Hermenêutica Bíblica - Ferramentas Da Interpretação Bíblica - Curso de Teologia 100% Online - Instituto de Teologia Logos
Hermenêutica Bíblica - Ferramentas Da Interpretação Bíblica - Curso de Teologia 100% Online - Instituto de Teologia Logos
Hermenêutica Bíblica - Ferramentas Da Interpretação Bíblica - Curso de Teologia 100% Online - Instituto de Teologia Logos
DISCIPLINA.
HERMENÊUTICA BÍBLICA
(Organizado pelo Setor Acadêmico do ITL)
BRASIL, MA
Versão 2021
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
AULA
01
1- HERMENÊUTICA – GENERALIDADES
A palavra “Hermenêutica” vem do termo grego “hermeneúo” que significa
“interpretar”. A Hermenêutica é a disciplina que ensina as regras para interpretar um livro,
um texto, e, nesse caso especial, o texto bíblico. Em uma outra definição, J. Severino
Croatto diz que “ Hermenêutica é a ciência da compreensão do sentido que o homem traz
para sua vida prática interpretando a mesma através da palavra, de um texto ou de outras
práticas... Toda ação humana se converte em sinal que precisa ser decodificado; com
maior razão se é o próprio Deus quem confere um sentido aos acontecimentos.” Para Paul
Ricoeur “ A hermenêutica é a teoria das operações de compreensão em sua relação com a
interpretação dos textos.”
A Hermenêutica abarca, de forma especial, as regras de interpretação que procedem
do estudo das características da linguagem humana em geral e de toda a classe de escritos
humanos, tanto profanos quanto sagrados. Toda linguagem humana tem seu próprio gênio
e idiossincrasias que não conseguem ser definidos em uma tradução literal para outra
língua. São modismos, provérbios, idiotismos, peculiaridades gramaticais, referências a
costumes locais, os quais poderiam causar problemas de interpretação para aqueles que
procuram entender o significado original que o autor quis comunicar, lendo agora em
outro idioma. O problema aumenta com relação aos textos bíblicos, visto que o tempo que
nos separa dos escritos originais é grande e só há algumas décadas é que os judeus
recuperaram seu idioma a nível nacional com a instalação do novo Estado de Israel. Assim,
por muitos séculos o hebraico foi uma língua morta, embora preservada nos círculos
rabínicos graças ao desenvolvimento do texto massorético. Isto torna as ferramentas da
hermenêutica ainda mais importantes e necessárias. Ainda sobre essa vertente, Paul
Ricoeur identificou três necessidades do estudo hermenêutico, salientando assim a sua
importância:
A palavra que em princípio foi “pregada”, “falada” e, desde então, enquadrada em
formas conceptuais, se transformou, por sua vez, em letra, texto, o que limita-se
agora ao processo de canonização. Os cristãos possuem então não um testamento,
mas dois testamentos para interpretar. O desafio agora é o do retorno à “palavra”
que está antes do texto.
Existe uma distância cultural (já abordada acima) entre a época das escrituras e a
nossa época. Uma das funções da hermenêutica consiste em vencer essa distância
cultural para permitir a manifestação na cultura presente daquilo que foi dito em
outra cultura e que não é mais do nosso tempo.
...procura identificar o sentido do texto, perquirindo o que há ‘por trás’ ( autor, tradições,
figuras literárias anteriores ), enquanto que a hermenêutica soma a compreensão do
sentido que está ‘adiante’ do texto”.5
A partir de então, deve-se examinar a história da interpretação bíblica a partir dos
primórdios do rabinismo. Para tanto, deve-se levar em consideração raízes históricas
fundamentais encontradas em Platão e em Heráclito. O primeiro, cerca de 428 AC, em
Atenas, partiu do conceito de “Mundo das Idéias”, a partir do qual elaborou o conceito de
símbolo e mito. Verdades espirituais eram representadas por alegorias, figuras muito
utilizadas também no texto sagrado. Heráclito de Éfeso, entre 540 e 480 AC, estabeleceu o
conceito de “huponóia” (sentido mais profundo), cujo objetivo inicial era abordar as obras
de Homero, fugindo das implicações óbvias de se interpretar literalmente o que ele
escreveu acerca dos deuses gregos (A Odisséia; Ilíada). Observa-se então que a
preocupação hermenêutica é antiga. Veremos então como essas raízes históricas
encontram eco nos caminhos percorridos pelas hermenêuticas judaica e cristã.
