(20210723-PT) Diário Do Alentejo 2048
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(20210723-PT) Diário Do Alentejo 2048
Sexta-feira
Semanário 23 JULHO 2021
Regionalista Diretor: Luís Godinho
Ano XC, N.º 2048 (II Série)
Independente Preço: € 1,00
JOSÉ FERROLHO
Surto de covid-19 transforma Sindicato dos Médicos Ana Cabecinha e João Miguel
Baleizão em “aldeia fantasma”. da Zona Sul diz que “erro” Torrão. A representação
Mais de uma centena deixa Ulsba sem vagas do Baixo Alentejo
de pessoas em quarentena | 7 em três especialidades | 8 nos Jogos Olímpicos | 16/17
ventura
Universitário diz que “não são os municípios com
mais pobreza que votam no Chega”. São aqueles
onde há maior comunidade cigana. “Moura é um
dos casos mais extremos desta relação” | 10/11
EDITORIAL
02 | Diário do Alentejo | 23 julho 2021
E
Funcheira m 1603, Jaime VI da Escócia torna-se também
rei de Inglaterra e muda de casa, passando a
viver em Londres. A mudança de ares não foi
está em fase de discussão pública – ontem realizou-se uma ses-
são na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional
do Alentejo, à semelhança do que está a ser feito por todo o País.
propriamente pacífica, tendo começado com Mas a verdade é que os projetos até agora conhecidos não tra-
duas conspirações para o arredar do poder. zem nada de novo para o Baixo Alentejo. Deles consta a eletri-
Escapou. Como também escaparia, dois anos ficação do troço entre Casa Branca e Beja, que permitirá encur-
mais tarde, a uma outra tentativa de assassi- tar o tempo de viagem até Lisboa, mas subsiste a ausência de
nato. Na noite de 4 para 5 de novembro, um qualquer compromisso relativamente à reativação da linha en-
tal de Guy Fawkes foi apanhado em flagrante tre Beja e Funcheira, que permitiria ligar as linhas do Alentejo
quando já tinha armazenado 36 barris de pól- e do Algarve, conferindo ainda “redundância na ligação ferro-
“A eletrificação da linha vora numa cave do parlamento, com os quais se pretendia ver li- viária do porto de Sines às regiões centro e norte de Portugal e à
entre Beja e Funcheira, vre dos deputados e, claro, da família real: “não apenas da mi- fronteira com Espanha”, que atualmente depende de uma única
nha pessoa, da de minha esposa e também da posteridade, mas via. Contas feitas, a eletrificação da linha entre Beja e Funcheira,
mais a supressão das também de todo o estado em geral”, escreveu o próprio Jaime. mais a supressão das passagens de nível, a construção de pon-
passagens de nível e a Fawkes acabou executado, na companhia de outros comparsas. tos de cruzamento para comboios de mercadorias e a renovação
A vida do rei não foi fácil. Terá sido por isso que um belo dia, em da via junto a Ourique custará qualquer coisa como 77 milhões
renovação da via junto a 1616, Jaime I de Inglaterra e VI da Escócia cunhou uma expres- de euros (ou 86 milhões se a linha for projetada para permitir a
Ourique custará qualquer são que ficaria célebre: “no news is better than evil news” (qual- circulação de comboios a 200 quilómetros por hora). Trata-se de
coisa como 77 milhões quer coisa como “a ausência de notícias é melhor que as más no- uma gota de água num oceano com mais de 10 mil milhões de
tícias”). A frase evoluiu e hoje o “no news is good news” (“não euros que o Plano Nacional de Investimentos (PNI) prevê para os
de euros (ou 86 milhões haver notícias é uma boa notícia”) é frequentemente empregue a transportes ferroviários. Estando assumida a execução da mo-
se a linha for projetada propósito das mais variadas circunstâncias. Sucede que isso nem dernização do troço Casa Branca/Beja, importa sublinhar que
sempre é verdade. Na frente ferroviária, por exemplo, a inexis- a reabertura das ligações à Funcheira é absolutamente decisiva
para permitir a circulação tência de notícias no que diz respeito ao Baixo Alentejo está longe para a mobilidade no Baixo Alentejo e pugnar pela sua inscrição
de comboios a 200 de constituir uma boa notícia. O Plano Ferroviário Nacional, que na versão final do Plano Ferroviário Nacional, que só será defini-
quilómetros por hora”. irá enquadrar o investimento na ferrovia nos próximos 10 anos, tivamente “fechado” lá para final do ano. LUÍS GODINHO
EM DESTAQUE
“Seria mais fácil fazer as malas e
partir, mas se todos pensarem assim,
a nossa cultura morre. Nem sempre
o mais fácil é o melhor, também
é importante ter desafios e fazer, PUBLICADO
muitas vezes, quase o impossível”. NOVO LIVRO
DE FRANCISCO
Carlos Amarelinho, maestro CANTANHEDE
Página 29 Página 32
3 PERGUNTAS A...
A MeteoAlentejo instalou, recente - problemas técnicos. Quais as suas pre- registos, Amareleja é quente, mas não
mente, mais duas estações meteoroló- visões para esta estação, relativamente a mais quente. Temos registado tempe-
gicas no Alentejo, em Alvito e Avis. Qual aos registos da temperatura estival? raturas igualmente, ou até mais, eleva-
a importância que estes novos equipa- Continuará a bater recordes nacionais, das, como por exemplo em Moura e em
mentos poderão ter no quotidiano des- de temperaturas máximas? Mértola.
tas comunidades locais? A nossa estação meteorológ ica da
Com a instalação destas duas novas es- A ma releja está agora insta lada na E relativamente ao Alentejo, em geral e
tações meteorológicas, as comunida- junta de f reg uesia – agradecemos, para o período de verão, há alguma pre-
des locais passam a ter acesso a infor- desde já, aos seus responsáveis a dis- visão meteorológica que nos possa já
mações meteorológicas credíveis, em ponibilidade em colaborar connosco. adiantar?
LUÍS MESTRE tempo real, nomeadamente a tempe-
ratura, o vento, a humidade e a chuva
Amareleja ganhou a fama de locali-
dade mais quente do país, devido aos
A tendência para este verão é um pouco
o que temos vindo a assistir até agora.
FUNDADOR E COORDENADOR
acumulada. Todas estas informações registos da anterior estação meteoro- Basicamente, não se prevê grande es-
DO PROJETO METEOALENTEJO –
estão acessíveis, a qualquer pessoa que lógica do Instituto Português do Mar tabilidade, ou seja: vão continuar es-
ASSOCIAÇÃO DE METEOROLOGIA
tenha acesso à Internet, no nosso site: e da Atmosfera (IPMA). No entanto, tas variações bruscas de temperaturas –
www.meteoalentejo.pt não podemos afirmar que é a locali- dois ou três dias de calor na ordem dos
dade mais quente, uma vez que o IPMA 40°C e, depois, descidas acentuadas,
Para além destas novas estações tam- tem estações em poucas localidades do para a ordem dos 30°C.
b é m a e s t a ç ã o m e te o r o l ó g i c a d a Alentejo. O MeteoAlentejo tem esta-
Amareleja se encontra agora ativa, me- ções em praticamente quase todos os
ses após a sua desativação, devido a concelhos do Alentejo e, pelos nossos JOSÉ SERRANO
23 julho 2021 | Diário do Alentejo | 03
IPSIS
“É completamente insensato construir um aeroporto comercial no
Montijo considerando os impactos que já sentimos das alterações
climáticas, considerando a subida do nível médio do mar, e
VERBIS
considerando outras alternativas como o aeroporto de Beja,
que com ligações rápidas de ferrovia e rodoviárias poderiam
ser uma opção. Agora falta essa visão de coesão territorial”.
Francisco Guerreiro, eurodeputado
Semanada
SÁBADO, 17
D.R.
ACIDENTE EM
ALVALADE DO SADO
Um homem morreu e quatro pessoas
ficaram feridas, entre as quais duas
crianças, na sequência de uma colisão
entre dois automóveis no IC1, no
concelho de Santiago do Cacém. O óbito
do homem, de 49 anos, foi declarado no
local, havendo ainda a registar quatro
feridos, dois deles com gravidade,
uma criança e um adulto, e dois
considerados feridos ligeiros. Segundo
a GNR, três feridos foram transportados
para o hospital de Beja, entre os quais
um menino de 7 anos, considerado
ferido ligeiro, e uma menina, de 10 anos,
ferida com gravidade, foi transportada
num helicóptero do Instituto Nacional
de Emergência Médica (INEM) para o
Hospital de Santa Maria, em Lisboa. O
acidente perto de Alvalade do Sado.
TERÇA-FEIRA, 20
INGLÊS CONDENADO A
CINCO ANOS DE PRISÃO
Um cidadão britânico que esfaqueou
duas pessoas junto a um café na
FOTO DA SEMANA
aldeia de Trindade, concelho de Beja,
foi condenado a cinco anos de prisão,
suspensa pelo mesmo período. O
coletivo de juízes do Tribunal de Beja
Os presidentes das Câmaras de Cuba e de Vidigueira, João Português e Rui Raposo, estiveram reunidos com a Empresa de considerou que “não houve intenção
Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) para “questionar a empresa sobre o atraso na construção do bloco de rega de matar”, deixando cair os crimes
de homicídio na forma tentada e John
de Vidigueira”. Na reunião as autarquias sublinharam a importância e a urgência de avançar com o projeto, já que este irá abranger
Clarke, de 30 anos, que estava em
cerca de 2 200 hectares, com 1400 prédios rústicos, em ambos concelhos, e “levará certamente a um aumento na produtividade prisão preventiva ficou em liberdade.
de diversas explorações agrícolas e, consequentemente, a uma maior dinamização da economia local”. A conclusão do projeto De acordo com o “Lidador Notícias”,
o arguido foi ainda condenado
estava prevista para o ano de 2021, mas até ao momento ainda não está no terreno. Esta reunião com a EDIA contou também com
a pagar cerca de 6500 euros em
a presença de José Miguel Almeida, presidente da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito, bem como de José Pinotes, um indemnizações a vítimas, serviços de
dos muitos produtores agrícolas que irão beneficiar com este alargamento do perímetro de rega de Alqueva. saúde, segurança social e militares
da GNR.
a sua reprodução em cativeiro e – como o barbo-de-cabeça-pe- “URGE TRAVAR melhorar a sua presença no ter- uma persistente tendência de
constituir reserva genética das quena, a boga-do-guadiana ou o ritório. Sabe-se que o abandono agravamento da aridez e de redu-
cinco populações endémicas) e do saramugo – até às espécies mais
A PERDA agrícola e do território é uma das ção das disponibilidades hídricas
abutre-preto, bem como a imple- emblemáticas, como a águia-im- DE POPULAÇÃO” principais ameaças à perda de bio- que perdurará no futuro. É, pois,
mentação de percursos pedestres perial-ibérica, a águia-de-Bone- Considera crucial o incre- diversidade e potenciadora de in- de temer uma intensificação dos
e sinalização, importantíssimos lli, a abetarda, o rolieiro, o pe- mento de políticas públicas cêndios rurais e esta realidade processos de degradação do terri-
para quem visita o parque. neireiro-de-dorso-liso e, claro, o capazes de fixar população, é cada vez mais uma preocupa- tório, designadamente, a destrui-
lince-ibérico, que tem catapultado no território? ção para todos os que se preocu- ção do solo por ação de proces-
Como definiria a importância o vale do Guadiana além-frontei- A perda de população dos ter- pam com a sustentabilidade do sos erosivos, o agravamento das
da biodiversidade existente no ras, pois este é um exemplo de su- ritórios do interior é uma rea- território. É muito importante ter secas e o aumento da pressão so-
PNVG? cesso de reintrodução de uma es- lidade que urge travar. Não pessoas no território e conciliar a bre os recursos hídricos cada vez
O PNVG enquadra um conjunto pécie selvagem. podemos ficar alheios ao atividade agrícola, silvícola e pas- mais escassos, a afetação de espé-
de ecossistemas aquáticos e ter- abandono agrícola, por perda torícia com a conservação da na- cies, habitats e ecossistemas com
restres que, pela sua diversidade e Com uma área aproximada de 70 de rendimento – fora de uma tureza, como sempre aconteceu. eventual perda de biodiversidade,
estado de conservação, reúne va- mil hectares, o PNVG engloba os área protegida, sem necessi- a diminuição da capacidade de
lores naturais de inquestionável concelhos de Mértola e de Serpa. dade de licenciamento e sem Quais as estratégias de políticas produção primária dos ecossis-
importância, a nível nacional e Qual a importância do patrimó- limitações às atividades prati- públicas que poderão proporcio- temas, o comprometimento das
europeu. A salvaguarda deste pa- nio natural no quotidiano destas cadas, ainda que menos sus- nar um aumento de população, condições necessárias para al-
trimónio natural é o resultado de comunidades? tentáveis, a atividade agrícola nestes territórios? cançar adequados níveis de saúde
um trabalho continuado de pro- Penso que quem aqui vive é que torna-se mais aliciante para Nas áreas protegidas existem, es- e de bem-estar das populações,
teção dos habitats e das espécies, poderá testemunhar com mais le- muitos. Existem já várias polí- sencialmente, atividades rela- bem como a intensificação de es-
onde se evidencia a implemen- gitimidade, mas considero que é ticas de valorização do interior cionadas com o setor primário e, trangulamentos produtivos com
tação de projetos direcionados um enorme privilégio poder vi- a serem implementadas, mas é nesse sentido, é fundamental exis- efeitos socioeconómicas.
para a sua conservação e valori- ver num parque natural. Acima necessário um maior apoio aos tir um reforço na articulação en-
zação. Temos, portanto, um ter- de tudo sinto um reconheci- que optam por se fixar e ter tre as políticas de conservação da De que forma poderão ser comba-
ritório diverso e bem conservado, mento enorme por todos os que atividade agrícola numa área natureza e agrícolas. As ativida- tidos esses processos de degrada-
onde se observa a presença de um trabalham e vivem neste territó- classificada. des agrícolas, silvícola e pastorí- ção do território?
