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Esôfago

1. O documento descreve a anatomia do esôfago, incluindo sua localização, comprimento, diâmetro e pregas longitudinais. 2. São descritas três constrições no esôfago - cervical, broncoaórtica e diafragmática - causadas por estruturas adjacentes. 3. A anatomia muscular do esôfago é detalhada, com duas camadas de músculos circulares internos e longitudinais externos em cada terço.

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Esôfago

1. O documento descreve a anatomia do esôfago, incluindo sua localização, comprimento, diâmetro e pregas longitudinais. 2. São descritas três constrições no esôfago - cervical, broncoaórtica e diafragmática - causadas por estruturas adjacentes. 3. A anatomia muscular do esôfago é detalhada, com duas camadas de músculos circulares internos e longitudinais externos em cada terço.

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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Anatomia do esôfago................................................ 5
3. Histologia do esôfago.............................................16
4. Fisiologia do esôfago...............................................18
Referências bibliográficas .........................................24
ESÔFAGO 3

1. INTRODUÇÃO O esôfago consiste na primeira por-


ção do tubo digestivo. Ele é um tubo
O tubo digestivo, a continuação da
muscular (aproximadamente 25 cm
cavidade oral, é uma porção tubular
de comprimento) com um diâmetro
do trato digestivo. Nele, os alimentos
médio de 2 cm, que conduz alimen-
são agitados, liquefeitos e digeridos;
to da faringe para o estômago (Figura
os elementos nutricionais e a água
1). Ao longo de toda a sua extensão,
são absorvidos; e seus componentes
sua mucosa apresenta numerosas
não-digeríveis são eliminados. O tubo
pregas longitudinais com sulcos in-
digestivo, que tem cerca de 9 metros
termediários que dão a impressão de
de comprimento, é subdividido em
seu lúmen estar obstruído; entretan-
regiões morfologicamente conheci-
to, quando o esôfago é distendido, as
das: o esôfago, o estômago, o intes-
pregas desaparecem e o lúmen tor-
tino delgado (duodeno, jejuno e íleo)
na-se evidente.
e o intestino grosso (ceco, colo, reto,
canal anal e apêndice).
ESÔFAGO 4
Traqueia

Nervo laríngeo
recorrente esquerdo

Ducto torácico

Artéria carótida
comum

Arco da aorta

Esôfago

Esôfago
atravessando o
hiato esofágico

Estômago

Figura 1. Esôfago in situ. Fonte: Netter & Machado. Atlas interativo de Anatomia Humana. 2004.
ESÔFAGO 5

2. ANATOMIA DO órgão se expande durante o enchi-


ESÔFAGO mento, as estruturas citadas anterior-
mente comprimem suas paredes.
O esôfago normalmente tem três
constrições, onde estruturas adjacen-
tes deixam impressões (Figura 2):
• Constrição cervical (esfíncter
superior do esôfago): em seu iní-
cio, na junção faringoesofágica, a Parte oral da faringe
aproximadamente 15 cm dos den-
tes incisivos; causada pela parte
cricofaríngea do músculo constri-
tor inferior da faringe; Epiglote
Recesso piriforme
• Constrição broncoaórtica
(torácica): uma constrição
dupla combinada, no local Constricção
Parte cricofaríngea do
onde ocorre primeiro o cru- faringoesofágica
músculo constrictor inferior
da faringe
zamento do arco da aorta, a
22,5 cm dos dentes incisivos,
e depois o cruzamento pelo
Traqueia
brônquio principal esquerdo,
a 27,5 cm dos dentes incisi- broncoaórtica
Constricção
Arco da aorta
vos. A compressão pelo arco
da aorta é mais evidente na Brônquio principal esquerdo

radiografia posteroanterior
(PA) após ingestão de bá-
rio, e a impressão brônquica
é mais visível nas imagens
laterais;
• Constrição diafragmática: Constricção
no local onde atravessa o diafragmática Diafragma

hiato esofágico do diafrag- Fundo gástrico


ma, a aproximadamente 40
cm dos dentes incisivos.

