Guia Genética Humana Unidade 2

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Genética Humana

UNIDADE 2
Unidade 2

Diciplina: GENÉTICA HUMANA

Apresentação

Querido aluno, estamos iniciando mais uma unidade. A cada novo módulo, distribua o
tempo para se dedicar aos assuntos. Disciplinar-se para cumprir o horário planejado
agiliza a realização das atividades e poupa esforços.

Na unidade anterior, nós tivemos o contato inicial com a disciplina de Genética.


Você aprendeu conceitos com os quais talvez você nunca tenha entrado em contato
anteriormente. Estudou a origem da genética, a estrutura do RNA e do DNA, a diferença
entre genes e alelos, os processos de replicação, transcrição e tradução, e os tipos de
divisão celular. Esses conteúdos são a base para um aprendizado mais aprofundado
da disciplina.

Ao finalizarmos a unidade I, você já havia entendido que a maioria dos membros


de espécies diploides contém em geral, exatamente dois conjuntos cromossômicos
haploides, porém o que você ainda não sabe é que em muitos casos ocorre uma
variação deste padrão. As causas dessas mudanças são as alterações que atingem
os cromossomos, denominadas aberrações cromossômicas. Elas têm um importante
efeito sobre o desenvolvimento, pois ao alterar a estrutura nuclear normal, determinam
alterações fenotípicas. Esse assunto é de grande importância para a genética e será
seu objeto de estudo a partir de agora. Antes de prosseguir, não esqueça de pegar um
caderno e uma caneta para anotar as principais dúvidas e informações.

Alterações cromossômicas estruturais e numéricas

Antes de iniciarmos nosso comentário a respeito do assunto em estudo, você


deve fazer uma leitura das páginas 51 à 54 do livro texto, para que haja um maior
entendimento a cerca do que são os cromossomos. Além da leitura, indico a
visualização de um vídeo de aproximadamente 10 minutos, onde aborda a estrutura
do cromossomo e dá uma introdução ao nosso próximo assunto que são as
alterações cromossômicas. Para a visualização do vídeo, acesse o seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=nYr_LzCuHNg.

No vídeo e no livro texto você pôde observar que algumas aberrações cromossômicas
afetam a estrutura dos cromossomos – aberrações estruturais -, enquanto que outras
afetam o número deles – aberrações numéricas. Abordaremos com profundidade os
tipos de aberrações nos tópicos que se seguem.

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Aberrações numéricas

As variações no número de cromossomos abrange a adição ou perda de um ou mais


cromossomos até a adição de um ou mais conjuntos haploides de cromossomos.
Na condição geral conhecida como aneuploidia, um organismo ganhou ou perdeu
um ou mais cromossomos, mas não um conjunto completo. A ausência de um único
cromossomo de um genoma diploide é denominada monossomia. A adição de um
cromossomo extra, resulta em trissomia. Tais modificações diferem da condição
conhecida como euploidia, em que todos os cromossomos pertencem a conjuntos
haploides completos. Se estiverem presentes mais de dois conjuntos, aplica-se o
termo poliploidia. Os organismos com três conjuntos são triploides; os que tem quatro
conjuntos são tetraploides, e assim por diante. Observe a tabela 1, ela fornece uma
estrutura organizacional para ser acompanhada à medida que discutirmos essas
categorias.

Tabela 1. Terminologia para as variações no número de cromossomos.

Quando consideramos os casos que resultam de ganho ou perda de cromossomos,


é útil examinarmos como tais alterações se originam. Por exemplo, como surgem
as síndromes cujo número de cromossomos sexuais está alterado nos humanos? O
ganho (47, XXY) e a perda (45, X) de um cromossomo sexual de um genoma diploide
sob os demais aspectos alteram o fenótipo normal, resultando respectivamente, como
exemplo, na Síndrome de Klinefelter (Fig. 1) e Síndrome de Turner (Fig. 2).