conjunto excecional de espécies, rio, permitindo que seja possí- cia, têm um papel muito maior do É fundamental a conservação dos
que vão das espécies piscícolas vel continuar a usufruir dos valo- que apenas garantir rentabilidade sistemas agro-silvo-pastoris, no-
res naturais que aqui existem. As e a subsistência dos que dela vi- meadamente a proteção e promo-
qualidades únicas da região, os preocupação dos agentes locais vem – são responsáveis pelo con- ção dos povoamentos de sobreiro
riscos e ameaças existentes e os em produzir de acordo com estes trolo da erosão, a regulação do ci- de azinheira, a conservação e ges-
desafios que se perfilam no pre- princípios. clo hidrológico, a conservação da tão dos matagais mediterrânicos,
sente e para o imprevisível futuro biodiversidade, a redução da sus- a gestão florestal e defesa da flo-
aconselham estratégias equilibra- Qual a importância que o ICNF dá cetibilidade ao fogo, a qualidade resta, o controle de espécies inva-
das e soluções baseadas na natu- a ações de sensibilização, junto da paisagem, as oportunidades soras, a recuperação de áreas de-
reza para o aproveitamento das das populações, acerca da capa- de recreio e lazer ou a identidade gradadas e o restauro de habitats
potencialidades locais, nomeada- cidade do património ambiental cultural. Todos estes contributos e de ecossistemas. Tem-se pela
mente no que toca à agricultura, em criar riqueza económica, sus- dos ecossistemas para o bem-es- frente o desafio de gerir e conci-
pastorícia, floresta, cultura e tu- tentável, e bem-estar? tar humano, são atualmente en- liar, no mesmo espaço territorial,
rismo, e soluções assentes na uti- O PNVG tem trabalhado junto das quadrados no conceito de serviços as atividades humanas mais in-
lização eficiente e sustentável dos escolas e de associações locais, de dos ecossistemas. Estes apoios são tensivas e impactantes com as ati-
recursos naturais, com destaque modo a dar a conhecer os valores de longo prazo (20 anos) e já saiu vidades mais compatíveis com a
para a importância dos produtos naturais existentes, pois acredita- um aviso da 1.ª Fase do Programa conservação da natureza e promo-
silvestres como, por exemplo, a mos que é preciso conhecer para de Remuneração dos Serviços toras da biodiversidade.
caça, a pesca, o mel, os cogumelos, valorizar e proteger. Também dos Ecossistemas em Espaços
as aromáticas, entre outros. com o intuito de fomentar maior Rurais — Paisagem Protegida da Na Estratégia Nacional de
contacto com as entidades locais, Serra do Açor e Parque Natural Conservação da Natureza e da
De que forma se manifesta, ali, aumentámos o número de reu- do Tejo Internacional, que pre- Biodiversidade 2030, Portugal as-
essa relação entre o Homem e a niões do Conselho Estratégico do tende funcionar como piloto sume as suas áreas protegidas
natureza? PNVG, fórum onde se discute a es- para outros que lhe sucederão. como ativos de interesse nacional.
As exigências de proteção do am- tratégia de desenvolvimento para Também o Plano de Recuperação O que espera que, até 2030, possa
biente, de conservação da natu- a área protegida. Estamos a iniciar e Resiliência tem medidas pre- ser concretizado, na defesa e valo-
reza, de combate à desertificação, o processo de adesão ao novo mo- vistas que beneficiarão o interior, rização do PNVG?
de promoção da mitigação e da delo de cogestão do PNVG, com os nomeadamente no que diz res- É cada vez mais evidente a neces-
adaptação às alterações climáti- dois municípios, a partir do qual peito ao combate à desertificação. sidade de contrariar a destrui-
cas, da prevenção e gestão de ris- se pretende imprimir uma gestão Mas sem duvida que a Política ção do mosaico de paisagens ru-
cos naturais e de valorização da colaborativa, participativa e arti- Agrícola Comum e o Programa de rais, a redução da diversidade e
paisagem impõem abordagens culada. Consideramos que atra- Desenvolvimento Rural têm aqui da complexidade dos ecossiste-
conservadoras e sustentáveis na vés de uma maior proximidade e um peso importantíssimo. mas, a fragmentação de habitats
produção agrícola, pecuária, flo- melhor comunicação conseguire- e a excessiva artificialização do
restal, em todas as respetivas filei- mos dar a conhecer os valores na- Quais as principais ameaças que território. É necessário fomentar
ras, bem como nos outros setores turais, paisagísticos, geológicos existem atualmente, á salva- o restauro ecológico, a renatura-
de atividade económica. A pro- e culturais existentes, trazendo guarda do PNVG? lização de espaços degradados, a
dução de alimentos, fibras, mate- mais pessoas ao território. As circunstâncias geográficas implementação de estruturas sis-
riais lenhosos, essências e outras dos territórios meridionais da témicas de valorização ecológica,
substâncias, bem como a saúde Podemos dizer que as populações Península Ibérica, em particu- a valorização e proteção do mon-
e o bem-estar humanos, assen- dos concelhos abrangidos pelo lar do sul de Portugal, propor- tado, a proteção dos solos e o com-
tam e dependem, cada vez mais, parque são os efetivos guardiões cionam condições ambientais di- bate à desertificação. Espero ser
da boa gestão dos ativos naturais, do património de que dispõe o fíceis e exigentes no relativo aos possível, também, conseguir uma
permitindo que se consiga estan- PNVG? recursos solo, água e biodiversi- maior aproximação do PNVG à
car e reverter os processos de de- Sem dúvida, mas também o são dade. Na Europa, as áreas do sul academia e à investigação, refor-
gradação da paisagem, de forma a todos aqueles que visitam o PNVG da península Ibérica são já das çar o reconhecimento pela popu-
garantir a perpetuação da sua ca- e todos os que diariamente tra- mais afetadas pela desertifica- lação da importância do PNVG no
pacidade de regeneração e valori- balham para assegurar a conser- ção e pela seca e os diversos ce- território e melhorar a articulação
zação. Verifica-se que existe uma vação dos valores naturais e para nários de evolução apontam para com o setor agrícola.
06 | Diário do Alentejo | 23 julho 2021
Q
A Câmara de Mértola abriu inscrições para dois programas de ocupação
municipal temporária de desempregados de longa duração. Podem concorrer
os residentes no concelho de Mértola há mais de dois anos, com idades
compreendidas entre os 18 e os 65 anos, sendo que a duração dos programas
é de seis meses. A autarquia abriu 50 vagas e os inscritos “serão chamados
consoante a necessidade do município e de acordo com o seu perfil e interesse”.
O número de beneficiários
do complemento solidá-
rio para idosos (CSI), um
apoio monetário pago mensal-
mente aos idosos de baixos recur-
idosa sinta uma sensação de fra-
queza, cansaço e diminuídos fí-
sica, mental e emocionalmente”.
Para o investigador do Centro
Interdisciplinar de Ciências
sos, continua a diminuir no dis- Sociais, “apesar do momento me-
trito de Beja, segundo os últimos nos bom que se vive”, aguarda-se
dados divulgados pela Segurança “com esperança que em breve seja
Social. possível ultrapassar muitas das
No mês de junho usufruíam dificuldades com que nos temos
desta prestação, no distrito, 2308 vindo a debater, para que seja pos-
idosos, menos 112 do que em pe- sível proporcionar à nossa popula-
ríodo homólogo de 2020 (- 4,6 por ção idosa melhores condições de
cento) e menos quatro do que no vida a que têm direito”. “Têm sido
mês anterior (- 0,3 por cento). O muito gravosos os efeitos da pan-
valor médio do subsídio no mês demia de covid-19 na população
de junho fixava-se em 97,40 eu- idosa”, conclui Marcos Olímpio
ros, menos 0,3 por cento do que dos Santos.
o registado no mês homólogo PSP SINALIZA SITUAÇÕES DE RISCO o investigador, o número de ido- O presidente da mesa do conse-
de 2020 e mais 0,06 por cento ENTRE A POPULAÇÃO IDOSA sos falecidos devido à pandemia lho geral do Núcleo Distrital de Beja
do que no passado mês de maio. de covid-19 “poderá explicar, em da EAPN Portugal/Rede Europeia
Comparando ainda os dados com A Polícia de Segurança Pública deu início na terça-feira, em todo parte, a constatação”. E adianta Anti-Pobreza, afirma, por sua vez,
o mês homólogo de 2019 (2494 o País, à operação anual para sinalizar situações de risco entre a que, segundo dados da Direção que a pandemia de covid-19 “afetou,
idosos em junho), verifica-se que a população mais idosa, uma iniciativa que vai decorrer até ao final de Geral de Saúde, do passado dia 2, em grande medida, a população
diminuição registada entre junho setembro. A operação, denominada “A solidariedade não tem idade – “do total de mortes a nível nacio- mais idosa, e mais vulnerável, um
de 2020 e junho de 2021 é mais A PSP com os idosos”, está inserida na estratégia global da Polícia de nal (17 108), 11 228 eram pessoas pouco por todo o mundo, e o Baixo
acentuada do que a registada entre Segurança Pública de policiamento de proximidade e tem como objetivo com mais de 80 anos, 3653 com Alentejo não foi exceção”.
2019 e 2020 (que foi de 74). principal contactar e dialogar com os cidadãos com mais de 65 anos. idades entre os 70 e os 79 anos e “Os centros de dia encerraram
Os dados de junho da Segundo a PSP, a iniciativa visa “detetar casos de fragilidade social, 1541 tinham entre os 60 e os 69 temporariamente, as visitas a la-
Segurança Social ainda não estão vulnerabilidade física e psíquica comprometedores da segurança e anos”. Incluem-se nestes números, res foram suspensas e vários fo-
disponibilizados por género, con- casos de suspeita de crimes de violência doméstica ou outros contra prossegue o sociólogo, “quem já cos de infeção foram registados
tudo, dos 2312 idosos com pro- a vida ou integridade física, promovendo de imediato o necessário era beneficiário(a) e também po- em vários lares, acarretando nal-
cessamento de CSI em maio deste apoio em articulação com outras entidades”. A PSP frisa que reforçou tenciais beneficiários(as) que po- guns casos mortes de idosos”, es-
ano, 1475 eram mulheres e 837 a articulação e coordenação com as delegações da segurança deriam vir a requerer a prestação”. pecifica João Martins.
homens. social principalmente desde o início da pandemia de covid-19. Em segundo lugar, refere O acesso a alguns serviços so-
Em termos anuais, o comple- Marcos Olímpio dos Santos, “po- ciais, saúde, entre outros, “fruto
mento solidário para idosos abran- derá ter sucedido que, mesmo ido- de períodos de confinamentos, te-
gia, em 2018, 2724 idosos, em 2019, sos e idosas, em condições de re- letrabalho, e demais regras sani-
2643 (menos 81) e, em 2020, 2534 DA DIMINUIÇÃO Marcos Olímpio explicações fundamentadas so- quer e beneficiar da prestação, tárias, causaram constrangimen-
(menos 109). Entre janeiro e abril dos Santos, sociólogo, investiga- bre esta realidade”, poder-se- mas sem conhecimentos e meios tos diversos”, prossegue ainda
deste ano contabilizavam-se 2370 dor do Centro Interdisciplinar -á, porém, deixar “algumas re- para o fazer, não tivessem ainda o responsável, frisando, no en-
beneficiários (menos 164). de Ciências Sociais (CICS. f lexões que contribuam para quem os auxiliasse nessa tarefa e, tanto, “que observou-se a manu-
NOVA.UÉvora), diz ao “Diário lançar pistas sobre essa diminui- por esse motivo, estejam a contar tenção das reformas, que foram
MORTALIDADE PODERÁ EXPLICAR PARTE do Alentejo” que, “não havendo ção”. Em primeiro lugar, avança para a diminuição verificada”. asseguradas”.
23 julho 2021 | Diário do Alentejo | 07
Q
O concelho de Beja conta com mais de 70 casos ativos de covid-19, número que
tem vindo a aumentar nas últimas semanas. Desde o início da pandemia, e de
acordo com dados da Direção Geral de Saúde, o novo coronavírus provocou a
morte a 60 pessoas residentes no concelho. Sines e Aljustrel encontram-se entre
os concelhos do Baixo Alentejo com uma maior incidência cumulativa de casos a
14 dias – no caso de Aljustrel somam-se 22 casos ativos da doença.
Q
A Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal) lançou um portal na Internet
que dá acesso ao catálogo coletivo das bibliotecas municipais do território, que
contam com mais de 300 mil títulos e 500 mil exemplares. O portal, disponível em www.
bibliotecasbaixoalentejo.pt, possibilita ao utilizador conhecer e requisitar exemplares
das bibliotecas e, através do sistema de empréstimo, aceder ao título que pretende,
levantando-o posteriormente na biblioteca do seu concelho de residência.
Q
O Nerbe tem inscrições abertas para entidades que queiram aderir ao projeto Alentejo Global
Export. Trata-se de uma iniciativa que visa criar visibilidade nos mercados da Alemanha,
Benelux e Espanha para os produtos e serviços do Alentejo e promover a sua venda direta
nesses mercados, nomeadamente, numa lógica de associação direta à gastronomia regional,
promovendo internacionalmente os produtos e recursos associados ao Alentejo numa lógica
integrada enquanto destino turístico.
JOSÉ FERROLHO
Um estudo da autoria de
Alexandre Afonso, professor
associado da Universidade
de L eiden, nos Países
Baixos, conclui que o can-
didato do partido Chega nas
presidenciais de janeiro ob-
teve mais votos nos conce-
lhos onde existe um maior
número de pessoas de etnia
cigana e onde há mais resi-
dentes a beneficiar da assis-
tência social.