Figura 2. Constricções do esôfago. Fonte: Netter &


Não é possível ver constrições no Machado. Atlas interativo de Anatomia Humana. 2004.
esôfago vazio. Entretanto, quando o
ESÔFAGO 6

O esôfago segue a curva da coluna


vertebral ao descer através do pesco-
ço e do mediastino. A túnica muscu- Rafe da faringe

lar externa do esôfago está disposta


Músculo constrictor
em duas camadas, possuindo lâmi- inferior da faringe
nas musculares circulares internas
e longitudinais externas (Figura 3).
Em seu terço superior, a lâmina exter-
Parte cricofaríngea
na consiste em músculo estriado vo- do músculo
luntário; o terço inferior é formado por constrictor inferior
da faringe
músculo liso, e o terço médio tem os
dois tipos de músculo.

Parte cervical do esôfago


O esôfago começa no pescoço, onde
é contínuo com a parte laríngea da
faringe na junção faringoesofágica
Lâminas musculares
(Figura 4). A primeira parte, a parte longitudinais
cervical, pertence ao terço superior externas do esôfago

de músculo estriado voluntário esofá-


gico. Começa imediatamente poste-
rior à margem inferior da cartilagem
cricóidea e no mesmo nível dela, no
plano mediano. Este é o nível da vér- Lâminas musculares
tebra C6. circulares internas
do esôfago
Externamente, como dito anterior-
mente, a junção faringoesofágica
apresenta-se como uma constrição
produzida pela parte cricofaríngea
do músculo constritor inferior da
faringe (o esfíncter esofágico su-
perior) e é a parte mais estreita do
esôfago. A parte cervical do esôfago

Figura 3. Musculatura do esôfago. Fonte: Netter & Machado. Atlas intera-


tivo de Anatomia Humana. 2004.
ESÔFAGO 7

inclina-se um pouco para a esquerda situam-se nos sulcos traqueoesofá-


enquanto desce e entra no mediasti- gicos, ou perto deles, entre a traqueia
no superior, através da abertura su- e o esôfago.
perior do tórax, onde se torna a parte O esôfago está em contato com a cú-
torácica do esôfago. pula da pleura na raiz do pescoço. À
A parte cervical do esôfago situa-se esquerda está o lobo esquerdo da
entre a traqueia e a coluna vertebral glândula tireoide e a bainha carótica
cervical (Figura 4). Está fixada à tra- esquerda. O ducto torácico adere ao
queia por tecido conjuntivo frouxo. lado esquerdo do esôfago e situa-se
Os nervos laríngeos recorrentes entre a pleura e o esôfago (Figura 1).

Cartilagem
tireoidea

Cartilagem Músculo
cricoidea constrictor
inferior da faringe

Parte
cricofaríngea do
músculo
constrictor
inferior da faringe
Lâminas musculares
circulares internas
do esôfago

Nervo laríngeo
recorrente

Túnica mucosa e
tela submucosa do
esôfago

Figura 4. Junção faringoesofágica. Fonte: Netter & Ma-


chado. Atlas interativo de Anatomia Humana. 2004.
ESÔFAGO 8

Parte torácica do esôfago posterior, seguindo posteriormente


e à direita do arco da aorta (Figura
O esôfago entra no mediastino supe-
5) e posteriormente ao pericárdio e
rior entre a traqueia e a coluna verte-
átrio esquerdo. O esôfago é a prin-
bral, onde se situa anteriormente aos
cipal relação posterior da base do
corpos das vértebras T1–T4. Em ge-
coração. A seguir, desvia-se para a
ral, o esôfago é achatado no sentido
esquerda e atravessa o hiato esofági-
anteroposterior. Inicialmente, inclina-
co no diafragma no nível da vértebra
-se para a esquerda, mas é empur-
T10, anteriormente à aorta.
rado de volta para o plano mediano
pelo arco da aorta. A seguir, é
comprimido anteriormente pela
raiz do pulmão esquerdo. No
mediastino superior, o duc-
to torácico geralmente está à
esquerda do esôfago, profun- T1
damente (medial) ao arco da
Esôfago
aorta (Figura 1).
O esôfago desce do T3