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Figura 1. Síndrome de Klinefelter
Fonte: http://www.meuconforto.com/sindrome-de-kleinefelter/

Figura 2. Síndrome de Turner


Fonte: http://www.ufv.br/dbg/UFMG/daniel01.htm

As aneuploidias devem-se a não separação (ou não segregação) de um ou mais


cromossomos para as células-filhas durante a meiose ou durante as mitoses do zigoto.
A não-segregação na meiose é devida a falhas na separação dos cromossomos ou
das cromátides, que se separam para um polo ou outro. Decorre do não rompimento

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do centrômero no início da anáfase ou da perda de algum cromossomo por não ter ele
se ligado ao fuso.

Na meiose, a não segregação tanto pode ocorrer na primeira divisão como na segunda.
No primeiro caso, o gameta com o cromossomo em excesso, em lugar de ter apenas
um dos cromossomos de um dado par, terá os dois constituintes do mesmo par, um
paterno e um materno. No segundo caso, o gameta com o cromossomo em excesso
terá dois cromossomos paternos ou dois maternos.

Quando em consequência desses processos de não-segregação falta um cromossomo
de um dado par, isto é, quando o número de cromossomos da célula é 2n – 1, diz-
se que a célula apresenta monossomia para este cromossomo. Se faltam os dois
elementos do mesmo par 2n-2, tem-se nulissomia. Se, pelo contrário, houver aumento
do número de cromossomos de um determinado par, a célula será polissômica para o
cromossomo em questão, ela será trissômica, tetrassômica, etc.

Síndrome de Down

A única trissomia autossômica humana em que um número significativo de indivíduos
sobrevive além do primeiro ano de vida pós-natal, foi relatada pela primeira vez em
1866, por John Landon Douwn. Ele demonstrou que essa síndrome resulta de uma
cópia extra do cromossomo 21. Às vezes também referida como trissomia do 21
(especificada como 47, +21), essa síndrome é encontrada em aproximadamente uma
criança em cada 800 nativivos (Fig. 3).

Figura 3. Síndrome de Down


Fonte: http://www.tuasaude.com/sindrome-de-down/

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Síndrome de Patau

Em 1960, Klaus Patau e seus colaboradores observaram uma criança com graves
malformações do desenvolvimento e um cariótipo com 47 cromossomos. Essa
condição da trissomia do 13 foi descrita em muitos recém-nascidos, sendo denominada
Síndrome de Patau (47, +13) (Fig. 4). A sobrevivência média dessas crianças é de três
meses.

Figura 4. Síndrome de Patau


Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAft6sAE/sindrome-patau?part=2

Síndrome de Edwards

Em 1960, John Edwards e seus colaboradores relatam o caso de uma criança
trissômica para o cromossomo 18. Referida como trissomia do 18 (47, +18), essa
síndrome também é chamada de Síndrome de Edwards (Fig. 5), em homenagem ao
seu descobridor. O tempo médio de sobrevivência é inferior a quatro meses.

Figura 5. Síndrome de Edwards - Fonte: http://acgt.blogs.sapo.pt/6286.html

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Os organismos que contém mais ou menos que um número normal de conjuntos
são aberrantes euploides. Os poliploides são organismos individuais que tem mais
de dois conjuntos cromossômicos. Eles podem ser 3n (triploides), 4n (tetraploides),
5n (pentaplóide), 6n (hexaplóide) e assim por diante. Zangões, vespas e formigas
são monoplóides. Nos ciclos normais destes insetos, os machos se desenvolvem por
partenogênese (desenvolvimento de um tipo especializado de ovócito não fertilizado
em um embrião sem a necessidade fertilização). A poliploidia é muito comum em
plantas, mas rara nos animais.

