Oyadomari 2008 Fatores Que Influenciam A Adocao de
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FATORES QUE INFLUENCIAM A ADOÇÃO DE ARTEFATOS DE CONTROLE
GERENCIAL NAS EMPRESAS BRASILEIRAS. UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
SOB A ÓTICA DA TEORIA INSTITUCIONAL
Resumo
…………………………………………………………………………………………………………………………………………
O presente estudo tem um caráter exploratório e seu objetivo é entender, à luz da Teoria Neo-
Institucional, a adoção de artefatos de contabilidade gerencial no ambiente empresarial brasileiro.
Para tanto, foi utilizada uma amostra não probabilística de 27 empresas de médio e grande porte,
para as quais se enviou um questionário estruturado com questões fechadas, construído a partir da
Teoria Neo-Institucional e de pesquisas anteriores em Contabilidade Gerencial. Os dados obtidos
foram analisados com base em técnicas de estatística descritiva e os resultados obtidos permitem
concluir que: (1) há uma adoção do tipo cerimonial na implementação dos artefatos; (2) o
mecanismo mimético é o mais importante na adoção desses artefatos; (3) a obtenção do
conhecimento sobre novos artefatos ocorre, preponderantemente, pela forma de socialização do
conhecimento; (4) as consultorias têm um papel importante na adoção dos artefatos; (5) a
imposição dos acionistas é pequena, sendo, portanto, minimizado o mecanismo coercitivo; (6) a
decisão da escolha dos artefatos é prerrogativa do corpo diretivo e gerencial da empresa. Deve-se
considerar a limitação deste estudo em relação ao tamanho da amostra e às técnicas de análise
dos dados. Para pesquisas futuras, sugere-se a ampliação da amostra, viabilizando o uso de
técnicas multi-variadas.
Palavras-chave: Teoria Institucional; contabilidade gerencial; isomorfismo.
Abstract
…………………………………………………………………………………………………………………………………………
The present study has an exploratory characteristic and seeks to understand, based on neo-
institutional theory, the adoption of managerial accounting artifacts in Brazilian business
environment. To do so, a non-probability sample of 27 medium and large companies was used,
which received a questionnaire with closed-ended questions, grounded on Neo-Institutional theory
and on previous researches on managerial accounting. The data obtained were analyzed through
descriptive statistics and the achieved results allow the following conclusions: (1) there is a usage
of the ceremonial type when it comes to the artifact implementation; (2) the mimetic mechanism
is the most important when these artifacts are adopted; (3) the knowledge obtained from new
artifacts happens mainly through knowledge sharing; (4) the consultant plays a very important role
on the artifacts adoption; (5) because shareholders imposing is low, the coercive mechanism is
also lowered; (6) artifacts choice decision is a prerogative of the board of directors and of the
companies manager. The limitation of this study should be taken into consideration when it comes
to the sample size and the techniques used to analyze the data. The usage of a larger sample and
multivariate techniques is recommended for future researching.
Key words: Institutional Theory, managerial accounting, isomorphism.
INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Para Vasconcellos,
A teoria institucional difere ainda da teoria organizacional tradicional, no sentido em
que afirma que a ação organizacional pode acontecer independentemente de
condicionantes objetivos, racionais ou de eficiência, pois as organizações submetidas às
forças de um setor institucional são levadas a adotar práticas socialmente legítimas e,
pela adoção dessas práticas, aumenta a sua probabilidade de acesso a recursos escassos
tais como capital, licenças, tecnologia, parcerias, etc. (VASCONCELLOS, 2007, p. 32)
expressão prevalece sobre as demais. Esse fato é coerente com Meyer e Rowan (1977) para
quem as organizações adotam uma mesma linguagem para nomear as estruturas
organizacionais. Neste estudo trabalha-se com a hipótese de que as organizações adotam
os nomes consagrados das técnicas.
3. METODOLOGIA
DESVIO-
ATITUDES E VALORES MÉDIA
PADRÃO
1. Valoriza a introdução de novas técnicas de Controle Gerencial. 4,59 0,64
2. Tem como estratégia ser pioneira na adoção de técnicas de controle
3,48 1,16
gerencial.
3. Considera que o ambiente organizacional deva sempre refletir as
4,15 1,17
melhores técnicas de Controle Gerencial adotadas no mercado.
