Ebook2 Auriculo
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Caros leitores:
Existem relatos históricos da utilização terapêutica do estímulo auricular por diversos povos da
antiguidade, tanto na China quanto na Europa. Contudo, a sistematização dos mapas de pontos auriculares, bem
como o uso do termo “auriculoterapia”, só ocorreu a partir do século XX. Por volta da década de 1940, o
médico francês Paul Nogier iniciou seus estudos em relação ao uso terapêutico do pavilhão auricular. Nogier,
que também tinha formação em acupuntura, notou a existência de cicatrizes ocasionadas por procedimentos de
cauterização da orelha em diversos pacientes que chegavam ao seu consultório. Essa prática de cauterização
auricular era tradicionalmente utilizada por curandeiros de povoados europeus e tinha como objetivo tratar casos
de lombociatalgia. O fato do estímulo de uma região da orelha tratar dores da região lombar fez com que Nogier
buscasse a correlação de outras regiões do pavilhão auricular com problemas localizados em diferentes partes do
corpo. Através de sua casuística clínica, Nogier mapeou, inicialmente, cerca de 30 pontos auriculares que
apresentavam correlação reflexa com diferentes regiões do corpo (Brasil, 2015).
No que se refere à influência da medicina chinesa no desenvolvimento da auriculoterapia, através de
descrições de livros clássicos sobre o trajeto dos meridianos de acupuntura na região da orelha,
correlacionou-se estímulos do pavilhão auricular com princípios da MTC (Brasil, 2015).
Em 1951 o Médico francês Paul Nogier a partir do curioso tratamento de citalgia por cauterização de
um ponto do pavilhão auricular em alguns pacientes que chegavam ao seu consultório, iniciou seus estudos
clínicos: produziu o primeiro mapa auricular, comparando-o com a figura de um feto na posição invertida e
batizou a técnica de Auriculoterapia (Neves 2016).
Os estudos de Nogier serviram de impulso para a sistematização do uso da auriculoterapia na China,
sendo que em 1958 a proposta da Auriculoterapia e o mapa auricular de Nogier foram publicados na
Revista de Medicina Tradicional de Shangai. A partir disso, houve um crescente interesse do estudo e
prática da auriculoterapia em universidades e hospitais da China. Nas décadas de 1970 e 1980 intensificou-
se a quantidade de estudos e observações empíricas na área da auriculoterapia e, como consequência, o
pavilhão auricular foi detalhadamente mapeado e utilizado como fonte de tratamento para diversas
disfunções (Brasil, 2015).
Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu a auriculoterapia como terapia de
microssistema para promoção e manutenção da saúde no tratamento de diversas enfermidades (Neves 2016).
Pode-se acreditar que a grande quantidade de ramificações nervosas oriundas dos nervos espinhais e
cranianos ligam os pontos auriculares a regiões cerebrais que estão ligadas através da rede nervosa aos órgãos e
partes do corpo. Assim, através do pavilhão auricular pode-se detectar e tratar alteração em um determinado
órgão ou parte do corpo (Neves, 2016). Os estudos realizados por Nogier sugeriram que o pavilhão auricular
representava um homúnculo muito semelhante ao apresentado por Penfield, representado no córtex cerebral. A
teoria do reflexo homuncular, proposta por Nogier, é baseada na existência de uma correlação entre as áreas
cerebrais e auriculares (Brasil, 2015).
Os pontos reflexos da orelha (somatotropia da orelha), inicialmente descritos por Nogier, serviram como
referência para o desenvolvimento dos mapas da auriculoterapia francesa e auriculoterapia chinesa (Brasil,
2015).
Posteriormente, Nogier fez uma série de modificações no seu mapa original (criando uma classificação de
etapas de aparecimento dos pontos reflexos auriculares de acordo com o grau de cronificação da doença), as
quais não foram bem aceitas pela comunidade internacional de praticantes de auriculoterapia. Desta maneira, o
mapa auricular chinês passou a ter maior popularidade e foi o modelo adotado por diversos países. Nesse
sentido, optou-se por utilizar os pontos reflexos do mapa chinês como o modelo de referência para esta
formação em auriculoterapia (Brasil, 2015).