Agora que você já entendeu o que é poliploidia, é preciso saber distinguir os


autopolipóides dos alopolipóides. Os autopolipóides tem múltiplos conjuntos
cromossômicos que se originam dentro de uma espécie, e os alopoliploides, tem
conjuntos de duas ou mais espécies diferentes. Os alopoliploides formam-se apenas
entre espécies aproximadamente correlatas. Entretanto os conjuntos de cromossomos
diferentes são apenas homeólogos, e não totalmente homólogos como o são nos
autopoliploides.

Aberrações estruturais

Até este momento, você estudou os tipos de aberrações numéricas, a partir de agora
será apresentado os tipos a aberrações estruturais. As mudanças na estrutura dos
cromossomos, chamados de rearranjos, englobam várias classes importantes de
eventos. Um segmento cromossômico pode ser perdido, constituindo uma deleção, ou
duplicado, para formar uma duplicação. A orientação de um segmento dentro de um
cromossomo pode ser revertida, constituindo uma inversão. Ou um segmento pode
ser movido para um cromossomo diferente, constituindo uma translocação.

Deleção

Para entender melhor sobre o processo de deleção observe o vídeo de aproximadamente
3 minutos contido neste link: https://www.youtube.com/watch?v=ZGnRAM253K8.

Agora que você já observou o processo deleção, é importante saber que as deleções
podem terminais, quando há perda de uma extremidade, ou intersticiais, quando
perde-se um pedaço interno. Geralmente as deleções são danosas e produzem
consequências severas.

Duplicação

É a presença de um pedaço do cromossomo em excesso. São mais comuns e menos
prejudiciais que a deleção, donde se conclui que o excesso de genes é menos
prejudicial que falta deles. Peço que você acesse um vídeo de aproximadamente 4
minutos, contido no endereço https://www.youtube.com/watch?v=0XOsY6t2rq8. Nele
você pode encontrar de forma objetiva o processo de duplicação.

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Inversão

É uma reorganização na sequencia dos genes, devida a duas quebras ocorridas em
um cromossomo, seguida de um giro de 180 graus do pedaço rompido. Como não há
perda nem ganho de material genético, os efeitos das inversões estão relacionados
com o efeito de posição. Há casos de esterilidade masculina que estão associados a
inversões no cromossomo Y.

Translocações

Ocorre transferência de parte de um cromossomo para outro cromossomo não
homólogo. Elas ocorrem quando dois cromossomos se quebram e, em seguida trocam
pedaços quebrados.

O assunto de aberrações cromossômicas é encontrado no livro texto da página 54 a


60. Não deixe de ler!

Hereditariedade

Na primeira unidade nós vimos a história de Gregor Mendel, monge agostiniano que
publicou os resultados de uma série de experimentos que lançariam a base para a
disciplina formal de genética. No livro texto, na página 60, você pode complementar o
estudo dos experimentos realizados por Mendel.

Um motivo para o sucesso de Mendel, é que ele escolheu um organismo fácil de


crescer e de autofertilização, a ervilha de jardim (Pisum sativum). Em um experimento,
Mendel fez fertilização cruzada – ou simplesmente, cruzou – plantas altas e plantas
baixas para investigar como a altura era herdada. Os cruzamentos mais simples de
Mendel envolveram somente um par de características contrastantes, e cada um
desses experimentos é denominado de cruzamento mono-híbrido.

Antes de iniciarmos o estudo sobre o cruzamento mono-híbrido, é importante que você


leia o livro texto das páginas 61 a 64, para encontrar os fundamentos necessários
para a nossa investigação estudo daqui por diante.

Cruzamento mono-híbrido

Para sua melhor compreensão, é necessário deixar claro que um cruzamento mono-
híbrido consiste no cruzamento de indivíduos puros de duas linhagens parentais, cada
uma mostrando uma das duas formas contrastantes da característica em estudo. O
cruzamento entre as ervilhas de jardim de linhagens puras com caules altos e caules
baixos é representativo dos cruzamentos de mono-híbridos de Mendel. Alto e baixo
são traços contrastantes da característica altura do caule.