mediastino superior Arco da aorta


para o mediastino
T5

T7
Coração dentro
do pericárdio

T9

T11

Figura 5. Parte torácica do esôfago. Fonte: Netter &


Machado. Atlas interativo de Anatomia Humana. 2004.
ESÔFAGO 9

Parte abdominal do esôfago 7ª cartilagem costal esquerda e da


vértebra T11. O esôfago está fixa-
O esôfago atravessa o hiato eso-
do às margens do hiato esofágico no
fágico, de formato elíptico, no pilar
diafragma pelo ligamento frenico-
muscular direito do diafragma, logo
esofágico (Figura 6), uma extensão
à esquerda do plano mediano, no ní-
da fáscia diafragmática inferior. Esse
vel da vértebra T10 (Figura 1) . Ele
ligamento permite o movimento inde-
termina entrando no estômago no
pendente do diafragma e do esôfago
óstio cárdico do estômago, à es-
durante a respiração e a deglutição.
querda da linha mediana, no nível da

Ligamento
frênico esofágico

Diafragma

Anel de gordura sub-hiatal

Linhas Z: junção das túnicas


mucosas do esôfago e do
estômago

Cárdia

Peritônio

Incisura cárdica

Figura 6. Secção coronal da junção esofagogástrica.


Fonte: Netter & Machado. Atlas interativo de Anatomia
Humana. 2004.
ESÔFAGO 10

A parte abdominal do esôfago, com Exames radiológicos mostram que


apenas 1,25cm de comprimento, vai o alimento para momentaneamente
do hiato esofágico no pilar direito nesse lugar e que o mecanismo es-
do diafragma até o óstio cárdico do fincteriano normalmente é eficiente
estômago, alargando-se à medida para evitar refluxo do conteúdo gás-
que se aproxima em posição ante- trico para o esôfago. Quando uma
rior e à esquerda na sua descida. A pessoa não está comendo, o lúmen
face anterior é coberta por peritônio do esôfago normalmente encontra-
da cavidade peritoneal, contínuo com -se colapsado acima desse nível para
aquele que reveste a face anterior do evitar a regurgitação de alimentos ou
estômago. Encaixa-se em um sulco suco gástrico para o esôfago.
na face posterior (visceral) do fígado.
A face posterior da parte abdominal Vascularização, drenagem e
do esôfago é coberta por peritônio da inervação do esôfago
bolsa omental, contínuo com aquele
que reveste a face posterior do estô- As artérias da parte cervical do esôfa-
mago. A margem direita do esôfago go são ramos das artérias tireóide-
é contínua com a curvatura menor do as inferiores. Cada artéria dá origem
estômago; entretanto, sua margem a ramos ascendentes e descenden-
esquerda é separada do fundo gástri- tes que se anastomosam entre si e
co pela incisura cárdica existente en- através da linha mediana (Figura 7).
tre o esôfago e o fundo gástrico. As veias da parte cervical do esôfa-
go são tributárias das veias tireói-
A junção esofagogástrica situa-se à
deas inferiores (Figura 8). Os vasos
esquerda da vértebra T11 no plano
linfáticos da parte cervical do esôfago
horizontal que atravessa a extremida-
drenam para os linfonodos paratra-
de do processo xifoide. Os cirurgiões
queais e linfonodos cervicais pro-
e endoscopistas designam a linha Z
fundos inferiores (Figura 9).
(Figura 6), uma linha irregular em que
há mudança abrupta da mucosa eso- A inervação do esôfago é somáti-
fágica para a mucosa gástrica, como ca motora e sensitiva para a meta-
a junção. Imediatamente superior a de superior e parassimpática (vagal),
essa junção, a musculatura diafrag- simpática e sensitiva visceral para a
mática que forma o hiato esofágico metade inferior. A parte cervical do
funciona como um esfíncter inferior esôfago recebe fibras somáticas atra-
do esôfago fisiológico que se contrai vés de ramos dos nervos laríngeos
e relaxa. recorrentes e fibras vasomotoras
dos troncos simpáticos cervicais
ESÔFAGO 11

