Cap Fmea
Cap Fmea
4.1 Introdução
Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre o FMEA, tendo como tópicos as
definições, descrição da equipe responsável pelo desenvolvimento, procedimentos (etapas), as
aplicações (projetos, processos, serviços), relacionamentos com outros FMEAs, quando executar
e o respectivo formulário. Apresenta-se também a definição de Análise do Modo de falha,
Efeitos e Criticalidade (FMECA) e seus relacionamentos com o FMEA.
4.2 Histórico
Não há se sabe a data em que surgiu o FMEA. Em alguns trabalhos não é possível saber
se a data é referente ao FMEA ou ao FMECA. Por exemplo, analisando o texto a seguir:
“O FMEA teve sua origem nos Estados Unidos no dia 9 de novembro de 1949, como um
padrão para as operações militares - Procedures for Performing a Failure Mode, Effects and
Criticality Analysis (Military Procedure MIL-P-1629). Esta norma foi utilizada como uma
técnica de avaliação da confiabilidade para determinar os efeitos nos sistemas e falhas em
equipamentos. As falhas foram classificadas de acordo com seus impactos nos sucessos das
missões e com a segurança pessoal/equipamento” (www.fmeca.com, 2000). A norma MIL-P-
1629 executa a análise de criticalidade em seu procedimento, logo, não deveria ser FMEA, e sim
FMECA.
O FMECA, atualmente, é denominado de Military Standard MIL-STD-1629A e teve o
seu início na indústria automobilística nos anos 70. Em 1988, a Organização Internacional de
Padronização (International Organization of Standardization) lançou a série ISO 9000, dando
um impulso às organizações para desenvolverem um Sistema de Gerenciamento de Qualidade
formalizado e direcionado às necessidades, desejos e expectativas dos clientes. A QS 9000 é um
1
SAKURADA, Eduardo Yuji. As técnicas de Análise do Modos de Falhas e seus Efeitos e Análise da Árvore de
Falhas no desenvolvimento e na avaliação de produtos. Florianópolis: Eng. Mecânica/UFSC, (Dissertação de
mestrado), 2001.
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 2
padrão da indústria automotiva análogo à ISO 9000. As empresas Chrysler Corporation, Ford
Motor Company e General Motors Corporation desenvolveram a QS 9000 em um esforço para
padronizar o sistema de qualidade fornecedor.
De acordo com a QS 9000, os fornecedores de automóveis devem utilizar o Planejamento
de Qualidade de Produto Avançado (Advanced Product Quality Planning – APQP), incluindo
FMEAs de projeto e de processo, e desenvolver um Plano de Controle. Atualmente um novo
padrão está sendo desenvolvido pela SAE (Society Automotive Engineering) junto com as
empresas: General Motors Corporation, Ford Motor Company e a Chrysler Corporation
(www.fmeca.com, 2000).
4.4 Definições
A Associação Brasileira de Norma Técnicas (ABNT), na norma NBR 5462 (1994), adota
a sigla originária do inglês FMEA (Failure Mode and Effects Analysis) e a traduz como sendo
Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos. Observa-se que a norma utiliza o termo pane para
expressar falha. Ainda segundo a norma, o FMEA é um método qualitativo de análise de
confiabilidade que envolve o estudo dos modos de falhas que podem existir para cada item, e a
determinação dos efeitos de cada modo de falha sobre os outros itens e sobre a função específica
do conjunto. NBR 5462 (1994)
A Military Standard (MIL-STD 1629A) (1980), identifica como sendo um procedimento
pelo qual cada modo de falha potencial em um sistema é analisado para determinar os resultados
ou efeitos no sistema e para classificar cada modo de falha potencial de acordo com a sua
severidade.
FMEA é uma técnica analítica utilizada por um engenheiro/time como uma maneira de
garantir que, até a extensão possível, os modos potenciais de falha e suas causas/mecanismos
associados tenham sido considerados e localizados. Na sua forma mais rigorosa, o FMEA é um
sumário do conhecimento do engenheiro/time (incluindo uma análise de itens que poderiam
falhar baseado na experiência e em assuntos passados) de como um produto ou processo é
desenvolvido. Esta abordagem sistemática confronta e formaliza a disciplina mental que um
engenheiro passa em qualquer processo de planejamento de manufatura (Ford Motor Company,
1997).