palavras e passagens que o homem não compreende sem estudos. Seria, pois, estranho
encontrar palavras e passagens de difícil compreensão nas Escrituras Sagradas, que em
linguagem humana tratam de coisas divinas, espirituais e eternas? Se numa província da
Espanha se usam figuras ou modos de expressar-se que em outra não se compreendem
sem interpretação, seria estranho encontrar tais figuras e expressões nas Escrituras, que
foram escritas em países distantes e todos diferentes ao nosso? Se todo o escrito antigo
oferece pontos obscuros, acaso seria estranho que os tivesse um livro inspirado por Deus a
seus servos em diferentes épocas, faz já centenas e milhares de anos? Nada mais natural
que contenham as Escrituras pontos obscuros, palavras e passagens que requerem estudo
e cuidadosa interpretação.
Recordemos aqui que unicamente em tais casos de dificuldade, e não quanto ao
simples e claro, precisamos dos conselhos da hermenêutica para que resulte frutífero
nosso estudo e correta nossa interpretação.
Pois bem; suponhamos que nos vem um documento, testamento ou legado que nos
interessa vivamente e que representa uma grande fortuna, porém em cujos detalhes
ocorrem algumas palavras e expressões de difícil compreensão. Como e de que maneira
faríamos para conseguir o verdadeiro significado de tal documento? Seguramente
pediríamos, em primeiro lugar, explicação a seu autor, se isso fosse possível.
Porém se prometesse esclarecer-nos contanto que trabalhássemos, esquadrinhando-
o nós mesmos, o mais natural e acertado seria, sem dúvida, ler e reler o documento,
tomando suas palavras e frases no sentido usual e comum. Quanto às palavras obscuras
buscaríamos, naturalmente, seu significado e aclaração, em primeiro lugar, pelas palavras
próximas ou contíguas às obscuras, isto é, pelo conjunto da frase em que ocorrem.
Porém, se ainda ficássemos sem luz, procuraríamos a clareza pelo contexto, quer
dizer, pelas frases anteriores e seguintes ao ponto obscuro, ou seja pelo fio ou tecido
imediato a narração em que se encontra,
Se não bastasse o contexto, consultaríamos todo o parágrafo ou passagem, fixando-
nos no objetivo, intento ou fim a que se dirige a passagem.
E se ainda não obtivéssemos a clareza desejada, buscaríamos luz em outras partes do
documento, para ver se haveria parágrafos ou frases semelhantes, porém mais explícitas,
que se ocupassem do mesmo assunto que a expressão obscura que nos causa
perplexidade.
Em resumo, e de qualquer forma, procederíamos de maneira que o próprio
documento fosse seu intérprete, já que, levando-o a este ou àquele advogado,
contrariaríamos a vontade do generoso autor e, afinal, correríamos o risco de interessada
e pouco escrupulosa interpretação.
Pelo dito anteriormente, foi-nos possível ver como é apropriado e mais conveniente,
que em qualquer documento de importância em que se encontrem pontos obscuros se
procure que ele seja seu próprio intérprete. Quanto à Bíblia, o procedimento sugerido não
só é conveniente e muito factível, mas absolutamente necessário e indispensável.
O quanto sabemos, o primeiro intérprete da Palavra de Deus foi o diabo, dando à
palavra divina um sentido que ela não tinha, falseando astutamente a verdade. Mais tarde,
o mesmo inimigo, falseia o sentido da Palavra escrita, truncando-a, isto é, citando a parte
que lhe convinha e omitindo a outra.
Os imitadores, conscientes e inconscientes, têm perpetuado este procedimento
enganando à humanidade com falsas interpretações das Escrituras. Vítimas, pois, de tais
enganos e de tão estupendos erros, que têm resultado em hecatombes e cataclismos,
devemos já conhecer o suficiente dessa interpretação particular. E a ninguém deve parecer
estranho que insistamos em que a primeira e fundamental regra da correta interpretação
bíblica deve ser a já indicada, a saber: A Escritura explicada pela Escritura, ou seja: a Bíblia,
sua própria intérprete.
Ignorando ou violando este princípio simples e racional, temos encontrado, como
dissemos, aparente apoio nas Escrituras a muitos e funestos erros. Fixando-se em palavras
e versículos arrancados de seu conjunto e não permitindo à Escritura explicar-se a si
mesma, encontraram os judeus aparente apoio nela para rejeitar a Cristo. Procedendo do
mesmo modo, encontram os papistas aparente apoio na Bíblia para o erro do papado e
das matanças com ele relacionadas, para não falar da Santa Inquisição e outros erros do
mesmo estilo. Atuando assim, acham aparente apoio os espíritas para sua errônea
encarnação; os comunistas, para sua repartição dos bens; os incrédulos zombadores, para
as contradições; os russelitas para seus erros blasfemos. e, finalmente, os Wilson e
Roosevelt, ara seu militarismo. Se tivessem a sensatez de permitir h Bíblia que se
explicasse a si mesma, evitariam erros funestos.
