Avaliação Neuropsicologica de Adultos e Idosos

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Avaliação Neuropsicológica de

Adultos e Idosos

Maria Paula Foss


Psicóloga

Maria Paula Foss – [email protected]


Lesão cerebral – Breve histórico sobre a Neuropsicologia

O estudo sobre o cérebro Egípcios (3500 a.c. );


e comportamento Gregos (séc 5 a.c.)

O termo Neuropsicologia só
foi utilizado no século XX por Osler

Idade Média “ Faculdades Mentais” - “ 3 Ventrículos Laterais”


Gall início XIX MAPAS FRENOLÓGICOS
DE GALL (1809)

SEM INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA


A investigação científica iniciou-se com Paul Broca (1861)

Terço posterior do Comprometimento na


giro Frontal Inferior fala expressiva

“Centro para as imagens motoras das palavras “ –


Afasia

Wernicke (1873) “ centro para as imagens sensoriais das palavras”.

CENTRO DA COMPREENSÃO DA FALA

BASES NEURAIS DA LINGUAGEM


Escola Localizacionista
X
Globalistas
Contrários a existência de centros específicos para as funções cognitivas

Vygostsky
Teoria Sócio-Cultural: as funções cognitivas se organizam em sistemas funcionais
dinâmicos que estão sobre a influência do contexto sócio-cultural.

Alexander Luria: Psicologia + Fisiologia + Neurologia


Higher Cortical Functions in Man (1962)
The working brain (1970)
Estudos de Caso
The mind of the Mnemonist (1968)
The man with a Shattered World (1972)
1950-70 – Novas abordagens para as relações entre cérebro e comportamento

Psicologia Cognitiva
Modelos teóricos para explicar os processos cerebrais e
psicológicos, sem correlação anátomo-clínica

Neuropsicologia Experimental
✓ Grupos de Estudo
✓ Protocolos planejados e medidas quantitativas.
✓ Análise Estatística
Neuropsicologia Experimental abordava as diferenças mais sutis
entre os grupos normais e doentes, requerendo a análise
estatística para comprovar esses achados

Neuropsicologia Cognitiva
Neuropsicologia + Psicologia Cognitiva
Neuropsicologia Cognitiva
Modelos de Dissociação e Dupla Dissociação
Dissociação: diferença de desempenho de 2 tarefas num mesmo indivíduo.
Dupla dissociação: 2 indivíduos com lesões distintas, sendo que um tem desempenho
deficitário numa tarefa e não na outra e o outro, apresenta desempenho inverso. Essa
metodologia poderia provar que as diferentes lesões se baseiam em sistemas de
processamento distintos e independentes.

NEUROIMAGEM FUNCIONAL
Nas últimas duas décadas
PET (Pósitron Emisson Tomography): imagens da utilização regional de glicose,
fluxo sanguíneo, consumo de oxigênio ou densidade de receptores no cérebro humano.
SPECT ( Single Photon Emission Computed Tomography)
EEG ( Eletroencefalografia)
MEG ( Magnetoencefalografia)
f MRI ( Resonância Magnética Funcional)

As bases da neuropsicologia atual são influenciadas por esses avanços científicos


Neuropsicologia
Definição:
“ Neuropsicologia clínica é uma ciência que
focaliza a expressão do comportamento de
uma disfunção no cérebro, presumida ou
verificada, logo, seu campo de
conhecimento e atuação é referente as
relações entre cérebro e comportamento”.
(Lezak, 1995)
O comportamento engloba 3 sistemas
funcionais:

representa a maneira como


lidamos com as informações
do ambiente circundante.

sentimentos e motivações.

regulação.
Cognição : representa a maneira como
manipulamos as informações.

Funções Memória e Pensamento: Funções de


Receptivas: Aprendizagem: organização e Execução:
Seleção, armazenamento e reorganização comunicação ou
integração mental informação
aquisição, colocada em
classificação e ação.
integração
A neuropsicologia especializou-se no estudo da
cognição:

✓ É o aspecto mais proeminente nos quadros de lesão


cerebral ;

✓ É o mais fácil de ser quantificado e correlacionado


com localizações anatômicas;

✓ As avaliações geralmente precisam ser limitadas no


tempo e podem acabar não abrangendo todos esses
aspectos.

MAS, AS LESÕES CEREBRAIS GERALMENTE,


ABRANGEM OS 3 ASPECTOS
(COGNITIVO, EMOCIONAL E DO FUNCIONAMENTO
EXECUTIVO)
Exemplo:
Psicose de Korsakoff ( associada ao alcoolismo), descreve-se:

✓ amnésia anterógrada, desorientação


temporal e confabulações (COGNITIVO) .

