Conexões
Conexões
Conexões
Conexões:
perspectivas transcendentes comparadas
1
2
Tom Martins
Conexões:
perspectivas transcendentes comparadas
3
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5
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Wellington Martins Junior
Conexões:
perspectivas transcendentes comparadas
2ª edição
Luce Editora
Jundiaí - SP
2020
7
Copyright © 2020 Wellington Martins Junior
8
AGRADECIMENTOS
9
10
SUMÁRIO
PREFÁCIO
Wanderley Carvalho 13
INTRODUÇÃO
Isso versus aquilo 17
11
12
Prefácio
Wanderley Carvalho
13
14
Prefácio
Tecer comentários que façam jus à robustez teórica e vivencial deste livro
constitui-se em desafiadora tarefa, haja vista os vários atributos que neces-
sitariam ser pontuados e discutidos para que tal propósito fosse atingido a
contento. Afinal, a sinergia entre a temática enfocada e a abordagem uti-
lizada pelo autor fazem com que adjetivos como “ousado”, “provocativo”,
“instigante” e “contundente”, embora merecidos, estejam bastante aquém
de traduzir fielmente o significado deste valioso trabalho intelectual. Além
disso, não posso correr o risco de contaminar demasiadamente os leitores
com meu ponto de vista, antes ainda que eles tenham tido a oportunidade
de dialogar diretamente com o próprio autor. Que fazer?
Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Os olhos enxergam de onde os pés pisam,
diz o teólogo Leonardo Boff. Do meu lugar de educador, dirijo quase que
instintivamente meu olhar para o processo que culminou com esta obra. O
produto, o resultado de tal processo, está agora devidamente materializa-
do e ao alcance do leitor que, dessa forma, fica livre para ter suas próprias
impressões. Inicio meu exercício, que prefiro chamar de contemplação crí-
tica, tomando de empréstimo parte das ideias de Joseph Campbell, uma
das maiores autoridades do mundo em mitologia. Em suas considerações a
respeito da importância dos mitos na existência humana, Campbell inclui
a chamada “saga do herói”, na qual defende haver íntima semelhança entre
uma jornada heroica e a vida de cada um de nós.
15
Prefácio
16
Introdução
17
18
Isso versus aquilo
19
Introdução • Isso versus aquilo
Iniciei esta obra como uma jornada pessoal e anotei conceitos lado a
lado, buscando convergência máxima entre tudo que lia e todos os cur-
sos que fazia nas mais diversas áreas, da política à espiritualidade, das
ideologias tirânicas às libertárias, do Direito à Psicologia. Portanto, a
presente compilação não se resume ao meu estudo jurídico, psicológico,
filosófico ou científico, tampouco à Filosofia Integral ou à Conscien-
ciologia, pois utilizei essas últimas estruturas “apenas” como um polo
centrípeto ou base agregadora de conhecimentos de meu interesse, ini-
cialmente soltos em meu espaço mental e posteriormente alocados so-
bre um único eixo.
1 Referência ao título de uma das obras WILBER, Ken. Uma breve história do Universo. Via
Optima: 2004.
20
Introdução • Isso versus aquilo
os mais variados estudos, como forma eficaz de agrupar cada autor no seu
respectivo quadrante,2 além da condição de melhor interpretar suas teorias
e identificar as respectivas lacunas.
O problema da ambivalência
Diante de vertentes de notável abrangência, mas aparentemente antagôni-
cas – uma decidida a integrar arte, ciência e religião,3 outra interessada
exclusivamente em estruturar-se como ciência 4 – passei a estudar ambas
e pesquisar suas ligações externas com as demais áreas e artefatos do sa-
ber humano. Objetivei a comparação entre tais vertentes e a verificação
de qual delas ofereceria um campo teórico e prático adequado as minhas
inquietações intelectuais e curiosidades pertinentes a todos os campos do
conhecimento, em especial a esfera transcendente.
2 Termo wilberiano que, por ora, podemos entender como jurisdição, território ou setor.
3 Filosofia Integral: proposta integrativa da arte, religião e ciência.
4 Conscienciologia: exclui de seu aparato técnico tanto a arte quanto a religião.
5 Constructo: o “c” mudo foi suprimido pela nova ortografia, mas mantido pelo autor.
21
Introdução • Isso versus aquilo
O que é Consciência?
No contexto desta obra, o termo Consciência, quando iniciado com letra
maiúscula, será utilizado no sentido conscienciológico, ou seja, para desig-
nar o princípio individualizado e organizador de nossa existência ou, em
palavras mais simples, aquilo que somos em essência. Reconheço inúmeras
variações de significados, a exemplo da Filosofia Integral que diferencia os
termos alma e espírito; apesar disso, genericamente, podemos dizer que essa
essência individualizada ou Consciência não se confunde com corpo físico,
energia, emoção ou pensamento.
22
Introdução • Isso versus aquilo
Desde logo, aceitarei eventual crítica por tangenciar a Mateologia, mas mi-
nha construção racional a favor da transcendência ao reducionismo ma-
terialista levou-me a postular as conclusões aqui expostas. Resta-me a es-
perança de positivos questionamentos, reflexões e diálogos suplementares.
23
Introdução • Isso versus aquilo
A Conscienciologia
O sufixo -logia, do grego lógos (palavra, discurso, linguagem, estudo, teoria)
é o elemento linguístico que exprime a noção ou campo de estudo, um con-
junto de conhecimentos sobre tema específico. Conscienciologia, portanto,
é o campo de estudo da Consciência e suas manifestações, interações, ca-
pacidades, percepções e relações materiais e imateriais.
24
Introdução • Isso versus aquilo
Quadro I.1
Comparativo entre os exemplares materialista e consciencial
A Filosofia Integral
No sentido usado pela filosofia wilberiana, o termo integral pressupõe a
junção de partes, união, integração, reconciliação, conexão, enfim, algo que
abraça, abarca e, como no sentido literal, integra. Wilber esclarece expres-
samente que o termo integral não possui o sentido de uniformidade, nem
relação com a tentativa de eliminar multiplicidades ou diferenças.
25
Introdução • Isso versus aquilo
26
Introdução • Isso versus aquilo
Os propositores
Waldo Vieira é dissidente do Espiritismo e propositor da Consciencio-
logia. Provido de notável acuidade, norteia-se pela lógica e alega possuir
farta experiência no estudo parapsíquico, em especial do fenômeno proje-
tivo.26 Manifesta aberta e contundente crítica a qualquer sistema religioso
ou dogmático. Pessoalmente, julgo exagerada a crítica de Vieira.
Ken Wilber, por sua vez, passou pela linha budista e propôs a Filosofia
Integral, por meio da qual aponta um sistema que integra arte, religião
e ciência, com diferenciações e associações inseridas num abraço integral.
Também mantém uma apresentação exótica, com a cabeça raspada, estilo
sereno e físico atlético, apesar do enfrentamento de alguns problemas de
saúde. Intelectualmente brilhante, possui uma escrita conciliadora e busca,
de forma competente, a integração – como o nome de sua filosofia sugere
26 Fenômeno projetivo: conhecido como projeção astral ou desdobramento, entre outras variações.
27 “Banana technique” é expressão que representa a esnobação, irreverência e humor, ao
modo de bordão, dirigida a pessoas não pesquisadoras ou superficiais que inundam o de-
bate com questionamentos vazios. Consiste no gesto de dobrar o braço com a mão fechada,
apoiando ou não a outra mão na dobra do cotovelo.
28 No campo político, interpreto a tendência de Vieira mais voltada para o socialismo, enquan-
to que minha predileção é mais conservadora e focada na autonomia individual (algo entre o
Liberalismo Clássico Europeu e o Conservadorismo). Em linguagem conscienciológica, podería-
mos dizer que, ao adotar tal postura, utilizo-me do princípio da admiração-discordância.
27
Introdução • Isso versus aquilo
Este livro pretende responder, ou pelo menos iniciar, uma reflexão fran-
ca e desapaixonada sobre tais questões, além de trazer ponderações, su-
posições e epifanias pessoais emergentes desse processo. Todavia, para
iniciarmos essa jornada, o leitor necessitará de alguns esclarecimentos
prévios sobre o estilo linguístico de cada autor e da maneira que en-
contrei para estabelecer uma conexão apta a viabilizar o diálogo entre
ambas as teorias e também com os mais diversos autores e filosofias que
estudei paralelamente.
Linguagens e bissociações31
A Conscienciologia utiliza neologismos que apreciei a princípio, mas
atualmente julgo que os conscienciólogos ultrapassaram o limite do uso
razoável dos neologismos e adentraram no abuso dos mesmos, o que
poderá dificultar a compreensão e interação com outras abordagens.
28
Introdução • Isso versus aquilo
29
Introdução • Isso versus aquilo
Volto a destacar que as pontes edificadas nesta obra foram muito além da com-
paração entre Filosofia Integral e Conscienciologia, pois atuei livremente pelas
mais diversas conexões mentais permitidas pelos meus limites intelectuais.
A jurisdição religiosa
Nesse território residirá o ponto nevrálgico, centro das divergências e
possíveis tensões ou antagonismos entre as abordagens. Como afirmei, a
Conscienciologia abandonou a postura dogmática; já a Filosofia Integral
classifica o vocábulo religião em dois grandes grupos com hierarquia valo-
rativa, o primeiro denominado como translativo e o segundo, transformativo,
conforme elucidado pelo Quadro I.2.
30
Introdução • Isso versus aquilo
Quadro I.2.
Quatro diferenciações entre religião translativa e transformativa,
segundo a visão integral
A jornada do autor
Desde meu nascimento, em 25 de março de 1966, estudei vários segmentos
de estudos transcendentes em busca de conceitos claros e úteis para
uma análise abalizada e mapeamento da Consciência e seus aspectos
existenciais. Muito embora restem desafios e lacunas em todas as vertentes,
ousadamente buscarei mitigá-las por meio desta obra. As propostas cons-
cienciológica e integral, associadas aos valores cristãos e autores clássicos
da filosofia e ciência, outorgaram-me incrível bússola na aventura do
31
Introdução • Isso versus aquilo
A gênese desta obra, bem como sua posterior revisão, ocorreu após apre-
sentação de cento e trinta programas televisivos, a maioria deles sobre
transcendência e política. Digno de nota meu reencontro com a proposta
da Filosofia Integral, a mim apresentada magistralmente por Raynsford
em dois cursos com o objetivo de esclarecer os conceitos integrais e gerar
novas oportunidades para a realização pessoal, profissional, familiar e co-
munitária.
32
Introdução • Isso versus aquilo
Beba na fonte
Preocupo-me em deixar transparente a separação entre:
Proposições integrais.
Proposições conscienciológicas.
Proposições pessoais.
Proposições dos inúmeros filósofos e pesquisadores citados.
Interpretação pessoal das respectivas propostas.
Novas proposições oriundas dessas conexões.
33
nas coloquei-os lado a lado para externar aquilo que penso serenamente.
Consequentemente, desejo que esta obra auxilie no trânsito entre Filosofia
Integral, Conscienciologia, vertentes filosóficas e exemplares científicos,
mas, para um entendimento mais profundo sobre a essência dessas e ou-
tras propostas pelo prisma de seus propositores, deixo a frase do presente
tópico: beba na fonte.
34
Primeiro bloco
Conceitos
preliminares
35
36
Cosmos e kosmos 1
37 HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2001, p. 561.
38 Holístico: termo bastante desgastado por sua utilização indiscriminada, mas que nes-
te contexto será utilizado para designar a necessidade de compreensão da totalidade, bem
como do entendimento das partes e suas inter-relações.
37
Capítulo 1 • Cosmos e kosmos
E = m.c2
Poderíamos argumentar que o termo cosmo(s) não seria reducionista por
incluir, além da matéria, também o aspecto energético, com base nas citadas
conceituações dicionarizadas. Antecipo-me a tal contestação e reafirmo o
reducionismo do termo. A despeito dos meus superficiais e precaríssimos
conhecimentos sobre Física e ciências exatas, não resisto a compartilhar
com o leitor as ponderações associativas entre os termos matéria e energia e
a famigerada formulação einsteiniana. Assim sendo, diante da confessada
limitação de meus conhecimentos específicos, farei uma análise perfunc-
tória para posterior aprofundamento e crítica de profissionais mais capa-
38
Capítulo 1 • Cosmos e kosmos
40 Constante: termo aplicado neste contexto no sentido matemático, como um valor fixo
que pode ou não ser especificado.
41 WILBER, Ken. Uma breve história do Universo. Via Optima: 2004, p. 37.
39
Capítulo 1 • Cosmos e kosmos
Fisiosfera Biosfera
Cosmos
Matéria Vida
Espírito Mente
Teosfera Noosfera
40
Capítulo 1 • Cosmos e kosmos
Cosmologia ou “Kosmologia”?
Como visto, as cosmologias em geral reduziram o termo cosmos como
significante do materialismo galáctico, universo intrafísico ou unidimen-
sional. Essa concepção de cosmos moderno esmagou o kosmos pitagórico
contra a parede e sangrou-o até a morte conceitual do universo multi-
dimensional. Para agravar o problema, o termo cosmo(s) continua sendo
utilizado com duplo significado. A primeira concepção, como visto, reduz
o significado do termo ao universo energético-material; a segunda amplia
44 O termo técnico conscienciológico seria “consciencial”, mas preferi usar o termo “espiritual”
por seu uso mais generalizado.
45 Imaterial: termo compreendido em vários sentidos, condicionado ao que entendemos
como além da matéria densa. Portanto, tratarei o termo material para designar o materialis-
mo grosseiro, onde tudo que existe é matéria ou, no máximo, seu epifenômeno.
41
Capítulo 1 • Cosmos e kosmos
46 WILBER, Ken. The collected works of Ken Wilber. 7º volume. Shambhala: 1999. p. 68.
42
Hólon e holarquia 2
47 Hierarquias naturais é expressão wilberiana. Para tratar especificamente dos níveis hu-
manos, prefiro os adjetivos meritocráticas ou técnicas.
48 Hierarquia dominadora é a expressão que designa o ato de intrusão tirânica de um grupo
ou indivíduo sobre outro(s), como um agente familiar controlador, um grupo etnocêntrico,
ou ainda, o problemático caso de governos tirânicos, em geral com o discurso falacioso “pelo
povo” ou “pelo social”.
43
Capítulo 2 • Hólon e holarquia
Os conceitos-chave
Hólon vincula-se à ideia de que qualquer totalidade conhecida é também
parte de um todo ainda maior, fato gerador da paradoxal expressão “to-
do-parte”. O conjunto desses hólons ou “totalidades parciais” forma a ho-
larquia ou conjunto de hierarquias naturais, componentes de uma ordem
de totalidades crescentes que simultaneamente são partes de outras to-
talidades. Trata-se de um padrão de conexão da visão wilberiana, cujos
estágios subsequentes aumentam sua complexidade e demandam maior
organização. Dentre os muitos exemplos possíveis, selecionei um de mi-
nha preferência e representei-o didaticamente por meio do Quadro 2.1
abaixo.
Quadro 2.1
Exemplo de hólons, do átomo ao organismo
(nesse caso, sem nenhum juízo de valor)
Molécula Célula
Célula Tecido
Tecido Órgão
Órgão Sistema
Sistema Organismo
Organismo População
44
Capítulo 2 • Hólon e holarquia
Individualidade e coletividade
Contundentes embates físicos e ideológicos emergem dos defensores da
comunhão ligada à coletividade em detrimento da liberdade ou ação-
-individual conectada ao aspecto saudável de nossa desejada autono-
mia evolutiva e vice-versa. Inúmeros litígios causaram mortes, polari-
dades e muito sofrimento. A humanidade parece girar em movimentos
circulares e retornar sempre ao mesmo problema maniqueísta, tratado
nesta obra como “isso versus aquilo”. Relembrarei os pontos cruciais
dessa discussão, fazendo uso de uma lista comparativa exemplificativa
(Quadro 2.2 na próxima página).
45
Capítulo 2 • Hólon e holarquia
Quadro 2.2
Exemplos dos embates entre os ideais da individualidade e os da
coletividade
46
Capítulo 2 • Hólon e holarquia
Autotranscendência e autoimanência
Na hipótese do hólon fracassar nas suas funções horizontais (ação e comu-
nhão), poderá ocorrer uma anomalia e até mesmo sua autodissolução em
movimento destrutivo, pois um organismo pode decompor-se ou fragmen-
tar-se em órgãos, estes em células, estas em moléculas, seguidas de átomos
e assim por diante. Todavia, considero mais interessante o estudo de seus
saudáveis movimentos verticais de autopreservação (autoimanência) ou
de autotranscendência. Pela proposta wilberiana, o universo material pro-
porcionará a manifestação da vida, que viabilizará a expressão da mente,
em níveis sucessivos. Daí a conclusão de que a mente não pode ser redu-
zida à vida, e esta também não pode ser reduzida à matéria. Justamente o
oposto, os níveis sucessivos aparecem na forma transcendente denomi-
nada de emersão criativa. Assim, diante do que foi apresentado e discutido
até o momento, podemos inferir mais três princípios básicos da estrutura
wilberiana proposta:
47
Capítulo 2 • Hólon e holarquia
Emersão criativa
No contexto da Filosofia Integral, emersão criativa é o produto autotrans-
cendente, que leva em consideração justamente esse surgimento e essa
originalidade, onde novas entidades ganham vida e novos modelos se
desenvolvem. Na hipótese de descartamos a condição randômica como
principal impulso evolutivo, partiremos para a conclusão de que os hólons
possuem uma espécie de tendência, consciência ou vocação transcendente,
no sentido de ir além do previamente existente. A ideia é que essa supe-
ração ocorra por via dessa emersão, dessa criatividade, dessas novas co-
nexões, desses crescentes desafios, para culminar justamente na criação
dessas novas entidades, onde novos exemplares ganham vida e novos hó-
lons são desenvolvidos. A partir dessas ponderações, comecei a encontrar
um sentido lógico em frases geralmente citadas sem a devida explicação
racional, a exemplo destas três:
1. O todo é maior que a soma das partes.
2. Um mais um pode ser algo maior que dois.
3. Não se conhece o todo pelas partes.
48
Capítulo 2 • Hólon e holarquia
Conexões hierárquicas
Particularmente, valorizo estudos em campos desafiadores e que proble-
matizem a existência, mormente nas jurisdições políticas e relacionais,
motivo pelo qual reputo, como uma das maiores contribuições wilberianas
para a humanidade, a classificação que diferencia dois tipos de hierarquias:
1. Hierarquias “naturais”60 ou meritocráticas.
2. Hierarquias dominadoras.
49
Capítulo 2 • Hólon e holarquia
Quadro 2.3
Exemplos dos embates etnocêntricos cotidianos
50
Capítulo 2 • Hólon e holarquia
Quadro 2.4
Demonstração das hierarquias naturais, transcendentes e inclusivas
Nível hierárquico 1 Nível hierárquico 2 Nível hierárquico 3 Nível hierárquico 4 Nível hierárquico 5
Átomos Moléculas Células Órgãos Organismos
Egocentrismo Etnocentrismo Mundocentrismo Cosmocentrismo Kosmocentrismo
Letras Sílabas Palavras Frases Livros
Ruas Bairros Cidades Estados Nações
Terra Sistema solar Galáxias Dimensão física Multidimensões
51
Capítulo 2 • Hólon e holarquia
Epifania mateológica
Experimentalmente, considerarei uma hipótese estrutural da Filosofia
Integral, a de que a Consciência (nível superior) contém a matéria (nível
inferior) e admitirei a suposição de que a recíproca não é verdadeira. Nes-
se exercício filosófico em termos holárquicos, levarei a proposta de hólons
transcendentes e inclusivos às últimas consequências como exercício refle-
xivo em indagações mateológicas e aparentemente inalcançáveis:
O que deu origem à matéria?