A auriculoterapia chinesa, além de utilizar os princípios da reflexologia, também relaciona o uso dos
pontos auriculares aos fundamentos da MTC. Segundo a teoria da MTC, os doze meridianos (usados na
acupuntura) chegam até as orelhas, de forma direta ou indireta. Assim, quando algum meridiano tem seu fluxo
obstruído no corpo, aparecem pontos dolorosos na orelha, como uma reação reflexa do local obstruído. Além
disso, as funções dos órgãos e vísceras (Zang Fu) descritas na MTC podem ser estimuladas através dos pontos
auriculares.
Esta visão da auriculoterapia segundo a lógica da medicina tradicional chinesa será apresentada em no
curso Auriculoterapia Chinesa (Brasil, 2015).
Em uma visão mais estritamente biomédica e científica da auriculoterapia, diversos estudos
experimentais evidenciaram o efeito neurobiológico do estímulo do pavilhão auricular no controle de
diferentes funções fisiológicas. A abundante inervação da orelha é composta por nervos espinhais e
cranianos. Os nervos espinhais que chegam até a região da orelha são: nervo auricular maior e nervo
occipital menor. Os principais pares cranianos que inervam o pavilhão auricular são: o trigêmeo (nervo
auriculotemporal) e nervo vago. Embora não se tenha total esclarecimento sobre os mecanismos envolvidos,
diversas pesquisas demonstram mecanismos de controle da dor e inflamação que são potencializados através
da auriculoterapia (Brasil, 2015).
As chamadas zonas reflexas ou áreas se baseiam no conceito do pavilhão auricular como um
microssistema em que é encontrada a representação de todos os órgãos e estruturas do corpo humano (Brasil,
2015).
Figura 1: Mapa Auricular
Figura 2: Representação do um feto invertido no pavilhão auricular.
Face Posterior
da Orelha
O pavilhão auricular pode ser descrito como um órgão isolado que mantém relações com os demais órgãos
e regiões do corpo através de "reflexos cerebrais”;
Dessa forma, cada ponto da aurícula tem relação direta com um ponto cerebral, o qual, por sua vez, está
ligado pela rede do sistema nervoso a determinado órgão ou região da soma, comandando suas funções.
A relação tripla ponto auricular cérebro órgão é que torna a Auriculoterapia utilizável como
tratamento para as diversas enfermidades.
O pavilhão auricular pode ser descrito como um órgão isolado que mantém relações com os demais órgãos
e regiões do corpo através de "reflexos cerebrais”;
Dessa forma, cada ponto da aurícula tem relação direta com um ponto cerebral, o qual, por sua vez, está
ligado pela rede do sistema nervoso a determinado órgão ou região do soma, comandando suas funções.
A relação tripla ponto auricular cérebro órgão é que torna a Auriculoterapia utilizável como
tratamento para as diversas enfermidades.
Figura 4: Mecanismo de ação da Auriculoterapia
A orelha é dividida em três partes, sendo elas: externa, média e interna. O pavilhão auricular é a
parte externa da orelha em forma de concha, constituído de cartilagem elástica única, inervada e
vascularizada. O lóbulo da orelha é a única região do pavilhão que não apresenta cartilagem, pois é
constituída de tecido adiposo. A morfologia da orelha é diferente em cada indivíduo, tem cerca de seis
centímetros de comprimento no adulto e está localizada, em parte, no osso temporal, a sua conexão com o
crânio se dá através dos ligamentos e dos músculos auriculares. O pavilhão auricular está dividido em duas
faces: a anterior e a posterior (Brasil, 2015).
Figura 5: Morfologia do Pavilhão Auricular: face anterior e face posterior
Figura 8: vascularização arterial do pavilhão auricular Figura 9: vascularização venosa do pavilhão auricular.