✓ emocionalmente vazios e monótonos ( AFETO)

✓ não conseguem se organizar para cumprirem


objetivos mais complexos ( FUNCIONAMENTO
EXECUTIVO)
• Comportamento-CérebroO Córtex Cerebral
Organização Neuronal

O cérebro pesa
em média 1,4 kg.
Existem cerca de
100 bilhões de
neurônios,
dispostos num
modelo laminar.
AS SINAPSES

NEURÔNIO - MIL A CENTENAS DE MILHARES DE SINAPSES. LOGO O


CÉREBRO PODE PRODUZIR 1000 TRILHÕES DE CONEXÕES
AS REDES NEURAIS
Mapas Citoarquitetônicos
de Broadman

Diferencia as áreas funcionais do cortex


com base na estrutura de suas células e na
disposição dessas em camadas
tex Cerebral
Áreas Funcionais

Funções fisiológicas elementares ( sensação


cutânea, visão, audição e movimento)

representadas em áreas definidas no córtex

MONAKOW (1914), HEAD (1926) E


GOLDSTEIN (1927;1944 E 1948)
“O CORTÉX CEREBRAL funciona como um
todo integrado, no qual cada área
citoarquitetural é responsável pelo
desempenho de determinada função”.
O envolvimento do córtex pressupõe o de outras áreas corticais e subcorticais numa colaboração
extensa
Sintoma lesão de cada uma das
(perda de uma dada função) áreas do sistema funcional

Não remetendo a uma única localização

RM funcional (adultos saudáveis) : execução de tarefas mentais


– ativação de circuitos
neuroanatômicos por todo o córtex
e não localizados (Weintraub,2000)
Processos mentais – interativos
o comprometimento em um desses pode afetar o
desempenho em teste em outros domínios

Exemplo: comprometimento em tarefas de


cálculo

Atenção deficitária Linguagem


deficitária Inabilidade para dar
seqüência
 Extensão, Localização e Duração da lesão

 Idade, Gênero, Condições Físicas,


Antecedentes Psicológicos e Sociais,
a Condição atual do paciente e as
Diferenças neuroanatômicas e fisiológicas de
cada indivíduo.
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
aplicação e interpretação de testes, escalas, questionários e entrevistas que
são utilizadas para avaliar o funcionamento cerebral por meio da
cognição, habilidades sensoriais e motoras, estado emocional e
comportamento social.
Avaliação neuropsicológica
• Século XX: I Guerra Mundial
• II Guerra Mundial: primeiros estudos
experimentais com testes psicológicos e
lesões focais:
Hans- Lukas Teuber,
Brenda Milner,
Alexander Luria,
Arthur Benton,
Henry Hàcaen,
Ward Halstead.

• Interesse de localizar a lesão cerebral


“localizar a lesão cerebral de acordo com a premissa da existência de centro
funcionais do sistema nervoso”
Avaliação neuropsicológica
Lesões difusas:
Esquizofrenia,
Transtorno afetivo
Doença de Alzheimer,
AIDS,
Doenças
desmielinizantes.

ORGANICIDADE
• Distinguir o que orgânico X funcional
“distinguir alterações de comportamento e cognitivas geradas por alterações cerebrais daquelas não-
orgânicas”.

Neurologia – localização das lesões.


Psiquiatria – identificar organicidade.
Avaliação neuropsicológica: finalidade
• Desenvolvimento de técnicas de imagem e
neurofisiológicas: medidas eficientes morfológicas e
neurofisiológicas do SNC.
NP: Localização???

• Desenvolvimento da neurociência: mostrou as bases


neurais de transtornos mentais que acabou com a dicotomia orgânico e funcional.
NP: Organicidade ???
Avaliação neuropsicológica
• Imagem mostra o local e extensão da lesão