Seria “algo” ainda não manifesto?
A Consciência teria potencial para tal manifestação?
Surgiria a própria Consciência como elemento causal da matéria?
69 Hierarquia natural.
70 Hierarquia técnica.
71 Capitalismo de Estado contrapõe-se ao Capitalismo de Mercado, este defendido pelo au-
tor e economista brasileiro Rodrigo Constantino, sob meu aplauso.
52
Capítulo 2 • Hólon e holarquia
53
54
O método na Ciência clássica,
na Filosofia Integral e na
3
Conscienciologia
55
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
56
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
2. Apreensão
(percepção)
1. Instrução 3. Confirmação
(procedimento) (comparação)
Método
científico
57
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
Proposições
Verdades
Ciência
Crenças
Utilizei todo o meu poder de síntese nas explicações acima, mas compar-
tilho que não analiso o processo científico com a mesma facilidade de
Freire-Maia e encontrei sérias dificuldades na compreensão de toda a sua
complexidade e magnitude, motivo pelo qual continuei minhas investiga-
ções até o encontro com o conceito da navalha de Ockham e os métodos
indutivo e dedutivo.
Navalha de Ockham
William de Ockham foi um frade franciscano inglês do século XIV que
defendeu a ideia de que as premissas não devem ser multiplicadas além da
necessidade, concepção esta conhecida pela expressão Lex Parsimoniae ou
Lei da Parcimônia, baseada na lógica de que a natureza é econômica. Esse
58
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
Quadro 3.1
Níveis de complexidade das hipóteses científicas e a navalha de
Ockham
Mantenho certa distância dos acalorados debates nesse particular, mas acei-
tarei trabalhar com a navalha quando for necessária no caso de eventual
59
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
Indução e dedução
O método indutivo parte do conhecimento dos fatos específicos para uma
conclusão ou conhecimento generalista. Como exemplo, sugiro a hipótese
de um cientista ter analisado um milhão de exemplares humanos e consta-
tado a característica comum de que todos têm dois olhos, em validação da
presunção lógica, racional e indutiva de que o próximo exemplar da espécie
humana também possua a mesma característica ou até mesmo que todo
o exemplar humano possua dois olhos. A esse processo dá-se o nome de
lógica indutiva.
A dedução, por sua vez, parte do conhecimento da situação geral para uma
conclusão ou conhecimento particular. Utilizarei o mesmo exemplo aci-
ma, só que adaptado ao método dedutivo: determinado cientista possui o
conhecimento geral que a espécie humana possui dois olhos e que uma
mulher espera um bebê da mesma espécie, motivo pelo qual deduz que o
nascituro possuirá dois olhos.
Esse método também possui evidentes limitações, pois poderá haver exce-
ções à regra, aberrações, premissas equivocadas e uma série de eventos que
nos levarão à mesma conclusão de que a incômoda dúvida sempre acom-
panhará o cientista legítimo que aplicar tais métodos. Entretanto, diante de
tantas dificuldades, teríamos, como prêmio de consolação, ao menos a certeza de que
79 Verdade relativa de ponta é a expressão antidogmática que indica o cume das pesquisas
mais avançadas e, portanto, prioritárias para o estudo e refutação.
60
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
a ciência está baseada em fatos, correto? Sinto noticiar outra incerteza, pois,
segundo Newton Freire-Maia, nem mesmo essa premissa podemos anun-
ciar, eis que abundam casos de postulados que se mostraram científicos
sem nenhum embasamento fático. O mencionado autor citou em sua obra
o exemplo de Einstein, que postulou, por pura criação mental, que a luz
deveria se encurvar em direção a uma grande massa de matéria. Frise-se:
sem os fatos.80
61
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
sitor do Budismo, sua morte. Entre Freud versus Zen, existencialistas versus
comportamentalistas, materialistas versus espiritualistas e demais conflitos
filosóficos nesse estilo, remeto-nos ao velho problema excludente repre-
sentado pela expressão “isso versus aquilo”, dilema que o método desenvol-
vido por Wilber pretende solucionar. Diante disso, vejo-me comprometido
com dois questionamentos:
1. Como resolver a questão pelo método integrativo?
2. Afinal, quais as etapas desse método?
83 WILBER, Ken. Uma breve história do Universo. Via Optima: 2004, p. 35.
62
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
63
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
Método conscienciológico
Interpreto a questão do método de pesquisa como a mais significativa di-
ferença entre Filosofia Integral, Conscienciologia e ciência clássica. En-
quanto o cientista clássico vale-se da tríade instrução, apreensão e com-
paração, Wilber utiliza-se de generalizações orientadoras e Vieira afirma que
“toda generalização é limitada”87 e lança argumentos nesse sentido: “quan-
to mais evoluímos, maiores são os detalhes da vida universal que distingui-
mos. Daí porque a generalização pode criar problemas”.88
64
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
89 Pergunta com finalidade de retomar a prioridade evolutiva pessoal pelo ângulo conscien-
ciológico.
65
Capítulo 3 • O método na Ciência clássica, na Filosofia Integral e na Conscienciologia
Posicionamento pessoal
Particularmente, julgo-me identificado com o pensamento lógico, filosófico
ou racional. Ao mesmo tempo, reconheço-me como um amante dos assun-
tos transcendentes e considero o método integral de uma riqueza ímpar,
mormente para jurisdições onde meu conhecimento está mais capacitado
para entender e validar. Acredito que a maioria dos leitores esteja mais
confortável junto à segurança científica ou ao lado do ceticismo. Porém,
devo admitir que os paradigmas espiritualista e integral foram de marcante
utilidade prática no meu processo evolutivo, auxiliaram-me no desenvol-
vimento intelectual, ampliaram minha forma de ver o mundo e facilitaram
a identificação dos limites jurisdicionais das respectivas teorias e autores,
motivo pelo qual delego meu respeito à muitas vertentes espiritualistas, ape-
sar de manter intimamente minhas predileções personalíssimas.
66
Paradigmas materialista,
consciencial e integral
4
90 KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. Perspectiva: 2010, p. 13; 15; 25; 64; 65;
77; 105; 127.
91 KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. Perspecriva: 2010, p. 13.
67
Capítulo 4 • Paradigmas materialista, consciencial e integral
Joel Barker, por sua vez, pesquisou o assunto por um dos prismas possíveis
e conceituou paradigma como todo e qualquer conjunto de regras e regu-
lamentos que atendam a dois quesitos essenciais, a saber:
1. Estabeleçam limites, delimitem fronteiras.
2. Forneçam meios para resolução de problemas dentro desses limites.
68
Capítulo 4 • Paradigmas materialista, consciencial e integral
69
Capítulo 4 • Paradigmas materialista, consciencial e integral
Não obstante minha condição de leigo nesses ramos do saber, julgo coe-
rente vincular tais exemplares apenas às correspondentes áreas de atua-
ção, onde são perfeitamente validados e eficazes, ou seja, legítimos em de-
terminados setores específicos do universo material. O problema ocorreu
justamente quando alguma comunidade defendeu soluções setorizadas li-
mitadas a um contexto, como a grande cosmovisão supostamente capaz de
englobar todos os aspectos e dimensões da existência, o que denomino de
reducionismo grosseiro. Mantenho uma convicção íntima no sentido de que
os agrupamentos humanos, quando estão diante de uma nova descoberta,
seja por excesso de entusiasmo, arrogância ou autoritarismo, tendem a su-
pervalorizá-la e impeli-la como a panaceia universal para solucionar ab-
97 Exemplo: como veremos no Capítulo 5 (Os três olhos do pluralismo epistemológico inte-
gral), Hamlet não trata de uma divertida caçada na floresta amazônica. Essa é uma interpreta-
ção falsa.
70
Capítulo 4 • Paradigmas materialista, consciencial e integral
71
Capítulo 4 • Paradigmas materialista, consciencial e integral
Um ponto de contato
Podemos considerar as postulações transcendentes ao chamado materia-
lismo como um primeiro ponto de contato entre Filosofia Integral e Cons-
cienciologia. Isaac Newton e René Descartes são vistos atualmente como
os ícones do paradigma moderno, também conhecido como materialis-
ta,101 fisicalista,102 determinista,103 dualista,104 reducionista,105 mecanicista 106
ou, em homenagem aos dois grandes cientistas citados, paradigma newto-
niano-cartesiano. Apesar dos termos citados terem nuances e diferenciações
específicas, aqui são utilizados pelo resultado comum: desconsideração da
Consciência.
72
Capítulo 4 • Paradigmas materialista, consciencial e integral
110 DARWIN, Charles. A origem das espécies. Martin Claret: 2009. p. 17.
111 No sentido de que são desprovidas da razão ou inteligência típica da espécie humana.
73
Capítulo 4 • Paradigmas materialista, consciencial e integral
74
Capítulo 4 • Paradigmas materialista, consciencial e integral
75
Capítulo 4 • Paradigmas materialista, consciencial e integral
Quadro 4.1
Comparativo entre os exemplares consciencial e materialista
76
Capítulo 4 • Paradigmas materialista, consciencial e integral
síntese dos pilares do Sistema Operacional Integral, que será explicitado com
maior profundidade nos capítulos vindouros, e cuja compreensão pelo lei-
tor acredito e desejo que será mais fácil do que no início destes escritos.
Evolução Integração
Cooperação
77
78
Os três olhos do pluralismo
epistemológico integral
5
Nos vinte e cinco anos em que atuei no mundo jurídico, meus textos foram
considerados longos e excessivamente combativos. Todavia, após cursos
de pós-graduação dentro do universo jurídico, da psicologia transpessoal,
da política, da filosofia e posteriores estudos transcendentes, em especial
uma década de leitura conscienciológica, deixei a escrita barroca para um
estilo sintético, sempre em busca da máxima concisão. Nesse sentido, agra-
deço ao revisor desta obra por lembrar-me do caminho intermediário e
por incentivar-me a recuperar a fluidez que sempre foi minha caracterís-
tica, apenas com atenção e evitando exageros. Também aqui farei uma ten-
tativa no sentido de abandonar a escolha dicotômica entre clareza versus
fluidez, para a opção da integração harmônica entre clareza e fluidez.
79
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
119 HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2001, p. 783.
80
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
Quadro 5.1
Possibilidades epistemológicas de São Boaventura e seus elementos
120 WILBER, Ken. A união da alma e dos sentidos. Cultrix: 2001, p. 22.
121 WILBER, Ken. O olho do espírito. Cultrix: 2001, p. 41.
122 Face ao contexto religioso da época, o método era aplicado para temas sacralizados.
123 Aqui utilizado no significado wilberiano, que é oposto ao consciencial.
81
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
124 Juris et de jure é uma expressão que significa o fato estabelecido por lei como verdadeiro ou
presunção legal tida com expressão da verdade, que não admite prova em contrário.
82
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
83
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
Epifania wilberiana
O que fez Ken Wilber ao estudar o método científico, suas vertentes filosóficas
e os antigos métodos epistemológicos de São Boaventura no contexto religioso?
A resposta a essa pergunta passa pela contextualização dos métodos e
adaptação para as necessidades hodiernas, que caminham muito além
das crendices míticas e termina sua jornada na brilhante integração das
etapas contidas no método científico clássico com as respectivas jurisdi-
ções dos três olhos do conhecimento, conforme elucidado pelo Quadro
5.2 a seguir.
84
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
Quadro 5.2
Integração do pluralismo epistemológico de São Boaventura ao
método científico
85
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
86
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
Quadro 5.3
Exemplo de aplicação do método científico aos três olhos de São
Boaventura e habilitação técnica para as respectivas validações
“Olho da carne”
Conhecimento Desejamos saber se está chovendo
Instrução Usar os sentidos físicos e verificar132
Apreensão Informação se está chovendo ou não
Confirmação Comparação com outros resultados
Comunicação Monológica133
Quem está habilitado? Em geral, qualquer pessoa
“Olho da mente”
Conhecimento Interpretação de Hamlet no original
Instrução Ler Hamlet134
Apreensão Interpretar o texto (subjetividade)135
Confirmação Comparação com outros resultados
Comunicação Dialógica136
Quem está habilitado? Círculo específico de literatos
“Olho do espírito”
Conhecimento Atingir um estado chamado transpessoal
Instrução Fazer uma prática dita espiritual ou transpessoal
Apreensão Samadhi, satori, êxtase, epifania
Confirmação Comparação com outros resultados
Comunicação Translógica137
Quem está habilitado? Círculo de praticantes da técnica específica
87
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
Quadro 5.4
Análise dos resultados do olhar da razão para os três domínios
88
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
Os erros de categoria
Na visão wilberiana, os erros de categoria são as distorções e os embo-
tamentos oriundos da observação com o “olho” inadequado, no domínio
transcendente do espírito. Nessa linha de raciocínio, pode-se concluir que
a transmissão dos conhecimentos de máxima transcendência espiritual,
pelos indivíduos que passaram por uma legítima experiência espiritual di-
reta ou experiência de pico, dependeria de uma comunicação que driblasse
ou superasse a linguagem racional,138 considerada limitada para descrever
a transcendelia. Assim, a visão do olho do espírito somente poderia ser tradu-
zida para a razão através de alegorias, símbolos, poesia, arte ou paradoxos.
89
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
Quadro 5.5
Interpretação pessoal dos elementos da metáfora da caverna
90
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
Quadro 5.6
Exemplos de hipotéticas consequências por erros de categoria e a
tentativa atual para solução dessa problemática
Bissociação integral-conscienciológica
Estou consciente de que inúmeros estudiosos da Conscienciologia encon-
trarão significativos pontos de divergência ao pensamento wilberiano e
vice-versa, o que vejo com positividade. Este espaço será destinado a com-
pilar tais discordâncias para as próximas edições deste trabalho, mas, nes-
se primeiro momento, julgo prioritário concentrar-me nas indagações que
ainda turvam minhas reflexões. Seria possível uma adaptação dos três olhos do
conhecimento e respectiva epifania wilberiana à visão conscienciológica? Farei um
ensaio nesse sentido em adaptação epistemológica para os requisitos que
me parecem imprescindíveis para a Conscienciologia:
Eliminação da terminologia religiosa.
Aplicação do princípio da descrença.
Vivência sobre tema de pesquisa.
Respeito à lógica e à racionalidade.
147 Personagens historicamente vitimados pelo que chamo de tirania coletivista, que Wilber
nomina genericamente de “absolutismo de quadrante”.
91
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
va de que nossa espécie, a humana, está muito identificada com a visão mental
e, diante disso, inexoravelmente buscará analisar com o “olho abelhudo148 da
razão” todas as informações acessadas pelos demais “olhos”. Diante de minha
carência vivencial, definitivamente perderei o prestigiado status de uma pro-
posta científica à luz das exigências conscienciológicas, mas insistirei na apre-
sentação de minhas epifanias pessoais no campo das possibilidades filosóficas.
Quadro 5.7
Integração da visão wilberiana ao postulado conscienciológico e
veículos de manifestação da Consciência
92
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
Quadro 5.8
Exemplo de adaptação metodológica à Projeciologia
Conclusões
Segundo o pensamento wilberiano, o Ocidente tentou explicar, pelos
“olhos da mente”, assuntos que somente seriam explicáveis pelos “olhos do
espírito” e, no momento em que Immanuel Kant exigiu uma evidência da
verdade empírica ou racional, a transcendência metafísica naufragou, pois
“nem o empirismo, nem a razão pura, nem a razão prática, nem qualquer
combinação delas pode ver o que está por dentro da esfera do Espírito”.154
93
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
A “moeda” integral disso tudo será a evidência experiencial das três juris-
dições:
1. Sensorial
2. Mental
3. Espiritual
94
Capítulo 5 • Os três olhos do pluralismo epistemológico integral
Físico
Energético
Psicossomático
Mentalsomático
Consciencial
95
96
Segundo bloco
Elementos da
Filosofia Integral
97
98
Primeiro elemento:
níveis
6
Subdividi esse estudo em nove itens listados abaixo em ordem lógica, o que
auxiliará o leitor não somente na compreensão desta primeira estrutura da
Filosofia Integral, como também na fluidez da leitura, especialmente até o
Capítulo 11, quando finalizarei meus comentários sobre cada componente.
Filosofia perene.
Grande ninho do ser.
Impacto da modernidade.
Grande ninho e três olhos.
Como percorrer o caminho?
Patologias “ascendentes”.
Reação “descendente”.
Solução integrativa.
A falácia pré-trans.
99
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
A Filosofia Perene
Em linguagem wilberiana, pode-se dizer que a Filosofia Perene é a essên-
cia esotérica das tradições religiosas, majoritariamente averiguada por
Wilber segundo seu método já apresentado, ou seja, em suas três fases, des-
de o recuo ao abstrato pela técnica das generalizações orientadoras, posterior
incorporação sistêmica e, finalmente, a aplicação da teoria crítica. As filosofias
perenes das grandes tradições encontram-se representadas na Figura 6.1.
