Livro Texto II Gestão de Fator Humano
Livro Texto II Gestão de Fator Humano
Livro Texto II Gestão de Fator Humano
GESTÃO DO FATOR HUMANO
UNIDADE II
SUMÁRIO
1. SUBSISTEMA DE RELAÇÕES TRABALHISTAS .................................................... 2
1.1 Relações do trabalho ................................................................................................................. 2
1.2 Relações trabalhistas na prática ................................................................................................ 5
2. SUBSISTEMA REMUNERAÇÃO ....................................................................... 5
2.1 Conceitos gerais aplicáveis ao tema .......................................................................................... 8
2.2 Modelos de remuneração .......................................................................................................... 9
2.4 Participação nos lucros ou resultados (PLR) ............................................................................ 14
3 BENEFÍCIOS SOCIAIS ....................................................................................... 14
3.1 Modelos de Benefícios Sociais ................................................................................................. 15
3.2 Tipos de Benefícios Sociais ....................................................................................................... 15
4 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO (T&D) ............................................... 16
4.1 Competências organizacionais e pessoais ............................................................................... 18
4.2 Processo de Treinamento e Desenvolvimento ........................................................................ 19
5 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO .................................................... 24
5.1 Porque avaliar as pessoas ....................................................................................................... 25
5.2 O que avaliar ............................................................................................................................ 26
5.3 Quem deve conduzir a avaliação de desempenho .................................................................. 26
5.4 Como deve ser conduzida uma sessão de avaliação de desempenho .................................... 27
5.5 O Pós‐Avaliação ........................................................................................................................ 28
5.6 Métodos de Avaliação de Desempenho .................................................................................. 28
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 34
1. SUBSISTEMA DE RELAÇÕES TRABALHISTAS
Trata‐se de uma atividade normativa, que começa com a assinatura do contrato de trabalho e
se encerra com a homologação da rescisão contratual. Nessa trajetória, incluem‐se os
pagamentos, as férias, licenças, normas e regulamentos, questões trabalhistas e sindicais.
A CLT e as convenções sindicais são os principais documentos legais que regem este
subsistema. São atividades geralmente delegadas ao tradicional Departamento Pessoal, por seu
caráter normativo.
1.1 Relações do trabalho
As relações do trabalho são regulamentadas pelo direito do trabalho, ramo do direito que tem
por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam essas relações.
Além disso, determinam os sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em
sua estrutura a atividade. As principais agendas do direito do trabalho são:
I. Justiça do Trabalho
A Justiça do Trabalho é órgão do Poder Judiciário Federal que processa e julga as ações
trabalhistas. Podem recorrer à Justiça do Trabalho, tanto trabalhadores como
empregadores quando sentirem que seus direitos estão sendo prejudicados. Ela está
estruturada em três níveis:
• 1º Juntas de Conciliação e Julgamento, que conhecem e decidem conflitos
individuais mediante sentenças;
• 2º Tribunais Regionais do Trabalho, que atuam em segunda instância, apreciando
recursos depois de esgotadas as tentativas de negociação coletiva entre as partes;
• 3º Tribunal Superior do Trabalho, atua na terceira e última instância. As decisões do
TST são irrecorríveis.
II. Ministério Público do Trabalho
É um ramo do Ministério Público da União que fiscaliza o cumprimento das leis trabalhistas
por parte das empresas, atuando na defesa dos direitos dos trabalhadores, recebendo
denúncias feitas por sindicatos ou por trabalhadores. Promove inquéritos civis ou ações
judiciais com foco na defesa de interesses de trabalhadores, notadamente em questões
como:
• Questões de discriminação social.
• Trabalho para portadores de deficiências físicas.
• Liberdade e dignidade no trabalho.
• Relações informais de trabalho, falsas cooperativas etc.
• Combate ao trabalho forçado e ao trabalho infantil.
• Mediação e arbitragem de conflitos trabalhistas.
• Fiscalização do exercício do direito de greve.
Outras figuras jurídicas das relações trabalhistas:
III. Consolidação das Leis do Trabalho
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi um marco na história das relações
trabalhistas brasileiras. Criada em 1943, teve por objetivo consolidar todas as leis
trabalhistas produzidas a partir de 1930, pelo então Governo Vargas. Além de consolidar
leis, ela também criou outras.
Constituída hoje por 922 artigos, ela ainda conserva na origem as características da
presença e intervenção do Estado nas relações entre capital e trabalho. Algo que é visto no
mundo globalizado como entrave ao progresso das relações trabalhistas. Movimentos em
prol de sua reforma têm sido ativados nas últimas décadas.
IV. Contrato de Trabalho
O tema é tratado na CLT do artigo 442 ao 456. No primeiro, a CLT define o contrato de
trabalho como “acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”. O
contrato de trabalho é o principal documento que rege a relação de emprego. Nele são
incluídas todas as tratativas resultantes da contratação. Algumas são básicas, como:
horário de trabalho, remuneração, cargo, período de experiência.
Esse capítulo ainda trata de questões como
• Não exigência de comprovação de experiência prévia para a postulação de emprego por
período superior a seis meses (Art. 442 –A).
• “Poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo
determinado ou indeterminado” (Art. 443).
• Contrato de Experiência (Art. 445 – parágrafo único).
• Direitos trabalhistas em caso de falência (Art. 449).
• Readmissão e contagem de tempo de serviço (Art. 453).
• Anotações na Carteira Profissional (Art. 456).
• Entre outros.
V. Convenção Coletiva do Trabalho
Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais
sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de
trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de
trabalho (Art. 611 da CLT).
Esse acordo, geralmente discutido anualmente por ocasião da data‐base da categoria, tem
força de lei, desde que as cláusulas acordadas não confrontem direitos previstos na
legislação trabalhista, sob pena de nulidade.
A legislação permite que a convenção coletiva tenha validade por até dois anos.
O processo de negociação coletiva é originado a partir da apresentação de um rol de
reivindicações, por parte do sindicato dos trabalhadores, devidamente aprovados em
assembleia da categoria. Fazem parte desse rol de reivindicações cláusulas econômicas e
sociais:
Cláusulas Econômicas:
• Índice de reajuste da categoria.
• Piso salarial da categoria.
• Bonificações.
• Participação nos lucros e resultados.
• Percentuais de adicionais de horas‐extras.
• Entre outros.
Clausulas Sociais:
• Garantias de emprego.
• Abonos de faltas.
• Condições de Segurança.
• Entre outros.
Os acordos coletivos também preveem contribuições para os respectivos sindicatos, tanto
por parte dos trabalhadores como dos empresários, como forma de custear as entidades
representativas.
Não havendo sucesso na negociação coletiva as partes podem ingressar com ação junto ao
Tribunal Regional do Trabalho (dissídio coletivo), para que decida o impasse, o que é feito
por um instrumento chamado Sentença Normativa.
VI. Greve
Greve é a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal
de serviços a empregador (Art. 2º da Lei nº 7.783/89). Pode ocorrer de forma geral (toda a
categoria) ou isoladamente.
Entraves nas negociações coletivas podem resultar em greves gerais de categorias. Em se
tratando de greve geral de uma categoria, sua legitimidade dependerá de aprovação obtida
por meio de assembleia geral da categoria e condições específicas definidas em lei.
VII. Direitos Trabalhistas
A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT garante aos trabalhadores uma série de direitos
trabalhistas. Dentre os mais destacados, listam‐se:
• Carteira de trabalho assinada.
• Repouso semanal remunerado (uma folga por semana).
• Salário até o quinto dia útil do mês subsequente.
• 13º‐Salário.
• Férias anuais de trinta dias, com adicional de um terço.
• Vale‐Transporte, com participação financeira do trabalhador de no máximo 6% do
salário.
• Licença Maternidade de 120 dias, com garantia de emprego até cinco meses depois do
parto.
• Licença Paternidade de 5 dias corridos.
• FGTS: depósito de 8% da remuneração auferida no mês.
• Horas‐extras pagas com adicional de 50% em relação à hora normal.
• Garantia de 12 meses em caso de acidente.
• Irredutibilidade salarial.
• Jornada de trabalho semanal de no máximo 44 horas.
• Adicional noturno com acréscimo de 20% sobre o valor da hora normal, para jornadas
entre 22h e 5h.
• Três dias consecutivos em caso de casamento.
• Um dia por ano em caso de doação de sangue.
• Dois dias em caso de alistamento militar.
• Dois dias em caso de morte de parente próximo.
• Abono de faltas ocasionadas por doenças, mediante comprovação.
• Aviso‐prévio de 30 dias em caso de demissão.
• Seguro desemprego.
Esse rol de direitos pode ser acrescido de outros, assegurados pelas convenções coletivas
de trabalho de cada categoria profissional em particular.
1.2 Relações trabalhistas na prática
No âmbito das empresas, o gerenciamento das relações trabalhistas geralmente está delegado
ao tradicional Departamento Pessoal (DP).
Ao DP compete assegurar que o vínculo empregatício seja mantido dentro dos mais perfeitos
quesitos legais, cumprindo e fazendo cumprir os ditames da CLT, das Convenções Coletivas e
legislação complementar.
Os regulamentos internos que focam a disciplina, as orientações aplicáveis à política salarial,
segurança e pagadoria estão sob a guarda do DP. Além disso, o setor atua, mesmo no
desligamento do trabalhador, em caso de litígio trabalhista.
2. SUBSISTEMA REMUNERAÇÃO
Salário é fonte de motivação?
Para a maioria dos especialistas ou estudiosos em gestão de pessoas, predomina o
entendimento que salário não é fator motivacional. Independentemente do caráter legal, que é
o da contraprestação por serviços prestados, o salário serviria tão somente como pano de
fundo para a sustentação de outras fontes motivacionais como perspectivas concretas de
carreira, bom ambiente organizacional, reconhecimento.
