Nutrição

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elementos para a construção de inúmeras


substâncias que são essenciais para o crescimento
e para a sobrevivência de todos os seres humanos.
Sistema de Ensino de Enfermagem Esta seção se inicia com um breve panorama sobre
Curso Técnico em Enfermagem digestão, absorção, transporte e excreção de
Disciplina: Nutrição e Dietética nutrientes. Esses processos notáveis convertem
Professora: Leiliane Reis uma infinidade de produtos alimentícios em
nutrientes individuais prontos para serem
utilizados no metabolismo. Cada macronutriente
1. FONTE, DIGESTÃO, ABSORÇÃO (proteínas, carboidratos e lipídeos) e
METABOLISMO, TRANSPORTE,
micronutrientes (vitaminas e minerais), assim
RESERVATÓRIO E EXCREÇÃO DOS
CARBOIDRATOS, PROTEÍNAS LÍPIDEOS, como a água, são indispensáveis para a criação e
VITAMINAS E MINERAIS manutenção da vida. Sem alimento não há vida,
uma alimentação inadequada ou deficiente traz
inúmeros prejuízos a saúde.
1.1 INTRODUÇÃO 1.1.2 CONCEITOS BÁSICOS DE NUTRIÇÃO

✓ Nutrição: é a ciência que estuda as necessidades


nutricionais, as transformações pelas quais os
alimentos passam no Sistema Digestório para
serem utilizados como fonte de energia para a
manutenção e formação de tecido corporal.
✓ Alimentos: é toda substância que introduzida no
O organismo pode ser comparado a uma máquina, organismo, transformada e aproveitada, fornece
assim como esta requer para seu funcionamento, material para o crescimento e a reparação dos
óleos e graxas, a máquina humana exige o seu tecidos, calor e energia para o trabalho.
combustível o alimento. Entretanto, este tem que ✓ Nutrientes: são compostos específicos
ser de boa qualidade, variedade e fornecido em encontrados nos alimentos, e são importantes
quantidades adequadas. Um pequeno descontrole para o crescimento e sobrevivência dos seres
nesses fatores é suficiente para que o organismo vivos. Os nutrientes de acordo com a natureza
não funcione bem, ocasionando sérias das funções que desempenham no organismo,
perturbações. O alimento fornece energia e são agrupados em diferentes categorias, a saber:

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• Reguladores: exercem função no controle ou no onde os dentes trituram e esmagam os alimentos


equilíbrio do metabolismo, protegendo contra as em partículas pequenas. O bolo alimentar (massa
doenças. São as vitaminas, os sais minerais, a alimentar) é simultaneamente umedecido e
água e as fibras vegetais. lubrificado pela saliva. A massa alimentar
• Energéticos: exercem a função de fornecer atravessa a faringe sob controle voluntário, mas
energia, o combustível para que nosso organismo pelo esôfago o processo de deglutição é
possa realizar suas funções normais. São involuntário, denominado movimentos
carboidratos e as gorduras. peristálticos. No estômago as partículas de
• Construtores: atuam na formação de tecidos alimentos são propulsionadas para a frente e
orgânicos no plano de renovação dos mesmos e, misturadas com secreções gástricas (ácido
principalmente no crescimento. São as proteínas. clorídrico). Essa secreção gástrica ativa a enzima
proteolítica denominada pepsina, secretada pelas
1.2 PROTEÍNAS glândulas do estômago, que inicia a digestão
química proteica, ela serve para modificar a forma
e o tamanho de algumas proteínas.
O intestino delgado é o principal local para a
absorção de todos os nutrientes, inclusive das
proteínas. As enzimas proteolíticas: tripsina,
quimiotripsina, carboxipeptidase etc., são
produzidas pelo pâncreas quando o quimo, que é
formado pela massa alimentar e ácido clorídrico,
entra em contato com a mucosa do intestino e
São substâncias nitrogenadas e complexas degradam totalmente as moléculas de proteínas,
compostas por carbono, hidrogênio, oxigênio, transformando-as em aminoácidos livres.
nitrogênio, constituídas de aminoácidos que são 1.2.3 Absorção das proteínas
unidos através de ligações denominadas Os aminoácidos são absorvidos no intestino delgado,
peptídicas. A sequência dos aminoácidos o qual tem dobras características em sua superfície
determina e estrutura final e a função da proteína. denominadas válvulas coniventes. Essas convolações
A estrutura corporal dos seres humanos e animais são cobertas por vilosidades, que, por sua vez, são
é composta por proteínas. cobertas por microvilosidades, ou borda em escova
1.2.1 Fontes proteicas que cria uma enorme superfície de absorção.
Os alimentos mais ricos em proteína são os de 1.2.4 Metabolismo, transporte, reservatório e
origem animal como carne, peixe, ovo, leite, excreção das proteínas
queijo e iogurte; e em menor quantidade em Os aminoácidos resultantes saem da célula para o
alguns vegetais. sistema porta que os conduz ao fígado. No fígado os
1.2.2 Digestão proteica aminoácidos podem ser modificados ou liberados
Na boca não há digestão química através das para o sangue e distribuídos através do organismo. A
enzimas proteolíticas (degradadoras de maior parte dos aminoácidos é utilizada como partes
proteínas), porém ocorre a digestão mecânica, constituinte de novas proteínas, mas alguns podem

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ser transformados em gorduras ou carboidratos para ricos em fibras e nutrientes; lenta absorção no
serem utilizados como fonte de energia. O Nitrogênio intestino; reduz o risco do desenvolvimento de
dos aminoácidos é liberado forma de uréia (produto diabetes, aumenta a saciedade.
natural do metabolismo das proteínas) que será ✓ Carboidratos simples ou refinados:
eliminada através da urina. encontrados nos alimentos refinados e
Não existe reservatório de proteínas, todas são industrializados. Devem ser consumidos com
partes constituintes do organismo humano, o moderação, pois são pobres em fibras e
excedente é eliminado. nutrientes, possui rápida absorção intestinal
1.2.5 Funções das proteínas que aumenta o risco do desenvolvimento de
São os constituintes básicos das fibras musculares, diabetes, e as calorias são rapidamente
cabelo, ossos, dentes e pele; Agem como reparadores convertidas em gordura.
do organismo; fazem parte do sistema imunológico. 1.3.1 Fontes de carboidratos
1.2.6 Deficiência proteica Nos alimentos de origem vegetal, como cereais,
Cansaço facial, palidez e desânimo, Falta de raízes, tubérculos, leguminosas e frutas.
resistência contra doenças, cicatrização e Síndrome 1.3.2 Digestão dos carboidratos
de Kwashiorkor. Na boca os carboidratos passam pela digestão
1.2.7 Excesso proteico mecânica e química. Uma secreção serosa contendo
Alterações hepáticas, alterações renais e aumento da amilase denominada ptialina inicia a digestão do
gordura. amido. Essa digestão é mínima e a amilase se torna
inativa quando alcança o conteúdo ácido do
1.3 CARBOIDRATOS estômago. Ao chegarem no intestino delgado os
carboidratos voltam a ser degradados em partículas
ainda menores, através da ação da amilase
pancreática, que é secretada no intestino e pelas
amilases que revestem a borda em escova.
1.3.3 Absorção dos carboidratos
São absorvidas pelas microvilosidades ou borda em
escova do intestino delgado.
1.3.4 metabolismo, transporte, reservatório e
excreção dos carboidratos
Após absorção são carreados pelo sistema porta
São as partes constituintes dos vegetais, sendo a
para o fígado e transportados para todos os
principal fonte de energia da dieta humana
tecidos corporais para obtenção de energia ou
compondo cerca de metade das calorias. Os
transformados em gorduras ou armazenados no
carboidratos são compostos de carbono,
fígado e no músculo em forma de glicogênio
hidrogênio e oxigênio. Existem dois tipos:
(reservatório) que são formados por moléculas de
✓ Carboidratos complexos: são os encontrados
glicose. O glicogênio muscular funciona como a
nos vegetais e em alimentos integrais. São os
principal fonte de energia para o músculo; e o
mais indicados para compor a dieta por serem
glicogênio hepático pode ser transformado