7. Inervação da Orelha
A inervação sensorial do pavilhão auricular é complexa e abundante. A orelha é inervada por 3
nervos principais:
• Nervo auricular magno (maior) do plexo cervical.
• Ramo auricular do nervo vago (10º par de nervos cranianos)
• Ramo auriculotemporal do nervo trigêmeo (5º par de nervos cranianos).
• Compõem ainda a inervação da orelha: nervo occipital menor, nervo facial e nervo glossofaríngeo.
Figura10: Inervação da Orelha
De acordo com Borsarello (2008), segundo o Imperador Amarelo, os homens são dotados de
Jing (essência), Qi (energia), Jin-Ye (humores), de xué (sangue) e de mai (vasos), os dois Shen
(espíritos) do homem e da mulher unem-se e formam um novo ser (corpo).
8.2 Classificação das energias
As energias estão divididas em dois, a energia Yin e a energia Yang. A energia Yin é a energia do
repouso, da introspecção, do frio, elemento feminino, repouso; já a energia Yang consiste no movimento,
na agitação, do calor, elemento masculino.
Para medicina chinesa acredita-se que para que exista o estado de saúde é necessário o equilíbrio
entre as energias Yin e Yang, quando há o excesso ou a deficiência de qualquer destas energias ocorrem as
doenças e as síndromes, iniciando assim o aparecimento dos sintomas.
O símbolo usado para representar este equilíbrio pleno é o símbolo do Tai-Chi. Segundo
Sussmann (2007, p. 49)
Energia, no sentido em que se aplica a acupuntura, é a primeira manifestação da criação do universo
sensível, a primeira manifestação do TAO. A unidade se dicotomiza, se divide em dois, no que se
chama a Culminação Suprema ou Tai-Chi. Nasceu a dualidade, nasceu o universo, começou o
processo da criação e da destruição, da vida e da morte. Os representantes dessa dualidade são Yin e
Yang, as duas formas idênticas e opostas da Energia. Esse processo contínuo de oposição entre Yin
e Yang ficará sempre sob a dependência harmonizadora do Tao.
Esses dois aspectos da energia têm entre si relações recíprocas, sendo o Yang representado
pela essência, pela energia da respiração ou através do Yin, pela substância, a energia da alimentação.
Segundo Auteroche & Navailh (1992, p.33).
O Qi, o sangue e os líquidos orgânicos são os materiais básicos do organismo. Sua origem,
desenvolvimento, circulação e sua distribuição, só podem efetuar-se graças à atividade funcional das
vísceras. Mas, inversamente, a atividade funcional das vísceras não se pode manifestar sem que o Qi, o
sangue e os líquidos orgânicos lhes sirvam de base material.
Na MTC observa-se que a estrutura básica do ser humano é a mesma do universo. E tudo o que
existe no universo apresentam dois tipos de energia opostas, o Yin e o Yang. Desta forma, esta
classificação é utilizada também para classificar o corpo humano, onde a energia Yin está relacionada aos
órgãos internos, duros, que concentram a energia, purificam e fazem circular o sangue, são protegidos
pelas vértebras e costelas e são representados por cinco órgãos, coração, pulmões, rins, fígado e baço-
pâncreas. A energia Yang, são as funções relativas às vísceras ocas, produzem e fazem circular a energia
no corpo e é representada pelo estômago, bexiga, vesícula biliar, intestino grosso e intestino delgado.
Existe ainda a sexta função que não apresenta órgão representativo e é denominado circulação-
sexualidade na função Yin, e ao triplo-reaquecedor onde comanda as funções respiratória, digestiva e
gênito-urinária na função Yang. (CORDEIRO & CORDEIRO, 2014).