Nessa linha, Chiavenato (2010) define salário como:
uma contraprestação pelo trabalho de uma pessoa na organização. Em troca
do dinheiro – elemento simbólico e intercambiável ‐, a pessoa empenha parte
de si mesma, de seu esforço e de sua vida, comprometendo‐se a uma atividade
cotidiana e a um padrão de desempenho na organização... Na prática, o salário
constitui a fonte de renda que proporciona o poder aquisitivo de cada pessoa.
E o poder aquisitivo define o padrão de vida de cada pessoa e a satisfação de
sua hierarquia de necessidades individuais.
A expressão “hierarquia de necessidades individuais” nos remete à conhecida “Hierarquia das
Necessidades” de Mazlow, (quadro 1) e a dos “Fatores Motivadores e Higiênicos”, de Herzberg
(Quadro 2). Reproduzimos trechos do capítulo Salário e Motivação, de Pontes (1998), onde ele
comenta ambas as teorias:
Para Mazlow, as necessidades humanas podem ser divididas em cinco, dentro
de uma escala na qual, a partir do momento em que temos uma necessidade
satisfeita, a necessidade seguinte passa a ser o fator motivador de nossas
atitudees, até atingiir a satisfaçãão de todas elas. Mas, m mesmo tendo atingido aa
satisfaçção da neceessidade maais complexa, se algum ma outra de eixar de serr
satisfeiita, esta assume papel preponderante, tornand do imprescin ndível a suaa
satisfaçção. Associando a teoriaa de Mazlow w à nossa qu
uestão de saalário, comoo
fator de motivação o, observamo os que, indirretamente, eeste contribui, é o pano o
de fundo, para a satisfação dessas necesssidades. É aatravés dele e que temoss
assegurada a satissfação de nossas necesssidades bássicas indepe endentes daa
empressa, tais como moradiia, alimentaação etc. ((...) O salário é umaa
demon nstração objetiva do qu uanto a emmpresa valorriza o trabaalho de seu u
funcionnário. Assocciado ao plaano de carreiras, se b bem administrado pelo o
Departamento de Recursos Humanos
H da empresa, eele pode vir a ser não o
propriaamente um fator
f de mootivação, mas um fator qque servirá de base aoss
fatoress motivadorees ligados ao o cargo ocup
pado, à persspectiva de crescimento o
profissiional e trabaalho executado estando eestritamentee ligado a essses.
Quadro 1
Em relação à teoriaa de Herzbeerg:
Atravéss da teoria de Herzbergg, poderemo os compreen nder melhor o papel doo
salário que está tão intimamente ligad do à satisfaação das necessidades
n s
humanas. Herzbergg divide os ffatores em h higiênicos e m motivadoress, sendo quee
os higiiênicos abraangem todoss os benefícios oferecidos pela em mpresa, taiss
como: ambiente de d trabalho, relacionam mento com o os superiore es,benefícioss
sociais e salários, q
que são visto os como fatoores que pod dem gerar inssatisfação e,,
quando o de acordo o com as asspirações do
os funcionários, atingir um estado o
máximo o de não sattisfação. Já o motivadores, que estão rrelacionadoss
os fatores m
com o o cargo ocupado
o peelo empreggado, e aabrangem o trabalho o
adequaadamente realizado,
r responsabilid
r dade exigid da, reconhe ecimento e e
progressso profissio onal, levam o os funcionários de estad dos de não‐satisfação ao o
de satisfação”. Po ortanto, pod demos conclluir que o salário não é fator dee
motivação (*) quando analisad do isoladamente. A trocca fria de prrodução porr
salário não gera saatisfação ao empregado;; é apenas aa recompenssa justa pelo
o
seu trabalho e o em mpregado bu usca a garan
ntia de sua so obrevivênciaa (* o grifo éé
nosso)..
Polêmiccas à partee, a verdade é que niinguém traabalha de graça.
g Por sua vez, ass empresass
m desenvolver políticas de recomp
buscam pensar adeq quadamente seus colaboradores como meio o
estimulá‐los à melh hor produtividade e a rretê‐los.
Se salárrio não é fon
nte de motiivação, ele pode transfformar‐se eem grande ffonte de dessmotivação o
quando o os recursoos financeiro
os são percebidos pelo os funcionários como incoerentess e injustos..
Quadros como estte afetam a autoestim ma dos traabalhadoress, levando‐o
os a um processo dee
desinteresse e pouco apego ao trabalhho. Sob este prisma, Resende
R (2
2002) contribui com o
o
seguintee comentárrio:
Mas o problema nãão reside em m queixa do vvalor relativo o do cargo, n
nem no valorr
do saláário comparaado com o d do mercado. Os empregaados reconh hecem que aa
maioriaa das empreesas tem istoo bem arrum
mado. Regraa geral, estão satisfeitoss
também m com o plano
p de beenefícios. No
o entanto, estão, de modo
m geral,,
insatisffeitos com oss critérios e o
os processoss de remuneração (...). A A maioria dass
pessoas é sensata ee entende ass limitações d de um plano o de cargos e
e salários dass
empressas. Regra geral, elas qu
uerem critérios justos e transparentes. Desejamm
ter seuu valor individual recoompensado. Elas quereem, de mod do especial,,
conheccer suas posssibilidades e perspectivass de evolução profissionaal.
Praticarr políticas justas, equilibradas e eficazes de
eve ser vistto como o principal objetivo dass
organizaações que rreconhecem m a importância do pap pel das pesssoas no contexto do ne egócio.
A remuuneração é u um assunto ccomplicado, pois depend de de inúme eros fatores..
Há umaa variedade de políticas e procedimeentos de rem muneração. A A construção o
m plano de remuneraçãão requer certos cuidad
de um dos pois prrovoca fortee
impacto nas pessooas e no dessempenho da
d organizaçção pelos seus efeitos e
e
conseqquências. O desenho
d do sistema de remuneraçãão oferece dois
d desafioss
principais: de um lado, deve e capacitar a organizaçção para alccançar seuss
objetivos estratégiicos e, de outro lado, deve ser m
moldado e ajustado àss
características únicas da organização e do ambiente externo que a envolve
(CHIAVENATO, 2010).
A atividade de administrar salários, nas organizações, de modo geral possui os seguintes
objetivos:
1. Atrair talentos para a organização.
2. Reter talentos, por meio de política salarial (e outras) eficazes.
3. Estimular a produtividade individual, por meio de estímulos salariais e reconhecimento.
4. Distribuir adequadamente a “massa salarial”, reduzindo focos de insatisfação por
desigualdades equivocadas.
5. Manter equilíbrio com o mercado de trabalho (externo).
6. Garantir o cumprimento da legislação trabalhista e convenções coletivas do trabalho.
7. Manter a folha de pagamentos (remuneração e encargos) compatível com o orçamento
empresarial.
2.1 Conceitos gerais aplicáveis ao tema
Salário. Representa o valor fixado no contrato de trabalho. É chamado
também de salário nominal. É o valor referencial para efeito de
cálculos.
Remuneração É a soma dos rendimentos totais auferidos em um determinado
período (geralmente mensal). Inclui, além do salário nominal,
adicionais como horas‐extras, adicional de insalubridade,
comissões, bônus etc. Os descontos legais (INSS, Imposto de
Renda) incidirão sobre a sua totalidade. O FGTS (8%) é calculado
sobre a remuneração e não sobre o salário nominal.
Encargos Trabalhistas São os encargos que incidem direta ou indiretamente sobre a
folha de pagamento das empresas (soma das remunerações
individuais) e é arcado por elas. Vide Quadro 3.
Remuneração Funcional É a forma tradicional de se remunerar, praticada pelas empresas.
Paradigma Cargos similares: mesma atividade, mesma importância.
Tarefa São as diversas atividades, não necessariamente definidas no
contrato de trabalho, que são executadas por um funcionário
durante o expediente. Exemplo: (1) Atender telefones e transmitir
recados; (2) Recepcionar visitantes e encaminhá‐los aos seus
destinos; (3) Conferir contas telefônicas mensais.
Função Refere‐se ao conjunto de tarefas sob a responsabilidade de um
funcionário.
Cargo O título que se dá à função. No exemplo, “Recepcionista”. A
denominação do cargo é da competência exclusiva da empresa.
Normalmente alas seguem as denominações mais comuns no
mercado como forma de facilitar pesquisas salariais.
Descrição de Cargos É a descrição formal das funções atribuídas a cada um dos cargos
existentes na organização. Costuma registrar os pré‐requisitos
para a sua ocupação e competências requeridas.
Quadro 3 – Encargos Trabalhistas
Fonte: José Pastore, citado por Chiavenato (2010).
Em um levantamento sobre encargos sociais para empregados mensalistas, José Pastore
concluiu que, tomando por base 240 horas mensais de trabalho, as empresas fazem os
seguintes recolhimentos a partir dos salários pagos:
% sobre salário
A. OBRIGAÇÕES SOCIAIS
• Previdência Social 20,00
• FGTS 8,00
• Salário Educação 2,50
• Acidente do Trabalho (coeficiente médio) 2,00
• SESI 1,50
• SENAI 1,00
• SEBRAE 0,60
• INCRA 0,20
• Subtotal de A (obrigações sociais) 35,80
B. TEMPO NÃO‐TRABALHADO
• Descanso Semanal Remunerado (DSR) 18,91
• Férias 9,45
• Feriados 4,36
• Abono de Férias 3,64
• Aviso‐prévio 1,32
• Auxilio Enfermidade 0,55
• Subtotal de B (tempo não‐trabalhado) 38,23
C. TEMPO DE NÃO‐TRABALHO
• 13º Salário 10,91
• Despesas de Rescisão Contratual 2,57
• Subtotal de C (tempo de não‐trabalho) 13,48
D REFLEXOS DOS ITENS ANTERIORES
• Incidência cumulativa do grupo A/B 13,68
• Incidência de FGTS sobre 13º‐salário 0,87
• Subtotal de C (reflexos dos itens anteriores) 14,55
TOTAL GERAL 102,06
Fonte: CHIAVENATO, 2010.
2.2 Modelos de remuneração
I. Remuneração funcional
É o modelo tradicional, praticado pela maior parte das organizações ainda nos tempos atuais.