4. O não uso de determinada técnica é fator importante para o abandono
3,44 1,40
da mesma.
5. O apoio dos gerentes é importante para o processo de implementação
4,81 0,48
da técnica.
6. A empresa ao implementar uma nova técnica adota o nome consagrado
4,11 0,93
da mesma
7. A implementação de nova técnica é cuidadosamente planejada. 4,22 1,05
8. A comunicação da adoção da nova técnica é feita por meio de reuniões
4,33 0,73
formais.
9. A introdução de nova técnica é comunicada aos acionistas e
3,78 1,28
investidores.
10. A empresa acredita que os stakeholders valorizam a introdução de novas
4,22 1,05
técnicas gerenciais.
DESVIO- ISOMORFISMO
FATORES MÉDIA
PADRÃO
1. A imposição da matriz/ holding/ acionista 3,59 1,47 coercitivo
2. A imposição de clientes/ fornecedores. 3,19 1,49 coercitivo
3. A credibilidade das práticas. 4,78 0,51 mimético
4. A experiência de outras empresas. 4,48 0,64 mimético
5. A opinião/ recomendação de empresas de mimético
4,15 0,86
Consultoria.
6. O desempenho econômico-financeiro. 4,59 0,75
7. A decisão do corpo diretivo e gerencial da
4,96 0,19
empresa.
8. A imposição de órgãos reguladores. 4,19 1,24 coercitivo
9. A leitura de livros sobre o assunto. 3,89 1,25 normativo
Os resultados obtidos indicam que o fator mais importante continua sendo a decisão
do corpo diretivo e gerencial da empresa, mostrando que, de fato, há um processo de
autonomia nessas organizações, uma vez que a imposição da matriz/acionistas se mostrou
bem menor. Isso pode ser explicado pela crescente separação entre propriedade e
administração nas empresas brasileiras de capital aberto. Por outro lado, nota-se como
importante a imposição dos órgãos reguladores, uma vez que eles desempenham
importante papel nas questões de contabilidade financeira e na sua divulgação ao
mercado, o que pode gerar impactos nas práticas de contabilidade gerencial, já que a
dissociação entre a contabilidade financeira e a gerencial é bastante tênue.
Um resultado que contraria, em parte, o pressuposto da Teoria Neo-Institucional é
aquele que mostra que os executivos levam em conta a necessidade de melhorar o
desempenho econômico-financeiro das empresas como um fator que influencia a adoção ou
abandono de uma técnica de controle gerencial. Nesse ponto, talvez se devesse considerar
que a obtenção de desempenho econômico-financeiro, em essência, também se trata de
um processo de legitimação perante os acionistas e os stakeholders como um todo.
O isomorfismo mimético pode ser percebido pelo fato de as empresas atribuírem
um alto grau de importância à experiência de outras empresas, a credibilidade das práticas
e a recomendação de empresas de consultoria, corroborando a teoria também no aspecto
da legitimação. A questão sobre Consultoria ratifica o Isomorfismo Mimético e Normativo,
já que essas empresas, muitas vezes, apresentarem soluções prontas, contribuindo para o
grau de homogeneidade de um setor. Esse é um fator importante no processo decisório, na
opinião dos respondentes.
Formulou-se ainda uma questão especifica sobre a utilização dos serviços de
Consultoria, especialmente por ser essa uma etapa considerada comum no procedimento
de legitimação. Essa questão apresentou os seguintes resultados, sintetizados na Tabela 8
a seguir:
Tabela 9 – Formas como a empresa adquire informações sobre novas técnicas de controle gerencial
DESVIO-
Formas de obtenção de informações MÉDIA
PADRÃO
Seminários, Congressos e Palestras 4,30 0,87
Revistas e Jornais de Negócios 4,30 0,82
Consultorias 4,22 0,89
Visitas a outras empresas do setor 4,19 1,11
Reuniões em entidades profissionais ou patronais 3,89 1,12
Conversas informais com outros colegas de profissão 4,04 1,19
A leitura de livros sobre o assunto 4,22 1,12
Esses resultados mostram que 70% dos respondentes afirmaram que houve o retorno
esperado ou mais que o esperado, apenas 10% salientaram que o retorno foi menor que o
esperado e 14% observaram não avaliar o retorno desses investimentos, o que sugere que
os fracassos nas tentativas de implementação de novas técnicas podem ter sido em
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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