através do plexo ao redor da artéria inferior esquerda (Figura 7). A dre-


tireóidea inferior (Figura 10). nagem venosa das veias submuco-
No tórax, o esôfago é irrigado pelos sas dessa parte do esôfago se faz
os ramos viscerais ímpares do plano para o sistema venoso porta, através
vascular anterior da aorta torácica: da veia gástrica esquerda, e para o
as artérias esofágicas — geralmen- sistema venoso sistêmico, pelas veias
te duas, mas pode haver até cinco. esofágicas que entram na veia ázigo
O sistema venoso ázigo recebe as (Figura 8).
veias esofágicas (Figura 8). A drenagem linfática da parte abdo-
Os linfonodos mediastinais poste- minal do esôfago se faz para os linfo-
riores (Figura 9) situam-se posterior- nodos gástricos esquerdos (Figura
mente ao pericárdio, onde estão rela- 9); os vasos linfáticos eferentes des-
cionados ao esôfago e à parte torácica ses linfonodos drenam principalmen-
da aorta. Existem vários linfonodos te para os linfonodos celíacos.
posteriores à parte inferior do esôfa- O esôfago é inervado pelo plexo eso-
go e mais (até oito) anteriores e late- fágico, formado pelos troncos vagais
rais a ele. Os linfonodos mediastinais (que se tornam os ramos gástricos an-
posteriores recebem linfa do esôfago, teriores e posterior) e pelos troncos
da face posterior do pericárdio e do simpáticos torácicos por meio dos
diafragma, e dos espaços intercostais nervos esplâncnicos (abdomino-
posteriores médios. A linfa dos linfo- pélvicos) maiores e plexos periar-
nodos drena para os ângulos venosos teriais ao redor das artérias gástrica
direito ou esquerdo, pelo ducto linfáti- esquerda e frênica inferior. O esôfa-
co direito ou do ducto torácico. go é circundado pelo plexo nervoso
A irrigação arterial da parte abdo- esofágico distalmente (Figura 10).
minal do esôfago é feita pela arté-
ria gástrica esquerda, um ramo do
tronco celíaco, e pela artéria frênica
ESÔFAGO 12

Ramo esofágico da artéria


tireóidea inferior

Artéria tireóidea
inferior
Tronco tireocervical
Artéria subclávia

Artéria vertebral

Ramos
esofágicos da
parte
torácica da
aorta

Artéria frênica inferior


esquerda

Artéria gástrica esquerda

Tronco celíaco

Figura 7. Artérias do esôfago. Fonte: Netter & Machado. Atlas interativo de Anatomia Humana. 2004.
ESÔFAGO 13

Veia tireóidea inferior


Veia jugular interna
Veia subclávia

Veia cava
superior Veias esofágicas
(plexo)

Veia hemiázigo
acessória

Veia ázigo
Junção das
veias ázigo e
hemiázigo

Veia hemiázigo

Veia gástrica
esquerda

Veia porta do
fígado

Veia gástrica
direita

Figura 8. Drenagem venosa do esôfago. Fonte: Netter & Machado. Atlas interativo de Anatomia Humana. 2004.
ESÔFAGO 14

Linfonodos cervicais
profundos inferiores

Ducto torácico

Linfonodos
paratraqueais

Linfonodos
mediastinais
posteriores

Linfonodos
gástricos
esquerdos

Linfonodos
celíacos

Figura 9. Drenagem linfática do esôfago. Fonte: Netter & Machado. Atlas interativo de Anatomia Humana. 2004.
ESÔFAGO 15

Nervos laríngeos
recorrentes Tronco simpático

Gânglio cervical
médio
(simpático)

Nervo laríngeo
recorrente

Plexo esofágico
Tronco simpático

Nervo
esplâncnico
maior esquerdo

Tronco vagal anterior

Figura 10. Inervação do esôfago. Fonte: Netter & Machado. Atlas interativo de Anatomia Humana. 2004.
ESÔFAGO 16