Um dos requisitos para a utilização da ferramenta é que se tenha total conhecimento do
que é modo de falha e efeitos. Portanto, para iniciar o estudo foi feito o uso do dicionário
MICHAELIS (2000), sendo consultado os seguintes termos: MODO, FALHA e EFEITO.
Desta forma, pode-se então começar a definir MODO DE FALHA como sendo: “a forma
do defeito”, “maneira na qual o defeito se apresenta”, “maneira com que o item falha ou deixa de
apresentar o resultado desejado ou esperado”, “é um estado anormal de trabalho, a maneira que o
componente em estudo deixa de executar a sua função ou desobedece as especificações”.
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 4
O modo de falha é uma propriedade inerente a cada item, visto que cada item tem suas
características particulares como função, ambiente de trabalho, materiais, fabricação e qualidade.
Por exemplo, para um eixo pode-se ter como modo de falha, ruptura, empenamento, desgaste e,
para um filtro pode-se ter, rompido, entupido e assim por diante.
Existem duas abordagens para levantar os modos de falha: Funcional e Estrutural.
A abordagem funcional (Quadro 4.1) é genérica, não necessita de especificações de
projeto ou de engenharia. Pode ser tratada como uma não-função. Por exemplo:
• EFEITO: “Resultado produzido por uma ação ou um agente, denominados causa em relação
a esse resultado”, “conseqüência, resultado”, “fim, destino” (MICHAELIS, 2000).
Pode se dizer que os EFEITOS do modo de falha são os resultados produzidos quando
estes vêm a ocorrer, são as conseqüências do modo de falha. Em outras palavras, o efeito é a
forma ou maneira de como o modo de falha se manifesta ou como é percebido em nível de
sistema. O modo de falha ocorre internamente, em nível de componentes, subsistemas, gerando
efeitos externos, Figura 4.1.
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 5
Modo de Falha
no item
Entrada Saída
Efeitos gerados
pelos modos
falha
Figura 4.1 – Indicativo de que o Modo de falha é uma ação interna e efeito uma ação externa
As causas do modo de falha são os motivos que levaram o modo de falha a ocorrer,
podem estar nos componentes da vizinhança, fatores ambientais, erros humanos, ou no próprio
componente.
Em resumo, vale ressaltar, embora as definições sejam simples, nem todas as falhas
poderão se ajustar a estas definições, podendo gerar muitas discussões em uma reunião de
FMEA. Deve-se ter em mente que, um modo de falha é uma anomalia que ocorre em nível de
componente e um efeito ocorre em nível de sistema. Esta anomalia deve ser caracterizada em
termos de função ou especificações de projeto, processo ou uso.
Uma maior discussão pode ocorrer entre modo de falha e causa do modo de falha. Os
membros da equipe devem ter consciência de que o importante é que a falha seja considerada na
análise, para que posteriormente sejam tomadas as medidas necessárias para sua eliminação. Este
problema voltará a ser discutido no estudo de caso realizado na bomba de engrenagens, que será
discutido no capítulo 5.
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 6
O conhecimento dos modos de falha dos itens, em qualquer fase do ciclo de vida do
produto, permite tomar as providências aos técnicos, na fase do ciclo de vida que se está
analisando, para evitar a manifestação daquele modo de falha. Assim, portanto auxilia nos
aspectos da mantenabilidade e da confiabilidade. O material gerado pode também servir em
programas de capacitação, proporcionando um melhor entendimento dos componentes e do
sistema. Com isso, tem-se um maior conhecimento a respeito das falhas facilitando a escolha do
tipo de manutenção (corretiva, preventiva, preditiva), garantindo maior disponibilidade2 do
equipamento.
onde,
2
Disponibilidade é a capacidade de um item estar em condições de executar uma certa função em um dado instante
ou durante um intervalo de tempo determinado, levando-se em conta os aspectos combinados de sua confiabilidade,
mantenabilidade e suporte de manutenção, supondo que os recursos externos requeridos estejam assegurados (Dias,
1997).