Ainda, porque ele está gradativamente cedendo espaço para modelos que mais se adaptam ao
atual cenário econômico mundial, profundamente mudado a partir de meados de 1980.
Resende (2002) afirma que os fundamentos consagrados pelo modelo funcional estão
enraizados na era tecnicista de administração de cargos e salários, período em que se dava
grande ênfase ao enfoque técnico, metodológico e normativo, e pouca atenção aos fatores
conjunturais e organizacionais.
Em síntese: ele é baseado exclusivamente nas descrições de cargo e na hierarquia estampada
nos organogramas, os quais sugerem uma visão reducionista da realidade organizacional. De
acordo com Wood Jr. et al. (1995):
a lógica que fundamenta os sistemas tradicionais de remuneração vê a
organização como retratada pelo organograma formal. Seus pressupostos
fundamentais são os seguintes:
• Existe uma linha de autoridade claramente definida;
• As atividades principais estão definidas por normas e procedimentos
escritos;
• As responsabilidades e atribuições individuais são conhecidas e pouco
variam com o tempo.
Ocorre que as transformações que as empresas estão sofrendo as colocam
cada vez mais distantes desses pressupostos.
Wood Jr. et al. (2004) nos oferece um retrato dos fundamentos da remuneração funcional e
suas tendências (quadro 4).
Quadro 4
Item Fundamento Tendência
• Hierarquia rígida. • Modelos Flexíveis.
• Elevado número de níveis
• Poucos níveis hierárquicos.
hierárquicos.
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
• Ascensão salarial por meio
• Ascensão salarial por meio
do desenvolvimento
de promoções.
profissional.
• Ampla e mal definida.
AMPLITUDE DE AÇÃO • Restrita e bem definida. • Varia em função do perfil do
profissional.
• Difusa.
DEFINIÇÃO DE
• Clara. • Orientação para a visão e
RESPONSABILIDADES
objetivos compartilhados.
• Papéis e forma de tomada
PROCESSO DECISÓRIO • Contingencial.
de decisão bem definidos.
Fonte: Remuneração Estratégica – Thomaz Wood Jr. e Vicente Picarelli Filho.
Especialistas de RH e autores são unânimes ao afirmarem que o modelo tradicional não deve
ser eliminado sumariamente. Seu componente técnico é perfeitamente utilizável para a
construção de estruturas salariais; o que deve ocorrer são adaptações conceituais. A esse
respeito Resende (2002) conclui:
Com isso se quer dizer que os princípios e métodos dos planos de cargos
e salários tradicionais continuam válidos, mas não representam agora a
parte mais importante da atividade. As palavras de ordem são:
adequação, integração, flexibilidade e oportunidade, mantendo as bases
técnicas. Há muito o que mudar em termos de conceitos, técnicas e
instrumentos na construção de planos de cargos e salários ou
remuneração e carreira. De modo especial, três: (1) A substituição do
conceito de aumento de mérito pelo de remuneração por competência;
(2) O aperfeiçoamento da descrição de cargos para torná‐la um
instrumento útil; (3) A introdução do conceito de carreira horizontal.
O modelo tradicional é estruturado sobre as seguintes bases:
• Análise de Cargo – estudo preliminar originado a partir de coleta de dados de cada
função, junto a seus ocupantes;
• Descrição de Cargo – exposição ordenada das tarefas que compõem o cargo. Sua
redação deve responder às seguintes perguntas: “o que faz”, “como faz”, “para que
faz”. As descrições trazem, também, as especificações do cargo que são os requisitos
necessários (aptidões, conhecimentos, competências) que o ocupante deve possuir.
• Avaliação de Cargo – consiste na atribuição de um valor relativo a cada cargo, com o
objetivo de identificar a “hierarquia dos cargos” dentro de uma escala de valores. Os
métodos mais utilizados pelas empresas são os chamados “sistemas de pontos”.
• Pesquisa Salarial – pesquisa realizada entre empresas que competem no mesmo
mercado de trabalho, para apurar o seu comportamento e tendências. É uma fase
fundamental para as empresas definirem suas estratégias de retenção.
• Estrutura e Política Salarial – a fase culminante do processo, em que são definidos
“curva salarial”, tabelas salariais, enquadramentos e projeções de custos. Além disso,
definem‐se as políticas e procedimentos que irão balizar as ações salariais
internamente.
II. Remuneração estratégica
As empresas buscam novas e mais eficazes formas de estimular o vínculo entre elas e seus
colaboradores, especialmente para incrementar o desempenho individual e coletivo
relacionado a questões como qualidade, produtividade, foco no cliente, trabalho em equipe e
outros.
As diferentes soluções encontradas fazem parte do modelo REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA,
contraponto da remuneração funcional.
Mesmo com alguns insucessos, muitos deles em razão de imposições e limitações legais, a
Remuneração Estratégica tem trazido importantes contribuições aos ambientes
organizacionais. Neste capítulo vamos retratar as principais formas de Remuneração
Estratégica:
• Remuneração por habilidades
Essa estratégia recompensa as pessoas não por um trabalho específico, mas pelos
conhecimentos e habilidades exigidas para seu desempenho. À medida que os
empregados adquirem mais habilidades, tornam‐se recursos mais flexíveis (GIL; 2001).
Na medida em que o trabalhador consegue avançar no seu nível de habilidade, avança
também progressivamente em termos de recompensa financeira (MARRAS; 2004).
Segundo Gil (2001):
a remuneração por habilidades não constitui um abandono radical das
abordagens tradicionais de remuneração. Embora, com sua implantação, os
empregados notem alguma mudança real em sua remuneração, esta
continuará a ser feita praticamente da mesma maneira.
Wood Jr. (2004) registra que o surgimento dessa forma de remuneração é consequência
do aumento da complexidade do ambiente de negócios que resultou em uma série de
tendências registradas desde a década de 1990 nas empresas: (1) estruturas
organizacionais com menor número de níveis hierárquicos e, consequentemente, maior
nível de autonomia e amplitude de responsabilidades para indivíduos e grupos; (2)
valorização do trabalho em equipe; (3) Aumento da exigência da multifuncionalidade e
visão sistêmica; (4) Foco no aperfeiçoamento contínuo; (5) Pressões para redução de
custos.
Quadro 5 – Vantagens e Desvantagens de um sistema de Remuneração por Habilidades
VANTAGENS DESVANTAGENS ou RESTRIÇÕES
• O foco da função é substituído pelo foco • Nas funções gerenciais ou técnico‐
na pessoa, o que potencializa o administrativas a definição de habilidades é
desenvolvimento individual. relativamente abstrata.
• Flexibilidade e maior adaptabilidade das • Exige cuidados especiais na aplicação da
pessoas a alterações de processos e legislação trabalhista, especialmente nas
modelos de gestão. questões de isonomia salarial.
Dois pontos críticos de sucesso desta modalidade de remuneração estão concentrados
em duas vertentes de RH:
a) Eficácia no processo de seleção de profissionais, no sentido de priorizar a contratação
de pessoas rigorosamente alinhadas ao perfil de habilidades da empresa;
b) Investimentos concentrados na área de treinamento e desenvolvimento de pessoas,
para a realização de programas técnicos e comportamentais igualmente alinhados ao
perfil de habilidades da empresa.
• Remuneração por competências
É uma evolução natural do modelo de Remuneração por Habilidades. Enquanto aquele é
mais aplicável aos grupos operacionais, pela maior clareza na identificação e observação
de determinadas habilidades, o modelo por competência é mais apropriado aos cargos de
gestão ou administrativos, caracterizados pela presença de abstração, incertezas,
criatividade, entre outras características, com ligações mais diretas com a estratégia da
organização. Wood Jr. et al. (2004) reproduz definições de especialistas para definir o
conceito de competências:
Um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes, correlacionadas
que afeta um parte considerável da atividade de alguém, que se relaciona com
o desempenho, que pode ser medido segundo padrões preestabelecidos, e
que pode ser melhorado por meio de treinamento e de desenvolvimento
(PARRY, Scott B.).
Características percebidas nas pessoas que envolvem conhecimentos,
habilidades e atitudes que levam a um desempenho superior. Competências
envolvem comportamentos observáveis e mensuráveis que se relacionam com
o trabalho (LEDFORD JR., Gerald E.).
Para que uma competência seja considerada essencial deve passar por três
testes: (1) Valor percebido pelos clientes... (2) Diferenciação entre
concorrentes... (3) Capacidade de expansão (PRAHALAD, C. K. e HAMEL, G.).
A Remuneração por Competências na prática, segundo Gil (2001), define que os salários
são diretamente vinculados a um processo de certificação, no qual o empregado precisa
demonstrar sua competência. Os aumentos de salário, por sua vez, não estão vinculados
à promoção, como acontece nos sistemas tradicionais. As principais vantagens da
Remuneração por Competências podem ser:
Quadro 6 – Vantagens e Desvantagens de um sistema de Remuneração por Habilidades
VANTAGENS DESVANTAGENS ou RESTRIÇÕES
• Menos indicado para funções de caráter
• Melhor entendimento da organização.
operacional.
• Disseminação do conhecimento junto aos
colaboradores.
• Flexibilidade, agilidade, inovação e
velocidade.
• Compromete os gestores na gestão
efetiva e no desenvolvimento de equipes.
• Menor imposição da legislação
trabalhistas, uma vez que no nível de
aplicação (gestores, administrativos) as
funções o número de cargos com
paradigmas é menor.
• Remuneração variável
Uma das formas mais tradicionais de se praticar remuneração variável é o
comissionamento. As funções comerciais – vendedores em particular – são o melhor
exemplo, consistindo de um pagamento fixo acrescido de comissões de acordo com os
resultados alcançados em um determinado período: mensal, trimestral etc.
Esse modelo também é utilizável para remunerar equipes, de acordo com o atingimento
de resultados pré‐definidos.
Há um crescente movimento das empresas no sentido de remunerar funções estratégicas
de forma variável: comissões, bônus, participação acionária, participação nos lucros etc.