N as presidenciais de ja-
neiro ú lt i mo, A ndré
Ventura, candidato do
partido Chega, obteve mais vo-
tos nos concelhos onde existe
um maior número de pes-
soas de etnia cigana, sendo
“Moura um dos casos mais ex-
tremos desta relação”. Esta é
uma das principais conclu-
sões do estudo “Correlações de
apoio agregado à direita radical
em Portugal”, da autoria do in-
vestigador Alexandre Afonso,
da Universidade de Leiden, nos
Países Baixos.
“O fator mais claramente as-
sociado com o voto no partido
Chega é a percentagem de indi-
víduos de etnia cigana”, reforça
o investigador em declarações
ao “Diário do Alentejo”, admi-
tindo que espera uma “tendência
similar” nas autárquicas de se-
tembro próximo, mesmo que “as
campanhas locais sejam diferen-
tes e menos centradas sobre um
candidato (Ventura) do que as
presidenciais”.
Outra das principais con-
clusões da investigação é que “o
Chega recebe mais votos em con-
celhos onde há mais residentes a
de etnia cigana
nia cigana, o estudo revela que
a proporção de imigrantes não
tem um impacto significativo
na votação em André Ventura.
De acordo com o professor as-
sociado da Universidade de
Leiden, isso poderá dever-se ao Resultados das presidenciais poderão repetir-se nas eleições
facto de a comunidade cigana autárquicas, diz investigador Alexandre Afonso
“ser mais estigmatizada” e “so-
frer mais problemas de integra-
ção que muitas comunidades es- radical em Portugal”, esclarece controlando outros fatores, quais da habitação, entre outros, já que “percentagem de votos em conce-
trangeiras” e também porque Alexandre Afonso, teve como são as características de municí- o Chega diz querer representar lhos mais pequenos e com menos
“há maiores concentrações de objetivo “tentar explicar por pios que são associadas a maio- os ‘deixados para trás’ economi- densidade populacional” e que
comunidades ciganas em meio que é que o partido Chega ob- res proporções de votos para o camente”. Assim, afirma, “não “há maiores percentagens de vo-
rural, onde a convivência pode teve mais votos em certos mu- Chega”, acrescenta. são os municípios mais pobres tação no Chega onde há mais ido-
ser mais problemática do que em nicípios portugueses do que em O investigador adianta, ainda, ou com maior desemprego que sos”, o que não quer dizer, con-
meio urbano”. outros, usando métodos estatís- que ficou surpreendido por “não votam mais no Chega”. tudo, “que os idosos votam mais
O e s t udo “C or re l a ç õ e s ticos comuns, nomeadamente, haver relação com indicadores O estudo conclui igualmente no Chega”, sublinha o professor.
de apoio agregado à direita regressões”. “O objetivo é ver, económicos, como ganhos, preço que André Ventura recebe mais Recorde-se que nas
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Foram aprovadas as primeiras três candidaturas, uma delas referente à Base Aérea n.º 11, em
Beja, apresentadas pela Defesa Nacional no âmbito do Programa para a Remoção de Amianto,
financiado pelo Fundo de Reabilitação e Conservação Patrimonial. O Governo frisa que a medida
visa apoiar as iniciativas de reabilitação e conservação do património público, através da
remoção de materiais com amianto, contribuindo para a melhoria das condições de segurança e
salubridade dos imóveis.
COMUNIDADE Chega “já tinha ganho votos nas A ativista defende que a ins-
CONTINUA A CRESCER legislativas” de 2019. “Não sei, se trução “é a melhor arma para a
calhar até poderão tirar um ve- igualdade”, ao permitir que a
De acordo com o último reador em Moura”. comunidade cigana “saiba com
Mapeamento das Comunidades E se “antes podia haver ra- mais clareza” quais os seus di-
Ciganas do Distrito de Beja, levado cismo, mas estava escondido”, reitos e deveres. “A escola é o
a cabo em julho de 2018 pela AMEC, diz o presidente da AMEC, melhor que se pode ter para nós
com o apoio do Núcleo Distrital atualmente, devido ao partido usufruirmos do nosso direito
de Beja da EAPN Portugal/Rede Chega, as pessoas falam “mais de igualdade, de cidadania por-
Europeia Anti Pobreza, e ao abrigo abertamente”, verificando-se tuguesa, porque somos portu-
de uma candidatura ao Programa “um aumento da discriminação” gueses desde o ano 1500. Toda
de Apoio ao Associativismo contra a comunidade cigana. a nossa descendência é portu-
Cigano do Alto Comissariado guesa. De outra forma é muito
para as Migrações, no distrito de INSTRUÇÃO “É A MELHOR ARMA PARA difícil”, acrescenta, frisando que
Beja viviam 3666 ciganos, o que A IGUALDADE Para Olga Mariano, a educação é a sua “luta”.
representava 2,4 por cento do ativista pelos direitos da comu- Para além disso, “o outro
total de habitantes no território nidade cigana e atualmente pre- também tem de nos aceitar como
nacional. Comparando esses dados sidente da Letras Nómadas – um cidadão de igual para igual,
com o estudo de caracterização da Associação de Investigação e porque o caminho faz-se dos
população cigana realizado em 2010 Dinamização das Comunidades dois lados. Não é só nós mudar-
pelo Centro Distrital de Segurança Ciganas, as conclusões do es- mos, porque não vamos mudar a
Social, contabilizavam-se mais tudo, relativamente à comuni- nossa cultura. Nós adoramos a
1618 pessoas, o que representava dade cigana, são fruto da “la- nossa cultura, como os alenteja-
um aumento de 79 por cento em vagem cerebral ” que André nos adoram a cultura alentejana.
oito anos. Desses 3666, 2065 Ventura tem vindo a fazer “às O que seria dos alentejanos sem
eram crianças e jovens e 1601 pessoas dos concelhos onde ha- as benditas açordas, as sopas de
adultos. Beja (com 1399), Moura bitam maiores comunidades tomate, sem as migas?”.
(983), Serpa (469), Aljustrel ciganas”. Mas a comunidade cigana só
(205) e Vidigueira (204) eram os “Fazer dos ciganos o bode será aceite, prossegue, quando
concelhos que apresentavam o expiatório foi a forma de ele “as entidades empregadoras,
maior número de elementos de chegar às pessoas indecisas numa procura ativa de emprego,
etnia cigana. Prudêncio Canhoto [quanto à votação], às pessoas numa entrevista de emprego,
diz que a comunidade “continua menos letradas, de comunida- não discriminarem os ciganos
a crescer ano após ano” e que des mais rurais. Aproveita-se quando eles têm as mesmas qua-
“todos os anos nota-se que há dos poucos benefícios que a co- lificações, ou superiores, do não
mais crianças”. O presidente munidade cigana tem a nível cigano”, e quando “acabar a dis-
da mesa do conselho geral do social e diz que são retirados criminação” no acesso ao arren-
Núcleo Distrital de Beja da EAPN aos salários dos trabalhadores damento ou compra de habita-
Portugal, João Martins, adianta rurais, dos que estão mais dis- ção, deixando se ser necessário
que os dados de 2018 já apresentam tantes dos grandes centros ur- recorrer “a mediadores ou a não
“alguma desatualização face à banos”, adianta a também co- ciganos”.
situação atual”, pois a comunidade fundadora da Associação para o Olga Ma ria no considera
cigana “cresceu ligeiramente Desenvolvimento das Mulheres ainda que a “figura do mediador
até à presente data, com maior Ciganas Portuguesas. ou mediadora deve ser reposta
expressão nos concelhos de No entanto, sublinha, no imediatamente nas várias ins-
Beja, Moura e Serpa e menor em universo dos beneficiários do tituições escolares”, para que as
Ourique, Odemira e Barrancos”. Rendimento Social de Inserção meninas, principalmente, pos-
(RSI), a comunidade cigana “re- sam prosseguir os seus estudos
presenta 3,8 por cento, sendo os no segundo ciclo. “Isso dá ou-
outros 96,2 por cento não ciga- tra respeitabilidade, porque os
presidenciais de janeiro o can- o estudo vem confirmar aquilo abandonou a viatura envolvida. nos, segundo os últimos dados nossos hábitos são diferentes.
didato do Chega teve a sua que já se sabia: “Tanto em Sobral “Hoj e [t e rç a-fe i r a , d i a disponibilizados pela Segurança Os pais dessas meninas teriam
maior votação na freguesia de da Adiça, como em Póvoa de São 20] André Ventura está em Social”. Olga Mariano admite muito mais confiança”.
Póvoa de São Miguel, no con- Miguel”, André Ventura – “um Reguengos. No norte também que essa percentagem tenha su- Para Prudêncio Canhoto, re-
celho de Moura, onde cerca de senhor que aparece do nada e houve desacatos, mas lá ele não bido com a pandemia de co- sume-se tudo a uma palavra:
metade votou (47,8 por cento) ataca os ciganos” – ganhou “por- vai. Vai a Reguengos porque a vid-19, mas mesmo assim conti- oportunidade. “É preciso dar
e, destes, 41,23 por cento deram que há uma comunidade cigana confusão foi com um rapaz de nua a ser reduzida, diz. aos ciganos as mesmas oportu-
o voto a André Ventura, que fi- muito grande”. Surpreende-o etnia cigana. Vai aproveitar-se E à semelhança do presidente nidades, em todas as áreas – es-
cou à frente de Marcelo Rebelo sim, diz, é que, em pleno século do povo, de quem está revoltado da AMEC, considera que a dis- cola, emprego –, para ver do que
de Sousa. Também na fregue- XXI, “se veja ainda muita discri- com o que aconteceu. Ele apro- criminação aumentou devido é que são capazes. Para verem
sia de Sobral da Adiça, dos 41,75 minação e muito racismo”. veita-se das situações para ga- a André Ventura. No seu caso que também há ciganos bons,
por cento de votantes, 34,05 por Prudêncio Canhoto acusa nhar apoiantes e votos. Atua na concreto, assume que, em “71 com muita qualidade, capaci-
cento escolheram Ventura, que, André Ventura de se aprovei- hora certa. Em Reguengos tam- anos de vida”, nunca se sentiu tados. É preciso apostar neles”.
assim, ganhou a Marcelo Rebelo tar de toda e qualquer situa- bém vai ganhar [nas autárqui- tão discriminada como atual- Porque, garante o presidente
de Sousa. Segundo os dados to- ção que envolva negativamente cas]”, afirma o responsável, sa- mente. “Em todos os lados que da AMEC, “há muitos ciganos
tais para o concelho de Moura, a comunidade cigana para ga- lientando que “na comunidade piso sou olhada como sendo à procura de trabalho, mas as
o candidato do Chega obteve nhar votos e dá como exem- cigana, como na comunidade uma coisa que os vai confrontar, portas fecham-se porque se vão
30,85 por cento dos votos e plo os desacatos que ocorre- maioritária, há bom e mau, há que lhes vai tirar a vez, que os dar emprego a um cigano per-
Marcelo Rebelo de Sousa 39,12 ram no final da semana passada de tudo”, sendo que “as autori- vai roubar, manipular, são mil dem logo os seus clientes”. Uma
por cento. numa esplanada em Reguengos dades têm competência para re- e um adjetivos. Antes do Chega, maior visibilidade da comuni-
de Monsaraz, no concelho de solver as situações”. se havia alguma população que dade cigana na sociedade, diz,
DISCRIMINAÇÃO AUMENTA O pre- Évora, que tiveram como con- Ainda em relação às próximas não gostava dos ciganos, estava levará a uma maior integração e
sidente d a A ssociaç ão de sequência três feridos, dois de- eleições autárquicas, Prudêncio muito camuf lada. Esse senhor aceitação. “É caminho para que
Mediadores Ciganos de Portugal les ligeiros, vítimas de atropela- Canhoto acredita que se vai ve- fez com que hoje em dia até seja se vá desconstruindo esta men-
(AMEC), que tem sede em Beja, mento por um homem de etnia rificar o mesmo que nas presi- uma coisa obrigatória falar mal talidade do ódio e do racismo”,
diz ao “Diário do Alentejo” que cigana que, posteriormente, denciais de janeiro, até porque o dos ciganos”. conclui.
12 | Diário do Alentejo | 23 julho 2021
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O Ministério do Ambiente e da Ação Climática assegurou que está a acompanhar de “forma
continuada” a situação que se vive nas Fortes, onde a população local se continua a queixar da
poluição provocada por uma unidade de transformação de bagaço de azeitona. Em declarações
à Rádio Pax, fonte do ministério assegurou que “não há registo de incumprimentos no que
respeita ao cumprimento dos valores limite das emissões atmosféricas, ao acondicionamento
das cinzas e escórias e ao armazenamento e espalhamento das águas residuais”.
JOSÉ FERROLHO/ARQUIVO
inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
Aconteceu no passado dia 13 de julho, numa reunião institucional
que juntou os municípios e as entidades envolvidas no projeto
que visa salvaguardar este tipo de saber-fazer ancestral.
património
TEXTO JÚLIA SERRÃO
23 julho 2021 | Diário do Alentejo | 13
Q
A Câmara de Alvito revelou ter investido cerca de 2,5 milhões de euros na recuperação
total de um edifício que irá acolher, já no próximo ano letivo, a Escola Profissional de
Alvito. A obra contemplou a recuperação de um espaço localizado à entrada da sede
de concelho e, neste momento, reúne todas as condições para a instalação da Escola
Profissional de Alvito, segundo António João Valério, presidente do município, segundo
o qual a obra estará totalmente terminada até final do próximo mês de agosto.
OPINIÃO
NOTAS À ESQUERDA
Presente envenenado
F
JOSÉ FILIPE MURTEIRA PROFESSOR
D.R.
