O Herói Épico Resumo Do Livro

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O Herói Épico - Gregory Nagy

Introdução
Aquiles e Odisseu na Iliada e na Odisseia de Homero.
Pontos de comparação com estas figuras homéricas incluem: Gilgamesh e Enkidu nos
registros cuneiformes sumérios, acadianos e hititas; Arjuna e os outros Pāṇḍava-s no
épico indiano Mahābhārata; e Eneias na Eneida do poeta romano Virgílio.
Estes constructos são dissimilares uns dos outros. Mesmo dentro de uma única tradição
como esta da poesia homérica, heróis como Aquiles e Odisseu parecem pertencer a
mundos distintos. Contudo, “heróis épicos” são incisivamente similares uns aos outros,
compartilhando uma gama de características centrais.
Dois tipos de explicações gerais são correntes para isso
1.Alguns estudiosos têm defendido que estas semelhanças formam uma herança de um
sistema poético originado em um tempo pré-histórico, quando as linguagens indo-
europeias como o Grego e o Indiano estavam ainda indiferenciadas entre si. Um livro
clássico que utiliza esta modalidade de argumentação é o Mythe et epopee de Georges
Dumézil
2. Outros estudiosos, que enfatizam as similaridades entre as tradições épicas da Grécia
antiga e as várias tradições comparáveis originárias do antigo Oriente Próximo, têm
argumentado que estas afinidades vêm de uma rede de intercâmbio cultural que existiu
entre estas tradições sem parentesco linguístico. Um livro paradigmático que usa este
tipo de argumentação é o The Orientalizing Revolution de Walter Burkert.
Algumas destas abordagens, como aquela desenvolvida por Georges Dumézil, são mais
sistemáticas do que outras, mas nenhuma parece autossuficiente. Cada uma tem algo a
adicionar para um quadro geral do «herói épico». Quando percebidas em conjunto,
porém, muitas abordagens comparativas parecem ser mutualmente excludentes. É
necessário, então, uma integração das perspectivas comparativas. De modo a lograr uma
formulação o mais ampla possível, proponho articular três métodos comparativos: (1)
tipológico, (2) genealógico e (3) histórico.
Tipológico: O mais impreciso, embora seja o mais comum. Ele envolve comparações de
paralelos entre estruturas que não são necessariamente relacionadas entre si. Descrevo
este método comparativo como tipológico, o que significa a sua aplicação a
paralelismos entre estruturas enquanto estruturas puras e simples, sem quaisquer
pressuposições. Tal modo de comparação é especialmente pertinente em áreas como a
linguística: comparar estruturas paralelas em linguagens – ainda que as linguagens em
questão não sejam relacionadas entre si – é uma maneira comprovada de melhorar nossa
compreensão global das estruturas linguísticas que estão sob comparação - Ferdinand de
Saussure.
Genealógico: O segundo método envolve comparações de paralelos entre estruturas
relacionadas umas com as outras por meio de uma origem comum. Descrevo este
método comparativo como genealógico, uma vez que aplica paralelismos entre
estruturas cognatas, isto é, estruturas que derivam de uma origem comum ou uma
protoestrutura. Este elemento mais específico consiste em um método estruturalista de
comparação, que depende de análises, tanto sincrônicas como diacrônicas, de estruturas
cognatas em comparação. Enquanto as análises sincrônicas veem a linguagem tal como
ela existe em determinado tempo e lugar, as análises diacrônicas concebem a linguagem
na sua evolução através do tempo.
Histórico: O terceiro método comparativo, que qualifico como histórico, envolve
comparações de paralelos entre estruturas que são relacionadas entre si através de
contato intercultural. Uma manifestação de tal contato consiste num fenômeno
linguístico chamado de Sprachbund. Nos termos deste conceito, qualquer mudança que
ocorra em uma língua que teve contato com outra língua precisa ser vista nos quadros
das estruturas globais de ambas as línguas. Este conceito de Sprachbund pode ser
aplicado em qualquer situação na qual a estrutura de uma cultura é afetada pela estrutura
correspondente em outra cultura, seja por empréstimo ou por qualquer outra espécie de
influência. Tais contatos necessitam ser concebidos como contingência histórica, logo
passível de uma análise histórica. A abordagem diacrônica é, neste caso, insuficiente,
desde que ela não pode predizer a contingência histórica. Da mesma forma que o
método genealógico, o método histórico depende da análise sincrônica das estruturas
paralelas que estão sendo comparadas.

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