De acordo com Chiavenato (2010), os nomes atribuídos mudam conforme a empresa: pay
for performance, remuneração variável ou flexível, participação nos resultados, gain
sharing, salário flexível. Na sequência, acrescenta que:
o desenho do programa também varia, mas o objetivo é sempre o mesmo:
fazer do executivo ou colaborador um aliado e um parceiro nos negócios da
empresa. Esse modelo de remuneração coloca por terra os mitos sagrados que
sempre comandaram a administração salarial, como tempo de casa, lealdade
ou formação escolar. Com a remuneração variável, passam a dominar outros
critérios, como resultados, competência, criatividade, inovação, espírito
empreendedor, valor agregado pelas empresas.
Daremos, neste capítulo, atenção especial a uma forma de remuneração variável que
cresce rapidamente no mundo empresarial: a Participação nos Lucros ou Resultados
(PLR).
2.4 Participação nos lucros ou resultados (PLR)
O tema não é novo. Ele está presente na Constituição Brasileira desde 1946, tendo ficado
“adormecido” até 1994 quando, já sob os efeitos da abertura econômica brasileira, a PLR
surgiu como uma alternativa para vincular os trabalhadores, de forma mais
comprometida, aos resultados das empresa.
A primeira Medida Provisória foi editada em dezembro de 1994, pelo então presidente
Itamar Franco. Essa medida foi reeditada sistematicamente até ser transformada em lei
(nº 10.101, de 2000).
A PLR pode ser vista como um forma de flexibilizar os entraves legais impostos pela
legislação trabalhista, especialmente aqueles que impedem salários diferentes para
cargos iguais.
Por essa razão, ela tem sido praticada pela grande maioria das empresas, resultando em
sucessos e insucessos, dependendo da forma como é conduzida. Há duas maneiras de
adotar PLR nas empresas:
a) PLR com foco estratégico: metas de produtividade são estabelecidas com a
participação dos trabalhadores, resultando daí um comprometimento efetivo com os
resultados. Os resultados passam a ser percebidos pela empresa como investimento.
b) PLR com foco legal: a empresa opta por negociar com os trabalhadores um
determinado valor, independentemente do atingimento de metas. Na prática nada
muda. Os trabalhadores continuarão a se dedicar como sempre o fizeram. Os
resultados são percebidos pela empresa como despesa.
3 BENEFÍCIOS SOCIAIS
Benefício é o conjunto de programas ou planos oferecidos pela organização como
complemento do sistema de salários. O somatório compõe a remuneração do empregado
(MARRAS, 2002).
São considerados salários indiretos e são altamente estratégicos tanto para atratividade de
candidatos como para o equilíbrio do quadro de funcionários. Para os funcionários, um plano
de benefícios pode significar vantagens adicionais e/ou facilidades que contribuam para a
melhor qualidade de vida.
Chiavenato (2010) expõe um comentário relacionado à origem dos benefícios:
No passado, os benefícios estavam fortemente atrelados ao paternalismo
existente nas organizações. Hoje, os benefícios fazem parte dos atrativos com
que as organizações retêm seus talentos. As origens e o desenvolvimento dos
planos de benefícios sociais se devem às seguintes causas:
1. Competição entre as organizações na disputa de talentos humanos, seja
para atraí‐los ou para mantê‐los;
2. Uma nova atitude das pessoas quanto aos benefícios sociais;
3. Exigência dos sindicatos e dos contratos coletivos de trabalho;
4. Exigência da legislação trabalhista e previdenciária;
5. Impostos atribuídos às organizações, que passaram a representar meios
lícitos de deduções de suas obrigações tributárias;
6. Necessidade de contribuir para o bem‐estar dos colaboradores e da
comunidade.
3.1 Modelos de Benefícios Sociais
Há duas formas básicas de se administrar um plano de benefícios sociais:
1ª Modelo Tradicional – a empresa oferece aos seus colaboradores um pacote de
benefícios padronizados, estabelecendo para cada item a sua participação financeira, que
poderá ser absoluta ou parcial (regime de coparticipação). Em muitas empresas, os benefícios
ou a política de subsídios financeiros poderão ser diferenciados em função dos diferentes níveis
hierárquicos existentes. A maior limitação deste modelo é que normalmente uma parcela de
colaboradores pode não ter interesse na utilização de determinados benefícios, tornando nulo
o investimento da empresa.
2ª Benefícios Flexíveis – muitas empresas adotam esse modelo que é baseado no
pressuposto de que cada colaborador tem necessidades ou interesses específicos, portanto a
opção por este ou aquele benefício poderá ampliar a eficácia do programa. Um exemplo:
marido e mulher trabalham em diferentes empresas e cada um possui um plano de assistência
médica oferecido pelas respectivas empresas. Havendo em uma delas o plano de benefícios
flexíveis, o membro do casal poderá substituir a assistência médica por, por exemplo,
assistência escolar, auxílio‐medicamentos ou outros.
3.2 Tipos de Benefícios Sociais
Pesquisa realizada em dezembro de 1999 (MARRAS, 2002), indicou os benefícios mais
praticados pelas organizações. Os dados se referem ao mercado geral.
% de incidência
Tipo de Benefício
na amostra
Restaurante 100
Seguro de Vida 100
Assistência Médica 100
Festa para empregados 75
Transporte 70
Cesta‐Básica 60
Seguro de Acidentes Pessoais 60
Veículo designado 58
Clube para empregados 58
Pagamento de quilometragem 55
Assistência Odontológica 50
O padrão dos planos de benefícios varia de acordo com as características de cada segmento
empresarial, sendo pontos determinantes o poder econômico da categoria, pressão sindical,
qualificação da mão‐de‐obra utilizada, localização geográfica entre outros.
Recente pesquisa promovida pelo SESCON – sindicato patronal do segmento de empresas
contábeis – entre 180 empresas com certificação de qualidade do setor (PQEC), conduzida pela
D. Luchetti RH Consultoria em Recursos Humanos em 2007, revelou o seguinte quadro:
% de incidência
Tipo de Benefício
na amostra
Refeição (VR ou R$) 79
Assistência Médica 73
Auxílio‐Educação 67
Seguro de Vida 36
Drogaria 30
Assistência Odontológica 24
Vale‐Transporte com vantagens 21
Convênios com restaurantes 13
Convênios com estacionamentos 12
Convênios com clubes ou colônias 8
Academias 6
Óticas 6
Escolas de idiomas 6
Escolas de informática 5
Faculdades ou escolas técnicas 4
Supermercados 4
Há ainda outras formas de benefícios praticadas nas organizações. Entre as mais comuns:
Empréstimos subsidiados Subsídio à educação
Complementação de aposentadoria Assistência psicológica
Plano de Previdência Privada Assistência jurídica
Gratificações salariais Automóvel com manutenção
Cooperativas de crédito Cartão de crédito
Cooperativas de consumo Celular
Creches para filhos de funcionários Pagamento de empregada doméstica
Ações da companhia Viagem de férias
Agência bancária interna Complementação salarial durante licença
4 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO (T&D)
Não há dúvidas quanto à afirmação de que as pessoas constituem o ativo mais importante das
organizações. Afinal, são elas que, por meio de suas competências pessoais, determinam o
diferencial competitivo das organizações, tornando‐as mais ágeis, inovadoras e vencedoras.
Para garantir esta performance, naturalmente as empresas precisam cercar‐se de pessoas
alinhadas às suas necessidades técnicas e comportamentais, como também à sua cultura
organizacional.
A contratação de pessoas com o perfil rigorosamente ajustado aos requisitos da organização
nem sempre é fácil. Na verdade é quase uma utopia. Por essa razão, as empresas investem
continuamente no treinamento e desenvolvimento de seus colaboradores, formal ou
informalmente. Cabem aqui duas definições básicas:
1ª Treinamento – é um processo de assimilação técnica ou cultural de curto prazo. É orientado
ao presente, e tem por objetivo capacitar ou ampliar determinados conhecimentos, habilidades
e atitudes relacionadas ao cargo ocupado. Exemplos: um módulo de quatro horas para ensinar
um funcionário a operar determinado software; outro de oito horas para adquirir habilidade no
manuseio de uma máquina operatriz; outro de 6 horas para incrementar atitudes relacionadas
ao atendimento a clientes. Os treinamentos podem ser feitos, também, durante a execução do
próprio trabalho (on the job). No geral os treinamentos focalizam o “como” fazer. Marras
(2002) define que os objetivos específicos do treinamento são:
(1) Formação profissional: tem como meta alcançar um grau de capacidade laboral para
determinada profissão, repassando todos os conhecimentos e práticas necessárias ao
bom desempenho de uma função;
(2) Especialização: oferece ao treinando um campo de conhecimento ou prática específica
dentro de uma área de trabalho para a otimização dos resultados;
(3) Reciclagem: tem como finalidade básica rever conceitos, conhecimentos ou práticas de
trabalho, renovando‐os ou atualizando‐os de acordo com as necessidades.
Com relação aos objetivos genéricos, define:
(1) Aumento direto da produtividade;
(2) Aumento direto da qualidade;
(3) Incentivo motivacional;
(4) Otimização pessoal e organizacional;
(5) Atendimento de exigências de mudanças.
2ª Desenvolvimento – contempla o médio e longo prazos. São atividades que visam a garantir a
existência de competências organizacionais e pessoais (vide definição) entre os membros da
organização, como forma de assegurar o cumprimento de seus objetivos estratégicos. Segundo
Marras (2002), os processos de desenvolvimento de talentos está centrado nas pessoas e não
nos processos. Conclui com a seguinte abordagem:
Podem fazê‐lo (os programas de desenvolvimento) para empregados que não
estejam exercendo no momento nenhuma posição hierárquica na estrutura da
empresa: pessoas ‘interessantes’, do ponto de vista empresarial, com
características pessoais e potencial que estimulem a organização a investir no
seu desenvolvimento para o futuro da empresa. Em segundo lugar porque o
título do cargo pouco importa nesse processo; o que realmente importa saber
no processo decisório da escolha dos participantes de um programa de
desenvolvimento é o nível de talento dos indivíduos potencialmente aptos a
serem desenvolvidos. Obviamente que a organização irá investir, a médio e
longo prazos, naqueles que ela acredita sejam as ‘peças‐chave’ do seu amanhã.