Mas, não é capaz de identificar a natureza dos


recursos residuais e as habilidades deficitárias
que os acompanham. (Lezak, 2004)
Avaliação neuropsicológica
– Casos que parecem semelhantes na neuroimagem,
mas com resultados psicossociais diferentes.
– Documentar habilidades cognitivas que se mostram
inconsistentes com os achados anatômicos, como o da
freira de 101 anos que mostrou desempenho superior
nos testes cognitivos, mas foi constatada
neuropatologia avançada de DA na autópsia
(Snowdon, 1997).
CARACTERIZAÇÃO
Qual é a natureza dos sintomas cognitivos e emocionais
para essa pessoa?
Avaliação neuropsicológica
• Traumas, Epilepsia, Depressão, Demência,
Doença de Parkinson, Esquizofrenia, Alteração
de conduta, Transtorno do desenvolvimento,
Déficit cognitivo pós lesões cerebrais
decorrentes de Traumatismos, Déficit
cognitivo pós Acidente Vascular Cerebral
(AVC), Déficit cognitivo pós tumores, Déficit
cognitivo pós meningo-encefalites, Déficit
associado ao alcoolismo e/ou às drogas, entre
outras doenças neurodegenerativas.
Avaliação neuropsicológica: aplicações e
usos.
• Diagnóstico
• Cuidados ao paciente, incluindo, questões de manejo
e planejamento.
• Tratamento-1)Identificação das demandas:
programas individualizados de tratamento e acompanhamento de
mudanças no foco do tratamento.
• Tratamento – 2)Avaliação de eficácia
• Pesquisa.
• Avaliação na área forense.
(Lezak, 2004)
Avaliação neuropsicológica: aplicações
• Diagnóstico:
– Distinguir Psiquiátrico x Neurológico
– Identificar uma possível desordem neurológica na população geral
– Auxilio para diferenciar condições neurológicas diversas
– Prover dados do comportamento para localizar a lesão, ou pelo
menos, seu hemisfério.
– Prognóstico
– Triagem
Avaliação neuropsicológica: aplicações
• Cuidado ao paciente:
• Avaliações descritivas, ou seja, para caracterização da função
cognitiva, alterações de comportamento e de personalidade
após a lesão cerebral.
– Informações aos pacientes: auto- conhecimento dos seus problemas.
– Informações aos familiares: para lidarem melhor com as mudanças dos pacientes.
Busca pelo entendimento da situação atual

• Planejamento : considerar as habilidades e as dificuldades cognitivas do


paciente, as alterações emocionais que estão vivendo e o impacto dessas no modo
de verem a si mesmos e o seu comportamento.
– Como essa pessoa reage a deficiência , a melhor maneira de compensá-los e
se poderá se beneficiar de treinamento.
Cuidado à pessoa com lesão cerebral
• Reavaliações: em intervalos estipulados de tempo.
– Acompanhar o curso de algumas doenças
neurológicas: documentar mudanças, tempo e modo de
ocorrência .
• Avaliar inconsistências oriundas de déficits atencionais.
• Estimar deterioração – processos demenciais.
• Efeitos de procedimentos cirúrgicos, tratamento
médico e treinamento.
• Avaliar efeitos de distúrbios psiquiátricos (psicose) e
tratamento empregados sobre o estado
neuropsicológico.
Avaliação neuropsicológica: aplicações
• Tratamento: • Tratamento:
1) reabilitação. 2) eficácia
• Planejamento: • Estratégias de
delineamento dos reabilitação
problemas, avaliação das
habilidades/recursos para • Avaliar eficácia de
reabilitação. cirurgias, estimulação
• Reavaliação craniana,
medicamentos
Avaliação neuropsicológica: aplicações
• Pesquisa:
- A pesquisa aprimorou a compreensão desses transtornos
mentais e o entendimento do funcionamento normal do
cérebro.

• Neuropsicologia Forense:
– Compensação financeira
– Aposentadoria
– Curatela
– Simulação
A avaliação neuropsicológica consta das seguintes etapas:

1. Encaminhamento:
A avaliação inicia mesmo antes da aplicação dos testes propriamente ditos,
abrange a :
• Seleção do Paciente Pessoas que não cooperam, com fadiga, em
surto psicótico, gravemente deprimidos ou muito ansiosos.

• Preparação do Paciente: obtendo sua maior cooperação e aliviando


ansiedades desnecessárias.
Esclarecer o Motivo e a Natureza da Avaliação
Estabelecer o Contrato de Trabalho

Validade da Avaliação depende de obter o melhor


desempenho do paciente
• Motivo do Encaminhamento: quanto mais claro, maior a
probabilidade de prover informações necessárias.
– Questões diagnósticas: alterações de comportamento e cognitivas
sem uma etiologia conhecida
– Questões descritivas : diagnóstico estabelecido e o encaminhamento
é para caracterização do comportamento apresentado.

2. Processo da Avaliação:
• Entrevista Clínica e Observação do Comportamento Apresentado: são
os pontos principais pelos quais as avaliações irão se nortear.
Entrevista neuropsicológica
• Relato do paciente pode ser distorcido em
relação a presença ou ausência de sintomas,
sua gravidade e o tempo de evolução da
doença.