Para cada característica que ele escolheu, Mendel obteve linhagens de plantas, as

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quais cultivou por dois anos para ter certeza que eram puras. Uma linhagem pura é
uma população que se reproduz sem variação na característica particular que está
sendo estudada; isto é toda prole produzida por autofecundação ou cruzamento
dentre a população são idênticos na mesma característica. Chamamos as plantas de
linhagem puras de P, ou geração parental; sua prole é a F1, ou primeira geração filial;
os indivíduos resultantes da geração F1 autofecundada constituem a F2, ou segunda
geração filial, e assim por diante.

Mendel cruzou plantas altas com baixas, a geração F1 consistiu unicamente em


plantas altas. Quando os membros da geração 1 se autofecundaram, Mendel observou
que 787 das 1.064 plantas da F2 eram altas, enquanto que 227 das mesmas 1.064
eram baixas. Note que nesse cruzamento, o traço baixo desapareceu na geração
F1 para reaparecer na geração F2, numa proporção 3:1. Mendel foi surpreendido
com o aparecimento da característica de baixa altura. Claramente, os híbridos que
ele fez cruzando as características alta e baixa tinham a capacidade de gerar prole
baixa muito embora fossem altas. Mendel deduziu que esses híbridos tinham um fator
genético latente para baixa, que foi mascarado pela expressão de outro fator para alta.
Ele disse que o fator latente era recessivo e que o fator expresso era dominante.

Mendel fez experimentos similares para estudar a herança de seis outras características:
textura da semente, cor da semente, forma da vagem, cor da flor e posição da flor.
Cada característica que Mendel estudou parecia ser controlada por um fator hereditário
que existia sob duas formas, uma dominante e outra recessiva. Tais fatores são hoje
denominados de genes. Suas formas dominantes e recessivas são chamadas de
alelos.

Ao chegar nessa etapa do estudo, você precisa entender que as correlações numéricas
que Mendel observou nesses cruzamentos, o levaram a conclusão importante que
os genes existem em pares. Mendel propôs que cada uma das linhagens parentais
que ele usou em seus experimentos levava duas cópias idênticas de um gene –
na terminologia moderna, eles são diploides e homozigotos. Entretanto, durante a
produção de gametas, Mendel propôs que estas duas cópias são reduzidas a uma;
isto é, os gametas que emergem da meiose levam uma cópia de cada gene – na
terminologia moderna, são haploides.

Mendel reconheceu que o número diploide de genes seria restaurado quando o


espermatozoide e o ovócito se uniam para formar o zigoto. Além disso, ele compreendeu
que se o espermatozoide e o ovócito viessem de plantas geneticamente diferentes,
como ele fez em seus cruzamentos, o zigoto híbrido herdaria dois alelos diferentes, um
da mãe e um do pai. Tal prole é dita heterozigota. Ele percebeu que alelos diferentes
que estão presentes em um heterozigoto devem coexistir muito embora um seja
dominante e outro recessivo e que cada um desses alelos teria uma chance igual de
entrar em um gameta quando o heterozigoto se reproduz. Usando o padrão constante
dos resultados de cruzamentos mono-híbridos, Mendel deduziu três postulados, ou
princípios da herança. Esses postulados podem ser encontrados na página 62 do seu
livro.

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Mendel usou símbolos para representar fatores hereditários. Assim, para as ervilheiras
de Mendel, usamos d para o alelo de traço baixo e D para o alelo de traço alto. Em
genética, a letra que é escolhida para indicar os alelos de um gene em geral é tirada
da palavra que descreve a característica recessiva (d, de dwarfness, anã). Assim, as
linhagens alta e baixa são representadas por DD e dd, respectivamente. Como uma
introdução a este assunto, considere a representação simbólica do cruzamento entre
plantas altas e baixas de ervilhas, apresentado na figura 2.9 do seu livro texto, na
página 63.