COMPLEXO RELIGIOSO
CHINÊS JUDAÍSMO
Níveis de Realidade
infinito
Mundo da
Tao Indescritível Emanação
BUDISMO CRISTANDADE
celestial
Nirvana (apophatic)
Dharmakaya
Paraíso/Terra Mundo da
shen/kwei Formação Deus
Bodhisattvas; (kataphatic)
material
Sambhogakaya
10.000 Mundo da anjos ISLAMISMO
HINDUÍSMO apsaras
coisas Ação demônios
hawiyyah ghalb
natureza (não manifestado)
Nirmanakaya izzah (poder
Devas in Malakut soberano)
Lokas (Domínio)
Saguna
Brahman Jabbarut
Nirguna Prakriti Mulk (Dominação)
Brahaman (reino)
Maya Allah
corpo grosseiro
qalb jinn
(coração) corpo sutil
fitrah nafs
(natureza corpo causal
primordial) ruh
cinco vijnanas Turiya
corpo (cinco sentidos) (Atman)
mano-vijnana
corpo
CRISTÃO BUDISTA
espírito
shen
Níveis de Individualidade
JUDEU CHINÊS
156 WILBER, Ken. Uma teoria de tudo. Oficina do Livro: 2005, p. 75.
100
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
157 WILBER, Ken. A união da alma e dos sentidos. Cultrix: 2001, p. 31.
158 Sinonímia: Força, Consciência ou Essência.
159 Ken WILBER, Uma breve história do Universo. Via Optima: 2004, p. 288.
101
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Quadro 6.1
O Grande Ninho do Ser, conforme Plotino e Aurobindo
Plotino Aurobindo
Matéria Matéria (físico)
Função de vida vegetativa Vegetativo
Sensação Sensação
Percepção Percepção
Prazer e dor (emoções) Vital-emocional (impulsos)
Imagens Mente inferior
Conceitos e opiniões Mente concreta
Faculdade lógica Mente lógica
Raciocínio criativo (visão lógica) Mente superior (informatizada)
Alma do mundo Mente do mundo iluminado
Bom senso (mente intuitiva) Mente superior dominante (intuitiva)
O absoluto (Ente supremo) Supermente (Ente supremo)
102
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Quadro 6.2
Estágios wilberianos do desenvolvimento humano, suas conexões e
respectivas percepções
103
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Autorreflexão
Piaget: pensamento operacional formal
Formal-reflexivo Introspectiva
Nível pessoal
Hipotético-dedutivo
Bissociações
Conexões
Dialética
Aurobindo: mente superior Integrativa
Visão-lógica
Nível pessoal Lógica-associativa
Rede de ideias
Sintética-criativa
Sintetizações
Aurobindo: mente iluminada Visão interior
Terceiro olho Chacra frontal
Psíquico Contemplação Contemplativo
Budismo: “estágios preliminares” Iluminação
Nível transpessoal Inspiração interior direta
Arquétipos
Platão: mundo das formas
Mente intuitiva
Aurobindo
Iluminação audível
Shabad
Absorção transcendente
Sutil Induísmo
Ishtadeva
Mahayana
Yidam
Gnose
Demiurgo
Meditação vipassana
Pseudo nirvana
Aurobindo Supermente
Gnose Abismo
Vedanta Sem forma
Causal
Mahayana Vazio
Hinduísmo Nirvikalpa samadhi
Vipassana Nirvana
Mente única
Zen
Estado de cessação
Último Wilber: mais do que um estágio, é uma
Absorção causal166
integração, a essência de todos os níveis
Espírito absoluto
104
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Impacto da modernidade
O marco do movimento iluminista do século XVIII representa o início
do que chamamos de modernidade, com o triunfo de uma ciência “palpá-
vel” e vista pelos “olhos da carne”. Houve um gradual distanciamento da
multidimensionalidade do Grande Ninho e aproximação de uma concep-
ção plana167 de universo, composto basicamente de matéria ou, como vis-
to pela analogia a formulação einsteiniana e conceitos dicionarizados:
matéria e energia.
O ataque moderno ao Grande Ninho do Ser pode ser visto por sua face
sombria, quando esmaga a diversidade multidimensional contra a pa-
rede, sobrando apenas um universo unidimensional169 e sem significado
transcendente que, particularmente, considero desinteressante. A despei-
to do prisma negativo da modernidade, reconheço e enalteço inúmeros
aspectos solares e edificantes deste período marcado pelo surgimento e
fortalecimento das linhas de produção industriais e até certo ponto ideo-
167 Wilber utiliza a expressão flatland (terra plana ou “planura”), de difícil tradução que repre-
sente a amplitude de seu significado.
168 Rochoso: no sentido de material.
169 No sentido de conceber apenas a dimensão material.
105
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
170 WILBER, Ken. A união da alma e dos sentidos. Cultrix: 2001, p. 17.
106
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Quadro 6.3
Conexões entre o Grande Ninho do Ser, a classificação wilberiana e
os três olhos do saber de São Boaventura
171 Olho da carne no nível da matéria: restringe-se à interação material, aumentando signifi-
cativamente na jurisdição da vida, conforme as características específicas de cada espécie.
172 Equivaleria aos “olhos” do psicossoma, no linguajar conscienciológico?
173 Equivaleria aos “olhos” do mentalsoma ou da própria Consciência, no linguajar conscien-
ciológico?
174 WILBER, Ken. Uma breve história do Universo. Via Optima: 2004, p. 29-32; 290-301.
107
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Quadro 6.4
Síntese comparativa entre os caminhos ascendente e descendente
Patologias “ascendentes”
O trânsito religioso pelo Grande Ninho, classificado como “ascendente e
descendente”, poderá tornar-se patológico, como demonstra toda a histó-
ria humana, que adotou uma flagrante visão maniqueísta ao considerar “o
outro” como nefasto e ameaçador. Pode-se apontar a Idade Média como o
108
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Reação “descendente”
O movimento renascentista 177 e seus valores humanistas e naturalistas res-
gataram uma espécie de reação ao caminho ascendente pela ideia da na-
tureza como única realidade, a dimensão material como um local a ser
desfrutado e o retorno do homem aos holofotes. Alguns desses postulados
175 Perseguição e morte de gatos na baixa Idade Média por crendices religiosas que adjetivo,
na melhor das hipóteses, de infames. O resultado foi o aumento da população de ratos e dis-
seminação da chamada “peste negra”, no século XIV, e mortes humanas em escala epidêmica.
176 Jackeline Bittencourt LIMA, Maternidade e antimaternidade lúcida: a escolha é sua, 2009,
pp. 53-63.
177 Renascimento, Renascença ou Renascentismo são termos usados para significar o perío-
do europeu entre os séculos XIV e XVI, que representa o desgaste e final da Idade Média e
início da Idade Moderna. O período foi caracterizado pela transição do feudalismo para o ca-
pitalismo e ruptura com a espiritualidade ascendente medieval. O termo renascimento, nes-
te contexto, refere-se a redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade
clássica e baseia-se em uma série de intricados valores: neoplatonismo, antropocentrismo,
hedonismo, racionalismo, otimismo e individualismo. Digno de nota seu precursor Petrarca e
escritos de Pico della Mirandola e Thomas More.
109
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
O Romantismo179 e seu “domínio do eco”,180 por sua vez, atribuiria uma ca-
racterística de “pureza e nobreza” da natureza, traduzido no mito do selva-
gem nobre, além da celebração dos sentidos, da sexualidade e do conceito
de Gaia como a “mãe Terra”, que extirparia cirurgicamente a espiritualidade
ascendente de seus postulados ideológicos para, atrapalhadamente, outorgar
à humanidade algumas tentativas inconsistentes e frustradas de estabeleci-
mento de um altruísmo descendente através de simulacros de “divindades lai-
cas”, como o marxismo, o estadismo, o materialismo, o intervencionismo e
as “ecofilosofias”, sempre em busca da perfeição do mundo das formas, das
relações humanas, do planeta Terra ou da imanência da mãe natureza. O
grande inimigo, considerado agora como “o mal”, passou a ser a “ascensão”
e toda sua estrutura hierarquizada, fato que desembocou na expressão wil-
beriana flatland ou na planície material e consequente falácia romântica de
que “todos somos iguais” e merecedores do mesmo quinhão dos bens da vida.
178 Iluminismo foi um movimento amplo, filosófico, político, social, econômico e cultural,
que edificou sólidos valores em torno da razão, da liberdade, da autonomia e da emancipação
do indivíduo. A despeito de algumas divergências, boa parte dos acadêmicos considera seu
início no século XVIII e sua conhecida denominação de “século das luzes” e pode ser identifi-
cado pela recomendação de Immanuel Kant: “sapere aude” ou ouse saber, a fim de alforriar a
humanidade de uma perniciosa tutela estagnadora.
179 Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico iniciado nas décadas finais
do século XVIII, favorável a um nacionalismo que consolidou os estados nacionais europeus.
Considerado por alguns como uma reação ao racionalismo iluminista, o que culminou numa
visão de mundo idealista, lírica, poética, ligada ao sonho, à fantasia, à valorização da criativi-
dade do indivíduo, ao subjetivo, à saudade de um passado perdido, ao sentimentalismo exa-
cerbado, aos ideais utópicos e desejos de escapismos. Considero Jean-Jacques Rousseau e suas
premissas românticas como precursores de muitos equívocos ideológicos em movimentos
que foram posteriormente chamados de “progressistas”.
180 “Eco”, em referência a ecologia ou ecológico.
181 Reducionismo oriundo da exclusão da responsabilidade individual neste processo.
110
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
182 Desde a dependência externa ascendente (Deus) até a descendente (Estado ou Natureza).
183 Característica do indivíduo maduro, que não reivindica suas demandas de alguma en-
tidade externa (Deus, governo, classe social ou qualquer figura associada a um grande “pai
protetor”), nem delega seu destino ao sabor aleatório de uma sorte determinista, mas se con-
centra em seu esforço pessoal, competência, criatividade, perseverança e autoevolução.
184 Da chamada “direita” para a “esquerda”.
185 Da frase “Deus proverá” para sua substituta laica e igualmente imatura “o Estado proverá”,
versão que em linguagem liberal é chamada, a meu ver corretamente, de “Estado-Babá”.
186 O indivíduo não é meio sacrificável pelo todo e vice-versa. Meritocracia como valor social.
111
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Solução integrativa
Abundam críticas da Conscienciologia e de muitos indivíduos às religiões,
a maioria de fácil alinhamento com as restrições que acabo de registrar,
depreendidas da obra wilberiana. Apesar de alguns pontos de contato no
tocante às críticas à determinados aspectos religiosos, a vertente integral di-
fere da conscienciológica em relação ao tratamento dos problemas identifi-
cados, consoante o Quadro 6.5, que sintetiza afinidades e dissonâncias entre
os postulados integral e conscienciológico em relação ao problema religioso.
Quadro 6.5
Identificação do problema religioso pela Conscienciologia e pela
Filosofia Integral e respectivas soluções
187 O caminho vivencial, em linguagem wilberiana, é chamado de religião esotérica (com “s”),
diferentemente da Conscienciologia, para quem o termo vem de esoterismo, que representa “dou-
trina antiga ou atitude de espírito antiquada que preconizava reservar-se o ensinamento da verda-
de (científica, filosófica ou religiosa) a número restrito e fechado de pessoas escolhidas, em geral
através de iniciações limitadas e secretas” (VIEIRA, Waldo. Projeciologia. Editares: 2019, p. 59).
188 Wilber diferencia religião exotérica (não vivencial) da esotérica (vivencial). Também clas-
sifica em: 1. Religiões “Translativas”, repletas de mitos, histórias, rituais e dogmas, e 2. Religiões
“Transformativas”, que visam transcender o ego pelo “olho do Espírito”, a partir da vivência de
estados transpessoais.
189 Neste item há interessante conexão.
112
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Quadro 6.6
Análise comparativa dos níveis de consciência, componente
atitudinal e enquadramento
190 Maslow classificou tais vivências em: 1. Experiências de Pico; 2. Experiências de Platô.
191 Entrevistas, lançamento e palestra disponibilizadas no sítio: www.youtube.com/tvcom-
plexis.
113
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Quadro 6.7
Marcantes eventos bélicos-religiosos: breve resumo e suma das
consequências principais
114
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
195 No dia 23 de maio de 1618, a revoltada população invadiu o Palácio de Praga e atirou
três representantes do monarca pela janela. O fato foi apelidado de “Defenestração de Praga”,
estopim à eclosão da guerra (LUZ, Marcelo. Onde a religião termina? Editares: 2011, p. 367).
115
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Quadro 6.8
Diferenças entre religião e Conscienciologia: aspectos apontados
por Marcelo da Luz
Religião197 Conscienciologia
Consolação Esclarecimento
Neofobia200 Neofilia201
Rituais Técnicas
116
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Falácia pré-trans
Trata-se de conceito fundamental para a compreensão de toda a estru-
tura da Filosofia Integral, cuja explicação didática pela linguagem escrita
partirá da compreensão dos três níveis básicos já abordados neste capí-
tulo: pré-pessoal, pessoal e transpessoal. O nível pessoal situa-se no compor-
tamento racional do ser humano ordinário, considerado o padrão Homo
sapiens pela concepção tradicional. Objetivarei facilitar o entendimento do
conceito pelo Quadro 6.9, por meio do qual relembro a associação do nível
pré-pessoal de consciência com a existência da matéria e da vida; o pes-
soal relaciona-se com os atributos mentais mais avançados, enquanto o
transpessoal vincula-se às vivências geradoras de padrões transcendentes
de consciência, para além da mente, e compreensão de que, em essência,
somos consciências.204
117
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
Quadro 6.9
Simplificação dos níveis de consciência e suas relações na visão
wilberiana
Quadro 6.10
Representação das falácias pré-trans 1 e 2, ambas reducionistas por
indevida exclusão de um nível de consciência
118
Capítulo 6 • Primeiro elemento: níveis
119
120
Segundo elemento:
linhas
7
121
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Quadro 7.1
Conexão entre diversas linhas de desenvolvimento, a pergunta-
chave e o pesquisador respectivo
Espirais do desenvolvimento
Howard Gardner, nascido em 1943, é considerado um dos expoentes ho-
diernos das linhas de desenvolvimento da Consciência por sua teoria das
Inteligências Múltiplas, por meio da qual propôs nove dimensões ou linhas de
inteligência: linguística, musical, lógico-matemática, visual (espacial), cor-
poral-cinestésica, interpessoal, intrapessoal, naturalista e existencialista.
122
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
206 Edson Arantes do Nascimento, considerado o atleta do século XX, ícone futebolístico e
tricampeão mundial pela seleção brasileira.
207 Notável tenista suíço e um dos maiores recordistas de seu esporte.
208 Vide sítio eletrônico: www.youtube.com/tvcomplexis
123
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Quadro 7.2
Sistemas de medição desenvolvidos pela espécie humana, com
diferentes níveis de consciência
124
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Egocêntrico
Etnocêntrico
Centrismo ético Globocêntrico
Cosmocêntrico
Kosmocêntrico
Modelo Conscienciológico Modelo oriental clássico
Sexochacra Cásico
Umbilicochacra Sexual
Esplenicochacra Umbilical
Teoria dos chacras
Cardiochacra Cardíaco
Laringochacra Laríngeo
Frontochacra Frontal
Coronochacra Coronário
Corpo
Espiritualidade Mente
Espírito
Arcaico
Mágico
Jean Gebser (cosmovisão) Mítico
Racional
Integrado
Soma
Energossoma
Lucidez sobre os VMC214
Psicossoma
(Conscienciologia)
Mentalsoma
Consciência215
Átomos
Moléculas
Células
Organização ou complexidade Tecidos
Órgãos
Sistemas
Organismos
Eu
Referência Nós
Todos nós
125
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
O Quadro 7.2 poderia ser enriquecido com inúmeras outras linhas de de-
senvolvimento e respectivos níveis ou gradações crescentes, em infinitas
conexões, mas como profilaxia da minha tendência excessivamente deta-
lhista e com receio da prolixidade, optei por reduzi-lo a ponto de apenas
apresentar alguns exemplos.
Quadro 7.3
Propositores, perspectivas e estruturas básicas
Desejo mágico
Punição-obediência
Hedonismo ingênuo
Direitos individuais
Consciência individual
Universal-espiritual
Autista
Simbólico
Impulsivo inicial
Impulsivo
Autoprotetor
Identidades
Loevinger Conformista
Conformista consciente
Consciente
Individualista
Autônomo
Integrado
126
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Fisiológica
Segurança
Necessidades Pertencimento
Maslow
Autoestima
Autorealização
Autotranscendência
Material
Energética
Vieira 216
Multidimensionalidade Psicossomática
Mentalsomática
Consciencial
Quadro 7.4
Metabolismos informacionais wilberianos e veículos de
manifestação da Consciência
216 Waldo Vieira: autor não tratado na obra wilberiana, até onde conheço (ano base 2014).
217 WILBER, Ken. Transformações da consciência. Cultrix: 2005, p. 29..
218 WILBER, Ken. A visão integral. Cultrix: 2010, p. 42.
127
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
3
Níveis de consciência
1
Emocional Cognitiva Moral Interpessoal
Inteligências múltiplas
(linhas de desenvolvimento)
128
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
129
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
dois ou três acima, o que vale dizer que existe uma lógica evolutiva em ca-
madas sobrepostas. As informações deste item, em particular, possuem três
fontes principais: a obra Dinâmica da Espiral, de Beck e Cowan; Uma Teoria
de Tudo, de Wilber; e o referido curso de Raynsford.
Iniciaremos nossa fantástica jornada pelo nível bege, que representa a cor
das pradarias das savanas africanas, onde o instinto de sobrevivência é
imperativo e as prioridades concentram-se na busca pelo alimento, água,
abrigo, sexo e segurança, sendo a principal demanda a alimentação. Assim
surgiram as primeiras sociedades humanas, com formação de bandos há
cem mil anos, cujas características ainda se fazem presentes em nossa so-
ciedade, como nos exemplos a seguir: bebês recém-nascidos; povos primi-
tivos;221 portadores de Alzheimer avançado; pessoas mentalmente pertur-
badas; massas famintas; traumatizados de guerra; catástrofes como o caso
de Ruanda;222 estresse extremado e limites das condições de sobrevivência.
130
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
225 Pular sete ondas, bater na madeira, fazer o sinal da cruz antes da partida, apertos de mãos
secretos, espetáculos ritualizados, cerimônias de casamento ou acasalamento, trajes simbóli-
cos, consulta a horóscopos etc.