• PACIENTES COM BAIXO INSIGHT E DÉFICIT DE


MEMÓRIA PODEM SER MAL INFORMANTES.
Entrevista neuropsicológica
• Presença de acompanhantes
ENTREVISTA NEUROPSICOLÓGICA

Nome: Prontuário:
Endereço:
Procedência: Natural:
Telefone para contato:
Sexo: Data de Nascimento: Idade:
Data da Entrevista:
Data ou Período da Avaliação:
Encaminhado por:

Motivo do Encaminhamento:

Ambulatório e Médico que acompanham a paciente:

Se já foi avaliado por psicólogo, especifique o tipo de atendimento e a


época (datas):

Escolaridade:

Língua de origem e outras:

Destro ou canhoto:
Ocupação:
Emprego atual ou último:
Estado Civil:
Medicamentos em uso:
Entrevista
• História Atual : explicitar as queixas do paciente e
sua família, circunstâncias em que os problemas
surgiram e a atitude do paciente perante esses
problemas. Habilidades sensoriomotoras.
• História médica e psicológica: adoecimentos
anteriores ao atual. Uso de medicações e
internações. Atendimentos psicológicos e
avaliação psicológica e neuropsicológica.
• História de Abuso de Substâncias.
Entrevista
• História Pregressa: Gestação, Parto e Nascimento.
Desenvolvimento neuropsicomotor. Infância,
alfabetização, histórico escolar. Histórico ocupacional.
Lazer.
• Histórico familiar: doenças neurológicas e
psiquiátricas.
• História Pessoal: casamento, filhos, moradia atual.
• Estimar habilidades pregressas: personalidade prévia,
histórico ocupacional e educacional, contexto social e o
modo como utiliza seu tempo de lazer.
Entrevista
• Adaptação psicossocial e Atividades de Vida
Diária.
• Inventários, Escalas e Questionários:
comportamento e estado emocional.
• Exames recentes: exames de imagem e exame
oftalmológico e auditivo.

Quanto maior o número de informações coletadas antes da


seleção dos testes, melhor a formulação de hipóteses
específicas.
Questionário Background-Adulto
(Strauss, Sherman & Spreen, 2006)

Auto-aplicado:
✓Paciente
✓Acompanhante –
familiar
Informações suplementares
Informantes e documentos:
• Informações educacionais;
• Informações ocupacionais;
• Informações jurídicas;
• Informações médicas;
• Informações sobre saúde mental;
• Dados sobre abuso de substâncias em tratamento;
• Dados militares.
Observação do comportamento
• Nível de consciência
• Aparência geral (contato visual, modulação da
fala, expressão facial, hábitos pessoais e de
vestimenta).
• Atividade motora (hemiplegia, tiques,
relaxamento, hiper ou hipocinesia).
• Humor
• Grau de cooperação
• Alterações na linguagem, prosodia, pensamento,
julgamento e memória.
Seleção dos Testes:
✓ Objetivo da Avaliação ✓ Dados normativos
✓ Qualidades psicométricas: ✓ Formas paralelas
▪ Validade ✓ Tempo e custo
▪ Precisão ✓ Uso de técnicas não
✓ Parâmetros avaliativos: padronizadas
▪ Sensibilidade
▪ Especificidade

“Seleção dos testes pelo examinador depende da história,


entrevista e a observação do desempenho do paciente durante a
avaliação”.

“Avaliação deve ser adaptada a necessidade e habilidade do


paciente”.
(Lezak, 2004)
Seleção dos Testes:
Natureza dos Testes:
• Testes Construídos para Triagem de Disfunções Neuropsicológicas.
Logo, pode ser acertado por todos os indivíduos saudáveis e o erro
pode indicar comprometimento.
Exemplo: Testes simples de apraxia.

• Testes construídos para pessoas sem comprometimento


neuropsicológicos. A maioria obtém um desempenho dentro da
média.

Um desempenho inferior a 2 DPs da média indica


comprometimento, pois, 97,8% estão acima.
• Seleção dos Testes:
Testes organizados em Baterias : um conjunto de
testes ou técnicas que possam corroborar ou refutar as hipóteses
iniciais, atendendo ao objetivo da avaliação (Cunha, 2000)
Baterias “Fixas” ou Padronizadas
X
Baterias Flexíveis ou Não Padronizadas

– Baterias Padronizadas: voltadas para certo tipos de pacientes e


avaliações especializadas (avaliações neuropsicológicas). Ainda
assim, podem ser acrescentados testes específicos.
Ex: Haltead-Reitan Battery, Luria Nebraska Neuropsychological
Battery etc.
– Baterias Não Padronizadas: organizadas de acordo com as
questões diagnósticas, podem ser aumentadas ou diminuídas
conforme a necessidade. Uso em contexto clínico.
3. Aplicação dos Testes: no mínimo de 4 hs

4. Apuração dos Resultados: deve-se considerar o tipo


de resposta em vista de padrões que tenham significado
neuropsicológico e inconsistências.