Quando os alelos são descritos aos pares (DD, Dd ou dd), o símbolo resultante é
denominado genótipo. Ao lermos o genótipo desse indivíduo, reconheceremos seu
fenótipo: DD e Dd são plantas altas, e dd são baixas. Quando ambos os alelos forem
iguais (DD ou dd), estes alelos estão em homozigose para o traço, e o indivíduo é
homozigoto; quando os alelos são diferentes (Dd), usamos os termos heterozigose e
heterozigoto, respectivamente.

Os genótipos e fenótipos resultantes da união de gametas durante a fecundação podem


ser visualizados facilmente mediante construção de um diagrama chamado quadro de
Punnett, cuja denominação homenageia a pessoa que delineou pela primeira vez essa
abordagem, Reginald C. Punnett. Na página 64 do seu livro texto, a figura 2.10 ilustra
esse método de análise para nosso cruzamento mono-híbrido F1 x F1. O método
de Punnett é particularmente útil quando você está iniciando sua aprendizagem em
genética e a resolução de problemas de genética.

Como uma extensão natural do cruzamento mono-híbrido, Mendel também planejou


experimentos em que examinou duas características simultaneamente. Tais
experimentos serão explicados no nosso próximo tópico. Antes de prosseguir com
a leitura, visite os seguintes links: http://www.uff.br/genetica_animal/mendelismo e
http://dreyfus.ib.usp.br/bio203/texto3.pdf.

Cruzamento di-híbrido

Cruzamento di-híbrido é um cruzamento de dois fatores, ou seja, envolvendo dois
pares de traços contrastantes. Mendel cruzou plantas que produziam sementes
amarelas lisas com plantas que produziam sementes verdes rugosas. O objetivo
desses experimentos era ver se as duas características das sementes eram herdadas
independentemente.

Os resultados desse cruzamento podem ser observados na figura 2.11 da página 65.
Toda prole F1 deverá ter sementes amarelas e redondas. Aparentemente, portanto,
o traço amarelo é dominante sobre o verde, assim como o liso é dominante sobre o
rugoso. Quando os indivíduos da F1 se autofecundam, aproximadamente 9/16 das
plantas da F2 expressam traços amarelos e lisos, 3/16 expressam amarelo e rugoso,
3/16 expressam verde e liso e 1/16 expressa verde rugoso.

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O quadro de Punnett da figura 2.12 da página 66 do livro texto, mostra como a
distribuição independente funciona na formação da geração F2. Analise a formação
de gametas pelas plantas da F1; a segregação prescreve que cada gameta receba
um alelo G ou um g, bem como um alelo W ou w. A distribuição independente estipula
que as quatro combinações (GW, Gw, g e gw) se formam com iguais probabilidades.
Com base em resultados similares obtidos em numerosos cruzamentos di-híbridos,
Mendel propôs um quarto postulado: Distribuição independente. Durante a
formação de gametas, os pares de fatores unitários que se separam distribuem-se
independentemente um do outro. Esse postulado estabelece que a segregação de
qualquer par de fatores unitários ocorre independentemente de todos os outros. Em
consequência da segregação aleatória, cada gameta recebe um membro de todos os
pares de fatores unitários.

Você conseguiu observar que os experimentos realizados por Mendel estabeleceram


que os genes existem em formas alternativas? Para cada uma das características que
ele observou, Mendel identificou dois alelos, um dominante e outro recessivo. Esta
descoberta sugeriu uma dicotomia funcional simples entre alelos, como se um alelo
não fizesse nada e outro fizesse tudo para determinar o fenótipo. Entretanto pesquisas
no século XX demonstraram que isso é uma simplificação. Os genes podem existir
em mais de dois estados alélicos, e cada alelo pode ter um efeito diferente sobre o
fenótipo.