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 8
Índice de Índice de
detecção detecção
Causas da falha Modos de falha
Probabilidade
Probabilidade
1 de ocorrência 2 de ocorrência
Figura 4.2 – (1 ) Índices baseados nas causas. (2) Índices baseados nos modos de falha.
Detecção é um valor que mostra a eficiência dos controles de detecção da falha (modo de
falha ou causa do modo de falha). Quanto maior for o valor atribuído ao índice de detecção
significa que maior será a dificuldade de detectar a falha.
A seguir são apresentados exemplos de tabelas utilizadas para estimar os índices de
severidade, ocorrência e detecção.
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 9
Remota 0 1
Baixa 1/20,000 2
1/10,000 3
Moderada 1/2,000 4
1/1,000 5
1/200 6
1/100 7
Alta 1/20 8
Muito alta 1/10 9
1/2 10
Remota 0-5 1
6 - 15 2
Baixa
16 - 25 3
26 – 35 4
Moderada 36 - 45 5
46 - 55 6
56 - 65 7
Alta
66 - 75 8
76 - 85 9
Muito alta
86 - 100 10
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos
1 – Identificar o nome do sistema ou o título de identificação do FMEA; 11 – Controles atuais são os métodos para identificar e controlar as falhas.
2 – Nome das pessoas que estão participando da reunião; 12 – Valor de 1 a 10 do índice de detecção da falha (modo de falha ou causa do
3 – Registrar a página do formulário, a data de início do projeto de FMEA e a data da modo de falha);
reunião atual; 13 – Número de prioridade de risco.
4 – Nome do item (componente, subsistema); NPR = (severidade) x (ocorrência) x (detecção);
5 – A função que o item deve desempenhar; 14 – Ações recomendadas pelo grupo para a eliminação da falha.
Os leiautes dos formulários são desenvolvidos de acordo com o critério de cada empresa,
não existindo uma padronização. A Figura 4.3 apresenta um formulário FMECA, com uma breve
descrição de seus campos, e a Figura 4.4 um FMEA. Verifica-se que para executar um FMECA,
é necessário que se tenha bem mais informações sobre o produto do que no FMEA, por exemplo,
que permitam avaliar a probabilidade de ocorrência da falha, detecção e também informações
que permitam avaliar o impacto da falha no cliente, no meio ambiente ou nas normas
governamentais.
O formulário FMEA é bem mais simples e não possui os campos, 8 (índice de
severidade), 10 (índice de ocorrência), 11 (controles atuais), 12 (índice de detecção), 13 (Número
de prioridade de risco) e 17 (revisão dos índices).
A seguir, tem-se a descrição de cada um dos campos.
Identificação do sistema (1): Identificar o nome do sistema ou o título de identificação
do FMEA. No caso de FMEA de processo, deve-se identificar o nome do processo, da
montagem ou da peça.
Participantes (2): Nome das pessoas da equipe FMEA que estão presentes na reunião.
Página e datas (3): Número da página, datas de início (dia/mês/ano) das reuniões para o
desenvolvimento do FMEA e data atual.
Componente (4): Nome dos componentes do sistema.
Função (5): O engenheiro escreve a intenção, propósito, meta ou objetivo do
componente. A função deve ser escrita de uma maneira concisa e fácil de entender, usando
termos específicos, preferencialmente com um verbo e um substantivo.
Modo potencial de falha (6): O problema, a preocupação, a oportunidade de melhoria, a
falha. Quando alguém pensar nos modos potenciais de falha, deve pensar na perda da função do
sistema – uma falha específica. Para cada função do sistema identificado na coluna 10 da
planilha, deve-se listar a correspondente falha do sistema., podendo existir mais de uma falha por
função.
Efeitos potenciais de falha (7): São as conseqüências que surgem no sistema causadas
pelos modos de falha. Eles devem ser identificados, avaliados e registrados para cada modo de
falha. As conseqüências podem ser para o sistema, produto, cliente ou para as normas
governamentais. Deve-se descrever os efeitos em termos do que o usuário pode perceber ou
sentir. O usuário tanto pode ser um cliente interno ou externo (montadora ou consumidor final).