Expiação e catarse:
há desastres da guerra
que não se apagam
R
MÁRIO BEJA SANTOS JURISTA
portuguesas
sui bibliografia ligada à sada e só a estritamente necessária.
investigação sobre a li- E ocorria-lhe cada vez mais a ima-
teratura da guerra colo- gem do digno homem preto que, enco-
nial, ficção e ensaio. O seu “O Elogio lhido, desceu do passeio, em Luanda,
D
da Dureza” (Gradiva, 2021) conta- para ele poder passar à larga”. DANIEL BASTOS PROFESSOR
-nos a história de Paulo de Trava Lobo Voltamos ao processo revolucioná-
Ferreira, alguém com sérios proble- rio, Paulo voltou aos estudos, foi ga- entro dos desafios e proble- emigrantes portugueses em França, des-
mas de identidade familiar, dado nhando a pulso os seus títulos uni- máticas que as sociedades tino europeu mais antigo. Essa percenta-
desde a juventude à leitura, que passou versitários, mas neste formato de enfrentam na atualidade, o gem duplicou, passando de 8 para 16 por
meteoricamente pela Universidade de montanha-russa voltamos a Angola, envelhecimento populacio- cento””.
Coimbra, onde se aborreceu de morte Paulo agora anda no Mayombe, fala- nal assume uma cada vez É neste contexto de populações na-
e ofereceu-se como voluntário para a -nos nos estouros metálicos dos tro- maior premência, dadas as cionais emigradas mais envelhecidas,
tropa, seguindo para o curso de ofi- vões, na espessa massa vegetal, de suas implicações coletivas que ganha especial relevância a iniciativa
ciais milicianos. cheiro intenso e meio adocicado, nos e multidimensionais, como é o caso do que está a ser por estes dias dinamizada
Como tinha poucos recursos, ficava temíveis campos de minas, estamos mercado laboral, da proteção social, das no seio da comunidade portuguesa em
por lá aos fins de semana. A palavra há vários dias na Operação Pantufada. estruturas familiares ou dos laços inter- Toronto, onde vive a maioria dos mais de
“comando” galvanizou-o. Entretanto “Cinco metros à frente de Paulo, a mi- geracionais. 500 mil compatriotas e lusodescendentes
começou a escrever um diário a que nha rebentou levando com ela as per- Como apontam as Nações Unidas, o presentes no Canadá. Designadamente,
apodou de diário incerto, com muitos nas do furriel Tavares. O sangue es- número de idosos, com 60 anos ou mais, o projeto de construção, a breve prazo,
comentários literários e apreciações guichava das femorais. Tinha lido deve duplicar até 2050 e mais do que tri- de um centro, orçado em vários milhões
do meio regional de onde provinha. algures que o coração bombeia com plicar até 2100, passando de 962 mi- de dólares, capaz de acolher mais de 200
Nisto, damos um salto, Paulo já vol- tanta força que pode atirar o sangue lhões em 2017 para 2,1 mil milhões em idosos, especialmente direcionado para a
tou da guerra em Angola, regressou com dez metros de distância (…) A 2050 e 3,1 mil milhões em 2100. Se o en- comunidade portuguesa.
a Vila Velha do Mar. “A guerra, como consciência do furriel Tavares dissol- velhecimento populacional é um fenó- Este projeto, há muito ambicionado
uma forma de iniciação, tinha-o me- via-se. Em menos de meia hora, fi- meno mundial, na Europa assume maio- pelos emigrantes lusos na maior ci-
tamorfoseado. Dera-lhe dureza, um cou enrugado como um velho. O olhar res proporções, até porque, hoje em dia, dade canadiana, está a ser dinamizado
código de silêncio e um sentimento de apagou-se. Morreu docemente, nem o velho continente tem a maior percenta- pela Magellen Community Charities
superioridade em relação aos não ini- sequer teve um estremeção final”. gem da população com 60 anos ou mais (Instituição de Caridade Comunitária
ciados”. Refugia-se no diário incerto, Apanhou-se muito armamento nesta (25 por cento). Magalhães). Trata-se de uma organiza-
anda à deriva, não tinha verdadeira- operação. Enquanto eles progrediam No quadro do inverno demográfico ção sem fins lucrativos, em homenagem
mente regressado. no Mayombe, o Estado Novo caíra em mundial e europeu, a sociedade portu- ao navegador português, que através da
(…) E saltamos para a operação 25 de Abril. guesa é uma das mais afetadas, apon- colaboração do poder politico e da soli-
“Empurra Tudo”, temos escalpes, fa- Já bacharel, visita em Vila Figueira tando mesmo o Instituto Nacional de dariedade da comunidade luso-cana-
cas na barriga a girar como o corno de Luís Pereira de Sá e Souza, descen- Estatística (INE) que quase metade da diana, pretende construir um lar cultu-
um touro numa colhida, gente dego- dente da mais antiga nobreza de es- população portuguesa terá mais de 65 ralmente específico que terá que cumprir
lada, um pequeno massacre. Paulo ex- pada, Paulo prepara-se para voos mais anos dentro de meio século. Este cená- as seguintes condições: profissionais de
tasia-se com a natureza esplendente, altos enquanto ensina; e novo voo me- rio de envelhecimento da população saúde que falem português; atividades
sente-a como o princípio do mundo, morial até Angola, onde se entrou que reside no território nacional tam- culturais e espiritualmente desenvolvi-
mais guerra, mais tiros, Paulo aca- na guerra civil. Deu aulas na ilha da bém é visível no seio das comunida- das em ambiente cultural sensível; pro-
salou com a Luxa e com a empregada Madeira, aqui se vai apaixonar. Volta des lusas, em particular nos países com moção de programas sociais e recrea-
desta. Saberemos muito mais sobre a casa dos pais, sentiu motivos de so- maior e mais antiga tradição de emigra- tivos em português e alimentação, que
a vida operacional que leva na Zona bra para nunca mais voltar a falar de- ção portuguesa. deve incluir pratos tradicionais.
Militar Leste. Há interrogatórios vio- les. E há uma bala furada, acompanha Segundo o estudo sociológico “A emi- Numa época de galopante envelheci-
lentíssimos, mais orelhas cortadas, Paulo como uma graça do destino. gração portuguesa no século XXI”, a mento da população, e em que os efeitos
sucedem-se as operações e as notas ín- Talvez este elogio da dureza seja uma percentagem dos idosos entre os emi- da pandemia de covid-19 têm acarretado
timas no diário incerto, pois certezas catarse depois de tantos horrores da grantes lusos aumentou, por exemplo, graves consequências socioeconómicas,
já há muito poucas, crescem as dúvi- guerra ter encontrado o fundo da sua no Canadá “11 pontos percentuais, pas- a construção de uma “casa” para os mais
das do que por ali anda a fazer: inutilidade. sando de 17 para 28 por cento, entre 2001 velhos da comunidade luso-canadiana
“Na noite de despedida daquelas Um testemunho símbolo para as e 2011, e nos EUA aumentou sete pon- demonstra que o espírito de solidarie-
terras do calor e dos pretos, Paulo sen- novas gerações, para saberem o que tos percentuais, de 16 para 23 por cento. dade e entreajuda ainda é uma das prin-
tiu como nunca o Império a começar viveu a de Paulo e todos os outros que Crescimento elevado da percentagem cipais marcas da diáspora, em particular,
a desfazer-se e a morrer dentro de si. experimentaram o mal e foram tenta- dos idosos é ainda observável entre os da comunidade portuguesa em Toronto.
A ironia partia-o por dentro – a cada dos por instintos sanguinários.
Estatuto editorial do “Diário do Alentejo” 2. O “Diário do Alentejo” é um jornal semanário independente através de um trabalho eficaz, criativo e interativo, com o objetivo 5. O “Diário do Alentejo” considera que os factos e as opiniões
cuja linha editorial é submetida a critérios de total rigor e de bem informar e esclarecer um público plural. devem ser separadas com evidência: os primeiros são intocáveis
1. O “Diário do Alentejo” é um jornal semanário regionalista, de seriedade, recusando quaisquer influências ideológicas ou dos 4. O “Diário do Alentejo” não estabelece quaisquer hierarquias e as segundas são livres.
informação geral, que pretende através do texto e da imagem dar poderes político, económico e religioso. para as notícias e pretende contribuir para o debate e a reflexão 6. O “Diário do Alentejo” determina como únicos limites para
cobertura aos acontecimentos mais relevantes da região, e que sem se 3. O “Diário do Alentejo” produz um jornalismo transparente, sobre as grandes questões da região e do País, pelo que cria a sua intervenção aqueles que são determinados pela lei, pela
remeter a posições de neutralidade proporciona espaço ao pluralismo abrangendo os mais variados campos da sociedade portuguesa espaços apropriados para expressão de opiniões e não estabelece deontologia jornalística e ética profissional e por tudo aquilo que
político e de ideias, e aos valores da democracia e da liberdade. em geral e da alentejana em particular, com exigência e qualidade, barreiras a qualquer corrente de comunicação. diga respeito à vida privada de todos os cidadãos.
DESPORTO
16 | Diário do Alentejo | 23 julho 2021
olímpicos
irá disputar a prova de
ensino. “Pertencer à
equipa portuguesa que já
arrecadou três medalhas
de bronze na equitação
é um feito extraordinário
e um grande orgulho”,
assegura. TEXTO FIRMINO PAIXÃO
“O importante é competir”,
uma expressão inspira-
dora, atribuída a Pierre
de Coubertin, considerado o impul-
sionador dos Jogos Olímpicos da “era
Foi também o barão de Coubertin
o inspirador deste símbolo, a que se
atribui a união dos continentes através
do desporto, e a representação dos va-
lores humanitários e universalistas. Os
20 participantes (sete masculinos
e 13 femininos), seguida do ande-
bol, modalidade que faz a sua estreia
a este nível, com 14 atletas e da nata-
ção (com nove). O ‘skateboarding’,
em que os atletas olímpicos lhe apre-
sentaram cumprimentos, estão qua-
tro embaixadores do Alentejo. Desde
logo, Ana Cabecinha, nascida em
Baleizão há 37 anos, que vai competir
morte do meu pai. Recuperar de tudo
isto não foi um processo fácil nem nor-
mal, mas consegui retomar alguma
forma e, por isso, irei dar o meu me-
lhor, aliás, como sempre, e sair de lá
moderna” e fundador do Comité jogos, como se sabe, deveriam ter sido o ‘taekwondo’ e o tiro com armas de naqueles que são os seus quartos Jogos com melhor resultado”.
Olímpico Internacional, enquanto realizados no verão de 2020, mas a gra- caça terão representação única. Olímpicos, para os quais se qualificou Na sua bagagem, garante levará
elo de união entre os povos e da ce- vidade da crise pandémica determi- “Vós sois dos melhores dos nossos em dezembro de 2020 no Campeonato “muita ambição, determinação, garra
lebração da paz. A primeira edição nou o seu adiamento para este ano – a embaixadores”, afirmou o Presidente Nacional de Marcha, realizado na ci- e, acima de tudo, muita vontade de
dos Jogos Olímpicos, da dita “era mo- cerimónia de encerramento está mar- da República, Marcelo Rebelo de dade de Olhão, sede de concelho do competir”. A preparação para este
derna”, foi realizada em Atenas, em cada para 9 de agosto de 2021, embora Sousa, no momento em que se despe- clube que representa (Clube Oriental desafio não foi fácil. “Obrigou-me a
abril de 1896. A cerimónia oficial de algumas modalidades tenham já ini- diu dos desportistas que integram a de Pechão). Competirá nos 20 quiló- muitas mudanças, por ter sido in-
abertura dos de 2020, por causa da ciado a sua atividade na última quarta- missão olímpica aos Jogos de Tóquio. metros em marcha atlética, disciplina fetada com a covid-19. A recupera-
pandemia de covid-19, acontecerá -feira (beisebol e futebol). Uma mensagem em que a tónica foi a em que é várias vezes campeã e recor- ção do vírus foi fora do normal; de-
apenas esta sexta-feira, momento em A missão olímpica portuguesa in- afirmação da esperança no futuro, em dista nacional. A atleta referiu, em ex- pois, em abril, a morte do meu pai
que a tocha da pira olímpica será mais tegra um total de 92 atletas, de 17 di- contraponto com as dificuldades do clusivo ao “Diário do Alentejo”, quais fez-me, de novo, mudar o programa
intensa e as bandeiras com os cinco ferentes modalidades, que compe- presente, e em que não deixou de agra- as suas expetactivas: “Este ano não são de treinos, mas nestes últimos me-
anéis entrelaçados (azul, preto, ver- tirão em 67 eventos de medalhas, e decer “o que farão por Portugal”. tão elevadas como nos Jogos do Rio ses já consegui pôr a cabeça no lugar,
melho, amarelo e verde) terão maior em 20 locais diferentes. O atletismo Nesta missão, pegando na deixa de Janeiro, pois tive um ano diferente, sair de casa e de Portugal, e focar-me
significado e simbolismo. é a delegação mais numerosa, com do Presidente da República, na sessão marcado pelo novo coronavírus e pela a 100 por cento. Prepararei esta parte
23 julho 2021 | Diário do Alentejo | 17
UVP/FPC
final entre Madrid (Navacerrada), a marcha: Pequim/2008 (8.º lugar), que a sua treinadora Coralie Baldrey,
1880 metros de altitude, e depois, em Londres/2012 (8.º lugar) e Rio de com quem trabalha em Arraiolos, tem
França (Font Romeu) a 1800 metros, Janeiro/2016 (6.º lugar). A prova em sido a chave do seu sucesso. “Estar nos
e já estou fora de casa há dois meses, que a Ana Cabecinha competirá rea- Jogos Olímpicos já é um objetivo con-
em estágios, para preparar-me mais liza-se no próximo dia 6 de agosto, pe- cretizado. É claro que vou lá tentar dar
afincadamente e adaptar-me ao calor las 8:30 horas. o meu melhor e fazer a melhor prova
e humidade que iremos apanhar em possível. Como equipa, era ótimo ir-
Tóquio/Sapporo”. PROVAS DE EQUITAÇÃO Os outros “embai- mos à final, e também tentar ir à final
Os objetivos são claros, e Ana xadores” alentejanos são os cavaleiros como individual, isso era um sonho”,
Cabecinha revela-os: “Depois de três que constituem a equipa equestre que assumiu o cavaleiro em declarações à
edições de Jogos, com diplomas olím- se vai estrear na competição de ‘dres- Lusa, garantindo sentir “um grande
picos, tenho na minha cabeça, e foi sage’ (ensino), modalidade em que orgulho e uma grande adrenalina,
para isso que treinei, lutar por mais Portugal é uma das grandes potên- apesar de um pouco de nervosismo”,
um diploma olímpico. Se conseguir fi- cias europeias. A equipa portuguesa, e frisando que “a equipa está prepa-
car nos oito primeiros, ou melhorar o que se qualificou na sequência do oi- rada, tal como o cavalo Equador”, com
sexto lugar do Rio de Janeiro, seria ex- tavo lugar conseguido no Campeonato o qual já trabalha há oito anos.
celente, mas, para já, não quero criar da Europa que, em agosto de 2018, se Segundo o cavaleiro serpense,
expetactivas, quero lutar e voltar a sair realizou em Roterdão (Países Baixos), “pertencer à equipa portuguesa
feliz de um grande campeonato”.