Dominância incompleta e codominância



Com o decorrer do assunto, você observou que um alelo é tido como dominante se tiver
o mesmo efeito fenotípico em heterozigotos que em homozigotos, isto é, os genótipos
Aa e AA são fenotipicamente indistinguíveis. Às vezes, entretanto, um heterozigoto tem
um fenótipo diferente daquele de ambos os homozigotos associados. A cor da flor em
boca-de-leão, Antirrbinum majus, é um exemplo. As variedades branca e vermelha são
homozigotas para alelos diferentes de um gene determinante de cor; quando cruzadas
elas produzem heterozigotos que tem flores rosa. O alelo para a cor vermelha (W) é
considerado incompletamente, ou parcialmente dominante, em relação ao alelo para
a cor branca (w).

A explicação mais provável é que a intensidade de pigmentação nesta espécie depende


da quantidade de um produto especificado pelo gene para cor. Se o alelo W especifica
este produto e o alelo w não, os homozigotos WW terão o dobro do produto que os
heterozigotos Ww e portando apresentarão uma cor mais intensa. Quando o fenótipo
do heterozigoto é intermediário aos fenótipos dos dois homozigotos, como aqui, o
alelo parcialmente dominante às vezes é dito semi-dominante.

Para você se aprofundar ainda mais no assunto em estudo, é interessante saber


que se os dois alelos de um único gene forem responsáveis pela produção de
dois produtos gênicos diferentes detectáveis, surge uma situação diversa da
dominância incompleta. Nesse caso, a expressão conjunta de ambos os alelos em

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um heterozigoto é denominada codominância. Você pode estudar mais a respeito
desse assunto na página 69 do livro texto. Para complementar o conhecimento obtido,
você pode também acessar um vídeo de aproximadamente 13 minutos, através do
link: https://www.youtube.com/watch?v=nVbhf7SCujA. A visualização desse vídeo é de
caráter obrigatório.

Alelos múltiplos

O conceito mendeliano de que os genes existem em não mais que dois estados
alélicos teve que ser modificado quando os genes com três, quatro ou mais alelos
foram descobertos. Um exemplo clássico de um gene com múltiplos alelos é o que
controla a cor da pelagem dos coelhos. O gene determinante da cor, indicado pela
letra minúscula c, tem quatro alelos, três dos quais são distinguíveis por um expoente:
c (albino), ch (himalaio), cch (chinchila) e c+ (tipo selvagem). Na condição homozigota,
cada alelo tem um efeito característico sobre a cor da pelagem: cc- pelos brancos por
todo o corpo; ch ch- pelos pretos na extremidade, pelos brancos em todo o restante;
cchcch- pelos brancos com extremidades do corpo pretas; c+c+- pelos coloridos por
todo o corpo. Como a maioria dos coelhos são homozigotos para o alelo c+, este alelo
é chamado tipo selvagem.

Você pode entender mais sobre o assunto na página 71 do livro texto e através
da visualização de um vídeo de aproximadamente 11 minutos, disponível no link:
https://www.youtube.com/watch?v=AjM9ZwZQ-sk.

Genes ligados ao X

Dando continuidade ao assunto, pode-se observar que em seres humanos, as
características recessivas ligadas a X são muito mais facilmente identificadas do que
as autossômicas recessivas. Um homem só precisa herdar um alelo recessivo para
mostrar uma característica ligada ao X. Entretanto uma mulher precisa herdar dois, um
de cada um de seus genitores. Assim, a preponderância de pessoas que apresentam
características ligadas a X é de homens.

O aprofundamento desse assunto pode ser feito através do livro texto, na página 69,
e através do seguinte link: http://sereduc.com/bsWQ75. Visualize também um vídeo de
aproximadamente 6 minutos no link: https://www.youtube.com/watch?v=fcn4AsKUq6s.

Erros inatos do metabolismo

Cada etapa de uma via metabólica é controlada por uma enzima. Alterações estruturais
e na quantidade de polipeptídio pode causar interrupção da via, originando doenças
metabólicas. Algumas doenças metabólicas são assintomáticas e desprovidas
de consequências, há aquelas que são sintomáticas, mas não causam grandes
problemas, e outras manifestam-se com sintomas agudos e somente são compatíveis
com a sobrevivência normal se sua causa for eliminada.

