Di Aula - Fontes Do Direito Internacional

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UNIDADE 2 - DIREITO INTERNACIONAL - PROF.

WALBER MUNIZ
TEXTO COMPLEMENTAR E EXERCÍCIO Nº 2

FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO:

1) São os modos através dos quais o DIP se manifesta, isto é, as formas através das quais
urgem as normas jurídicas internacionais.
2) São os documentos ou pronunciamentos que geram direitos e deveres das pessoas
internacionais, configurando os modos de formais constatações do direito internacional.
FONTES MATERIAIS: Fatos históricos, sociais e econômicos.
FONTES FORMAIS: Normas de direito positivo.

OS TRATADOS
É a fonte atualmente mais utilizada do DI porque tratam das matérias mais importantes.
CONCEITO: É um acordo internacional concluído entre Estados em forma escrita e
regulado pelo DI, consubstanciado em um único instrumento ou em dois ou mais
instrumentos conexos qualquer que seja a sua designação específica.
É o ato jurídico por meio do qual se manifesta o acordo de vontades entre duas ou mais
pessoas internacionais. É o acordo regido pelo DI.

A CONVENÇÃO DE VIENA DE 1969 (em vigor desde 1980) e a de 1986: as regras


costumeiras sobre tratados foram codificadas. Brasil ratificou em 2009.
O direito de firmar tratados deixou de ser atributo dos Estados e pode ser exercido pelas
demais pessoas internacionais.

OUTRAS DENOMINAÇÕES DADAS AOS TRATADOS, CONFORME O


CONTEÚDO, O OBJETO OU A FINALIDADE: Convenção (cria normas gerais),
Acordo (tem cunho econômico, financeiro e comercial) protocolo (pode ser uma ata de uma
conferência ou um tratado), convênio, declaração (afirmam uma atitude política comum),
modus vivendi (acordo temporário). Hierarquicamente o tipo mais importante é a Carta. Ex:
Carta da ONU e da OEA.

CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS:


- Bilaterais: celebrado entre duas partes
- Multilaterais: celebrados por mais de duas partes
- Tratados – leis: objetivam estabelecer normas de DI
- Tratados – contratos: retratam interesses específicos e recíprocos entre os Estados
acordantes

CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS TRATADOS:


- Capacidade das partes: Os estados e organizações internacionais têm capacidade
para firmar tratados
- Habilitação dos agentes signatários: O representante de cada comprovação de
plenos poderes
- Consentimento mútuo: Como é um acordo de vontades, deve haver o consentimento
expresso de todas as partes envolvidas. Nos tratados multilaterais, a adoção do texto
deve ser efetuada pela maioria de dois terços
- Objeto lícito e possível: O tratado somente versa sobre objeto materialmente
possível e permitido pelo direito e pela a moral

EFEITOS DO TRATADO SOBRE TERCEIROS ESTADOS


- Em princípio, só produzem efeito entre as partes contratantes e são de cumprimento
obrigatório.
- Repercussões sobre terceiros: Se for nociva, o prejudicado pode protestar e pedir
reparações. Os tratados, entretanto, podem favorecer terceiros não participantes
dele.
- Ratificação, adesão e aceitação do tratado: Art. 11 da Convenção de Viena: O
consentimento do Estado no tratado deve ser feito através de assinatura, troca de
instrumentos constitutivos de tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão,
ou qualquer outro meio, se assim acordado.
- Ratificação: ato administrativo mediante o qual o chefe de Estado confirma o
tratado em seu nome ou em nome do Estado. Geralmente só ocorre após aprovação
pelo parlamento.
- Adesão ou aceitação: deve ser efetivada pelos Estados que desejarem ser parte
posteriormente à sua entrada em vigor.
- Registro e Publicação dos Tratados: Conforme art. 102 da Carta das Nações Unidas,
o tratado deverá obrigatoriamente, para ser válido, ser registrado no Secretariado e
por este publicado.

A INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS. REGRA GERAL: Os tratados devem ser


interpretados de boa-fé. Deve-se levar em consideração não somente o texto, mas o
preâmbulo e os anexos. Os trabalhos preparatórios (travaux préparatoires) do tratado
também podem ser utilizados como fonte de interpretação.
- Se redigido em duas línguas e houver discrepâncias entre os textos, cada parte
somente é obrigada pelo texto de sua língua, salvo disposição em contrário.

APLICAÇÃO DE TRATADOS SUCESSIVOS SOBRE A MESMA MATÉRIA


- Tese da lex prior: quando tratam do mesmo assunto de forma diferente, prevalece o
que primeiro entrou em vigor.
- Tese da lex posterior: prevalece o que entrou em vigor posteriormente.
- Tese da lex sepeciales: prevalece o que tratou da matéria de forma mais específica,
especial ou detalhada.