Entre os diversos fatores que as organizações adotam para fazer a sua escolha,
temos observado que a titulação ‘talento’ recai sobre indivíduos que
apresentam excelente desempenho, entre outros, nos seguintes itens:
• Quociente de inteligência.
• Nível de inteligência emocional.
• Qualidade educacional.
• Identificação com a cultura organizacional.
• Nível motivacional.
• Habilidade negocial, técnica e/ou decisória.
• Espírito de liderança.
• Maturidade.
• Background sólido.
• Trajetória estável.
4.1 Competências organizacionais e pessoais
Referimo‐nos anteriormente às competências individuais das pessoas. É oportuno detalharmos
esse conceito, utilizando o conhecido CHA: Conhecimentos, Habilidades e Atitudes.
Fonte: D. Luchetti RH – Consultoria em Recursos Humanos.
4.2 Processo de Treinamento e Desenvolvimento
A implementação de programas de T&D deve ser consequência de ações devidamente
planejadas. Esse planejamento passa por várias etapas que vão do Levantamento de
Necessidades de Treinamento (LNT) até a avaliação da eficácia do programa. Teoricamente, o
processo de T&D é composto de quatro etapas:
1ª Levantamento de Necessidades de Treinamento (LNT)
Trata‐se do diagnóstico que deve responder às seguintes perguntas:
(a) Quais são as carências de treinamento?
(b) Qual é o perfil do(s) funcionário(s) em relação às exigências organizacionais?
(c) Quem deve ser treinado?
(d) O que deve ser aprendido?
Necessidades de treinamento são as carências de preparo profissional das pessoas, ou seja, a
diferença entre o que uma pessoa deveria saber e fazer e aquilo que ela realmente sabe e faz
(Chiavenato; 2010). Localizar esse “vazio” é a tarefa dos especialistas em T&D que, para isso, se
utilizam de vários recursos. Gil (2001) sugere as seguintes etapas:
(a) Análise Organizacional: consiste na identificação dos níveis de eficiência e eficácia da
organização, a fim de determinar as formas de treinamento que poderão contribuir para
sua elevação. A análise organizacional envolve toda a empresa e objetiva, entre outras
coisas, a identificação das áreas em que o treinamento se torna necessário. A análise
organizacional pode focar as seguintes etapas:
a. Identificação da organização;
b. Estrutura organizacional;
c. Planejamento;
d. Produção;
e. Vendas;
f. Potencial econômico‐financeiro;
g. Recursos humanos;
h. Imagem da empresa;
i. Clima organizacional.
(b) Análise de Tarefas: consiste na identificação das atividades que compõem as tarefas
bem como dos requisitos pessoais necessários para seu desempenho eficaz. O
treinamento tem como objetivo fundamental capacitar as pessoas para o desempenho
das atribuições de seus cargos. A análise passa pela identificação dos seguintes
detalhes:
a. Atividades que compõem a tarefa;
b. Responsabilidades do executante da tarefa;
c. Condições de trabalho e riscos;
d. Conhecimentos, habilidades e atitudes requeridas (CHA).
(c) Análise dos recursos humanos: consiste na identificação, junto aos empregados, dos
níveis de conhecimento, habilidades e atitudes requeridas para a execução das tarefas
que executam.
Do confronto da análise dos recursos humanos com a análise das tarefas é que são
identificadas as necessidades de treinamento:
ANÁLISE DAS TAREFAS ANÁLISE DAS PESSOAS
Conhecimentos, Habilidades e
Atitudes REQUERIDAS.
‐
Conhecimentos, Habilidades
e Atitudes DISPONÍVEIS.
= NECESSIDADES DE
TREINAMENTO
O LNT pode utilizar outras fontes de informações, como a Avaliação de Desempenho (capítulo
6) ou, conforme Chiavenato (2010), um dos seguintes indicadores a seguir:
“Além dos métodos de levantamento de necessidades, existem indicadores que
apontam necessidades futuras (a priori) e passadas (a posteriori), a saber:
• Indicadores a priori: são eventos que, se acontecerem provocarão futuras
necessidades de treinamento, facilmente previstas como:
a) Expansão da empresa e admissão de novos empregados;
b) Redução do número de empregados;
c) Mudança de métodos e processos de trabalho;
d) Substituições ou movimentação de pessoal;
e) Absenteísmo, faltas, licenças e férias de pessoal;
f) Mudanças nos programas de trabalho ou de produção;
g) Modernização dos equipamentos e novas tecnologias;
h) Produção e comercialização de novos produtos ou serviços.
• Indicadores a posteriori: são os problemas provocados por necessidades de
treinamento ainda não atendidas como:
a) Problemas de produção, como:
a. Baixa qualidade de produção.
b. Baixa produtividade.
c. Avarias frequentes em equipamentos e instalações.
d. Comunicações deficientes.
e. Elevado número de acidentes no trabalho.
f. Excesso de erros e de desperdício.
g. Pouca versatilidade dos funcionários.
h. Mau aproveitamento do espaço disponível.
b) Problemas de pessoal, como:
a. Relações deficientes entre o pessoal.
b. Número excessivo de queixas.
c. Mau atendimento ao cliente.
d. Comunicações deficientes.
e. Pouco interesse pelo trabalho.
f. Falta de cooperação.
g. Erros na execução de ordens.
2ª Programa de Treinamento
Identificadas as necessidades, o passo seguinte é a elaboração do programa de treinamento,
geralmente determinado para um período anual. Esta etapa consiste na identificação das
soluções mais adequadas às necessidades identificadas na etapa anterior. Um programa de
treinamento deve contemplar basicamente:
a) O objetivo do treinamento.
b) O “título do treinamento” e o seu conteúdo programático.
c) Quem deve participar.
d) Carga‐horária.
e) Definição da prioridade da execução.
f) Instrutor(es): interno(s) e/ou externo(s).
g) Material de apoio: apostilas, recursos audiovisuais, espaço, estratégia de ensino, custos
etc.
h) Método de avaliação da eficácia.
3ª Execução do Treinamento
A execução do treinamento centra‐se na relação instrutor‐treinando. Os instrutores podem ser
pessoas da própria organização ou de fora, especialistas ou experientes em determinada área
de atividade, que transmitem suas instruções de maneira organizada aos treinandos. Os
treinandos poderão ser pessoas situadas em qualquer nível da organização, de quem se espera
que adquiram os conhecimentos, habilidades e atitudes requeridas para o desempenho de suas
atribuições (GIL, 2001).
A eficácia da execução do treinamento está intimamente relacionada à qualidade com que o
módulo é aplicado. Marras (2002) define os seguintes fatores como pontos críticos de sucesso
da execução do treinamento:
a) Didática dos instrutores;
b) Preparo técnico dos instrutores;
c) Lógica do módulo;
d) Qualidade dos recursos.
Gil (2001) adiciona à lista acima quesitos como: seleção dos treinandos, apoio administrativo e
cooperação dos chefes e dirigentes da empresa.
Técnicas de execução
De acordo com cada programa, as técnicas de aplicação variam. As mais conhecidas são,
segundo Marras (2002):
a) Aula expositiva: o instrutor repassa oralmente a um grupo de treinandos os
conhecimentos necessários ao saber. É uma técnica exigida em praticamente todas as
ocasiões de treinamento; porém, é um instrumento limitado quanto à abrangência
didática e, normalmente, é utilizado com outras técnicas;
b) Estudo de caso: pede‐se ao treinando para analisar por escrito um case (caso‐problema)
apresentado pelo instrutor; após análise cuidadosa, ele deverá – sozinho ou em grupo –
encontrar alternativas de solução. Essa é uma técnica interessante, pois desperta a
criatividade dos treinandos ao mesmo tempo em que promove a participação no
processo decisório e instiga a familiarização com problemas reais do dia a dia. O estudo
de caso representa quase sempre uma solução muito mais racional que emocional.
c) Dramatização: técnica muito utilizada em módulos nos quais há ênfase na análise
comportamental e na reação de terceiros a uma certa situação. O treinando assume um
determinado ‘papel’, previamente dado pelo instrutor e trabalha o script a exemplo de
um ator de cinema ou televisão. A dramatização busca muito mais trabalhar ângulos
emocionais do que racionais.
d) Workshop: técnica que reúne treinandos para explorar soluções grupais de problemas
práticos do dia a dia. Estimula a criatividade e a participação e promove o
comprometimento conjunto de decisões. É um excelente instrumento para propiciar a
cada treinando a oportunidade de comparar seu sistema de reflexão com o das demais
pessoas frente a problemas reais.
e) Brainstorming (tempestade de ideias): técnica utilizada para provocar principalmente a
criatividade e a rapidez de raciocínio dos participantes. Estimulados pelo instrutor que
indica um certo assunto, os treinandos de pronto expressam seu ponto de vista ou
aquilo que pensam a respeito do assunto em pauta. A informalidade é o ponto alto
dessa técnica; não há nenhum pré‐requisito ou formatação que limite as ideias ou
movimentos dos participantes.
f) Simulação: instrumento muito utilizado para treinamento de operações técnicas, como
máquinas, equipamentos, veículos (automóveis, aviões etc.), onde pode‐se aferir a
habilidade motora e/ou visual dos treinandos e suas reações imediatas a certas
situações propostas.
g) Painel: técnica que utiliza a apresentação e discussão conjunta de especialistas em
determinado assunto para uma plateia de ouvintes (treinandos). É uma reunião de
trabalho que se caracteriza pela informalidade e descontração, sob a coordenação de
um mediador. Uma variante dessa técnica pode prever, além dos expositores
(especialistas), a presença de interrogadores, para fazer o contraponto e questionar
certos ângulos abordados.
h) Simpósio: é uma técnica que segue o mesmo formato do painel, com a diferença que se
apresenta de maneira mais formal. Em geral, o simpósio aborda temas mais científicos e
se vale de algumas técnicas complementares para cumprir sua missão (quadro negro;
material ilustrativo etc.). Os expositores apresentam‐se individualmente, cada um
apresentando uma faceta do tema central;
i) Palestra: essa técnica é utilizada quando se deseja apresentar aos treinandos a opinião
ou o conhecimento de uma pessoa em especial. Em geral, o palestrante é alguém que
domina profundamente um assunto e que foi convidado (ou contratado) para que os
treinandos possam conhecer e debater com o palestrante detalhes do tema.
j) Conferência: segue o mesmo formato da palestra, diferenciando‐se daquela pela maior
formalidade com que é realizada a apresentação.