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Geralmente os erros metabólicos são devidos a genes mutantes recessivos. Nos
homozigotos para o gene mutante, a enzima é produzida ou não é produzida, uma
enzima modificada, de ação deficiente, cuja a atividade é inferior à da enzima normal.
Os heterozigotos costumam ser clinicamente normais o que significa que só um gene
dominante, é suficiente para suprir as necessidades do indivíduo.

Embora a ocorrência de erros inatos do metabolismo seja rara na maioria das


populações, no conjunto eles são responsáveis por significativa parcela do sofrimento
humano. Além disso, sua repercussão socioeconômica e médico-hospitalar é enorme,
pois a maioria dessas doenças exibe, entre os efeitos pleiotrópicos, uma redução na
capacidade intelectual do indivíduo, de modo que, de acordo com a severidade dessa
deficiência, a hospitalização pode ser necessária, onerando a família e/ou cofres
públicos.

Para que você entenda a importância desse assunto, é preciso ressaltar que atualmente
são conhecidas mais de 500 anomalias determinadas por alterações bioquímicas
hereditárias e a cada ano, novos erros do metabolismo são identificados. Assim, não
está no objetivo do guia de estudo descrevê-los. Mas, a sua base de estudo será o
livro texto, da página 71 a 75. Além do livro texto, faz-se necessário a visualização dos
seguintes vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=Bk7YZSCnGzs (aproximadamente
45 minutos) e https://www.youtube.com/watch?v=SAiH0VFnMco (aproximadamente 46
minutos). Ainda como forma de construção do aprendizado, recomendo de forma
obrigatória, a leitura dos artigos encontrado nos seguintes links:
http://sereduc.com/AvmViG; http://sereduc.com/eZFL65; http://sereduc.com/TpkcAL; e,
http://www.scielo.br/pdf/anp/v45n2/11.pdf.

Agora que você já leu os artigos, podemos passar para o nosso próximo assunto.
Estamos chegando a reta final da unidade, espero que muitas das suas dúvidas já
tenham sido elucidadas. Se você ainda encontra alguns questionamentos, continue
estudando e realizando as atividades propostas, temos a certeza que o contato diário
com a disciplina responderá muitas das suas indagações.

Câncer

Tumores cancerosos matam centenas de milhares de americanos a cada ano. Surge


então diversos questionamentos: O que causa a formação de tumores e o que faz
com que alguns dele se disseminem? Por que alguns tipos de tumores tendem a ser
encontrados em famílias? A tendência em desenvolver o câncer é hereditária? Fatores
ambientais contribuem para o aparecimento do câncer? Nos últimos anos, estas e
outras perguntas estimularam uma enorme quantidade de pesquisas sobre a biologia
do câncer. Embora muitos detalhes não estejam claros, o achado fundamental é que
cânceres resultam de disfunções genéticas. Antes de continuarmos, peço que você se
dirija ao livro texto e faça uma leitura das páginas 75 a 87.

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Os cânceres surgem quando genes críticos são mutados. As alterações genômicas
associadas ao câncer vão desde substituições de nucleotídeos únicos até rearranjos,
amplificações e deleções cromossômicas em larga escala. Entretanto, diferentemente
de ouras doenças genéticas, o câncer é causado por mutações que ocorrem
predominantemente em células somáticas. Outra diferença importante é que os
cânceres raramente surgem de uma só mutação, eles resultam do acúmulo de várias
mutações, cerca de 6 a 12.