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novamente em glicose para ser utilizado como ✓ Fibras insolúveis: aumentam a capacidade de
fonte de energia no jejum. retenção de água do material não digerido,
A insulina é o hormônio responsável pela captação levando ao aumento do bolo fecal e trânsito
de glicose na corrente sanguínea e consequente intestinal diminuído.
distribuição para o fígado e tecidos periféricos.
Quando os carboidratos ultrapassam os limites de 1.4 LIPÍDEOS
referência na corrente sanguínea, a glicose é
liberada na urina.
1.3.5 Função dos carboidratos
Principal fonte de energia para os seres vivos,
principalmente para o cérebro.
1.3.6 Deficiência de carboidratos (hipoglicemia)
Ocasiona depleção do sistema imunológico,
cansaço, náuseas, nervosismo, fraqueza, suor, São moléculas biológicas insolúveis em água que
irritabilidade, fome, sonolência, tremores e são extraídas de tecidos animais e vegetais. Eles se
acidose metabólica que pode ocasionar dores de apresentam em temperatura ambiente em forma
cabeça, tontura e mau hálito e em casos mais de óleos (geralmente insaturado) e em forma de
gordura sólida (geralmente saturados).
graves coma e óbito.
1.4.1 Digestão dos lipídeos
1.3.7 Excesso de carboidratos (hiperglicemia)
Começa na boca com a digestão mecânica por
Leva à Boca seca, sede excessiva, fraqueza, dor de
meio da mastigação e pela química com a
cabeça, visão embaçada, aumento da frequência
produção da lipase lingual. Essa enzima é ácido
urinária, diabetes e suas complicações.
estável, funciona efetivamente no ambiente ácido
1.3.8 Fibras
do estômago. A mastigação mistura a lipase com
alimento e reduz o tamanho das partículas; isso faz
aumentar a superfície exposta e irá facilitar a ação
dos sucos digestivos. Ao chegar ao estômago, por
meio dos movimentos peristálticos, este secreta a
lipase gástrica. Essa enzima trabalha com a lipase
São componentes vegetais que não são digeridos
lingual para continuar a hidrólise. A maior parte do
pelo trato gastrointestinal e possuem funções
fracionamento dos lipídeos ocorre no intestino
fisiológicas benéficas e reduzem o risco de certas
delgado. Quando o quimo penetra no intestino, a
doenças. O papel das fibras no trato
bile, que é produzida pelo fígado e secretada pela
gastrointestinal varia de acordo com a
vesícula biliar na luz do intestino, é
solubilidade:
predominantemente composta por uma mistura
✓ Fibras solúveis em água: formam géis,
de água, sais biliares, e pequenas quantidades de
desaceleram o trânsito intestinal, ligam-se a
pigmentos de colesterol para emulsificar os
outros nutrientes como colesterol e diminuem
lipídeos. Essa secreção não contém enzimas
sua absorção.
digestivas. O intestino delgado recebe também o

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suco pancreático que auxilia na emulsificação da 1.4.6 Dislipidemias


gordura. Além disso, o pâncreas secreta a enzima
lipase pancreática para continuar a digestão
química dos lipídeos. A lipase pancreática exerce
um efeito de degradação poderoso sobre as
superfícies das gotículas de gorduras e conclui a
degradação dos lipídeos, transformando-os em
ácidos graxos livres.
Os níveis plasmáticos dos lipídeos acima do
1.4.2 Absorção dos lipídeos
intervalo normal constituem um dos principais
Os aglomerados de ácidos graxos livres emulsificados
fatores de risco para doenças cardiovasculares. A
pela bile é denominado micelas, as quais serão
hipercolesterolemia é a alta taxa de colesterol no
absorvidas pelas microvilosidades intestinas.
sangue e hipertrigliceridemia é o valor elevado de
1.4.3 metabolismo, transporte e reservatório dos
triglicerídeo sanguíneo. O transporte desses
lipídeos
lipídeos na corrente sanguínea, devido a sua
Ao atravessarem a membrana das células as
insolubilidade é realizado por moléculas
micelas se desligam dos ácidos graxos e estes se
hidrofílicas (afinidade com a água) denominadas
unem novamente para formar triglicerídeos. A
lipoproteínas:
maior parte dos triglicerídeos após serem
✓ VLDL -transporta o triglicerídeo produzido
absorvidos são lançados no sistema porta e
pelo fígado para os tecidos periféricos do
transportados até o fígado para utilização
corpo.
subsequente pelos vários tecidos no metabolismo
✓ LDL- transporta colesterol para os tecidos
ou para armazenamento. A gordura alimentar é
periféricos do corpo é conhecida como “mau
armazenada nos adipócitos, as células
colesterol”.
constituintes do tecido adiposo. A capacidade de
✓ HDL- remove o colesterol dos tecidos
armazenar e utilizar grande quantidade de
periféricos do corpo e depositados nas artérias
gordura torna os seres humanos capazes de
de volta ao fígado, é conhecida como “bom
sobreviver, estando privados de alimentos, por
colesterol”.
semanas e, algumas vezes, por meses.
1.4.5 Funções dos lipídeos
1.5 VITAMINAS
Funciona como reservatório energético; uma
camada de gordura subcutânea atua como
isolamento térmico, preservando o calor e
mantendo a temperatura do corpo; os coxins
gordurosos nas palmas e nas nádegas protegem os
ossos da pressão mecânica; absorção das
vitaminas A, D, E e K e possui também um papel
estrutural mantendo os órgãos e nervos corporais
em posição e protegem-nos de lesões traumáticas
e choque.

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✓ Fonte: folhas verdes hortaliças (espinafre, couve,


As vitaminas (aminas vitais) são substâncias repolho), ervilha, soja, tomate e em alimentos de
indispensáveis à vida em quantidades reduzidas e origem animal.
reguladoras de numerosas ações metabólicas. São 1.5.1.5 Absorção das vitaminas lipossolúveis
classificadas em: São digeridas e absorvidas através da camada da
✓ Lipossolúveis: solúveis em gorduras ou mucosa, principalmente no intestino delgado e
solventes de gordura. São elas: A, D, E, K. necessita da presença de gorduras.
✓ Hidrossolúveis: solúveis em água. São as 1.5.1.6 Armazenamento das vitaminas
vitaminas do complexo B e C. lipossolúveis
São estocadas no fígado e tecido adiposo.
1.5.1 Vitaminas lipossolúveis
1.5.1.1 Vitamina A
1.5.2 Vitaminas hidrossolúveis
É indispensável para a integridade da visão
1.5.2.1 Vitaminas do complexo B: B1 B2, B3,
noturna, à formação dos tecidos epiteliais e da
B5, B6, B9 e B12
estrutura óssea.
Atuam no metabolismo dos nutrientes e na
✓ Deficiência: cegueira noturna e xeroftalmia.
conservação dos tecidos corporais.
✓ Fontes: Fígado, manteiga, gema, leite integral,
✓ Deficiência: lesões em diversas partes da
creme de leite, vegetais pigmentados na forma
derme, no sistema nervoso e Beriberi
de caroteno, principalmente na cenoura,
✓ Fontes: levedo de cerveja, vísceras grãos
mandioquinha, folhas verdes em geral e alguns
integrais de cereal, leite, ovos, vegetais
frutos. (mamão e melão).
folhosos, carne, fígado e peixes.
1.5.1.2 Vitamina D
1.5.2.2 VITAMINA C
Atua na formação de ossos e dentes, previne e
Age na manutenção da integridade capilar e dos
cura o raquitismo.
tecidos, atua na defesa contra infecções e estimula
✓ Deficiência: raquitismo e osteomalácia.
à cicatrização e consolidação de fraturas,
✓ Fonte: luz solar, óleo de fígado de peixe, leite
reduzindo à tendência a infecção.
fortificado e ovos.
✓ Deficiência: escorbuto
1.5.1.3 Vitamina E
✓ Fontes: frutas cítricas, laranja, limão,
É considerado um importante antioxidante por
tangerina, abacaxi, caju e vegetais (pimentão e
sua capacidade de prevenir danos das membranas
repolho)
das células.
1.5.2.3 Absorção e armazenamento das
✓ Deficiência: rara
vitaminas hidrossolúveis
✓ Fonte: gérmem de cereais, vísceras, músculos,
São digeridos e absorvidos através da camada da
ovos e leite.
mucosa, principalmente no intestino delgado. Não
1.5.1.4 vitamina K
há armazenamento elas são excretadas
Possui ação anti-hemorrágica por ter sua principal
continuamente na urina.
ação no fenômeno de coagulação do sangue.
✓ Deficiência: hemorragia

