Idade Média alguns países votaram leis sobre a da saúde dos consumidores, assegurando a qualidade e reduzindo
qualidade e inocuidade dos ovos, das salsichas, do vinho e do pão. barreiras ao comércio particularmente no mercado rapidamente
Alguns destes regulamentos antigos estão ainda hoje em vigor. integrante da Europa", e convidou os directores gerais a apresen-
tarem uma proposta de programa conjunto FAO/OMS de normas
ORIGEM alimentares à Conferência da FAO.
A expressão Codex Alimentarius é latina e significa Código Em apenas quatro meses a FAO iniciou conversações com a CEE, a
Alimentar. O Codex Alimentarius é pois uma colectânea de códigos OCDE e o Codex Alimentarius Europaeus, com propostas que leva-
escritos internacionais sobre alimentos. Já entre 1897 e 1911, no ram ao estabelecimento de um programa internacional de normas
Império Austro-Húngaro se desenvolvera a primeira colecção de alimentares. Na 11ª sessão da Conferência da FAO, em Novembro de
normas e descrições de produtos relativas a uma enorme variedade 1961, é aprovada a resolução que dá origem à constituição da
de alimentos – O Codex Alimentarius Austriacus. Comissão do Codex Alimentarius, a que se seguiu, na 16ª sessão da
Assembleia Mundial de Saúde em Maio de 1963, a aprovação para o
É no entanto na Conferência das Nações Unidas sobre Agricultura e estabelecimento do programa e a adopção dos estatutos da
Alimentação (FAO), realizada em 1943 na cidade de Hot Springs Comissão do Codex Alimentarius.
(Virginia, EUA), que as 44 nações participantes decidiram estabe-
lecer um programa internacional e recomendar a criação de uma COMISSÃO DO CODEX ALIMENTARIUS
organização internacional de apoio aos governos na elaboração de
"normas de conteúdo nutricional de todos os alimentos importan- A Comissão do Codex Alimentarius, frequentemente referida
tes" e na "formulação e adopção de normas internacionais seme- simplesmente como Codex, é um corpo intergovernamental actual-
lhantes para facilitar e proteger as trocas desses produtos entre mente com 173 países membros e uma organização membro (a UE),
➔ Presidente
➔ 3 Vice-Presidentes
➔ 6 coordenadores regionais
da FAO e da OMS)
➔ Orgãos subsidiários (4 tipos):
■ Comités de questões gerais
(horizontais)
■ Comités de produtos (verticais)
■ Comités de Coordenação Regional
■ Grupos Intergovernamentais
Especiais ad-hoc (task forces)
PONTO FOCAL
Em cada Estado-Membro é designado um Ponto de Contacto comércio), a pertinência jurídica das normas do Codex ficou parti-
Nacional, que é coordenador e Ponto Focal para as actividades do cularmente reforçada com a remissão que, nos referidos acordos, é
Codex. Estabelece a ligação com o Secretariado do Codex, a comu- feita para o Codex Alimentarius.
nicação com os serviços da Administração envolvidos, com a
indústria e com os grupos de consumidores, e regra geral está num No âmbito destes acordos presume-se que estarão "conformes"
departamento ministerial. Em Portugal o ponto de Contacto Nacio- as medidas nacionais pertinentes que se baseiem em textos
nal para o Codex Alimentarius é o Gabinete de Planeamento e Codex. Nos acordos SPS tais textos são mesmo referência explícita
Políticas (GPP), do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento para normas relacionadas com segurança alimentar e para har-
Rural e das Pescas. monização de normas nacionais respeitantes à segurança ali-
mentar. Nos acordos TBT, que se referem a regulamentações
Compete fundamentalmente ao Ponto de Contacto Codex: técnicas e procedimentos de avaliação de conformidade de pro-
➔ Estabelecer contactos com outros serviços e ministérios rele- dutos alimentares ou não alimentares, tais textos não são
vantes; explicitamente referidos, mas encontramos frequentemente a
➔ Estabelecer contactos com as organizações da indústria; expressão "normas desenvolvidas por organizações internacio-
➔ Estabelecer contactos com as organizações de consumidores; nais apropriadas", o que no caso dos alimentos serão claramente
➔ Estabelecer mecanismos de colaboração nacional; as normas Codex.
➔ Organizar workshops Codex;
Os Estados-Membros que constituem a UE continuam individual- No próximo semestre (Julho/Dezembro de 2007) competirá a
mente a ser membros da Comissão do Codex Alimentarius, sendo Portugal, enquanto presidente em exercício da UE, assumir a
que as posições a assumir são previamente analisadas entre os 27 coordenação europeia da Reunião da Comissão do Codex Alimen-
e a Comissão da UE, que decidem em conjunto as matérias que são tarius (2-7 Julho) e dos Comités/Grupos:
em cada caso da competência da UE, da competência de cada ➔ Resíduos de Medicamentos Veterinários nos Alimentos (3-7
Para além da análise de documentos continuamente feita via ➔ Resistência Antimicrobiana (23-26 Outubro);
correio electrónico, efectua-se antes de cada reunião Codex (da ➔ Higiene dos Alimentos (29 Outubro-3 Novembro);
Comissão ou dos seus órgãos subsidiários) uma ou duas (eventual- ➔ Nutrição e Alimentos para uso Dietético Especial (12-16
Desde Julho de 2004, na sequência da aprovação pelo Conselho da É inegável a importância das matérias que constituem os dossiês
FAO (127ª reunião) de uma derrogação relativa à UE que, em cada destas reuniões, algumas delas algo polémicas, pelo que se antevê
reunião Codex Alimentarius, a Comissão da UE ocupa um lugar junto um trabalho de coordenação difícil e de muita responsabilidade.
da delegação do Estado-Membro que nessa data detém a pre- Maria Antonieta Mestre Quinta Queimada, Membro da Direcção do Comité
sidência. Nacional do Leite – FIL/IDF