CLAUDIA CORREA As Competências Socioemocionais e A Aprendizagem

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CLÁUDIA MARIA CORRÊA VILAVERDE

AS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS E A APRENDIZAGEM NOS ANOS


FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

ALEGRETE/RS
2021
1. INTRODUÇÃO

O distanciamento social causado pela pandemia do Corona Vírus19 está


sendo um período desafiante para a maioria das pessoas, especialmente em se
tratando do desenvolvimento de competências socioemocionais.
Para muitas crianças, ir à escola é uma das únicas interações que têm fora
do âmbito familiar, o que contribui e muito na formação das competências
socioemocionais, na ausência deste convívio muitas crianças estão tendo mudanças
repentinas de comportamento, há relatos de que jovens que eram comunicativos e
solícitos passaram a ficar irritados e apresentar agressividade atípica e ansiedade, a
partir destes fatos, é imprescindível saber como abordar as competências
socioemocionais em nossas escolas, mesmo nas aulas remotas.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), 2018 “as
competências socioemocionais são capacidades individuais que se manifestam nos
modos de pensar, sentir e nos comportamentos ou atitudes para se relacionar
consigo mesmo e com os outros, estabelecer objetivos, tomar decisões e enfrentar
situações adversas ou novas. Elas podem ser observadas em nosso padrão
costumeiro de ação e reação frente a estímulos de ordem pessoal e social”. A BNCC
tem em sua estrutura 10 competências gerais que devem nortear as ações de
nossas escolas em todos os anos e componentes curriculares, e as competências
socioemocionais estão presentes em seis delas.
Estas seis competências, que são autogestão, autoconsciência, habilidades
de relacionamento, consciência social e tomada de decisão responsável trazem a
importância de desenvolver o conhecimento em conjunto com estas habilidades e
competências.
Teóricos como Lev Vygotsky e Jean Piaget, apresentam em suas reflexões
forte relação entre a interação social e o desenvolvimento intelectual de nossos
jovens, e nestes tempos em que o mundo abre espaço e cobra que os estudantes
tenham protagonismo e sejam responsáveis pelo próprio desenvolvimento e de suas
comunidades, a antiga forma de se fazer as coisas, que antes deu certo, não
comporta o novo olhar necessário às novas necessidades educacionais.
A complexidade do ser humano exige estratégias mais flexíveis e
abrangentes que levem em consideração fatores emocionais como parte do
aprendizado, que busque contemplar a formação integral do ser humano.
Para o desenvolvimento destas habilidades e competências já mencionadas,
o professor tem um papel essencial e principalmente faça sempre ; reflexões sobre
si e sobre suas práticas pedagógicas, que tenham espaço para a troca de
experiências com outros professores e, acima de tudo, que conte com uma formação
continuada podem contribuir.
Esta formação continuada dos professores é um debate considerável para
que as habilidades socioemocionais sejam estimuladas construídas no cotidiano do
escolar. É preciso oferecer formação permanente para que os docentes possam lidar
com as novas necessidades ao desenvolvimento pleno dos alunos.
No cotidiano do professor, na práxis pedagógica, é preciso rever muitas
ações, já não basta explicar o conteúdo e colocá-lo na lousa. Uma proposta que
envolva as competências socioemocionais exige vivência, é necessário trazê-las
para situações reais de aprendizagem, não basta falar sobre o tema, somente
colocando na prática diária e na interação com os pares é que nossos alunos irão
incorporar estas habilidades para a vida.
E, é imprescindível ressaltar que toda a equipe escolar seja exemplo deste
novo modelo de aprendizagem, os gestores, professores e servidores são
observados; estudantes, que muitas vezes, copiam os comportamentos dos adultos.
É um caminho onde jovens adultos vão aprender a praticar melhores
atitudes, como ter empatia, manter relações saudáveis e mais facilmente alcançar
objetivos através do controle das próprias emoções podendo tomar decisões de
maneira mais equilibrada. Este tipo de abordagem pedagógica pode ser mais justa e
eficaz, fazendo com que crianças de diferentes meios sociais inseridas em uma
mesma escola possam trilhar um caminhos mais positivos na vida.
O especialista em educação de Hong Kong Lee Wing On, diz que as
competências socioemocionais estão diretamente relacionadas às soft skills
(habilidades maleáveis, em livre tradução), que são habilidades sociais e
comportamentais e ainda de regulagem (Heffron, 1997; Heckman e Kaultz, 2012).
Estas habilidades estão conectadas ao nível de cooperação entre os
integrantes de uma mesma comunidade e ou sociedade, o que leva a construção de
um cenário onde todos ensinam e todos aprendem, compartilhamento de
informações e a queda da hierarquia do saber, são saberes produzidos em conjunto
e muito rapidamente socializados de forma horizontal e em rede.
2. POR QUE TRABALHAR AS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS
NA ESCOLA?