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1.6 MINERAIS
A água é o nutriente mais importante do nosso
organismo. Nosso organismo composto de 60% do
peso corporal do adulto. Faz parte de todos líquidos
e células do corpo e funciona na digestão, absorção,
circulação e excreção. Embora a água não forneça
calorias, é essencial para a produção de energia, já
Os minerais formam as cinzas dos materiais que nenhuma célula funciona sem a presença de
biológicos após completa oxigenação na matéria água.
orgânica. São sais inorgânicos indispensáveis 1.7.1 Origem das águas dos tecidos corporais
como componentes estruturais e em muitos Se originam da água ingerida como bebida, das
processos vitais. Estão presentes nos tecidos águas constituintes dos alimentos e das a águas de
duros (ossos e dentes) e nos fluidos corporais e origem metabólica.
tecidos moles. São eles: cálcio, fósforo, potássio, 1.7.2 As vias pelas quais o organismo perde água
enxofre, sódio, cloro e magnésio, ferro, zinco, Através da pele, pulmões, excreção urinária e
selênio, manganês, cobre, iodo e outros. No intestinal e por meio do suor. A falta de água no
organismo são encontrados apenas traços desses organismo pode causar desidratação, que é a
perda de água, principalmente através do vômito
minerais.
e diarreia. Seus sintomas são sede, náuseas,
✓ Fontes: alimentos de origem vegetal e animal; vômitos, língua seca, perda de peso, confusão
água mental, delírio, abatimento etc. Por outro lado, o
✓ Funções: estrutura para formação de ossos e excesso de água o organismo pode ocasionar
dentes, mantem o ritmo cardíaco normal, intoxicação e evoluir para óbito.
contração muscular, regulam o metabolismo.
✓ Deficiência: osteoporose, alterações 2. DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICA E
musculares, anemia, hemorragias, bócio etc. PROTEICO-ENERGÉTICA
1.6.1 Absorção e excreção dos minerais
São digeridos e absorvidos através da camada da
mucosa intestinal, e em alguns casos é necessário
se ligar a um ácido para tornar-se absorvível, esse
processo é denominado “quelação”. Os minerais
são excretados diariamente através do suor, urina
ou fezes.

1.7 ÁGUA
2.1 Introdução
A desnutrição constitui um problema universal de
Saúde Pública. É uma patologia multifatorial,
podendo ser desencadeada por uma baixa
ingestão alimentar associada à pobreza e/ou a
infecções, afetando principalmente as crianças

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abaixo de cinco anos de idade. Neste capítulo, será O marasmo é caracterizado por uma deficiência
enfatizada a Desnutrição Energético-Proteica que crônica energético-proteica (calorias e proteínas)
é uma condição anormal de ingestão alimentar equilibrada, com perda da massa muscular e ausência
insuficiente para suprir as necessidades proteicas
de gordura subcutânea, normalmente a criança
e energéticas do organismo. Ela é considerada
primária quando há ingestão inadequada de apresenta peso abaixo de 60% da média para a idade.
alimentos ou esses têm baixa qualidade em A desnutrição energética-proteica é comum em
termos de energia ou proteínas ou secundária crianças entre 6 e 24 meses de idade que vivem em
quando decorre de doenças ou condições que países subdesenvolvidos em que há escassez de
alteram a absorção, o metabolismo ou as perdas alimentos, principalmente de carboidratos e
de nutrientes. As consequências da desnutrição proteínas. Além do fator socioeconômico, o marasmo
para o organismo da criança são várias, desde o
pode ser influenciado pelo desmame precoce,
comprometimento do crescimento, onde a
manutenção da carência alimentar leva à ingestão inadequada de alimentos e condições
desaceleração do ganho de estatura na tentativa precárias de saúde. Dessa forma, o aspecto físico da
de economizar energia visando manter as funções criança marasmática é caracterizado por perda de
vitais, além da diminuição do peso, devido à perda peso severa, membros superiores e inferiores
de tecido subcutâneo e massa muscular. A criança extremamente magros, com baixa estatura para a
que apresenta quadro de desnutrição está mais idade, expressão facial envelhecida, abdômen
sujeita a adquirir infecções, os efeitos da
saliente e pele enrugada e solta na região das
desnutrição e da infecção, mesmo nas formas
moderadas e leves, não são aditivos, mas sim nádegas, além de apresentar baixa atividade física,
multiplicativos, visto seu sistema imunológico diarreia, parasitoses, tuberculose, hipotermia,
estar comprometido. Esse quadro pode levar a um anemia e desidratação, afetando também o aspecto
comprometimento no desenvolvimento geral, emocional, devido aumento na concentração do
com efeitos deletérios na aprendizagem e nas hormônio cortisol a criança se apresenta mal-
funções motoras. A desnutrição pode ser
humorada, triste e chorosa. As proteínas plasmáticas
classificada quanto à intensidade (leve, moderada
e grave), duração (aguda e crônica) e tipo encontram-se normais ou levemente diminuídas.
(Marasmo, Kwashiorkor e manifestações
intermediárias). 2.2.2 KWASHIORKOR

2.2 Tipos de subnutrição


2.2.1 Marasmo

O kwashiorkor, é mais frequente em crianças


menores de 5 anos, e consiste basicamente em
desnutrição predominantemente proteica, que

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pode ser associada também na deficiência de tem capacidade de tolerar as quantidades


calorias. A desnutrição do tipo kwashiorkor pode dietéticas habituais de proteína, lipídeos e sódio.
ser caracterizada pela deficiência de proteína na O tratamento dietético mais adequado nestas
dieta, além de vitaminas e sais minerais, onde a circunstâncias é então através do baixo teor
alimentação ingerida na forma de carboidrato é destes nutrientes e o de glicídios elevado.
normal, com a ingestão por exemplo de arroz, ✓ Reabilitação
milho e mandioca que são alimentos de baixo A fase de reabilitação inicia-se quando a criança
custo. Porém nessa condição ocorre a baixa revela apetite. A criança deve permanecer no
hospital durante a primeira parte da fase de
ingestão de fontes alimentares ricas em proteínas,
reabilitação, e pode ser transferida para um centro
como por exemplo, a carne bovina, de aves, ovos, de reabilitação nutricional, geralmente duas a três
leite e outros derivados de origem animal por semanas após a admissão, apenas quando os
serem alimentos de custo elevado. A criança que seguintes critérios tiverem sido obtidos: boa
apresenta esta síndrome tem como quadro clínico, alimentação, estado mental melhorado (sorri,
perda de peso pouco acentuada, descamação da responde a estímulos, interessada no ambiente),
pele, despigmentação dos cabelos, atraso no senta, gatinha, fica de pé ou anda (dependendo da
idade), temperatura normal (36,5 – 37,0 ºC), sem
crescimento, perda da gordura subcutânea e
vômitos ou diarreia, sem edema e com aumento
muscular (menos intensa que no marasmo), de peso superior a 5g/kg de peso corporal por dia
apresentam edema, fraqueza muscular, diarreia, em três dias sucessivos. A reabilitação promove a
distensão abdominal, hepatomegalia e apatia alimentação intensiva para recuperar grande
(indiferente aos estímulos). Apresenta também parte do peso perdido.
diminuição da proteína em diversos setores do ✓ Acompanhamento
organismo: sangue, tecidos periféricos, músculos, O acompanhamento é realizado após a alta, o
fígado e outras vísceras. doente e a família são acompanhadas para
prevenir a recaída e assegurar a continuidade do
2.2.3 Fases do tratamento da desnutrição proteica e desenvolvimento emocional, físico e mental. É
calórica necessário se ter presente que a desnutrição é
✓ Tratamento inicial uma patologia social, e como tal, sua solução passa
O tratamento inicial decorre entre o por amplas mudanças da política econômica,
acompanhamento inicial até à estabilidade da global e de cada nação, que determine uma
condição e apetite da criança, isto acontece distribuição de renda mais justa e inclua no
geralmente após dois 10 a 7 dias. As principais desenvolvimento toda a população.
funções do tratamento inicial são: tratar ou
prevenir hipoglicemia e hipotermia, tratar ou 2.3 CAQUEXIA
prevenir desidratação e restaurar o equilíbrio
eletrolítico, tratar choque séptico incipiente ou
desenvolvido, tratar possíveis infecções,
identificar e tratar quaisquer outros problemas,
incluindo deficiência de vitaminas, anemia grave e
insuficiência cardíaca. O doente desnutrido não

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longo do dia, incluem-se também nas