Severidade do efeito (8): Severidade é um índice que indica o quão sério é o efeito do
modo de falha potencial. A severidade sempre é aplicada sobre o efeito do modo de falha. Há
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 12
uma correlação direta entre o efeito e a severidade Quanto mais grave e crítico é o efeito maior é
o índice de severidade. Severidade é revisada da perspectiva do sistema, outros sistemas, do
produto, do cliente, e/ou normas governamentais. O índice de severidade só pode ser alterado
mediante uma mudança no projeto. Pode assumir valores de 1 a 10.
Causas potenciais da falha (9): A causa do modo de falha é causa geradora do modo de
falha. Pode estar no componente, nos componentes vizinhos, ambiente.
Ocorrência (10): Ocorrência é um índice que corresponde a um número estimado
(algumas vezes um número cumulativo) das falhas que poderiam ocorrer. Deve ser baseado ou
na causa ou no modo de falha. A ocorrência pode ser reduzida mediante melhorias nas
especificações de engenharia e /ou nos requerimentos do processo com a intenção de prevenir as
causas e reduzir suas freqüências.
Controles atuais (11): Um método (procedimento), teste, revisão de projeto ou uma
análise de engenharia. Eles podem ser muito simples, como por exemplo Brainstorming , ou
bastante técnicos e avançados, como por exemplo, método dos elementos finitos, simulação
computacional e testes de laboratório. O objetivo do método de detecção é identificar e eliminar
as falhas antes que estas atinjam os clientes (externos ou internos).
Detecção (12): Detecção é a probabilidade de que os sistemas de controle detectem a
falha (causa ou modo de falha) antes que esta atinja os clientes (internos ou externos). Para
identificar um índice de detecção deve-se estimar a habilidade para cada um dos controles
identificados no item 11 para detectar a falha antes que ela alcance o cliente. O índice de
detecção pode assumir valores de “1” a “10”. O índice de detecção pode ser reduzido
adicionando ou melhorando as técnicas de avaliação do projeto/processo, aumentando o tamanho
das amostras.
Número de prioridade de risco (NPR) (13): É o índice resultado do produto do índice
de ocorrência, de severidade e detecção. Este valor define a prioridade da falha. É usado para
ordenar (classificar) as deficiências do sistema.
Ações recomendadas (14): Nenhum FMEA deve ser feito sem nenhuma ação
recomendada. A ação recomendada pode ser uma ação específica ou pode ser um estudo mais
adiante. A idéia das ações recomendadas é diminuir os índices de severidade, ocorrência e
detecção.
Responsabilidade e data de conclusão limite (15): Deve-se eleger os responsáveis para
as tomadas de ações e definir prazos para a entrega dessas ações.
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 13
Ações tomadas (16): Só porque algo foi recomendado, não significa que algo foi feito. É
imperativo que alguém siga as recomendações para determinar se elas foram direcionadas
adequadamente, e/ou se é necessário fazer atualizações nestas ações. Note que o FMEA é um
documento vivo e como tal alguém deve ser responsável em atualizá-lo. Depois que as ações
fossem tomadas, uma breve descrição da ação deveria ser feita.
Número de prioridade de risco revisado (17): Depois das ações estarem incorporadas
no sistema, a equipe FMEA deveria reavaliar as conseqüências da severidade, ocorrência e
detecção. Os resultados deveriam ser revisados pelo time FMEA e um novo NPR ser calculado e
as falhas serem ordenadas. Este processo é repetido até o time de FMEA decidir que todas as
informações relevantes foram cobertas. Se nenhuma ação for tomada, então estas colunas
permanecerão em branco.