As dificuldades, porém, estão iden-
é formada por João Miguel Torrão, jo-
vem de 28 anos, natural de Serpa, e
de ensino em Jogos Olímpicos,
numa modalidade que já arrecadou Luís Costa
também pedala
tificadas. Para além das adversárias pelos monfortenses Rodrigo Moura três medalhas de bronze, nas edi-
que, certamente lhe darão muita luta, Torres e Maria Moura Caetano. ções de Paris/1924, Berlim/1936 e
a atleta do Clube Oriental de Pechão, João Torrão nasceu em maio de Londres/1948 é um feito extraordiná-
para Tóquio
treinada por Paulo Murta, sabe que, 1993, em Serpa, como já aqui referido rio e um grande orgulho”.
“para além da alimentação”, no seu e, aos 28 anos consegue a sua primeira Além de João Torrão, integram
caso, “as principais adversidades serão participação nos Jogos Olímpicos, in- a equipa lusa os cavaleiros Rodrigo
o calor e a humidade, apesar de terem tegrado da equipa nacional que irá de- de Moura Torres e Maria de Moura
mudado as provas de marcha e mara-
tona para Sapporo, por ter um clima
mais fresco do que Tóquio. Apesar do
que temos treinado na câmara de ca-
lor e humidade, será na mesma uma
fender o prestígio do nosso País nesta
modalidade. O Alentejo, o campo e os
cavalos foram sempre a paixão deste
promissor cavaleiro que fez o ensino
secundário em Serpa e depois se li-
Caetano, um trio que em agosto de
2018 se classificou no oitavo lugar do
Campeonato da Europa de Dressage,
realizado em Roterdão (Países Baixos)
e que preencheu a quota atribuída a
O Comité Paralímpico de Portugal também já
apresentou a missão portuguesa paralímpica
a Tóquio 2020, que será constituída por 32
atletas entre os quis se inclui o paraciclista alentejano
Luís Costa, nascido na região do Campo Branco, que
prova dura e, se não tiver o devido cui- cenciou em equinocultura na Escola Portugal. Rodrigo de Moura Torres irá disputar o contrarrelógio e a prova em linha, na
dado na parte inicial da prova, a fatura, Superior Agrária de Elvas. Foi criado nasceu em Monforte há 44 anos, é em- classe H5. O atleta, com estatuto de alta competição,
no final, será enorme. Competir com no campo e tinha, apenas, 10 anos presário agrícola e cavaleiro, monta inspetor da Polícia Judiciária, na cidade de Portimão,
cabeça será uma vantagem”. quando o pai lhe ofereceu um cavalo. habitualmente o Fogoso. Tem no seu compete numa ‘handbike’, pedala com os braços e
Seja qual for o resultado, no re- Não admira, portanto, o seu percurso palmarés várias participações nos participa pela segunda vez nos Jogos Olímpicos de-
gresso ao nosso País a atleta do Baixo académico na área dos equinos. E ra- concursos internacionais em Alter do pois de se ter estreado em 2016, no Rio de Janeiro.
Alentejo iniciará mais uma olim- pidamente aprendeu que a ‘dressage’ Chão, Abrantes e Lisboa, na Taça das Para os Paralímpicos de Tóquio, que vão decorrer en-
píada (ciclo de preparação entre jo- exige “uma harmonia perfeita entre o Nações (Hisckstead/Inglaterra), e no tre 23 de agosto e 5 de setembro, tem boas expetati-
gos) porque, admite, tem no hori- cavaleiro e o cavalo, entre dois seres vi- Campeonato da Europa de Roterdão, vas, admitindo que “o nível está muito alto, a com-
zonte “fazer mais uns Jogos e estar vos”, reconhecendo que se não tivesse onde a equipa se qualificou para esta petitividade na minha classe aumentou muito nos
em Paris em 2024”, mas primeiro um bom cavalo, “se calhar não teria os estreia absoluta, dos três conjun- últimos anos e em Tóquio vão estar os melhores do
quer cumprir a prova que agora está bons resultados que tenho”. tos, nos Jogos Olímpicos. Maria de mundo, mas sinto-me bem e sei que posso alcançar
no horizonte. “Tudo dependerá de fa- A sua montada é Equador e foi com Moura Caetano, também natural um bom resultado”. Luís Costa acrescenta: “A mi-
zer uma paragem, depois de Tóquio, ele que, em conversa com o “Diário do de Monforte, vila onde nasceu há 34 nha preparação para estes Jogos sofreu alguns per-
para engravidar, e só depois veremos Alentejo”, revelou que o seu sonho é ser anos, é cavaleira profissional, na espe- calços. Fiquei quase um mês confinado devido ao ví-
se regresso em condições de competir sempre o melhor profissional possível, cialidade de ‘dressage’. No seu currí- rus da covid-19 e o mês passado fraturei duas costelas
em 2024”, concluiu. admitindo que representar Portugal culo constam vários títulos nacionais no Campeonato Nacional de Fundo. Mas nunca deixei
No seu palmarés estão as partici- nos Jogos Olímpicos seja “o auge” da na categoria de seniores, várias partici- de treinar. Cerrei os dentes e aguentei as dores, mas
pações nos em três edições de Jogos sua carreira. pações em jogos equestres mundiais e atrasou a preparação, logicamente. Neste momento
Olímpicos, sempre nos 20 quilómetros Mas o jovem cavaleiro reconhece campeonatos da Europa. já estou a realizar um treino em altitude na Serra de
Guadarrama, em Espanha, e voltarei a Portugal só de
REVISTA “EQUITAÇÃO”
Q
O ciclista cubense João Letras, corredor da Asfic, conquistou o título de campeão
nacional de fundo, em elites amadoras. Os Campeonatos Nacionais de Estrada de
2021 disputaram-se, no passado fim de semana, em A-do-Barbas, Maceira (Leiria),
com organização do clube local e da Federação Portuguesa de Ciclismo. João Letras
já tinha conquistado idêntico título na época de 2019.
“O meu sonho de infância era ser agricultor, e acabei por entrar no atletismo pela ‘porta
do cavalo’, porque é uma atividade muito difícil em Inglaterra, para qualquer pessoa que
não tenha terras. Então, tive muita sorte em ter chegado aqui e ter encontrado um terreno
abandonado, permitindo-me montar um negócio que, felizmente, foi um grande sucesso”.
empreendedor
Peter Knight
Q
O Núcleo de Árbitros Armando Nascimento, de Beja, em parceria com o
Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja, abriu inscrições
para a realização de um curso de candidatos a árbitros de futebol. Os
promotores procuram pessoas com idades compreendidas entre os 14 e os
38 anos e desejam a maior abrangência possível no distrito de Beja.
SEJA BEM-VINDO...
Se existem clubes que têm lugar
reservado na história do futebol
alentejano, o Ferróbico é um de-
les. Pelo seu prestígio, pela sua
mística, pelas suas conquistas e
pelas estórias que soube asso-
ciar ao seu historial.
Q Q
O paraciclista ermidense Flávio Pacheco (Santa Cruz/ O paraciclista alentejano Luís Costa, nono classificado na prova
Botelhos) conquistou a Taça de Portugal 2021 em de fundo, da classe H5, no Campeonato Mundial de Paraciclismo,
paraciclismo na classe H4. A competição disputou-se, disputado no Estoril, e vencedor da Taça de Portugal 2021, é um dos
no passado sábado, em Torres Vedras, integrada no atletas qualificados para integrar a missão portuguesa aos Jogos
programa do Troféu Joaquim Agostinho. Paralímpicos Tóquio 2020, em contrarrelógio H5.
BOLA DE TRAPOS
JOSÉ SAÚDE
A partida
de um amigo
A
partida de um amigo e antigo companheiro de
balneário deixou-me surpreso. Uma doença der-
radeira levou-o à morte. Dois meses que não
lhe deram tréguas e que o encaminharam, ine-
vitavelmente, para a tal viagem sem regresso.
Reconheço a dor extrema que deixastes a fami-
liares e amigos. Familiares que se remeteram
compreensivamente a um silêncio profundo. Respeito es-
ses valores sentimentais. O momento era sobretudo de um
enorme pesar e aceita-se em pleno a sua opção. Os amigos, ros-
tos que expeliam uma profunda saudade, disseram-lhe o úl-
timo adeus na manhã do passado dia 9 de julho, segunda-feira. Centro de Cultura Popular de Serpa está na II Divisão Nacional
Joaquim Manuel Gonçalves Graciano nasceu em Beja, fre-
guesia de Salvador, a 6 de dezembro de 1949 e morreu a 18 de
julho de 2021. Conhecido, vulgarmente por Quinelas, fora ou-
trora um jogador de futebol que passou pelo Despertar e pelo
SOUBE A POUCO...
Desportivo de Beja. Aliás, o Quinelas foi meu companheiro
de balneário e de equipa, no Despertar, no escalão de juvenis. O Centro de Cultura Popular de numa partida extremamente com- de divisão, finalmente conse-
Rapaz calmo, com uma educação que fazia parte integrante da Serpa conseguiu a promoção petitiva. “É uma modalidade espe- guimos, agora vamos descansar,
sua forma de estar na vida, o nosso condiscípulo legou-nos va- ao Campeonato Nacional da tacular, muito emotiva, e ficou de- porque, no final de agosto, já te-
lores morais que honraremos eternamente. II Divisão de andebol, em se- monstrado aqui neste jogo que os mos que estar outra vez prontos
Como juvenis do Despertar tivemos como treinadores dois niores masculinos, mas o téc- nossos jogadores têm um coração para voltarmos a luta”. Quanto ao
seres humanos inesquecíveis: O “tio” Sioga e o Dionísio, popu- nico Manuel Ramos, estando enorme. Não há dúvida de que o plantel, é um misto de juventude
larmente conhecido por Macarrão. Com o Quinelas fomos cam- feliz por este sucesso, sente- mérito é inteiramente destes atle- com atletas mais experientes.
peões distritais com as cores do velhinho “Rasga”. Mais tarde -se algo injustiçado por não tas, porque o trabalho foi todo de- “Conseguimos juntar um con-
o meu velho amigo defendeu o emblema do Desportivo, clube ter sido permitido ao clube o les”, comentou o treinador. junto de jogadores mais jovens
onde veio, ‘à posteriori’, a integrar uma comissão para o futebol acesso à fase final. Os locais até nem entraram com outros mais experientes, mas
de formação. Formação esta que obteve excelentes resultados bem no jogo. No primeiro tempo sofremos de um mal que não é
desportivos e que elevou o grémio da Rua do Sembrano ao cume TEXTO E FOTO FIRMINO PAIXÃO permitiram que a equipa de Torre exclusivo nosso, que é o facto de
máximo do fenómeno futebolístico bejense. da Marinha estivesse quase sem- não termos um leque muito alar-
O Quinelas fora, ainda, antigo funcionário do Banco de
Portugal, em Beja. Mas o desporto preencheu-lhe a vida.
Integrava o grupo de antigos companheiros que foram, tão-
-só, a tal suprema comissão para o futebol dos mais novos
que tanto brado dera na velha Pax Julia e que, semanalmente,
F oi uma época, a todos os títu-
los, brilhante para o andebol
serpense. A equipa venceu a
Série 7 da fase preliminar, etapa
que concluiu apenas com uma der-
pre na frente do marcador, mas
ao intervalo o Serpa vencia por
13-12 e não mais se deixou ultra-
passar. “A segunda parte foi real-
mente melhor do que a primeira.
gado de jogadores, não consegui-
mos ter as hipóteses de recruta-
mento que outras equipas têm.