A Caquexia é caracterizada pela rápida perda de recomendações para manejo da caquexia evitar
tecido adiposo e músculo. Ocorre em muitas agredir o paladar/odor, evitar refeições de alto
doenças e é comum em vários tipos de câncer. conteúdo de gordura, que atrasa o esvaziamento
Trata-se de síndrome com múltiplas gástrico, sendo percebida como saciedade
características, de etiologia extremamente precoce. Nessa etapa, é importante conhecer as
complexa, diretamente relacionada ao preferências e os hábitos alimentares do paciente
prognóstico adverso e à redução da sobrevida. a fim de desenvolver estratégias que favoreçam
Pacientes caquéticos apresentam maior manutenção ou melhor qualidade de vida. Tem
morbidade relacionada ao tratamento. As por finalidade favorecer a hidratação e facilitar o
manifestações clínicas da síndrome incluem trabalho digestório.
anorexia, alterações no paladar, astenia, fadiga,
exacerbada perda de peso involuntária (massa de 3.1 NUTRIÇÃO NOS CICLOS DA VIDA
gordura e muscular), perda da 3.1.1 GESTAÇÃO
imunocompetência, perda de habilidades motoras
e físicas, apatia, desequilíbrio iônico, anemia,
náuseas, e grandes alterações no metabolismo de
proteínas, carboidratos e lipídios. A causa da
caquexia é complexa e não há, até o presente
momento, absoluto consenso sobre os fatores que
mantêm o quadro caquético. O que se sabe é que
fatores secretados pelo tumor em crescimento
estão aparentemente implicados na mobilização
de ácidos graxos e proteínas e o estado
inflamatório crônico da doença e sua resposta pela
A concepção envolve uma série complexa de
presença do tumor aparece como o principal eventos endócrinos em que um espermatozoide
causa dessa condição. A suplementação calórica saudável fertiliza um óvulo saudável. Um
adicional não alivia a caquexia. Qualquer ganho ambiente ideal é necessário, incluindo uma
de peso geralmente é mínimo, sendo provável nutrição adequada e a ausência de fatores hostis.
que seja tecido adiposo e não muscular. Para a As exposições do embrião ou do feto a nutrientes
maioria dos pacientes com câncer e caquexia não maternos específicos podem ativar ou desativar os
genes que controlam o crescimento e o
se recomenda suplementação altamente
desenvolvimento. A placenta produz diversos
calórica. O tratamento envolve a cura da doença hormônios responsáveis para regular o
instalada ou do câncer, se for a causa e em alguns crescimento e o desenvolvimento fetal dos tecidos
casos a administração de estimulantes de apetite. maternos de suporte. Ela é o condutor para a troca
de nutrientes, oxigênio e produtos residuais. O
2.3.1 Estratégias dietéticas na caquexia organismo materno é a única fonte de nutrientes
Estratégias são úteis neste sentido e incluem a para o feto, por meio da ingestão ou de suas
oferta de refeições menores e mais frequentes ao reservas, e a boa nutrição intrauterina garante um
nascimento saudável e melhores condições de

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saúde para a idade adulta. Durante a gestação há


aumento das demandas de proteínas, 3.1.3 complicações e implicações nutricionais a
carboidratos, lipídeos vitaminas e minerais para gestação
propiciar um aporte nutricional para o ✓ Prisão de Ventre e Hemorroidas
crescimento e desenvolvimento fetal. Além dos efeitos dos hormônios da gestação sobre
o trato gastrointestinal, as gestantes se tornam
3.1.2 Alterações fisiológicas na gestação constipadas se deixam de consumir água e fibras
adequadamente, o que pode evoluir para
✓ Volume e Composição do Sangue hemorroidas.
O volume sanguíneo aumenta em cerca de 50% ✓ Picamalácia
até o final da gestação, com grande variabilidade É a ingestão de substâncias não comestíveis
entre as mulheres. Este aumento de volume no durante a gestação, na maioria das vezes envolve
sangue resulta em concentrações menores de geofagia (consumo de terra ou argila), amilofagia
hemoglobina, albumina sérica, outras proteínas (amido de mandioca ou amido de milho) ou
do soro e das vitaminas hidrossolúveis, pagofagia (gelo). Outras substâncias incluem
principalmente após o fim do primeiro trimestre. papel, fósforos queimados, pedras ou cascalho,
Em contraste, as concentrações séricas de carvão vegetal, água sanitária, cinzas de cigarro,
vitaminas lipossolúveis e outras frações lipídicas, bicarbonato de sódio, sabão, pneus e borra de
como triglicerídeos, colesterol e ácidos graxos café. A causa da picamalácia é mal compreendida.
livres, aumentam para garantir um transporte Uma hipótese é que ela seja decorrente de uma
suficiente para o feto. deficiência de um nutriente essencial, na maioria
✓ Função Cardiovascular e Pulmonar das vezes de ferro, mas zinco, cálcio e potássio
Há aumento no trabalho cardíaco. A pressão também foram mencionados.
arterial, principalmente diastólica, diminui nos ✓ Diabetes mellitus gestacional (DMG),
dois primeiros trimestres por causa da É a intolerância a carboidratos com início ou
vasodilatação periférica. A presença de edema nas reconhecimento durante a gestação, abrange dois
extremidades inferiores é uma condição normal grupos distintos: aqueles que têm diabetes
da gestação, ocasionada pela pressão uterina preexistente não reconhecida e aqueles para
sobre a veia cava inferior. As necessidades quem a gestação precipita a intolerância aos
maternas de oxigênio e o crescimento uterino carboidratos. As implicações fetais incluem
empurrando o diafragma ocasiona a dispneia hiperinsulinemia, macrossomia (muitas vezes
(falta de ar). definida como um bebê pesando mais de 4
✓ Função Gastrointestinal quilogramas), e, portanto, maior risco de
O aumento da concentração de progesterona complicações no parto, incluindo distorcia do
relaxa o músculo uterino para permitir o ombro e cesariana.
crescimento fetal e ao mesmo tempo diminui a ✓ Edema
motilidade gastrointestinal, podendo ocasionar O edema fisiológico leve geralmente está presente
frequente constipação. no terceiro trimestre e não deve ser confundido
✓ Função Renal com o patológico. O edema normal nas
A taxa de filtração glomerular (TFG) aumenta em extremidades inferiores é causado pela pressão do
50% durante a gestação, embora o volume de útero em crescimento sobre a veia cava,
urina excretada a cada dia não seja aumentado. obstruindo o fluxo de retorno do sangue para o
Pequenas quantidades de glicosúria (glicose na coração.
urina) aumentam o risco de infecções do sistema ✓ Pirose (azia)
urinário.

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A pressão do útero alargado sobre o intestino e ✓ Síndrome alcoólica fetal (SAF)


estômago, bem como o relaxamento do esfíncter O álcool altera a expressão gênica; as mudanças
esofágico, pode resultar em regurgitação do envolvem proteínas associadas ao
conteúdo do estômago para o esôfago. As desenvolvimento do sistema nervoso central, à
medidas de alívio podem incluir alimentação com morfogênese de órgãos, às respostas
refeições menores, limitação de cafeína, bebidas imunológicas, à função endócrina e ao
carbonadas, tomates, frutas cítricas, gordura e desenvolvimento esquelético, cardiovascular e
alimentos picantes e não se deitar após as cartilaginoso. O uso de álcool durante a gestação
refeições. tem sido associado a um aumento da taxa de
✓ Hipertensão aborto espontâneo, de descolamento prematuro
A hipertensão observada durante a gestação pode da placenta, baixo peso do neonato e
ser preexistente ou observada pela primeira vez. A comprometimento cognitivo e a malformação
pressão arterial elevada que é diagnosticada pela fetal.
primeira vez durante a gestação pode ser
relativamente benigna. No entanto, um aumento 3.2 LACTAÇÃO
da pressão arterial, pode ser um sinal de pré-
eclâmpsia.
✓ Pré-eclampsia e eclampsia
Pré eclampsia é uma complicação da gravidez,
e parece ocorrer devido a problemas no
desenvolvimento dos vasos da placenta, levando à
espasmos nos vasos sanguíneos, alterações na
capacidade de coagulação do sangue e diminuição
da circulação sanguínea. Tem como sintomas a
pressão alta (hipertensão), superior a 140 x 90
mmHg, proteínas na urina (proteinúria) e edema.
O aleitamento materno exclusivo (AME) é o
Já a eclampsia caracteriza-se por hipertensão,
método preferido de alimentação infantil para os
proteinúria, edema, convulsões e coma.
primeiros seis meses de vida. A amamentação traz
✓ Náuseas e Vômitos (NVG)
inúmeros benefícios, para a mãe diminui os riscos
A causa da NVG não é clara, mas provavelmente
de câncer de mama, câncer de ovário, fraturas
inclui uma predisposição genética combinada com
ósseas, esclerose múltipla, aumenta o tempo de
mudanças na gonadotrofina. coriônica humana
amenorreia (ausência do fluxo menstrual), previne
(hCG), no estrogênio e na progesterona. O
hemorragia pós-parto por promover contração
gengibre (1 g/dia dividido em quatro doses) reduz
uterina, colabora para o retorno do peso pela
a gravidade dos sintomas melhor que a vitamina
utilização das reservas energéticas na produção de
B6, mas não o número de episódios de vômitos.
leite. Para o bebê, apresenta concentração ideal
✓ Hiperêmese gestacional (HG)
de nutrientes, diminui a incidência de diarreias,
Quando a gestação precoce é caracterizada por
infecções, desnutrição, alergias, asma,
vômitos e perda de massa corporal (muitas vezes
dislipidemias e outras complicações. A
>5% de massa corporal pré-gestacional) podem
amamentação somente é contraindicada para
ocorrer desequilíbrios de fluidos e eletrólitos. As
bebês, que têm as mães soropositivas para o vírus
complicações da HG variam, mas incluem
da imunodeficiência humana (AIDS), usuárias de
crescimento fetal fraco, parto prematuro e
drogas e as que fazem uso de quimioterápicos e
aumento do risco de perda fetal com a desnutrição
têm tuberculose não tratada, e aos bebês com
gestacional.