4ª Avaliação do Treinamento
A finalidade desta fase é avaliar a eficácia com que o treinamento foi aplicado; entre aquilo que
foi programado e o que foi assimilado pelos treinandos.
É uma etapa indispensável no processo de treinamento, pois seus resultados poderão
determinar a continuidade de determinados programas, alterações ou mesmo cancelamentos.
Há várias formas de avaliar a eficácia de um treinamento. Chiavenato (2010) sugere cinco níveis
de avaliação:
1º Avaliação de Reação: é o “teste do sorriso” ou reação do aprendiz. Mede a satisfação
dos participantes quanto à experiência do treinamento. Se o facilitador atraiu a atenção
do grupo, se o participante gostou dos exercícios, se a sala é confortável e se
recomendaria o treinamento a outros.
2º Aprendizado: avalia o treinamento quanto ao nível de aprendizagem e se o participante
adquiriu novas habilidades e conhecimentos e se mudou suas atitudes e
comportamentos como resultado do treinamento.
3º Desempenho: avalia o impacto no trabalho através das novas habilidades de
aprendizagem e adoção de novas atitudes que mudam o comportamento. As mudanças
de comportamento devem ser avaliadas através de observação, avaliação 360º ou
pesquisas com os colaboradores. Se não há mudanças comportamentais então o
treinamento não está funcionando ou há algo estranho no programa de treinamento.
Quando o colaborador retorna ao ambiente de trabalho muitos fatores em conjunto
podem apoiar a mudança comportamental incluindo o papel de apoio do gerente e um
clima que facilita e incentiva a tentativa de um novo comportamento.
4º Resultado: trata‐se de medir o impacto do treinamento nos resultados do negócio da
organização. O treinamento pode reduzir custos operacionais, aumentar a lucratividade,
diminuir a rotatividade ou reduzir o tempo de ciclo quando tem um propósito definido
neste sentido.
5º Retorno do investimento: também denominado ROI (Return on investment). Significa o
valor que o treinamento agregou à organização em termos de retorno sobre o
investimento feito.
Tendências de T&D
Tratamos até aqui do treinamento e desenvolvimento sob o enfoque sistêmico, que embute a
vantagem de incorporar muitas contribuições ao processo de treinamento, entre elas o
atendimento às aspirações do indivíduo, suas motivações, dificuldades de aprendizado etc.
Apesar disso, críticas ao modelo vêm sendo formuladas a esse modelo que tem na essência,
segundo Gil (2001):
a) Vê o homem como um ser complexo, mas o trata essencialmente como recurso para a
produção;
b) Centraliza o diagnóstico, o planejamento e a avaliação dos programas de treinamento;
c) Confere excessiva ênfase à mensuração dos resultados do treinamento;
d) Procura a uniformidade de comportamento humano na organização, desconsiderando
as peculiaridades setoriais e individuais.
Nesse contexto, as principais tendências são no sentido de tornar os processos de treinamento
mais democráticos, mediante a descentralização de suas atividades e de suas instâncias de
poder (GIL, 2001).
Chiarelli (2010) reporta‐se a artigo da Association Society for Training and Development (ASTD)
para reproduzir um quadro de tendências que devem ocupar espaço no cenário de curto prazo.
São elas:
a) Aprendizagem como estratégia empresarial. As organizações que aprendem bem e
rápido e que posicionam o RH em um nível realmente estratégico conseguem
desempenhos de negócio muito melhores do que as organizações que não o fazem;
b) E‐Learning. A TI está derrubando tradicionais barreiras, custos, horários e limites de sala
de aula, influenciando e expandindo fortemente as ações de treinamento;
c) Treinamento como consultoria de desempenho. Ao invés de focar as atividades – aquilo
que as pessoas fazem – o treinamento está focando os problemas de desempenho das
pessoas, equipes e empresa – os resultados que elas alcançam. O treinamento constitui
um dos poderosos meios de aumentar as competências e os resultados do negócio.
d) A liderança está valorizando o estilo coaching. A transição dos estilos técnicos e
fechados para uma atuação mais humana e participativa está exigindo dos gerentes um
forte investimento em seu autoconhecimento e disponibilização de liderança e coaching
para suas equipes. Aspectos como diálogo face a face, convergência, o exercício de dar e
receber retroação, discussão de fatores que prejudicam a carreira das pessoas,
relacionamento interpessoal e melhoria do desempenho estão em alta.
e) O papel do especialista em TD está se modificando. Ao invés de apenas oferecer cursos
e workshops, ele está agora no centro do processo de aprendizagem e inovação da
empresa para ajudar a organização e as pessoas a crescerem e alcançarem o sucesso,
em alinhamento com a estratégia organizacional.
5 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO
A sabedoria convencional diz que, se um empregado não ouve nenhum
comentário, deve pressupor que está fazendo um grande trabalho. ERRADO.
Os melhores executivos dizem que a pior coisa que pode acontecer ao moral
de um funcionário é ele ser ignorado. O feedback pode ser positivo ou
negativo. Importante é que ele o receba ao menos uma vez por semana
(Exame – 19/05/1999).
Segundo Marras (2002),
Avaliação de Desempenho (AD) é um instrumento gerencial que permite ao
administrador mensurar os resultados obtidos por um empregado ou por um
grupo, em período e área específicos (conhecimentos, metas, habilidades etc.).
Chiavenato (2010) afirma que
Avaliação de desempenho é uma apreciação sistemática do desempenho de
cada pessoa, em função das atividades que ela desempenha, das metas e
resultados a serem alcançados, das competências que ela oferece e do seu
potencial de desenvolvimento.
Conforme Luchetti,
Avaliação de desempenho é uma ferramenta de gestão de RH, através da qual
as organizações medem a eficiência de seus colaboradores, em relação aos
papéis que desempenham na organização, recebendo subsídios importantes
para a formulação (ou reformulação) de políticas de RH, notadamente às
voltadas ao desenvolvimento de seu potencial humano. Essa medida
naturalmente só faz sentido se as pessoas souberem antecipadamente o que
delas é esperado e qual é o padrão de desempenho desejado (Avaliação de
Desempenho; Manual do Avaliador).
5.1 Porque avaliar as pessoas (*)
A prática de avaliar pessoas acontece a todo o momento nas empresas. As pessoas estão o
tempo todo sendo avaliadas por seus superiores, pares, subordinados, clientes internos e até
mesmo por clientes externos. Ocorre que nem sempre essa avaliação é passada aos
funcionários, sejam elas positivas ou negativas.
Quando isso acontece, os resultados esperados dos subordinados deixam de ser claros. Os
fracassos ou sucessos ficam, muitas vezes, sem responsáveis. O sentido de orientação é vago.
Predomina a tendência de se comentar os desagrados, enquanto que os fatos positivos são
esquecidos. Isso obviamente reduz os índices de motivação, iniciativa, criatividade entre
outros. Um sistema de avaliação de desempenho bem elaborado proporciona uma série de
bons resultados para o ambiente organizacional. Alguns dos principais:
• Melhora as relações entre líderes e liderados em termos de confiança, motivação e
cooperação;
• Faz com que as pessoas encontrem sentido no trabalho que fazem;
• Orienta com segurança os investimentos em treinamentos e desenvolvimento;
• Induz as pessoas e as equipes a um maior nível de comprometimento;
• Revela talentos, muitas vezes no anonimato;
• Desenvolve a habilidade de trabalhar com foco em resultados.
Todavia, para que os bons resultados apareçam, alguns cuidados são necessários, a começar
pela atitude dos gestores de enxergar a avaliação de desempenho como uma ação típica do
papel das lideranças, e não como uma mera ferramenta burocrática.
(*) Texto extraído da apostila “Avaliação de Desempenho – Manual do Avaliador”, de D. Luchetti RH Consultoria em Recursos Humanos.
5.2 O que avaliar
Nas organizações, as pessoas têm um papel principal a ser desempenhado, que geralmente
está registrado nas respectivas descrições de cargos. A análise desse documento demonstra,
além das tarefas, as áreas de resultados e as competências requeridas dos ocupantes para a
ocupação do cargo.
Extraem‐se dessa análise as competências mais relevantes que impactam o desempenho
individual ou grupal. Em outras palavras: as competências onde um desempenho destacado é
vital para o sucesso do cargo. Elas podem ser atribuídos a cada cargo em particular ou a grupos
que possuam competências comuns. Alguns exemplos: (1) conhecimento do trabalho: (2)
quantidade de trabalho; (3) qualidade do trabalho.
Numa abordagem estratégica, os analistas de RH poderão enxergar e definir competências
extra‐descrições de cargos, especialmente na área comportamental, consideradas essenciais
para que o ocupante contribua para o sucesso da organização. Marras (2002) define
competências comportamentais como sendo aquelas em que a organização mensura os
valores, as atitudes e os comportamentos do empregado, relacionando‐os aos padrões
culturais predefinidos pela empresa e às responsabilidades que lhe são conferidas para exercer
suas funções dentro ou fora da organização. Conforme o grau e a forma com que esses
componentes impactam nos agentes e cenários que circundam a empresa, esta pode se
beneficiar ou ser penalizada. Como exemplo, cita a maneira como um gerente comercial
consegue neutralizar um conflito existente com um cliente; a diplomacia com que um diretor
trata uma visita potencialmente interessante etc.