226 Estátuas santificadas, biscoitos da sorte, cruzes, cálices sagrados, anéis de casamento, me-
dalhas religiosas, pés de coelho, figas, ferraduras, o sino da liberdade etc.
227 Estado norte americano em que não ocorre a incidência de neve.
228 Estrelados por ícones vermelhos como Arnold Schwarzenegger Sylvester Stallone e Bruce Lee.
131
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
do MST,229 nos vilões do cinema 230 e dos filmes de James Bond, nas estrelas
selvagens do rock e, historicamente, no feudalismo e nos governos tirânicos.
Obviamente, todo esse ímpeto vermelho demanda por uma saudável or-
dem com hierarquia piramidal e força externa suficiente para bem cana-
lizá-lo e, não raro, aplacá-lo. Portanto, surge o determinado nível azul, cor
representante do firmamento, da ordem, da tradição, dos regramentos e
códigos de conduta que diferenciam o certo do errado, o legal do ilegal e o
legítimo do ilegítimo. A vida segue numa direção e para um propósito no
nível azul, com estabilidade social rígida, construção do caráter, unifor-
midade de pensamento, onde os valores podem e devem ter uma utilidade
positiva, como a obediência, o respeito, a honra, a fibra moral, a civilidade,
o sistema legislativo, a ética, a lealdade e a disciplina. Todavia, seu lado
sombrio está na excessiva preocupação com a cultura coletivista, mesmo à
custa de sacrifícios pessoais, cujo cume patológico poderá gerar fanatismo
ideológico, fundamentalismo, submissão irreflexiva, dogmatismo ou qual-
quer outro raciocínio maniqueísta e manipulador.
132
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Neste momento, imagine o extremo azul com seu lema “tudo no devido lu-
gar” e repleto de carga emocional em torno de seus “-ismos”,233 com impo-
sições enfadonhas para a glória do único “Caminho verdadeiro”, regras so-
ciais moralistas ou prescrições rígidas e inflexíveis, em que: os progenitores
decidem que profissão seus filhos devem seguir; supostos representantes
divinos decidem que prazeres podemos aceitar e o “Papai-Estado”,234 pa-
tologicamente azul, decide que seguro devemos fazer,235 qual tomada ou
adaptador devemos usar,236 quem deverá eventualmente julgar a nós e a si
mesmo,237 qual notícia devemos acessar na televisão ou no rádio238 e qual
o nível de melanina necessário para facilitar a entrada na universidade.239
Desagradável, injusto, monótono e tirânico? A resposta afirmativa demandará
um estágio superior que possa libertar o cidadão e a sociedade da menta-
lidade de rebanho e sua genuflexão ideológica à teocracia religiosa ou à
neodivindade laica estatal, que são faces opostas da mesma moeda azul.
133
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
134
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
243 BECK, Don Edward; COWAN, Christopher. Dinâmica da Espiral. Instituto Piaget: 1996, p. 333.
244 Salto monumental: expressão usada por Claire Graves para designar a passagem dos níveis
mais primários, chamados de “primeira ordem”, para os níveis integrais de “segunda ordem”.
135
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
A autoridade amarela não é pleiteada pelo indivíduo que alcançou este ní-
vel, mas emerge natural e contextualmente, baseada em seus valores, méri-
to e maior vivência. Aqui, o “ganha-ganha” otimizado e sua liberdade pres-
cindem dos convencionalismos ou festividades sociais; não prejudicam
nem agridem o meio ambiente e conseguem discernir entre as verdades
parciais e equívocos de cada cosmovisão de primeiro nível, com as escolhas
do tipo “isso versus aquilo” dando lugar para ricos e pobres, mercado e esta-
do, público e privado, masculino e feminino e assim por diante; tudo muito
além da ingenuidade igualitária verde, do “perde-ganha” interesseiro la-
ranja ou do “altruísmo com dinheiro alheio” de boa parte do pensamento
político-ideológico atual, baseado na imposição patológica do azul.
136
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Quadro 7.5
Conexões entre os níveis, cores, palavras-chave, cosmovisões,
virtudes, deficiências e justificativas bélicas na Dinâmica da Espiral
Justificativa
Nível Cor Palavra-chave Cosmovisão Virtudes Fardo
bélica
Instintos
1 Bege Sobrevivência Instintiva Precariedade Subsistência
aguçados
Tradição
2 Púrpura Ancestralidade Tribal Grupal Superstição
ritualística
3 Vermelho Poder Egocêntrica Força Impulsividade Conquista
Nacionalismo
4 Azul Ordem Autoritária Organização Rigidez
heroico246
5 Laranja Racionalidade Estratégica Realização Ganância Novos mercados
Proteção dos
6 Verde Fraternidade Consensual Comunitário Indecisão
oprimidos
Macro-
7 Amarelo Fluidez Integrativa Flexibilidade Não belicista
sinergia
Identifica
8 Turquesa Conectividade Sinérgica Em estudo Não belicista
padrões
246 Divisão sadia entre “certo e errado”, porém seu desvio patológico poderá apresentar um et-
nocentrismo marcado pela divisão entre nós e eles (ricos versus pobres, capital versus trabalho,
classe trabalhadora versus elite, nacional versus estrangeiro, enfim, “isso versus aquilo”).
247 BECK, Don Edward; COWAN, Christopher. Dinâmica da Espiral. Instituto Piaget: 1996.
137
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Quadro 7.6
Conexões entre os níveis, cores, motivação laboral e laços pessoais
Quadro 7.7
Conexões entre os níveis, cores, interpretação política e respectivos
valores
248 Casuística emblemática: condenação da cúpula petista pelo crime conhecido popular-
mente como “mensalão”, consistente na corrupção ativa dos agentes públicos do Poder Execu-
tivo para a compra de votos de integrantes do Poder Legislativo.
249 A compreensão da meritocracia como ferramenta do “ganha-ganha” cooperativo, assis-
tencial e voluntário é, a meu ver, a chave para diferenciar os níveis superiores e de segunda
ordem dos que ainda não conseguiram alcançar esse nível de consciência.
138
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Tudo bem até aqui? Espero que sim. Todavia, o leitor poderia questionar-me:
qual a utilidade e vantagem de uma visão de segundo nível? Estamos diante de
uma bela pergunta, cuja resposta retrata uma entusiástica capacidade as-
sistencial, pois, ao quebrar a barreira separatista de um nível para outro,
emerge a visão de que o nível seguinte contém justamente os componentes
amparadores, assistenciais e complementares do nível anterior ou de cos-
movisão mais restrita. Analogamente, poderíamos dizer que os elos dessa
corrente evolutiva estão todos, sem exceção, conectados numa gigantesca
teia cósmica multidimensional ou simplesmente kósmica, para utilizar o
linguajar pitagórico resgatado por Wilber.
250 BECK, Don Edward; COWAN, Christopher. Dinâmica da Espiral. Instituto Piaget: 1996, p. 58.
251 Guardiões: síndrome do justiceiro, que pretensamente pensa que sabe o que é melhor
para mim e para você e deseja impor-se “para o nosso bem”.
139
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
252 BECK, Don Edward; COWAN, Christopher. Dinâmica da Espiral. Instituto Piaget: 1996, p. 97-98.
140
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Quadro 7.8
Conexões entre a síntese máxima de pensamentos, estruturas e
processos com filmes e músicas respectivas
141
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
257 BECK, Don Edward; COWAN, Christopher. Dinâmica da Espiral. Instituto Piaget: 1996, p. 161.
258 Grafei o termo “Justiça” com “J” maiúsculo para representar um significado muito além do
confronto “justiça individual versus justiça social”. A ideia é a de que temos apenas uma Justi-
ça, aquela que aponta para a emergência positiva da expressão harmônica “justiça individual
e social”. Sob esta ótica, uma pequena diferença na escrita trará gigantescas consequências
evolutivas.
259 Vale dizer, onde não há meritocracia, a sociedade simplesmente não funciona. Convido
qualquer indivíduo a trazer-me exemplos concretos que provem o oposto.
142
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
O Brasil e a maioria dos países da América do Sul, vistos por minha óptica
política, sofrem historicamente de lideranças vermelhas e azuis extrema-
mente tirânicas, autoritárias e intenção nitidamente centralizadora, com
uma economia oscilante entre bandeiras azuis de um segregacionismo
sindical oriundo de um falido socialismo até um Capitalismo de Estado opor-
tunista e condenável, principalmente quando o comparamos ao seu primo
alaranjado mais evoluído chamado Capitalismo de Mercado, que também
está longe de ser uma panaceia salvacionista, mas apresenta-se historica-
143
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
260 Onde “não importa a cor do gato, desde que ele cace o rato” (provérbio chinês).
261 Liberal: termo com duplo significado. Nos EUA, os valores liberais estão à esquerda dos
republicanos. Na Europa e Brasil, o termo liberal está à direita dos partidos que governaram o
país nas últimas décadas.
144
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Processo 1-2-3
Inexiste melhor contexto para introduzir a observação sobre a dinâmica
da evolução ou como ocorre o processo evolutivo. Wilber simplificou ma-
gistralmente a questão pela nomenclatura “processo 1-2-3”, pois detectou
três etapas distintas e recorrentes nas interseções entre as diversas linhas e
os níveis de consciência, às quais chamou de “fulcros”. Em síntese, são ne-
cessários três passos bastante definidos para o surgimento da cosmovisão
transcendente: fusão, diferenciação e integração.
262 No Brasil: seguro desemprego, saúde pública, bolsa família, sistema fundiário etc.
145
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Quadro 7.9
Síntese do “Processo 1-2-3” da evolução em suas versões saudável e
patológica
263 Faço tal observação, mas destaco minha preferência pelo Mercado, em relação ao Estado.
146
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Gerações e contextos
A esta altura, o leitor deve ter notado que tentei simplificar, por meio de
quadros, as mais diversas conexões existentes entre os prismas da Filoso-
fia Integral, Dinâmica da Espiral e demais correntes/autores, medida que
entendo como facilitadora. Apesar das sínteses apresentadas, tais conexões
são complexas e merecem estudo também sob a óptica das influências me-
sológicas, sustentadas principalmente pelo contingente majoritário de uma
sociedade em determinado nível da escala de valores de Clare Graves, tam-
bém influenciada pelas diferentes condições da vida humana conforme a
época histórica, o lugar geográfico e os agentes climáticos e sociais. Lem-
bremos que tudo está conectado a tudo e um modelo dessas influências264
foi popularizado e por mim retratado no Quadro 7.10.
Quadro 7.10
Gerações: síntese conceitual e principais características
147
Capítulo 7 • Segundo elemento: linhas
Rapidez
Paridos num mundo conectado à rede mundial
Geração “Z” de computadores e altamente influenciados Impaciência
Relutei intimamente para inserir o quadro acima neste capítulo, mas deci-
di pela inclusão ao relembrar como as dificuldades culturais de uma épo-
ca podem turvar a visão dos guetos sociais e dos espaços mentais entrin-
cheirados ou, na terminologia de José Ortega y Gasset, do homem-massa.
A intenção desse quadro é convidar a todos para uma reflexão de nos-
sos contextos e sobre aquilo que nele representamos com nossas posturas,
acrescidas de todos os agravantes e atenuantes sociais que apenas o pró-
prio autopesquisador terá conhecimento suficiente para avaliar em toda
a sua grandeza e complexidade. Os contextos não devem sofrer a super-
valorização atual, mas também não podem ser ignorados na avaliação de
nosso componente atitudinal (ações e reações) nos diversos níveis desta
fantástica aventura evolutiva da Consciência.
148
Terceiro elemento:
estados
8
266 Vigília é o estado desperto ou “acordado”. Presumo e espero que seja o estado atual do leitor.
149
Capítulo 8 • Terceiro elemento: estados
Quadro 8.1
Representação dos estados naturais
A tradição espiritual Vedanta, por exemplo, inclui mais dois estados ci-
tados por Wilber:268 “observação”269 (turiya) e “não dual”270 (turiyatita) para
um domínio também “não dual”, ou seja, de consciência da “unidade”, que
prefiro tratar como “conectividade”. Particularmente, encontro dificulda-
de em validar todas essas informações ou descrever o significado de cada
domínio, por sentida e confessada carência experimental dessas ricas e
150
Capítulo 8 • Terceiro elemento: estados
271 Indicação para aprofundamento: WILBER, Ken. Espiritualidade Integral. Aleph: 2006.
272 PARNIA, Sam. O que acontece quando morremos. Larousse: 2008.
273 Waldo VIEIRA, Projeciologia, 1999.
274 Pelas leis brasileiras, este estado chega a excluir a ilicitude de alguns atos.
275 Exemplo: superação do cansaço após um extremo esforço físico.
276 Exemplo: respiração holotrópica, proposta por Stanislav Grof.
277 ALEGRETTI, Wagner. Retrocognições. Iipic: 2000.
151
Capítulo 8 • Terceiro elemento: estados
Quadro 8.2
Comparação didática entre tipos, fatores indutivos e resultados dos
estados da consciência na visão wilberiana
152
Capítulo 8 • Terceiro elemento: estados
Matriz Wilber-Combs
Essa matriz expôs uma fundamental diferença entre o desenvolvimento
dos estados de consciência (terceiro componente) e os estágios ou níveis de
desenvolvimento (primeiro componente). Vale mencionar que as tradi-
ções antigas, mormente as linhas orientais, são focadas justamente no
desenvolvimento de técnicas para o atingimento dos citados estados in-
comuns de consciência, fato que não é tão prestigiado pela modernidade
ocidental, mais ligada aos estágios de desenvolvimento, particularmente
no campo tecnológico. Diante disso, Ken Wilber e Allan Combs propu-
seram uma matriz com desenvolvimento horizontal para identificar os
estados de consciência e vertical para simbolizar os diferentes níveis ou
estágios (Figura 8.1).
153
Capítulo 8 • Terceiro elemento: estados
154
Capítulo 8 • Terceiro elemento: estados
Quadro 8.3
Conexão entre diferentes interpretações de uma experiência
transcendente, com as respectivas perspectivas da Espiral do
desenvolvimento de Graves
284 Vale a pergunta: o que é iluminação? Isso nos remete ao capítulo 8 e ao segundo elemen-
to da Filosofia Integral, ou seja, as linhas de desenvolvimento.
285 Laranja: busca-se uma explicação racional de algum ramo científico aceito como tal.
155
Capítulo 8 • Terceiro elemento: estados
A visão conscienciológica
O tratado Projeciologia, de autoria de Waldo Vieira, possui capítulo especí-
fico sob o título Estados Alterados da Consciência,287 ou seja, utiliza o adjeti-
vo “alterado”, que a nomenclatura wilberiana substitui por “incomum”. A
referida obra, na minha visão pessoal e respeitadas as opiniões adversas,
atenderá muitas demandas técnicas dos mais rigorosos e exigentes pesqui-
sadores. Divergências terminológicas à parte, trata-se do estudo da Xeno-
frenia, termo de origem grega (xenos, estranho; phrem, mente), exposto no
referido tratado como os estados da consciência humana fora do padrão
normal da vigília física ordinária, induzido por agentes físicos, fisiológicos,
psicológicos, farmacológicos ou parapsíquicos.
156
Capítulo 8 • Terceiro elemento: estados
157
158
Quarto elemento:
tipos
9
A vivência desse elemento, a meu ver, pode ser considerada a mais óbvia
de todos os cinco componentes da Filosofia Integral, além de facilmente
ilustrada pela tipologia masculina e feminina. Adjetivo tal diferença como
contundente, não apenas pelo aspecto mesológico como também sob o
prisma eminentemente individual, pois a feminilidade induz naturalmen-
te para algumas facilidades e dificuldades específicas, ligadas à flexibilida-
de, ao compartilhamento e à contextualização; já os seres da testosterona
apresentam maior explosão muscular, robustez, autonomia e valores co-
nectados ao ambiente da lógica matemática e das regras claras. O exemplo
utilizado em sala de aula por Raynsford advém da sabedoria popular, que
identificou dois tipos de reações diante da situação hipotética de um mo-
torista encontrar-se perdido no trânsito: a primeira inclinação será a de
compartilhar o problema, pedir ajuda ou perguntar para os transeuntes a
direção correta para seu destino; a segunda tendência será a de resolver
o problema sozinho, seja pela consulta ao mapa ou ao GPS. Responda você
mesmo, leitor, qual das tendências acima é mais feminina ou masculina?
159
Capítulo 9 • Quarto elemento: tipos
Embora esses estereótipos sejam perigosos e, não raro, levados para o as-
pecto negativo e geradores de tolos preconceitos, pude validar por mim
mesmo e pelas pessoas do meu convívio a ocorrência de características li-
gadas ao gênero. Importante finalizar essas observações com o repúdio às
ingênuas e infantis competições “machistas versus feministas”, mas também
destacar a obviedade das flagrantes diferenças comportamentais, cada
qual adequada, oportuna e assistencial em contextos específicos.
Quadro 9.1
Caracterização comparativa dos tipos masculino e feminino
160
Capítulo 9 • Quarto elemento: tipos
Neste momento, ressalto que os tipos não se confundem com os níveis, li-
nhas ou estados, pois, independentemente do tipo (quarto elemento), este
poderá evoluir em níveis de consciência (primeiro elemento), em diversas
linhas de desenvolvimento (segundo elemento) e vivenciar diferentes esta-
dos naturais ou incomuns (terceiro elemento). A partir dessas digressões,
consegui entender que cada elemento da Filosofia Integral está conecta-
do com os demais, mas deles se diferencia por manter suas características
próprias, únicas e exclusivas.
161
Capítulo 9 • Quarto elemento: tipos
Quadro 9.2
Representação comparativa das patologias masculina e feminina
pela inclusão do agente desagregador “versus”
Alguém poderia perguntar o que seria pior: sabedoria sem amor ou vice-versa?
Recuso-me a responder esta pergunta, pois estaríamos diante do problema
maniqueísta e retorno à introdução desta obra: “isso versus aquilo”. Assim
sendo, terminarei este subtítulo com serenidade, alegria e solução contex-
tualizada para este conflito e espero contribuir com o leitor nesta saída
conciliatória e facilitar sua compreensão por meio do Quadro 9.3, no qual
o elemento excludente do quadro anterior foi substituído por um elemento
integrativo.
289 Ação e comunhão são tendências horizontais do hólon. Embora não possuam propria-
mente uma relação de oposição, participam do elenco no terreno das prioridades masculinas
e femininas.