3. HISTOLOGIA DO A lâmina própria não apresenta nada


ESÔFAGO de especial. Ela apresenta as glându-
las cárdicas esofágicas, as quais são
Mucosa
encontradas em duas regiões do esô-
A mucosa do esôfago é constituída fago, um grupo próximo da faringe e
por um epitélio estratificado pavimen- o outro próximo à sua junção com o
toso não-queratinizado, uma lâmina estômago. A lâmina própria também
própria fibroelástica e uma camada possui ocasionais nódulos linfóides,
de músculo liso disposta longitudinal- membros do sistema MALT (tecido
mente, formando a camada muscular linfoide associado à mucosa).
da mucosa. A camada muscular da mucosa não
A mucosa do esôfago é constituída é usual, pois é constituída de apenas
de três camadas: epitélio, lâmina pró- uma camada de fibras musculares li-
pria e camada muscular da mucosa. sas orientadas longitudinalmente que
O lúmen do esôfago, revestido por um vai se tornando mais espessa nas
epitélio pavimentoso estratificado proximidades do estômago.
não-queratinizado com 0,5 mm de As glândulas cárdicas esofágicas
espessura, geralmente encontra-se produzem um muco que cobre o re-
colabado, abrindo-se somente du- vestimento do esôfago, lubrificando-
rante o processo de deglutição. -o para proteger o epitélio à medida
Dispersas entre os queratinócitos do que o bolo alimentar passa para o es-
epitélio estão células apresentadoras tômago. Como estas glândulas se as-
de antígenos conhecidas como célu- semelham às glândulas mucosas da
las de Langerhans, que fagocitam e região cárdicas do estômago, alguns
degradam antígenos, reduzindo-os pesquisadores sugerem que estas
a polipeptídeos menores conhecidos glândulas sejam porções ectópicas
como epítopos. Estas células também do tecido gástrico.
sintetizam as moléculas do comple-
xo principal de histocompatibilidade Submucosa
(MHC) da classe II, associam os epí-
topos a estas moléculas e expõem o A submucosa do esôfago possui
complexo MHC da classe II-epitopo glândulas mucosas conhecidas como
na face externa de sua membrana glândulas esofágicas propriamente
plasmática. As células de Langerhans ditas.
migram então para os linfonodos, A submucosa do esôfago é consti-
onde elas apresentam o complexo tuída de tecido conjuntivo fibro-
MHC II-epitopo para os linfócitos. elástico, mais fibroso que o tecido
ESÔFAGO 17

conjuntivo frouxo da lâmina própria, porção secretora é constituída de dois


que contém as glândulas esofágicas tipos de células, células mucosas e
propriamente ditas. células serosas. As células mucosas
O esôfago e o duodeno são as duas têm núcleos achatados basais e acú-
únicas regiões do tubo digestivo mulos apicais de grânulos de secre-
com glândulas na submucosa. ção preenchidos com muco.
Eletromicrografias destas glându-
las tubuloacinares indicam que sua

Figura 11. Histologia do esôfago: E= Epitélio; LP= Lâmina Própria; S= Submucosa; IC= Camada muscular circular
interna; OL= Camada muscular circular externa. Fonte: Gartner (2007)

O segundo tipo celular é represen- contêm a proenzima pepsinogênio e


tado pelas células serosas, com nú- o agente antibacteriano lisozima. Os
cleos arredondados e centrais. Os ductos destas glândulas lançam suas
grânulos de secreção destas células secreções no lúmen do esôfago.
ESÔFAGO 18

