Empirismo e John Locke
Empirismo e John Locke
Empirismo e John Locke
Empirismo
O empirismo é a tese segundo a qual nosso conhecimento deriva da experiência e, em
particular, da experiência dos sentidos. Ou seja, a fonte das crenças básicas é a
experiência. O conhecimento derivado da experiência é chamado de a posteriori.
Para saber se uma proposição é verdadeira, é preciso recorrer à experiência, pois a
partir de experiências e observações é possível justificar determinada proposição.
Para defender essas teses, Locke tem como adversários: os céticos e os racionalistas.
Crítica ao ceticismo
Segundo Locke, o ceticismo presume que apenas uma capacidade ilimitada para
conhecer as coisas permite que falemos de conhecimento. É como se, para haver
conhecimento, tivéssemos de poder conhecer todas as coisas. Mas para Locke, isso é
um equívoco.
Para ele, a falha no argumento cético é decorrente de uma confusão entre a limitada
capacidade humana de conhecer e a própria possibilidade de conhecimento. Assim,
eles chegaram à equivocada conclusão de que o conhecimento não é possível.
Entretanto, Locke não acredita que o consenso universal é uma condição necessária e
suficiente para a existência dessas ideias. Para demonstrar a prova disso, ele busca
uma série de contraexemplos.
Essa crítica das ideias inatas constitui uma parte muito importante da teoria do
conhecimento de Locke. Na qual se limita a mostrar que o argumento do consenso
universal acerca de algumas ideias não prova a existência das ideias inatas.
Por exemplo, a ideia de vermelho. Só a temos depois que ver objetos vermelhos. Seria
absurdo imaginar que um bebe produz experiências de cores a partir de ideias
correspondentes, ou seja, se ela tivesse de pensar no vermelho para poder perceber a
cor vermelha.
Pegamos outro exemplo, o de um cego de nascença. Ele não pode ter nenhuma
experiência de cor, porque nunca viu nenhuma cor. Locke conclui que, sem a
experiência e a observação não podemos formar nenhuma ideia acerca das coisas do
mundo.
Mas como a experiência se define? Tanto Locke quando outros empiristas diriam que
dois aspectos as caracterizam.
Sensação e reflexão
A experiência externa, sensação, são os dados obtidos por meio dos sentidos (visão,
tato, audição, paladar e olfato). Já a experiência interna, reflexão, são os processos
internos da própria mente, como pensamentos, desejos e sentimentos.
Reflexão e sensação são modalidades de experiência e são as únicas fontes do
conhecimento. Todas as ideias derivam delas. Como são modalidades diferentes, cada
uma determina diferentes tipos de ideias.
As ideias de sensação derivam das sensações que experimentamos dos objetos físicos.
Por exemplo: ideia de vermelho e ideia de amargo.
Porém, a mente também tem um aspecto ativo. Ela pode produzir ideias, são elas as
ideias complexas. Por exemplo: a ideia de “montanha de lixo”. A mente produz essa
ideia combinando duas ideias simples, a de montanha e a de lixo. Mas há várias
maneiras que as ideias complexas podem ser formadas.
Independente de qualquer ideia complexa, Locke diz que a experiência continua como
a fonte do conhecimento, pois estão relacionadas com as ideias simples derivadas de
sensação e reflexão.
Pegamos o exemplo de uma laranja: duas pessoas podem ter diferentes sensações de
gosto da mesma laranja. Porém as duas aceitarão que a laranja é redonda. Ou seja, a
figura é uma qualidade primária e o sabor é uma qualidade secundária.
Ensaio acerca do entendimento humano
Consiste numa doutrina aceita que o ser primordial dos homens tem ideias
inatas e caracteres originais estampados sobre sua mente. Já examinei, em
linhas gerais, essa opinião, e suponho que o que ficou dito no livro anterior será
facilmente admitido quando tiver mostrado como o entendimento obtém todas
as suas ideias, e por quais meios e graus elas podem penetrar na mente; com
este fim solicitarei a cada um recorrer à sua própria observação e experiência.