162
Capítulo 9 • Quarto elemento: tipos
Quadro 9.3
Representação comparativa da integração entre masculino e
feminino pela inclusão do agente conectivo “e”
Outras tipologias
Wilber trabalhou com inúmeras tipologias em várias obras, entre elas a re-
cente A Visão Integral,290 a ponto de identificar, validar e reiterar o elemento
tipo como um dos componentes de sua filosofia. No Quadro 9.4, sintetizo
163
Capítulo 9 • Quarto elemento: tipos
Quadro 9.4
Três exemplos de tipologias
Introvertido
Extrovertido
Jung
Sensação-intuição
Pensamento-sentimento
Sensação
Intuição
Myers-Briggs
Pensamento
Sentimento
Perfeccionista
Doador
Executor
Trágico-romântico
Eneagrama Observador
Temeroso
Diletante
Combativo
Moderador
164
Capítulo 9 • Quarto elemento: tipos
165
166
Quinto elemento:
quadrantes
10
292 Genuflexão ao “politicamente correto”, criticado pelo filósofo contemporâneo Luiz Felipe
Pondé. Exemplos: a ditadura da moda e de opiniões impostas como verdades absolutas para
assuntos polêmicos, entre eles, a homofobia, o machismo, o preconceito social ou racial.
293 Genuflexões ao socialismo-da-moda, às falácias sócio-populistas-eleitoreiras e ao fanatismo
partidário. Exemplos: a cegueira e o “vale-tudo” da militância política; a utilização do jargão “tudo
pelo social” para encobrir injustiças meritocráticas; o uso popular da bandeira altruísta em que os
outros devem fazer alguma coisa, além da panaceia salvacionista de algum agente exógeno.
294 Genuflexão à neo-divindade laica (Estado) sob o jargão “o Estado proverá” (em substitui-
ção ao jargão religioso “Deus proverá”), majoritariamente encontradas nos gramscistas, mar-
xistas, comunistas e esquerdistas de base rousseauniana.
295 Genuflexão ao fundamentalismo. Exemplo: disputa de qual mártir seria melhor, mais le-
gítimo ou mais “verdadeiro”.
167
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
168
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quadro 10.1
Representação dos quatro quadrantes e suas respectivas
características
Interior297 Exterior298
Exterior-individual 2
Subjetivo Objetivo
Intencional Comportamental
Individual299
Exemplos de prioridades: Exemplos de prioridades:
x Psicologia x Behaviorismo
Interior-coletivo
3 Quadrante inferior esquerdo
Exterior-coletivo
4
Intersubjetivo Interobjetivo
x Hermenêutica x Sociologia
169
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
301 Subjetivo.
302 Objetivo.
303 Intersubjetivo.
304 Interobjetivo.
170
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quadro 10.2
Perguntas típicas de cada quadrante
Interior Exterior
Comportamental
O que significa para mim?
O que isso faz?
O que sinto ou penso?
Intencional
Qual o comportamento?
Individual Qual minha intenção?
Como observo isso?
Como interpreto?
Como funciona?
Isso é belo?
O que significa para nós? Como isso interage com outros “issos”?
Social
Isso é bom? Qual o fluxo burocrático disso?
171
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quadro 10.3
Visão integral para a Medicina
Interior Exterior
Comportamental
Tratamento do doente: Tratamento da doença:
x Emoções x Cirurgia
Intencional
Individual x Pensamentos x Drogas
x Fantasias x Remédios
Social
x Grupos de apoio x Políticas de assistência à saúde
Quadro 10.4
Exemplo do tetra-foco de uma empresa integral
Interior Exterior
Comportamental
Individual
Motivação íntima Adequação postural
172
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quadro 10.5
Palavras-chave de cada quadrante e suas perspectivas
independentes e interligadas
Veracidade Verdade
Sinceridade Correspondência
Integridade Representação
Os três grandes
A Filosofia Integral postula que alguns fatores podem ser considerados
universais, independentemente de raça, cor, credo, gênero, contexto ou
qualquer outra condição. O presente tópico oferta-nos o número desses
elementos (três) e também sua magnitude (grandes) e, de fato, cogito a difi-
173
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quadro 10.6
Integração entre os três grandes e os quatro quadrantes
Interior Exterior
Eu Isso
174
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
tuitiva do pronome “eu”; nossa preferência individual por uma cor, estilo
de vida, vestimenta, estética ou opinião sobre qualquer tema da jurisdição
do quadrante superior direito poderá ir contra tudo e todos, sem que nin-
guém possa legitimamente acusar-nos de egoístas ou antissociais.
175
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
176
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Urgem soluções pela via integrativa, ou seja, uma saída honrosa para os
males modernos, sem as enfadonhas teorias e panaceias sócio-ideológicas
(novo absolutismo do “nós”) ligadas ao fracassado passado político testado e
reprovado, sob a enganosa cortina de fumaça do “politicamente correto”, do
“tudo pelo social” ou do que chamo de “Coletivismo sócio-consolatório de
Estado”.321 Carecemos de um olhar futurista que conserve o ceticismo polí-
tico, mas visualize uma oportunidade de aproximar os três grandes para um
diálogo pacífico, desprovidos de intenções tirânicas e situações rancorosas.
Wilber sugere que a cura para esse desastre moderno esteja justamente na
manutenção da diferenciação e eliminação da dissociação entre a grande trinca
“eu, nós e isso”, “arte, ética e ciência” ou “belo, bom e verdadeiro”.
318 Absolutismo de quadrante: noção equivocada de que a ação isolada em uma única pers-
pectiva será a panaceia salvacionista de todos os quatro quadrantes.
319 Expressão que julgo equivocada, consoante explicitado no capítulo 16.
320 WILBER, Ken. A união da alma e dos sentidos. Cultrix: 2001, p. 51.
321 “Coletivismo sócio-consolatório de Estado”: expressão de uso pessoal para designar a busca
do coletivo por benesses estatais consolatórias e não pelo autonomia meritocrática individual.
177
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
O Quadro 10.7 é uma boa oportunidade para dirimir eventuais dúvidas su-
plementares, já que nele dou sequência à estilística desta obra com exemplos
didáticos acerca dos conceitos trabalhados, mas sob a ótica exclusivista e
desconectada dos demais quadrantes. O reducionismo pode ser satisfatoria-
mente explicado pelo aprisionamento de uma teoria em um dos quadrantes
wilberianos, bem como seu absolutismo ao afirmar seu ângulo de visão como
“a única verdade”, um enganoso paradigma “holístico” que, na verdade, não
passa de perspectivas diferentes na proposta, mas similares na limitação.
Quadro 10.7
Visões reducionistas pretensamente holísticas
Interior Exterior
Quadrante intencional Quadrante comportamental
178
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quadro 10.8
Foco de autores conhecidos por suas teorias e seguidores
Interior Exterior
Dialógico Monológico327
Interpretativo Empírico
Subjetividade/intersubjetividade Objetividade/interobjetividade
Sigmund Freud
B. F. Skinner
Carl Gustav Jung
John Watson
Jean Piaget
Individual John Locke
Aurobindo
Empíricos
Platão
Isso
Behavioristas
Eu
Gautama Buda
179
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
328 Alusão ao mito da arca de Noé, onde animais de várias espécies foram preservados e ali
conviveram apesar da turbulência.
329 Alusão jocosa à música popular “Dança do Quadrado”.
330 Tirania do “nós”.
331 Tirania do “eu”.
180
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Eis minha crítica e sugestão por uma política mais equilibrada entre os
lados positivos de cada perspectiva: a cooperação sociocultural e os valores li-
berais-meritocráticos.
181
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quem está com a razão? Evoco uma resposta tipicamente wilberiana para
a questão formulada: talvez ambas as críticas estejam parcialmente cor-
retas. Ninguém com bom senso e racionalidade mediana suporta o au-
toritarismo narcísico de um lado (tirania do “eu”), e o avanço da cultura
coletivista no espaço individual de outro (tirania do “nós”), situação em
que um grupo de burocratas “santificados” pelo voto da maioria ditam
normas morais absurdas e usurpam direitos individuais legítimos em
nome da “justiça social”.
182
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
345 IPTU: imposto predial territorial urbano, por meio do qual pagamos “aluguel” daquilo que
já nos pertence.
346 CPMF: contribuição por movimentação financeira.
347 Existente desde os governos militares e mantido por seus sucessores supostamente de-
mocráticos.
348 O Estado administra deficitariamente e o indivíduo paga os prejuízos através do erário
público.
349 O Estado deve cumprir e respeitar os limites de sua jurisdição estatal, à qual não pertence
a função empresarial, tipicamente privada.
350 Expressão utilizada por David Harsanyi.
351 Tema competentemente abordado pelo economista e autor brasileiro Rodrigo Constantino.
352 Onde a “justiça social” é bem vinda desde que não camufle uma “injustiça individual”.
353 Banalização das condições mínimas de salubridade.
354 Culto ao corpo ou ao jargão forever young.
355 Prática desmedida de compras-tampão, com a finalidade de encobrir a falta de conteúdo
existencial pelo brilho fugaz das embalagens egóicas.
356 Lamentável fato histórico registrado no primeiro ano do governo petista de Luis Inácio
Lula da Silva, em teratológica confusão entre partido, governo e Estado, que é a base de qual-
quer estrutura pública ditatorial.
357 Desde atos mais graves àqueles considerados “pecadilhos veniais”, como jogar lixo na rua,
impor a fumaça do seu cigarro aos demais, pichar muros alheios etc.
183
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Nesse momento, como profilaxia de que minha crítica seja deveras gene-
ralizada, aplaudirei o mérito das conquistas modernas e as tentativas de
inserção social de maior solidariedade e cooperação, mas advogo aber-
184
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
185
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quadro 10.9
Exemplos didáticos das tendências interiores e exteriores
186
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quadro 10.10
Comparativo didático entre elementos dos quadrantes superiores,
esquerdo e direito
187
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Figura 10.1 – Sobreposição dos níveis (Grande Ninho) nos quatro quadrantes.
Quadro 10.11
Inserção do elemento “linhas” nos quatro quadrantes
Interior Exterior
Comportamental
Individual
x Emocional x Cerebral
x Espiritual x Cinestésica
x Moral x Econômica
Social
x Valorativas x Político-sistêmica
188
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quadro 10.12
Inserção do elemento “Estados” nos quatro quadrantes
Interior Exterior
Comportamental
Naturais Intencional Desempenho
Fenomênicos Biológicos
Interpessoais Econômicos
Social
Comunicativos Climáticos
Por meio dessas conexões, concluí que muitos conflitos podem ser dirimi-
dos pela compreensão de que nossas diferenças podem ser quantitativas
ou qualitativas. O leitor notará que os valores individuais setorizados em
diferentes estados e identificados pelas inúmeras linhas383 de desenvolvi-
mento podem cooperar com o todo, sem a necessidade do nivelamento
rasteiro da tabula rasa e da mítica expressa pela frase “todos somos iguais”.
Isso posto, apresento a integração do quarto componente integral (tipos)
na tetra-óptica wilberiana (Quadro 10.13).
382 Capítulo 9.
383 Segundo componente da Filosofia Integral.
189
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
Quadro 10.13
Inserção do elemento “tipos” nos quatro quadrantes
Interior Exterior
Comportamental
Corporais
Personalidade
Intencional
Individual Sanguíneos
Gênero (sentimentos)384
Comportamentais
Democracias
Relacionais
Coletivo Transportes
Cultural
Culturais
Social
Linguísticos
384 Os trabalhos da notável Carol Gilligan demonstram que os homens tendem a ferir os sen-
timentos para salvar as regras, enquanto as mulheres tendem a ferir as regras para salvar os
sentimentos.
385 Todos os quadrantes em todos os níveis.
190
Capítulo 10 • Quinto elemento: quadrantes
191
192
Terceiro bloco
Postulados da
Conscienciologia
193
194
Multidimensionalidade
e multiexistencialidade
11
195
Capítulo 11 • Multidimensionalidade e multiexistencialidade
Dimensões da Conscienciologia
Diferentemente da escola pitagórica e suas quatro dimensões (matéria,
vida, mente, espírito) estudadas no bloco introdutório da presente obra, es-
pecificamente no Capítulo 2, sob o título Cosmos e Kosmos, a Conscienciolo-
gia valida cinco dimensões, cujas particularidades exploraremos a seguir:
material, energética, emocional, mental e consciencial.
386 Além do mero estado ou condição multidimensional, incluindo a vivência destas dimen-
sões.
387 Mero estado ou condição multidimensional.
388 Capítulo 14: Projetabilidade e Bioenergeticidade.
196
Capítulo 11 • Multidimensionalidade e multiexistencialidade
389 Ectoplasmia: termo conhecido na Parapsicologia, introduzido por Charles Richet, para
designar uma substância esbranquiçada, fluídica, que pode ser exteriorizada para fora do cor-
po de algumas pessoas, mais frequentemente pela boca ou ouvidos.
390 Pensare paga gabela: pensar paga imposto. Contraposição ao dito italiano que escutava
na minha família: pensare non paga gabela ou pensar não paga imposto.
391 ALEGRETTI, Wagner. Retrocognições. Iipic: 2000, p. 64.
197
Capítulo 11 • Multidimensionalidade e multiexistencialidade
Imortalidade da Consciência
Uma vez vivenciada, compreendida ou apenas admitida como hipótese a
existência da multidimensionalidade, o indivíduo curioso perscrutará as
consequências desse postulado. Confesso que possuo a curiosidade citada
e estudei inúmeras vertentes filosóficas e teorias que se interessam pelo
tema ora focado e validaram a condição da imortalidade da nossa essên-
cia inteligente. A Conscienciologia, por sua vez, além de apontar para a
sobrevivência da Consciência após a morte biológica, também oferece téc-
198
Capítulo 11 • Multidimensionalidade e multiexistencialidade
199
Capítulo 11 • Multidimensionalidade e multiexistencialidade
Multiexistencialidade
Destacarei a sequência lógica das decorrências do pressuposto multidi-
mensional, evidentemente condicionada ao aspecto vivencial ou à aceitação
desta premissa, ao menos como hipótese. Assim, adentraremos o conceito
da multisserialidade, ou seja, consideraremos a possibilidade de existência
objetiva de várias séries existenciais em oscilação intra e extrafísica, fenô-
meno que a Conscienciologia denomina ciclo de ressomas e dessomas, conhe-
cido por inúmeras doutrinas ou tradições esotéricas como reencarnação,
roda de samsara, em suma, morte e renascimento.
200
Capítulo 11 • Multidimensionalidade e multiexistencialidade
As ferramentas vivenciais
O desafio conscienciológico e seu diferencial em relação às religiões pare-
cem-me estar no equilíbrio entre a descrença cética e a abertura mental em
busca de vivências transcendentes. Portanto, ao validar as dimensões que
direcionam o foco de seus estudos, a Conscienciologia propõe ferramentas e
técnicas vivenciais, a fim de que o próprio pesquisador – ou seja, eu ou você
– possa não apenas observar, mas, efetivamente, participar do experimento.
A conclusão segue o perfil impactante e nada ortodoxo desta vertente do
conhecimento: somos os pesquisadores e, concomitantemente, os objetos da pesquisa.
201
202
Holossomaticidade
e pensenidade
12
O protagonista
O condutor ou protagonista de nossa existência pode ser explicado como
aquele que pensa, sente e age, mas não se confunde com pensamento,
402 O prefixo holo, do grego holos, significa “todo ou conjunto”. O sufixo soma, também do
grego, significa corpo.
203
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
Os quatro veículos403
O presente tópico responde questão referente ao número de corpos va-
lidados pelo postulado conscienciológico, ou seja, possuímos quatro veí-
culos de manifestação da Consciência (VMC), a saber: soma, energossoma,
psicossoma e mentalsoma. Esta estrutura foi bastante explorada, com algumas
variações, por teosofistas, rosacruzes, hindus, tibetanos, yogues e muitos outros
povos, linhas do conhecimento humano e tradições milenares. O Quadro
12.1 sintetiza e compara algumas terminologias no âmbito de três corren-
tes distintas.
Quadro 12.1
Resumo comparativo das terminologias empregadas pela proposta
conscienciológica, a filosofia hindu e outras linhas
403 Grande parte das informações deste subtítulo foram extraídas do tratado Projeciologia e
da obra Retrocognições, respectivamente dos autores Waldo Vieira e Wagner Alegretti.
404 SILVA, Roberto. Ativando o corpo energético. Instituto: 1991, p. 19.
204
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
205
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
408 INGLIS, Brian; WEST, Ruth. The Unknown Guest. White Crow Books: 2018 (título mal tra-
duzido como O mistério da intuição).
409 Pseudônimo escolhido pelo codificador do Espiritismo, professor Hippolyte Léon Deni-
zard Rivail.
410 ALEGRETTI, Wagner. Retrocognições. Iipic: 2000. p. 55-56.
206
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
Gosto da hipótese em que nossa Essência não se confunde com seus veícu-
los de manifestação e que talvez seja realmente possível uma experiência
transcendente de radical aquietação – e até mesmo descarte – de nossas
ações físicas, sentimentos e pensamentos para uma jurisdição transmental,
transracional, exclusivamente consciencial ou qualquer nomenclatura que
entendamos mais adequada para significar o conceito de uma manifesta-
ção “original, pura ou direita” da Consciência, sem intermediários corpó-
reos, nem mesmo o mentalsoma.
Esclareço que, neste momento, não pretendo advogar uma tese específica,
mas sim fomentar a dúvida, a reflexão e o questionamento, não apenas pela
multiplicidade de “coincidências” em toda história conhecida da humani-
dade em torno destes “outros corpos”, mas também por mera investigação
curiosa e impetuosidade filosófica para perguntar: por quê não?