Bohlander (2005) define a abordagem estratégica como a extensão em que os padrões se
relacionam com os objetivos estratégicos da organização. Cita como exemplos: (1) “se um
programa de TQM (Gestão da Qualidade Total) estabeleceu o padrão de que ‘95% de todas as
queixas dos clientes devem ser resolvidas em um dia’, então é relevante para os representantes
de serviços ao cliente usar esse padrão em suas avaliações; (2) Um dos objetivos estratégicos
de empresas como a 3M e Rubbermaid é conseguir que de 25% a 30% de suas vendas
provenham de produtos desenvolvidos nos últimos cinco anos. Esses objetivos são traduzidos
em padrões de desempenho de seus funcionários”.
5.3 Quem deve conduzir a avaliação de desempenho
Em geral, o supervisor imediato, por estar mais próximo do avaliado e possuir o maior número
de detalhes acerca de seu desempenho, além do que ele é, de certa forma, o responsável pelo
seu desempenho.
Gil (2001) alerta que a avaliação feita com base na percepção de uma única pessoa favorece o
subjetivismo, o que a torna inadequada quando se consideram os objetivos de toda a
organização.
De fato, o subjetivismo é um dos pontos críticos de qualquer modelo de avaliação de
desempenho. Não se pode eliminá‐los totalmente, mas com a utilização de critérios técnicos e
preparo dos avaliadores e avaliados, seus efeitos podem ser significativamente reduzidos.
Um critério que vem ganhando corpo nas últimas décadas é a avaliação 360°, que inclui na
avaliação todas as pessoas que mantenham alguma relação com o avaliado, entre elas: o
superior imediato, os subordinados, os pares, os colegas, clientes internos e clientes externos.
5.4 Como deve ser conduzida uma sessão de avaliação de desempenho
A definição dos fatores de avaliação e seus pesos relativos, a elaboração do formulário, o
preparo de avaliadores e avaliados são aspectos importantes para o sucesso do programa. Mas
nada é mais importante do que a ‘sessão de avaliação’, ou seja: o momento em que avaliador e
avaliado se reúnem para discutir o desempenho e elaborar um “plano de desenvolvimento”. É
o momento em que incertezas são esclarecidas, conceitos e valores são revistos, planejamento
de treinamentos ou de desenvolvimentos são traçados e metas ajustadas entre avaliador e
avaliado. É a oportunidade em que o avaliador demonstra toda a sua habilidade de liderança.
Para que a sessão de avaliação seja bem sucedida, uma série de detalhes devem ser
observados, entre eles:
a) Envolvimento da alta administração. Os gestores devem assimilar que as pessoas não
são apenas ‘recursos’, mas ponto‐chave para o sucesso da organização. Nesse contexto,
avaliá‐las é sinônimo de promover o seu desenvolvimento contínuo.
b) “Olho no Olho”. Os avaliadores deverão conduzir a avaliação de desempenho na
presença dos avaliados. Somente assim ela será percebida como um instrumento
efetivo de desenvolvimento. Avaliações feitas a portas fechadas pelo gestor, com
registros unilaterais, não passam de mera atividade burocrática, sem qualquer
importância.
c) Comunicação prévia. O programa deve ser anunciado detalhadamente a toda a
organização. As competências a serem avaliadas deverão ser divulgadas para que as
pessoas tenham a oportunidade de realizar sua autoavaliação.
d) Planejamento. Os avaliadores devem agendar as reuniões de avaliação e se preparar
estudando cada um dos avaliados previamente. Isto garantirá a qualidade e a eficiência
das reuniões. Reuniões improvisadas embutem o risco de frustrações por parte dos
avaliados.
e) Organização. Pontualidade no início das reuniões, local adequado, não interrupções são
detalhes que deixarão claro ao avaliado a importância daquele momento. Isto
contribuirá para o completo envolvimento das partes no que foi ajustado.
f) Postura do avaliador. Um clima descontraído ajuda a abrir a guarda tanto do avaliado
como do avaliador. É altamente recomendável que o avaliador esteja aberto a críticas
vindas do avaliado. Essa atitude fortalecerá as relações chefe‐subordinado.
g) Tendências a serem evitadas. A avaliação de desempenho não deve ser vista como uma
sessão de julgamento ou de “ajuste de contas”. Essa atitude fechará as portas para o
diálogo franco e aberto. Nesse sentido, algumas possíveis tendências deverão ser
evitadas pelo avaliador:
− Tendência central. O avaliador não gosta de avaliar as pessoas de maneira
extremada (nem excelente; nem péssimo). Sua avaliação tende a se concentrar
no centro da planilha;
− Complacência ou rigor. É o oposto da tendência central. O avaliador não gosta do
meio‐termo. É oito ou oitenta;
− Recentidade. O avaliador leva em conta os acontecimentos mais recentes – os
que consegue lembrar ‐ e despreza desempenhos anteriores, positivos ou não;
− Hallo. Acontece quando o avaliador gosta do subordinado e não consegue
atribuir‐lhe conceitos ruins, mesmo quando eles são devidos;
− Preconceito pessoal. É o oposto. O fato de o líder não gostar do subordinado faz
com que haja uma tendência de atribuir‐lhe pontos baixos. Pode acontecer
também em relação à cor, religião, sexo etc.;
− Comparação. O avaliado é comparado a outro funcionário que acabou de ser
avaliado;
h) Foco no futuro. Avaliar o período anterior é necessário, porque nele se concentram os
fatos reais observados num determinado período. Todavia, a maior contribuição da
avaliação está no foco futuro, ao se discutir e ajustar formas de reforçar determinadas
condutas e/ou sugerir mudanças em outras.
5.5 O Pós‐Avaliação
A sessão de avaliação formal não se encerra com o registro das tratativas no formulário de
avaliação de desempenho e as assinaturas. Na verdade, isto é apenas o começo. Durante o
período seguinte – geralmente 6 ou 12 meses – avaliadores e avaliados devem monitorar
regularmente a execução daquilo que foi tratado, podendo inclusive promover mudanças. É a
avaliação de desempenho informal.
Duas grandes vantagens podem ser observadas ao se praticar a avaliação informal:
1ª O gestor desenvolve o hábito de fornecer e receber feedback pontual aos membros de
sua equipe, contribuindo fortemente para o seu desenvolvimento;
2ª Os subordinados trabalharão com maior segurança e foco nos resultados ao
compreenderem o que deles é esperado e quais são os caminhos para atingirem um
desempenho destacado.
Subsídio ao programa de treinamento e desenvolvimento
Os registros realizados nos formulários de avaliação de desempenho formarão uma base de
dados legítima para a formulação dos programas de treinamento e desenvolvimento. É a
melhor forma de os analistas de RH apurarem as necessidades de treinamento da organização,
uma vez que o conteúdo das avaliações é resumo do que foi “negociado” entre os gestores e
cada um de seus subordinados em particular.
5.6 Métodos de Avaliação de Desempenho
Há vários métodos praticados pelas organizações. Entre os principais encontram‐se:
1. Escalas Gráficas
Baseia‐se na avaliação de um grupo de fatores determinantes daquilo que a organização
define como “desempenho”. Esses fatores podem mensurar tanto quantidade quanto
qualidade do trabalho, conhecimentos, cooperação, assiduidade, iniciativa, criatividade
etc. (MARRAS, 2001).
Esse grupo de fatores geralmente varia entre 6 a 8. Um número excessivo de fatores
poderá resultar em conflitos de conceitos. Cada fator de desempenho recebe um peso
relativo o qual é decomposto em graus. Exemplificando:
Tabela 1 – Modelo “Escala Gráfica” de 100 a 500 pontos
Padrão de desempenho
Competência Especificação Peso
Médio Médio
Menor Maior
menos mais
Os méritos deste modelo são:
− Sistema simples e fácil de ser construído;
− Fácil de ser compreendido;
− Permite a análise da evolução do desempenho entre uma e outra sessão, por meio de
indicadores de desempenho.
2. Escolha forçada
Este modelo consiste em avaliar o desempenho das pessoas com base em conjuntos de
frases com tendências negativas e positivas. O avaliador é ‘forçado’ a identificar, em cada
conjunto de frases, aquelas que mais identificam a performance do avaliado.
Gil (2001) oferece o seguinte exemplo:
Preencha cada um dos blocos, anotando com um “x” na coluna “+” a frase que melhor
define o desempenho do empregado e na coluna “‐“ a frase que melhor define seu
desempenho.
Quadro 1 + ‐
Todos os colegas gostam dele
Costuma reclamar do serviço
Tem um bom potencial de trabalho
É dinâmico
Quadro 2 + ‐
Aceita de bom grado as sugestões
Não cuida de sua aparência
Tem facilidade de expressão
Não procura se atualizar
3. Distribuição forçada
O método leva em conta que em cada grupo há uma minoria que apresenta desempenho
baixo e outra alto. A maior parte do grupo apresenta desempenho médio. Desta forma, o
avaliador deve ranquear os avaliados com base no padrão estabelecido pela organização.
Exemplificando:
Considerando que o grupo a ser avaliado seja de 20 pessoas e que o padrão de
enquadramento seja:
10% ‐ inferior
40% ‐ médio menos
40% ‐ médio mais
10% ‐ superior
O resultado deverá indicar nominalmente:
Nº de
Categoria Nomes
avaliados
1. Carlos
• Inferior (10%) 2
2. Erica
• Médio menos (40%) 8 3 a 10. Maria...
• Médio mais (40%) 8 11 a 18. Cláudio...
19. Alfredo
• Superior (10%) 2
20. Márcia
4. Avaliação 360º
Segundo Chiavenato (2010) a avaliação de desempenho 360º refere‐se ao contexto geral
que envolve cada pessoa. Trata‐se de uma avaliação feita de modo circular por todos os
elementos que mantêm alguma forma de interação com o avaliado.
Os fatores críticos de desempenho são definidos, preferencialmente com base nas
competências requeridas pela organização e para o cargo ocupado.
Define‐se quem participará como avaliador, dentre eles: o superior hierárquico, um grupo
de subordinados, pares, colegas, clientes internos. Em alguns cargos é possível eleger
clientes externos e mesmo fornecedores.