De acordo com Wen (2006) e Cordeiro & Cordeiro (2014), o Yin é a energia que está relacionada com
os fenômenos mais terrestres, vindos do solo, de materiais, pesados, inertes ou em repouso, a morte, o
corpo, o profundo, o escuro, o interno, o frio, a doenças crônicas. O Yang em contrapartida está relacionado
ao céu, ao alto, a leveza, ao movimento, a vida, ao psiquismo, ao superficial, a luz, ao externo, ao calor, a
doenças agudas. Um indivíduo que apresenta tranquilidade, o Yin e o Yang estarão em harmonia, porém em
casos de agitação, o Yin e o Yang estarão em desequilíbrio. A doença sempre será uma manifestação de
desequilíbrio energético entre esses dois tipos de energia. Sendo assim, quando houver excesso de Yang
haverá insuficiência de Yin e assim vice-versa.
Para Dulcetti Junior (2001) a Terra representa o Espaço e o Céu o tempo. A ação das energias Yang
(céu) promove condensação e no plano biológico vaso constrição em três maneiras: respiratória, digestiva e
cutânea. A energia do céu penetra pelas narinas, vai para os pulmões, e a seguir vai para a grande
circulação ou pela pele através dos meridianos. Sendo assim o Céu (energia celeste – ar) e a Terra (energia
terrestre – alimento) influenciam a ação terapêutica.
O símbolo do Yin é representado pela terra e o do Yang pelo céu, e o homem encontra-se entre a
terra e o céu, provindo dos dois. A força natural atuando sobre o Yin e o Yang dá início a segunda
manifestação do Tao, que é a teoria dos cinco elementos.
Segundo Dulcetti Junior (2001), a ação das energias celestes Yang (Céu) é descendente ou
centrípeta, resultando no movimento de reunir as energias, esta energia pode penetrar pelas narinas, ir
para os pulmões e seguir a grande circulação, ou penetrar através da alimentação e ser assimilada
pelo estômago ou ainda pela pele através do sistema de Meridianos. As energias da Terra (Yin)
tendem a uma ação centrífuga que se caracteriza a fase inspiratória da respiração.
9. Canais (Meridianos)
A visão holística da MTC parte do princípio de que o homem é um microcosmo gerado entre o céu e
a terra, esses representando o macrocosmo. Sendo assim, ele está submetido às influências de seu meio.
Podemos dizer que a MTC divide o corpo humano em três estruturas fundamentais: Zang-Fu, tecidos
e emoções. Essas estruturas, que são interdependentes, estão interligadas por canais (meridianos), onde
circulam Qi, sangue (Xue) e Jin Ye (fluídos corpóreos ou substâncias fundamentais), substâncias vitais
responsáveis por manter a integridade de todo o sistema (Brasil, 2015).
Figura 13: As três estruturas fundamentais segundo a MTC
• Fígado: armazena o sangue, regula o volume de sangue no organismo inteiro. Quando o sangue volta
para o fígado, com o organismo em repouso, contribui para restaurar a energia da pessoa; quando o
fluxo vai para o musculo durante a atividade física, nutre e umedece os músculos para capacitá-los a
desempenhar as atividades. Regula a menstruação; umedece os olhos e os tendões; assegura o fluxo
suave do Qi; controla os tendões, pois para o funcionamento dos movimentos de contração e
relaxamento dependem da nutrição e umedecimento pelo sangue.
• Pulmão: governa o Qi e a respiração. O pulmão retira do ar o Qi para o organismo, que se junta ao Qi
dos alimentos produzidos pelo baço para formar o Qi torácico (auxilia a função do coração e do pulmão,
promove boa circulação entre os membros); controla os meridianos e os vasos sanguíneos. O Qi do
pulmão auxilia a função do coração em controlar os vasos sanguíneos e controla o Qi nos meridianos.
Controla a dispersão e a descendência. Sobre estas funções (dispersão e descendência) asseguram a
entrada e a saída do Qi, assim como seu movimento livre; e regula a respiração e a troca de Qi entre o
organismo e o meio ambiente, que asseguram a todos os órgãos, a nutrição necessária do Qi, do sangue e
dos fluidos corpóreos; e previne o acúmulo bem como a estagnação dos fluidos corpóreos, que previnem
a dispersão e a exaustão do Qi do pulmão. Regula a passagem das águas por meio das funções dispersora
e descendente, o pulmão é responsável pela excreção dos fluidos corpóreos por meio da sudorese ou da
urina. Controla a pele e os pelos corpóreos que os nutre e os umedece; governa a voz; abre-se no nariz;
relaciona-se ao olfato.