5. Relatório

As indicações de lesão cerebral originam-se dos


aspectos qualitativos( observação, tipo de
resposta e análise dos erros) e quantitativos
(escores)
Propõem-se um protocolo básico de testes para a avaliação
Neuropsicológica Clínica, abrangendo os seguintes domínios:

Eficiência Intelectual

Atenção e Funcionamento Executivo

Habilidades Viso Espaciais

Habilidades Viso Construtivas

Linguagem

Memória

Raciocínio e Abstração
Eficiência Intelectual
• Utilidade de medidas de QI na avaliação neuropsicológica.
Prós Contras
✓ Evidências de precisão maior que 0,95. ✓ Escores compostos não informam o
✓ Predizem rendimento acadêmico e tipo de comprometimento subjacente
consequentemente, provável carreira (Lezal, 2004).
profissional.

Esses instrumentos são sensíveis para estimar o nível de inteligência,


mas falta especificidade para compreender os motivos que levaram
ao comprometimento (Rao, 1996)

Perfil do funcionamento do indivíduo


 
áreas de áreas
comprometimento preservadas
Eficiência Intelectual Escala Wechsler Abreviada de
Ex: Escala de Inteligência Wechsler Inteligência - WASI
para Adultos – Wais III

Escalas de Inteligência Não-Verbal : Teste das Matrices


Progresivas de Raven
Testes de Rastreio Cognitivo

Mini Exame do Estado Mental de


Folstein ( Folstein et al, 1975 )

Modificações para o contexto brasileiro


propostas por Brucki et al (2003)

Testes de Rastreio Cognitivo


são sensíveis, rápidos e de
fácil aplicação, mas pouco
específicos.
BATERIAS MULTIFUNCIONAIS

CONSORTIUM TO ESTABLISH A REGISTRY OF ALZHEIMER DISEASE (1986)


Subtestes:
➢FLUÊNCIA VERBAL (CATEGORIA ANIMAIS)
➢TESTE DE NOMEAÇÃO DE BOSTON ( versão abreviada) – 15 figuras.
➢MEMÓRIA (APRENDIZAGEM) – Evocação imediata de uma lista de 10 palavras não-relacionadas em
3 tentativas consecutivas e ordenadas de maneira diversa.
➢PRAXIA CONSTRUTIVA – Cópia de 4 figuras (CÍRCULO, DIAMANTE, RETÂNGULOS SOBREPOSTOS E
CUBO)
➢EVOCAÇÃO DA LISTA DE PALAVRAS
➢RECONHECIMENTO DA LISTA DE PALAVRAS
➢EVOCAÇÃO DA PRAXIA

Baterias multifuncionais são mais específicas ao comprometimento neuropsicológico, mas não


fornecem uma medida de inteligência.
Atenção
Prejuízos destas afetam a maioria dos domínios avaliados.
Atenção: capacidade para selecionar e manter controle sobre a entrada de informações.
– Seletividade: focalizar um estímulo específico e ignorar distratores.
– Alternância : alternar entre um estímulo ou um conjunto de
estímulos ou entre um tipo de tarefa e outro.
– Sustentação/Concentração: manter um foco de atenção.

Span de Digitos – WAIS III ✓ Neuropsicologia desvantagem em se usar o escore composto das escalas
Ordem Direta Ordem Indireta Wechsler.
2-4-7 7-1 Armazenamento de curto-prazo
7-2-5 3-7 • OD: memória imediata
3-9-1-8 7-1-9
1-5-3-7 4-8-2
• OI: memória operacional
Envolvem atividades mentais distintas e são afetadas por diferentes
9-6-2-1-5 1-3-5-9
1-8-4-6-3 5-7-2-6
lesões cerebrais.