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galactosemia, que ocorre devido a deficiência da ✓ Leite maduro


enzima que transforma galactose em glicose É o estágio final da produção de leite, e
também há contraindicação. As mudanças geralmente começa a aparecer perto do final da
hormonais aumentam acentuadamente o segunda semana após o parto. O leite inicial, o
tamanho do seio, da aréola e do mamilo. Após a primeiro leite liberado durante uma mamada, é
gestação há uma queda nos hormônios estrogênio rico em conteúdo de água para atender às
e progesterona e um rápido aumento na secreção necessidades de hidratação do bebê. É pobre em
de prolactina que é responsável pela produção de energia, mas rico em vitaminas e proteínas
leite. hidrossolúveis. Este leite é mais fino, às vezes com
uma cor azulada, e assemelha-se ao leite
3.2.1 ESTÁGIOS DO LEITE HUMANO desnatado quando lançado pela primeira vez a
partir da mama. Conforme os bebês sugam
durante a amamentação o leite se torna mais
cremoso, indicando um maior teor de gordura.
Este leite, rico em vitaminas lipossolúveis e outros
nutrientes, é chamado de leite final. Ele fornece a
saciedade e a energia para garantir o crescimento
do bebê. É importante que a mãe permita que o
lactente esvazie o primeiro peito em cada
✓ Colostro mamada para obter este leite final, antes de
O colostro é a secreção espessa, amarelada, que é oferecer a outra mama. Dessa forma o bebê tem a
a primeira alimentação da criança. É mais rica em garantia de obter a nutrição completa disponível a
proteínas e baixo teor de lipídeos e carboidratos, partir do leite da mãe.
incluindo a lactose, do que o leite maduro. Facilita
a eliminação de mecônio (primeiras fezes do 3.2.1.2 Leite humano versus leite da vaca
recém-nascido), é rico em antioxidantes e tem A composição do leite humano é diferente do leite
menos vitaminas hidrossolúveis do que o leite da vaca. Por essa razão, o leite da vaca não é
maduro. O colostro também tem um teor mais recomendado para crianças menores de 1 ano de
elevado de vitaminas lipossolúveis, proteínas, idade. Eles se igualam em termos de calorias,
sódio, potássio, cloreto, zinco e imunoglobulinas porém o conteúdo proteico é diferenciado, pois o
do que o leite maduro. O colostro fornece cerca de leite humano possui, em sua composição
20 kcal/ml e é uma fonte rica de anticorpos. É principalmente a proteína lactalbumina que é
considerada a primeira imunização do bebê. facilmente digerida pelo trato gastrointestinal do
✓ Leite de transição lactente, enquanto o leite da vaca possui em sua
Começa a ser produzido cerca de dois a cinco dias composição proteica alto teor da proteína caseína
após o parto até por volta de 10 a 14 dias pós- que forma coágulos resistentes de difícil digestão
parto. Durante esta fase este leite branco, para a criança.
cremoso é produzido em quantidades muito
maiores do que o colostro, e os seios se tornam 3.2.1.3 Requerimentos nutricionais materno
maiores e mais firmes. Este período é um A lactação demanda muito nutricionalmente,
momento extremamente importante para trazer especialmente para a lactante que amamenta seu
uma oferta de leite completo, que pode ser bebê exclusivamente, é aconselhado o consumo
estabelecida pela criança somente com acesso aumentado da maioria dos nutrientes. A produção
irrestrito à amamentação. de leite é mais afetada pela frequência de sucção

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e hidratação materna, porém a composição do de vida a acidez gástrica diminui e pelos primeiros
leite varia de acordo com a dieta da mãe. meses permanece mais baixa do que aquela de
lactentes mais velhos e adultos. A taxa de
3.3 LACTENTE esvaziamento é relativamente lenta, dependendo
do tamanho e da composição da refeição.
✓ Renal
O recém-nascido tem rins funcionais, mas
fisiologicamente imaturos, que aumentam em
tamanho e capacidade de concentração nas
primeiras semanas de vida. Os rins dobram em
peso aos seis meses e triplicam em peso com um
ano de idade. Estima-se que o último túbulo renal
seja formado entre o oitavo mês fetal e o final do
primeiro mês pós-natal.
O leite humano, é sem dúvida, o melhor alimento
para o lactente. Sua composição fornece a energia 3.4 NUTRIÇÃO NA INFÂNCIA
e os nutrientes necessários em quantidades
apropriadas. Contém, ainda fatores imunológicos 3.4.1 Pré escolar
que fortalece o sistema imune imaturo dos recém-
nascidos, protegendo-os contra infecções. O peso
do lactente ao nascer, é determinado pela duração
da gestação, a massa corporal pré-gestacional e o
ganho de massa corporal da mãe durante a
gestação. Após o nascimento o crescimento de um
lactente é influenciado pela genética e pela
nutrição. No primeiro ano de vida, a criança
triplica o seu peso de nascimento, enquanto a
estatura aumenta em 50% no mesmo período.
Nos dois primeiros anos de vida, o crescimento O período que se inicia após a lactância e dura até
reflete as condições de nascimento (gestação) e de por volta dos 5 anos, é com frequência, chamado
ambiente (nutrição). Até o sexto mês de vida, o de período latente ou quiescente do crescimento.
leite materno fornece todos os nutrientes de A taxa de crescimento diminui consideravelmente
forma adequada para o lactente e nenhum outro após o primeiro ano de vida. Os incrementos de
alimento nem água precisa ser oferecidos à mudança são pequenos comparados com os da
criança. A partir desta idade é necessária a lactância e adolescência. O crescimento é
introdução de outros alimentos. geralmente constante e lento durante os anos de
3.3.1 DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DO idade pré-escolar e escolar, mas pode ser errático
LACTENTE em certas crianças, com períodos de ausência de
✓ Estômago crescimento seguidos por estirões de crescimento.
A capacidade do estômago dos lactentes aumenta Esses padrões geralmente são paralelos a
de uma faixa de 10 a 20 ml ao nascer para 200 ml mudanças similares no apetite e ingestão de
com um ano, permitindo que os lactentes alimentos. Para os pais, os períodos de
consumam mais alimentos num dado momento e crescimento lento e falta de apetite podem causar
em intervalos menos frequentes à medida que ansiedade, levando a conflitos nos horários das
ficam mais velhos. Durante as primeiras semanas refeições. As proporções corporais de crianças

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pequenas mudam significativamente após o ✓ Anemia ferropriva