.
• Estômago: controla o amadurecimento e a decomposição dos alimentos possibilitando que o baço
extraia a essência refinada dos alimentos; controla o transporte das essências dos alimentos em conjunto
com o baço para todo o organismo; controla a descendência do Qi, envia os alimentos transformados em
descendência para o intestino delgado; é a origem dos fluidos corpóreos
• Vesícula Biliar: estoca e excreta a bílis que auxilia o estomago e o baço na digestão. Controla o
julgamento, controla a capacidade de uma pessoa tomar decisões. Controla os tendões enquanto o
fígado nutre os tendões com seu sangue, a vesícula biliar proporciona o Qi necessário.
• Intestino Grosso: recebe os alimentos e líquidos do Intestino delgado, absorve a parte pura e impura
que é transformada em fezes.
• Baço: governa a transformação e transporte, através de sua função de transformação, extrai o Qi dos
alimentos e os transporta para vários sistemas. Controla o sangue, o Qi do Baço mantém o sangue dentro
dos vasos sanguíneos. Controla os músculos e os quatro membros. O Qi extraído dos alimentos é
direcionado para os músculos e membros. Se o Qi do baço estiver debilitado, o Qi refinado não poderá
ser transportado para os músculos e a pessoa se sentirá cansada, os músculos ficarão fracos e nos casos
mais severos, poderão atrofiar. Abra-se na boca e manifesta-se nos lábios. Controla a ascendência do Qi.
O Qi do baço é quem mantem os órgãos nos seus lugares. Se o Qi do Baço é deficiente e sua função de
elevar o Qi estiver deficiente, poderá ocorrer prolapso de vários órgãos, tais como o útero, estomago, rim,
bexiga ou ânus.
• Bexiga: remove a água por meio da transformação do Qi, recebe os fluidos corpóreos impuros do
intestino delgado e transforma em urina.
• Rim: armazena a essência e governa o nascimento, crescimento, reprodução e desenvolvimento.
Armazena a essência pré celestial, esta essência é herdada dos pais. Produz a medula, abastece o cérebro
e controla os ossos. Governa a água pois controla a transformação e o transporte dos fluídos corpóreos.
Controla a recepção do Qi. O Qi é enviado pelo pulmão em descendência para o Rim que ali o mantém.
Abra-se nos ouvidos, que é relacionado ao rim. Se o rim estiver debilitado, a audição poderá ser afetada,
com a ocorrência de zumbido. Manifesta-se no cabelo. Controla os orifícios inferiores, uretra e ânus.
Contém o Portão da vitalidade (Ming Men). Nos rins encontra-se o Ming Men, ele corresponde ao fogo
e a água de todo o corpo, ao Yin Yang, onde localiza-se a essência original (herdada) que determina a
vida e a morte.
10. Métodos de avaliação em auriculoterapia
1. Inspeção/observação
2. Palpação
O pavilhão auricular normal deve ser semelhante em tamanho, cor e umidade, indolor à palpação. É
firme e flexível, tem a coloração da mesma cor que a pele do restante do corpo, a hélice deve ter uma
cor avermelhada, livres de processos inflamatórios e hiperemia. Orelhas proeminentes e pendentes em
idosos são um sinal de atrofia e envelhecimento, é normal para essa faixa etária (Brasil, 2015).
Então,
• Antes de iniciar a avaliação devemos conhecer as características do pavilhão auricular sem alterações;
• Boa iluminação: de preferência uma luz natural ou uma luz branca (pode ser usada lupa ou lanterna);
• Não realizar higienização com água ou álcool no pavilhão auricular antes da avaliação;
Este método requer uma análise visual do pavilhão auricular. Observa-se as alterações de pele na superfície
da orelha (como cor, descamação, etc.) e as informações coletadas são referentes a reações reflexas de possíveis
problemas.