Todos os cânceres compartilham duas propriedades fundamentais: (1) proliferação


células desregulada, caracterizada por crescimento e divisão celulares anormais, e (2)
as metástases, um processo que permite que as células cancerosas se espalhem e
invadam outras partes do corpo. Uma célula que simplesmente perde o controle genético
sobre seu crescimento e sua divisão pode dar origem a uma massa multicelular, um
tumor benigno. Entretanto, se as células do tumor também adquire a capacidade de
se desprender, entrar na corrente sanguínea, invadir outros tecidos e formar tumores
secundários em outros locais do corpo, elas se tornam malignas.

Em geral, os tumores benignos são designados com o sufixo oma na célula de origem.
Os tumores de células mesenquimais geralmente seguem esta regra. Por exemplo,
um tumor benigno que surge a partir de células fibroblásticas é chamado de fibroma,
um tumor cartilaginoso é um condroma, e um tumor dos osteoblastos é um osteoma.
Em contraste, a nomenclatura dos tumores epiteliais benignos é mais complexa.
Eles são classificados de maneira diversa, alguns com base na sua célula de origem,
outros na arquitetura microscópica. Já os tumores malignos, os que surgem no tecido
mesenquimal são geralmente chamados de sarcoma, os originados a partir de células
epiteliais, são chamados carcinomas.

Base genética para o câncer



Os grandes avanços recentes na compreensão do câncer foram proporcionados pela
aplicação de técnicas de genética molecular. Primeiro, sabia-se que o estado canceroso
é herdado clonalmente. Quando as células cancerosas são mantidas em cultura, suas
descendentes são todas cancerosas. A condição cancerosa é portanto transmitida de
cada célula para suas filhas na época da divisão, um fenômeno revelador que o câncer
tem base genética. Segundo, sabia-se que alguns tipos de vírus podem induzir a
formação de tumores em animais experimentais. A indução de câncer por vírus significa
que as proteínas codificadas por genes virais estão envolvidas na produção do estado
canceroso. Terceiro, sabe-se que o câncer pode ser induzido por agentes capazes
de causar mutações. Foi demonstrado que substâncias mutagênicas e radiação
ionizante induzem tumores em animais experimentais. Quarto, já era estabelecido que
alguns tipos de câncer tendem a ocorrer em famílias. Coletivamente, essas diversas
observações sugerem fortemente que o câncer é causado por anomalias genéticas.

Pesquisadores identificaram duas grandes classes de genes que, quando mutadas,
podem contribuir para o desenvolvimento de um estado canceroso. Em uma dessas

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classes, genes mutantes promovem ativamente a divisão celular; na outra classe,
genes mutantes não reprimem a divisão celular. Os genes da primeira classe são
chamados oncogenes. Os genes na segunda classe são chamados de genes
supressores tumorais.

A genética está intimamente relacionada a oncologia, sendo de fundamental
importância seu estudo. Assim, para dar continuidade ao assunto visto nesse tópico,
faz-se necessário a leitura de alguns artigos encontrados nos seguintes links:

http://repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/2497/2/9864661.pdf;
http://sereduc.com/ZhcEMA;
http://sereduc.com/x01hsJ.

Após a leitura dos artigos, recomendo o estudo das páginas 87 a 89 do nosso livro
texto. Para complementar o assunto, acesse o link: http://sereduc.com/Wkmt5h.

Agora que você já realizou a leitura do livro texto e dos artigos, tenho certeza que muitas
dúvidas foram esclarecidas. Nossa unidade chegou ao fim, mas o nosso anseio é que
ela tenha proporcionado subsídios necessários a construção do seu conhecimento.
Aproveite esse momento para fazer uma autoanálise, anote as estratégias que o
auxiliaram na captação do conhecimento e reutilize-as na próxima unidade. Mas não
esqueça de avaliar o que precisa ser melhorado para que não haja a repetição dos
mesmos erros. Lembre-se, o nosso principal objetivo é o seu aprendizado.

Seguiremos então para a próxima unidade, mas antes não esqueça que responder as
suas atividades. O acúmulo de atividades pode interferir no processo de construção
intelectual.

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