2.2 Introdução À Geometria Vetorial
2.2 Introdução À Geometria Vetorial
2.2 Introdução À Geometria Vetorial
APRESENTAÇÃO
Nela, abordaremos a definição de vetor no plano e no espaço, bem como suas operações e
aplicações.
Bons estudos.
DESAFIO
João e Carlos querem traçar um triângulo retângulo em um sistema de eixos no plano, sem régua
graduada, transferidor e esquadro.
Seu professor forneceu papel quadriculado e a única condição que impôs é que nenhum lado do
triângulo estivesse sobre os eixos coordenados.
Utilize a ideia de vetores e trace o triângulo retângulo pedido.
INFOGRÁFICO
CONTEÚDO DO LIVRO
Acompanhe dois trechos da obra Álgebra linear, de Keith Nicholson, que abordam vetores. O
primeiro define vetores, sua representação matricial e algumas de suas operações; já o segundo,
aborda o produto escalar e sua relação com o ângulo entre vetores.
Boa leitura.
ª
W. Keith Nicholson
University of Calgary
Tradução Técnica
Versão impressa
desta obra: 2006
2014
CAPÍTULO 3
Geometria Vetorial
3.1 VETORES
A palavra geometria em grego significa medida da terra e seus usos práticos remontam
à Antigüidade. Na Grécia antiga, toda a matemática era vista como geometria, mas
neste capítulo estaremos interessados especialmente em retas e planos do espaço. Nossa
abordagem será olhar pontos como matrizes-coluna (chamados vetores neste contexto)
e então usar a álgebra das matrizes para simplificar os cálculos.
B Assim, o vetor velocidade de nosso avião tem magnitude de 400 km/h (a velocidade escalar
usual) e tem direção leste. Para podermos dizer que dois aviões têm o mesmo vetor
velocidade, tanto as velocidades escalares como as direções têm que ser iguais. Em geral:
AB Duas grandezas vetoriais são iguais se, e somente se, elas têm a mesma magnitude
e a mesma direção.
A Neste capítulo estaremos interessados apenas em vetores que aparecem em geometria.
Se A e B forem dois pontos do plano ou do espaço, o segmento de reta orientado de A até B
Figura 3.3 −
→
é chamado vetor geométrico (ou simplesmente vetor) de A a B, e é denotado por AB. Como
o nome sugere, é uma grandeza vetorial com direção de A a B e magnitude igual à distância
−→
entre A e B. O vetor AB é representado por uma seta que vai de A a B, como mostrado na
Y B(1, 3) Figura 3.3. O ponto A é chamado origem (ou ponto inicial) do vetor, e B é a extremidade
P(−1, 2) −→ −
→
(ou ponto final) de −AB. A magnitude de um vetor geométrico AB é chamada comprimento
→
e é denotada por AB.
Ao longo deste capítulo, os vetores irão aparecer tanto em duas quanto em três dimensões.
A(2, 1) Em geral, vamos discutir o caso tridimensional, mas ambas as situações são análogas.
Dois vetores podem ser o mesmo embora tenham origens e extremidades diferentes.
O(0, 0) −
→ − →
X Por exemplo, AB = OP na Figura 3.4 porque eles têm o mesmo comprimento e a mesma
Figura 3.4
direção (ambos se dirigem uma unidade para a esquerda e duas para cima).2 Assim, o
mesmo vetor pode mudar de uma posição para outra, por meio de uma translação. O que
importa é que o comprimento e a direção permaneçam os mesmos, e não onde as origens e
as extremidades estão localizadas. Por essa razão, freqüentemente denotaremos os vetores
por u , v, w
etc. não fazendo referência às origens ou às extremidades.
x
Z P(x, y, z) Da mesma maneira, um vetor bidimensional v tem a forma matricial v = em que v é
y
−
→ − →
o vetor posição de P = P(x,
2 Frações são outro exemplo em que quantidades podem ser a mesma mas parecem diferentes: 6 e 14 certamente parecem diferentes,
9 21
mas são números iguais (de fato, ambos iguais a 23 ).
3 Como um vetor v é uma matriz, deveria ser denotado (como na Seção 1.1) por uma letra maiúscula, digamos v = V. Entretanto, a
−
→
notação v para vetores é padrão, e consistente com a notação AB.
4 A notação mais compacta [x y z]T é usada por conveniência na impressão.
3.1 Vetores 127
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
x x1
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
Sejam v = ⎢y⎥
⎣ ⎦ =
= [x y z]T e w ⎢y ⎥
⎣ 1⎦ = [x1 y1 z1]T vetores e seja a um escalar.
z z1
Definimos o vetor nulo 0, o oposto −v, a soma v + w
e a multiplicação por escalar av
como sendo as matrizes:
⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
0 −x x + x1 ax
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
0 = ⎢0⎥,
⎣ ⎦ −v = ⎢ −y ⎥ ,
⎣ ⎦ v + w
= ⎢ y +y ⎥,
⎣ 1⎦ av = ⎢ ay ⎥
⎣ ⎦
0 −z z + z1 az
DEMONSTRAÇÃO (1) Se v e w
estão posicionados com seus pontos iniciais na origem do sistema como
P(x, y, z) na Figura 3.7, as extremidades de v e w
são os pontos P(x, y, z) e P1(x1, y1, z1),
Z x respectivamente. É claro, pela Figura 3.7, que v = w
(mesmo comprimento e
v = y P1(x1, y1, z1)
z direção) se, e somente se, P e P1 são pontos iguais, isto é, se, e somente se, x = x1,
x1 y = y1 e z = z1.