Temos também que pensar que
possuímos nesta altura três joga-
se juntavam, e juntam, e se divertiam com as reviravoltas da rota (no pavilhão do Torrense) e, Conseguimos assentar mais o dores com muitos jogos de castigo
vida, principalmente as desportivas. Uma vida que é, somente, na segunda fase, sofreu uma der- jogo, conseguimos também de- por cumprir, um tem 10 jogos e os
uma curta passagem ao cimo deste vastíssimo globo terrestre. rota em casa (por um golo) com a fender melhor, porque era im- outros dois têm cinco, é quase a
Tudo é, no fundo, laivos avulsos de uma fugaz presença ter- equipa bê do Belenenses. Uma der- portante defendermos bem, e de- fase inicial da próxima época na
rena que acaba num horizonte onde a sua magnitude é e será rota contestada porquanto, nos pois era esperar, porque a equipa II Divisão. Temos que ajustar isto,
infindavelmente desconhecida. Partiste para o “além” meu instantes finais, a equipa alente- que cometesse menos erros sai- para vermos com quem podemos
amigo, mas a tua presença, não sendo física, ser-nos-á per- jana marcou o golo do empate, que ria vencedora. Fomos nós, esta- contar, porque os jogadores mais
petuamente inesquecível. Somos, afinal, matéria volátil que, a dupla de arbitragem reverteu mos de parabéns”, referiu Manuel novos também não se conseguem
inesperadamente, se esvazia num universo que vive em per- para uma falta ofensiva, acabando Ramos, considerando ter-se tra- fixar em Serpa… uns vão estudar,
manentes sobressaltos. Quinelas, somos oriundos de uma ge- por afastar o Serpa da fase de deci- tado de um campeonato muito outros trabalhar, vamos ver o que
ração onde o futebol foi, para nós, um átrio de magníficas ca- são do título. bem-sucedido, apesar das di- conseguimos”.
maradagens e onde também se cimentaram imortalizadas Manuel Ramos, o treinador do ficuldades. “O nosso sucesso, a Agora é tempo de celebrar a
amizades. Não te vou dizer um até amanhã, apenas um até conjunto da “Terra Forte” assinala nossa promoção à II Divisão é in- promoção “muito mais saborosa
logo, Quinelas, porque a vida sendo tão curta obedece a parâ- essa injustiça, apesar de estar or- teiramente merecida, mas sabe a porque tivemos mérito para su-
metros de uma profunda cautela. Descansa em paz e prometo- gulho pela promoção conseguida pouco e digo isso porque se não perar todas essas contrarieda-
-te que um dia voltaremos a dar uns chutos na bola num dos pelos seus atletas. E lembrou: “Este nos tem sido negado o empate des”, confessou Manuel Ramos,
mais insólitos campos galácticos que supostamente prolife- trabalho começou no início de se- com o Belenenses (golo anulado assumindo que, se depender de
ram na universalidade deste sistema sobrenatural. tembro. Foi uma época muito difí- nos últimos instantes e transfor- si, continuará à frente da equipa.
cil, por tudo aquilo que passámos, mado em falta ofensiva), a esta “As pessoas de Serpa gostam
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com todos estes problemas da co- hora estaríamos qualificados para muito das modalidades e o ande-
vid-19. Antes deste jogo com o a fase final do campeonato, porque bol é aqui muito querido e muito
Torrense, que foi decisivo, tivemos o Belenenses perdeu em Samora apoiado. Hoje só conseguimos ter
VENDE-SE uma semana muito difícil, porque
24 horas antes da partida castiga-
Correia. É ingrato, por tudo aquilo
que nos fizeram nesse jogo. Foi um
33 por cento da lotação [do pavi-
lhão], mas certamente, que ha-
300 OVELHAS ram-nos três jogadores, quando o jogo em que recuperámos de uma vendo mais lugares, estaria mais
castigo podia ter saído muito mais desvantagem de sete golos, chegá- gente e o pavilhão estaria cheio”.
Contactar tm. 962318741 cedo. Tivemos uma situação in- mos ao último lance e empatámos O futuro passará também pela
feliz, que foi um jogador que per- e, por isso, sentimos que nos foi re- formação, que tem nestes joga-
deu o pai na sexta-feira, o funeral tirada essa fase final. Estamos fe- dores seniores um bom exemplo
realizou-se no sábado e, mesmo lizes pela subida de divisão, mas
CEDE-SE LOJA assim, ele dispôs-se a jogar. Esta sabe a pouco, porque podíamos ter
de dedicação ao clube. “Sim te-
mos que nos preparar para o fu-
Com terminal de jogos SCML em Beja vitória é dele, é de todos os joga- ido mais além”. turo. Seria bom que conseguimos
dores, mas também do público que Ainda assim, objetivo cum- ter também mais jovens nos esca-
esteve connosco”. prido: “Este era, sem dúvida, o ob- lões de formação e que eles con-
Aos interessados contactar Neste último jogo, com o jetivo desta direção, era o objetivo seguissem chegar a este patamar,
961067024/964695790 Torrense, ao Serpa bastaria um em- de toda a equipa, há alguns anos que hoje lhes deram um tão bom
pate, mas acabou por vencer (29/26) que vínhamos a preparar a subida exemplo”, concluiu.
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24 | Diário do Alentejo | 23 julho 2021
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†. Faleceu a Exma. S Sra. D. MAR RIA †
†. Faleceu a Exm ma. Sra. D. †. Faleceu o Exmo.. Sr. MA ANUEL
F
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FRANCISCA A MARIA COSSANNO SEQUEIRA
S DA COSTA A, de 97 anos,
a
anos, natural de Albernôa
a - Beja, viúvva. M
MARQUES, de 89 ano os, natural de natural de SãoS João dos
d Caldeireeiros -
O funeral a cargo d desta Agência M
Marmelar - V
Vidigueira, viiúva. O fune
eral Mértola,
M viúvvo. O funeraal a cargo desta
re
ealizou-se no
o passado d
dia 15, da Ca asa a cargo dessta Agência realizou-se no Agência
A realizzou-se no passado dia 17, da
M
Mortuária de Albernôa, para o cemitéério passado dia 16, da Casa Mortuária de
p Casa
C Mortuá ária de Alcaria Ruiva, para
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ocal. M
Marmelar, pa
ara o cemitérrio local. cemitério Sãoo João dos Caldeireiros.
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BEJA BALEIZÃO
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†. Faleceu a Exma. Sra. D. CIPRIAN NA †. Faleceu a Exma. S
Sra. D. MAR
RIA †. Faleceu a Exma. Se enhora D. MARIA
M
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DA CONCEIÇ ÇÃO DA SIL LVA MENDE ES, EEMÍLIA BAP PTISTA RA AFAEL, de 74 ASSUNÇÃO
A FIGUEIRA A, de 88 anos,
d
de 80 anos, natural de S Santa Maria da aanos, naturaal de Baleizzão - Beja. O natural de Trindade - Bejaa, viúva. O funeral
f
F
Feira - Beja,, viúva. O fu
uneral a carrgo ffuneral a carrgo desta Aggência realizo
ou- a cargo des sta agênciaa, realizou-sse no
d
desta Agência realizou-sse no passa ado sse no passad do dia 19, n
no cemitério de passado dia 21, das Cas sas Mortuárias de
d
dia 18, das CCasas Mortu uárias de Be
eja, BBaleizão. B
Beja, para o cemitério
c da Salvada.
S
p
para o cemité
ério desta cid
dade.
PENEDO GOR
RDO BEJA
A
SENHOR
Pretende companheira para futuro
MISSA compromisso que tenha gosto
pela vida no campo.
D.R.
À MESA
ANTÓNIO CATARINO
O LAVRADOR
DE ALMOGRAVE
COM PRODUTOS DO MAR
A proximidade do oceano proporciona marisco e peixe fresco e
ementas com sabor a mar nos restaurantes do litoral. É o caso da
Praia de Almograve, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano
e Costa Vicentina, um rincão de grande beleza. Ao redor, não
faltam outros recantos encaixados nas falésias, pequenos
VINHOS
areais abrigados dos ventos, convidativos a uma incursão MANUEL BAIÔA
descontraída, mesmo fora da época balnear. Uma escapadinha
mais tranquila e retemperadora, sem a confusão dos dias de
verão.
No acesso à Praia de Almograve, um café-restaurante, junto
UM CLÁSSICO ALENTEJANO,
à rotunda, desperta a atenção. É uma moradia de piso térreo,
com um alpendre que funciona como esplanada coberta,
envolta em trepadeiras. Trata-se do restaurante O Lavrador,
QUE SOUBE REINVENTAR-SE
harmonioso com os restantes ‘habitats’ da herdade, para
curiosamente, muito conhecido pelo peixe fresco, às vezes A Herdade de Coelheiros situada na Igrejinha,
assim desenvolverem todo o seu potencial, facilitando
acabadinho de pescar. Os sargos figuram de algum modo concelho de Arraiolos, tem uma longa história ligada
a conversão para o modo de produção biológico e para
como uma especialidade da casa, onde impera a simplicidade, à agricultura. No entanto, foi nos anos 90 que ganhou
uma agricultura regenerativa e sustentável. Neste
de resto traduzida na parca ementa. O capítulo marisqueiro grande notoriedade com o aparecimento do vinho
momento também estão a realizar várias experiências
é parte significativa da lista e serve de base a propostas mais Tapada de Coelheiros, que se transformou numa das
em biodinâmico e a proceder a enxertias e
petisqueiras, apetecíveis a qualquer hora. grandes referências dos vinhos alentejanos devido
replantações de castas maioritariamente
Perceves, navalheiras, amêijoas à Bulhão Pato e santolas, à intuição do seu proprietário, Joaquim Silveira,
portuguesas. A filosofia de Coelheiros passa pela
quando o mar está mais pródigo, têm em comum a frescura, e ao saber do enólogo António Saramago. Após
mínima intervenção humana no “trabalho” da
o sabor marinho que delicia os apreciadores, por vezes a morte do seu proprietário, passou por uma fase
natureza. Desta forma, garante-se uma expressão
protagonistas de autênticos “festins”. Do oceano ali tão perto de algum apagamento.
mais natural do potencial das castas. A herdade
vem algo mais que sargo: robalo, besugo, dourada e, na época, Em 2015 os brasileiros Alberto Weisser e
situa-se numa latitude um pouco acima de Lisboa
a sardinha, alargam o leque de escolhas e a grelha é ponto de Gabriela Mascioli apaixonaram-se pela riqueza
e numa cota acima dos 300 metros, pelo que
passagem de tais espécies antes de rumarem à mesa, regra geral, e biodiversidade e adquiriram a propriedade.
apresenta características mais frescas do que
acompanhadas de batata cozida e salada. Por encomenda, há Alberto tem uma longa carreira de executivo em
outras zonas do Alentejo.
outras propostas, nomeadamente, sopa de peixe, caldeirada, várias multinacionais. Começou pela BASF e em
peixe assado no forno e arroz de marisco. 1993 mudou-se para a Bunge, uma das maiores O relançamento da marca “Tapada de Coelheiros”
A escolha no capítulo de pratos de carne pode recair em empresas mundiais de óleos alimentares e trouxe consigo uma série de mudanças e algumas
lombinhos de porco com amêijoas, costeletas ou bife de produtos agrícolas. De 1999 a 2013 passou a ser o continuidades, mas mantendo a identidade da
novilho, secretos de porco alentejano. Nas propostas diárias, presidente executivo desta empresa e mudou-se casa. Os novos vinhos têm uma nova imagem,
sempre variáveis, destaca-se o cozido de grão, um dos ícones da para Nova Iorque. Atualmente continua a ser mas a ligação ao passado mantém-se com a
gastronomia do sul, um tanto ou quanto calórico, é certo, mas consultor de várias empresas internacionais, mas permanência da marca e dos rótulos ligados à
com adequado tratamento culinário. a sua nova casa passou a ser a Herdade de Coelheiros. arte do bordado de Arraiolos, embora numa versão mais
O destaque nas sobremesas vai para as tartes de figo e alfarroba Gabriela Mascioli é apaixonada por gastronomia, foi modernista.
ou de amêndoa e gila. curadora do evento Casa Boa Mesa e proprietária da Em 2016 entrou Luís Patrão, já com larga experiência na
Garrafeira adequada às características deste restaurante. Os livraria Mille Foglie, em São Paulo, especializada em Herdade do Esporão, para assumir a enologia, contanto
vinhos alentejanos estão em maioria, mas os verdes marcam boa gastronomia e vinhos. com a colaboração de João Raposeira na viticultura, e
presença em O Lavrador, casa simples e despretensiosa, onde a O casal decidiu que queria ter um projeto pessoal na de António Saramago, que ainda mantém uma ligação à
frescura dos produtos do mar é imagem de marca. área agrícola e começou a ver terrenos na Europa em empresa, fazendo a ponte entre o passado e o futuro. A
2014. Depois de algumas visitas a herdades e quintas aposta na excelência levou a uma redução da produção
D.R.
decidiram adquirir a Herdade dos Coelheiros devido ao de 400 mil para 120 mil garrafas/ano, mas com um
seu ecossistema único e ao facto de já ser uma marca reposicionamento para um segmento alto ao nível
consolidada no mundo dos vinhos, que necessitava apenas dos preços. Portanto, com a redução das quantidades
de uma renovação para brilhar bem alto no firmamento dos produzidas, o foco passou a estar na qualidade.
vinhos portugueses. O número de referências também baixou
Esta propriedade ainda mantém o quadro clássico das significativamente, avançando-se para uma simplificação
grandes herdades alentejanas, uma vez que preserva uma do portefólio. Na base da pirâmide temos a marca
grande multiplicidade de culturas agrícolas nos seus 800 Coelheiros que é produzida com castas típicas portuguesas,
hectares, entre os quais 40 de pomar de nogueiras (seis por num estilo regional, mas elegante, fresco e sofisticado.
cento da produção nacional) e uma vasta área de montado O vinho Coelheiros branco 2019 foi elaborado com as
(600 hectares) onde pastam livremente 1000 ovelhas, castas Arinto (85 por cento) e Antão Vaz (15 por cento). A
veados e gamos. A riqueza da sua biodiversidade inclui fermentação iniciou-se em depósitos de inox, passando
ainda uma parte de olival, barragem e outros animais como posteriormente 30 por cento do lote para barricas de 500
patos, lebres e coelhos. litros, onde estagiou seis meses. O vinho é marcado pelo
As vinhas totalizam 50 hectares, divididas em nove Arinto, num registo contido, citrino, fresco e mineral, onde
pequenas parcelas, com partes regadas e outras de se deteta alguma pólvora. A sua bela acidez permite-lhe
sequeiro, implantadas em solos com diferentes texturas uma grande versatilidade a nível gastronómico e bom
de origem granítica. As vinhas estão misturadas de modo potencial de envelhecimento. PVP: 10 euros.
23 julho 2021 | Diário do Alentejo | 29
ARTES
LUÍS MIGUEL RICARDO
em 1977, em Serpa. Os estudos universo da música, alguma que seja e perfeita. A verdade é que um
musicais começaram aos 14 anos, a de eleição? concerto é uma paleta de cores
como saxofonista, na Escola de Seria uma tortura, se tivesse de musicais que nos transportam para
Música da Sociedade Filarmónica optar apenas por um dos campos telas de arte sensoriais capazes de
de Serpa. Quatro anos depois, da música. Sinto que todos eles nos fazer viver sensações que de
entrou para o Conservatório me completam. Não conseguiria outra forma não conseguimos.