Tradicionalmente, o objetivo das escolas sempre girou em torno do


conhecimento acadêmico em prejuízo do desenvolvimento de competências e
habilidades socioemocionais, no entanto, o cenário educacional está mudando, é
fácil perceber que desenvolver aspectos emocionais e relacionais é essencial
inclusive para o desenvolvimento acadêmico, cognitivo e científico.
Nossas escolas são ambientes diversificados como qualquer ambiente onde
participam muitos indivíduos que estabelecem relações sociais, isto posto, é
fundamental que as ações pedagógicas sejam pensadas e executadas tendo a
diversidade como referência. O estímulo das habilidades socioemocionais em
ambientes bastante diversificados, tais como escolas as parecem ideais, e neste
processo todos os membros das equipes escolares tem papel essencial, criar um
espaço que assegure que estas habilidades não sejam apenas parte teórica dos
projetos pedagógicos, trabalhadas apenas em atividades isoladas ou extraclasse.
É necessário que as ações pedagógicas ultrapassem qualquer divisão entre
desenvolvimento cognitivo e desenvolvimento emocional, trabalhando de forma
interligada, conteúdos curriculares e competências socioemocionais, a este respeito
Henri Wallon (1942) diz que é relevante que sejam oferecidos às crianças a
formação integral e que a escola seja espaço de emoções, sentimentos e sensações
e não apenas a presença física dos alunos, onde o aspecto afetivo esteja em
primeiro lugar, porque a emoção possibilita o desenvolvimento pleno dos sujeitos.
O mercado de trabalho atual também traz novas demandas, é preciso que
os profissionais apresentem habilidades socioemocionais bem desenvolvidas,
características como ser empático, resiliente, agir com autonomia e saber trabalhar
em equipe já ocupam muitos anúncios de vagas de emprego, como predicados
desejáveis.
Cobêro, Prime e Muniz, (2006, p. 346), “garantem que as chances de um
indivíduo emocionalmente inteligente ter sucesso profissional e pessoal é maior do
que aquele em que as habilidades socioemocionais ainda não estão desenvolvidas”.
A esfera profissional requer indivíduos que saibam se relacionar, que
entendam suas próprias emoções e gerenciem seus sentimentos quando expostos a
situações de satisfação ou alto estresse, estes profissionais além de contribuir com o
sucesso da empresa têm maior possibilidade de alavancar a própria carreira.
Ratificando o que foi dito no parágrafo anterior, estas seis competências da
BNCC, que tratam das competências socioemocionais garantem:

“valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se


de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as
relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao
exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade,
autonomia, consciência crítica e responsabilidade(Brasil, 2018, p.09 )”.

Ou seja, que ao final do ensino médio nossos alunos saibam fazer escolhas
pessoais e profissionais com autonomia, liberdade, criticidade e responsabilidade
pensando em si, no bem comum e alinhadas à cidadania.