A inspeção geralmente é iniciada na face anterior e parte superior do pavilhão auricular, prossegue
descendo e segue da parte medial para a lateral. Depois de inspecionadas as regiões visíveis, investigar as
regiões mais escondidas como a cimba da concha e a cavidade da concha, trago, antítrago e região interna da
hélice, entre outras. Após a inspeção ser realizada na face anterior do pavilhão auricular, deve-se iniciar a
inspeção da face posterior do pavilhão auricular seguindo a mesma dinâmica.
As manifestações de alterações no pavilhão auricular incluem as seguintes características:
• Marcas de nascença;
1. Placa de Auriculoterapia (plástica - para serem preparadas com as sementes facilitando na aplicação dos
pontos auriculares);
2. Estilete (usado na preparação das placas de auriculoterapia);
3. Álcool 70º;
4. Algodão;
5. Sementes de mostarda (comestível);
6. Fita microporosa (preferência bege);
7. Pinça anatômica pequena serrilhada;
8. Apalpador de auriculoterapia;
9. Mapa dos pontos auriculares.
Figura 14: Materiais necessários para execução da auriculoterapia.
Mudanças vasculares Angiectasias (dilatação dos vasos sanguíneos) e Processos inflamatórios. Algias. Disfunções
telangiectasias (vasos dilatados – “aranhas circulatórias.
vasculares”) vermelho brilhante
Sentindo-se perfeitamente normal Dor leve e chata que não A dor interfere A dor incapacita o paciente,
chega a interferir nas significativamente na rotina impossibilitando-o de realizar suas
atividades diárias de atividades. Requer atividades de forma independente.
mudanças no modo de vida
do paciente, porém ele
permanece independente.
O paciente não consegue
se adaptar a dor.
LEMBRE-SE: Os métodos de diagnóstico auricular auxiliam para a seleção dos pontos a serem
utilizados como recurso terapêutico. Não devem ser utilizados como base para diagnósticos.
15. Princípios de seleção dos pontos para auriculoterapia
A seleção dos pontos de auriculoterapia deverá ser criteriosa de acordo com os problemas de saúde
apresentados pelo paciente e os objetivos terapêuticos do profissional. No caso de um tratamento para
apenas uma queixa, poderá ser escolhido um ou dois pontos reflexos, mas se o paciente apresentar diversas
queixas, pode-se selecionar em média de 8 até 10 pontos auriculares, sempre priorizando a queixa
principal. No caso da auriculoterapia reflexa a seleção dos pontos será de acordo com a localização
anatômica da respectiva parte do corpo (órgão interno, músculo, articulação, entre outras estruturas).
Fonte: Brasil, 2015
Antes de selecionar os pontos é importante observar as áreas mais sensíveis e doloridas à palpação,
considerando ainda a expressão facial e verbal do paciente.
Os pontos ou áreas auriculares de maior efeito sobre os distúrbios serão os pontos que apresentam
alterações (sensibilidade à palpação ou alterações na coloração, na morfologia ou vascular), sendo então
selecionados para um início de tratamento.
Cabe ressaltar que no conjunto ‘avaliação + anamnese’ associam-se pontos com ações reflexas de
forma combinada a outros pontos que irão auxiliar e potencializar o tratamento. Por exemplo, o ponto
articulação do quadril para dor (ponto reflexo) e o ponto Shen Men que acalma e alivia a dor.
Outro aspecto importante se refere à lateralidade. Não há uma regra específica e fechada em relação
à seleção dos pontos. De forma geral, na utilização da auriculoterapia reflexa se aplicam pontos no
pavilhão auricular do lado afetado em tratamentos relacionados às enfermidades osteomusculares. Como
por exemplo, dor no ombro direito aplica-se o ponto ombro no pavilhão auricular direito. Outros pontos a
serem utilizados como de ação específica ou de um determinado sistema, como regra geral tornam-se
ativos em ambos os lados ou no lado dominante, aplicam-se pontos no pavilhão auricular direito para
uma pessoa destra e aplicam-se pontos no pavilhão auricular esquerdo para uma pessoa canhota.