✓ Informação da quantidade de informação armazenada num dado


intervalo de tempo é confundida com a consistência do span
atencional.
Atenção
• Memória Operacional
– Sequência de Números e Letras – Wais III
Ex : 4L71AJ – 147AJL

• Atenção complexa:procura visual com um componente de


velocidade e agilidade motora.
– Procurar Símbolos –Wais III

– Teste das Trilhas Coloridas – CTT


• CTT 1 e CTT 2 tempo e erros
Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade
• Seis ou mais sintomas de desatenção e/ou de
hiperatividade-impulsividade que persistiram por pelo
menos 6 meses.
• Alguns dos sintomas devem estar presentes precocemente
(antes dos 12 anos).
• Esses sintomas afetam pelo menos 2 contextos diferentes
(por exemplo: trabalho, na vida social, na faculdade, no
relacionamento conjugal ou familiar).
• Esses sintomas causam prejuízos evidentes.
• Esses sintomas não podem ser melhor explicados por outro
transtorno mental (tal como depressão, deficiência mental,
psicose etc).
Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade
Avaliação Neuropsicológica (ANP)
• A grande heterogeneidade dos resultados de pessoas com TDAH
nos testes neuropsicológicos não permite afirmar a existência de
um grupo de sintomas cognitivos que possa definir um padrão
neuropsicológico associado ao transtorno (Louzã et al, 2010).
• McGough; Barkley (2004) avaliação neuropsicológica das funções
executivas tem poder preditivo positivo ou negativo para justificar
seu uso na prática clínica em adultos ou crianças.
• ANP contribui para diferenciar quadros de déficits de
aprendizagem específicos e rebaixamento intelectual. Além de
contribuir para orientar sobre fraquezas e forças individuais do
indivíduo com TDAH.
Funções Executivas:
Prejuízos destas afetam a maioria dos domínios avaliados.
“Como” determinado comportamento se apresenta.
As funções executivas fazem parte dos comportamentos humanos mais complexos
e são intrinsecas a habilidade para responder de maneira adaptada a situações novas e também a
base para muitas habilidades cognitivas, emocionais e sociais (Lezak, 2004).
➢ Formular objetivos e conceitos, Motivação, Planejamento, Insight,
Abstração, Manipular conhecimentos e Flexibilidade mental.

Lobo Frontal, no entanto, lesões em outras áreas corticais e subcorticais podem comprometer
o funcionamento executivo.
✓ Anoxia, Psicose de Korsakoff, Doença de Parkinson, Esclerose Múltipla e outras

O comprometimento discreto dessas funções pode passar


despercebido durante a avaliação neuropsicológica, por
ser estruturada e dirigida pelo examinador, não exigindo
habilidades de planejamento e adaptação a situações
sociais
Funções Executivas
Avaliação neuropsicológica nem sempre obtém resultados que condizem com o comportamento do paciente.
✓ Considerando a perda de insight recorrer ao relato de terceiros.
ENTREVISTA CLÍNICA: roteiros estruturados de entrevista – Inventário de
Comportamento Frontal (FBI, Kertesz, 1997).
OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL : situações de vida real em contextos específicos.
ESCALAS DE AVALIAÇÃO

Teste de Classificação de Cartas de Winconsin


✓ Flexibilidade Mental
✓ Abstração Visoespacial
Teste dos Cinco Dígitos –
FDT
✓ Flexibilidade mental
✓ Controle inibitório

Figuras Complexas de Rey cópia


✓ Organização visoespacial
Disfunção Executiva

• Phineas P. Gage, 25 anos, capataz da construção civil.

• No verão de 1848 enquanto trabalhava no assentamento


de trilhos de uma estrada de ferro sofre um acidente –
uma explosão – “uma barra de ferro entra pela face esquerda de
Gage, trespassa a base do crânio, atravessa a parte anterior do
cérebro e sai a alta velocidade pelo topo da cabeça” Damasio,
1996*.

* Damasio, A.R. O Erro de Descartes. Emoção, Razão e o Cérebro Humano. São


Paulo: Companhia das Letras, 1996.
“A lesão comprometeu sobretudo os
córtices pré-frontais nas superfícies
ventral e interna de ambos os
hemisférios, preservando os aspectos
laterais, ou externos, dos referidos
córtices” Damasio, 1996.

Região ventromediana do lobo frontal


Phineas Gage

• Após a explosão – foi jogado ao chão a 30 metros


de distancia.
• Imediatamente após: atordoado, silencioso, mas
consciente
• Logo após: falava, caminhava e permanecia
coerente

Infeccão – febre - abcesso


Phineas Gage

• 20 dias após o acidente:


(após a fase crítica da lesão)

– Tocar, ouvir e sentir, sem paralisia (membros e língua).