O plexo nervoso submucoso está na plexo mioentérico de Auerbach,


sua posição de costume dentro da está situado entre estas duas cama-
submucosa, nas proximidades da ca- das musculares e regula a atividade
mada circular interna da túnica mus- da túnica muscular externa (e, até
cular externa. Este plaxo nervoso é certo ponto, a atividade da mucosa).
um componente do sistema nervo- A túnica muscular externa é envolvi-
so entérico, conhecido como plexo da por uma delgada camada de te-
submucoso de Meissner. Este plexo, cido conjuntivo que pode ou não ser
que também possui corpos de neurô- recoberta pelo epitélio simples pavi-
nios pós-ganglionares parassimpáti- mentoso do peritônio visceral. Se a
cos, controla a motilidade da mucosa região do tubo digestivo é intraperi-
(e, até certo ponto, a motilidade da toneal, ela é recoberta pelo peritônio,
submucosa) e as atividades secreto- e esta cobertura é conhecida como
ras das suas glândulas. serosa. Se o órgão é retroperitone-
al, ele fica aderido à parede do corpo
Túnica muscular e adventícia por um tecido conjuntivo frouxo, sem
revestimento mesotelial, conhecido
A submucosa é revestida por uma como adventícia. No caso do esôfa-
espessa camada muscular, a túnica go, este órgão é coberto por uma ad-
muscular externa, responsável pela ventícia até ultrapassar o diafragma,
atividade peristáltica, a qual move o após o qual passa a ser coberto por
conteúdo do lúmen ao longo do trato uma serosa.
digestivo.
A túnica muscular externa do esôfago
4. FISIOLOGIA DO
está disposta em duas camadas, cir-
ESÔFAGO
cular interna e longitudinal externa.
Entretanto, estas camadas muscula- Quando o esôfago está vazio, seu
res não são usuais, pois são compos- lúmen assemelha-se a uma fenda.
tas tanto por fibras musculares lisas Quando um bolo alimentar desce por
quanto por estriadas esqueléticas. A ele, o lúmen se expande, produzindo
túnica muscular externa do terço su- peristalse reflexa nos dois terços infe-
perior do esôfago possui essencial- riores do esôfago. O alimento atraves-
mente músculo esquelético; o terço sa o esôfago rapidamente em razão
médio possui músculo esquelético e da ação peristáltica de sua muscu-
liso; e o terço inferior possui somente latura, auxiliado pela gravidade, mas
fibras musculares lisas. não depende dela (é possível engolir
Um segundo componente do sistema de cabeça para baixo).
nervoso entérico, conhecido como
ESÔFAGO 19

Deglutição e propulsão do bolo ◊ O palato mole é empurrado


alimentar para cima, de maneira a fechar
a parte posterior da cavidade
Em termos gerais, a deglutição pode
nasal, evitando o refluxo do
ser dividida em (1) um estágio volun-
alimento.
tário, que inicia o processo de deglu-
tição; (2) um estágio faríngeo, que é ◊ As pregas palatofaríngeas em
involuntário, correspondente à pas- cada lado da faringe são em-
sagem do alimento pela faringe até o purradas medialmente de for-
esôfago; e (3) um estágio esofágico, ma a se aproximarem. Dessa
outra fase involuntária que transporta forma, essas pregas formam
o alimento da faringe ao estômago. fenda sagital, por onde o ali-
mento deverá passar para a
parte posterior da faringe.
• Estágio Voluntário da Degluti- Essa fenda desempenha ação
ção: Quando o alimento está pronto seletiva, permitindo que o ali-
para ser deglutido, ele é “volunta- mento suficientemente mas-
riamente” comprimido e empurra- tigado passe com facilidade.
do para trás, em direção à faringe, Esse estágio da deglutição
pela pressão da língua para cima dura menos de 1 segundo, e
e para trás contra o palato. A par- qualquer objeto grande nor-
tir daí, a deglutição passa a ser um malmente é impedido de pas-
processo inteiramente — ou quase sar para o esôfago.
inteiramente — automático e que, ◊ As cordas vocais da laringe se
nas condições normais, não pode aproximam vigorosamente, e
ser interrompido. a laringe é puxada, para cima e
• Estágio Faríngeo Involuntário da para frente, pelos músculos do
Deglutição: O bolo de alimento, pescoço. Essas ações, combi-
ao atingir a parte posterior da ca- nadas com a presença de liga-
vidade bucal e a faringe, estimula mentos que impedem o movi-
as áreas de receptores epiteliais da mento para cima da epiglote,
deglutição ao redor da abertura da fazem com que a epiglote se
faringe, especialmente nos pilares mova para trás, na direção da
tonsilares e seus impulsos pas- abertura da laringe. O con-
sam para o tronco encefálico, onde junto desses efeitos impede
iniciam uma série de contrações a passagem do alimento para
musculares faríngeas automáticas, o nariz e para a traqueia. De
como se segue: grande importância é a vigo-
rosa justaposição das cordas
ESÔFAGO 20