Ao utilizar pontos principalmente na região da cimba da concha e cavidade da concha e fossa
triangular, segue-se a regra da utilização dos pontos no lado dominante da pessoa.
A auriculoterapia como terapêutica gera e propicia um equilíbrio, um efeito homeostático. Portanto, o
mesmo ponto pode ser utilizado em diversos casos. Por exemplo, o ponto Intestino Grosso pode ser usado
para tratar tanto constipação como a diarreia.
A auriculoterapia consiste em uma técnica terapêutica que complementa no tratamento de diversos
distúrbios auxiliando o profissional de saúde. Você pode aprofundar os pontos subdividindo por sistemas
(respiratório, urogenital, musculoesquelético, entre outros). É uma forma de aprofundar e auxiliar na seleção
dos pontos para iniciar um tratamento.
Na utilização da técnica de auriculoterapia a seleção de pontos consiste num processo simples:
Insônia
Pontos: Shen Men, Coração, ansiedade, Neurastenia, Fígado.
Pontos complementares: Subcórtex, Ponto zero, Simpático.
Outros pontos: Frontal, Occipital, Cérebro, Rim.
Estresse
Pontos: Supra Renal, Occipital, Coração.
Pontos complementares: Subcórtex, Ponto Zero, Shen Men, Neurastenia.
Outros pontos: Relaxamento Muscular, Tronco Encefálico.
Alergias
Pontos principais: Nariz Interno, Asma 1, Asma 2, Alergia, ápice da Orelha.
Pontos Complementares: Nervo Occipital Menor, Ponto Zero, Shen Men, Simpático, Endócrino.
Outros: Baço, San Jiao.
18.Localização dos pontos e indicações de uso
Ponto Indicação
Alergia Alergia, asma brônquica, prurido, processos alérgicos em geral.
Área Lombar Ciatalgia, hérnia de disco, lombalgia, paralisia dos membros inferiores e artrose.
Articulação do Quadril Algia local, doenças osteomusculares, desgaste ósseo, bursite trocantérica e
artrose do quadril.
Asma 1 (Ping Chuan Superior) Bronquite, asma, tosse, dispneia e enfisema pulmonar.
Bexiga Infecção do trato urinário, transtorno do trato urogenital, disúria, poliúria, prostatite,
incontinência.
Cérebro Excitação mental, Alzheimer, Mal de Parkinson, agitação, enxaqueca, cefaleia e
deficiência cognitiva.
Frontal Transtorno na região frontal, sonolência, tensão nervosa, hipertensão arterial, falta de memória e
falta de concentração
Joelho Lesão dos ligamentos, citalgia dos membros inferiores, luxação local, dores articulares,
meniscopatia e lesão dos músculos poplíteos.
Nariz Interno Alivia nariz escorrendo, espirro, resfriado, gripe, sinusite, rinite, epistaxe, obstrução nasal, alergia e
vento patológico.
Nervo occipital Menor Cervicalgia, cefaléia occipital. Alivia alergias, asma, rinite alérgica, tosse, dermatite, urticária, anti-
histamínico, anti-inflamatório e antialérgicos.
Simpático Algias em geral, náuseas, vômitos, hiperidose das mãos e pés. Estabilização vegetativa
das vísceras.
AUTEROCHE, B., NAVAILH, P. Diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo: Andrei, 1992.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Formação em Auriculoterapia para profissionais de saúde da Atenção Básica.
2015.
CORDEIRO, Ari e CORDEIRO, Rui. Acupuntura: elementos básicos. 5.ed. São Paulo: Polis, 2014.
CORDEIRO, Ari e CORDEIRO, Rui. Acupuntura: elementos básicos. São Paulo: Polis, 2009.
DULCETTI JUNIOR, O. Pequeno Tratado de Acupuntura Tradicional Chinesa. São Paulo: Andrei, 2001.
WEN, T. S. Miriam Akemi Kumatsu trad. Manual Terapêutico da Acupuntura. Barueri: Manole, 2006.