O grande mérito da avaliação 360º é que o resultado da avaliação dificilmente poderá ser
contestado pelo avaliado, uma vez que ele retrata o pensamento de várias pessoas, de
diferentes posições.
O segredo do sucesso deste método está na correta identificação dos fatores de
desempenho, na identificação correta de avaliadores, no preparo de avaliadores e avaliado
e na confidencialidade.
ANEXO
Como Implantar a PLR
Para ser bem sucedida, a implantação da PLR deve seguir uma metodologia que considere
os seguintes aspectos:
1. Cada empresa deve ter o seu sistema próprio. Cada empresa deve privilegiar metas e
resultados próprios, considerando a sua cultura corporativa e atendendo às suas
características e peculiaridades específicas.
2. Enfatizar os resultados e não os lucros. O sistema deve estar orientado para
resultados. Resultados são objetivos a serem alcançados. Podem ser denominados
metas, indicadores de produtividade ou de qualidade etc. Podem ser objetivos
estratégicos, tácitos ou operacionais, mas são sempre definidos como o principal alvo
das atividades do período. A condição básica é: se os resultados previamente
estabelecidos forem alcançados e se a empresa obtiver lucro no período de tempo
considerado, então haverá participação do pessoal em determina parcela do lucro,
em função daqueles resultados alcançados. O lucro é o condicionante básico para a
distribuição, e o alcance de resultados é o condicionante subsidiário. O acordo de
participação nos resultados assinado entre a empresa e sindicatos ou colaboradores
deve explicar claramente que haverá participação desde que a empresa tenha lucro.
Uma parcela desse lucro servirá de bolo a ser cortado e rateado entre aqueles que
alcançaram determinados resultados. Se não houver lucro, não haverá participação,
mesmo que os resultados tenham sido alcançados. A eficácia maior condiciona a
eficácia menor. Se a empresa estabelece como meta de produção algo como 200
peças por mês, mantendo o nível de qualidade e se não consegue vendê‐las no
mercado, ela estará operando no vermelho e não terá condições de proporcionar um
plus salarial aos seus colaboradores, mesmo que eles tenham tido excelente
desempenho. Os colaboradores trabalham como verdadeiros parceiros da
organização, repartindo os benefícios e os prejuízos.
3. Definir metas estratégicas, táticas e operacionais. O sistema deve envolver todos os
colaboradores através de uma ou duas metas corporativas, duas ou três metas táticas
e algumas metas operacionais. As metas corporativas se referem ao comportamento
global da empresa, enquanto as metas táticas ou setoriais são específicas para cada
área ou departamento. As metas operacionais se referem à atividade do próprio
funcionário. Na implantação do sistema, deve‐se evitar as metas individuais por dois
motivos: elas comprometem o espírito de equipe ao gerar forte competição entre as
pessoas e complicam o sistema. Em situações oportunas, metas operacionais e
individuais são sempre bem‐vindas. Cada colaborador deve participar do programa
com quatro ou cinco metas simultâneas previamente estabelecidas. Certas empresas
trabalham apenas com metas corporativas e metas setoriais para facilitar e simplificar
o sistema. As metas corporativas podem representar 30 a 40% do valor
disponibilizado para ser distribuído a título de participação, enquanto as metas
setoriais respondem pelos outros 60 a 70%. O valor recebido pelo colaborador é
proporcional ao seu salário nominal.
4. Utilizar indicadores usuais, simples e confiáveis. O programa pode ser uma novidade
para as pessoas e pode gerar certa ansiedade a respeito. A sua implantação deve ser
feita a partir de medidas de avaliação e medição já existentes na empresa para que as
pessoas não se sintam inseguras. Os indicadores devem ser simples e confiáveis para
ganhar credibilidade. Com o passar do tempo e com a experiência adquirida, os
indicadores devem ser melhorados e renovados.
5. Estabelecer uma periodicidade adequada. Deve‐se manter uma periodicidade
semestral ou começar com períodos anuais para depois encurtar para períodos
semestrais. Periodicidade curta é fator positivo para o sucesso do programa. Contudo,
aumentar a periodicidade de semestral para anual pode provocar o descrédito do
programa, pois os colaboradores podem pensar que a empresa não tem saúde
financeira para bancar o programa de remuneração variável. A lei quer evitar que as
empresas façam pagamentos mensais sob a égide do programa, caracterizados como
despesa operacional, e evitando a incidência de encargos trabalhistas e
previdenciários e abatendo a tributação.
6. Proporcionar clareza e simplicidade. O programa deve ser claro, simples e com
poucas regras. Os melhores programas propõem poucas metas – como duas
corporativas e duas ou três setoriais – divulgados com clareza para que todos possam
entendê‐las com a consonância necessária. Como o programa é destinado a todos os
funcionários deve ser feito numa linguagem simples e clara, em poucas páginas e sem
provocar dúvidas.
7. Ressaltar a objetividade. O programa deve ter um grau mínimo de subjetividade. Os
indicadores devem ser quantificáveis, como frequência e pontualidade ao trabalho,
redução do número de acidentes do trabalho, redução de refugos e de retrabalhos,
aumento da produção em número de peças produzidas, melhorias da qualidade em
termos percentuais, redução de custos ou de despesas, pontualidade na entrega dos
produtos – serviços etc.
8. Abrangência do programa. O programa deve envolver todos os colaboradores – como
aumento da participação da empresa no mercado, elevação da competitividade
diante das melhores empresas do mercado etc. Deve envolver igualmente a todos os
colaboradores, desde o presidente ao mais modesto faxineiro. Todavia, as metas
setoriais não podem ser iguais para todos. Os colaboradores da produção devem ter
metas setoriais dos que trabalham nas vendas. Em um programa de parceria anual
cobrindo o período de janeiro a dezembro, o pagamento deve ser feito em janeiro do
ano seguinte. Aos colaboradores admitidos no decorrer do período, caberá
remuneração proporcional ao período trabalhado, caso a sua equipe tenha atingido as
suas metas e a empresa tenha obtido lucro. Para os colaboradores que deixaram a
empresa durante o exercício, algumas empresas pagam proporcionalmente ao
período trabalhado. Certas empresas consideram que quem pede demissão quebra
pró‐trato, rompe a parceria e não está mais engajado na empresa e, portanto, nada
lhe é devido em termos de participação. Quando a empresa é obrigada a reduzir o seu
quadro de pessoal a situação é diferente. Contudo, tudo deve estar claramente
definido no acordo firmado entre empresa e colaboradores ou sindicatos para evitar
qualquer dúvida nos casos de admissão e demissão de pessoal.
9. Diferenciação das recompensas. O programa deve recompensar as pessoas de acordo
com a lucratividade da empresa, com a produtividade da área em que trabalham e da
equipe da qual participam. Se a empresa distribuía a PLR através de uma importância
igual para todos os colaboradores, ela não está implementando a remuneração
variável e deixa de recompensar as pessoas pelos seus diferentes esforços
desenvolvidos. Ela apenas aproveita as vantagens da lei em remunerar com isenção
da tributação. O tratamento pela média conduz a uma injustiça contra os
colaboradores mais engajados e mais produtivos. O programa deve ter metas e
indicadores estabelecidos para avaliação do desempenho das pessoas, para poder
diferenciar as pessoas e equipe que mais empenharam, atrelando o pagamento aos
resultados alcançados nos negócios.
10. Manter o programa sempre em alta. É preciso manter o programa sempre vivo e em
alto astral. Os colaboradores devem estar sempre motivados em função dos desafios
estabelecidos pelo programa. A comunicação precisa ser constante, contínua e eficaz.
Os colaboradores devem receber informação sobre o andamento das metas e
resultados como retroação para orientar o seu desempenho. O alcance das metas e
resultados devem ser solenemente festejados e a diretoria da empresa deve realçar e
enfatizar o programa em todas as reuniões. O programa deve ser sempre renovado e
melhorado para que as pessoas não se acomodem com a obrigatoriedade que
poderão levá‐las à rotina e ao fracasso. Nas oportunidades de renovação anual do
acordo entre empresa e colaboradores, metas e indicadores devem ser novamente
sintonizados e a solenidade deve ser toda especial para marcar lembrança em todos.
Os temas dos programas devem ser criativos, agradáveis e interessantes, como se
fosse um campeonato de futebol: o juiz são os representantes da empresa e dos
empregados, os técnicos são líderes das equipes e os times são as equipes de
funcionários. No ano seguinte, o tema poderia ser uma corrida de Fórmula 1 ou um
campeonato de tênis. O importante é desburocratizar o programa, já que a lei o torna
obrigatório. Deve‐se evitar a chamada compulsoriedade: fazer com que as pessoas
deem mais valor à iniciativa da empresa e às metas e resultados a serem alcançados
(CHIAVENATO, 2010).
BIBLIOGRAFIA
CHIAVENATO, Idalberto. Como transformar RH (de um centro de despesas) em um centro de
lucro. São Paulo: Makron, 1996.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. São Paulo: Campus, 2010.
FISCHER, André Luiz et al. As pessoas nas organizações. São Paulo: Editora Gente, 2002.
GIL, Antonio Carlos. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis operacionais. São Paulo: Atlas,
2001.
MARRAS, Jean Pierre. Administração da remuneração. São Paulo: Thomson, 2002.
PONTES, Benedito Rodrigues. Administração de cargos e salários. São Paulo: Editora LTR, 1998.
RESENDE, Ênio. Cargos, salários e carreira: novos paradigmas conceituais e práticos. São Paulo:
Summus Editorial, 2002.
SPRINGER, B.; SPRINGER, S. Human resource management in the US. In: PIEPER, Rudiger.
Human Resource Management: an international comparison. Berlim: Walter de Gruyter, 1990.
TOFFLER, Alvin. Criando uma nova civilização: a política da terceira onda. Rio de Janeiro:
Record, 1994.
VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de pessoas. São Paulo: Atlas. 2005.
WOOD JR., Thomaz et al. Remuneração estratégica: a nova vantagem competitiva. São Paulo:
Atlas, 2004.