vocais, mas a epiglote ajuda a iniciando na parte superior e,


evitar que o alimento chegue então, a contração progredin-
até elas. A destruição das cor- do para baixo nas áreas me-
das vocais ou dos músculos dial e inferior da faringe, o que
que as aproximam pode cau- impulsiona o alimento por pe-
sar engasgo. ristaltismo para o esôfago.
◊ O movimento para cima da Resumindo os mecanismos do
laringe também puxa e dila- estágio faríngeo da deglutição:
ta a abertura do esôfago. Ao a traqueia se fecha, o esôfago
mesmo tempo, os 3 a 4 cen- se abre, e a onda peristáltica rá-
tímetros superiores da pare- pida, iniciada pelo sistema ner-
de muscular esofágica, referi- voso da faringe, força o bolo de
dos como esfíncter esofágico alimento para a parte superior
superior (também conhecido do esôfago; o processo todo
como esfíncter faringoesofá- dura menos de 2 segundos.
gico) se relaxam.
• Estágio Esofágico da Degluti-
Então, o alimento se move livre ção: A função primária do esôfago
e facilmente da faringe poste- é a de conduzir rapidamente o ali-
rior para o esôfago superior. mento da faringe para o estômago,
Entre as deglutições, esse es- e seus movimentos são organiza-
fíncter permanece fortemente dos de modo específico para essa
contraído, evitando a entrada função.
de ar no esôfago durante a
respiração. O movimento para
cima da laringe também eleva O esôfago normalmente apresenta
a glote afastando-a do fluxo dois tipos de movimentos peristálti-
principal de alimento, de ma- cos: peristaltismo primário e peris-
neira que este passe nos lados taltismo secundário. O peristaltismo
da epiglote em vez de ao lon- primário é, simplesmente, a continua-
go da sua superfície; essa ação ção da onda peristáltica que começa
confere uma proteção adicio- na faringe e se prolonga para o esô-
nal contra a entrada de alimen- fago, durante o estágio faríngeo da
to na traqueia. deglutição. Essa onda faz o percurso
desde a faringe até o estômago em
◊ Quando a laringe é elevada e
cerca de 8 a 10 segundos. O alimento
o esfíncter faringoesofágico
engolido por pessoa na posição ereta
relaxado, toda a parede mus-
normalmente é levado para a porção
cular da faringe se contrai,
inferior do esôfago até mais rápido do
ESÔFAGO 21