Regional do Baixo Alentejo, tendo ser maestro, se não fosse músico
concluído o curso de saxofonista executante; ou compositor, se Como tem sido vivido este período de
no ano letivo de 2000/01. não fosse maestro para poder ‘stand by’ no mundo?
Posteriormente licenciou-se em interpretar as minhas obras. Foram momentos difíceis para
saxofone na Escola Superior de Adoro tocar, amo dirigir e sou um todos. Como orquestra é sinal de
Música de Lisboa, e, mais tarde, apaixonado em compor. Embora aglomerado de pessoas, tudo ficou
em direção de orquestra de as palavras possam ter cargas parado. Acabei por continuar
sopros pela Associated Board of emocionais diferentes, eu gosto de a exercer a função de docente
the Royal Schools of Music, em todas por igual. à distância, pelas plataformas
Londres. Em 2012, frequentou digitais, e ficar-me mais no
o mestrado em composição, na Ser alentejano e viver no Alentejo saxofone… criei álbuns novos
Universidade de Évora, e em 2013 representa uma fonte de inspiração (instrumentais), o que me permitiu
concluiu a profissionalização em ou de limitações para a carreira abrir a minha primeira conta
saxofone e música de câmara pela artística? artística enquanto executante de
Universidade Aberta. O facto de ser alentejano não saxofone, em várias plataformas
Ao longo do seu percurso e para me limita em nada. Já o viver de música digital, como o Spotify,
além dos estudos académicos, no Alentejo, a nível musical Youtube Music, Apple Music, entre
lecionou a disciplina de saxofone de orquestras e bandas, limita outras [nome artístico: Mr. Sax C].
em diversas escolas, foi convidado, o meu trabalho. Este tipo de
como formador, a realizar cultura musical está muito mais Que sonhos artísticos moram no
‘masterclasses’ de saxofone e de custado umas belas negativas. Na nos mais variados cursos e desenvolvida de Lisboa para cima, âmago de Carlos Amarelinho?
direção de orquestra nas mais escola da banda, o instrumento ‘masterclasses’ e acabei por fazer mas temos de ser gratos com o Os sonhos sempre foram muitos. O
variadas cidades do País; escreveu, que me atribuíram foi o saxofone. a licenciatura em direção de que temos… ainda assim poder maior de todos é ir para os Estados
como compositor, para o Festival O instrumento deveria ter uns orquestra, em Espanha. trabalhar e tentar evoluir nesse Unidos estudar composição
RTP da Canção, ganhou prémios, 80 anos, mas como o que conta sentido. Seria mais fácil fazer de música para filmes/bandas
dirigiu bandas e orquestras. é o valor que atribuímos ao que Dos vários trabalhos desenvolvidos, as malas e partir, mas se todos sonoras, e entrar nesse mundo.
Atualmente leciona a disciplina gostamos a não a idade que tem, algum a destacar? pensarem assim, a nossa cultura Ainda o tentei fazer ‘online’, tive
de saxofone no Conservatório ficou o meu amor durante algum Já foram tantos e tão bons que é morre. Nem sempre o mais fácil é uns meses de aulas pela Berklee
Regional do Baixo Alentejo e é o tempo, até o ter trocado por outro complicado escolher alguns. Vou, o melhor, também é importante College of Music, em Boston, mas as
maestro da Banda da Sociedade mais novo. no entanto, fazer referência a um ter desafios e fazer, muitas vezes, propinas eram tão caras que tive de
Filarmónica de Serpa. dos meus últimos trabalhos, que quase o impossível. desistir. É neste campo que me sinto
Dos vários projetos realizados ao Como foi o percurso até à ascensão era um grande sonho, e que a capaz de fazer um grande trabalho,
longo da carreira, destacam-se, como maestro? muito custo consegui concretizar: a Como é sincronizar uma multidão de pois tenho muita facilidade
no âmbito da música de câmara, O percurso até chegar a maestro formação de uma banda sinfónica músicos e de instrumentos em prol em olhar para uma imagem e
o ter sido membro fundador do foi natural. Ainda só tinha dois semiprofissional. A Banda da música? descrevê-la musicalmente.
quarteto de saxofones de Lisboa, anos na escola de música e já Sinfónica do Sul (BSS) nasceu Enquanto maestro, conseguir
assim como do quarteto Alen andava armado em maestro, a dar em outubro de 2015 e teve o seu moldar uma massa sonora ao meu E o que está na “manga”?
Sax; e o ter fundado em 2010, aos braços. Assim que comecei a concerto inaugural no Pax Julia, gosto e poder ouvir o resultado é Dizem que um mágico nunca
em conjunto com o maestro Luís evoluir no instrumento, comecei em Beja. A banda é constituída algo maravilhoso. Claro que há revela os seus segredos. Isso é o
Clemente, a Big Alen Band, da qual a procurar novos desafios. Dentro por músicos de todo o sul do País, obras que nos dão mais prazer segredo do seu sucesso. Por isso,
foi maestro. de mim existe uma imensa sendo, a sua maioria, profissionais em dirigir e “espremer sumo vou encarnar essa personagem de
vontade de fazer música e isso na área, o que a torna num projeto musical” de todo aquele ensemble. mágico, por enquanto. No entanto,
Quando e como surgiu o gosto pela acabou por se manifestar no de extrema qualidade, digno de Não é algo que possa descrever posso revelar que um grande
música? interesse de “comandar” uma orgulhar o Alentejo. Infelizmente, facilmente, já que vivo cada música sonho, daqueles que vinham a
O gosto pela música foi algo orquestra. Comecei a procurar a logística de uma orquestra com individualmente, conforme a seguir ao de estudar nos EUA, foi
bastante casual. Tinha um amigo cursos de direção de orquestra cerca de 80 elementos – arranjar magia que ela tem. Uma banda concretizado este ano. Consegui
que andava na escola de música da onde pudesse fazer alguma os instrumentos, organizar sonora, capaz de descrever imagens entrar, como compositor, para uma
Banda da Sociedade Filarmónica formação nesse sentido. O meu concertos, encontrar salas de através de sons, é sempre diferente das mais prestigiadas editoras do
de Serpa. Então, um dia, o primeiro curso foi no Inatel, com ensaio – deixou o projeto em de uma valsa, que nos remete para mundo para bandas/orquestra de
Francisco convidou-me para entrar o maestro José Matos, que era pausa por tempo indeterminado, movimentos subtis e elegantes. sopros e percussão, a Molenaar, que
na escola de música e o “bichinho” também o maestro da banda de já que não temos uma estrutura Cada género musical possui a sua fica situada em Amesterdão. Eles
foi começando a crescer. Cresceu Serpa. A partir daí, foi sempre profissional e não dispomos de energia, e essa energia leva a uma estão, neste momento, a gravar as
tanto que, às vezes, estudava muito a querer fazer mais e melhor. qualquer apoio institucional, para forma diferente de trabalhar com minhas obras e, em breve, ficarão
mais música do que os conteúdos Trabalhei com imensos maestros fazer face aos elevados custos do cada músico individualmente disponíveis para todas as bandas/
escolares, o que me poderá ter nacionais e internacionais, mesmo. e com a orquestra no seu todo, orquestras do mundo.
30 | Diário do Alentejo | 23 julho 2021
FILATELIA
GEADA DE SOUSA
D.R.
medidas de segurança e, embora de Braga, tendo ingressado,
EM SELO DE CORREIO de acesso livre, com limitação posteriormente, na Universidade
de público, obrigatoriedade de do Minho e prosseguido os estudos
No princípio deste mês (dia 2) entrou em circulação uma uso de máscara e controlo de na Hanns Eisler Hochschule fur
emissão sobre as áreas protegidas em Portugal. Foram entradas”. Musik em Berlim e em Antuérpia.
cinco as áreas distinguidas: Parque Natural de Montesinho
(selo de 0,54 euros), Parque Natural da Serra da Estrela
(0,54), Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros “MÚSICA CHEGA “FÁBULA RASA”
(0,84), Parque Natural do Vale do Guadiana (0,88) e Parque
A TODOS” NA BIBLIOTECA
Natural da Ria Formosa (0,91).
No comunicado de imprensa distribuído, num texto da NA FREGUESIA JOSÉ SARAMAGO
responsabilidade de Nuno Miguel Soares Banza, presidente CUCA MONGA DE MÉRTOLA
do conselho diretivo do Instituto da Conservação da NO PAX JULIA Mantendo as lições intemporais
Natureza e das Florestas lê-se que “a Rede Nacional de Depois de uma interrupção, da fábula, é possível redefini-la
Áreas Protegidas é o repositório da biodiversidade (…) No solitário confinamento devido à pandemia, a freguesia e adaptá-la ao tempo atual,
no continente português existem 48 áreas protegidas, deu-se um processo criativo de Mértola volta a acolher, até recomeçando com uma folha
distribuídas por um parque nacional, 14 parques naturais, particular que reuniu ao próximo mês de agosto, a de papel em branco e partindo
11 reservas naturais e 14 paisagens protegidas, de âmbito remotamente 20 músicos e iniciativa “Música Chega a Todos”. de uma “narrativa raspada”.
nacional e regional, sete monumentos naturais e uma área colaboradores da Cuca Monga Trata-se de um projeto promovido Podemos assim dizer que na
protegida privada”. (com membros de Capitão pela Junta de Freguesia de Mértola fábula nada se cria, nada se
Esta área privada é vulgarmente conhecida como reserva Fausto, Ganso, Luís Severo, que tem como objetivo levar a perde, tudo se transforma.
da Faia (no sentido de escarpa) Brava, reserva que não Rapaz Ego, Zarco, entre outros). música tradicional, na voz de Luís E essa transformação faz-se
deixa de surpreender o visitante com uma paisagem muito Desse processo, resultaram, Simenta, a todas as localidades através da nossa circunstância,
rica, bem dentro do que é o Parque Arqueológico de Foz em menos de dois meses, da freguesia, numa versão mais da nossa interpretação e da
Coa, que alberga as famosas pinturas rupestres do vale, “e da forma mais natural e intimista. Esta iniciativa está nossa experiência sensorial. Na
também elas já filatelizadas num selo de 350 $ 00 (1998 e espontânea”, 19 canções que a ser realizada num formato fábula, nada é definitivo. Nem
desenho de Vítor Santos) emitido apenas num bloco. compõem “Cuca Vida”, um diferente, dinâmico, apostando as ilustrações, nem as palavras,
A preservação da natureza nos seus múltiplos aspetos tem álbum assinado pelo Conjunto na proximidade com segurança e nem a história, nem a sua moral.
sido, desde há várias décadas, uma constante nas emissões Cuca Monga e que hoje, dia cumprindo as restrições existentes Foi este o ponto de partida para
de selos, pois encontramos várias emissões que lhe 23, passa pelo palco do Teatro devido à covid-19. a exposição “Fábula Rasa”, com
respeitam, tal como a qualidade do ar, da água, a terra, os Municipal Pax Julia (20:00 ilustrações de Joaquim Rosa
bosques, a proteção contra o fogo, enfim, a preservação do horas). Por ter começado e textos de Vítor Encarnação,
meio ambiente em que todos queremos viver com o máximo como uma brincadeira, que se ODEMIRA patente ao público até dia 16 de
de qualidade ambiental. manteve despretensiosa durante agosto na Biblioteca Municipal
Cada selo mostra-nos três aspetos da região representada, todo o confinamento, o álbum ATRIBUI APOIOS José Saramago, em Beja.
entre eles um exemplar de um espécime selvagem que a “Cuca Vida” tem de tudo um A ASSOCIAÇÕES
habita. pouco, tanto no género, como na CULTURAIS
D.R.
O ‘design’ dos selos esteve a cargo de Carla Caraça estética e no léxico. Ao mesmo
Ramos e houve carimbo de primeiro dia de circulação tempo, é um disco em que A Câmara de Odemira aprovou
nas localidades habituais: Lisboa, Porto, Funchal e Ponta transparece a amizade, risota e a atribuição de 132 mil euros
Delgada. liberdade com que foi forjado, e às associações e coletividades
talvez seja esse o seu tema: não do concelho que apresentaram
DOMINGO HÁ NOVOS SELOS O 440.º aniversário da Batalha fala sobre estar fechado – pelo candidaturas ao Programa de
da Salga é o motivo para uma emissão de novos selos que contrário – é aberto e livre. Apoio às Atividades Culturais
entrarão em circulação depois de amanhã, dia 25. Esta e Recreativas. Dos apoios
batalha, que aconteceu em 1581 nos Açores (Terceira), atribuídos, 50 mil euros
opôs o exército de D. António I, o Prior do Crato, aclamado ADIADOS destinam-se a atividades de
rei em Santarém a 19 de março 1580, ao exército do então produção cultural e 45 mil à
já escolhido como rei pela junta governativa, Filipe II de ESPETÁCULOS promoção de atividades culturais e
Espanha (Filipe I de Portugal; de 1580 a 1598) cujo exército DO LITORAL EMCENA recreativas. Segundo a autarquia, FESTIVAL TERRITÓRIO
tentou ali desembarcar. o programa “insere-se no âmbito HOSPITALÁRIO
Os espetáculos de ar livre do trabalho desenvolvido
programados pelo Litoral junto das associações culturais REGRESSA A SERPA
EmCena para os meses de e recreativas do concelho de
julho e agosto nos concelhos de Odemira e visa promover A segunda edição do Festival
Santiago do Cacém e de Sines atividades de índole cultural e Território Hospitalário irá
foram adiados por decisão das recreativa e à dinamização do decorrer em agosto nos municípios
respetivas câmaras municipais território”. de Serpa, Aracena e Aroche. O
e das autoridades de saúde, festival terá início em Aracena com
devido ao aumento de casos a “Muestra de Música Antigua”,
positivos de covid-19. Segundo RECITAL DE ÁLVARO de 4 a 8 de agosto, seguindo-se a
a organização do festival, as “Noche de las Velas”, em Aroche,
apresentações de “Sorriso”, pelo CORTEZ EM ALCÁCER a 14 de agosto. No dia 21, em
Teatro Só, que já fora adiado Serpa, irá realizar-se a iniciativa
pelo mesmo motivo, “Sou Eu”, O percussionista Álvaro Cortez “Hospitalários em Serpa”, com
pela ESTE – Estação Teatral, atua, no próximo dia 30, às 21:30 visitas teatralizadas baseadas na
e o espetáculo “Mutabilia”, horas, no Auditório Municipal história da presença da Ordem
pelo Teatro do Mar, num total de Alcácer do Sal, num concerto do Hospital naquele concelho.
de 17 representações, “estão com entrada livre. Álvaro Cortez, Trata-se de uma iniciativa da
assim adiadas para novas em 2014, foi o primeiro português Câmara de Serpa em parceria
datas a anunciar”. O diretor do a vencer o Concurso Musical com os municípios espanhóis de
evento, Mário Primo, diz ter Europeu «Citta di Filadélfia”, em Aracena e Aroche e integrada
“dificuldade em compreender Itália. O músico iniciou os estudos no projeto de turismo cultural
esta decisão”, pois trata-se musicais aos 13 anos e, aos 14, “A Raia: Festival do Território
de “espetáculos ao ar livre matriculou-se no Conservatório Hospitalário”.