Nota-se que, muitas das informações requeridas no formulário FMECA são indisponíveis
nas fases iniciais do processo de projeto, informacional e conceitual. Os formulários, contudo,
apresentam uma série de requisitos que devem constar das matrizes de decisão utilizadas nos
processos iniciais. Só será possível, verificar a comprovação de que os índices requeridos e o
grau atribuído estão presentes no produto final, se houver um planejamento de um experimento
voltado para este objetivo ou então, do acompanhamento do produto no uso. Observa-se que
nestes casos, está se trabalhando na fase do projeto preliminar ou detalhado. Têm-se aí os
conceitos bem definidos, e estão sendo analisados alguns aspectos destes conceitos,
representados pelos seus modelos físicos, na forma de desenhos preliminares, modelos
detalhados, protótipos ou “mocap”.
No FMECA, quando não se têm os índices de ocorrência da falha, deve-se recorrer a
produtos similares no mercado para se obter uma estimativa, ou realizar testes com protótipos. A
avaliação do índice de detecção vai depender dos sistemas de controle existentes, no projeto e no
processo de fabricação de cada empresa.
Um formulário FMEA, de uma forma geral, apresenta o seguinte formato (Figura 4.4):
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 14
Bobina principal
Curto-circuito
Bobina auxiliar
curto-circuito
Não
Protetor térmico Sim
atua ?
excessivo de temperatura, tanto devido à temperatura ambiente como pela passagem de corrente
elétrica, ocorre o corte do fornecimento de energia. Quando a temperatura reduzir, o protetor
térmico fecha o circuito automaticamente e se o eixo estiver trancado ocorrerá a repetição deste
processo. Desta forma, o compressor ficará ligando e desligando.
Quando ocorre algum problema com o protetor térmico e este não interrompe o circuito,
ocorre curto-circuito na bobina auxiliar que causa degradação dos isolamentos que finalmente
pode causar curto-circuito na bobina principal. O efeito percebido é que o compressor não parte
(não liga) e algumas vezes além de não partir, proporciona fuga de corrente para a carcaça.
Esta é uma análise do tipo Bottom up, tem início com um modo de falha (trancado) no
componente (eixo) e desenvolve-se até os efeitos no sistema (compressor). Observa-se que este
tipo de análise pode ser feito ainda no final do projeto conceitual ou na fase do projeto
preliminar.
100 100
95 %
% Custos comprometidos 85 %
80 Operação ( 50%) 80
% 60 60 %
Custos Custo
comprometidos Total
40 40
Produção ( 35%)
20 20
12 %
3%
0 0
Conceito / Viabilidade Projeto / Desenvolvim. Produção / Operação
FMEA de projeto
Modo de falha Efeito Causas
As causas do problema As causas do problema Novas causas raízes para os
do FMEA de sistema com uma melhor definição modos de falha de projeto
FMEA de processo e
FMEA de serviço
Modo de falha Efeito Causas
As causas do problema Os mesmos efeitos do Causas raízes específicas
do FMEA de projeto FMEA de projeto para os modos de falha de
processo
STAMATIS (1995) explica que os modos de falha do FMEA de sistema geram todas as
informações essenciais para os FMEAs de projeto e processo, e embora os efeitos permaneçam
os mesmos, as causas no FMEA de sistema tornam-se os modos de falhas no projeto, no qual
geram suas próprias causas, que finalmente tornam-se os modos de falha no FMEA de processo.
A explicação não é clara, principalmente, no que se relaciona às causas que vão passando
a ser modos de falha. O fato dos efeitos permanecerem os mesmos, leva a concluir que a análise
está sendo feita considerando sempre o mesmo usuário, ou seja, o usuário final do produto, o
cliente externo.
O guia desenvolvido pela Ford Motor Company (1997), apresenta apenas três áreas
principais para as aplicações: Conceito, Projeto, Processo. O FMEA de Conceito apresenta-se
semelhante ao FMEA de sistema de STAMATIS (1995), o qual é empregado para analisar as
concepções de sistemas e subsistemas, nas fases iniciais de projeto. Essa aplicação focaliza os
modos de falha potenciais associados às funções propostas, de um conceito adotado, pelas
decisões de projeto. As definições de FMEA de projeto e processo também são semelhantes às
definições adotadas por STAMATIS (1995).
Na Figura 4.8 são apresentadas as dez categorias de FMEA utilizadas pela Ford: Uma
aplicação de conceito, três de projeto, três de montagem e três de manufatura.