=
w y1
z1
O Y
X Figura 3.7 5 Ao longo deste livro, √a significa a raiz quadrada positiva de a.
134 CAPÍTULO 3 Geometria Vetorial
21. Seja P = P(x, y) um ponto arbitrário do plano com vetor 22. Seja P = P(x, y, z) um ponto arbitrário do espaço com vetor
posição p = [x y]T . Denote por C a circunferência de centro posição p = [x y z]T . Denote por S a esfera de centro na
na origem e raio r > 0 . origem e raio r > 0 .
C , explique
a) Se P está sobre a circunferência sobre a esfera S, explique geometricamente por
a) Se Pestá
geometricamente por que p = r. que
p = r.
b) Se p = r, explique geometricamente por que P está b) Se p = r, explique geometricamente por que P está
sobre a circunferência C . sobre a esfera S.
c) Use a) e b) para mostrar que a equação da circunferência C c) Use a) e b) para mostrar que a equação da esfera S é
é x2 + y 2 = r 2 . x2 + y 2 + z 2 = r 2 .
x1 x2
Se v = =
ew = v T w
, então v • w = x1x2 + y1y2 .
y1 y2
O produto escalar v • w
é o conceito central nesta seção, e o seguinte teorema agrupa muitas
de suas propriedades básicas.
T EOREMA 1 Sejam u , v e w
vetores, e seja a um número. Então:
(1) v • w é um número.
(2) v • w =w • v.
(3) v • 0 = 0 = 0 • w
.
(4) v • v = v2 .
(5) = a(v • w
(av) • w ) = v • (a w) .
(6) v • (u + w
) = v • u + v • w
.
(7) v • (u − w
) = v • u − v • w
.
3.2 Produto Escalar e Projeções 135
DEMONSTRAÇÃO A afirmação (1) vale pela definição de v • w , e (4) deriva da parte (2) do Teorema 1 da
Seção 3.1. Para demonstrar (2), escreva v = [x1 y1 z1]T e w = [x2 y2 z2]T . Então:
= x1x2 + y1y2 + z1z2 = x2x1 + y2y1 + z2z1 = w
v • w • v .
O restante das asserções contidas no teorema são propriedades da aritmética matricial.
Por exemplo, (6) é verificada como segue:
v • (u + w ) = vT u + vT w
) = v T (u + w = v • u + v • w
.
As demonstrações de (3), (5) e (7) são análogas e são deixadas para você, no Exercício 17.
3.2.2 Ângulos
estejam posicionados com uma origem comum.
Suponha que dois vetores não-nulosv e w
v
Então eles determinam um único ângulo θ no intervalo8
θ
w
0≤θ ≤π
chamado ângulo entre os vetores v and
e w . A Figura 3.27 ilustra os casos em que θ
v θ
w é agudo (menor do que π2 ) e obtuso (maior do que π2 ). Se ou v ou w
for o vetor nulo,
o ângulo entre ambos não é definido.
Figura 3.27
Existe uma conexão próxima entre o produto escalar v • w
e o ângulo entre v e w
. A relação
depende de uma extensão do Teorema de Pitágoras conhecida como a
LEI DOS COSSENOS Se a, b e h são os lados de um triângulo e θ é o ângulo oposto a h (como na Figura 3.28),
então
a h
θ h2 = a2 + b2 − 2ab cos θ.
b
DEMONSTRAÇÃO Para ver isso, considere o caso em que θ é agudo; o caso obtuso é análogo. Tendo a
h Figura 3.29 como referência, vemos, pela trigonometria do triângulo retângulo, que
a θ p = a sen θ e q = b − a cos θ. Então o Teorema de Pitágoras fornece
b
Figura 3.28 h2 = p2 + q2 = a22 sen
sin2 θ +
+ [b2 − 2ab cos θ + a2 cos2 θ] = a2 + b2 − 2ab cos θ ,
onde usamos o fato que sen2 θ + cos2 θ = 1, para qualquer ângulo θ.
a p h
θ q
b
Figura 3.29
8 Usamos medida de ângulos em radianos. Assim, π radianos corresponde a 180˚, π corresponde a 90˚, etc. Ver Apêndice A.1 para
2
uma discussão sobre ângulos.
136 CAPÍTULO 3 Geometria Vetorial
Observe que a lei dos cossenos se reduz ao Teorema de Pitágoras se θ for um ângulo reto
porque, nesse caso, θ = π2 e, portanto, cos θ = cos π2 = 0.
De posse da lei dos cossenos, podemos deduzir uma conexão importante entre ângulos e
produtos escalares.
O segundo desses três casos é o mais importante. Os vetores não nulos v e w são ditos
ortogonais se o ângulo θ entre eles for um ângulo reto, isto é, se θ = π2 . A discussão anterior
prova o seguinte resultado fundamental.
Acompanhe no vídeo a seguir uma síntese dos conceitos desta unidade e que lhe ajudarão a
resolver os exercícios.
EXERCÍCIOS
A)
B)
C)
D)
E)
2)
A)
B)
C)
D)
E)
3)
A) 1440.
B) – 1440
C) 43
D) -43
E) 65.
4) Considerando
A)
B)
C)
D)
E)
5) Considerando
B)
C)
D) 0.
E) π
NA PRÁTICA
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Produto escalar
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