– Perdeu a visão OE, mas OD estava perfeita.
– Caminhava nl e tinha destreza nas mãos.
– Fala e linguagem sem dificuldades.
Comportamento

• Alterações:
– Caprichoso e irreverente.
– Linguagem tornou-se obscena.
– Pouca deferência com os colegas.
– Impaciente, principalmente se contrariado.
– Fazia planos que eram concebidos e logo,
abandonados.
– Obstinado e por vezes, vascilante e caprichoso.
– Comportamento de colecionador
Alterações de Personalidade

“Gage deixou de ser Gage”


Dificuldades: Funções Executivas

✓ Capacidade de antecipar o futuro e de elaborar planos de


acordo com a antecipação do contexto de um ambiente
social complexo;

✓ A responsabilidade perante si próprio e os outros;

✓ A capacidade de orquestrar deliberadamente sua própria


sobrevivência sob o comando do livre-arbítrio.

Damásio (1996)
Habilidades Viso - Espaciais
Triagem para avaliar acuidade visual e habilidades visomotoras, pois interferem nos
escores dos testes.
✓ posição, orientação e direção de estímulos no espaço, imaginar a
configuração espacial de estímulos parcialmente visíveis, imaginar um
estímulo a partir de diferentes perspectivas e orientação e analisar o arranjo
espacial e as relações recíprocas que compõem um modelo.

Completar Figuras-Wais III


Heminegligência de Linhas – Neupsilin
Verificação de igualdades e diferenças de linhas
Percepção de faces
Reconhecimento de faces
Inatenção Visual ( Negligência visual)
Uma das maiores síndromes perceptivas, lesões cerebrais focais.

Lobo parietal direito


✓ Fase aguda do AVC e TC

Consiste na diminuição ou ausência da percepção de


um estímulo num dos lados do espaço dessa pessoa
com sistema sensorial intacto.
Inatenção Visual ( Negligência visual)
Habilidades Viso-Construtivas
Atividades formativas – montar, construir e desenhar
- modelo mental, imaginado ou real.
Atividade perceptual motora complexa
Lobos occipital, parietal e frontal.
Cópia
Construção
Desenho Livre

Teste do Desenho do Relógio - TDR


Teste Gestáltico Visomotor de Bender
Figura Complexa Rey cópia
Cubos- Wais III
Armar Objetos- Wais III
Habilidades Viso-Construtivas
• Apraxia construtiva: inabilidade ou Fenômeno de “Closing in”
dificuldade para construir, montar e na DA
desenhar objetos.
✓ Preservação na compreensão.
✓ Preservação das habilidades
motoras.
✓ Motivado para com a tarefa.

• Lesões à esquerda (AVC): preserva a


estrutura da figuras, simplifica detalhes ou os omite
nas tarefas de memória.
• Lesões à direita (AVC): não mantém a
estrutura da figura, perda das relações espaciais
(transpostos para diferentes posições ou
orientações), desenhos por justaposição de
detalhes, desenhos assimétricos, distorcidos e
heminegligência.
• Demências: pode aparecer como sintomas inicial
ou com a progressão da Doença de Alzheimer.
Linguagem

Estudos das afasias – correlatos anatomo-clínicos –


Hemisfério Esquerdo como dominante para linguagem em destros.

A avaliação de distúrbios de linguagem requer:

Fala Espontânea
Repetição
Compreensão
Nomeação
Leitura e Escrita
Fala Espontânea
Compreensão

Nomeação

Leitura, Escrita e Cálculo

Bateria Neuropsicológica – Neupsilin Vocabulário – Wais III


-Linguagem oral Fluência Verbal – FAS e
- Linguagem escrita animais
Pacientes afásicos são agrupados de acordo com a principal desordem
na linguagem:

Fala Compreensão Repetição

Broca´s Não fluente, fala escassa + -


com esforço, melodia
monótona.
Wernicke´s Fluente, fala abundante, - -
bem articulada, melodica
Condução Fluente com alguns + -
defeitos articulatórios
Global Fala escassa, - -
monossilábica e
estereotipada
Damasio, Damasio, 2000
Memória
Sistemas Sensoriais
Visual Auditivo Somatosentorial

Armazenamento Temporário
Memória de Curta-Duração/ Memória Primária /
Memória Operacional
Testes: Digit Span / Lista de Palavras de 3 a 4.