Sistema
FMEA de
Subsistema
Projeto
Componente
FMEA de Sistema
Conceito
Montagem Subsistema
Componente
FMEA de
Processo
Sistema
Manufatura Subsistema
Componente
pois cada produto possui características particulares como função, projeto, materiais, fabricação,
qualidade. É muito importante que os membros participantes tenham conhecimento das
definições utilizadas no FMEA e também conhecimento do produto na respectiva área.
aos componentes, enquanto que os efeitos estão associados ao sistema. A preparação deste
contexto pode ser feita pelo líder do projeto e pelo líder de FMEA.
Se o modo de falha for tecnicamente possível de ocorrer, ele deve ser levado em
consideração. A Figura 4.9 é usada para mostrar que a análise dos modos de falha é uma ação
interna ao sistema, em última análise, está relacionado com o componente.
Nesta etapa, geralmente ocorrem discussões a respeito da classificação da falha. Vale
ressaltar aqui que, nem sempre é possível classificar uma falha como modo de falha, causa ou
efeito. Uma forma de
Sistema
c
a b
Figura 4.9 – Indicativo de que a análise dos modos de falha é uma ação interna ao sistema.
Efeitos
Sistema
Figura 4.10 – Indicativo de que a pesquisa dos efeitos dos modos de falha é uma ação externa ao sistema.
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 26
É muito importante que se tenha à disposição uma lista de funções do sistema para
auxiliar o desenvolvimento da listas de efeitos que podem ocorrer. Os efeitos dos modos de falha
ocorrem ao nível de sistema e refletem sobre o cliente (externo ou interno). Quando chega a este
ponto, ainda dentro do período de vida útil, tem-se um problema, cuja solução sempre é custosa,
como visto na figura 4.6.
Quadro 4.7 – Categorias ou riscos para avaliar a gravidade da falha (DE CICCO e FANTAZZINI, 1988).
São verificados os modos de falha relacionados com os efeitos que obtiveram uma
classificação elevada e então se inicia o trabalho de levantamento das causas destes modos de
falha. Neste contexto e para esta atividade a equipe de FMEA deve estar o mais completa
possível.
processos críticos ou
Lista das funções dos Lista de ações recomendadas para as características processos.
sistemas que poderiam críticas e/ou significativas.
detectar os modos de falha Listas dos processos e
potenciais. Lista de parâmetros para testes tarefas que são
apropriados, inspeções e Lista para eliminar as “gargalos”.
métodos de detecção. causas dos modos de
falha, reduzir sua Lista para eliminar os
ocorrência e melhorar a erros.
detecção de defeito se o
Lista para ações de projeto para eliminar os modos de falha, índice Cpk não poder ser Lista para monitorar as
problemas de segurança e reduzir a ocorrência. melhorado. funções dos
sistemas/processos.
Capítulo 5 – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos 28
4.13 Comentários
Com o estudo de FMEA/FMECA foi possível constatar que:
O procedimento para a aplicação no projeto ou no processo de fabricação é o mesmo.
Quase sempre haverá a presença do engenheiro de projeto ou processo porque é
necessário que se conheça bem o sistema em análise.
As informações mais importantes para a execução do FMEA são: desenhos, protótipos,
descrição das funções (componentes, sistema), especificações de projeto e processo, diagramas
de blocos (fluxogramas, modelos confiabilísticos).
As particularidades relacionadas aos processos FMEA/FMECA como mostram as figuras
4.3, 4.4 e 4.5, estão relacionadas aos índices que caracterizam o número de prioridade de risco
(NPR). Embora esteja disponível na literatura e em normas, os escores que definem as métricas
associadas aos índices podem ser redefinidos pela equipe que faz a execução do FMEA/FMECA.
A opção de se aplicar um FMECA ao invés de FMEA está centrada, em controlar a
severidade e a probabilidade de ocorrência. Esta necessidade está mais fortemente presente nos
itens reparáveis e em sistemas de produção contínua ou que envolvam riscos de acidentes. Em
itens não reparáveis, nos casos em que é desejável e suficiente ter a confiabilidade e a
mantenabilidade como referências, o FMEA é recomendável.