primeiro ano. O crescimento da cabeça é mínimo, A alta prevalência de anemia pode ocorrer por
o crescimento do tronco fica substancialmente baixas reservas de ferro ao nascer (principalmente
mais lento e os membros ficam entre os prematuros e de baixo peso), velocidade
consideravelmente mais compridos, todos eles de crescimento visto que no primeiro ano a
criando proporções corporais mais maduras. A criança triplica seu peso de nascimento, baixa
marcha e o aumento da atividade física da criança ingestão ou absorção, grandes perdas
agora ereta tornam as suas pernas retas e (sangramentos por alterações do trato
aumentam a força muscular no abdome e nas gastrintestinal), verminoses, infecções e ainda
costas. doenças inflamatórias crônicas intestinais.
3.4.2 Exigências nutricionais do pré-escolar ✓ Hipovitaminose A.
Como as crianças estão crescendo e desenvolvendo Ainda é grande a prevalência de hipovitaminose A
ossos, dentes, músculos e sangue, elas precisam de entre as crianças brasileiras. O clássico sintoma
alimentos mais nutritivos em proporção ao seu desta carência vitamínica são as lesões oculares,
tamanho do que os adultos. Elas podem estar em levando a dificuldades de enxergar à noite
risco de desnutrição quando têm pouco apetite por (xeroftalmia) e possibilidades de evoluir para
um longo período, consomem um número limitado cegueira, além disso, contribui para aumentar a
de alimentos ou dietas pobres em nutrientes. gravidade das infecções e mortalidade infantil
✓ Baixa Massa Corporal e Dificuldade para se
3.4.3 Idade Escolar desenvolver
A perda de massa corporal, a falta de ganho de
massa corporal ou a dificuldade para se
desenvolver podem ser causados por uma doença
aguda ou crônica, uma dieta restrita, a falta de
apetite, problemas de alimentação, negligência ou
uma simples falta de alimentos. As práticas
alimentares também podem contribuir para a
deficiência de crescimento, incluindo restrições
alimentares em crianças em idade pré-escolar
decorrentes de preocupações dos pais sobre
O crescimento dos 6 aos 12 anos de idade é lento, obesidade, aterosclerose ou outros problemas de
mas constante, acompanhado por um aumento saúde potenciais.
constante na ingestão de alimentos. As crianças ✓ Obesidade
passam a maior parte do dia na escola; e elas Embora a predisposição genética seja um fator
começam a participar de clubes, esportes importante no desenvolvimento da obesidade, os
organizados e programas recreativos. A aumentos na prevalência de crianças com
influência significativa dos colegas e adultos, como sobrepeso não podem ser explicados apenas pela
professores, treinadores ou ídolos esportivos, genética. Os fatores que contribuem para o
aumenta. Exceto por questões graves, a maioria consumo de energia em excesso pela população
dos problemas de comportamento relacionados pediátrica incluem acesso imediato a
com os alimentos é resolvida nesta idade, e as estabelecimentos de alimentação e comida. As
crianças gostam de comer para aliviar a fome e consequências do sobrepeso na infância incluem
obter satisfação social. dificuldades psicossociais, como discriminação,
autoimagem negativa, depressão e diminuição da
3.4.4 IMPLICAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA socialização. Muitas crianças com sobrepeso têm

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um ou mais fatores de risco cardiovasculares, Para a alimentação infantil estar balanceada e


como dislipidemia, hipertensão ou fornecer todos os nutrientes necessários ao bom
hiperinsulinemia. crescimento e desenvolvimento, ela precisa ser
composta de alimentos de todos os grupos, como
3.5 NUTRIÇÃO NA ADOLESCÊNCIA os cereais, pães e tubérculos, frutas, verduras e
legumes, leites, queijos, iogurtes, feijões, carnes,
ovos, açúcares, óleos e gorduras.

3.6 NUTRIÇÃO NO ENVELHECIMENTO

A adolescência se estendendo dos 12 até os 21 anos O envelhecimento é um processo biológico


de idade, é um período de imensa transformação normal. No entanto, esse processo envolve algum
fisiológica, psicológica e cognitiva durante o qual uma declínio na função fisiológica. Os órgãos mudam
criança se torna um jovem adulto. O padrão de com a idade. As taxas de mudança diferem entre
crescimento gradual que caracteriza a primeira os indivíduos e nos sistemas de órgãos. É
infância muda para um padrão de rápido crescimento importante distinguir entre alterações normais de
e desenvolvimento, afetando aspectos físicos e envelhecimento e alterações causadas por
psicossociais da saúde. doenças crônicas, tais como a aterosclerose. O
período de crescimento humano termina
3.5.1 Crescimento e desenvolvimento aproximadamente aos 30 anos de idade, quando é
A velocidade do crescimento físico durante a iniciada a fase da senescência. Senescência é o
adolescência é muito maior que a da primeira processo biológico de envelhecimento e da
infância. Em média, os adolescentes ganham exibição dos efeitos de aumento da idade.
aproximadamente 20% da sua estatura adulta
durante a puberdade. A puberdade é o período de 3.6.1 Alterações fisiológicas no envelhecimento
crescimento e desenvolvimento rápidos durante o
qual a criança se desenvolve fisicamente em um ✓ Composição corporal
adulto e se torna capaz de se reproduzir. É iniciado A sarcopenia, frequente nos idosos, é
pelo aumento da produção de hormônios caracterizada pela perda de massa muscular, força
reprodutivos, como estrogênio, progesterona e e função pode estar relacionada ao
testosterona, e é caracterizado pelo aparecimento envelhecimento e, desse modo, pode afetar
de características sexuais secundárias, como o significativamente a qualidade de vida de um
desenvolvimento da mama em mulheres e o adulto idoso reduzindo a mobilidade, aumentando
aparecimento de pelos faciais em homens. o risco para quedas e alterando as taxas
metabólicas.
3.5.2 Exigências nutricionais ✓ Paladar e Olfato

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A genética, o meio ambiente e o estilo de vida lentos do que o normal, apresentando dificuldade
representam parte do declínio na competência ou esforço excessivo para evacuar
sensorial. As alterações relacionadas à idade para ✓ Cardiovascular
os sentidos do paladar, olfato e tato podem levar A doença cardiovascular (DCV), incluindo a doença
ao apetite insatisfatório, a escolhas inadequadas cardíaca e o acidente vascular encefálico, é a
de alimentos e à ingestão principal causa de morte em ambos os gêneros em
reduzida de nutrientes. todos os grupos étnicos e raciais, e não é
✓ Audição e visão necessariamente uma doença do envelhecimento.
O efeito cumulativo de exposição aos ruídos As alterações da DCV relacionadas à idade são
diários, como tráfego, construção, música alta, extremamente variáveis e afetadas por influências
escritório barulhento e máquinas, causa uma do meio ambiente, tais como tabagismo,
alteração para o sistema auditivo do ouvido exercícios e dieta alimentar.
externo. A alteração ocorre lentamente ao longo
do tempo, e os portadores dessa deficiência ✓ Função renal
podem não perceber a perda auditiva. A A redução progressiva na função renal pode levar
degeneração macular relacionada à idade, a a uma incapacidade para a excreção de urina
catarata e glaucoma pode levar à cegueira de concentrada ou diluída. A função renal é afetada
pessoas idosas. também por desidratação, uso de diuréticos e
✓ Imunocompetência medicamentos, especialmente os antibióticos.
Considerando que a imunocompetência apresenta ✓ Neurológico
uma redução com a idade, a resposta imune é Pode ocorrer um declínio considerável
mais lenta e menos eficiente. As alterações podem relacionado à idade nos processos neurológicos.
ocorrer em todos os níveis do sistema imune. Cognição, firmeza, tempo de reação,
✓ Oral coordenação, forma de andar, sensações e tarefas
A dieta e a nutrição podem ser comprometidas pela da vida diária podem apresentar uma redução de
saúde oral deficiente. A perda de dentes, o uso de cerca de 90% ou de apenas 10%.
dentaduras e a
✓ Gastrointestinal 3.6.2 Necessidades nutricionais
• Xerostomia (boca seca) - pode levar a Muitos adultos idosos apresentam necessidades
dificuldades na mastigação e na deglutição. As nutricionais especiais devido ao envelhecimento
reduções na sensibilidade gustativa e na que afeta a absorção, o uso e a excreção de
produção de saliva tornam a alimentação nutrientes.
menos prazerosa e mais difícil. ✓ Cálcio: previne a osteoporose, comum em
• Disfagia- uma disfunção na deglutição, está idosos. Sabemos que a absorção deste mineral
associada geralmente a doenças neurológicas é reduzida no envelhecimento, portanto não
e demência. A função reduzida da mucosa podem faltar alimentos ricos neste mineral na
gástrica leva a uma incapacidade para a alimentação diária.
resistência aos danos, tais como úlceras, ✓ Vitamina D: também está envolvida no
câncer e infecções. metabolismo do cálcio e, portanto, na
• Acloridria é a produção insuficiente de ácido prevenção da osteoporose
clorídrico pelo estômago. ✓ Deficiência de magnésio: também pode ser
• Constipação é definida como a presença de um fator de risco para osteoporose e é comum
movimentos intestinais mais em idosos por diminuição no consumo,
absorção intestinal diminuída, excreção
urinária aumentada.

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condição clínica não justifica restrição de


nutrientes ou da consistência dos alimentos,
4. DIETAS HOSPITALARES
que não apresentam dificuldade para mastigar
e deglutir.