que a própria onda peristáltica, em peristálticas secundárias fortes, mes-


cerca de 5 a 8 segundos, devido ao mo sem o suporte dos reflexos vagais.
efeito adicional da gravidade que for- Portanto, inclusive após a paralisia do
ça o alimento para baixo. reflexo da deglutição no tronco ence-
Se a onda peristáltica primária não fálico, alimento introduzido por sonda
consegue mover para o estômago no esôfago, ainda passa rapidamente
todo o alimento que entrou no esô- para o estômago.
fago, ondas peristálticas secundárias
resultam da distensão do próprio esô-
• Relaxamento Receptivo do Es-
fago pelo alimento retido; essas ondas
tômago: Quando a onda peris-
continuam até o completo esvazia-
táltica esofágica se aproxima do
mento do esôfago. As ondas peristál-
estômago, a onda de relaxamen-
ticas secundárias são deflagradas, em
to, transmitida por neurônios ini-
parte, por circuitos neurais intrínsecos
bidores mioentéricos, precede o
do sistema nervoso mioentérico e, em
peristaltismo. Todo o estômago e,
parte, por reflexos iniciados na farin-
em menor extensão, até mesmo o
ge e transmitidos por fibras vagais
duodeno relaxam quando a onda
aferentes para o bulbo retornando ao
peristáltica atinge a porção inferior
esôfago por fibras nervosas eferentes
do esôfago e assim se preparam
vagais e glossofaríngeas.
com antecedência para receber o
A musculatura da parede faríngea e alimento levado pelo esôfago.
do terço superior do esôfago é com-
posta por músculo estriado. Portanto,
as ondas peristálticas nessas regiões Na porção final do esôfago, cerca de 3
são controladas por impulsos em fi- centímetros acima da sua junção com
bras nervosas motoras de músculos o estômago, o músculo circular esofá-
esqueléticos dos nervos glossofarín- gico funciona como um largo esfínc-
geo e vago. Nos dois terços inferiores ter esofágico inferior, também deno-
do esôfago, a musculatura é compos- minado esfíncter gastroesofágico.
ta por músculo liso e essa porção do Esse esfíncter, nas condições nor-
esôfago é controlada pelos nervos mais, permanece tonicamente con-
vagos, que atuam por meio de cone- traído, gerando pressão intraluminal
xões com o sistema nervoso mioen- no esôfago da ordem de 30 mmHg,
térico esofágico. Quando os ramos do em contraste com a porção medial do
nervo vago para o esôfago são cor- esôfago que normalmente permane-
tados, o plexo nervoso mioentérico ce relaxada.
do esôfago fica excitável o suficiente Quando a onda peristáltica da de-
para causar, após vários dias, ondas glutição desce pelo esôfago, ocorre o
ESÔFAGO 22

“relaxamento receptivo” do esfíncter para o esôfago, exceto em circuns-


esofágico inferior à frente da onda pe- tâncias anormais. Outro fator que aju-
ristáltica, permitindo a fácil propulsão da a evitar o refluxo é o mecanismo
do alimento deglutido para o estôma- semelhante à válvula de curta por-
go. Raramente, o esfíncter não se re- ção do esôfago, que se estende por
laxa de forma satisfatória, resultando pouco até o estômago. O aumento da
na condição denominada acalasia. pressão intra-abdominal projeta nes-
As secreções gástricas são muito áci- se ponto o esôfago para o estômago.
das, contendo enzimas proteolíticas. Assim, esse fechamento do esôfago,
A mucosa esofágica, exceto nas por- como se fosse uma válvula, contribui
ções bem inferiores do esôfago, não para evitar que a elevação da pressão
é capaz de resistir por muito tem- intra-abdominal force os conteúdos
po à ação digestiva das secreções gástricos de volta ao esôfago. De ou-
gástricas. tra forma, sempre que andássemos,
tossíssemos ou respirássemos pro-
Felizmente, a constrição tônica do es- fundamente, o ácido gástrico poderia
fíncter esofágico inferior evita signi- refluir para o esôfago.
ficativo refluxo do conteúdo gástrico
ESÔFAGO 23

MAPA MENTAL - ESÔFAGO

ADVENTÍCIA
Esfíncter esofágico CONSTRICÇÃO /SEROSA
superior FARINGOESOFÁGICA

TÚNICA MUSCULAR Plexo Mioentérico de


CONSTRICÇÃO HISTOLOGIA
ANATOMIA EXTERNA Auerbach
BRONCOAÓRTICA

Plexo Submucoso de
Esfíncter esofágico CONSTRICÇÃO SUBMUCOSA
Meissner
inferior DIAFRAGMÁTICA

ESÔFAGO MUCOSA

FISIOLOGIA
Peristaltismo primário
Estágio Esofágico da
Deglutição
Peristaltismo secundário

Estágio Faríngeo
DEGLUTIÇÃO Involuntário da
Deglutição

Estágio Voluntário da
Deglutição
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Gartner LP, Hiatt JL. Tratado de histologia em cores. 3ed.. Rio de Janeiro: Elsevier; 2007.
Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 13.ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2017.
Moore KL. Anatomia orientada para a clínica. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
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