Armazenamento Permanente
Memória de Longa-Duração / Memória Secundária / Memória
Recente e Remota / Memória Episódica e Semântica
Testes: Lista de Palavras ( + de 7) / Evocação Tardia / Figura Complexa
Memória

Lesões cerebrais focais ou difusas acarretam


perdas na memória

Encefalite herpética, Hipoxia, TCE,


Doenças Neurológicas Degenerativas,
Esclerose Múltipla, Coréia de
Huntington e Síndrome de Korsakoff.
Na maior parte das lesões cerebrais a memória para informações
pregressas a injúria são relativamente preservadas quando
comparada com a aprendizagem de novos conteúdos

Avaliação da Memória: MEMÓRIA EPISÓDICA DECLARATIVA


AQUISIÇÃO- ARMAZENAMENTO- EVOCAÇÃO

TESTES ESPECÍFICOS PARA CONTEÚDOS VERBAIS E VISO ESPACIAIS

Escala de Memória de Wechsler, Teste da Aprendizagem


Auditivo-Verbal de Rey, Figura Complexa de Rey
Memória

Figura Complexa de Rey – Cópia de um homem com 23 anos, com queixa de


dificuldade sociais, emocionais e de aprendizagem ao longo da vida, com QI verbal
dentro da normalidade. Lentidão e falta de destreza dos membros esquerdos no
desempenho de testes motores sugeriram lesão precoce ao hemisfério cerebral
direito
Síndromes Clássicas de Amnésia no
Sistema Límbico

• Caso HM (Scovile e Milner, 1950):


Lesão no Lobo Temporal Medial.
– Tratamento de crises epiléticas
intratáveis.
– 01 de Setembro de 1953: ressecção
bilateral da parte anterior do lobo
temporal medial.
Esquerdo: HM / Direito: homem de 66 anos

Caso HM Amígdala e Córtex


entorrinal
severamente
comprometidos
Córtex Transentorrial
relativamente
preservado

Formação hipocampal
lesão bilateral junto
com cortex entorrinal.
Cortéx perrinal
relativamente
preservado.

Formação hipocampal
e parte do cortex
entorrinal ausente.
Memória

– HM 23 anos, destro e inteligência normal


(QI acima de 100).
– Após cirurgia: diminuição na frequência de crises
e possibilitou o controle com medicamento.
– NO ENTANTO, HM perdeu a habilidade para
formar novas memórias que fossem estáveis ao
longo do tempo.
Caso HM

• Incapaz de reter datas e se manter orientado no tempo.


• Incapaz de manter eventos e acontecimentos a respeito do mundo
e da sua própria vida.
“Every day is alone, whatever enjoyment I´ve had, and whatever sorrow
I´ve had” (HM, pg 217)
• POR OUTRO LADO, habilidades sociais adequadas e preservação na
expressão verbal.
• Inteligência (QI) nl
• Memória operacional nl
• Leitura, Escrita e Cálculo nl
• Memória autobiográfia retrógrada nl, exceto para fatos que
ocorreram um ano antes da cirurgia.
Caso HM
• Memória episódica anterógrada: comprometimento
severo.
• Lembrava de poucos fragmentos de novas
informações Ex: assassinato do presidente Kennedy.

• Capaz de reter e adquirir certos tipos de informações


dentro de condições especiais de apresentação e evocação
de estímulos e capaz de ter aprendizado implícito:
aprendizagem de habilidades, priming e condicionamento.
Raciocínio e Abstração

Interpretação de Provérbios: construção de princípios gerais através de


exemplos concretos.

Semelhanças: abstração de atributos comuns a objetos aparentemente


diferentes.

Medidas não-verbais

A maioria dos testes neuropsicológicos requer a


formação de conceitos.
Wais- III : Compreensão, Aritmética, Arranjo de
Figuras, Semelhanças, Cubos e outros
Referências
• Brucki, SMD., Magaldi, RM., Morillo, LS. Demências Enfoque Multidisciplinar
das Bases Fisiopatológicas ao Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Editora
Atheneu, 2011.
• Teixeira, AL., Caramelli, P. Neurologia Cognitiva e do Comportamento. Revinter,
2011.
• Kandel, ER., Schwartz, JH., Jessel, TM. Fundamentos da Neurociência e do
Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000, 591 p.
• Lezak, MD., Howieson, DB., Loring, DW. Neuropsychological Assessment. 4 Ed.
New York: Oxford University Press, 2004.
• Miotto, EC. Neuropsicologia: Conceitos Fundamentais. In: Miotto, EC., de Lucia,
MCS., Scaff, M. Neuropsicologia e as Interfaces com as Neurociências. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.
• Strauss, E., Sherman, EMS., Spreen, O. A Compandium of Neuropsychological
Tests: Administration, Norms and Commentary. 3a. Ed. New York: Oxford
University Press, 2006.
OBRIGADA!!!
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