3. ESTRATÉGIAS PARA DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS


SOCIOEMOCIONAIS NAS ATIVIDADES ESCOLARES
DESSA FORMA FICOU MUITO CURTO O ITEM 3, SUGIRO JUNTAR AO
ANTERIOR!
Há uma série de competências socioemocionais que podem ser estimuladas
na escola, entre estas estão as que constam na BNCC como prioritárias +:
autogestão, autoconsciência, habilidades de relacionamento, consciência social e
tomada de decisão responsável. De acordo com a BNCC, estas competências
valorizam a solidariedade, a colaboração, a empatia, a amizade, a responsabilidade,
a organização, a honestidade, a ética e a cidadania (BRASIL, 2018).
É possível através de atividades cognitivas, fazer com que as crianças
aprendam a resolver problemas, organizar e planejar. Isso pode ser realizado por
meio de atividades literárias, jogos e brincadeiras que estimulem a imaginação e a
flexibilidade de pensamento de modo que as crianças aprendam e as integrem em
sua vida cotidiana.
A PARTIR DAQUI SERÁ A PRÓXIMA ENTREGA!
Trazemos duas propostas para trabalhar as habilidades socioemocionais por
meio da literatura. A primeira para anos iniciais do ensino Fundamental com o uso
das novas tecnologias, com o objetivo de unir a leitura literária infanto-juvenil a
abordagem de assuntos que levem a reflexão de variadas situações incluindo as que
tratam de aspectos socioemocionais. A segunda para anos finais do Ensino
Fundamental visando o desenvolvimento das competências de consciência social e
tomada de decisão responsável.
A primeira proposta pedagógica traz a obra de Janaina Tokitaka, “Pedro vira
porco-espinho”, como meio para desenvolver a autogestão, autoconsciência,
habilidades de relacionamento a partir da leitura como experiência de compreensão
dos sentidos do texto.
A segunda proposta apresenta a literatura regional aos alunos dos anos
finais do Ensino Fundamental, na obra Guerrilha e Solidão, de Valdomiro Martins,
que traz reflete o cenário de pobreza e subalternidade social da população negra no
Rio Grande do Sul, entre o final do século XVIII até o início do XX, levando a uma
viagem no tempo dos nossos antepassados que resistiram ao cruel sistema da
escravidão

PROPOSTA DE LEITURA DO LIVRO PEDRO VIRA PORCO ESPINHO:

● O professor regente da turma deve apresentar o tema e conversar


informalmente com os alunos sobre competências socioemocionais;
● Estimular os alunos a dizerem como se sentem quando estão
nervosos, tristes, alegres, ansiosos, bravos…
● Ler para os alunos um livro chamado “Pedro vira porco espinho”, de
Janaina Tokitaka (escritora e ilustradora) na qual a personagem
principal é um menino que toda vez fica bravo se transforma em porco
espinho;
● Assistir juntos ao vídeo que traz a leitura desta história pelo link
https://youtu.be/ZIcPadcu9O4 ,pedindo que estejam atentos aos
detalhes da leitura;
● Conversar sobre o vídeo pedindo que relatem se já se sentiram como
Pedro ou conhecem amigos que se comportam assim? Se fazem birra
ou choram sem pensar nos motivos porque agem dessa forma?
● Pedir que os alunos gravem vídeos em suas casas, nos próprios
aparelhos celulares ou computadores falando sobre experiências
pessoais quando ficam bravas ou tristes e como resolvem este
problema.
● O professor deve editar todos os vídeos com depoimentos dos alunos,
solicitar autorização dos alunos e famílias e se possível exibi-los à
turma.

PROPOSTA DE LEITURA DO CONTO “O PRESENTE DO VELHO”, DE


VALDOMIRO MARTINS:

● Conversa informativa sobre Valdomiro Martins, autor do livro Guerrilha e


Solidão (2008). Neste primeiro momento, o professor enfatiza a temática da
obra e já propõe uma leitura reflexiva;
● Leitura do conto “O presente do velho”, feita pelo professor, logo após
estimula-se a participação dos alunos com suas primeiras impressões.
● O professor faz a contextualização da obra levando os a refletirem sobre a
proximidade entre a literatura e nossas vivências, e também de que a
literatura exerce um papel social de trazer ao leitor um novo pensar;
● É apresentada uma proposta de reescrita do conto, onde os alunos devem
dar um novo final à obra completando um vazio exposto na obra original.
● Os textos são editados em um e-book e disponibilizados a todos os alunos da
turma e também à biblioteca da escola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABED. Anita Lilian Zuppo. O Desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho
para a aprendizagem e o sucesso escolar básico. São Paulo: Unesco/MEC, 2014.
OLIVEIRA, Marta Kohl; REGO, Teresa Cristina. Vygotsky e as complexas relações entre cognição
e afeto. In: ARANTES, Valéria Amorim. (Org.) Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas.
São Paulo: Summus, 2003.
https://www.sistemamaxi.com.br/wp-content/uploads/2020/05/maxi_e-book_16_competencias-
socioemocionais_v3.pdf Acesso em 1/6/2021.
https://socioemocionais.porvir.org/ Acesso em 2/6/2021
https://sae.digital/competencias-socioemocionais/ Acesso em 2/6/2021
http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf Acesso em 3/6/2021
http://dspace.unipampa.edu.br:8080/jspui/handle/riu/3254 Acesso em 5/6/2021

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