207
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
208
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
Quadro 12.2
Os chacras segundo as propostas concienciológica, ocidental e
oriental
7º chacra magno
Coronochacra Coronário Chacra coronário
Diferença apenas terminológica
6º chacra magno
Frontochacra Frontal Chacra frontal
Diferença apenas terminológica
5º chacra magno
Laringochacra Laríngeo Chacra laríngeo
Diferença apenas terminológica
4º chacra magno
Cardiochacra Cardíaco Chacra cardíaco
Diferença apenas terminológica
3º chacra magno
Esplenicochacra Umbilical Chacra umbilical
Diferença conceitual
2º chacra magno
Umbilicochacra Esplênico Chacra sexual
Diferença conceitual
1º chacra magno
Sexochacra Básico Chacra básico
Diferença conceitual
209
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
Quadro 12.3
Principais chacras segundo linhas orientais e conexões com as
glândulas endócrinas417
Muladhara
Segundo chacra
Plexo do sacro
Chacra sexual
Plexo hipogástrico Gônadas Genitais
Chacra do sacro
Abaixo do umbigo (testículos e ovários) Reprodução
Lótus de 6 pétalas
Região urinária
Swadhistana421
Terceiro chacra
Manipura422
417 AVALON, Manville. O poder dos chackras. Martin Claret, 1995. p. 16.
418 AVALON, Manville. O poder dos chackras. Martin Claret, 1995. p. 9-27.
419 AVALON, Manville. O poder dos chackras. Martin Claret, 1995. p. 28-62.
420 Nas linhas ocidentais, confunde-se com o chacra sexual.
421 Swadhistana ou Svadhishthana: divergências terminológicas e conceituais sobre sua liga-
ção com o chacra esplênico ou sexual. Particularmente, penso que represente o chacra sexual.
422 Manipura: apontado como o segundo grande chacra pelo tratado Projeciologia e como o
terceiro chacra pelas linhas orientais, entre elas a do autor Harish Johari.
210
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
Chacra esplênico423
Distribuição energética
Esplenicochacra424
Não está ligado às Conhecido como “chacra
Baço
Polêmica: considerado glândulas endócrinas astral” em algumas
secundário por alguns linhas
pesquisadores425
Quarto chacra Plexo cardíaco Mãos
Ajna
Sétimo chacra
Sahasrara
Desconfiei que o chacra esplênico não fazia parte dos grandes chacras liga-
dos ao sistema endócrino, mormente quando Hiroshi Motoyama 426 afir-
mou que o swadhistana (chacra sexual) estava localizado “de três a cinco
423 Motoyama aponta-o como único sem referência em sânscrito (MOTOYAMA, Hiroshi .
Teoria dos chakras. Pensamento: 2012. p. 186).
424 Esplênico: do grego splén, ‘baço’; + sufixo ico, ‘relativo a’.
425 Chacra secundário: assim considerado por Wagner Borges, Harish Johari e algumas li-
nhas orientais.
426 MOTOYAMA, Hiroshi . Teoria dos chakras. Pensamento: 2012. p. 21 e 186.
211
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
212
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
213
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
Quadro 12.4
Proposta integrativa sobre os chacras considerados magnos
438 Lembro apenas das variações das traduções dos termos sânscritos.
439 Primeiro chacra magno.
440 Segundo chacra magno.
441 Terceiro chacra magno.
442 Importante chacra secundário.
443 Quarto chacra magno.
444 Quinto chacra magno.
445 Sexto chacra magno.
446 Sétimo chacra magno.
214
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
As ferramentas vivenciais
Após questionamentos motivadores e transcendentes, urge adentrarmos nas
ferramentas vivenciais e autocomprobatórias dos quatro veículos de mani-
festação da Consciência validados pela Conscienciologia. Dispensarei a abor-
dagem da vivência material ou do corpo físico, como fiz no início deste capí-
tulo, em razão de sua obviedade, a fim de focar na autoexperimentação das
dimensões energética, emocional e mental. Afinal, como podemos vivenciá-las?
447 OLVE: expressão cunhada por Nanci Trivellato, em proposta substitutiva à Circulação Fe-
chada de Energias ou CFE (In: TRIVELLATO, Naci. Measurable attributes of the vibrational state
technique Journal of Conscientiology. 2008;11(42):163-251).
448 Estado vibracional: expressão cunhada por Waldo Vieira para designar o resultado da téc-
nica da OLVE, em oscilação longitudinal voluntária de energias, entre outros objetivos para a au-
todefesa ou assepsia energética, expansão das “parapercepções” e assistência interconsciencial.
449 Para maior aprofundamento, sugiro a entrevista com a especialista Nanci Trivellato, dis-
ponibilizada pelo canal tvcomplexis, do portal de vídeos Youtube.
215
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
As três dessomas
Primeiramente, um vital esclarecimento sobre o acrônimo consciencioló-
gico dessoma, originado da síntese conceitual de “descarte do soma”, fenô-
meno popularmente conhecido como morte, passagem, primotanatose, via de
mutação, desencarne, trespasse, última projeção, libertação e perecimento, entre
outros. Todavia, essa desativação do veículo que chamamos de corpo fí-
sico ou material não consiste no único descarte das respectivas sondas de
manifestação da Consciência, mas apenas na primeira consequência do
fenômeno de desativação biológica. A primeira dessoma, portanto, consiste
na desativação do corpo humano, pela ruptura das ligações energéticas,
aniquilação das células, caos orgânico e retorno do foco consciencial ao
ambiente extrafísico450 e manifestação desprovida do corpo biológico.
216
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
452 “Fora da caixa”, em tradução literal. Expressão coloquial que significa “além do ordinário”.
453 Linguagem coloquial do meu contexto pessoal.
217
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
Pensenidade
O neologismo pensene é outro acrônimo conscienciológico, oriundo dos
termos pensamento, sentimento e energia. É dele que deriva o termo pen-
senidade, que utilizei para ressaltar a nossa capacidade de pensar, sentir e
agir. Convido o leitor a refletir sobre isso, ou seja, quanto ao fato de que
toda a manifestação humana que conhecemos até o presente momento
evolutivo tem um aspecto ou predomínio mental, emocional ou atitudinal.
Quadro 12.5
Proposta simplificada das conexões entre os veículos de
manifestação conscienciológicos e pensene
218
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
219
Capítulo 12 • Holossomaticidade e pensenidade
Quadro 12.6
Conexão consciencial dos VMC e analogias possíveis
220
Projetabilidade e
bioenergeticidade
13
221
Capítulo 13 • Projetabilidade e bioenergeticidade
Conceito.
Classificações.
Resistência científica.
Histórico da bioenergia.
Bioenergeticidade.
Energia imanente e consciencial.
Conceito
Um conceito simples e eficaz para compreensão elementar do fenômeno
da projeção da Consciência considerará o prévio conhecimento dos veí-
culos de manifestação da Consciência, em especial o psicossoma, assunto
apresentado no capítulo anterior. Trata-se do descolamento, soltura ou
descoincidência do corpo emocional (psicossoma) em projeção para além
do corpo material (soma), levando consigo parte do corpo energético (ener-
gossoma), o corpo mental (mentalsoma) e, teoricamente, a própria Cons-
ciência. Dá-se naturalmente pela estrutura humana holossomática e poderá
ocorrer com ou sem lucidez.
222
Capítulo 13 • Projetabilidade e bioenergeticidade
Classificações
Dentre os fenômenos parapsíquicos, muitas classificações merecem apro-
fundamento, a exemplo da categorização por sua leitura (telepatia, intuição,
psicometria), pela ampliação dos sentidos físicos (clarividência, clariaudiên-
cia, autoscopia, heteroscopia), pela cronologia (retrocognição, precognição,
dejaismo), pelo transe (psicografia, psicofonia) e até mesmo pelos efeitos
físicos (ectoplasmia, telecinesia, raps, poltergeist, cosmoconsciência), além de
muitas outras catalogações possíveis. Entretanto, focarei o presente subtí-
tulo na separação entre a projeção do psicossoma e a do mentalsoma.
A resistência científica
Conceituado o fenômeno da projeção da Consciência e apresentados os
termos análogos e classificações, retomarei alguns questionamentos ini-
ciais deste capítulo: por que não investigamos profundamente tal condição? Por
que tamanha resistência? Dentre vários prismas de observação, focarei na
questão histórica entre religião e ciência, até chegarmos na divisão carte-
siana entre mente e matéria.
223
Capítulo 13 • Projetabilidade e bioenergeticidade
Pois bem, vimos nos capítulos pretéritos que Pitágoras, Platão e outros
grandes pensadores tinham esse tema como objeto de interesse e admitiam
o fenômeno, ao menos como hipótese. Posteriormente, adentramos num
tumultuado período que chamamos de Idade Média, cujo domínio religio-
so excessivamente controlador provocou um repertório de imaturidades e
fanatismos que me entristecem enquanto integrante da espécie humana. A
simples menção aos fenômenos naturais e humanos, considerados “inex-
plicáveis”, era vista como heresia, blasfêmia, feitiçaria ou coisas do gêne-
ro e pessoas eram torturadas ou queimadas pela “Santa Inquisição” e por
guardiões do “sagrado”. Diante da abjeta violência medieval e implemen-
tação do terror, nada mais compreensível que as questões transcendentes
ou que denotassem alguma divergência com os dogmas religiosos da épo-
ca fossem retiradas dos diálogos científicos e arrastadas para o interior
das sociedades fechadas, secretas e dissimuladamente instaladas. Naquele
contexto, tratava-se da única possibilidade de manter tais conhecimentos
e respectivo estudo, mesmo assim, sob constante risco das mais hediondas
barbáries perpetradas pelos detentores do poder eclesiástico da época.
463 Existência da Consciência e da matéria, mas sem conexão alguma entre elas.
224
Capítulo 13 • Projetabilidade e bioenergeticidade
225
Capítulo 13 • Projetabilidade e bioenergeticidade
O termo exotérico, por sua vez e pela perspectiva integral, parece significar
a característica de uma espiritualidade “por fora” ou proselitista, no sen-
tido de não alinhar-se ao discurso, a autoridade moral da correspondente
vivência interior. Na vertente conscienciológica, o mesmo significante ad-
quire o sentido do período histórico em que houve possibilidade contextual
da divulgação da espiritualidade ou certos assuntos transcendentes, mo-
mento este em que podemos destacar as seguintes personalidades: Vincent
Newton Turvey (1873-1912), cujas experiências projetivas foram revela-
das publicamente na Inglaterra; Hugh Callaway (1886-1949) sob o pseu-
dônimo de Oliver Fox, com obra publicada em 1920, também na Inglater-
ra; Sylvan Joseph Muldoon (1903-1971) a começar de 1929, nos Estados
Unidos; a obra de Marcel Louis Fohan, na França, e Robert Crookall, entre
1960 e 1965, também na Inglaterra, entre outros.
226
Capítulo 13 • Projetabilidade e bioenergeticidade
Histórico da bioenergia
Desde tempos imemoriais, sacerdotes ou líderes de diversas religiões e cul-
turas primitivas interessaram-se pelo tema das energias sutis e suas cone-
xões com o corpo ou a existência humana. Após tratarmos da resistência
científica ao fenômeno projetivo, cujas restrições também são bastante
contundentes com o tema bioenergético, urge colocar a lanterna na popa
e aventurarmo-nos na pesquisa de nosso passado remoto, onde encontra-
remos certamente lamentáveis atrocidades, mas também tesouros infor-
macionais que a modernidade negligenciou.
Estou consciente de que o tema foi abordado por inúmeras linhas, sob a égi-
de de escolas místicas, esotéricas, exotéricas e também algumas tentativas
científicas. A título ilustrativo, vale destacar que, embora milenarmente in-
tegrada à Medicina tradicional chinesa, a acupuntura obteve aceitação na
Medicina ocidental472 apenas recentemente. Em 19 de novembro de 2010,
essa técnica foi declarada Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade
pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco).
Registros e algumas obras apontam como verdadeira a história que, “por
volta do ano 3.200 a.C., sob o comando do Imperador Chin-Nong, o povo
472 Acupuntura no Brasil: ainda sob discussão parlamentar, imbróglio legal e mixórdia legis-
lativa (projeto de lei 1549/2003, Classificação Brasileira de Ocupações – CBO e protegida por
alguns sindicatos registrados no Ministério do Trabalho).
227
Capítulo 13 • Projetabilidade e bioenergeticidade
Diante da macro-visão que pretendo explorar nesta obra, não houve tem-
po para um aprofundamento em fantásticas personalidades dignas de
estudo, como Hipócrates, da ilha de Cós, ou o admirado Jesus Cristo, de
Nazaré, sobre quem uma pesquisa mais detalhada e desapaixonada po-
deria ser útil para o tema aqui abordado. Optei, todavia, por dar um salto
histórico para o século XVIII, quando o austríaco Franz Anton Mesmer
(1733-1815) revelava a capacidade do magnetismo humano, sob mordazes
críticas científicas, e Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755-1843),
que interessou-se pela cura da malária e acabou por comprovar a máxima
de Hipócrates (cura pelo semelhante), lançando o princípio básico da Ho-
meopatia, segundo o qual as dinamizações aumentam a potência do pro-
duto por seu aumento energético e diminuição medicamentosa, informa-
ções ainda recebidas com enormes incompreensões e restrições por muitos
médicos alopatas.
No século XIX, apesar dos holofotes estarem mais voltados para as ma-
ravilhas do progresso oriundo da revolução industrial, o aspecto energé-
tico esteve presente nas mentes de influentes e polêmicas personalidades,
como os austríacos Sigmund Freud (1856-1939), propositor da psicanálise
e da teoria sobre a libido, e seu discípulo dissidente Wilhelm Reich (1897-
1957), radical propositor da natureza essencialmente sexual das energias,
às quais chamou de orgônio, posteriormente acusado de charlatanismo.474
Constatava-se a consolidação dos fundamentos do que futuramente cha-
maríamos de Medicina psicossomática, base intelectual dos trabalhos de
Alexander Lowen, propositor da Bioenergética.475
228
Capítulo 13 • Projetabilidade e bioenergeticidade
Bioenergeticidade
Como explicado, o sufixo –dade, neste contexto, significa a capacidade
da Consciência vivenciar informações oriundas das bioenergias, mor-
mente via corpo energético, chamado na Conscienciologia de energos-
soma, que é justamente uma ferramenta adequada para tais pesquisas.
Bioenergia também merece um estudo sinonímico aprofundado, como
profilaxia da confusão generalizada, inoportuna, prejudicial e foco de
muita desinformação oriunda do antigo problema da mistura entre sig-
nificantes e significados.
Digressões e sutilezas à parte, sabemos que “bio” possui origem grega (bios)
e significa “vida”. Como prefixo ou sufixo, o vocábulo é utilizado para ex-
pressar conceitos relacionados à vida, a exemplo de: biodiversidade ou varie-
dade da natureza viva; Biologia, a ciência que estuda os seres vivos, sua es-
trutura, composição, evolução e relação com o meio ambiente, entre outros
229
Capítulo 13 • Projetabilidade e bioenergeticidade
Não é por mero acaso que inúmeros rituais religiosos associam os compo-
nentes da vontade humana, firmeza de pensamento e locais de abundância
energética. Lamentavelmente, não raro, tais práticas são acompanhadas de
emoções desajustadas, visão etnocêntrica ou egocêntrica, além de agentes
mitigadores de uma otimização evolutiva equilibrada. Sugiro respeito-
samente a desnecessidade de qualquer ritualística desta natureza, pois o
diferencial evolutivo está em nossa Consciência e seus reflexos mais per-
ceptíveis,478 ou seja, valorizo sobremaneira os aspectos interiores positivos
em contato direto com a energia exterior, o que dispensa intermediários
litúrgicos.
477 Exemplos: floresta amazônica, cataratas de Foz do Iguaçu, serra do Japi (Jundiaí-SP), Ilha
Grande, em Angra dos Reis-RJ, enfim, rios, florestas, praias, cachoeiras etc.
478 Pensamentos, sentimentos e componente atitudinal.
230
Capítulo 13 • Projetabilidade e bioenergeticidade
479 “Agentes incorruptos da evolução”: expressão cunhada pelo pesquisador brasileiro Wag-
ner Alegretti, presidente da International Academy of Consciousness (ano base: 2014).
231
232
Assistencialidade,
cosmoeticidade,
14
maxifraternidade e
universalidade
No presente capítulo, farei uma leitura dos valores que considero essen-
ciais após a análise dos postulados conscienciológicos, sejam eles viven-
ciados, aceitos, refutados ou apenas tidos como mera possibilidade filosó-
fica pelo leitor. Entendo que somente após toda esta carga informacional
tenhamos condição para compreender a resposta à pergunta que talvez
muitos imaginem que devesse estar na primeira linha deste terceiro bloco:
afinal, o que é Conscienciologia?
233
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
Assistencialidade
À medida em que amadureci com o passar dos anos, com os erros e os
acertos e, evidentemente, com as dores e as delícias da vida, alcancei a cos-
movisão de que a existência humana ou o indivíduo não estão hermetica-
mente isolados daquilo que os cerca, mas, justamente o contrário, estamos
contundentemente conectados a tudo e todos, numa teia interdimensional
profunda, similar à explicação poética de um antigo texto hindu chamado
Avatamsaka Sutra, cujo conceito restou conhecido por “Rede de Indra”;481
para o mesmo conceito, a Conscienciologia prefere a analogia da “mini-
peça no maximecanismo”. Percebi claramente não apenas a necessidade
234
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
O leitor poderá estar confuso e questionar-se: o que ele quis dizer com isso?
Concluí que, para responder a esta indagação, devemos transcender – e
até mesmo questionar – o conceito dicionarizado de altruísmo a seguir
transcrito: “segundo o pensamento de Comte (1798-1857), é a tendência
ou inclinação de natureza instintiva 484 que incita o ser humano à preocu-
pação com o outro e que, não obstante sua atuação espontânea, deve ser
aprimorada pela educação positivista, evitando-se assim a ação antagôni-
ca dos instintos naturais do egoísmo; amor desinteressado ao próximo;
filantropia; abnegação” .485 Colocar-me-ei novamente como um crítico ao
reducionismo da filosofia comteana aos fatores instituais e concentração
exógena do altruísmo, para incluir e considerar a destinação endógena de
cada indivíduo. Parece-me inexistir uma via assistencial de mão única, o
que validaria a generalização do conceito de que toda a assistência man-
tém um padrão de reciprocidade, configurando-se numa interassistência.
482 Assistir: no sentido de ajudar “o outro”, que está entre aspas porque tudo ao seu redor
passará a fazer parte de você mesmo em algum nível.
483 BEN JOR, Jorge. Caramba… Galileu da Galileia, 1972.
484 Natureza instintiva: contesto tal natureza, por acreditar na natureza consciencial em es-
tágios evolutivos mais avançados que o instintual, mas fica o registro dicionarizado.
485 HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Objetiva:
2009, p. 104.