23 julho 2021 | Diário do Alentejo | 31
LIVROS CRÓNICA
JOÃO MÁRIO CALDEIRA
AFONSO VALENTE
D.R.
BATISTA PUBLICA
“A GALERIA
DOS NOTÁVEIS
INVISÍVEIS”
O escritor de Moura Afonso Valente Batista publicou um novo
livro, “A Galeria dos Notáveis Invisíveis”, no qual reuniu 35 contos,
sobressaindo a ”originalidade de uma narrativa autêntica”, como
escreve no prefácio o autor Carlos Bueno Guedes, autor e crítico
literário brasileiro que realça a “originalidade de uma narrativa
autêntica, mesclada de uma inusitada poesia em cada situação
vivida, em que não existe desperdício de palavras, todas as
necessárias para criar um clima onírico e sensual”. Afonso Valente
Batista, nesta obra, “vai explorando todas as nuances da solidão
física e espiritual”, afirma o crítico brasileiro.
Já o editor da obra, Marcelo Teixeira, chamou a atenção para “a
riqueza vocabular e a elegância do autor, num verdadeiro hino à
língua, com metáforas brilhantes, numa economia de palavras, com a
MALHAR NO ÓCIO
utilização rara de termos que [se foram] esquecendo, mas que trazem
quanto ao modo como se apresentam. Ninguém se
vivacidade” ao texto. “Na sua narrativa perpassa um certo tom de Atirar com um pedaço de ferro ao ar pode não ser ao uso
lembraria de vestir traje desportivo adequado, como,
tristeza, até desencanto com um mundo em que vivemos, assente da Póvoa. Afirmam as más-línguas que os da Póvoa de S.
de imediato, teriam feito os ingleses. Já se imaginou
numa crítica social, por vezes servida em fina ironia, não deixando Miguel, no termo de Moura, é que atiravam com bicos de
o nosso patrício de calça justa abotoada abaixo do
o Afonso de refletir sobre alguns dos temas que ancestralmente têm charrua à cabeça uns dos outros e, quando acertavam,
joelho, de boné de pala, sapatos e meias de lã, casaco
inquietado o Homem, entre outros, a consciência da finitude da vida diziam que era brincando.
desportivo com emblema a condizer, pegando com toda a
ou o direito à desobediência”. Jogar ao ar uma redondela de ferro, da conformidade da
fleuma na malha de ferro? O seu a seu dono. O aficionado
Carlos Bueno refere que há uma “inquietação [que] acompanha tampa de um cântaro, contra um pino de madeira ou prego
daqui joga como vem vestido, mais asseado ou menos
em permanência uma narrativa rica em personagens e uma crítica espetado no chão à distância de 15 passos, pode ser
limpo, de acordo com a esquisitice da mulher que cuida
social servida por uma subtil (e, por vezes, surpreendente) ironia outra coisa. É, efetivamente, uma forma de competir. No
dele. Estou em crer que se um dia alguém lhe falasse
denunciadora de injustiça”. Como escreve, Afonso Valente Batista Alentejo chamam-lhe jogo da malha. Malha é, assim, a tal
em envergar equipamento para jogar à malha nunca
revela uma “incrível versatilidade” e faz o leitor “pasmar a cada redondela muito diferente de um bico de charrua.
mais poria o pé no local da refrega. Se querem gente
pequena estória”, com “um filosofar que restaura o humano dentro Por quase todo o Alentejo generalizou-se o jogo entre os
suscetível procurem-na no Alentejo. Como alentejano
do seu próprio mundo”. homens, já que as mulheres não têm ócio onde malhar.
que sou reconheço que não há nada a fazer. Somos assim,
Afonso Valente Batista é “o grande invasor das nossas totalidades Todavia joga-se de diferentes maneiras e até recebe
casmurros e convencidos. Para o bem e para o mal. É uma
existenciais”, atesta Bueno Gomes, para quem a obra do autor, diferentes nomes conforme os sítios. A modalidade mais
questão de feitio ganho à nascença.
natural de Moura, tem “a maturidade de estar presente pela força de vulgar é jogar a malha a pinos de madeira mas em certas
uma escrita única e contemporânea”, num “estilo próprio e único”. povoações raianas da Margem Esquerda do Guadiana O “jogo da malha” é o jogo de ar livre mais comum em
Afonso Valente Batista, de 74 anos, é autor, entre outros títulos, utilizam-se grampos de ferro, os malhões, que se espetam terras do sul. De acordo com os folhetos de promoção
de “O Fadário das Mulheres Insolentes”, “Rebelião”, “A Voz das no chão. Neste segundo caso é jogar ferro contra ferro, a turística é um jogo tradicional. Parece não haver dúvidas.
Pedras”, “A Indiferença é Morrer com a Solidão aos Pés da Cama”, malha contra o malhão. Não que aqui as gentes acusem Na verdade, muitos anos deve ter, já que contínuas
“O Muro” ou “A Liturgia do Silêncio”. mais bruteza, só que assim as obriga a tradição de malhar gerações o praticam com paixão. Que aqui colheu uma
em ferro frio. apetência superior a qualquer um dos antigos jogos,
D.R.
Seja como for, a malha é um jogo corriqueiro cujos também não restam dúvidas.
princípios ninguém conhece. Entretém os homens desde Em algumas terras do Alentejo, naquelas onde a malha
tempos imemoriais enquanto os ajuda a confrontarem-se é lançada a um malhão de ferro, chamam-lhe, por vezes,
uns com os outros, duas coisas de que precisam como do jogo do envido. A coisa tem explicação. A páginas tantas,
pão para a boca. se numa jogada uma das equipas (normalmente de
Como se chama o espaço da disputa, também ninguém dois jogadores) fica em posição favorável com a malha
sabe. Locais com nomes esquisitos, em geral ingleses, próxima do malhão, envida ou desafia a outra a aceitar,
há muitos no Alentejo turístico para modalidades mais em seu proveito, um ganho antecipado de pontos. Se
sofisticadas: ‘rings’, ‘courts’, ‘greens’ e assim por diante. sim, inicia-se nova jogada. Se não, continua a disputa.
Sobre isso, os naturais do sul interior coçam a cabeça Daí o nome da variante, com mais esse passo emotivo a
e deixam passar. O terreiro pelado e batido onde se quebrar o ramerrão. Todavia estamos ainda nos domínios
joga à malha não tem nome. Podia cair-se na tentação do jogo da malha que ocorre sempre nas imediações
de chamar-lhe em bom português malhal ou malhadal de uma venda de vinho. As partidas não se disputam a
mas estes termos designam, desde há muito, coisas dinheiro mas a copo. Ocorrem por isso sobre a tarde,
diferentes. Os residentes tomam a parte pelo todo e preferencialmente em dias com bom tempo após o
chamam jogo da malha ao local da disputa. É quanto trabalho, horas em que o nosso patrício costuma molhar o
basta. bico antes do jantar,
A ele se chegam amiúde para jogar ou ver jogar. A malha é, assim, além de um murro no ócio, uma forma do
Encegueirados na sua prática, mas sem pretensões alentejano aperitivar em companha dos amigos.
FUNDADO A 1/6/1932 POR CARLOS DAS DORES MARQUES E MANUEL ANTÓNIO ENGANA PROPRIEDADE DE CIMBAL – COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DO BAIXO ALENTEJO
Presidente do Conselho Intermunicipal Jorge Rosa | Edição, direção e redação Praceta Rainha D. Leonor, 1 – 7800-431 BEJA | Telefone 284 310 165
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Nº 2048 (II Série) | 23 julho 2021 Serrano (CP 3019A), Nélia Pedrosa (CP 2437A ) | Fotografia José Ferrolho | Cartoons e ilustração António Paizana, Paulo Monteiro, Pedro Emanuel
Santos, Susa Monteiro | Desporto Firmino Paixão | Colunistas e colaboradores António Nobre, Francisco Marques, Geada de Sousa, Jorge Feio, José
Saúde, Júlia Serrão, Luís Miguel Ricardo, Marta Louro, Né Esparteiro, Rita Palma Nascimento, Vítor Encarnação | Opinião Ana Matos Pires, Ana Paula
Figueira, Hugo Cunha Lança, Luís Covas Lima, João Mário Caldeira, José Filipe Murteira, Manuel António do Rosário, Manuel Maria Barroso, Mário Beja
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9 771646 923008 02048 Impressão Empresa Gráfica Funchalense, SA – Rua da Capela de Nossa Senhora da Conceição, 50 – 2715-311 Pêro Pinheiro | Distribuição VASP
F oi apresentado, recentemente,
na sede do Grupo Coral Os
Ceifeiros de Cuba, o livro “O
Cavador que lia Livros no Tempo
de Salazar”, da autoria de Francisco
“tendencialmente gratuita”, di-
reito à educação, a igualdade de
género tem dado passos significa-
tivos... Contudo, o medo está de
volta: medo de perder o emprego,
O que diria o cavador, persona-
gem principal do seu livro, ao ouvir,
hoje, alguém dizer: “Portugal pre-
cisa é de um novo Salazar”?
Diria, obviamente, que “os deuses
da vida em comunidade.
Para o candidato, o
concelho de Sines tem
de “continuar a ser um
destino de investimento”,
“instabilidade em que [o
hospital] foi lançado, assim
como, a constante ameaça
sobre o serviço de urgência
e sobre a prestação de
Cantanhede. medo de não ter dinheiro para co- devem estar loucos”. Quem esteve de continuar a “valorizar” cuidados à população”.
mer ou para ir à farmácia, medo preso em Caxias, por se ter mani- os seus ativos turísticos, O BE “faz um balanço
Do que nos fala este seu livro? provocado pela mensagem de cer- festado a pedir trabalho, preferiria “apostar” nos produtos extremamente negativo”
O livro começa por desmontar a tas forças políticas que, travestidas perder a vida a gritar na rua “Viva locais, na inovação, da gestão da Santa Casa e
imagem do “santo” Salazar, divul- de “modernidade”, não passam de a Liberdade!” do que voltar a viver no desenvolvimento e, defende a gestão pública e
gada pela propaganda da ditadura. herdeiras de um passado de dor, numa ditadura. sobretudo, continuar a ter integrada no SNS, segundo
Nos capítulos seguintes descreve a sofrimento e morte. Nas escolas no “centro das políticas” o referiu o deputado Moisés
vida quotidiana daqueles que, nos existe igualdade, mas pouca equi- O que mais gostaria que este livro emprego e as pessoas. Ferreira.
latifúndios alentejanos, passavam dade e a classe docente, envelhe- despertasse, a quem o ler?
os dias com “os corpos colados à cida, está exausta. A fome voltou, O amor pela “liberdade, igualdade,
terra”, recebendo em troca o “pão envergonhada ou à vista de todos, fraternidade”, os ideais dos revolu- CÂMARA DE MOURA
que o diabo amassou”. provocada pelo desemprego, pelos cionários franceses que, em 1789, ADJUDICA ZONA INDUSTRIAL
ordenados e reformas miseráveis. abriram as portas à democracia.
Diria que algumas das suas inquie- A indiferença de parte da classe Recordo que Jesus Cristo afirmou,
DE AMARELEJA
tações, reveladas neste seu ro- política e do cidadão comum é, por há cerca de 2021 anos, que somos A Câmara de Moura aprovou a proposta de adjudicação
mance, nomeadamente o medo, a vezes, arrepiante. Veja-se o exem- todos iguais – ricos e pobres, escra- da empreitada de obras de urbanização da primeira
miséria, a indiferença, continuam plo dos trabalhadores sazonais vos e senhores, homens e mulheres fase da Zona Industrial de Amareleja. De acordo
contemporâneas? em várias regiões do país. É pre- – e que pediu: “amai-vos uns aos com o município, esta empreitada “representa um
Graças ao 25 de Abril de 1974 – é ciso voltar a gritar bem alto: “ve- outros, como Eu vos amei”, ape- investimento superior a 1 milhão e 450 mil euros, tem um
bom recordar –, foi sendo cons- mos, ouvimos e lemos, não pode- lando à fraternidade entre todos os prazo de execução de 450 dias e contempla a instalação
truído um Portugal novo: habita- mos ignorar”, de modo a espicaçar povos do mundo. de 22 lotes afetos a espaços de atividades económicas,
ções condignas, assistência médica consciências. JOSÉ SERRANO de comércio e serviços”, bem como a atividades “que
lhes sejam complementares ou compatíveis”.
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