O cuidado nutricional é considerado relevante


para a melhoria da qualidade da assistência ao
paciente. Compreende um conjunto de medidas ✓ Dieta branda: dieta de transição entre a dieta
voltadas a promoção, recuperação e manutenção pastosa e a dieta geral, caracterizada pelo
da saúde, proporcionando satisfação sensorial e abrandamento do tecido conectivo e da
psicológica do paciente. Uma vez que o estado celulose. Para atingirem esta consistência, os
nutricional tem grande influência na evolução alimentos devem ser abrandados, ou seja,
clínica de pacientes hospitalizados, que pacientes cozidos, grelhados ou assados, para melhorar
desnutridos tem maiores taxas de infecção e a aceitação alimentar dele. Indicada para
morbimortalidade, e que a internação hospitalar indivíduos que necessitem abrandar os
pode afetar o apetite, o paladar, o processo alimentos para facilitar o trabalho mecânico
digestório e a utilização dos alimentos, faz-se (mastigação e deglutição) e digestivo.
necessário o atendimento nutricional
individualizado.

4.1 TERAPIA NUTRICIONAL ORAL


Para manter a alimentação do paciente via oral, é
necessário que esteja capacitado a executar a
ingestão, digestão e a absorção dos nutrientes
necessários. De fato, esta via deve ser estimulada
✓ Dieta pastosa: dieta de transição entre a dieta
sempre que possível, visto que, sem dúvida alguma,
leve e a dieta branda. Indicada para indivíduos
é a mais segura e eficaz. Dependendo do grau de
que apresentem dificuldade para a mastigação
impacto do sintoma à ingestão alimentar, pode-se
e deglutição de alimentos. A dieta deve conter
tentar o encorajamento do paciente através de
alimentos no grau máximo de subdivisão e
algumas modificações do alimento, bem como da
cocção, apresentando-se na consistência
apresentação dele. Caso a ingestão energética e
pastosa.
proteica não seja atingida pela alimentação, os
suplementos nutricionais líquidos são comumente
utilizados. A terapia nutricional pode ser classificada
em:
4.1.1 Dietas de rotina
✓ Dieta geral: sem alteração de consistência e
nutrientes. Indicada para indivíduos cuja

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✓ Dieta leve ou semi-líquida: É uma dieta de ginecológicos, para a promoção da formação


transição entre a dieta pastosa e a dieta do bolo fecal e alívio da obstipação.
líquida. Indicada para favorecer a digestão e o ✓ Dieta obstipante: específica para diminuir o
esvaziamento gástrico dos alimentos, sendo volume das fezes e prolongar o tempo de
utilizada em alguns pré e pós-operatórios trânsito intestinal, auxilia no alívio dos
preparo de exames e problemas de deglutição sintomas da diarreia e previne complicações
ou mastigação e promove mínimo trabalho
como a desidratação.
digestório.
✓ Dieta hipossódica: possui restrição de sódio.
Indicada para a prevenção e controle de
edema, insuficiência cardíaca, hipertensão
crônica grave, distúrbios renais, hepáticos e
pulmonares.
✓ Dieta hipercalórica e hiperproteica:
caracterizada pelo elevado teor de calorias e
proteínas. Indicada para as pacientes que
✓ Dieta líquida: é indicada para favorecer a apresentam patologias que induzem a um
hidratação e facilitar o trabalho digestório de estado catabólico ou hipermetabólico, como
pacientes com problemas no processo de em estados infecciosos, desnutrição proteico-
mastigação, em alguns pré e pós-operatórios e calórica, câncer, cicatrização de feridas,
preparo de alguns exames. Esta dieta deve ser síndrome da imunodeficiência adquirida e nos
prescrita por um breve período em função de sua pós cirúrgicos.
inadequação em relação aos nutrientes. Quando ✓ Dieta hipoproteica: apresenta baixo teor de
houver necessidade de manter a dieta por proteína. Indicada para pacientes com
período superior a dois dias são fornecidos insuficiência renal e hepática, dependendo do
suplementos alimentares líquidos grau de evolução da doença.
industrializados. ✓ Dieta hipoproteica, hipocalêmica e
hipossódica: caracterizada pelo baixo teor de
proteína, potássio e sódio. Indicada para
pacientes com insuficiência renal com
presença de edema ou hipertensão arterial,
além da elevação da concentração sérica de
potássio ou quando houver perda significativa
da função renal.
✓ Dieta Hipoglicídica: caracterizada pela
substituição dos carboidratos simples pelos
4.1.2 Dietas de rotina modificada complexos. Indicada como base para o
São dietas que apresentam as mesmas tratamento do diabetes como medida
consistências das de rotina, porém elas possuem exclusiva ou coadjuvante do tratamento
medicamentoso.
alteração os constituintes nutricionais.
✓ Dieta hipocalórica: dieta com poucas calorias.
✓ Dieta laxativa: apresenta elevado teor de
Indicada para pacientes que necessitem de
fibras. Indicada para pacientes com dificuldade redução calórica para a obtenção de um peso
de evacuação, nos pós cirúrgicos saudável.

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4.1.3 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA de líquidos durante as refeições, evitar


MINIMIZAR OS SINTOMAS alimentos crus e preparações gordurosas.
CAUSADOS PELA QUIMIOTERAPIA E ✓ Diarréia: aumentar a ingestão de líquidos
RADIOTERAPIA (água de coco, soro caseiro etc.), introduzir
✓ Anorexia: aumentar o fracionamento da alimentos obstipantes e suspender alimentos
alimentação e a densidade calórica das laxativos.
preparações, melhorar a apresentação dos ✓ Obstipação ou constipação: aumentar a
pratos, utilizar bebidas nutritivas, possibilitar a ingestão de líquidos e o consumo de alimentos
escolha de refeições e proporcionar ambientes ricos em fibras e evitar o consumo de
agradáveis para elas. alimentos obstipantes.
✓ Fadiga: receber ajuda na acomodação à mesa,
solicitar que outra pessoa prepare os
alimentos e adaptar a consistência da dieta. 5. TERAPIA NUTRICIONAL (TN)
✓ Náuseas e vômitos: aumentar o Entende-se por Terapia Nutricional (TN) o
fracionamento das refeições, não ingerir conjunto de procedimentos terapêuticos que
líquidos durante as refeições, afastar-se da visam a manutenção ou recuperação do estado
cozinha durante o preparo das refeições, nutricional por meio da Terapia Nutricional Enteral
evitar alimentos muito condimentados, (TNE) ou Terapia Nutricional Parenteral (TNP),
gordurosos e doces, alternar refeições líquidas realizados nos pacientes incapazes de satisfazer
com as sólidas, sugerir preparações de fácil adequadamente suas necessidades nutricionais e
digestibilidade em temperatura fria ou gelada metabólicas por via oral. Os objetivos da TN
ou à temperatura ambiente e não se deitar incluem a correção da desnutrição previa, a
após as refeições. prevenção ou atenuação da deficiência calórico-
✓ Alteração de paladar e olfato: adequar a proteica que costuma acontecer durante a
temperatura das refeições de acordo com a evolução da enfermidade que motivou a
aceitação da paciente, substituir alimentos pouco hospitalização, equilibrando o estado metabólico
tolerados por outros nutricionalmente similares com a administração de líquidos, nutrientes e
com melhor aceitação e melhorar a apresentação eletrólitos com diminuição da morbidade com a
dos pratos. consequente redução do período de recuperação.
✓ Mucosite (mucosa inflamada), estomatite
(estômago inflamado), odinofagia (dor ao 5.1 TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL
deglutir) e ulcerações na orofaringe: aliviar a dor
antes das refeições, evitar alimentos irritantes,
evitar extremos de temperaturas, modificar a
consistência da dieta para pastosa ou semi-sólida,
atentar para a higiene oral, indicar suporte
nutricional quando necessário e evitar bebidas
alcoólicas, cafeína e tabaco.
✓ Xerostomia: estimular a ingestão de pequenas
quantidades de líquidos frequentemente,
estimular o consumo de balas de limão ou hortelã
e gomas sem açúcar, introduzir mais molhos,
caldos e sopas na dieta.
✓ Saciedade precoce: aumentar o
fracionamento das refeições, evitar o consumo

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A TNE consiste na administração de nutrientes trauma intra-abdominal importante, podem


geralmente poliméricos (carboidratos, proteínas e não tolerar a alimentação.
lipídeos) pelo trato gastrointestinal (TGI), através de • Inserção: sonda introduzida no nariz e desce
um tubo, sondas ou ostomias, localizadas no tubo até o estômago. A colocação da sonda é
digestivo. Para que ocorra a indicação da Terapia verificada pela aspiração do conteúdo gástrico
Nutricional Enteral (TNE) e necessário que o trato junto com a auscultação de ar insuflado no
digestivo esteja total ou parcialmente funcionante. estômago ou por meio de confirmação
radiográfica da localização da ponta da sonda.
5.1.2 Indicação • Duração: 3 a 4 semanas
E empregada quando o paciente não pode ou não • Sinais e sintomas de intolerância: distensão e
deve se alimentar por via oral (via oral desconforto abdominal, vômito, diarreia
contraindicada) ou quando a ingestão oral é persistente, alguns clínicos acreditam que a
insuficiente. Por ex: pacientes com hipóxia ou alimentação intragástrica aumenta o risco de
anorexia, incluindo gestantes, que recusam a se pneumonia por aspiração; os dados sobre esse
alimentar pela boca. assunto não são totalmente claros.