235
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
486 Vale o dito popular: “muito ajuda quem não atrapalha”. Na dúvida, abstenha-se.
487 Respeito ao livre-arbítrio é ética primária. Pergunte-se sempre: ele pediu ajuda?
488 Modéstia para compreender que nem sempre somos os detentores da solução para os
problemas alheios. Vale outra sabedoria popular: “cada um sabe onde aperta o sapato”.
489 E se for, não vejo problema nisso, desde que você não prejudique a terceiro. Endosso o
conceito do utilitarismo do interesse próprio, de Adam Smith, e a virtude na sua busca, de Ayn
Rand.
236
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
237
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
Cosmoeticidade
O neologismo “cosmoética” obviamente é formado pelos termos cosmo e
ética. Cosmo, neste contexto, traz a noção de ampliação, maior abrangên-
cia, transcendência e inclusão de todas as dimensões; ética, pelo significado
tradicional, estaria ligada aos assuntos morais oriundos ou pertencentes
ao caráter. Entendo desnecessário o aprofundamento das nuances e parti-
cularidades entre ética e moral, o primeiro conceito geralmente entendido
como o costume ou hábito ligado ao comportamento exterior e o segun-
do, destinado a buscar a fundamentação teórica para encontrar o melhor
modo de viver, o que abrange interesses da antropologia, direito, psicolo-
gia, sociologia, economia, pedagogia e praticamente tudo que envolva uma
conexão com valores interiores.
238
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
Vivo numa sociedade em que está em moda uma “ética intrusiva”, uma
ditadura do “politicamente correto” e falácias que abusam da expressão
“tudo pelo social”, sobre a qual o filósofo contemporâneo Luiz Felipe
Pondé elaborou contundentes críticas espalhadas por seus artigos e obras
com títulos provocativos como Contra um Mundo Melhor e Guia Politica-
mente Incorreto da Filosofia. Aliás, frise-se que o suposto “politicamente
correto”, a moda, o pensamento coletivista grupal, os governantes que
pensam deter a grande orientação para a população502 e esta generosida-
de sócio-igualitária onde o “altruísmo é meu, mas o esforço é seu”, não me
parecem posturas alinhadas com os princípios cosmoéticos. Distorções
éticas em achatamento valorativo503 dos iludidos românticos-igualitários de
sempre e, na outra ponta, os insensíveis-durões que não conseguem esten-
der suas mãos para além de seus umbigos,504 estão na gênese de muito so-
frimento e movimentos racistas,505 classistas,506 nacionalistas,507 machis-
tas,508 feministas,509 e etnocêntricos.510 Eventuais privilégios delegados
500 Um estado minimalista é uma forma de governo em que as funções do Estado são resi-
duais, de forma a interferir o menos possível na liberdade e nas ações dos indivíduos. Os adep-
tos da minarquia afirmam que a função do Estado será justamente garantir livres relações
entre os indivíduos.
501 No sentido europeu do termo. Nos EUA o termo possui conotação oposta, circunstância
em que meu pêndulo político caminharia na direção republicana.
502 Considerada arrogantemente pelos governantes de mentalidade anti-libertária, como
um grupo de mentecaptos carentes de um líder com a panaceia salvacionista.
503 Wilber possui um bom nome para isso: flatland.
504 Embora providos de condições suficientes para tanto.
505 Geralmente baseados na cor da pele (ex.: cotas raciais).
506 Baseado na luta de classes (ex.: marxismo).
507 Baseado na nacionalidade (slogans: “o petróleo é nosso”; “Brasil: ame-o ou deixe-o” ou a
ridícula e tirânica obrigatoriedade do serviço militar).
508 Sociedade patriarcal. Confundem-se as habilidades naturalmente mais bem desenvolvi-
das pelos homens como superioridade masculina.
509 Sociedade matriarcal. Confundem-se as habilidades naturalmente mais bem desenvolvi-
das pelas mulheres como superioridade feminina.
510 Baseado na responsabilidade “deles” e nos “nossos” direitos.
239
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
Insisto, como fiz inúmeras vezes nesta obra, que abandonemos o “isso ver-
sus aquilo”, ou seja, não se trata de uma escolha dicotômica do tipo “in-
divíduo versus coletivo”, mas do tipo indivíduo e coletivo, eu e você, nós e eles,
privado e público, cada qual na sua jurisdição específica de atuação ou, em
linguagem coloquial, “cada um no seu quadrado”. No momento em que o
240
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
241
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
Quadro 14.1
Conexões entre valores éticos, justificativas, critérios e possíveis
problemas oriundos das soluções diversas
520 Intra-hólon. Wilber utiliza o termo flatland para designar o achatamento dos vários níveis
em um único hólon.
521 Vertical: aqui representa a multidimensionalidade tratada pelo primeiro elemento wilbe-
riano (níveis).
242
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
Maxifraternidade
O amor, sem dúvida, permanece como robusto manancial motivacional
que consigo identificar a favor da assistência fraterna e cosmoética.522 Esse
motor atitudinal, cujo significante está muito desgastado pela modernida-
de e por valores lineares ligados ao consumo, ainda mantém significado
poderoso e impulsiona diferenciados cidadãos em suas mais diversas mo-
dalidades altruístas: a generosidade, a bondade, a dignidade, a honestidade,
a autenticidade, o companheirismo e tantas outras qualidades que rela-
cionamos com a fraternidade que, por sua vez, pode ser elevada aos mais
nobres níveis de compreensão. Neste momento sutil de empatia com tudo
e todos ao nosso redor, imagino que estaremos próximos de vivenciar esse
magno conceito.
Com sua firmeza característica, Waldo Vieira, em sua obra Nossa Evolução,
trouxe-nos o conceito de maxifraternidade como “a condição interconscien-
cial, universalista, mais evoluída, fundamentada na fraternidade pura da
consciência autoimperdoadora e heteroperdoadora, meta inevitável na
evolução de todas as consciências”.523 Pessoalmente, questiono a eficácia
da condição de “autoimperdoador” e prefiro a inserção de todas as Cons-
ciências na mesma possibilidade do autoperdão, obviamente desde que o
agente causador de qualquer dano evolutivo por ato doloso524 ou culpo-
so525 passe a ter consciência de seus erros, repare-os em toda sua extensão
e evite efetivamente sua reincidência. Outra curiosidade que conquistou
minha atenção na análise das palavras de Viera foi a introdução do termo
“universalista” na conceituação de “maxifraternidade”, conexão com a qual
estou em absoluta concordância, mas poderá restar a seguinte questão na
mente do leitor: enfim, o que é universalismo?
522 Embora o termo cosmoética seja um neologismo e de uso técnico, podendo ser grafado
entre aspas ou em itálico, passarei a grafá-lo normalmente a partir de agora.
523 VIEIRA, Waldo. Nossa evolução. Editares: 2010, p. 112.
524 Ato doloso ou dano comissivo ou intencional, é aquele em que o delinquente ético prevê
o resultado lesivo da sua conduta.
525 Modalidades de culpa: imprudência, negligência ou imperícia.
243
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
Universalidade
Colocadas algumas questões éticas e um esboço dos conceitos de assisten-
cialidade, cosmoeticidade e maxifraternidade, emergem reflexões sobre o con-
ceito tratado em Conscienciologia como universalismo, aqui sob o título de
universalidade, significante que utilizei para representar a capacidade hu-
mana para desenvolver perspectivas cada vez mais amplas e inclusivas, a
fim de evitarmos a assimetria ética. Para facilitar tal processo, adaptarei
conceitos wilberianos ligados às diferentes cosmovisões e tratados prete-
ritamente nesta obra e que, no momento, pretendo explorar com maior
profundidade: pré-egocêntrica526 ou tribal, egocêntrica, etnocêntrica, globocêntri-
ca, cosmocêntrica527 e kosmocêntrica.528
244
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
245
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
Autoestima sadia
Validação ética
Sem prejuízo
Egoísmo positivo, de Ayn Rand
alheio Self interest, de Adam Smith
Capitalismo de mercado
Assistência
interior
Egoísmo convencional
Com prejuízo
Anti-ética
alheio Exploração
(pseudoassistência) Capitalismo de Estado
542 O que não significa “passar a mão na cabeça” ou a prática do “assistencialismo de sarjeta”.
Aliás, não raro, os princípios assistenciais do esclarecimento pressupõem o que chamamos
popularmente de “remédio amargo”.
246
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
Autruísmo
Sem prejuízo Ética validada
próprio ou alheio Bondade
Generosidade
Assistência
Com prejuízo próprio
exterior Martírio
Pseudouniversalismo
“menos um”
Universalismo
Maxifraternismo
Cosmoeticismo
Assistência
interior e Individualidade e coletividade
exterior
(não dual) Meritocracia e solidariedade
Figura 14.3 – Assistência com a cosmovisão “não dual”, onde a ajuda a si afeta
positivamente o outro e vice-versa.
247
Capítulo 14 • Assistencialidade, Cosmoeticidade, Maxifraternidade e Universalidade
Não consigo imaginar melhor fechamento desta terceira etapa, que consi-
dero exagerado chamar de conscienciológica, já que a abordagem impreg-
nou-se de filtros e reflexões de cunho pessoal. De fato, as proposituras e
hipóteses sobre os quatro conceitos analisados passaram por meus valores
e reflexões no que tange à ética (respeito ao indivíduo) e à justiça (meri-
tocracia). Não obstante, convido o leitor a embarcar comigo no quarto e
último bloco desta obra, onde apresentarei as conclusões desta aventura
intelectual e resumo geral das emergências criativas a partir de vertentes
aparentemente tão distintas.
248
Quarto bloco
Epifanias
249
250
Sou, logo existo 15
251
Capítulo 15 • Sou, logo existo
252
Capítulo 15 • Sou, logo existo
545 Descarta sua primeira hipótese de um “Deus enganador” e modifica seu raciocínio para
um “Deus perfeito”, para validar a existência do mundo material.
546 A “coisa pensante” que compôs parte do raciocínio para a expressão “penso, logo existo”.
547 Universidade Falada, Discurso do Método.
253
Capítulo 15 • Sou, logo existo
Anatomia gramatical
Lembro-me de minha formação acadêmica na área jurídica concluída em
1988, quando, nas aulas de Hermenêutica, meus colegas e eu admirávamos
a grandeza das interpretações históricas, teleológicas e sistêmicas, para, ao
final, concluirmos pela insuficiência da interpretação meramente grama-
tical. Apesar dos limites da literalidade terminológica e sua anatomização
(remeto à crítica ao próprio método cartesiano), considero-a um excelente
início para o desenvolvimento do presente tema, motivo pelo qual lanço
mão do Quadro 15.1, onde tento demonstrar que “a ordem dos fatores al-
tera o produto”.549
548 Alusão ao conceito de maya, em que a ilusão consistiria a natureza do mundo objetivo,
numa espécie de Matrix, produção cinematográfica de inspiração hollywoodiana.
549 Alusão jocosa ao postulado de Giuseppe Peano, matemático italiano do século XIX: “a
ordem dos fatores não altera o produto”.
254
Capítulo 15 • Sou, logo existo
Quadro 15.1
Interpretação gramatical da expressão “penso, logo existo” e sua
inversão
550 DESCARTES, René. Discurso do método: regras para a direção do espírito. Martins Fontes:
1999, p. 41.
551 Comutatividade: “existo, logo penso”.
552 Completude: imprescindibilidade do pensamento como condição existencial.
553 Ano base: 2014.
255
Capítulo 15 • Sou, logo existo
Trabalho a hipótese de que tais respostas sejam negativas, ainda que re-
conheça uma infinidade de crendices infantis na maioria dos segmentos
pretensamente transcendentes e uma legião de fanáticos ideológicos entre
os que desfilam com estandartes dos supostos paradigmas da nova era.555
Diante disso, mantenho um certo acolhimento para estudar as mais exóti-
cas fontes informacionais e, concomitantemente, preservo meu juízo crítico
ereto, aguçado e independente, a fim de movimentar esforços para distinguir
entre “o joio e o trigo” com o devido cuidado para conter os exageros e “não
jogar o bebê com a água do banho”, em delicada combinação harmônica dos
seguintes componentes: abertura mental,556 flexibilidade557 e criticidade.558
256
Capítulo 15 • Sou, logo existo
Pois bem, as inúmeras obras wilberianas com que tive contato trouxeram-
-me a clara percepção de que existem estágios além do mental, do racional
ou do pensamento. Especialmente para os seres identificados com o pró-
prio ato de pensar, julgo interessante ressaltar que, para atingir esses pata-
mares “transcendentais”,561 o pressuposto seria justamente o “não pensar”
ou o “esvaziamento” mental, ou seja, uma espécie de acalmia ou supressão
pacífica dos raciocínios reflexivos e quietude da “loquacidade interior”. A
leitura das obras da Filosofia Integral reforçou minha suspeita de que a
existência transcende a condição mental e seu produto típico do animal
humano: o pensamento.
560 Segundo Carlos Eduardo Matheus, Kant utilizou o termo “crítica” para separar os acertos e
equívocos de determinada teoria, distante da conotação atual no sentido de negação integral
da tese criticada (Universidade Falada, Kant: vida e obra).
561 Transcendentais: “transmentais”, espirituais ou outro significante da preferência do leitor.
562 Capítulo 12.
257
Capítulo 15 • Sou, logo existo
563 Consciência.
564 Mentalsoma, psicossoma, energossoma e soma.
565 Pensamento, sentimento e energia (pensar, sentir e agir).
566 Mentalsoma.
258
Capítulo 15 • Sou, logo existo
567 Lei da não contradição: nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
568 Lei do terceiro excluído: aplica-se quando excluímos a terceira hipótese. Por exemplo: este
homem é Aristóteles ou não é Aristóteles; ou ainda pelo questionamento se mentalsoma é
um veículo ou a própria Consciência.
569 Mentalsoma como “mero” veículo de manifestação da Consciência e não a própria “essência”.
259
Capítulo 15 • Sou, logo existo
Quadro 15.2
Resumo comparativo das propostas materialista e
conscienciológica e das Tradições de Sabedoria
260
Capítulo 15 • Sou, logo existo
261
Capítulo 15 • Sou, logo existo
pela utilização da singela expressão: “isso ainda não sabemos” ou, mais
tecnicamente, “inexiste validação científica neste sentido”.
262
Capítulo 15 • Sou, logo existo
to, face à diferenciação entre lógica, convicção e ciência, defendo teses nas
quais a lógica convence-me, mas considero-a insuficiente para um enfren-
tamento popperiano577 e seu conhecido caminho da falseabilidade, ou ain-
da alguma possibilidade de teste por algum sistema empírico-científico de
comprovação pela objetividade da experiência sensível. Em suma e para o
meu lamento, tal proposta não encontra validação científica.578
Emergência reflexiva
Sabemos que os notórios Isaac Newton e René Descartes foram conside-
rados os precursores do materialismo, cujo exemplar quis a história ho-
menagear com seus nomes, através da expressão “paradigma newtonia-
no-cartesiano”. Todavia, antes de encerrar meus comentários, gostaria de
compartilhar uma antiga perturbação intelectual: aqueles que foram conside-
rados os pais do materialismo científico foram, de fato, materialistas?
577 Referente ao célebre autor Karl Popper, detentor de meu profundo respeito intelectual.
578 Pelo menos, até a presente data – ano base 2014.
263
Capítulo 15 • Sou, logo existo
Quadro 15.3
Trechos selecionados da obra cartesiana Discurso do Método e
refutação de seu perfil materialista científico
579 DESCARTES, René. Discurso do método: regras para a direção do espírito. Martins Fontes:
1999, p. 12, 14, 15 e 44.
264
Capítulo 15 • Sou, logo existo
Os idealistas, por sua vez, afirmam que o corpo é parte do espírito, inclu-
sive com a negação da matéria pelos mais extremados, mutatis mutandis,
conectado ao antigo conceito de maya, em que a ilusão seria a verdadeira
natureza do universo objetivo, o que nos levaria ao extremo oposto do
“mundo sem corpo”.
265
Capítulo 15 • Sou, logo existo
Quadro 15.4
Comparativo entre materialismo, idealismo, dualismo cartesiano e
posicionamento pessoal
266
Capítulo 15 • Sou, logo existo
267
268
A quarta “dessoma” 16
As três dessomas
Dessoma é um acrônimo oriundo da expressão “descarte do soma”; como
visto preteritamente, aplica-se ao que chamamos de morte do corpo biológico
e estende-se para o descarte de outros veículos de manifestação da Cons-
ciência, tudo à luz do postulado do holossoma, de acordo com a propositura
validada pela Conscienciologia (Quadro 16.1).
Quadro 16.1
Síntese do postulado da Conscienciologia referente aos veículos de
manifestação da Consciência e sua possibilidade de descarte
269
Capítulo 16 • A quarta “dessoma”
Diante disso, para advogar a tese da quarta dessoma, solicitarei licença ao lei-
tor menos familiarizado com a Conscienciologia para concentrar-me nas
suas premissas, pois somente a partir da convicção íntima desses postula-
dos, poderei desenvolver um raciocínio lógico no sentido de lançar a ousada
proposta de um quarto descarte veicular. Preliminarmente, porém, ressalto
a distinção entre os conceitos de crença, convicção racional e ciência.
270
Capítulo 16 • A quarta “dessoma”
271
Capítulo 16 • A quarta “dessoma”
Quarta dessoma
Apresentar argumentos para dedução lógica da quarta dessoma parece-me
absolutamente factível e, como visto, está distante do conceito de “fé cega”
ou algum tipo de crença religiosa. Ao contrário, trata-se de convicção ba-
seada em interpretação sistêmica de inúmeros postulados, segmentos e
vertentes aqui analisados. Assim, mesmo diante da carência empírica e vi-
vencial do tema lançado para o debate, patrocino o postulado sintetizado
no Quadro 16.2, limitando-me ao território da mera convicção dedutiva
aos preceitos conscienciológicos, presumindo-os verdadeiros.
Quadro 16.2
Síntese da proposta da quarta dessoma
Mateologia
O estudo de assuntos abstratos ou altamente complexos e inalcançáveis
diante dos recursos disponíveis pela humanidade é chamado de Mateologia
e, não raro, considerado inútil. Mantenho contundente ceticismo em rela-
ção a negar toda e qualquer utilidade ao exercício “mateológico”, pois o ato
de “navegar por estes mares” e dinâmicas do tipo brainstorm ou “tempestade
272
Capítulo 16 • A quarta “dessoma”
Quadro 16. 3
Conexões entre a Consciência, seus veículos de manifestação e uma
analogia possível
273
Capítulo 16 • A quarta “dessoma”
Quadro 16.4
Comparativo entre a representação clássica da Conscienciologia e a
proposta pessoal em investigação
Consciência
274
Capítulo 16 • A quarta “dessoma”
275
276
O autor modela a obra
ou vice-versa?