NULIDADE: Ocorre em virtude de erro, dolo, corrupção do representante do Estado,


coerção sobre o representante, coerção decorrente de ameaça ou emprego de força, além de
tratado firmado sem observar normas de DI.
EXTINÇÃO:
1) Execução integral do tratado
2) Expiração do prazo convencionado
3) Verificação de condição resolutória (aquela que quando deixa de existir,
extingue a obrigação ou o direito)
4) Acordo mútuo entre as partes
5) Renúncia unilateral, ao Estado que se beneficia exclusivamente
6) Denúncia, admitida pelo tratado
7) Inexecução do tratado
8) Guerra entre as partes
9) Prescrição liberatória

O COSTUME: Até a 2a. guerra mundial havia a supremacia do costume como fonte do DI,
tendo perdido força com a evolução tecnológica, que passou a exigir soluções rápidas
(diferentemente dos costumes, que têm formação lenta) e o aumento do número de atores
internacionais desejosos de atuar no ordenamento internacional através de tratados
negociados em organismos internacionais.
“Norma derivada de longa prática uniforme ou de geral e constante repartição de
dado comportamento sob a convicção de que corresponde a uma necessidade
jurídica” (Washington de Barros Monteiro).

CARACTERÍSTICAS DO COSTUME:
a) Era fruto de usos tradicionais durante longo tempo
b) É o resultado de atos seguidos que constituem precedentes

ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O COSTUME INTERNACIONAL


- Elemento Material: repartição prolongada e constante de atos exteriores.
- Elemento espiritual: crença de que a regra seguida pela prática e repartição dos atos
exteriores é obrigatória.

1) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO:


- Princípios da Continuidade do Estado
- As limitações à independência do Estado não se presumem
- Princípio da Primazia do Direito Internacional sobre o Direito Interno, nos casos de
competência material concorrente.
- Princípio do esgotamento das vias internas de recurso antes de ingresso perante uma
jurisdição internacional
- Princípios gerais de ordem interna: princípio do abuso do direito, respeito aos
direitos adquiridos, princípio da prescrição (perda do direito pelo decurso do
tempo), respeito à coisa julgada (sobre a qual não caiba mais recursos), exceção de
litispendência (existência de duas ações idênticas e pendentes, podendo uma delas
ser excepcionada ou excluída)

2) DECISÕES JUDICIAIS
Dispõe o artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça que, em suas
decisões, poderá recorrer, como meio auxiliar, às decisões judiciais e à doutrina dos
autores mais qualificados.
Por decisões judiciais deve-se entender decisões da própria Corte, dos tribunais
nacionais, decisões de tribunais de determinadas organizações internacionais. As
mais importantes são as decisões da própria Corte, que não são contestadas.

3) DECISÕES DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS E ESTATUTO


INTERNO DAS MESMAS: As mais importantes são as decisões da Assembléia
Geral da ONU, por ser o órgão mais representativo a nível internacional.
4) A DOUTRINA: Opinião e escritos dos autores internacionalistas mais
consagrados. Cite-se também as resoluções do Instituto de Direito Internacional e os
trabalhos apresentados pela Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas.

EXERCÍCIOS

1. Por que atualmente o costume não mais constitui a mais utilizada fonte do DI, como
acontecia até a metade do século XX?

2. Enumere e dê o conceito de pelos menos dois princípios jurídicos de origem interna


que podem constituir fonte do DIP.

3. No que concerne à jurisprudência, quais as decisões mais importantes para o DIP?

4. Uma norma interna de um Estado entra em conflito com um tratado por ele firmado,
tratando as duas normas sobre o mesmo assunto. Qual fonte do direito internacional
poderia ser utilizada para resolver a questão?

5. Quais as principais fontes escritas do DI?

6. Como podemos classificar os Tratados da União Europeia e do Mercosul?

7. Um tratado sobre o clone humano ou tráfico de drogas ou pessoas seria possível


atualmente? Por quê?

8. Qual o mecanismo para que um país possa fazer parte de um tratado em vigor?

9. Um determinado tratado firmado entre Brasil e Alemanha tratou sobre energia


nuclear, de forma genérica, com prazo de validade de 5 anos. Um tratado, firmado
um ano após, tratou da mesma matéria e ainda sobre a instalação de usinas e
elasteceu o prazo para 10 anos. Qual deles é válido após a entrada em vigor do
segundo tratado? Por quê?

10. É possível um país desistir de um tratado após a sua entrada em vigor? Justifique.

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