5.1.3 Contraindicação ✓ Acesso nasoduodenal ou nasojejunal


É contraindicado em caso de trato gastrointestinal • Indicação: aos pacientes que não toleram
não funcionante, em doenças terminais ou quando as alimentações na porção superior do trato
complicações potenciais superarem os benefícios e gastrointestinal (estômago), e necessitam de
diarreia grave. terapia nutricional enteral por um prazo
relativamente curto, também de 3 a 4
5.1.4 Acesso para nutrição enteral semanas.
5.1.4.1 Terapia nutricional enteral de curto prazo • Contraindicação: intestino não funcionante.
✓ Acesso nasogástrico • Inserção: introduzida no nariz e desce até o
É o modo mais comum de acessar o sistema duodeno (sonda nasoduodenal); ou
gastrointestinal. Em geral elas são indicadas introduzida no nariz e desce até o jejuno
apenas para pacientes que necessitam de terapia (nasojejunal). Essas sondas podem ser
nutricional de curta duração, não mais do que três colocadas com orientação endoscópica ou
a quatro semanas e possuem o trato fluoroscópica.
gastrointestinal funcionante, pois utiliza os • Duração: 3 a 4 semanas
processos digestivos, hormonais e bactericidas. • Sinais e sintomas de intolerância: diarreias,
náuseas, constipação e outras complicações.
• Indicação: são utilizadas na maioria das vezes
para acessar o TGI, para fornecimento de 5.1.4.2 Acesso enteral de longo prazo
medicamentos e/ou alimentação. Elas são ✓ Ostomias
adequadas apenas para os pacientes que As ostomias são abordagens que permitem o acesso
requerem TNE de curto prazo e que de sondas de nutrição enteral diretamente ao trato
apresentam o estômago e o intestino gastrointestinal, estando localizada na faringe
funcionante. (faringostomia), esôfago (esofagostomia), estômago
• Contraindicação: gastrointestinal não (gastrostomia) ou intestino (jejunostomia). São
funcionante, aqueles em estado crítico, indicadas principalmente em situações em que o
incluindo os que foram submetidos à cirurgia paciente está impedido temporária ou
ou que sofreram traumatismo craniano ou definitivamente de se alimentar por via oral e possui

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a previsão de receber a nutrição enteral por período ✓ Oligoméricas: apresentam-se parcialmente


prolongado, normalmente superior a quatro digeridas, exigindo menos trabalho
semanas. É colocada cirurgicamente ou gastrointestinal.
endoscopicamente deve ser considerada para o ✓ Elementar: apresentam-se digeridas
conforto geral do paciente e para minimizar a (aminoácidos, ácidos graxos e glicose).
irritação nasal ou do TGI superior. É contraindicada ✓ Especializada: comercializada para condições
em caso de trato gastrointestinal não funcionante. clínicas ou doenças específicas.

5.2 Tipos de dieta enteral 5.4 Tipos de administração


As dietas enterais podem ser administradas de
forma intermitente ou contínua, de acordo com a
tolerância digestiva do paciente. A forma
intermitente é mais parecida com a alimentação
habitual. Consiste em administrar cerca de 250 ml
de dieta enteral de 5 à 8 vezes ao dia. O volume de
cada etapa deverá ser proposto em função do
volume total no dia e da tolerância digestiva do
✓ Caseira: Dieta preparada a base de alimentos paciente.
na sua forma original (in natura) que deverá 5.4.1 Administração intermitente
ser liquidificada, coada e ser administrada ✓ Bolus: administração da dieta enteral com o
apenas em pacientes que possuem auxílio de uma seringa de 50 ml. Esse método
gastrostomia. Caso seja administrada via que deve ser utilizado com muito rigor para
sonda nasoenteral, necessitará de maior evitar transtornos digestivos devido a uma
diluição para passar pelo tubo fino, neste caso administração rápida demais. A dieta deve ser
haverá perda de nutrientes. Deverá ser infundida aos poucos. Não ultrapassar 20 ml
preparada seguindo uma série de por minuto.
recomendações, a fim de evitar contaminação.
✓ Industrializada: É uma dieta pronta, completa
em nutrientes e balanceada, onde há menores
chances de contaminação. Pode ser
encontrada na forma de:
✓ Pó: necessitando de reconstituição ou diluição
com água.
✓ Líquidas em Sistema Aberto: prontas para
uso, devendo ser envasada em um frasco
plástico (descartável); ✓ Gravitacional: administração da dieta em frasco
✓ Líquidas em Sistema Fechado: prontas para por gotejamento, suspenso em suporte. Permite
uso, sendo necessário somente conectar o uma utilização mais lenta que o bolus e muitas
equipo diretamente no frasco da dieta. vezes é mais bem tolerada. Nesse procedimento
o equipo é conectado ao frasco plástico
5.3 Tipos de fórmulas para TNE descartável ou diretamente no frasco da dieta (se
✓ Poliméricas: os nutrientes se encontram de for o sistema fechado). Deve ser administrado no
forma intacta, necessitando do processo mínimo em 01 h.
digestivo para adequada absorção.

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✓ Contra indicação: pacientes


hemodinamicamente instáveis (baixa pressão
sanguínea, respiração diminuída e frequência
cardíaca aumentada.

5.5.1 ACESSO PARENTERAL


5.4.2 Administração contínua ✓ Acesso central: se refere à colocação da ponta
A forma contínua consiste numa administração do cateter em uma veia grande e de alto fluxo
por gotejamento contínuo com bomba de infusão. sanguíneo, como a veia cava superior.
A dieta pode ser administrada em períodos de 12 ✓ Acesso periférico: se refere à colocação da
a 24 horas em função da necessidade do paciente. ponta do cateter em uma veia pequena,
Nesse Método o equipo é conectado à bomba de tipicamente na mão ou no antebraço. Seu uso
acordo com aas orientações do fabricante. é limitado; é um tratamento de curto prazo e,
portanto, tem um efeito mínimo no estado
nutricional, já que o tipo e a quantidade de
fluidos que podem ser fornecidos
perifericamente são limitados e, na maioria
das vezes, não satisfazem plenamente os
requisitos nutricionais. Os pacientes sensíveis
ao volume, como os portadores de
insuficiência cardiopulmonar, renal ou
hepática, não são bons candidatos a esse tipo
de terapia.
5.5 TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL
5.6 SÍNDROME DA REALIMENTAÇÃO
A síndrome de realimentação caracteriza-se por
alterações neurológicas, sintomas respiratórios,
arritmias e falência cardíacas, poucos dias após a
realimentação. Ocorre em consequência do
suporte nutricional (oral, enteral ou parenteral)
em pacientes severamente desnutridos. Os
pacientes hospitalizados são frequentemente
desnutridos pela doença de base ou pelos efeitos
A terapia nutricional parenteral refere-se a oferta do tratamento. Ao início da TN, deve ser feita uma
de nutrientes totalmente digerido em suas formas monitorização cuidadosa para evitar a síndrome
elementares (ácidos graxos, glicose, aminoácidos, de realimentação (SR). A SR é caracterizada pela
vitaminas e minerais) por via parenteral (venosa), diminuição abrupta do K, Mg e/ou P. Isto resulta
central ou periférica. na estimulação da secreção pancreática e
✓ Indicação: quando o trato gastrointestinal secreção de insulina após a oferta de uma fonte de
está indisponível para a digestão e absorção ou energia (primariamente o carboidrato). O paciente
quando a necessidade nutricional não pode ser irá apresentar retenção de sódio e água, causando
atendida de forma completa pelo trato edema podendo resultar em injúria cardíaca
gastrointestinal (via oral/enteral). (edema pulmonar/congestão) e insuficiência
respiratória. Nestes pacientes de risco a NP deve
ser iniciada de forma lenta/parcial (especialmente

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os carboidratos), com suplementação adequada e


monitorada de eletrólitos e vitaminas.

Referências:
KRAUSE. Alimentos nutrição e dietoterpaia . rio
de janeiro: elsevier, 2012.
VANNUCCHI. Nutrição clínica-rio de
janeiro:guanabara koogan, 2014.

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