17
Como é fácil cometer equívocos nos limites da Ciência, em especial nos te-
mas que envolvam a transcendência humana! Poucos autores têm o neces-
sário desprendimento e frieza, no melhor sentido desta palavra, para ad-
mitir suas incompletudes e naturais equívocos no decorrer do processo de
exposição de seu pensamento, circunstância em que é preferível “ser essa
metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre
tudo”, nas palavras da bela composição musical interpretada pelo falecido
cantor Raul Seixas.590
277
Capítulo 17 • O autor modela a obra ou vice-versa?
Waldo I – espírita.
Waldo II – conscienciólogo.
Wilber I – romântico
A obra de Ken Wilber apresenta cinco fases, todas admitidas pelo próprio
autor. A primeira delas, como o título deste tópico sugere, foi marcada
pela visão romântica, que, sinteticamente, apregoa: um passado melhor
ou mais glorioso que o presente; uma idade de ouro; uma inocência es-
quecida; uma bondade ou paraíso perdido; o mito do selvagem nobre; a
pureza da criança ou o exagero que leva à conclusão de que o homem
nasce bom e a sociedade deve suportar o ônus por corrompê-lo. O maior
ícone do equívoco romântico foi o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau,
considerado pai do movimento político coletivista, e sua teoria do Con-
trato Social, da qual sou um crítico mordaz e conservo distanciamento
ideológico.
Quadro 17.1
Reapresentação das falácias “pré-trans 1 e 2”, ambas reducionistas
por indevida exclusão de um nível de consciência
278
Capítulo 17 • O autor modela a obra ou vice-versa?
Paraíso Paraíso
inconsciente consciente
Inferno
consciente
Figura 17.1 – Falso movimento evolutivo denominado por Wilber de “falácia pré-
trans n. 2”
279
Capítulo 17 • O autor modela a obra ou vice-versa?
seauniana e das falácias igualitárias para incluir em sua obra a visão evo-
lucionista linear, sob a influência do Grande Ninho do Ser e suas ondas
ou níveis de consciência. Na mente de Wilber, surgiu com maior clareza o
primeiro elemento da teoria integral e a preparação para os passos seguin-
tes. A Figura 17.2 traz uma representação da segunda fase do pensamento
wilberiano, período que foi o marco da obra Up from Eden (1981).591
Alma
Vida
280
Capítulo 17 • O autor modela a obra ou vice-versa?
Wilber V – perspectivas
Reputo a fase mais complexa da obra wilberiana, na qual cada um dos
quatro quadrantes foi impactado por mais duas perspectivas, uma interior
e outra exterior. A obra Espiritualidade Integral (2006) será nosso grande
desafio para a compreensão destes prismas endógenos e exógenos, na falta de
melhores termos.
Waldo I – espírita
Waldo Vieira declara-se um dissidente592 do Espiritismo e sua história
pessoal está coerente com suas palavras. Pela minha percepção, talvez não
muito qualificada – pois observo apenas externamente o processo deste
autor – concluí que a fase espírita do professor Waldo Vieira foi produtiva
e de riquíssimo aprendizado pessoal. Conheço apenas perfunctoriamente
o propositor da Conscienciologia, mas reconheço sua perspicácia evoluti-
va e aguçada inteligência para usufruir positivamente das experiências e
vivências pretéritas, ainda que em contexto ainda ligado a uma estrutura
religiosa, que combateria futuramente.
Waldo II – conscienciólogo
Apesar de uma existência repleta de outras atividades, o médico, odontó-
logo, escritor, empreendedor e lexicógrafo mineiro tem como grande fei-
to a proposição da Conscienciologia. Face à magnitude dessa realização e
à grandiosidade da proposta wilberiana, nominada de Filosofia Integral,
passei a respeitar intelectualmente ambos os autores (embora não comun-
592 Para ser preciso, o termo ordinariamente utilizado por este autor é “maxidissidente”.
281
Capítulo 17 • O autor modela a obra ou vice-versa?
Esse ecletismo intelectual marcou esta fase inicial e meu interesse difuso,
desde Maçonaria, Teosofia, Psicanálise, Psicologia, Movimento Transpes-
soal e Espiritismo até a doutrina conhecida como Racionalismo Cristão,
com a qual encontrei afinidade por seus próprios postulados e também
593 Perturbam-me alguns significantes, como o termo “místico”, utilizados com significados
opostos entre Conscienciologia e Filosofia Integral, o que poderá causar muita confusão.
594 Em termos políticos, incomodam-me as visões distributivistas ou sócio-coletivistas.
282
Capítulo 17 • O autor modela a obra ou vice-versa?
através da prática altruísta de minha saudosa avó materna 595 por esta ver-
tente. Todas essas linhas do conhecimento humano, de certa forma, preen-
cheram-me positivamente nos contextos respectivos e agregaram-me valor.
Reputo merecedor de destaque o fato de que esta obra extrapolou sua pro-
posta, pois emergiram associações com os autores mais variados, processo
em que identifiquei totalidades e foquei nas conexões identificadas. Estava
consolidada essa fase de minha vivência e formação intelectual, quando a
283
Capítulo 17 • O autor modela a obra ou vice-versa?
284
Posfácio
Teoria e prática
285
286
Estágios do desenvolvimento
moral
18
Este encerramento deixará o estilo mais teórico desta obra e versará sobre
a ação executiva do estudo axiológico, conectado a uma reflexão sobre os
valores em seu sentido moral e uma proposta eminentemente funcional e
classificatória dos princípios pertencentes ao caráter e à dignidade indivi-
dual ou coletiva, com destaque e hierarquização ética. Indispensável reite-
rar, como fiz na abertura destes estudos, minha autonomia em relação aos
postulados conscienciológicos, integrais, filosóficos, político-ideológicos
ou a qualquer conceito aqui tratado, mormente por meu norteamento de-
masiadamente centrado em meus próprios valores pessoais.
287
Capítulo 18 • Estágios do desenvolvimento moral
Conceito e contextualização
Estágios do desenvolvimento moral são as fases de amadurecimento
existencial, processo em que a “adultidade”596 e a tomada de consciência
norteiam o indivíduo evolutivamente proativo rumo a patamares e cos-
movisões transcendentes e inclusivos. A contextualização mesológica do
nosso desenvolvimento moral é condição notória para a utilização desta
técnica de pesquisa individual. Aquele que portar maturidade evolutiva
para aplicar esta técnica estará habilitado para diferenciar graus éticos
de indivíduos, famílias, clãs ou sociedades, sempre focado no contraste
com sua ação cotidiana, ou seja, seus costumes ou atos reiterados, já que
os hábitos apontarão para aquém ou além de modismos situados no eixo
“certo-errado” ou “politicamente correto” regional e temporal. A com-
288
Capítulo 18 • Estágios do desenvolvimento moral
Origem do modelo
A Filosofia Integral utilizou-se dos conceitos flagrantemente hierárquicos
através dos termos “pré-convencional, convencional e pós-convencional”,
inspirado em inúmeros autores,597 cujos postulados foram genialmente re-
lacionados em conexões valorativas e escalonadas.598 Contudo, cabe-me es-
clarecer que o modelo que apresentarei abaixo não é idêntico ao das obras
wilberianas, nem representa um perfeito alinhamento conscienciológico,
pois adjetivei de convencional a visão majoritária da unidade geopolítica
do pesquisador. Trata-se, portanto, de um conceito móvel, de construção
adaptada ao contexto, moralmente categorizado, eticamente classificató-
rio, confrontador e comparativo,599 no qual o componente atitudinal con-
textualizado do indivíduo será a referência de si mesmo.
289
Capítulo 18 • Estágios do desenvolvimento moral
290
Capítulo 18 • Estágios do desenvolvimento moral
Enfrentamento pragmático
Escolhi temas do cotidiano mesológico de minha unidade geo-econômi-
co-política temporal,601 alguns vivenciados e outros apenas fruto de obser-
vação, lançados em ordem alfabética no Quadro 18.1. Em referência aos
termos pré-convencional, convencional e pós-convencional, chamarei tal
sistema de “pré-con-pós”, obviamente passível de acréscimo de visões pre-
cedentes “pré-pré-convencionais” ou sucessoras “pós-pós-convencionais”.
Quadro 18.1
Comparativo de posturas “pré-con-pós” e extrapolações hipotéticas
“pós-pós-convencionais”.
Pós-pós-
Temas Pré-convencional Convencional Pós-convencional
convencional
Crescendo Crescendo Crescendo
invertebrado exoesqueleto endoesqueleto
Holoesqueleto
Apêndice moral moral- moral- moral-integração
moral605
exoesqueleto endoesqueleto holoesquelética
moral602 moral603 moral604
Autonomia Dependência Independência Interdependência Inter-assistência
Coerência entre
Adesão ao Contextualização
Malignidade do a crença e o
Batizado costume sócio- e avaliação da
recém-nascido componente
familiar situação
atitudinal
Adesão ou
Coerência entre Contextualização
Casamento manipulação
Crença ritualística valores convicções das macro
ritualístico para sua
e ações necessidades
realização
Pós-pós-
Classificação Pré-modernidade Modernidade Pós-modernidade
modernidade
601 Cidade de Jundiaí, interior do Estado de São Paulo, Brasil, ano base 2014.
602 Indivíduo desprovido de moral interior que busca legitimamente uma “muleta” ou “apên-
dice” externo como apoio assistencial (instituições, códigos de conduta, religiões, alcoólicos
anônimos e demais positivos instrumentos de apoio).
603 Indivíduo que já caminha por suas próprias pernas e mantém razoável equilíbrio ético.
604 Indivíduo agradecido às ajudas recebidas, que passa a apoiar em relação contributiva de
alguma espécie.
605 Indivíduo que desenvolve a fluidez macro para inter-relações assistenciais, cujas ferra-
mentas são próprias e personalíssimas, com adaptação assistencial a cada contexto e suas
conexões. Sugiro a releitura do capítulo 7, particularmente do conceito da “espiral do desen-
volvimento humano”, de Claire Graves.
291
Capítulo 18 • Estágios do desenvolvimento moral
606 Kosmos (com “k”): vide resgate conceitual pitagórico exposto no capítulo 2.
607 As atitudes virtuosas e exemplos personalíssimos, ainda que mal compreendidos racio-
nalmente, transcenderão as palavras ou a lógica por seus próprios resultados funcionais e as-
sistenciais contextualizados.
608 O “coletivo” ou o “social” deverá ditar a conduta. Exemplos: a moda, o “politicamente corre-
to”, a “moral em voga”, as ideologias supostamente “boazinhas” etc.
609 Narcisismo infantil.
610 A conduta determinada pelo clã, família ou sociedade e visão de mundo baseada nestes
valores. Exemplo: expressão popular “aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei”; desinteligência
ética do dito popular “se não pode com eles, junte-se a eles”.
611 Visão de mundo focada no planeta em que o indivíduo vive, no caso, o planeta Terra.
612 “Kosmocentrismo” (Filosofia Integral) e Universalismo (Conscienciologia). Cosmovisões
transcendentes e inclusivas das múltiplas dimensões e complexidades.
613 O indivíduo transcende a técnica aplicada.
614 LOC: Locus of control (local de controle).
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Capítulo 18 • Estágios do desenvolvimento moral
Influências
Thomas Kuhn621 afirmou que existem “períodos pré e pós-paradigmáticos”
no âmbito da estrutura das revoluções científicas e apontou para um pe-
ríodo de “ciência ordinária” e a possibilidade de uma fase “extraordinária”,
jurisdição fértil para emersão de novos exemplares para solução de ano-
malias onde o sistema anterior encontrou seu limite. Em apertada síntese,
alguns dados podem ser “filtrados ou limitados” por exemplares científicos
que Kuhn assemelhou ao conceito de “paradigmas” que, posteriormente,
seus intérpretes estenderam para contextos culturais e convencionalismos.
615 Componente atitudinal conhecido em termos populares como “rebelde sem causa” ou
pela expressão hay gobierno soy contra.
616 Possui atitudes externas controladas e bem adaptadas, mas com interior carregado de
emoções imaturas e conflitos de toda ordem.
617 O indivíduo compreende e inicia o processo em busca da serenidade madura, sem abafa-
mento evolutivo ou boicotes estagnadores.
618 Pondero como hipótese a condição de permanência em estado sereno sem solução da
continuidade. Os constantes avanços gerariam movimentos fluidos e proativos ao invés de
crises de crescimento.
619 Sob ameaças físicas (tortura e morte na fogueira) ou psíquicas (eternidade no inferno etc.).
620 Possibilidade de várias interpretações sobre uma mesma vivência (vide capítulo 9, qua-
dro 9.3).
621 KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. Perspectiva: 2010, p. 14.
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Capítulo 18 • Estágios do desenvolvimento moral
622 MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Editora Sulina: 2005, p. 47, 72.
623 Linguagem wilberiana.
624 Linguagem conscienciológica.
625 Linguagem escolhida por este autor.
626 Afinal, o que significa estar “bem ajustado” ao nacional socialismo (nazismo) ou postu-
ras baseadas na exclusão pelo nível de melanina do cidadão (cotas ou qualquer segregação
racial)?
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Capítulo 18 • Estágios do desenvolvimento moral
Filme Contexto
No contexto da segunda guerra mundial e
A Lista de Schindler (Schindler’s List)627 perseguição racial, a partir de 1943, Oscar
Schindler toma atitudes contrárias ao modelo
Vencedor de sete Oscar, incluindo melhor filme coletivista de seu partido Nacional Socialista e
auxilia no salvamento de mais de mil vidas judias
Nos anos entre 1927 a 1932, o personagem
George Valentin enfrenta dificuldades na
O Artista628 readaptação para o estágio do cinema falado,
após a queda do até então convencional cinema
Dez indicações ao Oscar mudo
Oscar de melhor ator para Jean Dujardin Analiso este filme pelo contexto e isolamento dos
intérpretes considerados “mudos-decadentes”
frente ao glamour dos “falantes-ascendentes”
Retrato dramático de uma amizade entre grades
O Menino do Pijama Listrado629 de duas crianças, no interior da Alemanha dos
anos 40, durante o contexto da Segunda Guerra
Mundial
O Poderoso Chefão630 Trilogia que narra a ascensão e queda da família
Corleone, marcada pela visão etnocêntrica ligada
Vinte e oito indicações ao Oscar
as regras e tradições familiares, aos negócios
Vencedor de nove Oscar, incluindo melhor filme escusos e ao poder
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666 Argumentar em prol da segurança nacional ou agressão a eventual direito para justificar
a exclusão de outros legítimos direitos de seus indivíduos. Exemplos: sistema de concessões
estatais de rádio e televisão; tentativa de restrições à internet pelos projetos de leis norte-a-
mericanos PIPA, SOPA e ACTA – “Protect IP Act, Stop Online Piracy Act e Anti-Counterfeiting Trade
Agreement”. No Brasil tivemos a tentativa que julgo ditatorial do “marco civil da internet”, pelo
governo petista (projeto de Lei do Poder Executivo n. 2.2126/2011).
667 Argumentar em prol da proteção econômica nacional para justificar a exclusão do direito
de escolha de seus indivíduos ou sua espoliação. Exemplos: 1. Limite de U$ 500,00 (ano base
2013) para compras no exterior. 2. Nível da carga tributária acima do razoável patamar de
10% (dez por cento).
668 Determinismo profissional pelos pais. Modalidade atentatória à liberdade individual,
causada pela arrogância do pseudo saber e tratada isoladamente por sua importância.
669 Afirmação da veracidade de um argumento por “respeito” religioso.
670 Exemplos: 1) Marxismo; 2) Socialismo; 3) Comunismo.
671 Exemplos: preconceito racial (cotas raciais), classista (contra pobres ou ricos), familiar
(nepotismo), nacionalista (patriotismos), desportivo (briga entre torcidas), ideológicos (orto-
doxia), regionais (cidade, estado ou região).
672 Exemplos: 1) Estado de “bem-estar social”; 2) ideologias conhecidas como “coletivistas”.
673 Exemplos: ideologias conhecidas como “esquerda”.
674 Exemplos: presentes em algumas religiões, obviamente com honrosas exceções.
675 Exemplo: Petrobras, em águas fundas.
676 Exemplo: Extração de petróleo em águas rasas.
677 Exemplo: RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A. (estatizada pelo governo petista em 2007).
678 Exemplos: modismos, grifes ideológicas ou “politicamente correto”.
679 Postura preocupante mormente após o aumento epidêmico da “Aids”, em especial nas
décadas de 80 e 90.
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Conclusão profilática
Incontáveis temas podem ser objeto de pesquisa por este método, mormen-
te se o leitor mantiver em mente a magnitude dos conceitos estudados nos
capítulos pretéritos. A classificação e localização do padrão social que parte
do reconhecimento do que seja convencional traz a possibilidade concreta
de comparação contextualizada do seu patamar evolutivo e oportuniza o
desenvolvimento da autenticidade existencial para verificação de sua con-
dição individual em relação à mesologia, além do norteamento evolutivo
para estágios superiores.
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ÍNDICE DETALHADO
302
Os três olhos do pluralismo O que é “isso”? Como conheço “isso”? 78
epistemológico integral Os três olhos do conhecimento de São Boaventura 79
Do passado ao moderno método científico 80
John Locke, Thomas Kuhn e Karl Popper 81
Epifania wilberiana 82
O olho “abelhudo” da razão 86
Os erros de categoria 87
Bissociação integral-conscienciológica 89
Conclusões 91
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TERCEIRO BLOCO: POSTULADOS DA CONSCIENCIOLOGIA
304
O autor modela a obra ou Wilber I – romântico 276
vice-versa? Wilber II – evolucionista linear 277
Wilber III – evolucionista não-linear 278
Wilber IV – fase integral 278
Wilber V – perspectivas 279
Waldo I – espírita 279
Waldo II – conscienciólogo 279
Tom Martins I – eclético 280
Tom Martins II – hermético 281
Tom Matins III - integrativo 281
Tom Martins IV – autônomo 282
305
306
307
Conexões:
perspectivas transcendentes comparadas
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