Graças ao abuso apontado ouvimos dizer que com a Bíblia se prova o que se quer. A
má vontade, a incredulidade, a preguiça em seu estudo; o apego a idéias falsas e
mundanas, e a ignorância de toda regra de interpretação, provará o que se queira com a
Bíblia; porém jamais provará a Bíblia o que os homens tão mal dispostos querem.
Tampouco provará nenhum douto de verdade, nem crentes humildes, qualquer coisa com
a Escritura.
Ao contrário, porque o discípulo humilde e douto na Palavra sabe que "a lei do
Senhor é perfeita" e que não há erro na Palavra, mas no homem, ele sabe que não se tira e
se põe, ou se acrescenta e se suprime impunemente à Palavra, segundo o estilo satânico,
porquanto Deus, mediante seu servo, fez constar: "Se alguém lhes fizer qualquer
acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar
qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da
vida." Não, certamente a revelação divina, qual Lei perfeita, "é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que
o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra"; tal
revelação, dissemos, não se presta impunemente a tal abuso.
Em vista de tais afirmativas e destas e outras restrições, é evidente que carece
absolutamente de sanção divina a interpretação particular do papismo que concede
autoridade superior à Palavra mesma, à interpretação dos "pais" da Igreja docente ou da
infalibilidade papal, como carece também de dita sanção a idéia da interpretação
individual do protestantismo. "Nenhuma profecia da Escritura provam de particular
elucidação", disse Pedro; e Jesus nos exorta a examinar as Escrituras para achar a verdade,
e não a interpretar as Escrituras para estabelecer a verdade a nosso arbítrio.
Nada de estranho tem, pois, que nos eminentes escritores da antiguidade
encontremos afirmações como estas: As Escrituras são seu melhor intérprete.
Compreenderás a Palavra de Deus melhor que de outro modo, comparando uma parte
com outra, comparando o espiritual com o espiritual (1 Cor. 2:13). O que equivale a usar a
Escritura de tal modo que venha a ser ela seu próprio intérprete.
Se por uma parte, arrancando versículos de seu conjunto e citando frases soltas em
apoio de idéias preconcebidas, é possível construir doutrinas chamadas bíblicas, que não
são ensinos das Escrituras, mas antes "doutrinas de demônios"; por outra parte,
explicando a Escritura pela Escritura, usando a Bíblia como intérprete de si mesma, não só
se adquire o verdadeiro sentido das palavras e textos determinados, mas também a
certeza de todas as doutrinas cristãs, quanto à fé e à moral. Tenha-se sempre presente que
não se pode considerar de todo bíblica uma doutrina antes de resumir e encerrar tudo
quanto a Escritura diz da mesma. Um dever tampouco é de todo bíblico se não abarca e
resume todos os ensinos, prescrições e reservas que contam a Palavra de Deus em relação
ao mesmo. Aqui cabe bem a lei: "Não se pronuncia sentença antes de haver ouvido as
partes." Porém cometem o delito de falhar antes de haver examinado as partes todos
aqueles que estabelecem doutrinas sobre palavras ou versículos extraídos do conjunto,
sem permitir à Escritura explicar-se a si mesma. Igual falta cometem os que do mesmo
modo procedem e falam de contradições e ensinos imorais.
Por conseguinte, é de suma necessidade observar a referida regra das regras, a saber:
A Bíblia é seu próprio intérprete, se não quisermos incorrer em erros e atrair sobre nós a
maldição que a própria Escritura pronuncia contra os falsificadores da Palavra. Dissemos
"regra das regras", porque desta, que é fundamental, se desprendem outras várias que,
como veremos, dela nascem naturalmente.
AULA
02
2- HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO
BÍBLICA
2.1. Hermenêutica Entre os Judeus
PARABÉNS!!!
VOCÊ ACABOU DE LER O NOSSO CONTEÚDO!
:: CURSOS DE TEOLOGIA ::
www.institutodeteologialogos.com.br/cursos-de-teologia
:: BLOG DE TEOLOGIA ::
www.institutodeteologialogos.com.br/blog-de-teologia